VI CONGRESSO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA LÍNGUA E LITERATURA NA CONTEMPORANEIDADE: O STATUS DO LEITOR MULTITAREFA
22 e 23 de novembro de 2013 Caderno de Resumos
ISSN 1808-5393
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XI Encontro sobre o Ensino de Língua e Literatura (EELL)
VI Congresso Nacional sobre o Ensino da Língua e Literatura 22 e 23 de Novembro de 2013 Realização: Unidade Acadêmica de Letras da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda – FACHO Coordenação: Angela Mendonça, Anelilde Lima, Frederico Machado, Jacinto dos Santos Filho, Joelma Gomes dos Santos, Suelany Ribeiro e Viviane Gomes.
PROGRAMAÇÃO
Dia 22/11/2013 – SEXTA-FEIRA PARTE EXTERNA DO BLOCO A 17h às 18h30 - Credenciamento e recebimento do material de apoio. ABERTURA AUDITÓRIO EXECUTIVO – BLOCO B
19h – Abertura – Membros da Direção da FACHO; Prof. Me. Frederico Machado (Coordenador da Unidade Acadêmica de Letras da FACHO). 19h15 – Apresentação da Unicordel 19h45 às 21h30 – CONFERÊNCIA: Hipertexto, produção e percepção de linguagens: desafios e estratégias para o sobrevivente do contemporâneo Professor Doutor Antônio Carlos Xavier (UFPE) Coordenação e debate: Profa. Ma. Anelilde Lima (FACHO)
Dia 23/11/2012 - SÁBADO MESA-REDONDA 9h às 10h45 AUDITÓRIO EXECUTIVO – BLOCO B
Literatura, Língua e Ensino Participantes: Gláucia Nascimento (UFPE). Título: atividades de leitura na EaD online para pessoas surdas: análises e proposta;
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Anelilde Lima (FACHO). Título: Mídias digitais: um instrumento de otimização do fazer didático Telma Panerai (UFPE). Tema: Novas Tecnologias na Educação
Coordenação: Gláucia Nascimento (UFPE)
COFFEE BREAK (oferecido pela organização) 10h45h às 11h ÁREA DE CONVIVÊNCIA
MESA-REDONDA 11h às 12h30 AUDITÓRIO EXECUTIVO – BLOCO B
Leitura no Cyberspaço Participantes: Virgínia Carvalho (UFPE). Título: A aproximação de autor e leitor por meio de compartilhamentos e curtidas; Suelany Ribeiro (FACHO). Título: Tirando de Letra: o facebook como instrumento pedagógico no ensino de Língua Portuguesa e Literatura Thiago da Camara Figueredo (UFPE). Título: Tecnologia e ensino de línguas: gêneros orais e escritos
Coordenação: Suelany Ribeiro (FACHO) 12h30 – Intervalo para o almoço 14h – lançamento de livros: - O gênero E-fórum do Orkut: um instrumento de desenvolvimento da argumentatividade - Anelilde Lima; - Língua e Linguagens: uma antologia - Dulce Porto Rodrigues (org.); - O que acende as estrelas - Lúcio Pessôa. - Os diálogos e suas relações com a conversação natural, no contos de Machado de Assis – Cristina Botelho Local: Auditório Executivo
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14h45 às 16h15 – CONFERÊNCIA: Perspectivas da literatura em suportes digitais Professor Doutor Lourival Holanda (UFPE) Coordenação e Debate: Prof. Me. Joelma Gomes (FACHO/UFPECAPES) AUDITÓRIO EXECUTIVO – BLOCO B
SESSÕES DE COMUNICAÇÃO E SESSÕES COORDENADAS 16h15 às 17h45 SALAS DE AULA DO BLOCO A SESSÃO COORDENADA 01 LOCAL: SALA 101 (1º andar/ bloco A) Coordenador: Lucas Antunes Oliveira Título: Narrativa e Representação 1. Voz narrativa e realismo literário em “A História de Venâncio, Segundo Oficial” - Wanessa Virgínia Rossiter Cavalcanti (UFPE) 2. A negativa macedoniana e a “nova” forma do romance: uma leitura do Museo de la Novela - Erica Thereza Farias Abreu (UFPE) 3. Figura e Alegoria: representação e interpretação em Erich Auerbach e Walter Benjamin - Lucas Antunes Oliveira (UFPE) 4. Representação Social, Mímesis e Interpretação Figural: perspectivas para uma análise em “a linha invisível”. – Hugo Lopes e Silva (UFPE) 5. Sobra Humanização do Tempo e cicatrizes de guerra: a crise da narrativa na escrita da história - Rafaela Rogério Cruz (UFPE)
SESSÃO COORDENADA 02 LOCAL: SALA 102 (1º andar/ bloco A) Coordenador: Hermano de França Rodrigues (UFPB) Título: Corpos em Discurso: diálogos entre literatura e semiótica 1. Memória e Sociedade: vozes do feminino - Emannuelle Carneiro da Silva (UFPB) 2. Amores que ousam dizer seu nome: literatura, mulheres e homossexualidade - Maria do Socorro da Silva Medeiros (UFPB) 3. Sujeitos e lugares semióticos: o espetáculo performático da cultura Hermano de França Rodrigues (UFPB)
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SESSÃO COORDENADA 03
LOCAL: SALA 103 (1º andar/ bloco A) Coordenador: José Herbertt Neves Florencio Título: Linguística Aplicada e perspectivas do ensino da leitura 1. Um olhar discursivo-cognitivo para gêneros textuais imagéticos em livros didáticos: Lílian Noemia Torres de Melo Guimarães (UFPE) 2. Teorias dos gêneros e o ensino da leitura em FLE - José Herbertt Neves Florencio (UFPE) 3. A criação e o dialogismo em crônicas do jornalismo brasileiro Ricardo Rios Barreto Filho (UFPE)
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 01
LOCAL: SALA 104 (1º andar/ bloco A) Coordenador: Daniele dos Santos Lima (FAFIRE) 1. Aprendizagem móvel: o uso da tecnologia na sala de aula – Daniele dos Santos Lima (FAFIRE) 2. Ensino de língua portuguesa e internet: em que contribuem os bancos de dados (geo)sociolinguísticos? – Edmilson José de Sá (UFPB) 3. O livro didático de português e o ensino dos gêneros digitais Silvania Maria de Santana (UFPE) 4. O texto literário e o uso de imagens na poesia do romantismo em livros didáticos de ensino médio: diferenciando os tipos de imagens que contribuem para a receptividade do aluno - Kassiane Alexandra Bastos de Moura (UPE – Campus Mata Norte)
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 02 LOCAL: SALA 105 (1º andar/ bloco A) Coordenador: Maria Lúcia Ribeiro de Oliveira (FAFIRE) 1. O Professor de Língua Materna na contemporaneidade e sua função humanizadora - Maria Lúcia Ribeiro de Oliveira (FAFIRE) 2. Os parâmetros curriculares nacionais e o ensino de língua materna: algumas considerações - Mirella Barbosa (FAFIRE); Poliana Freire Campos da Silva (FAFIRE) e Regina Helena Soares Donato (FAFIRE) 3. O trabalho do professor na escolha do livro didático: revelações de um documento oficial - Gustavo Henrique da Silva Lima (UAG-UFRPE / PPGL-UFPE)
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 03 LOCAL: SALA 201 (2º andar/ bloco A) Coordenador: Laysa Cavalcante Costa (UFCG) 1. Reflexão acerca da literatura adeliana: representação da mulher e utilização das mídias digitais - Laysa Cavalcante Costa (UFCG) 2. O BLOG “PARAIBANAS” E A LITERATURA DE AUTORIA FEMININA - José de Sousa Campos Júnior (UEPB) 3. Ensino de literatura afro-brasileira: representação do negro e o uso das tecnologias - Francielle Suenia da Silva (UFCG) 4. Versão Beta Literatura: um livro com múltiplas identidades - Cláudio Clécio Vidal Eufrausino (UFPE)
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 04 LOCAL: SALA 202 (2º andar/ bloco A) Coordenador: Gutemberg Lima da Silva (UNICAP/IFAL) 1. Tu não te moves de ti: Tadeu (da razão) à luz de Adorno - Amanda Barros (UFPE) 2. Literatura e política no romance Doña Bárbara de Rômulo Gallegos: o passado histórico através da memória individual e coletiva - Igor de Serpa Brandão Pereira Leite (FAFIRE) 3. A abordagem da intertextualidade na nova retórica - Gutemberg Lima da Silva (UNICAP/IFAL)
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 05 LOCAL: SALA 303 (3º andar/ bloco A) Coordenador: Marcela Darly Mendonça (UFPE) 1. Fragmentos de um contemporâneo outro: Leituras do poético, do mundo e do contemporâneo na poesia brasileira atual de contribuição maranhense - Antonio Aílton Santos Silva (UFPE) 2. Balada de Amor ao Vento e O Alegre Canto da Perdiz: relações familiares interétnicas - Ilka Souza dos Santos (UPE – Campus Mata Norte) 3. A escrita da mulher em Balada de Amor ao Vento, de Paulina Chiziane - Marcela Darly Mendonça (UFPE) 4. Profissão de fé: ser menor - Mônica dos Santos Melo (UFPE)
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 06 LOCAL: SALA 203 (2º andar/ bloco A) Coordenador: Walter Cavalcanti Costa (UPE) 1. 2. 3.
