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Luciane Hilu
COAPRENDIZAGEM
Luciane.hilu@pucpr.br http://lattes.cnpq.br/1004978469682361
O que é coaprendizagem?
S
egundo Kenski, Gozzi, Jordão (2012)
“Desenvolver atividades colaborativas em ambientes virtuais de aprendizagem pressupõe a participação de todas as pessoas envolvidas no processo. Alunos e professores se articulam permanentemente e se tornam atores ativos na medida em que compartilham suas experiências, pesquisas e descobertas.”
Coaprendizagem deriva da
COLABORAÇÃO O termo coaprendizagem foi inicialmente definido em 1996 por Frank Smith no livro “Joining the Literacy Club“. Este conceito foi descrito para enfatizar a importância de mudar ambos os papéis: • de professores (distribuidores de conhecimento)o e de estudantes (recipientes de conteúdos) para ‘coaprendizes’, ou seja, parceiros no processo colaborativo de aprendizagem, na construção de significados, compreensão e na criação de conhecimento em conjunto. (Okada, 2012)
Foca na mudança de papeis: são agora PARCEIROS
Praticas Educacionais A coaprendizagem deriva da aplicação de práticas e formas de aprender visando autonomia, co-autoria e socialização. Algumas práticas educacionais que a coaprendizagem reconhece: • aprendizes como agentes transformadores; • a natureza emergente e colaborativa da aprendizagem; • metametodologias no processo do design educacional; • metacurrÍculo como currículo vivo, flexível, aberto a mudanças; • conhecimento compartilhado e aplicado em situações vivas e contextos reais. A coaprendizagem proporciona oportunidades para: • construção coletiva • abertura para interação social • suporte para uso de novas tecnologias • software aberto • ações que possam guiar os aprendizes no processo de produções colaborativas visando acesso e conhecimento aberto (Okada, 2011)
Coaprendizes Parta que a coaprendizagem aconteça, temos que encarar os participantes do processo com coaprendizes. Coaprendizes são aprendizes comprometidos com seu próprio processo de aprender, capazes de fazer suas próprias escolhas, ampliar seus contatos, compartilhar reflexões e experiências, obter e avaliar feedback, investigar mais ao seu redor e ir em busca de aprender não só “o quê” e “onde”, mas também, “como” e “com quem”. (Okada, 2011) A construção colaborativa de conhecimento é baseada na participação ativa dos indivíduos – aprendentes – na resolução de problemas e no pensamento crítico relacionado com as atividades de aprendizagem que consideram relevante e desafiante. Assim, os indivíduos constroem o seu conhecimento através do teste de ideias e métodos baseado em conhecimentos e experiências prévias e, posteriormente aplicado a novas situações. Desta forma, o conhecimento recentemente adquirido é integrado com construções intelectuais pré existentes, fazendo progredir simultaneamente o conhecimento de cada um dos indivíduos e do grupo. (Daniela Barros ; Luisa Miranda; Maria de Fátima Goulão; Susana Henriques; Carlos Morais , 2011, p11)
O Que? Onde? Como? Com Quem? Coaprendizes desempenham papéis importantes, tais como:
• cocriação REA, • compartilhamento coletivo de feedbacks e comentários, • co-orquestração de sua produção • socialização em rede do processo de coaprendizagem bem como dos caminhos de aprendizagem colaborativa. Obs: Todos estes papéis ajudam usuários a produzir e disseminar mais REA que podem ser úteis para novos aprendizes. (Okada, 2012)
Coletividades Para a efetivação da coaprendizagem, é necessário a potencialização e a dinamização das coletividades de aprendizagem. “Sua importância está exatamente em saber como aprender de forma colaborativa em rede (Castells, 2001; Pittinsky, 2006) e disso originar uma coaprendizagem [...].“ (Daniela Barros ; Luisa Miranda; Maria de Fátima Goulão; Susana Henriques; Carlos Morais , 2011, p2) Brantmeier (2005) explica a coaprendizagem na interação centrada na aprendizagem colaborativa incluindo a construção de uma verdadeira “comunidade de prática” que conduz ao envolvimento dinâmico e participativo para a construção coletiva do conhecimento. (Okada, 2012) “[...] as pessoas organizam-se em coletividades, numa perspectiva de dar respostas coletivas a projetos, interesses e dificuldades individuais. Ou seja, podemos admitir que a sociedade está orientada por um raciocínio dedutivo, assente na ideia de que resolvendo os problemas do todo (a sociedade), também se conseguem resolver os problemas de cada uma das suas partes (a pessoa).” (Okada, 2011, p2)
Espaços férteis Na coaprendizagem, a participação é realizada de forma colaborativa, possibilitando partilhar por todos o conhecimento, não permitindo a intromissão de agentes demasiado restritivos, autoritários e extremamente reguladores.
Na atualidade temos uma série de recursos que podem ampliar as possibilidades da coaprendizagem. São elas:
Existem terrenos férteis para esta implementar esta proposta, como: • redes sociais, • aplicações colaborativas (nuvem), • ferramentas multimídia (vídeo, infografias, áudio, etc)
Web 2.0: Contribuem para a coaprendizagem, devido a vantagens de criação e troca de conteúdo gerado por usuários, rápido compartilhamento de informações, alta interoperabilidade, design centrado na aprendizagem colaborativa e social em rede.
“Os diversos modos de coaprender, que significam aprender em rede de forma colaborativa, interativa e participativa, revelam-se de forma mais ampla quando aparecem efetivamente no que chamamos de colaboração nos diversos espaços de aprendizagem online. Neste novo ambiente educacional existe uma preocupação mais abrangente, democrática e holística.” (Daniela Barros ; Luisa Miranda; Maria de Fátima Goulão; Susana Henri-
Mídias sociais: propiciam a coaprendizagem aprendizagem aberta e colaborativa.
