CADERNO DE RESUMOS
2019
RESUMOS1
SESSÃO COORDENADA 01 - Literatura e Alteridade Resumo da sessão O conceito de alteridade implica na relação entre um eu-individual e o Outro que pressupõe que para que uma sociedade exista e se desenvolva, é preciso que os indivíduos interajam entre si criando vínculos sociais. Nesse contexto, a Literatura como forma de enxergar a realidade e tratar conceitos inerentes à essência humana se faz um instrumento relevante para discutir os anseios que permeiam o Homem como o medo, a insanidade, entre outros. Esta sessão pretende utilizar obras literárias de Alice Munro, Joseph Conrad e Edgar Allan Poe para estabelecer um diálogo sobre a percepção do Outro na nossa sociedade atual e para observar como a Literatura pode ajudar a trazer empatia para nosso contexto social através das histórias apresentadas. “The View of Castle Rock: Alice Munro e a Voz Feminina" Joane Leôncio de Sá – (FAFIRE) Este trabalho tem como tema principal a discussão sobre o conto The View from Castle Rock (2006) da autora canadense Alice Munro e a perspectiva feminina concebida através da voz de suas personagens a partir das histórias das mulheres representadas de forma divergente dos modelos narrativos masculinos. Além disso, abordaremos questões como literatura menor, metaficção historiográfica e humanização de personagens, presentes na obra da escritora, relacionadas a essa alteridade feminina. Para esse fim, contamos com autores como Adrian Hunter (2007), Linda Hutcheon (1991), Bonicci (2007) e Godard (1987) dentre outros teóricos.
"An Outpost of Progress: Joseph Conrad e a Visão Reversa da Civilização" Ana Valéria Nascimento Pereira de Araújo (FAFIRE) Juliana Soares Higino de Lima (FAFIRE) Victor Vitório de Barros Correia (Orientador - FAFIRE) O conto An outpost of progress, escrito por Joseph Conrad em 1987, é uma peça de ironia e criticismo com a ideia do Progresso Bretão. As relações entre colônias e colonos, as relações sociais no contexto geral, o sentimento de identidade e de superioridade, além das escolhas morais com relação a pequenos problemas, são algumas das críticas que o autor constrói durante toda a narrativa. Porém, não é um conto antirracista, ainda encontramos traços de superioridade branca e um descaso para a cultura dos nativos Africanos. O cerne da obra gira em torno da crítica do ideal de progresso e de como o autor cria essa atmosfera, e, em contrapartida, os detalhes que ele evoca para trazer esses sentimentos mostrando ainda uma visão de povo bárbaro que, ora atribuía superioridade ao homem branco, ora demonstrava violência sem humanidade, segundo Conrad.
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A comissão Organizadora do XV EELL informa que tanto a forma quanto o conteúdo dos resumos publicados neste caderno e os artigos publicados no E-BOOK são de responsabilidade de seus respectivos autores. A ordem de apresentação nas sessões deve respeitar o disposto na programação, ou, caso seja necessário, adaptada a critério do coordenador da sessão. 1
A Alteridade Gótica em Edgar Allan Poe Bianca de Carvalho Lopes Barros (FAFIRE) Taciana Maria Ferreira Guedes Nascimento (FAFIRE) Dulce Porto Rodrigues (Orientadora - FAFIRE)
O autor americano Edgar Allan Poe é conhecido por sua vasta contribuição para os gêneros literários do terror e do grotesco e explorando novas facetas do Gótico. Além disso, ele é considerado o precursor do romance policial: com a trilogia de contos que narram as aventuras do detetive Dupin (Os assassinatos na Rua Morgue, O mistério de Marie Rogêt e A carta roubada), Poe inaugura um tipo de história que seria revisitada décadas depois com os detetives Sherlock Holmes e Hercule Poirot. Diferentemente do ideal gótico popularizado na Europa, em especial na Inglaterra, onde as narrativas influenciadas pelas obras de Lorde Byron priorizavam monstros e castelos longínquos; Edgar Allan Poe trouxe uma nova perspectiva para o estilo: o medo através da insanidade, reflexo da vida conturbada do autor. Nascido em Boston, foi abandonado pelo pai ainda bebê e perdeu a mãe quando criança. Criado por uma família adotiva que, embora o tenha oferecido uma boa educação formal para a época, não o tinha em alta estima o que causou o afastamento ainda em vida e uma vontade por parte do autor de mostrar superioridade através de seu sucesso literário o qual não se transformou em êxito financeiro tendo sua ida sido marcada por frustrações em vários aspectos. Este trabalho pretende abordar as obras detetivescas de Edgar Allan Poe do ponto de vista dos temas que permeiam seus mistérios: a insanidade, o grotesco e o medo da realidade, frutos de uma personalidade melancólica e de uma vida marcada por tragédias.