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Três casas, um rio e seus espelhos na diegese dalcidiana - Joanita Baú de Oliveira (UFPE) Conceição Evaristo e Esmeralda Ribeiro: subvertendo assimetrias Roberta Maria da Silva Muniz (UFPE) A construção da diegese através da fragmentação do discurso narrativo em "Memórias Sentimentais de João Miramar", de Oswald de Andrade - Walter Cavalcanti Costa (UPE) Negrinha: uma questão de (des)amor ou preconceito de cor? - Maria José Cavalcanti de Andrade
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 07 SALA 204 (2º andar/ bloco A) Coordenador: Emanuel Cordeiro da Silva – (UFPE) 1. O estudo de sufixos do português em gramáticas escolares: descompasso com a língua em uso - Rodrigo Fagner Araujo dos Santos (UFPE) e Ygor Simões da Silva Pereira (UFPE) 2. O ENEM nas transformações sofridas pelo ensino da escrita Emanuel Cordeiro da Silva – (UFPE) 3. Variação linguística e faixa etária: Interação entre jovens - Bruna Maria Paz de Lira (UNICAP) 4. Propostas de produção de Texto no ENEM - Marcela Regina Vasconcelos da Silva (UFPB) e Maria de Fátima Almeida (UFPB) SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 08 SALA 205 (2º andar/ bloco A) Coordenador: Leonardo Mozdzenski (UFPE/ECPBG) O gênero multimodal "videoclipe": propostas de classificação Leonardo Mozdzenski (UFPE/ECPBG) 2. Os efeitos multimodais em anúncios publicitários femininos Raquel da Rocha Conti (FACHO) 3. Gêneros discursivos como formadores ideológicos na perspectiva dos Atos de Fala - Geovana Felix Oliveira do Nascimento (FACHO), Maria Carla Bione dos Santos (FACHO), Grace Terra Santos Agra (FACHO/UNICAP) e Mariana Nunes Bezerra (FACHO). 4. Ideologias nas capas de revista: uma leitura multissemiótica - Nathalia Maria Rodrigues da Silva (COLÉGIO VISÃO) 1.
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 09 SALA 301 (3º andar/ bloco A) Coordenador: Camila Michelyne Muniz da Silva (UFPE) 1. Argumentação na LIBRAS: Estratégias linguística vísuo-espaciais Nídia Nunes Máximo (UFPE) e Patrícia Kelly da Silva Lôbo (UFPE) 2. Marcas da libras na argumentação escrita em português por surdos - Camila Michelyne Muniz da Silva (UFPE) 3. Variações lexicais sobre o Catimbau no atlas linguístico de Buíque (PE) - Joseane Cavalcanti Ferreira (FIP)
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 10 SALA 302 (3º andar/ bloco A) Coordenador: José Armando de Andrade (Faculdade Asces/UFPE)
1. Uma análise retórica de sentenças em caso de estupro: a construção do ethos da vítima pelo judiciário - José Armando de Andrade (Faculdade Asces/UFPE) 2. Depressão: um mal-estar contemporâneo - Maria de Fátima de Amorim (FACHO) 3. O som do "Tambor" ressoando nas palavras - Fabiana Da Silva Campos dos Santos (UFPE)
EXPOSIÇÃO DE BANNER 01
A personagem em a Árvore das Palavras - Sérgio Murilo Cavalcanti Rodrigues (UPE)
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RESUMOS1 SESSÃO COORDENADA 01
Coordenador: Lucas Antunes Oliveira Título: Narrativa e Representação Resumo da Sessão Esta sessão coordenada é formada por trabalhos de alunos dos cursos de mestrado e doutorado em Teoria da Literatura da Universidade Federal de Pernambuco. Os trabalhos, que são frutos de disciplinas em comum cursadas pelos autores, versam, de maneira geral, sobre os mesmos temas: a narrativa e a representação. Assim, os trabalhos apresentados nesta sessão coordenada procuram, por meio de propostas e perspectivas diversas, investigar as relações entre a narrativa (seja ela historiográfica ou ficcional) e a representação do mundo histórico-social no qual elas nascem e ao qual se referem. As perspectivas teóricas dos artigos, embora distintas entre si, têm em comum o enfoque filológico, entendido de maneira abrangente e tendo como modelo o trabalho de críticos como o romanista alemão Erich Auerbach. Palavras-chave: Filologia; Narrativa; Representação. Voz narrativa e realismo literário em “A História de Venâncio, Segundo Oficial” Wanessa Virgínia Rossiter Cavalcanti (UFPE) Roman Jakobson, no ensaio “Do Realismo Artístico” (1971), dentre as acepções que dá do termo “realismo”, faz menção a uma corrente artística que se propõe como objetivo reproduzir a realidade o mais fielmente possível, aspirando ao máximo de verossimilhança. Sem que se deixe cair no formalismo literário, mas reconhecendo o estudo do teórico russo, parece válido observar, ainda, que a obra é realista dependendo de quem a olhe – quando o autor a julga ou por quem a julga verossímil. É à luz desses pensamentos, portanto, que o presente estudo busca, tendo como objeto de análise um conto português do século 20, “A História de Venâncio, Segundo Oficial”, uma reflexão sobre as dimensões do modo realista de composição ficcional e suas configurações. Aos olhos de Lukács (2000), a captura da realidade se dá quando o humano participa dos conflitos sociais, sendo a “arte maior como aquela que captura artisticamente a realidade”. Considerando-se essa premissa, recorre-se à fortuna crítica do escritor em questão e a teóricos de diversa extração para, na narrativa, observar-se a construção ficcional – via modo realista – e a conjuntura histórica reelaborada no conto (tudo isso em relação, ainda mais, à dimensão autoral; Cf. PAÇO D’ARCOS, 1943). Palavras-Chaves: Realismo. Narrativa. Paço d’Arcos. Conjuntura Histórica. A negativa macedoniana e a “nova” forma do romance: uma leitura do Museo de la Novela Erica Thereza Farias Abreu (UFPE) Macedonio Fernández é autor de uma vasta obra ainda não conhecida no Brasil. Pertence, numa visão temporal, ao grupo modernista latino-americano, representado por Rubén Darío, e, na metrópole portenha, por Leopoldo Lugones. Contudo, liga-se ao período vanguardista 1
A comissão Organizadora do XI EELL e VI CONELL informa que tanto a forma quanto o conteúdo dos resumos publicados neste caderno e os artigos publicados no E-BOOK são de responsabilidade de seus respectivos autores. A ordem de apresentação nas sessões deve respeitar o disposto na programação, ou, caso seja necessário, adaptada a critério do coordenador da sessão.
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argentino por afinidade intelectual, assim desenvolve uma frutífera amizade com o grupo de Jorge Luis Borges e Ramón Gomez de la Serna, além de manter um pequeno grupo de intelectuais locais como frequentes visitadores. É no cenário dos anos 20 que o autor dá impulso a sua produção, não só alimentado pela onda de renovação estética, mas também por sua singular visão sobre a arte em geral, visão que desenvolverá não só nas reuniões fraternas como em suas publicações em diversos periódicos da época. Dentre as suas obras, podemos destacar o Museo de la Novela de la Eterna, um romance no qual se propõem romper com o modo de representação realista então vigente na literatura hispano-americana, e que na Argentina apresenta forte tradição com desde o romantismo até o início do século XX, o costumbrismo. Em seu projeto estético, trabalho e divulgado antes mesmo da publicação do romance, Fernández propõe diversas negações, as mais frequentes, apresentam-se com relação à tendência realista e o descaso com a publicação. Esta atitude também é reforçada por meio de sua escritura, um complexo de escrever-pensar que plasma os caminhos de sua atividade criadora. Neste trabalho procuramos observar a construção do Museo e os seus duplos negativos: presença-ausência, centro-margem e publicar-pensar. É assim que, por meio da leitura, seguida e/ou saltada referenciada na obra, que nos encontramos com/nos caminhos macedonianos. Neles a trama é feita, suspensa, desfeita e reencaminhada “a la vista” do leitor que consegue perceber o ‘ urdido trabalho’ da escritura durante o evento da leitura. Palavras-Chaves:Romance; Macedonio; Belarte; Museo.
Figura e Alegoria: representação e interpretação em Erich Auerbach e Walter Benjamin
Lucas Antunes Oliveira (UFPE)
Este trabalho procura investigar a relação entre os conceitos de figura e alegoria e a representação/interpretação das narrativas ficcionais. Para tanto, partimos das origens dos dois termos, observando sua modificação conceitual ao longo das épocas, dando especial destaque para a Idade Média, quando os dois termos ao mesmo tempo se confundem e se opõem. A partir daí, observamos a conceituação da figura e da alegoria realizada por dois importantes intelectuais alemães do século XX, respectivamente Erich Auerbach e Walter Benjamin. Logo em seguida mostramos como os estudos desses dois pensadores a respeito dos conceitos citados podem contribuir para entender melhor a relação entre a obra literária e a realidade. Palavras-chave: Alegoria; Auerbach; Benjamin; Figura; Representação/interpretação.
Representação Social, Mímesis e Interpretação Figural: perspectivas para uma análise em “a linha invisível” Hugo Lopes e Silva (UFPE)
Pensando no que diz Candido (2010, p.10), no prefácio à terceira edição de seu livro Literatura e Sociedade: “[...] me convenço cada vez mais que só através do estudo formal é possível apreender convenientemente os aspectos sociais”, analisaremos o conto “A Linha Invisível” extraído do livro Onde a Noite se Acaba (1946) do escritor português José Rodrigues Miguéis, história que narra as tensões de Aurélio, um homem que vive um grande conflito interno numa época de grandes conflitos em seu país. A análise do tipo “sociológica” que empreenderemos não se limitará aos reducionismos usuais que, por vezes, os analistas se deixam levar, mas procuraremos perceber como os elementos extraliterários, provenientes da realidade empírica (ou do que dela temos acesso), se reconfiguram internamente na obra literária. Ou ainda como certos valores disseminados na sociedade da época atuam na forma discursiva do texto, tendo em vista que a literatura nada mais é que uma resposta a uma pergunta feita pela sociedade, resposta que pode ser transgressora, ou que pode simplesmente duplicar a ideologia da qual faz parte. Para tanto, iremos nos apoiar na contribuição teórica de Auerbach (1997; 2009), pensando particularmente em seu método de interpretação figural e em seu conceito de
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mímesis; assim como, de forma subsidiária, na contribuição teórica de White (2005), Lima (2007), Said (2007) e Figueiredo (2012).
