Caderno de resumos oficial 21 11 2015

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MÁRIO DE ANDRADE: BRASIS, TUPIS E CARNAVAIS

20 E 21 DE NOVEMBRO DE 2015 CADERNO DE RESUMOS

ISSN 1808-5393


É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa dos autores e organizadores. Por se tratar de uma publicação do tipo Caderno de Resumos, a comissão organizadora do XII EELL, isenta-se de qualquer responsabilidade autoral de conteúdo, ficando a carga do autor tal responsabilidade. Marca e Identidade Visual do Evento: Maturi Comunicação


RESUMOS1 SESSÃO COORDENADA 01

Título: Discurso e cognição: estratégias linguísticas e desdobramentos de pesquisa Coordenador: Vinícius Nicéas do Nascimento Resumo da Sessão: A presente sessão de comunicações coordenadas tem por intuito apresentar à comunidade acadêmica resultados de pesquisas, nas áreas da Linguística Cognitiva, a qual defende a relação entre palavra e mundo mediada pela cognição, e da Análise Crítica do Discurso, que investiga o discurso como prática social. Nossos trabalhos focalizam as estratégias linguístico-cognitivas de construção discursiva em diferentes domínios e gêneros textuais. O ponto comum de ancoragem das pesquisas dessa sessão coordenada são os postulados de Teun van Dijk (1994, 2001, 2008, 2012), que numa perspectiva sociocognitiva, discute a relação discurso-cogniçãosociedade. Assim, adotando perspectivas teóricas de maneira multidisciplinar, discutimos as seguintes questões: i) o encapsulamento anafórico e as metáforas conceptuais como estratégias que refletem aspectos ideológicos e sociais, bem como integram a construção do discurso; ii) a noção de contexto e seu papel no processo de compreensão textual no domínio educacional, focalizando os livros didáticos; e, iii) as estratégias de construção/manutenção de estereótipos e de exclusão social por meio da construção de piadas. Esses estudos abrangem os conceitos de discurso e cognição, possibilitando-nos perceber/compreender as bases cognitivas para essas práticas sociais e discutir a relação existente entre discurso-cognição-sociedade em contextos específicos. Assim, analisamos esses discursos não só em suas manifestações linguísticas, mas também como estão constituídos a partir de aspectos de natureza social e cognitiva.

ASPECTOS SOCIOCOGNITIVOS NO ENCAPSULAMENTO ANAFÓRICO EM GÊNEROS DO DOMÍNIO JORNALÍSTICO Maria Sirleidy de Lima Cordeiro (UFPE)

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão teórica e analítica sobre o encapsulamento anafórico no discurso jornalístico. O encapsulamento é um recurso coesivo constituído por um sintagma nominal (demonstrativo + um nome núcleo) que sinaliza a retomada de uma porção textual anteriormente descrita (CONTE, 2003) e quefunciona como uma poderosa estratégia textual de construção de sentidos e progressão temática, pois empacota as informações velhas e (re)categoriza essas informações apresentando novas predicações para o discurso (FRANCIS, 2003; MELO, 2008) direcionando as opiniões públicas nas notícias. Nessa perspectiva, analisou-se os aspectos sociocognitivos no encapsulamento anafórico em gêneros do domínio jornalístico sobre as manifestações no Brasil veiculadas no mês de junho de 2013. O estudo do encapsulamento anafórico ancora-se sob as bases da Linguística Textual, da Análise Crítica do Discurso e da Sociocognição (MELO, 2001; 2008; 1

A comissão Organizadora do XII EELL informa que os resumos publicados neste caderno e os artigos que serão publicados no EBOOK são de responsabilidade de seus respectivos autores. A ordem de apresentação nas sessões deve respeitar o disposto na programação, ou, caso seja necessário, adaptada a critério do coordenador da sessão.


CONTE, 2003; FRANCIS, 2003; MARCUSCHI, 2000, 2003, 2004; KOCH e CUNHA-LIMA, 2004; KOCH, 2005; SALOMÃO, 1999; VAN DIJK 1994; 2012), em que o encapsulamento pode ser visto como recurso de referenciação textual que constrói relações de sentido, de poder e de progressão tópica-textual. A metodologia utilizada é de caráter essencialmente analítico e interpretativo com base na abordagem qualitativa. O corpus foi coletado nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo de divulgação pública on line. É importante ressaltar que a propensão por estes dois veículos de comunicação justifica-se pelos seus altos índices de circulação no país. Os resultados apontam que os sintagmas nominais utilizados na composição do encapsulamento, não só empacotam as partes precedentes como também apresentam uma carga de ideologias que refletem pontos de vista. Palavras-chave: Encapsulamento Anafórico; Inferências; Progressão tópica; Construção de sentido. CONTEXTO EM LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA Lílian Noêmia Torres de Melo Guimarães (UFPE)

A atividade de compreensão textual consiste em ultrapassar os limites da decodificação. Essa ideia é transmitida por professores e por distintos materiais didáticos presentes na escola, um deles é o livro didático. Em atividades de compreensão presentes nestas obras, por exemplo, é comum vermos algumas questões que apresentam o contexto como um aspecto relevante para que o aluno não se detenha a decodificar o texto. Como base nisso, vem-nos em mente a seguinte indagação: qual o tratamento dado ao contexto em livros didáticos? Diante de tantos materiais, chama-nos à atenção para a investigação em livros didáticos, pois estas obras, como destaca Marcuschi (2003), mesmo numa época marcada pela comunicação eletrônica e pela entrada de novas tecnologias, continuam sendo consideradas como uma peça fundamental no ensino-aprendizagem na sala de aula. A partir disso, pretendemos, neste artigo, investigar o tratamento dado ao contexto em livros didáticos de Língua Portuguesa de Ensino Médio. Procuraremos centrar nossa atenção para o tema contexto tomando por base os pressupostos teóricos da Sociocognição, pois consideramos, fundamentados em Van Dijk (2012), que o contexto não é um aspecto que está “fora” do texto, mas sim, uma construção interacional (re)elaborada entre os participantes de uma interação a partir de variados elementos em uma situação social específica que os interlocutores tomam como relevantes para a sua produção discursiva. O corpus constitui-se de uma coleção de livros de Língua Portuguesa de Ensino Médio aprovada pelo PNLD (2012). Como resultado, pudemos constatar que a noção de contexto adotada nas obras é, primordialmente, a que Van Dijk (2012) nos esclarece como sendo o "entorno" de determinada situação social. Palavras-chave: Contexto; Compreensão; Livro Didático.


CAMPANHA POLÍTICA É CARNAVAL: A METÁFORA CONCEPTUAL COMO ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA NO DISCURSO MIDIÁTICO Vinícius Nicéas do Nascimento (FATEC-PE)

Este trabalho investiga a projeção metafórica elaborada sobre a política no discurso midiático construído na matéria da Revista Época (nº 768, de 11 de fevereiro de 2013), a qual apresenta a repercussão das primeiras investidas políticas para o processo de eleição presidencial de 2014, metaforicamente conceituada a partir de vivências do período das festividades carnavalescas. A elaboração metafórica está presente em todas as relações estabelecidas na sociedade, pois o sistema conceptual é metafórico e cumpre o papel de orientador da ação e do pensamento humano, licenciando as expressões linguísticas metafóricas presentes no discurso. A projeção metafórica em questão é resultante da relação de domínios da experiência, projeção esta que enfatiza e ofusca aspectos dos domínios envolvidos. Nesse sentido, tal projeção evidencia aspectos do domínio carnavalesco para conceituar ações do domínio político. Tomamos como aportes teóricos a Teoria da Metáfora Conceptual (TMC), a partir dos postulados de Lakoff e Johnson ([1980] 2002), e a Análise Crítica do Discurso (ACD), em sua vertente sociocognitiva (VAN DIJK, 2001; 2008), os quais ancoram nossas análises sobre a elaboração metafórica e as expressões linguísticas metafóricas presentes na matéria, bem como a observação dos aspectos ideológicos que permeiam esta prática discursiva. Desde o título da matéria (O bloco das eleições está na rua), que serve de guia para a compreensão (FALCONE, 2008), podemos compreender a projeção de domínios da experiência que permite tal elaboração metafórica ser realizada, na esteira da metáfora conceptual estrutural POLÍTICA É CARNAVAL. Percebemos que as expressões linguísticas metafóricas licenciadas dão conta de nomear e caracterizar os participantes, bem como nomear as ações realizadas por tais participantes e as consequências de seus atos para o cenário político brasileiro. A projeção dos aspectos carnavalescos para conceituar as questões políticas por meio desta elaboração metafórica se apresenta como uma estratégia argumentativa e discursiva, estruturando a matéria veiculada pela revista, além de ser uma forma particular de observar o mundo. Palavras-chave: Metáforas conceptuais. Discurso midiático. Política. Revista Época.Carnaval. O TEXTO PIADÍSTICO E A EXCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DAS CONSTRUÇÕES ESTEREOTÍPICAS: O NEGRO E A LOIRA Ana Carolina A. de Barros (UFPE) Muitos fatores contribuem para a construção da “realidade” sociocognitiva; os textos, enquanto ação comunicativa, e os gêneros, que se adaptam às mais diversas situações de interlocução, refletem uma sociedade que é modelada. Por terem grande força e abrangência, as piadas de negros e loiras fortalecem e/ou reforçam exclusões e traços discriminatórios que podem ser facilmente visualizados. Na construção do referencial teórico e como suporte para análise, foram utilizados: Marcuschi (2002); Morato (2007); Pereira (2002); Guimarães (2002); Sawaia (1999); Van Dijk (1994), entre outros. Serão aqui apresentados dois tópicos principais: “Estereótipos e exclusão- mecanismos socais” e “As figuras do texto piadístico - a loira e o negro”, bem com a análise de um corpus piadístico, objetivando apontar a não “neutralidade” revestida por uma máscara de “divertimento” que auxilia na manutenção da exclusão de minorias ou no empreendimento a atitudes racistas, em uma dada realidade social. Palavras-chave: Construções sociocognitivas; Piadas; Estereotipia; Minorias; Exclusão.