SESSÃO COORDENADA 02 TÍTULO: Reflexões sobre o Trabalho com os Eixos de Ensino-Aprendizagem de Português na Escola: Leitura, Produção de Textos, Oralidade e Conhecimentos Linguísticos Resumo da sessão Em trabalho publicado em 1981, Geraldi lançou a proposta de que o ensino-aprendizagem da língua portuguesa se estruturasse com foco em três práticas articuladas de linguagem: leitura, produção de textos e análise linguística. Essa proposta, que se ampara numa concepção de linguagem como espaço da interação, foi bastante discutida, trabalhada, ampliada e, atualmente, as orientações oficiais e o consenso no âmbito das reflexões acadêmicas convergem no sentido de que o trabalho com a língua, na escola, esteja focado nas práticas integradas de leitura, produção de textos escritos, oralidade e análise linguística. Essas práticas – ou eixos, como têm sido referidas – são o foco desta sessão coordenada. Objetivamos apresentar e discutir algumas questões sobre cada um desses eixos, tendo como espaço de reflexão o contexto escolar. Palavras-chave: Ensino de português. Leitura. Produção de textos. Oralidade. Conhecimentos linguísticos. Reflexões sobre o Eixo da Oralidade na Escola Ana Lima (UFPE) Desde os anos 1980, Geraldi já propunha que o ensino-aprendizagem da língua portuguesa se fizesse em torno de três práticas articuladas de linguagem: leitura, produção de textos e análise linguística. A partir dessa proposta inicial, chegamos hoje ao consenso de que o trabalho com a língua, na escola, esteja focado nas práticas integradas de leitura, produção de textos escritos, oralidade e análise linguística. Este trabalho pretende apresentar algumas reflexões sobre o trabalho específico com o eixo da oralidade, no espaço escolar. Para alcançar esse objetivo geral, primeiramente serão apresentadas e discutidas algumas questões teóricas, como o conceito de oralidade, a sua relação com a escrita, a relevância da produção de textos orais na escola e fora dela, dentre outras. Em seguida, serão analisadas algumas atividades coletadas de obras didáticas, especificamente do eixo da oralidade. Embora seja fato inquestionável que, 2
no nosso dia a dia, falamos mais do que escrevemos, a escola tem supervalorizado a escrita, em detrimento da fala. Nosso posicionamento teórico é que não há razão para a escola valorizar uma prática mais do que outra, e que escrita e fala devem ser igualmente trabalhadas nesse espaço, porque ambas têm as suas especificidades e cada uma tem um relevante papel social. As pesquisas com o ensino-aprendizagem da língua portuguesa apontam para o fato de que os professores, em geral, carecem de uma formação mais sólida, que dê conta de um trabalho mais consistente e mais sistematizado com o eixo da oralidade. Palavras-chave: Língua Portuguesa. Oralidade. Livro Didático.