Sobra Humanização do Tempo e cicatrizes de guerra: a crise da narrativa na escrita da história Rafaela Rogério Cruz (UFPE) Segundo Ricoeur, a única forma possível de se humanizar o tempo é, justamente, através da experiência narrativa. Partindo deste ponto, o presente trabalho anela compreender a jornada que a narrativa, como prática de escritura, percorreu dentro da historiografia - partindo da antiguidade até a modernidade tardia, com a finalidade de identificar onde tal conceito, o da narrativa, dentro da história se aproxima e se distância de sua prática da literatura. Durante a segunda metade do século XX, muito por causa da decepção causada pela derrocada das grandes utopias políticas da época, algumas correntes da prática histórica condenaram, por diversos motivos que investigaremos no presente trabalho, o uso da narrativa no engenho historiográfico. Contudo, hoje podemos presenciar o ressurgir da narrativa dentro da história e, por causa desse movimento, é possível se enxergar as mudanças que tal forma sofreu para que viesse, mais uma vez, satisfazer as necessidades humanas de produção de autoconhecimento. Este trabalho, então, tentará inquirir o entrelaçar de termos tão cruciais para a intelectualidade, tais como história, narrativa, ficção, realidade e literatura.
SESSÃO COORDENADA 02 Coordenador: Hermano de França Rodrigues (UFPB) Título: Corpos em Discurso: diálogos entre literatura e semiótica Memória e Sociedade: vozes do feminino Emannuelle Carneiro da Silva (UFPB) Este estudo tem por objetivo analisar, à luz da Semiótica Greimasiana, a narrativa intitulada: Estória de passarinho, escrita por uma cordelista, D. Cícera, que se inscreve na cartografia da Literatura Popular através da “exposição” de suas experiências de vida. Sabemos que, no âmbito da criação literária popular, a mulher vem conquistando cada vez mais espaço e público. Nas últimas décadas, sua identidade e autonomia expressam o desejo de liberdade, as conquistas angariadas e o engajamento social. Tais posicionamentos revelam novas nuances da subjetividade feminina, bem como explicitam novas forma de compreensão do mundo. Cumpre destacar que D. Cícera é uma autêntica representante desse contexto. Seus textos (re)desenham aspectos culturais que fazem emergir, na perspectiva da cultura, vicissitudes de nossa história. Levando em consideração que é uma mulher quem escreve, malgrado tenha vivido no âmago de uma sociedade machista, consegue distanciar-se e, por vezes, confrontar velhas práticas e paradigmas de veios patriarcais. Para alcançarmos nosso objetivo, recorremos aos constructos epistemológicos da semiótica greimasiana, especialmente os estudos desenvolvidos por Greimas (1975), BATISTA (2008) e RODRIGUES (2012). Examinamos a organização dos percursos de cada sujeito semiótico em busca de seu objeto de valor, buscando identificar as modalidades que os instauram, visto que esse procedimento permite desvelar valores axiológicos que se encontram subentendidos às performances actanciais. Aplicamos, também, com fins de extrair as possíveis significações do texto, o percurso gerativo de sentido, formulado por Greimas, cuja operacionalização permite descrever e explicar o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz. Este percurso é composto por três estruturas: a fundamental (compreende a semântica profunda do texto), a estrutura narrativa (constrói-se a partir do ponto de vista de um sujeito), e a estrutura discursiva, que busca os temas presentes nos textos, assim como suas figuras que fornecem concretude ao mesmo. Palavras-Chave: Semiótica; Cordel; Mulher.
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Amores que ousam dizer seu nome: literatura, mulheres e homossexualidade Maria do Socorro da Silva Medeiros (UFPB) Hermano de França Rodrigues (UFPB)
A estética romântica, múltipla em suas nuances e objetos, acomodou-se quase que totalmente às pilastras ideológicas do século XIX, forjadas ao labor dos ideais burgueses patriarcais. Sob a égide do conservadorismo, a arte perpetrou uma concepção do feminino que reduz, por vezes, a mulher a um mero objeto do desejo masculino. Seu corpo é privado de vontades e esfacela-se, sem reação, ante à imposição de uma natureza diáfana e angelical. Sua sexualidade sucumbe-se à veleidade do homem, que a corteja, a persegue e, com o seu poder criador, a faz (in)existir. O amor romântico foi, antes de tudo, um capricho masculino. Com efeito, não é de se admirar que, na pós-modernidade, as sociedades revivam as engrenagens desse evento, visto adequar-se aos princípios heteronormativos ainda em efervescência nos mais sublimes e espúrios recônditos da atuação humana. A literatura – em sua dinâmica ideológica, em seus intercursos temporais – acompanha as transformações do corpo social. O anjo feminino que se consolidou nas calendas de outrora, abre espaço, hoje, para uma figura que reage contra a repressão e o medo. Não só nos deparamos com corpos autônomos em relação ao Outro, mas somos confrontados com mulheres cônscias de si mesmas, de seus espaços e de seu sexo. O amor que não ousa dizer seu nome vem, aos poucos, de forma tímida, às vezes atroz, narrando suas identidades, dando concretude aos seus anseios. Justifica-se, assim, nossa proposta de trabalho: examinar, a partir dos Estudos de Gênero, as semioses que recobrem o eu feminino no conto Feliz Aniversário, da escritora contemporânea Fátima Mesquita. A narrativa encerra uma arqueologia intertextual com os ideais românticos shakespearianos, de modo a subvertê-los por meio da ironia e dos jogos alegóricos. Como arcabouço teórico, elencamos os estudos de BEAUVOIR (1970) e FÁVERO (2010).
Sujeitos e lugares semióticos: o espetáculo performático da cultura Hermano de França Rodrigues (UFPB) O presente estudo tem por objetivo examinar, com base nos modelos atuais da semiótica greimasiana, narrativas tradicionais de valentia, buscando extrair os valores sociais e históricos capazes de reverberar, explicitamente ou não, uma memória cultural ainda em efervescência no imaginário nordestino. Debruçamo-nos, para tanto, sobre quatro versões do romance O Boi Espácio – verdadeiras fábulas alegóricas – cuja arqueologia revela a íntima relação entre homem e natureza. O percurso analítico considerou uma investigação da semântica fundamental, com vistas à (re)interpretação da axiologia subjacente ao discurso. Nas peças examinadas, a figura do boi aparece sob os signos da realidade e da imaginação popular, exercendo, imponentemente, o papel de protagonista. É um herói autêntico, detentor de uma indumentária conceptual forjada por elementos arquetípicos de autoafirmação e de autorreconhecimento, ou seja, o fazer-ser do animal representa, no deslocamento significante, o ethos de um povo, de uma região. Seus dons físicos, suas façanhas extraordinárias, além de ofertar-lhe uma natureza indômita, contribuem, consideravelmente, para a construção de uma imagem que, ao concentrar valores de merecimento e grandiosidade, passa a servir de referência identitária para os sujeitos que a concebem. A narrativa se constrói sobre e a partir do olhar masculino. O boi e o seu proprietário fundem-se num paradigma de masculinidade advogado pela cultura popular. Sintetizam o sertanejo viril e valente que não se curva diante dos opressores, nem das tentações monetárias. São princípios ordenadores de uma norma consuetudinária que tem o homem como representação do bem e portador de boa índole. Como arcabouço teórico, recorremos aos trabalhos desenvolvidos por GREIMAS (1975), COURTÉS (1975), BATISTA (1999) e RODRIGUES (2010). Com efeito, esperamos que as análises, por ora realizadas, possam coadjuvar, de alguma maneira, a teoria semiótica e sua aplicação. Quiçá, tragam um contributo aos estudos etnolinguísticos, antropológicos e culturais.
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SESSÃO COORDENADA 03
Coordenador: José Herbertt Neves Florencio Título: Linguística Aplicada e perspectivas do ensino da leitura Resumo da Sessão: A Linguística Aplicada (doravante LA) analisa fatos da linguagem relacionados às atividades humanas realizadas socialmente (FABRÍCIO, 2006; MOITA-LOPES, 2009). Nesse contexto, a investigação de aspectos da linguagem ligados a seu ensino aparece como ponto de importância central em LA. Diversas são, então, as teorias que contribuem na análise de questões linguísticas que servirão ao desenvolvimento de pesquisas na LA. Nesta sessão coordenada, nosso trabalho centrar-se-á na abordagem da leitura no ensino de línguas, tratando de conceitos e práticas tidos como fundamentais para esses estudos. Mostraremos, aqui, a contribuição de algumas teorias da Linguística para o ensino da leitura. Uma dessas perspectivas é a das Teorias dos Gêneros (BAKHTIN, 1992; BAZERMAN, 2011; MARCUSCHI; 2005, 2009, 2011; DOLZ & SCHENEUWLY; 1994, 1998), que serão estudadas aqui em sua relação com o ensino da leitura em Francês Língua Estrangeira. Na análise de questões da leitura no ensino de língua materna, trataremos da Análise Crítica do discurso (VAN DIJK, 2008), num estudo em livros didáticos de Língua Portuguesa, do Dialogismo (BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 2009; BRAIT, 2006; CUNHA, 2009), numa análise do gênero ‘crônica’, e do estudo da leitura orientações e documentos oficiais, de acordo com Kleiman (1993). Palavras-chave: linguística aplicada; leitura; ensino de línguas.
Um olhar discursivo-cognitivo para gêneros textuais imagéticos em livros didáticos Lílian Noemia Torres de Melo Guimarães (UFPE)
O objetivo da pesquisa é investigar o trabalho realizado com gêneros textuais imagéticos em livros didáticos de Língua Portuguesa, observando se eles estimulam nos leitores a ativação de modelos mentais que operam em avaliações e valorações negativas sobre determinados atores sociais. Um dos conceitos que norteia a discussão do trabalho considera gêneros textuais como “sistemas de enquadres sócio-históricos, ou ainda, macro-modelos cognitivos” (MARCUSCHI, 2005, p.154). O corpus selecionado para a análise delimitou-se a uma coleção de livros didáticos do Ensino Médio: Português: contexto, interlocução e sentido – autoras: Abaurre, M. L.; Abaurre, M. B; Pontara, M. 2010. Neste trabalho desperta-se a atenção para a investigação de gêneros no livro didático, pois, além de essa obra ser um material riquíssimo em gêneros textuais, ela constitui-se em local que opera na construção discursiva do aluno, refletindo ideologias e ajudando na reprodução e legitimação do poder de alguns grupos sociais (VAN DIJK, 2008).