SESSÃO COORDENADA 02

Título: LITERATURA E PSICANÁLISE: INTERFACES CRÍTICAS Coordenador: Prof. Dr. Hermano de França Rodrigues Resumo da Sessão: A arte literária é, talvez, o recinto onde o inconsciente se encena de forma privilegiada, pois se ergue e se constitui no âmago próprio da linguagem. Esta é sua matéria-prima, a partir da qual os códigos da vida se conservam e se reatualizam. É no percurso dos discursos, no fio enunciativo da trama ficcional, que o desejo aflora com a construção de seus objetos, em perene substituição, reeditando antigos sentidos e novas aparências. Trata-se de um deslocamento, de um jogo semiótico em que um texto reclama outro e teatraliza, na dinâmica da ausência e da presença, a autonomia do significante. Esta Sessão Coordenada congrega pesquisas que, alicerçadas nas teorizações psicanalíticas, pretende investigar, em textos literários, questões relacionadas às inúmeras formas de ser na Cultura.

MODULAÇÕES DO ÓDIO: DESEJO E CLANDESTINIDADE Hermano de França Rodrigues (UFPB/PPGL) Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, é uma narrativa que se desenvolve em dois planos: o da imanência (nível onde as significações são apreendidas a partir da decodificação linear dos elementos linguísticos constituintes das cadeias significantes) e o da essência, cuja operacionalização se efetiva, preponderantemente, nas erupções que barram a linearidade do dito, expelindo sentidos denegados. Este estudo, numa tentativa de interface entre a semiótica greimasiana e a psicanálise lacaniana, busca examinar, no conto em questão, uma produção de sentidos que não se inscreve apenas na linearidade, embora, em termos sintagmáticos, seja esta a impressão que se impõe. É uma ilusão constitutiva de qualquer sistema linguageiro, uma vez que o sujeito falante, ao inserir-se numa situação enunciativa, julga-se sempre senhor do seu discurso e, como tal, julga ter o total domínio sobre sua fala, organizando-a na linearidade de suas intenções. No entanto, à sua revelia, traindo-se a si mesmo, esse sujeito inconscientemente provoca “falhas” nessa linearidade, deixando escapar significações capazes de manifestar seus pensamentos reservados, suas vontades reprimidas, enfim, desejos recalcados. São textos que subjazem ao dito. Para extraí-los, faz-se necessário percorrer as tramas do dizer, ler as entrelinhas, deixar-se enlear nas teias significantes, proceder à leitura do sentido que não deu certo; leitura que tem como base estranhamentos e rupturas, hesitações e recomeços, redes isotópicas homogêneas e heterogêneas, em suma, fenômenos característicos da língua enquanto sistema dinâmico. Palavras-chave: Psicanálise – Literatura - Semiótica


O DILEMA DA MATERNIDADE: DA FANTASIA À PSICOSE Angeli Raquel Raposo Lucena de Farias (UFPB) Hermano de França Rodrigues (UFPB) A maternidade é um processo que afeta a mulher não apenas em seus aspectos físicos, mas também em seus movimentos psíquicos. A mulher se vê numa avalanche de mudanças e estas afetam seu psiquismo de distintas formas, podendo haver a instalação de uma depressão ainda durante a gestação, bem como de um estado psicótico. Nesse contexto, a psicose e a maternagem foram estudados pela psicanalise desde seu fundador, o médico vienense Sigmund Freud, até os autores pós-freudianos atuais. Freud, a partir de seus estudos sobre a neurose, conseguiu observar as raízes da psicose, afirmando que, na neurose, um fragmento da realidade é evitado por uma espécie de fuga, ao passo que, na psicose, a realidade é ignorada, remodelada. O psicótico repudia a realidade e tenta substituí-la pelo mecanismo do delírio e alucinação. No processo de construção da maternagem, o médico e psicanalista britânico Winnicott lança novo olhar, mais preciso e sensível, ao teorizar sobre a mãe suficientemente boa, ou seja, aquela que consegue prover um ambiente acolhedor, e utilizando o recurso do handling e holding. A partir da teoria psicanalítica, este trabalho se propõe a estudar o processo de psicose materna experienciado pela protagonista do filme “O bebê de Rosemary”. A personagem, a partir do momento que descobre sua gravidez, adentra num mundo de terror, acreditando que está inserida em um plano diabólico criado pelo seu marido e um casal de vizinhos. Palavras-chave: Psicanálise – Cinema - Maternagem

O TRIUNFO DA MORTE: A CRUELDADE NO FEMININO

Renata Maria Silva de Souza - UFPB Hermano de França Rodrigues (Orientador)

Escrita em 1968, pelo escritor português Camilo Castelo Branco, Amor de Predição é considerada uma das obras emblemáticas do romantismo lusitano. Seu enredo, forjado ao labor da melancolia e da tragédia, narra as desventuras amorosas dos jovens Simão e Teresa, cujos destinos são marcados pela dor, desilusão e morte. A obra, conquanto aproxime-se do clássico shakespeariano, distingue-se deste ao albergar, em seus flancos, a figura da sofrida e abnegada Mariana, personagem que, por amor a Simão, abdica de sua própria alteridade e, com efeito, deixa-se consumir pelo amor, jamais concretizado. Nessa conjuntura idílica, o belo mancebo, mesmo sem amá-la, mantém-na por perto, enraizando-a em suas queixas. Assim, Mariana, aos poucos, definha-se, tal como o seu desejo. Seus atos, embora parecem ingênuos e frágeis, quando vistos pelo prisma romântico, tornam-se grandiosos e heróicos, neutralizando, inclusive, o drama vivido pela protagonista Teresa, que morre doente num convento. Diante disso, numa conexão entre a literatura e a psicanálise de base freudiana, este artigo objetiva analisar o funcionamento melancólico da personagem Mariana, face ao apego extremo a um objeto amado, capaz de sorver-lhe o desejo, o que promove, em termos psíquicos, o transbordamento de si mesmo. Palavras-chave: Psicanálise - Melancolia - Morte.


FRATURAS DE SI E DA ESCRITA: EXPRESSÕES HOMOERÓTICAS EM WILL& WILL Rafael Venâncio (UFPB) Hermano de França Rodrigues (Orientador) Na Grécia Antiga, os relacionamentos sexuais entre homens eram encarados pela sociedade como uma prática pedagógica. Era comum que, por meio do ritual de iniciação denominado pederastia, o jovem obtivesse os pré-requisitos necessários a sua formação. A sexologia do séc. XIX foi responsável, com seu discurso científico, por atribuir às práticas homossexuais um caráter patológico, corroborando o discurso religioso predominante. A psicanálise, por sua vez, debruçando-se sobre as questões do inconsciente, procurou afirmar a plasticidade do desejo, colocando-o a serviço das moções pulsionais. À procura de explicações para comportamentos considerados, à época, perversos e bizarros, o mestre vienense, na contramão dos discursos segregadores de uma sociedade conservadora, interpretou o amor que não ousa dizer seu nome, como um outro caminho, dentre os inúmeros itinerários forjados pela sexualidade. Na esteira de suas teorizações, a homossexualidade foi concebida como resultado das relações edípicas. Mas, não só as correntes psicanalíticas, como também obras de ficção têm dado uma novo lugar aos sujeitos homoeróticos. É o caso do romance Will & Will, da dupla de escritores norte-americana John Green e David Levithan, publicado em 2014, no qual as vicissitudes do desejo são postas em cena. Assim, numa conexão entre a psicanálise (pós)freudiana e a literatura infanto-juvenil, nossa pesquisa pretende analisar o personagem Will Grayson, ante o desvelamento de sua sexualidade no âmago de uma sociedade marcada por convicções heteronormativas. Palavras-chave: Psicanálise – Homossexualidade – Édipo

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 01

VARIAÇÃO LEXICAL EM PERNAMBUCO: UM ESTUDO DAS DENOMINAÇÕES PARA ‘BOLA DE GUDE’ Edmilson José de Sá (AESA-CESA) O trabalho proposto tem o intuito de apresentar um estudo de variação linguística de natureza lexical de modo a verificar as denominações que um determinado item possui numa comunidade de fala. Para tanto, será usado o corpus coletado para a construção do Atlas Linguístico de Pernambuco (SÁ, 2013), produto de investigações realizadas em vinte municípios que cobrem todas as regiões do estado e que permitiu documentar suas marcas dialetais tanto de cunho fonético, quanto léxico e morfossintático. Por ora, serão analisadas as respostas da carta 39 referente à pergunta 156 do Questionário Semântico-Lexical (ALiB, 2001) aplicado em Pernambuco: ‘como se chamam as coisinhas redondas de vidro com que os meninos gostam de brincar?’, pertencente ao campo semântico jogos e brincadeiras infantis, de modo a constatar o que predomina nos municípios pesquisados. De posse das respostas, será apresentado um estudo diatópico (geográfico) e diastrático (social) sobre as denominações mais relevantes, permitindo que sejam tecidas comparações com outros trabalhos já realizados sobre o mesmo item lexical. A partir dos pressupostos teóricos de Cardoso & Ferreira (1994) e Cardoso (2010), pretende-se refletir sobre os estudos lexicais dentro da Dialetologia e da Geolinguística e baseando-se na variação do item lexical ‘bola de gude’, almeja-se também compreender um pouco melhor do português falado em Pernambuco. Palavras-chave: Variação lexical. Dialetologia. Pernambuco. Bola de gude


QUE GRAMÁTICA OS ALUNOS DEVEM DOMINAR AO FINAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA?

Laercio Carlos Silva Santos (UFPE)

O que se espera que um aluno aprenda na disciplina “língua portuguesa” (LP), na escola, durante a educação básica? Durante muito tempo, a resposta para essa pergunta foi: “a gramática da língua portuguesa”. Atualmente, essa ainda é a resposta de várias pessoas, inclusive de professores. Entretanto, hoje, a concepção que se tem de “gramática” vem se modificando, por influência do amadurecimento da reflexão sobre o assunto e dos documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), e a mais recentemente, ainda em fase de formulação, a Base Nacional Curricular Comum (BNC). Esses documentos, junto a estudos como os de Geraldi (1984), Possenti (1996), Antunes (2003) e Mendonça (2006), buscam direcionar o professor para os objetivos de ensino-aprendizagem que envolvem a gramática. Nessa discussão está envolvido o livro didático de língua portuguesa (LDP), que reflete as concepções vigentes sobre língua e gramática. Partindo de uma visão investigativa, e tomando como base teórica os autores mencionados acima, este trabalho visa analisar as seções que tratam do ensino de gramática, em livros didáticos de português do 9° ano do ensino fundamental e do 3° do ensino médio, visto que se tratam das “séries” que finalizam dois dos ciclos da educação básica. Buscamos na análise estabelecer comparações entre os objetivos de ensino-aprendizagem apresentados pelos LDs, por pesquisadores e pelos documentos oficiais da educação, a fim de entender o que se espera que o aluno saiba de conteúdo gramatical ao final desses dois ciclos da educação básica. Palavras-chave: língua portuguesa; ensino; gramática.