O ensino da produção textual nos anos iniciais do Ensino Fundamental: a mediação do professor nas etapas de revisão e de reescrita Welitânia Renata da Silva Mélo (PCR) Este estudo, desenvolvido no Mestrado Profissional em Letras (UFPE), teve o propósito de investigar a mediação de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental nas atividades de produção de textos escritos, sobretudo, no ensino-aprendizagem das etapas de revisão e de reescrita. Buscamos responder às seguintes questões: Como se constituem as práticas de revisão e de reescrita nos processos de avaliação e ensino-aprendizagem de produção de textos escritos? Que aspectos os professores privilegiam na avaliação das produções escritas dos estudantes? Participaram desta investigação duas professoras do 5º ano que lecionam numa mesma escola da Rede Pública Municipal de Ensino do Recife. Utilizamos como principais instrumentos procedimentos metodológicos a observação de aula e a análise documental. Esta pesquisa fundamenta-se na concepção dialógica da linguagem à luz de Geraldi (2013), entre outros; na compreensão de texto como uma proposta de sentidos, a partir de Marcuschi (2008), Koch e Elias (2011) e Koch (2015); e de escrita enquanto trabalho, de acordo com Jesus (2011), Fiad e Mayrink-Sabinson (2004), Sercundes (2011) e Esper (2011). A análise dos dados evidenciou que as professoras desenvolveram atividades de elaboração textual caracterizadas como consequência, resultante de um mero exercício de escrita, sem objetivos sociodiscursivos e pedagógicos mais amplos. A partir da análise das estratégias interventivas das duas professoras nos textos dos alunos, foi possível notar que a revisão e a reescrita ainda não são concebidas por elas como etapas constituintes da produção textual. Palavras-chave: Mediação docente. Produção de textos escritos. Revisão e reescrita.
O estudo do léxico no livro didático: concepções linguísticas José Herbertt Neves Florencio (UFCG)
Este trabalho visa a investigar quais perspectivas estão presentes no tratamento pedagógico do léxico no Livro Didático de Língua Portuguesa. Para isso, propomos uma visão de estudo do léxico que o conceba em sua funcionalidade na construção interacional da textualidade (ANTUNES, 2012; MARCUSCHI, 2003; 2004), relacionado aos aspectos não só da coesão e da coerência como também dos fatores pragmáticos da textualidade (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1981). Nossa pesquisa insufla relevância ao estudo do léxico no livro didático especialmente porque a investigação sobre o ensino do vocabulário é tradicionalmente relegada a segundo plano na pesquisa aplicada ao ensino de português (TRAVAGLIA, 2016). Como corpus, elegemos a coleção do Ensino Médio Português: língua e cultura, de autoria do linguista Carlos Alberto Faraco (Base Editorial). Identificamos três perspectivas de trabalho com o léxico: a morfossintática, a semântico-cognitiva e a textual-interativa. Apenas esta última proporciona um trabalho com o léxico que o relaciona a aspectos culturais do idioma, favorecendo, ainda, as habilidades de leitura e escrita. As discussões aqui propostas foram desenvolvidas no projeto de pesquisa “O léxico e a gramática no estudo da Língua Portuguesa: concepções, descrições e aplicações”, no âmbito do grupo de pesquisa Teorias da Linguagem e Ensino (UAL - UFCG).
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Leitura e Intertextualidade: o Papel do Professor no Acesso às Referências que Constroem o Texto Normanda Beserra (IFPE). Os estudos da Linguística de texto são unânimes acerca do papel da intertextualidade na construção do texto e apontam que todo texto faz referências, em algum grau, a um ou a mais textos. Assim, quando se trata de discutir leitura e compreensão do texto, não há como não se colocar em pauta o papel da intertextualidade, em todas as suas nuances, nesse processo. Entretanto, é comum, no trabalho com a leitura na sala de aula, a intertextualidade não ser adequadamente explorada ou ser apresentada apenas como uma curiosidade do texto, de modo que o seu papel na compreensão do “dizer” do autor, e consequentemente na recepção desse texto, não é de todo explorado. Este trabalho, que pretende abordar o eixo da leitura no espaço escolar, traz essa reflexão e discute o papel do professor no que se refere a promover o acesso do aluno a essas referências do texto e em que medida esse acesso facilita ou promove a compreensão em leitura. Para tanto, serão apresentados alguns textos e discutida a importância de algumas referências que “teceram” esses textos na sua compreensão, bem como algumas propostas didáticas para o tema. Palavras-chave: Língua Portuguesa. Leitura. Intertextualidade.