Teorias dos gêneros e o ensino da leitura em FLE José Herbertt Neves Florencio (UFPE)
Diversas são as teorias que abordam a questão dos gêneros textuais/ discursivos, em relação ou não ao ensino de línguas. Nossa proposta, nesta comunicação, é realizar um cotejo das principais teorias a respeito desse tema, analisando suas implicações para o ensino da leitura em Francês Língua Estrangeira (FLE). Para tal análise, valer-nos-emos dos postulados de Bakhtin (1992), Bazerman (2011), Marcuschi (2005, 2009, 2011) e Dolz e Scheneuwly (1994, 1998), que, mesmo traduzindo diferentes visões acerca dos gêneros, trazem pontos convergentes em suas teorias. A partir da caracterização que eles fazem do gênero textual/ discursivo, abordaremos as questões relativas à leitura, em específico no contexto de ensino
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de línguas estrangeiras (em nosso caso, o francês). A presente pesquisa, de cunho bibliográfico, objetiva também trazer contribuições para a prática do professor de FLE, integrando trabalhos de leitura e produção textual, análise linguística e vocabulário, além dos aspectos culturais do idioma. Palavras-chave: gêneros textuais; leitura; ensino de francês.
A criação e o dialogismo em crônicas do jornalismo brasileiro Ricardo Rios Barreto Filho (UFPE) Os gêneros do discurso têm sido objeto de estudo de diversas pesquisas nas áreas da Linguística, Linguística Aplicada e Educação. Esses estudos servem para fomentar a discussão acerca da amplitude da linguagem, que não se limita a questões somente relacionadas à estrutura linguística. Diversas são as pesquisas que utilizam os gêneros discursivos (BAKHTIN, 1999) para compreender com maior profundidade o funcionamento da linguagem. Neste trabalho, discutimos as características do gênero crônica jornalística a partir dos pressupostos teóricos da Análise Dialógica do Discurso (BAKHTIN/VOLOCHINOV, [1929] 2009; BRAIT, 2006; CUNHA, 2009). A partir dos pressupostos teóricos e pesquisa bibliográfica, defendemos a concepção de crônica jornalística como um gênero híbrido, e exemplificamos o nosso pensamento a partir da análise de uma crônica publicada em um jornal pernambucano. A nossa análise demonstrou que a crônica se insere no entremeio da literatura e do discurso jornalístico e reafirma a necessidade de trabalhar com o contexto sócio-histórico para refletir sobre o funcionamento discursivo da linguagem. Palavras-chave: crônica jornalística; dialogismo; gêneros do discurso.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 01
Aprendizagem móvel: o uso da tecnologia na sala de aula Daniele dos Santos Lima (FAFIRE) Com o avanço tecnológico ficou mais fácil ministrar aulas. A tecnologia fascina o discente, dessa forma, o docente deve aproveitar o interesse do alunado para que suas aulas fiquem mais interativas. A interatividade é muito contagiante e importante no processo de ensino aprendizagem. O objetivo deste trabalho é mostrar como o uso das TIC na sala de aula facilita o trabalho do docente e ao mesmo tempo desperta o interesse do alunado pelos estudos. O referencial teórico está baseado nos estudos de Marcuschi & Xavier (2010), Xavier (2005 e 2006), Diniz (2005) e Castro (2003). A metodologia utilizada para este trabalho foi baseada em leituras de livros e artigos relacionados ao uso da tecnologia na sala de aula. Além disso, paralelo a isso foi observado o desempenho dos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II de uma Escola Estadual do Recife com o programa Duolingo. Dessa maneira, foi verificado como os discentes utilizam o programa Duolingo para aprimorar o vocabulário, pronúncia, escrita e tradução de palavras da Língua Inglesa. Diante deste estudo foi possível constatar que a evolução tecnológica trouxe uma nova forma de ensinar e de aprender. O celular não é mais um problema na sala de aula. Hoje o aparelho móvel é um aliado no processo de ensino e aprendizagem. Pois através dele podemos navegar no mundo da informação, por causa da convergência digital. Palavras-chave: Aprendizagem Móvel. Tecnologia. Interatividade. Sala de Aula.
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Ensino de língua portuguesa e internet: em que contribuem os bancos de dados (geo)sociolinguísticos? Edmilson José de Sá (UFPB) A proposta para este trabalho visa a uma reflexão acerca do Ensino de Língua Portuguesa a partir da utilização de recursos didáticos selecionados da internet. Para tanto, serão avaliados os bancos de dados dispostos nas páginas digitais, que contemplam corpora nos quais se registra tanto a variação geográfica, quanto social, já que essas duas perspectivas se caracterizam pela seleção de dados reais, produzidos por falantes selecionados com base numa metodologia apropriada, cujas situações legítimas de uso são coletadas por inquéritos individuais. Por isso, propõe-se uma reflexão sobre os conceitos básicos da Geolinguística e da Sociolinguística, áreas responsáveis pelos dois tipos de variação, a partir de Labov (1972) e Chambers & Trudgill (1992), bem como a aplicação dos mesmos no Ensino de Língua Portuguesa (AGUILERA et al, 2004; CARDOSO & MOTA, 2006), com a exemplificação de bancos de dados encontrados na internet. No âmbito da Sociolinguística, serão apresentadas amostras do PEUL (Programa de Estudos sobre o Uso da Língua) do Rio de Janeiro e do VARSUL (Variação Linguística Urbana da Região Sul do Brasil); quanto à Geolinguística, usufruir-se-á de dados do Atlas Linguístico Sonoro do Pará e, a partir desses, será apresentada uma proposta metodológica para criação de um banco de dados linguísticos a se dispor na internet, baseado no falar pernambucano, de acordo com a pesquisa feita para o Atlas Linguístico do Estado. Palavras-chave: Variação Linguística. Social. Geográfico. Internet. Banco de Dados. O livro didático de português e o ensino dos gêneros digitais Silvania Maria de Santana (UFPE) Este trabalho segue perspectivas de língua/linguagem sociodiscursivas e tem como objetivo examinar as atividades voltadas ao ensino dos gêneros digitais nas coleções didáticas Português: linguagens e Português: linguagem e interação, publicadas em 2010, como meio de verificarmos como esses livros didáticos, que se inscrevem na concepção de língua/linguagem como interação social, direcionam o ensino dos gêneros digitais. Os resultados apontaram que a presença deles na coleção didática Português: linguagens ainda é mínima, trazendo para estudo o e-mail e o blog. Na coleção Português: linguagem e interação não se observou o ensino dos gêneros digitais, visto que eles serviram como complemento de informações ou suportes. Constatamos, então, que se faz necessário que os atuais livros didáticos, como um dos importantes recursos para o ensino da escrita e da leitura na sala de aula, passem a reservar mais espaço para o ensino dos gêneros digitais, para que eles possam ser estudados como prática social e constitutivos de esferas discursivas. Palavras-chave: Livro didático de Português; Ensino; Gênero Digital.
O texto literário e o uso de imagens na poesia do romantismo em livros didáticos de ensino médio: diferenciando os tipos de imagens que contribuem para a receptividade do aluno Kassiane Alexandra Bastos de Moura (UPE – Campus Mata Norte) Este trabalho é decorrente do projeto de iniciação científica da UPE “O texto literário e o uso de imagens em livros didáticos de ensino médio: um estudo de caso” que está vinculado ao projeto macro “O Ensino de Literatura e a Realidade Escolar”. A análise discorre a respeito do uso de imagens ao lado de textos literários, ressaltando se há uma relação entre texto literário (poesia) e imagem e se esse processo dialógico contribui para a construção de entendimento do aluno. Com base no Letramento Literário, desenvolvemos a pesquisa a partir de três perspectivas: se a imagem está apresentada de forma gratuita; se está auxiliando significativamente no entendimento do aluno; ou se estão colocadas em detrimento do texto. O problema surge, principalmente, quando essas imagens aparecem em detrimento do texto literário, de tal forma que não contribui para a receptividade desse aluno-leitor. A imagem como
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obra de arte também tem a função de ensinar, há muito para interpretar através da estética – formas, estruturas, cores etc. Acontece dos alunos não conseguirem diferenciar arte de imagens banais e construir seu entendimento sobre o período do Romantismo com esses dois elementos (arte e poesia). O projeto se desenvolve a partir de um corpus constituído por sete livros didáticos de Língua Portuguesa de ensino médio, mas que no presente trabalho foi delimitado para apenas cinco, analisando a disposição das imagens com o texto literário do período do Romantismo. Os resultados obtidos mostram que os livros dispõem mais de imagens (banais) que de imagens (arte) ao lado da poesia. Palavras-chave: Romantismo. Poesia. Imagem. Livros Didáticos. Ensino Médio.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 02 O Professor de Língua Materna na contemporaneidade e sua função humanizadora Maria Lúcia Ribeiro de Oliveira (FAFIRE) Este estudo tem como objetivo destacar a importância do professor no processo de letramentos múltiplos, como o grande estimulador do diálogo e da humanização do humano. Fundamenta-se, esta pesquisa, de caráter essencialmente bibliográfico, notadamente nos estudos de Gomes de Matos (1984; 2002; 2005b; 2013) referentes aos estudos da linguagem para fins pacíficos e à construção da cidadania e humanização, e aos trabalhos de Souza (2001), apoiados na perspectiva dialógica de Freire (1975), referentes à humanização; nos trabalhos de Travaglia (2001) sobre linguagem numa perspectiva discursiva e dialógica, e aos estudos de Kleiman (1995), referentes ao letramento a à cidadania e em alguns postulados dos Parâmetros Curriculares Nacionais referentes à linguagem e ao letramento. Todos esses estudos apontam para a função humanizadora da linguagem, notadamente em espaços de letramentos múltiplos, tendo o professor como o grande maestro desse processo. Palavras-chave: professor; linguagem; letramento; cidadania; humanização.