GRAMÁTICA DO/NO TEXTO: COMO EXPLORAR ISSO EM SALA DE AULA?

Carlos Henrique da Silva Santos (UFPE) Apesar das contribuições e avanços trazidos pela Linguística à escola, o ensino de gramática, nas aulas de Português das escolas brasileiras, ainda tende a escolher como unidades de análise a frase e a oração ou, em casos mais extremos, quando os professores não assimilam bem as novas teorias, esse ensino de gramática corre o risco de talvez nem existir. Utilizando-se do aparato teórico fornecido pela perspectiva funcional de estudo da língua e pela Linguística de Texto, este trabalho objetiva defender um ensino de gramática que encontra no texto o ponto de partida para uma reflexão sobre as regras que regulam o funcionamento da nossa língua, com o intuito de desmitificar a ideia de gramática como um conjunto de regras prescritivas incontestáveis, de aproximar o aluno da sistematização oferecida no ensino de gramática e de contribuir significativamente para os saberes linguísticos do alunado (LIMA; MARCUSCHI, B.; TEIXEIRA, 2012). Para alcançar esse objetivo, foram analisados textos e seções de estudo do texto que os livros didáticos de Português do Ensino Fundamental II (anos 6°, 7°, 8° e 9°) apresentam para o trabalho com os conteúdos gramaticais. A análise aponta tanto para determinadas concepções de gramática, que ainda estão em voga nos livros didáticos de português, como para aspectos do ensino-aprendizagem da gramática dessa língua, revelando estratégias de ensino mais eficazes do que outras. Palavras-chave: língua portuguesa; ensino; gramática; texto.


COLOCAÇÃO PRONOMINAL: ENTRE O PORTUGUÊS BRASILEIRO E O PORTUGUÊS EUROPEU HÁ DIFERENÇAS? Gilzinele Nayara Domingos Barbosa (FACHO)

Uma língua, duas gramáticas, muitas diferenças e muita confusão. Mesmo o português sendo a língua oficial do Brasil e de Portugal, há muitas divergências devido às diferenças entre a língua falada nesses dois países. Esta pesquisa tem como objetivo investigar a questão da colocação pronominal como realmente é utilizada no Brasil na forma escrita e falada e por que os portugueses usam a ênclise e os brasileiros optam pelo uso da próclise, até mesmo no início da frase. Esta pesquisa foi desenvolvida através de um estudo de cunho bibliográfico, que abrange a leitura, análise e interpretação de livros e periódicos de estudiosos dessa área. Como ponto de início da nossa pesquisa, buscamos cinco gramáticas relativamente recentes, que analisam os dados do PB no que se refere ao uso da colocação pronominal, sendo usadas gramáticas tradicionais, que copiam as regras da gramática de Portugal e gramáticas funcionalistas, que têm um olhar mais voltado para a realidade do brasileiro. Esta pesquisa busca mostrar que por não falarmos o português de Portugal, não quer dizer que não sabemos falar bem o português e sim que temos uma língua falada em nosso país a qual ouvimos todos os dias nas escolas, nas ruas, dentro das nossas casas. A pesquisa defende que o fato de nós brasileiros usarmos mais a próclise não significa que estamos errados e sim que temos diferenças e que estas diferenças devem ser respeitadas, pois cada vez mais nos convencemos que temos uma língua chamada português brasileiro. Palavras-chave: Língua; Brasil; Portugal; Professor; Aluno.

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 02

O imaginário grotesco em Cida Sepulveda: uma incursão pelos atrozes labirintos Iêdo de Oliveira Paes (UFRPE)

Este trabalho tem por objetivo evidenciar o imaginário grotesco nos textos de Cida Sepulveda numa perspectiva voltada para os estudos de autoria feminina contemporânea. Analisaremos os textos O sorriso de Ana, Musgos, Outro Vicente e Lodo, do livro Todo amor tem seu dia de punhal (2011). Nesse labirinto sombrio de atitudes frias se arma a narrativa sepulvediana em meio à grande metáfora que não se cansa de duelar com a vida: a Morte. Elemento presente em sua produção. A recorrência à imagética da água e do jogo claro x escuro permeia a tessitura dessa escritora que não se cansa em trazer à baila um universo cotidiano cheio de contrastes. Para o nosso aporte teórico, debruçaremos o nosso olhar em Homi Bhabha, Zygmunt Bauman, Cecil Jeanine A. Zinani, Roland Barthes e Gaston Bachelard. O presente trabalho é resultado dos nossos estudos realizados no Grupo de Pesquisa MILBA – Memória e Imaginário nas Literaturas Brasileira e Africanas/UFRPE. Palavras-chave: Literatura brasileira. Cida Sepulveda. Imaginário. Autoria feminina.


A CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM FEMININA EM AS MENINAS DE LYGIA FAGUNDES TELLES Caio Victor Lima Cavalcanti Leite (UPE) Amara Cristina De Barros e Silva Botelho (UPE)

Este trabalho integra os resultados da pesquisa de Iniciação Científica financiada pelo CNPq intitulada Crítica social e Gênero em As Meninas, de Lygia Fagundes Telles, finalizada em julho de 2015, à qual faz parte do projeto macro intitulado A ficção produzida por escritoras de Língua Portuguesa, atrelado ao Centro de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade de Pernambuco – CELLUPE. O objetivo deste artigo é realizar uma análise acerca da construção das personagens femininas presentes no referido romance. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, na qual foram realizados levantamentos teóricos acerca da temática de gênero e personagem, e posterior releitura e análise do romance. A partir da análise da obra, constata-se a presença de uma narração de onisciência seletiva múltipla que possibilita às três personagens femininas protagonistas exporem suas subjetividades, logo, levando o leitor a conhecê-las intimamente. Soma-se o fato de as protagonistas estarem rodeadas por várias personagens femininas secundárias que dão prosseguimento à narrativa. Foram utilizados como referenciais teóricos os escritos de Candido (2006); Brait (1998); Forster (1974); Zinani (2013); entre outros. Palavras-chave: Literatura; Personagem; Feminino; Gênero.

GÊNERO, IDENTIDADE E A EXPRESSÃO DO SABER FEMININO NO REGRESSO AOS MITOS NA OBRA MOÇAMBICANA O SÉTIMO JURAMENTO

Camilla Rodrigues Protetor (UPE) Amara Cristina de B. e S. Botelho(UPE)

O presente trabalho tem por corpus a obra O Sétimo Juramento, da autoria de Paulina Chiziane. Este romance focaliza problemas e acontecimentos sociais e históricos de Moçambique, portanto apresenta uma visão factual e literária de uma sociedade rica em problemas sociais. Assim as descrições na narrativa de resultam da observação do real tendo em vista que a personagem feminina vive o conflito entre a tradição e a modernidade, entre a submissão e o auto incentivo numa sociedade pós-colonial que vive o caos da guerra civil. Assim, o caráter e a personalidade das personagens femininas ganham complexidade, corroborando para adquiriram características próprias do ser humano de gênero feminino principalmente no que se refere à crença aos mitos. Desse modo, o trabalho tem por objetivo a análise das questões de gênero, identidade e mitos, no romance O Sétimo Juramento, cuja temática gira em torno de personagens que buscam a construção de suas identidades, através de suas relações com os mitos. Foram tomadas como norte as teorias de Zinani (2013) e Butler (2003), no que diz respeito a analise de Gênero. A respeito de identidade e mito, Eliade (1972; 1992), Leite (2012), Hall (2011) e outros. Acresce-se que este trabalho traz os resultados finais do subprojeto de Iniciação Científica do PIBIC-PFA subordinado ao Projeto principal intitulado A ficção feminina produzida por escritoras de língua portuguesa- gênero, sociedade e letramento literário, inserido no grupo de pesquisa CELLUPE. Palavras-chave: Literatura, Moçambique, Gênero, Identidade, Mito.


SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 03

ASPECTOS DO REAL MARAVILHOSO E DA MEMÓRIA EM “OS PASSOS PERDIDOS” DE ALEJO CARPENTIER Amanda Barros de Melo Moura (UFPE)

Por seu caráter de oposição, o real maravilhoso é uma das armas do surrealismo contra o mundo racionalista, a surrealidade seria uma linha do real que reuniria todas as imagens que nos rodeiam. No entanto, assim como outros escritores do século XX, Alejo Carpentier, alvo de nossa atenção neste trabalho, especificamente a obra “Os passos perdidos”, também se desiludiu com o surrealismo. Diante disso, ele buscou redefinir o conceito do Real maravilhoso em suas obras, nesse sentido se configura nosso primeiro objetivo, compreender os aspectos dessa categoria recriada por ele no livro “Os passos perdidos". O segundo intento desta pesquisa é elucidar as representações da Memória na obra em foco, pois, a recordação, em toda obra, se dá como uma revelação, como uma tomada de consciência que altera a percepção de realidade em que a personagem se insere. Deste modo, se justifica a coerência de nossa opção por unir os aspectos do Real maravilhoso e da Memória na análise de “Os passos perdidos”. Para compor o arcabouço teórico nos pautamos em BOSI (1997); BERGSON (2006); ASSMANN (2011); CARPENTIER (1985); CAMAYD-FREIXAS(1998); CHIAMPI (1980), dentre outros. Por fim, nossa postura diante do nosso objeto de estudo, é aquela já colocada por Said (2007, p.82), “adentrar no processo da linguagem já em funcionamento nas palavras e fazer com que revele o que pode estar oculto, incompleto, mascarado ou distorcido”. É a leitura minuciosa do texto que envolve recepção e resistência, situando o texto como parte de uma rede de relações. Palavras-chave: Real Maravilhoso. Memória. Carpentier.