REA: Enriquece a propicia ampla participação para criar, adaptar e reutilizar.
Coaprendizagem e aprendizagem aberta A aprendizagem aberta via mídias colaborativas tem potencializado as práticas educacionais em uma dimensão mais significativa onde aprendizes são capazes de se guiarem no seu processo de aprendizagem de forma crítica, colaborativa e transformadora. A educação aberta colaborativa online têm propiciado ampla participação, co-autorias, coproduções e coaprendizagens na reutilização reconstrução de REAs. (Okada, 2012) A partir da Web 2.0, caracterizada por tecnologias do conhecimento e de redes sociais com interfaces abertas para colaboração, co-construção, co-autoria, co-parceria, e conhecimento coletivo, novas possibilidades de coaprendizagem puderam ser elaboradas. Para efetivar a quebra da educação focada no instrucionismo inova-se o conceito de aprendizagem eletrônica (elearning) através do conceito co-aprender via web 2.0 (colearn 2.0) A proposta é que os envolvidos passem a atuar como co-autores críticos, expandindo suas redes sociais e integrando aprendizagem, pesquisa e
Colearn 2.0
formação de forma colaborativa. (Okada, 2011) O conceito de Colearn 2.0 tem seu foco na educação aberta colaborativa online com Recursos Educacionais Abertos na web 2.0. Visa o enriquecimento da educação formal e informal via o uso recursos, tecnologias e metodologias para ampliar a inter-autonomia e participação ativa e colaborativa do aprendiz. (Okada, 2011)
Tabela - Coaprendizagem através de REA e Mídias Sociais – Okada (2011) Comunidade Educadores
Estudantes
Autoria
Currículo
Cenários de aprendizagem Conteúdo de aprendizagem Produção de conteúdo
Revisão
Tradicional e-Learning via VLE
Específica, estruturada e com funções pré-definidas
Coaprendizagem via REA e Mídias Sociais Diversa, flexível e com funções colaborativas
Fonte de conhecimento
Mentor colaborativo, orientador de aprendizagem, facilitador para aquisição de conhecimento e competências e-aprendizes Participantes Coaprendizes, participantes reflexivos colaborativos, co-autores, parceiros revisores, gestores de aprendizagem social. Especialistas em suas áreas Diversidade de autores e de conhecimento coautores: profissionais, pesquisadores, educadores e coaprendizes. Pré-definido, materiais pré-es- Processo flexível compartilhatabelecidos pela instituição do pelos usuários através da aprendizagem formal e informal. Globais ou genéricos Baseados em investigação, Aprendizagem autêntica, contexto social e real Formato específico, não Diversidade de formatos abereditável por todos, baixa tos, híbrido, editável e reusávgranularidade el, alta granularidad Sequencial: planejamento – Fluxo: planejamento colabdesenvolvimento – revisão – orativo, criação coletiva, publicação – entrega publicação aberta, ampla disseminação, revisão por pares, reuso e adaptações, aperfeiçoamento contínuo Conduzido por especialistas Comunidades de prática, redes sociais
Qualidade/credibilidade
Institucional
Fontes
Pacotes de aprendizagem
Copyright
Direitos reservados
Feedback coletivo, comentários compartilhados, percursos realizados e caminhos de aprendizagem Repositórios Intercambiáveis e interoperacionais Licenças abertas (exemplo: Creative Commons)
Aprimoramento
Pouca atualização
Tecnologias de aprendizagem
Páginas da web, fórum de Redes sociais, web e micro discussão, formulários, e-port- blogs, wikis, RSS feeders, fólios e testes. Ambientes personalizados, webinars, calendário social, gestão de tarefas coletiva e colaborativa. Mecanismos de busca, calMobile apps, mídias com endário, atividades, portfólio conteúdo rico, RSS feeds, widgets, marcadores sociais, nuvens, redes sociais, ciência analítica. Restrito, limitado, registro e Acesso aberto, ambientes autenticação diversos conectados, usuários decidem sobre o que é publico e privado. Auto orientação Passos de aprendizagem Estruturado por semana ou definidos de forma aberta e por tópicos colaborativa memória do uso e recomendações de outros coaprendizes Revisões compartilhadas e feedbacks de cada usuário Avaliação formal, exames, Auto avaliação, orientação questionários e atividades guiada. Feedback informal, online avaliação baseada em competência, flexibilidade para creditação de REA, sistemas de identificação de avaliação
Serviços de Web
Acesso do aprendiz
Gerenciamento do aprendiz
Avaliação
Atualização frequente, aperfeiçoamento contínuo
Referências bibliográficas BARROS, Daniela; MIRANDA, Luisa; GOULÃO, Maria de Fátima; HENRIQUES, Susana; MORAIS, Carlos. Capítulo 07. Estilos de Coaprendizagem para uma coletividade aberta de pesquisa. Grupo UAb – Educação Universidade Aberta (Lisboa, Portugal). In: OKADA, Alessandra (ed.) (2012). Open Educational Resources and Social Networks: CoLearning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing, 2012. KENSKI, V.; GOZZI, M.; JORDÃO, T.(2012). A experiência de ensinar e aprender em ambientes virtuais abertos. In: Okada, A. (Ed.) (2012) Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. OKADA, Alessandra. Colearn 2.0 – coaprendizagem via comunidades abertas de pesquisa, práticas e recursos educacionais. Revista e-curriculum, São Paulo, v.7 n.1 Abril/2011.