Os parâmetros curriculares nacionais e o ensino de língua materna: algumas considerações Mirella Barbosa (FAFIRE) Poliana Freire Campos da Silva (FAFIRE) Regina Helena Soares Donato (FAFIRE) Este trabalho objetiva fazer uma reflexão acerca do ensino da língua materna na contemporaneidade, observando se as aulas de Língua Portuguesa estão em consonância com os princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais (daqui pra frente PCN) no que diz respeito ao trabalho com a leitura, escrita, gramática e oralidade; uma vez que os PCN argumentam que o texto é a unidade básica do ensino, considerado uma prática sociocomunicativa. No segundo momento, discutimos a respeito da metodologia dos professores para o ensino/aprendizagem da língua materna, a partir dos paradigmas da Linguística Textual, juntamente com os PCN e o Guia de Livros Didáticos (PNLD, 2011). Este trabalho fundamenta-se nas ideias de Antunes (2003), Bentes (2011), Marcuschi (2001), dentre outros autores. Sendo assim, esta pesquisa visa contribuir para que os atuais e futuros professores de Língua Portuguesa reflitam sobre a realidade das nossas salas de aula, como também busquem alternativas para um ensino mais centrado nos aspectos funcionais e interacionais da língua. Palavras-chave: Parâmetros Curriculares Nacionais; Linguística Textual; Guia de Livros Didáticos; ensino de língua materna.
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O trabalho do professor na escolha do livro didático: revelações de um documento oficial Gustavo Henrique da Silva Lima (UAG-UFRPE / PPGL-UFPE) O presente estudo procurou investigar as representações do trabalho docente em um documento oficial que contém orientações legais sobre o processo de escolha do livro didático. Para tal, nos ancoramos nos pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo, em especial, no que concerne à relação linguagem e trabalho. (cf. BRONCKART, 2008; MACHADO, 2004/2009; SAUJAT, 2004; AMIGUES, 2004). A análise dos dados foi feita com base na semântica do agir proposta por Bronckart e Machado (2004). Os resultados evidenciaram que, no geral, há um apagamento do agir docente no documento oficial analisado, uma vez que, neste, o professor quase sempre é apresentado como coadjuvante no processo de escolha do livro didático. Palavras-chave: trabalho do professor. Livro didático. Documento oficial.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 03
Reflexão acerca da literatura adeliana: representação da mulher e utilização das mídias digitais Laysa Cavalcante Costa (UFCG) José Hélder Pinheiro Alves (UFCG) O trabalho realizado com a literatura possibilita diversas abordagens metodológicas que podem contribuir com a utilização de textos literários em sala de aula. Tendo em vista tal perspectiva, este trabalho visa desenvolver uma reflexão e discursão acerca da literatura adeliana, principalmente no que se refere aos textos que retratam a condição da mulher. O objetivo concentra-se em apresentar aos alunos a imagem da mulher e a posição da mesma dentro da sociedade patriarcal, tendo como base a leitura de dois poemas de Adélia Prado que retratam essa temática. Pretende-se também criar um blog para que se possam divulgar as atividades realizadas pelos alunos, expondo os trabalhos que serão construídos através das discursões promovidas na sala de aula. A fundamentação teórica será proveniente das reflexões trazidas por Hohlfeldt (2000) que discorre sobre aspectos referentes à condição da mulher; Muszkat(1985) que destaca a identidade feminina; e Barros e Buarque (2012) que abordam a desestabilização da leitura de poesia. Palavras-chave: Literatura; mulher; leitura.
O BLOG “PARAIBANAS” E A LITERATURA DE AUTORIA FEMININA José de Sousa Campos Júnior (UEPB) O objetivo deste trabalho é refletir sobre a produção literária paraibana de autoria feminina, atentando para a dificuldade enfrentada por essas escritoras em encontrar espaço no mercado editorial do estado da Paraíba. Como objetivos específicos problematizaremos os resultados de um levantamento já realizado dos nomes das escritoras paraibanas, sejam atuais ou não, que aparecem nos livros de crítica e história literária e nas coletâneas locais; bem como mostraremos o trabalho de divulgação de escritoras (a exemplo de Janaína Azevedo, Mirtes Waleska Sulpino, Marília Arnaud, Mabel Amorim, Fidélia Cassandra), que está sendo realizado através de um blog chamado Paraibanas, no qual procuramos divulgar autoras e eventos literários do referido estado. Dessa forma, pretendemos empregar esse blog não somente como ferramenta divulgadora, mas também como instrumento pedagógico, com a possibilidade de abordagem dos textos dessas autoras em sala de aula, uma vez que são disponibilizados alguns textos literários na página virtual, e do uso do próprio blog como agente incentivador de leitura e de valorização da cultura local. Como aporte teórico utilizaremos, entre outros, os
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estudos realizados por Cecil Zinani (2010); Flávio Kothe (1997); e Hildeberto Barbosa Filho (1985), (1996), (2005). Palavras-chave: Literatura paraibana; Literatura de autoria feminina; Cânone.
Ensino de literatura afro-brasileira: representação do negro e o uso das tecnologias Francielle Suenia da Silva (UFCG) Márcia Tavares Silva (UFCG)
Os trabalhos sobre o ensino de literatura fornecem possibilidades metodológicas com as quais o texto literário pode ser utilizado em sala de aula. Considerando isto, este trabalho propõe-se a apontar possibilidades de abordagem da literatura de temática negro brasileira. O objetivo é, a partir da leitura de contos, apresentar aos alunos a representação do negro na literatura dessa temática, e quais condições se assemelham com as do negro em nossa sociedade, bem como divulgar autores que escrevem sobre essa temática e seus textos. Além disso, pretendese apresentar uma proposta que envolve a criação de um blog, o qual servirá como ferramenta de divulgação das atividades referentes ao trabalho com os textos literários de temática negro brasileira, e como forma de mostrar uma possível desconstrução de preconceitos e estereótipos dos alunos com relação à etnia negra. Como fundamentação teórica, este trabalho utilizará Amâncio (2008) quanto à questão do ensino de literatura afro-brasileira; Aguiar e Bordini (1988) sobre a formação do leitor literário; Cosson (2006) para falar sobre o letramento literário; e Wendel Freire (2008), que trata do uso da tecnologia no âmbito escolar. Palavras-chave: Literatura afro-brasileira; Ensino; Mídias sociais.
Versão Beta Literatura: um livro com múltiplas identidades Cláudio Clécio Vidal Eufrausino
A proposta desta sessão coordenada é apresentar o projeto Versão Beta Literatura, cuja proposta é elaborar um livro com múltiplas identidades. A obra começou como e-book e se tornou o que podemos chamar de blog-book (b-book), estando, atualmente aberta a intervenção dos internautas. Num futuro próximo, com base nas intervenções, o objetivo é lançar a Versão Alfa. O projeto explora a possibilidade de usufruir os benefícios da obra tanto em seu aspecto de obra aberta quanto em seu aspecto de obra fechada.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 04
Tu não te moves de ti: Tadeu (da razão) à luz de Adorno Amanda Barros (UFPE) No presente trabalho pretendemos analisar a primeira parte da obra Tu não te moves de Ti, de Hilda Hilst (1980), que marca o desenvolvimento da autora como criadora de uma prosa poética única. O livro é composto de três partes/capítulos, sendo que, como dito acima, nos limitaremos, neste momento, ao estudo da primeira parte intitulada “Tadeu (da razão)”. A escolha dessa obra como corpus para o presente trabalho deve-se ao fato de o romance completo de Hilda Hilst ter sido objeto de análise em minha dissertação. Para realização desta análise crítica, elegemos como aporte teórico as considerações de Adorno em sua “Teoria Estética” (1982) e em “Notas de Literatura I” (2003) especificamente o ensaio “Posição do narrador no romance contemporâneo”. Por fim, no intuito de desenvolver uma investigação dos aspectos relacionados à linguagem e à representação, realizamos uma análise aprofundada do capítulo em estudo evidenciando em que medida a teoria adorniana pode dar lume à obra literária em questão.
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Palavras-chave: Hilda Hilst; Romance brasileiro; Adorno; Linguagem; Estética. Literatura e política no romance Doña Bárbara de Rômulo Gallegos: o passado histórico através da memória individual e coletiva Igor de Serpa Brandão Pereira Leite (FAFIRE) Pretende-se analisar o romance Doña Bárbara (1929) de Rómulo Gallegos, com o objetivo de trazer uma reflexão da viagem empreendida pelo personagem Santos Luzardo, ou seja, uma viagem à memória individual e histórica, à identidade individual e coletiva. Através da afirmação de Octavio Paz (1972) de que a modernidade latino-americana é uma tradição polêmica cuja interrupção da continuidade sob um passado histórico conflitante, define a nossa modernidade como fruto da razão crítica, examina-se a interface entre ideologia e utopia na obra a partir do processo mnemônico da realidade social e histórica da Venezuela, colocando em evidência a literatura e política no processo de liberação latino-americano a cerca da civilização e barbárie. Desde o regionalismo à pretensão de universalidade, a obra de Gallegos tem como eixo central “a violência histórica e as respostas a esta violência impune: a civilização e a bárbarie. Resposta que pode ser individual, mas que enfrenta às realidades políticas da América Hispânica” (FUENTES, 1990, p.97, tradução nossa). Será utilizado o método interdisciplinar sob as linhas de pesquisa entre a Teoria da Literatura e Estudos culturais. A partir dos paradigmas da memória individual e coletiva e da alteridade e identidade cultural, objetiva-se problematizar a aproximação da literatura e ideologia, desde o critério da crítica cultural latinoamericano frente aos projetos políticos progressistas, nacionalistas e anti-imperialista, sob o discurso do projeto de modernização política, econômica e cultural fundamentada na questão ética. Palavras-chaves: memória individual e coletiva; ideologia e utopia; crítica cultural latinoamericano.