NAÇÃO E IDENTIDADE NACIONAL EM VIVA O POVO BRASILEIRO

João Matias de Oliveira Neto (UFPE) A partir de uma análise do livro Viva o Povo Brasileiro, do escritor João Ubaldo Ribeiro, entendemos que um diálogo pode ser estabelecido acerca das noções de nação e identidade nacional a partir deste romance. Neste trabalho, entendemos que problematizar tais noções significa buscar a sua abrangência para além dos significados conferidos pela historiografia e teoria social, propondo uma relação entre literatura e conhecimento sociológico presente no desafio de pensar a construção de uma nação a partir da identidade nacional construída a partir de personagens, cronologias e ambientes narrativos. Ao entrecruzar estas noções, pensamos tanto nas estruturas narrativas do romance como no modo como estas noções são trabalhadas, principalmente, a partir de Benedict Anderson, Hobsbawn e Antônio Candido. Ao fim, uma análise dos elos narrativos e dos personagens devem nos mostrar como estas noções estão intercaladas com aquelas identificadas na literatura especializada.

Palavras-chave: identidade nacional; nação; sociologia da literatura; João Ubaldo Ribeiro; pensamento social brasileiro.


LIMA BARRETO, UM INTELECTUAL NEGRO Ricardo Nonato A. de A. Silva (PPGL/ UFPE/ CAPES) Lima Barreto acreditava que, como escritor, tinha a função de despertar as pessoas para o fato de a sociedade privilegiar certos grupos. Defendendo seus pensamentos, ele apresentava uma visão crítica em relação ao regime republicano vigente, na passagem do século XIX para o XX. A proposta é pensar a validade e legitimidade dos registros artísticos, como fontes críticas do exercício intelectual, a partir dos quais a sociedade é pensada nos limites entre a arte e a vida prática.

Palavras-chave: Intelectual. Arte. Lima Barreto

SILAS: MEMÓRIA, LINGUAGEM E CULTURA AFROBRASILEIRA Ana Valéria Ubaldo da Silva (UFRPE UAG) Resumo: A cidade de Belém do São Francisco, segundo dados do IBGE, possui atualmente cerca de 20.253 e está localizada no sertão de Pernambuco, às margens do “Velho Chico” . O município tem um arquipélago com aproximadamente 88 ilhas e a maioria de sua população possui descendência africana. Fato notadamente expresso nas feições, nos costumes dos ilhéus e da população urbana deste município. No entanto, após a realização de pesquisas, foi constatado que grande parte dos belemitas não se reconhece como negra. As cores mais citadas pelos entrevistados foram: branco, moreno claro ou escuro, pardo e até moreno “cor de jambo e cor de canela”. Assumir-se negro ainda é um grande empecilho social e psicológico para muitos belemitas. A hipótese para esta autonegação é, além do sofrimento e da limitação das potencialidades causados por atitudes preconceituosas, tais como: apelidos pejorativos, ofensas e xingamentos inferiorizantes relacionados à cor da pele e ao cabelo afro, vivenciadas no cotidiano e reproduzidas nos vários contextos sociais, nota-se a falta de referências negras positivas no município. Este trabalho se propõe a investigar e registrar a história de pessoas de Belém que cultivem e valorizem suas raízes e tradições étnicas. Neste ensaio-artigo, as pesquisas realizadas são de cunho etnográfico com o auxílio de análises documentais, entrevistas e observações. Esta pesquisa está embasada teoricamente segundo os pressupostos de Campos (2008), Bobbio (1992), Damata (1986), Hampâté Bâ (1981), Munanga (1994), Oliveira (2004) e Laplatine (2003). Foram investigados os usos, a linguagem, a religião e os costumes da família “Silas”. Eles são conhecidos regionalmente devido a sua união familiar e pela preservação da tradição de seus antepassados. Espera-se poder contribuir para evidenciar representações positivas que sejam associadas à valorização da cultura negra em Belém, diminuam as concepções sobre a inferioridade racial existentes e possam auxiliar na formação da identidade étnica da população. Palavras-chave: União familiar; Identidade; Religião; Cultura negra;


SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 04 CORDEL E LETRAMENTO LITERÁRIO: OLHARES POSSÍVEIS Carlos Frederico de Gouvêa Caldas (UFRPE) O objetivo do presente estudo é analisar como foi construída a mediação leitora em uma turma do 5° ano do ensino fundamental, da rede pública de ensino, na disciplina de língua portuguesa. Do ponto de vista teórico-metodológico nos baseamos em Rildo Corson, Teresa Colomer, Bortoni-Ricardo, Arnaldo Saraiva e documentos oficiais (PCN). Ainda temos a concepção de aprendizagem como resultado da interação dialética de um indivíduo com outros, neste caso com o professor e colegas de sala; o conceito de letramento centrado nas práticas sociais que envolvem a leitura, a escrita, seus usos, funções e efeitos sobre o indivíduo e a sociedade, subsidiado pela unidade de ação pedagógica, o gênero textual considerado marginalizado. No que concerne à prática dos gêneros textuais, focalizamos em um que é considerado menos prestigiado socialmente, mesmo estando recorrente no contexto social: o cordel. Através de uma pesquisa etnográfica, com abordagem qualitativa, os dados foram coletados pela observação de eventos pedagógicos e entrevista com a docente responsável pela turma referida. Assim, caracterizamos as práticas pedagógicas do professor, sujeito desse estudo, evidenciando uma negligência com o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, com as atuais discussões sobre mediação, letramento, gênero textual, que, embora esse esteja presente no contexto da sala de aula, não é suficiente para consolidar a aprendizagem do uso e função social do gênero textual analisado.

Palavras-Chave: Letramento; cordel; gêneros textuais marginalizados; mediação leitora.

FANFICTION: UM NOVO ESPAÇO EXTRA-ESCOLAR DE PRODUÇÃO DE TEXTOS Djário Dias de Araújo (UFPE) Kátia Maria Barreto da Silva Leite (UFPE)

Iremos, através desta pesquisa, caracterizar esse novo espaço de produção de textos conhecido no universo virtual como fanfiction, que pode ser usado como ferramenta pedagógica nas aulas de língua portuguesa, como também mostraremos as sugestões apresentadas pelos internautas sobre os textos publicados nas plataformas virtuais desses sites.Observaremos também se essas sugestões de revisão dos textos se aproximam das convenções estabelecidas pela escola. Responderemos essas reflexões analisando comentários feitos nos textos produzidos nos ciberespaços fanfiction (textos produzidos por fãs a partir de obras já conhecidas). Ao longo deste trabalho de pesquisa apresentaremos sessões teóricas sobre a origem e o desenvolvimento da fanfiction, gêneros discursivos na perspectiva bakhtiniana, estudo sobre o processo de revisão textual, entre outros enfoques que são importantes para respondermos as questões apresentadas. Palavras-chave: Produção de texto, fanfiction, revisão textual.


A DESCOBERTA CLARICEANA DA CONVIVÊNCIA LITERÁRIA NA SALA DE AULA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Daniela Paula de Lima Nunes Malta (Colégio Municipal Cônego Tôrres - Secretaria Municipal de Educação de Serra Talhada) A literatura contribui para formação humana em todos os aspectos, especialmente na formação de sua personalidade, por meio do desenvolvimento estético e da capacidade crítica, garantindo a reflexão sobre seus próprios valores e crenças, como também os da sociedade a que pertence. Nesse contexto, o presente relato de experiência tem como objetivo apresentar o resultado de práticas de letramento literário, desenvolvido a partir do projeto “Travessias da Leitura Literária na escola”, vivenciado na disciplina Ciclo de Leitura, no primeiro semestre de 2015, em turmas do 9º ano do ensino fundamental do Colégio Municipal Cônego Tôrres, escola de sistema integral, na cidade de Serra Talhada – PE. A obra escolhida foi o livro de crônicas “A descoberta do mundo” da autora Clarice Lispector do Modernismo Brasileiro. Nos apoiamos teoricamente em pesquisas de autores como os estudos de Aguiar (2006), Pinheiro (2008), Cândido (2010), Soares (2012) e Rouxel (2013) que nos trouxeram importantes constatações sobre a leitura literária em sala de aula. Incluímos, além do enfoque teórico, a concepção metodológica de Cosson (2009) auxiliou na elaboração de estratégias de leitura do texto literário. Além da mediação docente ter sido efetuada sob a concepção de Petit (2009). Como resultado indicamos que: a) experenciaram várias possibilidades de mediações em leitura empregando múltiplas linguagens – vídeos, letra de músicas e telas de arte; b) os alunos ampliaram significativamente o repertório literário pessoal; c) compreenderam o conceito de intertextualidade por meio dos contos produzidos pela Clarice Lispector. As atividades desenvolvidas nos ampliaram a concepção de sua responsabilidade com o processo de formação de leitores literários.

Palavras-chave: letramento literário; leitura de fruição; formação do leitor; gênero crônica;Clarice Lispector.

A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO: o que dizem os alunos?

Ginete Cavalcante Nunes (UFRPE)

Este artigo objetiva apresentar algumas considerações a respeito de como têm sido realizadas as aulas de literatura no Ensino Médio. Pretende-se mostrar como a escola e os professores têm agido em relação à leitura dos textos literários no ambiente escolar, enfatizando técnicas que venham a contribuir com a melhoria das aulas de literatura no ensino médio. Foi identificada uma espécie de crise no ensino da literatura no ensino médio, algo bastante visível no âmbito escolar e que pode ser interpretada de diferentes ângulos. Outro foco importante deste trabalho foi levantar as representações da literatura como patrimônio cultural da humanidade, alguns questionamentos são feitos, como por exemplo: Como vem sendo ministrado o ensino da literatura em turmas do ensino médio? Qual a visão sobre as funções da literatura norteiam o trabalho do professor no ensino médio? O que os denominados orientadores curriculares podem trazer de contribuição para o ensino da literatura no ensino médio? Por que o ensino de literatura vem sofrendo uma crise nos dias atuais? O que pensam


os alunos do 3º ano do Ensino Médio sobre o estudo da disciplina de literatura? Este estudo também busca refletir sobre a importância do ensino da literatura no Ensino Médio para despertar e instigar o aluno a ler os textos literários com prazer. Para isso, elaboramos e aplicamos questionários com 3 turmas do 3º ano do Ensino Médio. Os resultados da pesquisa evidenciam a importância do trabalho do professor como um agente de promoção da leitura literária e nos mostra a visão que os alunos do 3º ano do Ensino Médio têm sobre a literatura e o trabalho do professor com os textos literários. Desta forma, este estudo também se justifica pela tentativa de contribuir com os debates a respeito do trabalho sistematizado com o texto literário no ensino médio de forma significativa e que instiga o aluno a continuar lendo os textos literários, promovendo assim, o letramento literário no Ensino Médio.