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 01 A “Biografia” na Aula de Português: por uma Didática Crítica de Leitura e Escrita Eduardo Oliveira Henriques de Araújo (UFPE) O presente trabalho advoga pelo uso do gênero discursivo “Biografia” enquanto cerne de práticas de letramento que observem o ensino da língua segundo pressupostos da Pedagogia Crítica de Freire (1996) e da Linguística Aplicada Indisciplinar Crítica de Moita Lopes (2006), Fabrício (2006;2008), Pennycook (2001) e Hooks (1994). Nesse sentido, ilustram-se experiências com o texto biográfico que superam a tradicional pedagogização exegética e moralizante do seu discurso, centralizando aspectos críticos derivados de desvelamentos de base social, política, cultural, identitária e de poder. Para isso, uma urdidura metodológica contemplou o texto biográfico desde a sua tríade composicional – sendo ela a composição histórica, a composição jornalística e a composição ficcional, conforme estudos de Vieira (2012) e Henriques (2014; 2017) -, até a desembocadura do mesmo em práticas de letramento centradas na exploração de pontos de vista e da não neutralidade do discurso. Empreendendo-se atividades de recepção crítica e atenção às marcações ideológicas do texto biográfico, ofertou-se ao ensino experienciar os afetamentos ideológico-discursivos da leitura e da escrita no gênero em glosa, atendendo-se, ainda, ao desenvolvimento das habilidades de reconhecimento do gênero e suas características estruturais e retórico-discursivas; de leitura, interpretação, compreensão e produção de textos; da promoção de situações de leitura e escrita de biografias e autobiografias com vista à visitação de momentos históricos sobre múltiplos pontos de vista; do trabalho com um destinatário real para a produção escrita; do procedimento de revisão da escrita e da reescrita; da análise linguística; e da interdisciplinaridade à luz do despositivismo pedagógico orquestrado pela indisciplinaridade crítica do ensino da língua. Por conseguinte, a pesquisa dispõe de norteamentos para a “Biografia” na aula de português vinculados a ensinanças que partam da realidade da escola para o atingimento de objetivos demandados pela comunidade escolar no tocante ao ensino da Leitura, da Escrita, da Oralidade e da Análise Linguística. Por um Ensino Transversal da Língua Portuguesa Eduardo Oliveira Henriques de Araújo (UFPE) Este artigo faz parte de um conjunto de investigações tencionadas a compreender o tratamento dos Temas Transversais - TT (1997) na experiência de escolarização básica brasileira. Para tanto, expor-se-ão as relações entre as 6 transversalidades - Ética, Saúde, Meio Ambiente,
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Orientação Sexual, Trabalho e Consumo, e Pluralidade Cultural - além do chamado eixo dos Temas Locais, e a formação docente, com vistas à perscrutação dos diálogos entre o texto que apresenta os TT, a formação docente e o ensino à luz do atravessamento do currículo de Língua Portuguesa pelos conteúdos assinalados tanto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) quanto pela Base Nacional Comum Curricular (2019) como de expressão e obediência a valores essenciais à democracia e à cidadania. Nesse intuito, contextualizar-se-á a Educação nos preceitos constitucionais da promoção do gozo do Estado Democrático de Direito, amparando-a na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996), estabelecida como força motriz da ensinança, cuja finalidade consiste na formação educacional emancipadora dos sujeitos, fomentadora da autonomia civil, social e política de base reflexivo, crítica e responsável no exercício da cidadania, tendo a concordância de Freire (1987; 2003; 2007) e Moita Lopes (2006) e Fabrício (2006, 2008). Com isso, empreender-se-á uma análise dialógica do discurso de base bakhtiniana (1929; 1952/1953; 1979) em busca dos diálogos entre os TT e a formação docente, levantados por meio de questionários com professores licenciados em Letras, e as práticas de letramento, acessados através de depoimentos de docentes alusivos à inclusão das transversalidades no ensino de língua. Tendo por culminância o diagnóstico do insipiente e amador trabalho com os TT, demasiado proveniente do silenciamento da questão na formação inicial e continuada de professores, emerge um inábil cenário de estímulo às mudanças sociais elencadas como basilares à elevação do bem-estar social passível de implementação pela Educação. Dificuldades