A abordagem da intertextualidade na nova retórica Gutemberg Lima da Silva (UNICAP/IFAL)
No presente trabalho, discutimos o critério da intertextualidade como elemento formador do texto, mostrando seu referencial histórico e sua importância na construção de um arcabouço teórico para estudos do texto. Apresentamos o estudo de Beaugrande (1997), quando apresenta as três ações de constituição do texto num determinado evento comunicativo: a social, a cognitiva e a linguística; e em Beaugrande e Dressler (1989), quando apresentam os critérios de textualidade. A partir desses conceitos, discutimos o conceito de intertextualidade e processos de análise intertextual na visão de Charles Bazerman (2005, 2006, 2007) - com base na Nova Retórica. A metodologia utilizada consiste na revisão crítica da bibliografia dos escritos. Verificou-se que, em Bazerman, a intertextualidade concretiza-se num contínuo, em que os elementos de estudo apresentam-se dos mais aparentes aos mais implícitos, caracterizando-se por oito dimensões para análise do fenômeno, garantindo uma visão global da constituição do texto. Como consequência, percebem-se os mecanismos discursivos próprios da visão de gênero da teoria. Por fim, conclui-se que o “princípio” intertextual na constituição do texto e seu uso nas relações sociais das mais diversas áreas do conhecimento é de suma importância na participação e compreensão dos eventos sociais. Palavras-chave: intertextualidade; Nova Retórica; texto.
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 05
Fragmentos de um contemporâneo outro: Leituras do poético, do mundo e do contemporâneo na poesia brasileira atual de contribuição maranhense Antonio Aílton Santos Silva (UFPE) Recorte da pesquisa de Doutorado “A Experiência da Liricidade entre o Memorial e o Imprevisível” desenvolvida na UFPE, a qual aborda significações de vivência, lugar e tempo na poesia maranhense, nas relações do panorama maior da poesia brasileira contemporânea. Este trabalho objetiva discutir questões e particularidades da contribuição poética do Maranhão para a poesia brasileira, nos últimos vinte anos, em suas perspectivas, concepções estéticas e formais, orientações e representações da contemporaneidade. Trata-se de uma leitura de três poemas representativos dessa produção: Tema de Hulk e David Banner, de Luís Augusto Cassas; Pátria industrial, de Bioque Mesito e Apontamentos insones de poeta-menino, de Samarone Marinho. Tal leitura é feita a partir de uma hermenêutica compreensiva como abertura para outras leituras e compreensões, das poéticas do dispersivo e do fragmentário evidenciados no cenário teórico atual.
Balada de Amor ao Vento e O Alegre Canto da Perdiz: relações familiares interétnicas Ilka Souza dos Santos (UPE – Campus Mata Norte) Este estudo consiste numa análise das relações familiares interétnicas existentes em dois romances da escritora moçambicana Paulina Chiziane: Balada de amor ao vento (2003) e O alegre canto da perdiz (2008). É característica da obra de Chiziane a abordagem de temas presentes na cultura africana, contendo relatos fictícios, entretanto, baseados em vivências empíricas e circunstanciais de seu meio de origem. O debate sobre a etnicidade é levantado em ambas as obras, direcionando o leitor ao âmbito do contexto familiar, onde se desenvolvem os focos narrativos. Tem-se, como referencial teórico, conceitos trabalhados por POUTIGNAT, STREIFF-FENART (2011); DUARTE (2011); HOWANA (2006); NOA (2006). O trabalho faz parte da pesquisa de iniciação científica intitulada Gênero e Relações Interétnicas na construção familiar africana em O alegre canto da perdiz, de Paulina Chiziane que é agregada ao projeto principal nomeado A ficção e o folheto de cordel produzidos por escritoras de Língua Portuguesa, e vem sendo desenvolvida pelo Centro de Estudos Linguísticos e Literários da UPE – CELLUPE, contando com financiamento do PIBIC/CNPq. Palavras-chave: Literatura africana; etnia; família.
A escrita da mulher em Balada de Amor ao Vento, de Paulina Chiziane Marcela Darly Mendonça (UFPE) O trabalho em questão corresponde resultados finais alcançados com a análise do romance Balada de Amor ao Vento, produzido pela escritora Moçambicana Paulina Chiziane. Integrado ao CELLUPE – Centro de Estudos Linguísticos e Literários da UPE – trata-se de um trabalho de IC, cuja orientadora é a professora Drª. Amara Cristina Botelho. Tem por objetivo analisar a escrita da mulher. Para a fundamentação teórica utiliza-se como ponto de partida os conceitos de Lúcia Castello Branco e Ruth Silvano Brandão. O trabalho aborda de modo simples os diversos assuntos tratados na obra em análise, contrariando o que foi dito por Massaud Moisés: “A poética feminina parece sempre girar em torno do eixo amoroso”. (BRANCO; BRANDRÃO, 1989, p.95) A narrativa problematiza e critica diversos temas que tratam da identidade social e da posição do sujeito em uma sociedade extremamente patriarcal. Sendo assim, este trabalho possibilita uma discussão mais aprofundada da problemática do gênero feminino na escrita.
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Profissão de fé: ser menor Mônica dos Santos Melo (UFPE)
O trabalho se propõe a explorar o conceito e as características da literatura menor. No mercado editorial atual, é comum se atribuir importância a estratégias de marketing pessoal para alavancar as vendas de obras. Autores participam de eventos, protagonizam intervenções performáticas, administram perfis de internet, no esforço de promoverem a autoimagem. Entretanto, é possível encontrar escritores cujas trajetórias seguem na contramão desse processo, desenvolvendo o que se pode denominar literatura menor. Para fundamentar o estudo, serão abordados autores como Lipovetsky e Blanchot. A fim de se trabalhar a noção de literatura menor, serão adotados, como referências, Deleuze e Guattari. Já o corpus literário que será analisado, para possibilitar o esboço de um esclarecimento, consiste no romance Eu vos abraço, milhões (2010), representativo do deserto no qual ancorou sua obra o escritor gaúcho Moacyr Scliar. PALAVRAS-CHAVE: Literatura menor; autoimagem; mercado editorial
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 06 Três casas, um rio e seus espelhos na diegése dalcidiana Joanita Baú de Oliveira (UFPE)
O romance Três casas e um rio, do escritor Dalcídio Jurandir estrutura-se como palimpsesto, em que os fios de textos anteriores são reaproveitados na tecelagem de um novo texto. Diante de tal configuração, o presente trabalho efetua o levantamento e classificação das variadas estórias que se encontram intricadas na referida obra. Através deste procedimento e à luz do referencial teórico que trata das relações transtextuais espera-se compreender a função dessas micronarrativas e o sentido de tal forma romanesca. Ao final da investigação, constatase que os mitos, lendas e contos atuam como espelhos que refletem o enredo principal. Portanto, mais que mero registro do folclore popular, a intertextualidade faz parte da estratégia de construção da diegése dalcidiana. Conceição Evaristo e Esmeralda Ribeiro: subvertendo assimetrias Roberta Maria da Silva Muniz (UFPE) Por muito tempo existiu a tentativa de naturalizar no imaginário mundial o fato de que a lógica desenvolvimentista foi uma etapa necessária para a configuração do progresso da humanidade. Essa ideia foi disseminada como truísmo, sobretudo pelas Ciências Sociais. Aliada a conceitos assimétricos como civilização/barbárie, dominador/dominado, centro/periferia, a lógica desenvolvimentista corroborou o projeto de “conquista” de sociedades com a pretensão de levar aos povos (tidos como) bárbaros o estatuto de civilizados. Pretendese com este trabalho analisar, sob a perspectiva dos estudos culturais, os poemas de Evaristo (2008) e Ribeiro (2004), e averiguar se tais prerrogativas são sustentáveis e quais são os seus impactos no contexto latino-americano na contemporaneidade. Palavras-chave: Dominação; América Latina; Evaristo; Ribeiro A construção da diegese através da fragmentação do discurso narrativo em "Memórias Sentimentais de João Miramar", de Oswald de Andrade Walter Cavalcanti Costa (UPE) O presente artigo apresenta os resultados da análise do romance Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade, e traz como tema a construção da diegese, entendendose que esta resulta da fragmentação da narrativa. A abordagem crítica escolhida para análise
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foi a estrutural, com base nos teóricos Genette (1979), Todorov (2008), Pouillon (1974), Mendilow (1972), Silva (2009), no que respeita à organização do discurso narrativo. Já em relação às personagens, tomou-se como princípios teóricos Candido (2000), Forster (1974). Negrinha: uma questão de (des)amor ou preconceito de cor? Maria José Cavalcanti de Andrade O escopo dessa comunicação tem como foco a relação entre o preconceito racial e a literatura brasileira. Analisando a necessidade de se trabalhar, num país tolerante, a questão do pluralismo racial com os discentes do terceiro ano do ensino médio da Escola João Cavalcanti Petribu, no município de Paudalho, constatou-se que os mesmos precisavam de um estudo que lhes chamasse a atenção e ainda pudesse estar correlacionado ao universo literário. A obra "Negrinha", de Monteiro Lobato, foi selecionada para a execução desse trabalho, tendo em vista que, além de abordar toda uma questão étnica, social e histórica, figura entre as leituras indicadas, pois, enquadra-se como pré-modernismo, conteúdo contemplado na referida série escolar. Com a análise dessa obra, alguns recortes ideológicos levarão à discussão a axiologia baseada no questionamento: o ser humano vale pelo que ele é ou pela sua pigmentação? SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 07 O estudo de sufixos do português em gramáticas escolares: descompasso com a língua em uso Rodrigo Fagner Araujo dos Santos (UFPE) Ygor Simões da Silva Pereira (UFPE) Orientadora: Gláucia Nascimento (UFPE) Nossa vivência como estudantes de português no ensino básico e o conhecimento de livros didáticos indicam-nos que estrutura das palavras do português e seus processos de formação, âmbitos de estudo da morfologia, são conhecimentos dos mais negligenciados no ensino básico no Brasil, o que termina por dificultar o desenvolvimento