Palavras-chave: Ensino de Literatura; Texto literário; Ensino Médio.

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 05

FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: DA FACULDADE ÀS PRÁTICAS DE SALA DE AULA, O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS OFICIAIS Eduardo Carlos Almeida de Lima (FAINTVISA) Tendo em vista as discussões sobre a formação continuada do professor de Língua Portuguesa, bem como as contribuições dos documentos oficiais do Estado de Pernambuco para tal feito, o presente estudo tem como questão norteadora a formação continuada do Professor de Português à luz dos Parâmetros curriculares para a Educação básica do estado de Pernambuco (Caderno Introdutório, Parâmetros de Língua portuguesa e Parâmetros para Formação Docente). Nessa linha, toma-se como objetivo geral promover uma discursão sobre as contribuições dos Parâmetros na formação continuada do Professor de Português no Estado de Pernambuco a fim de disseminar as propostas de cunho teórico-metodológicas contidas nos documentos, contribuindo então para a formação profissional e auxiliando-o em suas práticas docentes. A escolha do tema do trabalho foi dada pela inquietação de conhecer os documentos oficiais que norteiam os processos de ensino-aprendizagem tanto em nível nacional quanto em nível estadual, em Pernambuco. A proposta é analisar, sistematizar e disseminar os conteúdos dos Parâmetros Curriculares de Pernambuco a fim de propagar os Parâmetros Curriculares e contribuir para a formação do Professor de Língua Portuguesa do nosso estado, pois sustento a ideia de que a prática docente dá-se num processo contínuo de construção, reconstrução e aprimoramento de conhecimentos e métodos.

A ABORDAGEM DA FONÉTICA E DA FONOLOGIA NOS LIVROS DIDÁTICOS: um recorte focando a variação linguística e o sistema ortográfico do português

Emily Ellen Lima de Sousa (UFPE)

Este trabalho tem como objetivo a compreensão do espaço que a área da fonética e da fonologia ocupa nos livros didáticos, considerando a sua pertinência ao processo de aquisição da escrita e à compreensão das variações dialetais. O corpus selecionado se constitui de dois


livros didáticos de Língua Portuguesa, referentes ao 6º ano do Ensino Fundamental (antiga 5ª série), sendo um de publicação anterior à 1ª edição (1997) dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o Português Oral e Escrito, de Dino Preti (1977), da Companhia Editora Nacional e o livro da editora Moderna, de edição posterior aos parâmetros, cujo título é Português Linguagens dos autores William R. Cereja e Thereza C. Magalhães (2010). Essa escolha se deu por ensejarmos averiguar, através de uma análise comparativa, se, após os anos 90, houve modificações produtivas no que diz respeito ao tratamento dado à fonética nos materiais didáticos. Isso porque os documentos publicados a partir desse período, como a 1ª edição dos PCN, a matriz que rege o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), dentre outros, apresentam um viés mais discursivo, ancorado na perspectiva bakhtiniana de gêneros do discurso. A base teórica fundamentou-se nos trabalhos de BAGNO (2007), CAGLIARI (2009), CRISTÓFARO (2009), dentre outros.

Palavras-chave: fonética; fonologia; variação; livros didáticos.

TRABALHANDO A “COMPETÊNCIA COMUNICATIVA”: ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO

Gabriel do Nascimento Santana (UFPE)

Apesar de muitos professores de língua portuguesa ainda revelarem incerteza quanto às razões de ensinar/aprender a língua materna, há certo consenso de que o ensino dessa língua tem como motivação prioritária o desenvolvimento da competência comunicativa dos usuários. Em linhas gerais, educadores e estudiosos da língua concordam que o trabalho dos professores de língua portuguesa deve pretender tornar os estudantes aptos a empregarem sua língua nos diversos contextos comunicativos, sejam estes na oralidade ou na escrita. Tomando como referencial teórico as obras de Travaglia (2002), Marcuschi (2008), Dolz e Schneuwly (2011), dentre outros autores, objetivamos analisar atividades de livros didáticos do Ensino Médio, buscando averiguar de que maneira neles se trabalham a competência comunicativa, a competência textual e as subcategorias desta – as capacidades formativa, transformativa e qualificativa. Com isso, procuraremos também analisar o quanto o trabalho com gêneros nos livros didáticos está sendo instrumento pedagógico de transformação das realidades sociais do atual mundo letrado que nos confronta (SIGNORINI, 2001). Pretendemos, com este trabalho, sinalizar a importância de uma abordagem que considere a pluralidade de gêneros textuais e ponha os alunos em contato com diversas situações de interação comunicativa, pois a constante produção de enunciados em vários contextos possíveis de enunciação pode ser um dos caminhos para a tão falada integração da escola à comunidade (TRAVAGLIA, 2002). Por meio desse estudo, poderemos perceber alguns dos problemas a serem enfrentados para, através disso, podermos nos dedicar a estudar alternativas que, de fato, explorem a competência comunicativa dos estudantes inseridos no contexto atual de ensino de língua portuguesa. Palavras-chave: Língua portuguesa; Ensino; Livro didático; Competência comunicativa; Gêneros textuais orais e escritos.


AVALIAÇÃO: UM OLHAR SOBRE O TEXTO DO ALUNO SURDO

Soraya Gonçalves Celestino da Silva (UFPB) Este artigo tem como objetivo analisar as estratégias utilizadas na avaliação da produção textual do aluno surdo pelos professores da rede pública municipal de Olinda e Paulista e como eles se definem como avaliadores. Como metodologia elegemos um estudo embasado na abordagem qualitativa interpretativa de caráter descritivo, tivemos como instrumentos de coleta de dados entrevistas semiestruturadas com professores de sala regular. Na análise dos dados utilizamos a análise do conteúdo na perspectiva de Bardin (2011). Os sujeitos da pesquisa foram três professores de Língua Portuguesa, distribuídos em três turmas regulares do 5º ano do Ensino Fundamental, um em Olinda e dois em Paulista. Os resultados das entrevistadas da pesquisa apontaram que a maioria dos professores, apesar de afirmarem que utilizam adaptações nas atividades dos alunos surdos, como estratégias, sentem dificuldades em avaliar uma turma inclusiva e se definem como sendo despreparados.

Palavras-chave: Aluno Surdo, Produção Textual, Avaliação.

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 06

O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA METATEXTUAL E SUAS IMPLICAÇÕES NA COMPREENSÃO DE TEXTOS Dowglas Amorim de Lira (UFPE)

O estudo da cognição humana sempre foi um desafio para os interessados da área e, entre eles, principalmente àqueles que buscam alternativas de estudos que vislumbrem os campos da psicologia e da linguística para, a partir desses campos, responder ou entender alguns questionamentos, como desenvolvimento da leitura, da escrita, entre outros. No presente trabalho objetiva-se discutir o desenvolvimento da consciência metatextual e suas implicações na compreensão leitora. Para tanto, busca-se versar sobre os diferentes tipos de trabalhos desenvolvidos na área, como também, estabelecer uma relação entre consciência metatextual e desenvolvimento da leitura/compreensão leitora. Tomamos, nesse trabalho, o termo consciência metatextual como um tipo de consciência metalinguística que tem o texto como objeto de análise a partir de uma verificação intencional e monitorada (Gombert, 1999; Spinillo e Simões, 2003); e compreensão leitora como a capacidade dos indivíduos letrados de deduzir, verificar, examinar, inferir, em práticas em que a técnica de leitura e escrita são requeridas. No mais, as leituras indicam que quanto mais conscientes dos textos que analisam maior percepção metatextual e, consequentemente, mais sensibilidade à compreensão leitora tem os sujeitos.

Palavras-chave: Consciência metatextual; Compreensão de Textos; Cognição.


A REPRESENTAÇÃO DO EROTISMO FEMININO EM “A CARNE”, DE JÚLIO RIBEIRO Luana Beatriz de Lima e Silva (UPE) Profa. Ma. Márcia Cristina Xavier (UPE) As manifestações eróticas na literatura, mais especificamente o texto erótico, são emanadas pelas descrições de amores, paixões, ou até mesmo pela exaltação aos prazeres do corpo. Trazendo para o contexto a obra A carne, de Júlio Ribeiro, o erotismo desperta a curiosidade humana porque o texto erótico se apresenta como um espelho metafórico dessa sexualidade, assim como aponta Durigan que o erotismo é a metáfora da sexualidade humana. Partindo dessa premissa, consideramos que na obra A Carne há várias possibilidades de compreender o erotismo humano. Com ênfase na personagem Helena/Lenita, é possível constatar a identificação de diversas formas em que a sexualidade feminina se manifesta no texto literário. Outro grande motivo que nos faz situar o nosso olhar sob a obra de Júlio Ribeiro diz respeito ao fato discriminatório da obra ter sido classificada como “menor” ou não ter sido tão estudada no âmbito acadêmico em razão da crítica literária julgar o romancista como inferior em relação a outros que compuseram nossa arte romancista naturalista no mesmo período. Contrariamente a essa crítica, pretendemos analisar a obra valorizando a representação do erótico na figura feminina, que aos poucos começa a libertar-se das amarras sexistas no contexto social burguês brasileiro marcado pelo pudor sexual. Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, qualitativa, que se fundamenta nas teorias que explicam as representações do erotismo, como Jesus Antônio Durigan que aborda as perspectivas do texto erótico (1985); Octávio Paz, trazendo a relação entre A dupla chama: amor e erotismo (2001); Lúcia Castelo Branco, apontando a transfiguração de “eros” no realismo burguês brasileiro (1985). Para a compreensão do feminino, elencamos Liane Schneider, Adriana Maria de Abreu Barbosa concebendo As ficções do feminino em detrimento do patriarcado (2006); os problemas de Gênero-Feminino e Subversão da identidade (2003) com Judith Butler; O Erotismo Masculino (1994) por Michel Dolaris, a fim de conceber alguns traços masculinizados da representação da obra analisada, além de outros pesquisadores que permitirão compreender e alcançar todos os objetivos traçados na realização dessa pesquisa. Palavras-chave: a carne. erotismo. feminino. representação.