em Compreensão e Interpretação de Textos pelos Alunos do Ensino Médio Maríllia Gabriela Tavares da Cunha (FADIMAB) Não compreender e consequência não interpretar atrapalha o desenvolvimento de qualquer pessoa, sejam por linguagem verbal ou não verbal. O ruído na comunicação geram déficit de aprendizagem, duplos sentidos e dificuldades de entendimento. Analisar quais os principais fatores que contribuem para essa problemática é essencial para que haja possíveis soluções. O objetivo desse artigo é analisar as dificuldades de compreensão e interpretação de textos dos discentes do ensino médio, para tanto foram aplicados três questionários, cada um analisa as dificuldades com fatores distintos. O primeiro analisa o conhecimento de mundo que influencia diretamente na compreensão do texto, o segundo verifica alguns tipos de linguagens que podem ser um empecilho para que o aluno compreenda e interprete o texto e o terceiro é apresentado um conto e cinco questões objetivando perceber como o aluno procede à interpretação e ao mesmo tempo como ele expressa esse conhecimento. Mesmo os alunos apresentando um nível satisfatório de conhecimento de mundo, ao se deparar com um tipo de linguagem que não estão habituados, preocupam-se em entender os significados das palavras e esquecem todo o resto, logo não ocorre à compreensão do texto. O conhecimento de mundo e o entendimento das diversas linguagens são essenciais e indissociáveis para que haja a compreensão e assim possa ajudar na próxima etapa que corresponde à interpretação de textos, mesmo quando o aluno se apropria desses dois ele ainda precisa “arrumar” as ideias deixando o texto claro, objetivo e conciso, algo que mesmo os alunos críticos e reflexivos tem dificuldades em conseguir. Palavras-chave: conhecimento de mundo; linguagens; compreensão de texto; interpretação de textos. Gêneros Textuais: Reflexões Teóricas e Práticas de Ensino Everton Felipe Tenório da Silva Santos (FACHO) Sheyla Felix Castro (FACHO) Suelany Ribeiro (FACHO) Este trabalho analisa algumas abordagens acerca dos gêneros textuais e como eles dialogam e contribuem para as interações comunicativas no espaço escolar. Nesse sentido, trazemos algumas reflexões sobre a concepção de texto e nas implicações para o ensino. Utilizamos como arcabouço teórico Antunes (2005) sobre o processo de escrita e cooperação, além de Koch (2018), apresentando os aspectos da hibridização e estruturação dos gêneros, bem como Bakhtin (2003) com a concepção dos engajamentos dos discursos na comunicação. Assim, a pesquisa é teórica, de base bibliográfica e visa também mostrar que as variedades textuais vão
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além do ensino tradicional propagado pelas escolas, havendo uma relação multifacetada entre a produção e compreensão do texto. Palavras-chave: Textualidade; Gêneros; Ensino.
O Pretérito Perfeito e Imperfeito no Português e em Libras: Estratégias de Diferenciação Ana Beatriz Freire de Almeida (UFPE) A língua portuguesa e a língua brasileira de sinais (libras) são de naturezas diferentes. Enquanto a primeira é oral-auditiva, a segunda é espaço-visual. Algumas diferenças entre as duas são provenientes dessas distintas naturezas de expressão, dentre elas, as peculiaridades dos sistemas verbais. Como, na perspectiva do bilinguismo, a libras é a língua de instrução e o português deve ser ensinado como segunda língua (L2), é imprescindível pensar estratégias de ensino que coloquem em confronto os sistemas das duas línguas. Neste trabalho, focamos no pretérito perfeito e imperfeito do modo indicativo para aprendizes de português como segunda língua (L2). Assim, o objetivo do nosso trabalho é refletir sobre estratégias de ensino que possibilitem a compreensão das peculiaridades dos tempos verbais do português para estudantes surdos usuários de libras e aprendizes de português como L2. Entendemos que essas estratégias devem ter como ponto de partida as especificidades da libras, a L1 dos aprendizes enfocados. Esta pesquisa tem cunho bibliográfico, pois propõe um novo olhar sobre temas já discutidos. Nós nos baseamos, principalmente, em Monteiro (2002) e Cunha & Cintra (2016), para descrever o sistema verbal do português; Dias Jr. (2016), Quadros (2019) e Quadros & Karnopp (2004) para explicar como os verbos se apresentam em libras e Quadros (2006) para discutir metodologias que possam auxiliar no ensino de verbos do português para surdos. Percebemos que uma forma de diferenciar o pretérito perfeito do imperfeito é pela utilização de advérbios temporais, pois eles também auxiliam na diferenciação temporal em libras. SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 02 Uma Literatura para Escola, uma Escola para Vida: Oficina Literária na Escola de Aplicação do Recife (2018) André Caldas Cervinskis (UEPB) Este é um relato fundamentado e problematizado metodologicamente sobre uma experiência de estágio docente, realizado mediante projeto pedagógico, na Escola de Aplicação do Recife, no primeiro semestre de 2018. Também refletiremos teoricamente, através de observações práticas, essa experiência de estágio (DOLS, J. & SHNEUWLY, 2004; CANDIDO, 1964; CERVINSKIS, 2008; 2010; 2018; KEIMAN, 1995; BRASIL, 2006; COSTA. 