de habilidades e competências linguísticas relevantes dos estudantes. A abordagem reducionista das gramáticas escolares é, a nosso ver, um dos fatores que provocam essa negligência por parte dos professores, uma vez que, em geral, esses profissionais limitam-se ao uso dessas gramáticas como recursos didáticos, fato que dá ao ensino da língua um perfil incompleto e superficial, o que acarreta uma aprendizagem insuficiente. Entre os fenômenos que nos parecem abordados de forma insuficiente e pouco funcional no âmbito aqui referido, está o processo de derivação sufixal, interesse nosso neste trabalho. Em geral, as gramáticas apresentam listas de sufixos, muitos dos quais, pouco produtivos no português brasileiro atual, fato que pode impossibilitar os estudantes do ensino básico de conhecerem os sufixos mais usuais, o que dificulta o desenvolvimento satisfatório de algumas habilidades e competências relevantes de leitura e de escrita. Com o objetivo de apresentar um panorama de uso, através de um corpus constituído de textos atuais, elegemos o gênero textual notícia jornalística, mais especificamente as publicadas nos cadernos ‘Política’ e ‘Viver’ do jornal Diário de Pernambuco neste ano, a fim de identificar sufixos mais produtivos na língua. Com base nessas recorrências, avaliamos a abordagem feita por 3 (três) gramáticas escolares distintas sobre derivação sufixal e a fim de verificar se essas gramáticas enfocam os sufixos que, de fato, seriam relevantes para estudantes do ensino básico. O trabalho está teoricamente fundamentado nos estudos de Basílio (2004). Palavras-chave: morfologia; sufixação; ensino de língua materna
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O ENEM nas transformações sofridas pelo ensino da escrita Emanuel Cordeiro da Silva (UFPE) Este trabalho objetiva situar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) no conjunto das transformações sofridas pelo ensino da escrita no Brasil. Para tanto, haja vista a histórica vinculação entre o ensino da língua e da sua escrita, é, primeiramente, apresentado um breve panorama do caminho por ambos percorrido desde os primeiros séculos da colonização até os dias atuais. Em seguida, é realizada uma discussão acerca da vigente concepção de ensino da escrita como produção de texto, dentro da qual a diversidade de gêneros textuais é privilegiada. Para tal concepção convergem as visões de língua e de texto recomendadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) e, por meio dela, é que o ENEM se propõe a realizar a avaliação da competência textual dos alunos egressos da educação básica. A partir da pequena incursão histórica realizada e com base nas relações traçadas entre a perspectiva da produção textual, as recomendações dos PCNEM e as concepções assumidas pelo ENEM, é que as visões de língua e de texto subjacentes ao sistema de avaliação do exame são observadas, e ele é situado no processo das mudanças sofridas pelo ensino da escrita na educação básica brasileira. É verificado que a ruptura existente no sistema avaliativo, permeado por duas concepções divergentes de língua e de texto, leva o próprio sistema a incorrer numa contradição. Embora o ENEM, de maneira articulada com os PCNEM, assuma como princípio a indissociabilidade entre conhecimento e cidadania, buscando, na relevância prática e social, a valorização do conhecimento, o exame ainda preza por uma escrita alheia à sua relevância prática e social, indo de encontro às recomendações dos PCNEM. Palavras-chave: escrita, avaliação, enem.
Variação linguística e faixa etária: Interação entre jovens Bruna Maria Paz de Lira (UNICAP)
Neste trabalho investigamos a variação linguística surgida entre tribos de jovens.Foi realizada uma pesquisa do tipo revisão de literatura da questão teórica de autores como : Sírio Possenti (2001) ; Celso Pedro Luft (1998); Elie Bajard (2005) ; Marcos Bagno (1999); e Dino Preti (1994 /2006), que mostram estudos direcionado ao assunto sobre a sócio-linguística e seus aspectos da oralidade e escrita. Analisa os fatores socioculturais que agem sobre a língua oral, a influência da norma culta e os problemas de transcrição da fala advindo desta interação, apontando, também que a tecnologia e a mídia podem exercer um valor significativo na sua linguagem. Destaca a estrutura linguística das interações entre jovens decorrentes das variações e considera a quebra do preconceito linguístico dentro do campo escolar. Palavras-chaves: Variação linguística; Escrita; Oralidade.
Propostas de produção de Texto no ENEM Marcela Regina Vasconcelos da Silva (UFPB) Maria de Fátima Almeida (UFPB)
Este artigo visa analisar propostas de produção textual no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Para tanto, foi realizada uma revisão dos estudos teóricos de Beaugrande; Dressler (1981), Bunzen (2006), Koch; Travaglia (2001), Koch (2002, 2006), Pavani; Köche (2006), entre outros. Em seguida, foram selecionadas provas de produção textual do ENEM, as quais foram analisadas à luz desses estudos teóricos. Tal pesquisa se justifica porque é imprescindível que esse instrumento de avaliação seja adequado, pois, muitas vezes, escolas e professores
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consideram o que é solicitado nesse exame para escolher o que será trabalhado na sala de aula do Ensino Médio. Todavia, a realização dessa pesquisa mostra que as propostas de produção de texto no ENEM ainda apresentam sérias lacunas. Palavras-chave: produção de texto, Ensino Médio, ENEM.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 08
O gênero multimodal "videoclipe": propostas de classificação
Leonardo Mozdzenski (UFPE/ECPBG) Apesar de sua crescente circulação social e popularização nos meios de comunicação de massa (televisão, internet e variados dispositivos eletrônicos, tais como tablets e celulares), o gênero videoclipe não tem recebido a devida atenção dos estudos linguísticos e discursivos. Tendo em vista a alegada natureza multissemiótica, fluida e fragmentária dos clipes, é comum se afirmar que eles constituem um objeto de difícil apreensão e análise. Isso se torna ainda mais evidente através das variadas concepções tipológicas de classificação desse gênero no âmbito das Ciências da Comunicação e áreas correlatas. A depender do olhar lançado pelo pesquisador, são sugeridas tipologias bastante díspares, sem parâmetros muito coerentes. Norteado pelo intuito de sanar essa lacuna, este trabalho tem o objetivo de compreender os videoclipes enquanto gênero, propondo tomar como o critério categorizador fundamental a saliência de seus atributos textuais/ discursivos/ multimodais. Para tanto, realizo, em primeiro lugar, uma breve revisão bibliográfica sobre gênero, apontando como os principais estudiosos discutem esse tema. São brevemente retomados aqui desde os trabalhos fundadores da Retórica Clássica e de Bakhtin (2003[1979]), até as contribuições mais recentes de Miller (2010), Bazerman (2007), Marcuschi (2008), entre outros. Em seguida, apresento a minha proposta, identificando três possíveis classificações para os videoclipes com base na saliência da construção composicional, do estilo, do tema e da dinâmica desse gênero: a) saliência na performatividade; b) saliência na ficcionalidade; c) saliência na artisticidade. Por fim, elaboro a representação diagramática dessa tipologia, como modo de visualizar esquematicamente de que maneira essas três configurações possíveis do videoclipe podem operar em situações concretas. Para testar esse modelo analítico, foram selecionados os seguintes videoclipes da cantora norte-americana Madonna: "Material girl" (1985), "Vogue – MTV Awards" (1990), "Bedtime story" (1995) e "Hollywood" (2003). Palavras-chaves: Videoclipe; Gênero textual; Multimodalidade. Os efeitos multimodais em anúncios publicitários femininos Raquel da Rocha Conti (FACHO)
Considerando o desenvolvimento da tecnologia e dos meios de comunicação, nota-se que há diversas formas de representar o indivíduo socialmente, por intermédio de recursos semióticos que constituem a multimodalidade. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo analisar os efeitos argumentativos estruturados em anúncios publicitários impressos, destinados ao público feminino, que se organizam em textos multimodais. Para tanto, foi feito um breve estudo sobre a Semiótica, a Semiótica Social e a Multimodalidade e seus elementos constituintes. A partir disso, foram selecionados dois anúncios publicitários para a análise que foi debruçada sobre a teoria da Gramática do Design Visual de Kress e van Leeuwen (2006). Notou-se que os elementos multimodais contribuem para a formação de opinião do leitor e assumem grande relevância na construção de sentido dos textos. Palavras-chave: Semiótica; Multimodalidade; Anúncio Publicitário.
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Gêneros discursivos como formadores ideológicos na perspectiva dos Atos de Fala Geovana Felix Oliveira do Nascimento (FACHO) Grace Terra Santos Agra (FACHO/UNICAP) Maria Carla Bione dos Santos (FACHO) Mariana Nunes Bezerra (FACHO)
Este artigo visa analisar a intencionalidade presente em determinados gêneros textuais e sua capacidade de provocar reações à população. Nosso ponto de partida neste trabalho é a hipótese de que os gêneros se manifestam o tempo todo em nosso cotidiano e que influenciam diretamente na formação das concepções do sujeito. De acordo com Marcuschi, a escolha do gênero em nossa atividade discursiva não é aleatória, mas comandada por interesses específicos. A partir da análise da presença dos implícitos no corpus formado por notícias e reportagens, podemos observar como os elementos que compõem tais gêneros servem de motivação para a mudança de postura de um sujeito em relação a um determinado assunto. O objetivo geral deste trabalho é, baseado na teoria dos Atos de Fala de Austin, mostrar que a escolha do gênero, como ato locutório, tem um papel importante nos atos perlocutórios provocados. Concluiu-se, portanto, que a escolha do gênero é determinante no efeito causado pela mensagem, já que, segundo Eliza Guimarães, todo discurso é proferido por sujeitos dominados de intenções e propósitos definidos, que se exprimem com o intuito de convencer o outro e chegar a determinadas conclusões. Palavras-Chave: Gênero textual; Atos de fala; Sujeito.