O TEXTO LITERÁRIO E O LEITOR: UM OLHAR SOBRE A NOÇÃO DE JOGO E EFEITOS Emmanuelle Arouxa Teles de Menezes Ribeiro (FACHO) Este trabalho pretende estudar os efeitos que o texto literário provoca no leitor. Por meio deste estudo, defendemos que é a partir de certos mecanismos que a literatura desenvolve no leitor sua criticidade, favorecendo o seu desenvolvimento ético, social e intelectual. É intuito deste trabalho, portanto, pensar o leitor e a relação de contrato ficcional, que com ele se estabelece e que significa sua entrada no universo fictício de uma obra. Discutindo o vínculo que ele estabelece, ainda que inconscientemente com o texto, vivendo e/ou desfrutando as sensações ali apresentadas, por meio das lembranças do seu inconsciente, analisaremos os contos “O Feto” e “Tio, mi dá só cem”, de autoria do ficcionista angolano João Melo. Tomaremos por base o pensamento de Antoine Compagnon (2012) para uma discussão sobre o que é literatura e como esta funciona, além dos estudos de Joelma Santos (2012), Wolfgang Iser (2002) e Pierre Macherey (1971) realizados no campo da antropologia da literatura. Pensaremos ainda sobre “a


noção de jogo”, a partir do olhar crítico de Suzi Frankl Sperber (2009), Pierre Macherey (1971), Antonio Candido (1976) e Luiz Costa Lima (1981;2006). E para uma reflexão analítica sobre os efeitos do texto literário sobre o leitor, contaremos com o apoio teórico-crítico de Luiz Costa Lima (1979), Walter Fuller Taylor (1967) e Edgar Allan Poe (2009. A partir das análises dos contos já anunciados, é possível vislumbrar um leitor perplexo com as barbaridades expostas pelo autor, do cotidiano de uma certa classe social marginalizada da Angola contemporânea, e perceber que o leitor, a todo momento, participa de um “jogo” que o envolve, propiciando e aguçando sensações talvez nunca vividas no mundo “real” e das quais, ao término dessa leitura, não sai ileso.

Palavras-chave: Literatura; Texto Literário; Escritor; Leitor; Efeito.

PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA ALFABÉTICA E REFLEXÃO FONOLÓGICA: PONTOS DE CONTATO

Carlos Eduardo Barbosa Alves (UFRPE)

O presente artigo versa sobre a importância da utilização dos princípios da reflexão fonológica no processo de aquisição da escrita em turmas do 2º Ano do Ensino Fundamental. Muitas vezes, o processo de alfabetização dos estudantes é afetado de maneira negativa devido à negligência do uso da consciência fonológica durante o processo de aquisição do sistema alfabético. Assim, objetivou-se investigar o efeito do trabalho com consciência fonológica no percurso de alfabetização com vistas à aquisição da escrita alfabética e reconhecer desafios e/ou possibilidades de trabalho pedagógico a partir do uso sistemático da análise fonológica. A metodologia utilizada para este trabalho foi de caráter etnográfico. Apresenta-se uma fundamentação teórica, através da qual foram pontuadas mudanças dos métodos de alfabetização e suas implicações no ensino (Contribuições da Psicogênese da Língua Escrita, Estudos sobre o Letramento); procedeu-se ainda, com uma investigação/observação de aula, que permitiu a constatação de como as práticas de análise fonológica são trabalhadas naquela sala de aula. Por fim, são apresentados os dados coletados e que foram analisados e apreciados à luz dos balizadores teóricos utilizados neste trabalho. Constatou-se, por fim, que utilizar os princípios da consciência fonológica em salas de aula favorece o processo de alfabetização, proporcionando aos educandos um aprendizado consciente sobre o funcionamento da língua.

Palavras-chave: Consciência Fonológica, Alfabetização, Letramento, Aquisição da escrita


SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 07 TEATRO EM VERSO: O ato contínuo da corrente espiritualista moderna na dramaturgia de Vinícius de Moraes Glauco Cunha Cazé (FJN/UFPE) Este estudo tem como objetivo apresentar a dramaturgia de Vinícius de Moraes, analisar um recorte específico dos textos, relacionando-os com o contexto do teatro moderno brasileiro. De maneira específica, mostrar que o escritor carioca, ainda que se reinventando a cada nova etapa de sua existência poética, se mostra – através de seu teatro - um legítimo continuador das propostas do grupo espiritualista moderno do qual fez parte, nas primeiras décadas do século passado. Fundamentado principalmente pelos estudos de Northrop Frye, em Anatomia da Crítica (2013); Sábato Magaldi, Moderna Dramaturgia Brasileira (2005); Carlos Augusto Calil, Teatro em Versos (1995) e Décio de Almeida Prado, O Teatro Brasileiro Moderno (2009); o presente artigo, em sua metodologia, revela, nos textos selecionados, as ideias neossimbolistas do grupo de pensadores das revistas A Ordem e Festa; grupo do qual, Vinícius de Moraes é o único a escrever sistematicamente para o teatro. Palavras-Chave: Vinícius de Moraes; Teatro; Modernidade; Espiritualidade e Tragédia.

UM OLHO AQUI, OUTRO ACOLÁ: O DISCURSO PARADOXAL EM ALGUMAS PRODUÇÕES DE JOSÉ DE ALENCAR

Maria Carla Bione dos Santos (FACHO) Frederico José Machado Da Silva (FACHO) A participação de José de Alencar como um dos principais intelectuais românticos responsáveis pela representação da construção da identidade nacional é inegável. Portanto, o presente trabalho avalia a apresentação dessa identidade por meio de alguns textos do referido escritor, com o intuito de mostrar uma constante discursiva sobre a idealização nacionalista existente no movimento romântico que se estendia desde a representação da figura heroica do índio até a descaracterização do negro, que inclui o conceito de escravidão como paradoxal processo de civilização. Para tanto, iniciamos por considerar a noção de ideologia, de Louis Althusser (1970), de discurso, de Maingueneau (2008), relacionando-as com a idealização romântica presente na formação da identidade nacional promovida no século XIX, a fim de apresentar considerações acerca do ideologema conservador presente nas produções românticas da referida época, assim como realizamos leituras de textos críticos formadores das ideias literárias do século oitocentista e analisamos algumas produções textuais de Alencar em esferas diversas: discurso político, teatro (O demônio familiar) e romance (O guarani) com o intuito de evidenciar a unidade discursiva conservadora a respeito dos elementos compositores da nação brasileira. O resultado de nossas pesquisas mostrou que, apesar dos textos alencarianos professarem ostensivamente a urgência de uma identidade nacional livre dos laivos europeus, nas suas entrelinhas, evidenciam uma realidade nacional idealizada e fora do contexto existente no período, voltada não para o seu interior, mas ainda baseada nos paradigmas desse “Outro”. Palavras-chave: Nacionalismo; Ideologia; Discurso; Romantismo; Alencar.


ESCALAFOBETICES, BERINGOTADAS E PIROTECNIA NO AUTO-DE-FÉ DO PAVÃO MISTERIOSO DE HERMILO BORBA FILHO

Rodrigo Fagner Araujo dos Santos (UFPE)

A literatura de Hermilo Borba Filho é marcada por influências do imaginário popular nordestino, principalmente pernambucano. Por esse motivo suas narrativas trazem um teor lúdico e insólito – ambos comuns aos espetáculos populares do Nordeste. Em seu primeiro livro de contos, O general está pintando (1973), o autor pernambucano utiliza pequenas cidades do Nordeste como palco para tratar de temas universais que inquietam a humanidade como um todo, como, por exemplo, a morte e o sexo. Além disso, a importância dada, principalmente neste livro, à cultura popular de Pernambuco torna-o repleto de elementos que fazem parte da história cultural e social do estado e de seu povo. Na narrativa curta Auto-de-Fé do Pavão Misterioso – que compõe o livro e tem como base o cordel chamado Romance do Pavão Misterioso – a personagem principal, Evangelista, com a ajuda de um pavão mecânico ‘rapta’ (ou liberta) Creuza, a moça por quem se apaixonou que era mantida em cárcere privado pelo pai. Após o acontecido, Creuza e Evangelista casam-se, e o pavão mecânico começa um espetáculo de pirotecnia de onde saem dele algumas personagens de folguedos e de manifestações populares. Esta narrativa curta, foco desta pesquisa, mistura o mágico e o maravilhoso com a realidade-imaginada da cultura popular de Pernambuco, tencionando e expandindo a realidade à níveis quiméricos de uma nova realidade, a ficcional. À luz dos estudos de Borba Filho (2007), Chiampi (2012), Lima (1986), Ferreira (2003), Eagleton (2011) e Barros (1985) este trabalho tem por objetivo relacionar características do modernismo aos usos de elementos da cultura popular pernambucana e suas facetas insólitas, todos presentes nO general está pintando (1973) e, mais especificamente, na narrativa curta analisada. Palavras-chave: Hermilo Borba Filho; cultura popular; Pavão Misterioso

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 08

CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DE OBJETOS DO DISCURSO: A RELAÇÃO DE O GLOBO COM A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA Flávia Ferreira da Silva Rocha (UFPE)

Neste trabalho investigamos como o jornal O Globo constrói e reconstrói o objeto-de-discurso do governo João Goulart e da tomada do poder pelas Forças Armadas. Para explicarmos o fenômeno discursivo, apoiamo-nos teoricamente na Linguística de Texto, utilizando o conceito de referenciação, segundo os trabalhos de Mondada e Dubois (1995), Apothéloz e ReichelirBéguelin (1995), Koch (2004) e Koch & Marcuschi (1998). Nosso corpus é constituído por dois editoriais publicados por O Globo. O primeiro intitulado “Ressurge a Democracia” veiculado em 02 de abril de 1964, quando à primeira hora, O Globo manifestou explícito apoio ao golpe de Estado e o segundo, em 31 de agosto de 2013, às vésperas de a ditadura completar 50 anos, e sob a influência das inéditas manifestações populares realizadas no Brasil em junho, O Globo


decidiu fazer mea culpa, considerando um erro o apoio dado ao golpe militar, tornando público este posicionamento por meio do editorial “1964”. Metodologicamente confrontamos os editoriais que constituem o corpus de nossa pesquisa e examinamos o processo de construção dos objetos-de-discurso. Os resultados nos sugerem que a revisão do apoio de O Globo à ditadura se trata de um discurso a contragosto em razão da persistência de termos como “intervenção dos militares” e “apoio editorial à ditadura”. Palavras-chave: Análise de texto, Referenciação; Editoriais; Ditadura civil-militar brasileira.