2010). Lançamos mão, para tanto, aos poemas de Lucila Nogueira e Manuel Bandeira durante 20 h/aula. Estivemos em sala de aula, observando a relação professor-aluno, sua metodologia, de aprendizagem, critérios de avaliação, enfim, todo quotidiano pedagógico e profissional de Português. Principalmente, realizaremos aulas de regência no 1º. Ano do Ensino Médio através de uma oficina de poesia para os estudantes. Apesar de trilharem caminhos distintos (Manuel Bandeira optando pelo cotidiano, o jeito simples de falar português, enquanto que Lucila Nogueira traz uma poesia mais trabalhada em mitos, fatos históricos ou performances pós-modernas), os autores escolhidos para essa regência encantaram e formaram gerações de leitores, contribuindo para formação inclusive docente. Lembramos que Nogueira foi professora da UFPE, enquanto Bandeira é largamente utilizado em projetos de formação de leitores. Traça, portanto, um panorama histórico-memorialístico que toca nossos sentimentos de pertença às nossas coisas, patrimônio e cores locais. Consideramo-los autores muito adequados para estimular a leitura literária hoje, onde os games da internet e produtos de entretenimento das mais diferentes matizes prendem a atenção de nossa juventude. Organizamos sarau com os alunos, facilitando a dramatização do livro Imilce (Lucila Nogueira). Foram trabalhados, portanto, nessa oficina, os eixos preconizados pelos Currículos Nacionais do Ensino Médio e PCN+: oralidade, leitura produção textual e análise linguística. Além disso, por tratar de temas que se identificam com todos os seres humanos, como o amor, a solidão, o desespero, a loucura, seus poemas despertaram interesse nos alunos. Palavras-chave: Literatura e Ensino; Poesia e Ensino; oficina literária.
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Formação do Leitor do Texto Literário: Uma Experiência a Partir dos Smartphones no Ensino Médio Anderson de Santana Lins (UFPE) A presença da literatura na escola desempenha uma função primordial na formação de leitores competentes, uma vez que cada leitor – por meio de suas experiências individuais e seus conhecimentos prévios de mundo – é levado a ler o texto literário a seu modo. Isso ocorre porque a leitura do texto literário produz o intercruzamento entre o mundo real e o mundo imaginário. Atrelado a isso, na contemporaneidade, o smartphone – dispositivo móvel bastante difundido entre os jovens brasileiros – possibilita o acesso e a circulação de múltiplos textos informativos e interativos. Diante dessa realidade, o potencial que as novas mídias – também chamadas de Tecnologias da Informação e Comunicação – possuem em relação às práticas de ensino, promovendo letramentos múltiplos, é incontestável. É preciso utilizar essas novas ferramentas no espaço escolar, já que é comum encontrarmos alunos imersos no ciberespaço, utilizando novos suportes, novos textos, novas práticas sociais. Destarte, o fio condutor da presente pesquisa foram os questionamentos: é possível que o texto literário, objeto de estudo e componente curricular obrigatório dos estudantes, seja lido a partir de novas mídias? Isso garante o letramento literário? Portanto, o objetivo que norteia esta pesquisa é compreender essa problemática, a partir de uma pesquisa-ação, envolvendo eventos de letramento literário, numa turma de 2º ano do Ensino Médio, de uma escola pública, situada, na Grande Recife. A pesquisa ancora-se, principalmente nas discussões propostas por Chartier (1999), Freire (1999), Cosson (2014) e Ribeiro (2018). Os resultados dessa prática evidenciaram que eventos de letramento literário mediados por smartphones possibilitam formar leitores de texto literário críticos, autônomos e letrados à nível de exigência da contemporaneidade, bem como ampliar não só o repertório sociocultural dos alunos, mas também, e sobretudo, fazer da escola um espaço que co-mova, que mobilizando os estudantes de seus lugares comuns.