Ideologias nas capas de revista: uma leitura multissemiótica Nathalia Maria Rodrigues da Silva (COLÉGIO VISÃO) Os gêneros textuais que circulam na sociedade, especificamente as capas de revista, não expressam apenas informações. Muitas vezes, revelam, através de alguns recursos linguísticos, certos posicionamentos, ou manifestam o caráter ético ou antiético da instituição. Por este motivo, este trabalho tem como objetivo principal realizar uma análise semiótica dos recursos linguísticos ou não-linguísticos utilizados em capas de revista e como eles transmitem a ideologia e/ou o posicionamento da instituição em relação à matéria. Para isto, foram adotados os pressupostos teóricos sobre gêneros textuais, com Marcuschi (2008) e Bazerman (2006), e sobre o conceito de signo, semiose e os efeitos semióticos, com Bakhtin (2002), Saussure (2001) e Peirce (2000). Para alcançar os resultados pretendidos, inicialmente, selecionamos capas de revistas distintas que tratassem do mesmo assunto e fizemos a análise semiótica delas a partir dos recursos encontrados. A análise constatou que geralmente os produtores não estão muito preocupados eticamente em como vão transmitir as informações nas capas. Palavras-chave: ideologia, gênero textual, efeito semiótico.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 10
Argumentação na LIBRAS: Estratégias linguística vísuo-espaciais Nídia Nunes Máximo (UFPE) Patrícia Kelly da Silva Lôbo (UFPE) A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – é a língua oficial da comunidade surda do Brasil e caracteriza-se por ser de natureza visual-espacial, materializada através do uso das mãos e das expressões faciais para a produção dos sinais. Os surdos usuários da LIBRAS utilizam esta língua (sua língua natural, L1) para todo tipo de atividade discursiva, entre as quais, está a argumentação, nosso interesse na pesquisa que gerou este artigo. O português para os surdos
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usuários da língua de sinais é uma segunda língua (L2), que a maioria deles aprende apenas na modalidade escrita. É notório que textos escritos em português produzidos por esses indivíduos apresentam estruturação atípica, em função da influência da L1 sobre a L2. Entendemos, por isso, que é importante conhecer as estratégias de argumentação na LIBRAS, a fim de compreender alguns aspectos de textos predominantemente argumentativos escritos por surdos em português, de modo a auxiliar professores de língua portuguesa para que estes reconheçam as marcas da LIBRAS no textos escritos em português por surdos e possam contribuir para que seus alunos escrevam de modo menos atípico. Nesse sentido, neste trabalho apresentamos o conceito de argumentação defendido por Leitão (2000), considerando-a como uma atividade discursiva e social realizada através da justificação de pontos de vista que considera visões contrárias a fim de proporcionar mudanças na representação dos participantes quanto ao tema abordado. Verificamos que, para a realização de tal atividade discursiva, os surdos utilizam, principalmente, quatro estratégias argumentativas que estão situadas nos níveis gramaticais da LIBRAS – fonológico, morfossintático, semântico e pragmático: a expressão facial que aponta para o posicionamento argumentativo; a intensificação do sinal através da repetição; as perguntas retóricas; o uso do espaço denominado de role-play. Palavras-chaves: LIBRAS; argumentação; ensino de português como segunda língua.
Marcas da libras na argumentação escrita em português por surdos Camila Michelyne Muniz da Silva (UFPE)
O presente artigo enfoca a argumentação escrita em português por surdos usuários da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), especificamente, a identificação de marcas da LIBRAS na argumentação escrita produzida por surdos usuários dessa língua de sinais, em comentários analíticos escritos em português, resultantes de processos da retextualização de comentários feitos em LIBRAS pelos mesmos produtores dos textos escritos. O objetivo deste trabalho foi identificar sequências textuais nos textos argumentativos escritos em português produzidos por surdos que apresentam marcas da LIBRAS, categorizando essas marcas e verificando se essas marcas predominam nos argumentos de maior força. Para tanto, adotamos o modelo de Leitão (2000), para quem o argumento baseia-se numa unidade triádica composta pelo argumento (constituído de ponto de vista e justificativa), contra-argumento e resposta. A análise do corpus revelou que, embora a maioria dos voluntários consigam defender seus pontos de vista por escrito em português, estes usaram apenas a estrutura argumentativa mínima (ponto de vista – justificativa). A análise revelou, ainda, as dificuldades dos voluntários com o uso de operadores argumentativos (conectores). Além disso, verificamos que mesmo os indivíduos com mais alto grau de letramento constroem textos de superfície linguística atípica, que expressam, muito fortemente, o fenômeno da interlíngua, ou seja, as marcas da L1 (LIBRAS) aparecem em todas as sequências argumentativas escritas em português (L2). Os resultados indicam que, provavelmente, as experiências pedagógicas vividas pelos surdos brasileiros ainda estão bastante aquém do desejável. Palavras–chave: argumentação; LIBRAS; escrita em português; surdos
Variações lexicais sobre o Catimbau no atlas linguístico de Buíque (PE) Joseane Cavalcanti Ferreira (Fip)
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 11
Uma análise retórica de sentenças em caso de estupro: a construção do ethos da vítima pelo judiciário José Armando de Andrade (Faculdade Asces/UFPE) Este trabalho discute as formas simbólicas de representação da figura “vítima” de violência sexual pelos magistrados em sentenças penais condenatórias. Partiu-se da hipótese que
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poderia existir uma ideologia machista por parte do judiciário no momento da sentença criminal que poderia encaminhar para uma absolvição ou abrandamento da pena. O objetivo do trabalho é identificar estratégias retóricas de construção textual, através de processos de referenciação, utilizadas pelos magistrados a fim de produzir “ethos” de vítimas em função da condenação de réus e evidenciar os processos mais produtivos utilizados pelo judiciário em busca de padrões de estratégias retóricas – com base na Retórica Analítica de Adeodato (2010) e na noção de referenciação de Marcuschi (2005) – através de uma análise comparativa de sentenças que versassem sobre o mesmo crime. A metodologia utilizada é a do estudo textual-discursivo, com o método bottom-up, ou seja, da análise da superfície do texto em direção aos aspectos sociocognitivos do contexto, com base em Van Dijk (2012). Foram analisadas 5 sentenças condenatórias, coletadas em Varas Criminais da cidade de Caruaru. Os resultados encontrados evidenciam que a fragilização da mulher é a estratégia retórica mais utilizada, seguida da estratégia de cunho emocional na descrição dos atos praticados pelo agressor. Na primeira estratégia, a nominalização é o principal recurso textual utilizado; na segunda, o uso da narrativa e a adjetivação do agressor. A pesquisa mostra que os aspectos retóricos na construção do ethos de vítima em casos de violência sexual buscam provocar no auditório reações emocionais, para justificar a pena aplicada além de sempre conotar o crime como algo repulsivo e indigno, contrariando a crença social e a hipótese inicial da pesquisa de que o machismo impera no judiciário a ponto de direcionar absolvições com argumentações ligadas à provocação da vítima ante ao agressor. Palavras-chave: Estupro; Ethos; Retórica; Referenciação.
Depressão: um mal-estar contemporâneo Maria de Fátima de Amorim (FACHO) O presente estudo objetiva compreender a crescente incidência da depressão na sociedade contemporânea com base nos pressupostos da psicanálise. Para atingir ao objetivo proposto foi feita uma revisão de cunho bibliográfico, articulada com recortes de casos clínicos, resultantes da experiência decorrente do estágio realizado na Clínica-Escola da FACHO durante o Curso de Especialização em Ações Interventivas em Psicologia Clínica. No seu curso, o trabalho apresenta definições acerca da depressão, buscando desde Freud analisar as diferenças entre o processo de luto que se distingue da melancolia. Essa pesquisa visa, ainda, chamar atenção para a necessidade de um olhar mais aprofundado sobre os laços sociais atuais que têm contribuído para uma grande incidência de quadros depressivos levando, muitas vezes, a uma dependência medicamentosa dos sujeitos acometidos por este mal-estar contemporâneo. Dentre os fatores produtores da depressão, na contemporaneidade, identificados nos estudos realizados, encontramos a desestruturação familiar, contribuindo para uma carência ou ausência de referências simbólicas e a falta de desejo, frente ao imperativo da sociedade de consumo e do culto ao narcisismo que busca atingir a perfeição que, em contraste com a incompletude, leva ao intenso sofrimento. Palavras-chave: Psicanálise, Sintoma, Depressão.
O som do "Tambor" ressoando nas palavras Fabiana Da Silva Campos dos Santos (UFPE)
O presente trabalho analisa algumas narrativas presentes na obra Você me Deixe, Viu? Eu vou bater o meu tambor, de autoria de Cidinha da Silva. Nesses, observo como essas escritas podem se distinguir das escritas tradicionais e de que forma dialogam com as novas tendências das escritas literárias no cenário brasileiro. Sobretudo, observo como determinados grupos escamoteados na sociedade e as relações do cotidiano, que nos passam “despercebidas”, são situadas social, cultural e institucionalmente, por meio da literatura.
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A personagem em a Árvore das Palavras Sérgio Murilo Cavalcanti Rodrigues (UPE) Esse trabalho corresponde aos resultados obtidos com o Projeto de iniciação científica intitulado Personagens Femininas: identidade e cultura em a árvore das palavras, que tem por objetivo a análise narratológica de gênero do discurso romanesco, com foco principal nas personagens Gita e Amélia do romance “A árvore das palavras” da escritora lusitana Teolinda Gersão, a qual representa o papel social da mulher habitante de Moçambique. A representação d as personagens femininas, já mencionadas, ilustra o choque cultural existente entre dois grupos ideológicos locais: o moçambicano e o português. Além disso, também representam as lutas e os anseios das mulheres habitantes de Moçambique que, por muitas vezes, são frustrados pelas barreiras étnicas e ideológicas impostas pela tradição cultural. Para isso, utilizou-se como pressupostos teóricos FORSTER, (1970), CANDIDO (1976), REUTER (2002), entre outros. O presente trabalho faz parte do projeto maior A ficção e o cordel produzido por escritoras de Língua Portuguesa que encontra-se vinculado ao Centro de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade de Pernambuco – CELLUPE e é financiado pelo CNPq.
Palavras-chave: gênero; cultura moçambicana; personagem feminina; Teolinda Gersão.
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