O CONTEXTO COMO ELEMENTO CONSTITUINTE DO SENTIDO NO GÊNERO STAND-UP

Geovana Félix de Oliveira do Nascimento (FAFIRE)

Este artigo se apresenta com o objetivo de ressaltar o contexto como um elemento crucial na formação do sentido no humor. Por meio de análises em trechos de apresentações do gênero stand-up, observa-se o modo como o contexto influencia nas violações ou êxitos no momento em que o sentido é formado na interação. Desse viés, foram analisadas as enunciações formadas dentro deste gênero nas perspectivas de Marcuschi e Bakhtin sobre gênero e Benveniste sobre o processo da enunciação. Palavras-chave: Contexto. Sentido. Gênero. Stand-up.

A RELEVÂNCIA DO GÊNERO MEME NA CONTEMPORANEIDADE

Pollyanna Cristina Quadros de Souza (UFPE) Iran Ferreira de Melo (UFPE) O trabalho busca apontar a relevância do gênero meme na contemporaneidade, retratando um pouco de seu conceito (desde a sua primeira aparição com Dawkins (1976) até a sua ressignificação do termo grego mimese), sua historicidade e sua acepção enquanto gênero, assumindo aqui o conceito de gênero defendido por Marcuschi (2008). Destacam-se ainda as relações dialógicas, explanadas por Bakhtin (2003), que o gênero estabelece e os aspectos extraverbais que corroboram para a formação de um todo coerente, como ilustram Koch e Travaglia (2015), em especial a intertextualidade e o conhecimento de mundo compartilhado por todos os interactantes do discurso. Enquanto características mais específicas, o estudo contempla, através de breve análise de cunho qualitativo, a interdiscursividade parodística e a heterogeneidade discursiva mostrada, estudada por Maingueneau (2004). O estudo aqui proposto acerca do meme surge como contraponto a uma ideia bastante corriqueira na sociedade contemporânea brasileira: a de que os jovens brasileiros leem pouco. Percebe-se que, quando se tece comentários dessa natureza, apenas os gêneros canônicos veiculados nos suportes mais tradicionais – tais como livro, jornal e revista – são levados em pauta, o que desconsidera que juntamente à ascensão da cibercultura emergiram uma série de gêneros digitais, dentre eles o meme, com os quais os jovens interagem assiduamente. Fomentando todas essas discussões, conclui-se que os gêneros digitais, em particular o meme, requerem um esforço cognitivo considerável para sua decodificação, decorrente de seus recursos linguísticos multimodais de natureza verbal-imagética, e que, portanto, estabelecem uma nova forma de


trocar informações, ler e produzir textos. Em uma perspectiva pedagógica semelhante, defendida por Rojo (2008), pode-se ainda dizer que a educação linguística precisa considerar os multiletramentos – valorizando as culturas locais – e os letramentos multissemióticos, reconhecendo os textos contemporâneos que advém dos avanços tecnológicos, como o gênero meme. Palavras-chave: meme; gêneros digitais; cibercultura; multimodalidade; multiletramento.

TERMINOLOGIAS DA AQUISIÇÃO: LÍNGUA MATERNA, LÍNGUA ESTRANGEIRA E SEGUNDA LÍNGUA Bruna Maria da Paz Lira (FAFIRE) Este artigo apresenta as definições dos termos de língua materna, segunda língua e língua estrangeira, de acordo com o campo linguístico. Porque existe uma problemática na questão da insegurança ao manusear as suas nomeclaturas, ocasionando, então, uma confusão ou choque nos textos acadêmicos. Para facilitar os estudiosos na área de línguas, esta pesquisa traz as classificações dos termos, com concepções e distinções, incluíndo as suas siglas. A base teórico que compõe ao texto, incluí autores, como: SPINASSÉ (2006) e ORRÚ (2010) e REVUZ (1998), e este suporte facilitador, tem o valor de contribuir na compreensão linguística, e também, o entendimento das causa situacionais problematizadoras que acontece e a necessidade de ter o domínio adequado dos termos linguísticos referentes à aquisição da linguagem.

Palavras–chaves: Conceito; Divergência; Aquisição.

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 09

METODOLOGIAS DO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA – INGLÊS: UM ESTUDO DO PROGRAMA TELEVISIVO EDUCATIVO TELECURSO. Rita de Cássia Carvalho (UNIFRAN) Naiá Sadi Câmara (UNIFRAN)

Nosso trabalho visa analisar as aulas de Língua Inglesa produzidas e veiculadas pelo programa audiovisual televisivo Telecurso 2000, que alcança, desde a década de 1980, uma grande abrangência no país. Com o objetivo de buscar metodologias de ensino que promovam a aprendizagem de Língua inglesa de maneira significativa para o aluno do ensino médio da escola pública do estado de São Paulo e assim contribuir para melhorar os índices qualitativos da aprendizagem de língua inglesa, nossa pesquisa se propõe a analisar as características que configuram esse programa, considerado neste trabalho como um gênero de ensino e aprendizagem não formais e a distância. Sob a ótica da Semiótica Francesa, observaremos principalmente as estratégias de interação responsáveis pelo estabelecimento do contrato fiduciário entre enunciadores e enunciatários - alunos, por meio da explicitação das estratégias de adesão realizadas na configuração da relação entre o conteúdo educativo e narrativo do programa. Acreditamos que a ênfase na dimensão narrativa do programa e a linguagem audiovisual são os principais elementos que facilitam a interação. Ao explicitar as estratégias de


interação e adesão do programa, acreditamos também que seja possível verificar a possibilidade de aplicação como material de apoio nas aulas de inglês do ensino regular em escolas públicas estaduais, visando promover a educabilidade de jovens que não atingem o nível básico de aprendizagem estabelecido pelos Parâmetros Curriculares. Temos como objetivos: identificar as estratégias de interação estabelecidas por um programa educativo audiovisual televisivo a fim de estudar metodologias que possam ser introduzidas na educação formal de língua inglesa em escolas públicas estaduais; analisar a relação entre conteúdo narrativo e conteúdo educativo; identificar os regimes de interação por meio da análise do contrato fiduciário e realizar uma análise da linguagem audiovisual. Nossa pesquisa fundamenta-se principalmente no conceito de contrato fiduciário que, segundo Greimas e Courtés (2008, p. 85 e 86) consiste na relação de confiança que o sujeito do estado mantém com o sujeito do fazer na espera fiduciária, um contrato de confiança, de veridicção. Instala-se no discurso um fazer persuasivo, um fazer-crer e um fazer interpretativo na relação entre enunciador e enunciatário, por meio de valores epistêmicos e pelo compartilhamento de crenças.

PALAVRAS-CHAVE: telecurso, semiótica francesa, metodologias de ensino, contrato fiduciário, língua inglesa.

O CONTO ANGOLANO: CONTRIBUIÇÃO PARA A APLICAÇÃO DA LEI 10.639/2003 Joelma Gomes dos Santos Cheng de Andrade (FACHO) Lindivalda Marta Santos (FACHO) Como é sabido, a lei 10.639/2003 tornou obrigatório o trabalho com os conteúdos e temas que dizem respeito à África, sua História e cultura, e às produções artísticas do referido continente, nas escolas brasileiras de ensino fundamental e médio, públicas e privadas. Mesmo passados mais de dez anos da entrada da lei em vigor, é ainda notório o descompasso entre a formação acadêmica do profissional de educação e o que determina essa legislação. Esta pesquisa tem como objetivo principal suplementar o olhar crítico do professor, formado ou em formação, a respeito das produções literárias africanas em língua portuguesa, a partir do estudo do papel da literatura. É ainda intuito deste trabalho oferecer alternativas críticas de leitura e abordagem do conto produzido em Angola por alguns dos principais nomes do referido cenário literário, como José Luandino Vieira, Arnaldo Santos, Uanhenga Xitu e Agostinho Neto, na tentativa de atender ao previsto na citada lei, não deixando reduzir-se a sua apreciação ao exotismo que ainda parece instantâneo e persistente no tocante aos assuntos relacionados ao continente. A pesquisa, amparada pelos pressupostos críticos e teóricos de António Candido (2010), Íris da Costa Amâncio (2008), Antoine Compagnon (2012), Zilá Bernd (2011), et al, entende o conto, como forma narrativa literária que recorta o mundo e apreende momentos de uma sociedade, cultura, ou povo, que são retrabalhados e discutidos a partir da capacidade criativa do artista escritor e do ambiente fingido que o tecido literário permite. Ainda por sua extensão, vale realçar, o conto facilita a lida em sala de aula sendo este o gênero mais recorrente, ao lado da poesia, em livros didáticos de níveis escolares dos mais variados.

Palavras-chave: lei 10.639/2003; conto angolano; ensino; literaturas africanas de língua portuguesa.