A Construção da Criticidade no Ensino Médio: Um Projeto de Material Didático Direcionado à Leitura Crítica de Textos Noticiosos sobre Pessoas de Gênero e Sexualidade Marginais Richard Fernandes de Oliveira (UFPE)
Este trabalho, que é elaborado a partir de um estudo bibliográfico, apresenta o resultado parcial da pesquisa que deu origem ao TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) de Licenciatura em Letras Língua Portuguesa pela UFPE e disserta sobre a importância da leitura crítica na formação de indivíduos críticos e autônomos. Busco aplicar o que os Parâmetros de Língua Portuguesa para a educação básica do Estado de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2012) orientam sobre esse tema, em um material didático destinado a uma turma no ano final do Ensino Médio. A aplicação terá como objeto de estudo o gênero notícia, por meio de seis textos noticiosos publicados no jornal de maior circulação e maior número de tiragens, Folha de S. Paulo, nos anos de 2016 e 2017, sobre a vivência ativa de pessoas de gênero e sexualidade abjetos. É também objetivo deste trabalho abordar esse tema, atendendo à necessidade de estudo de temas transversais indicada pelo documento oficial supramencionado. Com esse estudo, almejo refletir sobre a formação de alunos/as que sejam capazes de compreender a importância de uma leitura formadora da própria autonomia; sobre o texto noticioso enquanto evento das práticas sociais e suas implicações discursivas; e sobre as vivências relatadas pelo gênero notícia acerca de pessoas marginalizadas por não se enquadrarem nos padrões hegemônicos de gênero e sexualidade. Fundamentando teoricamente este estudo, seleciono os/as seguintes autores/as: Green (2000) e Melo (2013) à discussão acerca das teorias de gênero e sexualidade; Van Dijk (1996) e o Manual da Folha (2007) para a compreensão do gênero notícia e suas características formais e discursivas; Solé (1998) e Silva (1985; 2009) para dissertar sobre os aspectos da leitura e da leitura crítica; e Spivak (2010) para assumir a postura político-epistemológica que leva em consideração a validade do conhecimento produzido por um sujeito subalterno.
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 03
A Intertextualidade na Construção de Sentidos em Memes do Facebook: Uma Análise em torno da Hashtag “#debatenaband” João Paulo Muniz da Silva (UFPE) Inserido no campo de estudos da Linguística Textual, o presente trabalho tem como objetivo compreender de que forma o fenômeno da intertextualidade concorre para a construção de (efeitos de) sentidos em memes veiculados em sites de redes sociais. Para tanto, foi selecionado um corpus composto por vinte e cinco memes publicados no Facebook a partir hashtag “#debatenaband” o qual foi submetido a uma análise de natureza quali-quantitativa. Analisou-se a ocorrência da intertextualidade nos memes e sua implicação para a construção de sentidos. Como base teórica, levou-se em consideração os estudos de Koch (2009), Koch e Elias (2008) e Koch, Bentes e Cavalcante (2007) sobre a intertextualidade e suas tipologias, bem como as ideias postuladas por Chagas (2005), Dawkins (2007[1976]), Barros (2016), dentre outros pesquisadores, sobre o conceito e características dos memes. Ao final do estudo, compreendese que a intertextualidade concorre diretamente para a construção de sentidos e efeitos de humor nos memes na medida em que traz ao texto efeitos de sentido do texto-fonte e que exige do leitor a mobilização de vários conhecimentos para a atividade de compreensão do intertexto. Além disso, percebeu-se que a semiose imagética tem um papel crucial em todo esse processo.