BRUXA, BRUXA, VENHA À MINHA FESTA: A REPRESENTAÇÃO DAS BRUXAS NOS CONTOS INFANTIS; DIVAGAÇÕES SOBRE O MAL Carla Regina Jeronimo Da Silva (FACHO) O presente trabalho divaga sobre a representação da bruxa nos contos clássicos. Investigamos os aspectos formadores desta imagem na literatura infantil. Para tal efeito, traçamos um breve percurso histórico que dialogam com as características e os aspectos estéticos e éticos expostos nos contos clássicos. Explanaremos como o mito surge na literatura, desde as formas simples, até as produções atuais.Especulamos também como a concepção do mal está atrelada à figura da bruxa nos contos modernos. Essa ideia não está vinculada, apenas à composição estética dos contos, mas a fatores históricos e sociais. Alguns desses aspectos prevalecem até os dias atuais, outros são ratificados na literatura infantil moderna. Ampliamos os nossos conhecimentos através de paradoxos, grotescos e sedutores, que perpassam as bruxas, independente do seu tempo e espaço. Para corroborar com as nossas indagações, utilizaremos pesquisadores como Lígia Cadermatori (2010), Nelly Novaes Coelho (2000), André Jolles (1976), Aristóteles (2007), Fabricio Possebon ( 2012). Palavras-chave: Bruxa; Literatura infantil; Mito; Contos de fadas.

SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 10

CONVERGÊNCIAS NO USO DA LINGUAGEM LITERÁRIA E NA CONCEPÇÃO DE CONSCIÊNCIA COLETIVA ENTRE O MANIFESTO ANTROPÓFAGO, DE OSWALD DE ANDRADE E O MANIFESTO ANTROPOFÁGICO DA FICÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA, DE IVAN CARLOS REGINA Walter Cavalcanti Costa (UPE) Cristina Botelho (UPE)

A forma como a linguagem literária é abordada por escritores de vanguardas, canonizadas ou não, teve, conforme Joachim (2012), uma aproximação com a linguagem oral, como uma forma de externar as sensações de determinado povo ou grupo de pessoas em determinado período. O Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade e o Manifesto Antropofágico da Ficção Científica Brasileira, de Ivan Carlos Regina apresentam fortes convergências tanto na forma elíptica, como na telegráfica, metaforizada, de expressar as ideias. Oswald de Andrade é um dos ícones do movimento modernista e um grande processador das vanguardas europeias. Ivan Carlos Regina é autor de Ficção Científica Brasileira e foi influenciado pelos autores da Semana de 1922. É considerado por estudiosos da área de Ficção Científica como Ginway (2010) como um dos maiores autores do gênero e adepto ao nacionalismo da literatura deste gênero. Outro ponto de semelhança é a necessidade de se processar produtos culturais estrangeiros para a criação de um novo. A literatura é, em si, um objeto social, conforme o triângulo autor-obraleitor, conforme Candido (2008). A memória social é lembrada através da marcação de tempo tanto por Andrade, 374 anos depois da deglutição do Bispo Sadinha, quanto por Regina, um ano depois do desastre de Goiania. Cada um trouxe o assunto mais relevante para encerrar seus manifestos e dialogando preocupações antropófagas. Andrade, no início do século, com o primeiro número da Revista de Antropofagia, em maio de 1928. Regina, no final do século, prefaciando sua antologia de contos de Ficção Científica Brasileira Fruto Maduro da Civilização, de 1993. A utilidade da literatura, o seu papel social, a linguagem utilizada, as convergências entre Modernismo Brasileiro e Ficção Científica Brasileira são as principais abordagens deste


trabalho, que está embasado nos seguintes autores: Joachim (2012), Teles (1978), Genette (1980), Halbwachs (2006), Heidegger (2006), Bosi (1994), Candido (2008), Todorov (2008), Ginway (2010), Nitrini (2010). Palavras-chave: Literatura e Sociedade, Literatura Comparada, Modernismo Brasileiro, Ficção Científica Brasileira.

MÁRIO DE ANDRADE, GRAÇA ARANHA E A CONTRIBUIÇÃO DOS MANIFESTOS À CULTURA BRASILEIRA Roberto Belo (UFPE) O presente trabalho visa a discutir a relação do ensaio A escrava que não era Isaura (ANDRADE, 1960) com A emoção estética na arte moderna (ARANHA, 1983), buscando refletir sobre como ambos os autores se comportam ante sua defesa a favor do movimento modernista brasileiro. Trata-se de um estudo comparativo em que semelhanças e diferenças serão apontadas para uma possível reflexão epistemológica, segundo as análises teóricas, em literatura comparada, apontadas por autores como Candido (1993), Carvalhal (1994) entre outros. Tanto Andrade quanto Aranha expôs veementemente sua crítica ao modelo clássico vigente, demonstrando conhecimento de causa e inovando a arte em vários aspectos. O modernismo é, antes de tudo, um movimento político, de inclusão, de renovação do que se tinha de melhor naquela época em questão de arte. Piada ou não, coerente ou não, não importa, importa-se o desenvolvimento artístico que o país obteve, em muitas áreas, com aqueles novos ideais. Mário de Andrade (1990, p. 26) afirma que o movimento se firmou em três princípios fundamentais, a saber, 1- o direito permanente à pesquisa estética, 2 – a atualização da inteligência artística brasileira, e 3 – a estabilização de uma consciência crítica nacional. Nesse sentido, o protesto realizado pelos modernistas revelou os brasis diversos e a nossa identidade nacional. Nossa pesquisa busca também discutir como os manifestos “Pau Brasil”, “Antropófago”, “Regionalista”, “Anta” e “Festa” pensaram e conceberam a ideia de identidade cultural brasileira. Para tanto, fizemos um recorte histórico-crítico sobre como e para que foi gestada cada uma dessas correntes. Ora, é sabido que depois de 1922, vencidos os maiores obstáculos para a aceitação das ideias modernistas, surgiram vários grupos de escritores com propostas diferentes quanto à nova literatura que deveria ser feita; o fato é que as duas primeiras décadas do século XX representam, para a maior parte do mundo ocidental, um momento contraditório, cheio de conflitos e rupturas em relação a muitos valores e ideias do século anterior. Todos os setores da vida humana - social, político, econômico, cultural, científico e tecnológico – sofrem mudanças que alterarão profundamente a visão de mundo do homem moderno. Enfim, como defende Aranha (1983) que o segredo da arte está nela mesma, porque ela é eterna, enquanto o homem é por excelência um animal artista. Chega um momento ápice dos ideais em que os modernistas saem do esteticismo e vão de encontro ao outro Brasil, o Brasil profundo, como dissera Andrade (1960); iniciando-se pela arquitetura e por último pelo popular. Uma vez libertos, os artistas brasileiros puderam valorizar sua gente, criando uma arte compromissada com a identidade nacional. PALAVRAS-CHAVE: manifestos modernistas; modernismo brasileiro; semana de arte moderna


A PERSONAGEM POR EXCELÊNCIA Jaerson Barbosa da Silva (FACHO)

Após o estudo e apreciação dos vários gêneros literários tais como, fábula, romance, auto, etc., é comum o despertar da curiosidade que impele a análise de classificação das personagens em discentes do curso de Letras. Este artigo tem como objetivo propiciar, aos alunos de Letras, informações que facilitem a compreensão da estrutura dessa classificação e por conseguinte a análise do texto. Como principal aporte teórico foi utilizada a obra de Aguiar e Silva e dentre os vários e interessantes gêneros e autores renomados e de outros não tão conhecidos, foi escolhido o conto intitulado “Amaral, Amaralina e Amarantes”, de Piauiense Armengador de Versos, (2015). A metodologia utilizada foi a análise e classificação das personagens em ordem crescente de importância para o texto. Como conclusão, verificou-se que “Amaralina” de fato é a protagonista da narrativa. Diante desta constatação, segundo os critérios da análise, o título indicado tornou-se inadequado, e em substituição, foi sugerido “Amaralina: com o microfone no contra fluxo”. Palavras-chave: Classificação; Personagem; Narrativa.

APRESENTAÇÃO DE BANNER 01

AS PERSONAGENS FEMININAS NO ROMANCE FOGO MORTO

Milena Soares Silva (FAFIRE) Com o fim do patriarcado no Brasil, a mulher deixa de ser dona de casa e passa a ser, muitas vezes, a chefe da família, seja nas questões financeiras seja na ordem da casa. Com as esposas de Fogo Morto, não foi diferente, assumiram posições domésticas até um pouco antes masculinas como o ser pensante e racional de um lar, agora tais mulheres agiam para salvar seus lares. Mesmo havendo tanto sofrimento na vida das mulheres sertanejas estas após o casamento eram obrigadas a ficar com seus companheiros mesmo este não estando em seu estado mental aceitável. A análise das personagens femininas de Fogo Morto busca mostrar como as mulheres, seres muitas vezes submisso, frágeis, sobressaem-se em relação aos seus respectivos esposos. Com a queda do patriarcalismo a mulher deixa de assumira o papel apenas doméstico e começa a libertar-se das obrigações, até então femininas. As esposas do Romance são seres que mesmo vivendo em um sertão machista, adquirem a responsabilidade de cuidar da casa, já que os companheiros possuem surtos mentais ao longo da obra, deixando muitas vezes a família desamparada. Os personagens principais são homens rudes e não amáveis. PALAVRAS-CHAVE: PATRIARCALISMO - DECADÊNCIA – MULHERES


LEI 10.639: TRAJETÓRIAS, CABELO E MEMÓRIA NO ESPAÇO ESCOLAR Isabel Cristina Gomes Viveiros Barretos (FACHO) Jeandro Cabral Pereira (FACHO) Maria Estela Epifânio dos Santos (FACHO) Suelany C. Ribeiro Mascena (FACHO)

Este trabalho tem o objetivo de dialogar sobre a Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino de Artes, Cultura e História Afro-brasileira no currículo escolar, além de observar a sua aplicabilidade em algumas escolas públicas e particulares da Região metropolitana do Recife. Refletimos também sobre os dez anos de vigência da lei e a evolução de lutas contra o racismo, baseando-se no legado jurídico. Por meio deste trabalho, propomos ainda sugestões de leitura e mediações para professores do ensino médio e fundamental. Este trabalho é fruto do trabalho do grupo de pesquisa “Lei 10.639: percorrendo os caminhos da identidade, oralidade e cultura afro”, formado por discentes da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda - FACHO, e iniciado em março de 2014. Palavras-Chave: Lei 10.639/2003; literatura infantil; infantojuvenil; cultura africana; afrobrasileira.


XII Encontro sobre a LĂ­ngua e Literatura da Faculdade de CiĂŞncias Humanas de Olinda. 20 e 21 de novembro de 2015


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