Memes: uma Estratégia Pedagógica e Objeto de Estudo Pós-Moderno. Ester Lyssa Galhardo Sebastião (FACHO) Vivian Millena Lima da Costa (FACHO) O presente trabalho propõe o uso do meme como ferramenta pedagógica nas aulas de literatura, sugerindo uma nova perspectiva sobre como os memes estão inseridos na literatura atual e como trazem atributos diferentes de qualquer outro gênero já visto, abrangendo grandes contextos e inovando o cenário literário. Esse trabalho tem embasamento teórico nas pesquisas de Silva (2012) e dos autores Santos e Souza (2007). A Construção da Figura do Papa Francisco no Discurso Midiático Carlos Eduardo de Freitas Barbosa (UFPE) Este projeto, o qual se configura como um recorte de uma pesquisa maior, buscou analisar o modo de constituição da figura do Papa Francisco pelo discurso da mídia, explorando a sua condição de fama, assim como a sua construção heroica. Para saber como ocorrem os processos de (des)identificação com essa figura, foram analisadas, sob a perspectiva da Análise do Discurso, diversas materialidades, como imagens e comentários de leitores (fiéis e não fiéis) que circularam na mídia e nas redes sociais acerca dos “feitos” do Papa Francisco. Um desses feitos é a sua declaração acerca dos homossexuais - a de que entende e aceita os homossexuais, mesmo que a igreja não aceite tal prática - considerada uma das declarações mais polêmicas dos últimos tempos na igreja. Por essa e outras declarações consideradas controversas com a doutrina da Igreja Católica, algumas abordando assuntos além da religião, o Papa Francisco foi alçado pela mídia como um herói de alcance mundial, o qual chega a ser santificado por suas ações “inovadoras”. Observamos, nas análises realizadas, que é recorrente a construção do Papa Francisco como santo-herói-revolucionário que busca acabar com as injustiças desse mundo.
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Fake News e Discurso de Ódio nas Aulas de Língua Portuguesa: Uma Análise a partir da BNCC e do Currículo de Pernambuco
Alexandre Antonio de Amorim Filho (UFPE) A partir da problematização da disseminação de fakes News nas redes sociais e, consequentemente, da proliferação dos discursos de ódio, entendemos que é primordial que essas temáticas sejam trabalhadas na sala de aula, principalmente nas aulas de Língua Portuguesa (LP). Para isso, nosso trabalho busca, sob a luz do letramento crítico, observar como essas duas problemáticas sociais são tratadas na Base Nacional Curricular (BNCC) e no Currículo de Pernambuco (2019), observando e fazendo apreciações críticas para saber se esses documentos oficiais contemplam desde o combate às fakes news e aos discursos de ódio até se eles contribuem para a formação do leitor crítico em redes sociais.
A Construção Ideológica nas Canções Infantis de Xuxa Robertson Trajano Nunes Junior (UNICAP)
Neste estudo, pretende-se promover uma reflexão acerca da construção ideológica presente nas letras de canções infantis da época áurea das apresentadoras infantis das décadas de 1980 e 1990, com a finalidade de observar como e quais estratégias discursivas foram utilizadas como forma de persuasão do enunciador (autor/compositor) para que se obtenha a adesão do seu público-alvo (as crianças), verificando os efeitos de sentido produzidos por esse discurso midiático. Como corpus desta pesquisa, analisaremos algumas canções da cantora e apresentadora Xuxa Meneghel, que teve forte impacto no entretenimento infantil daquelas décadas. Para tanto, contaremos com as palavras de José Luiz Fiorin (2016), Cristina Silveira (2014), Dominique Maingueneau (1995;1988), que nos levam a compreender que recursos são utilizados para realizar a persuasão do público infantil e como essa relação revelam a estimulação ao consumismo, vaidade, estereótipos e erotização infantil.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 04
Variação Linguística em Livro Didático Sandro Luís da Silva (FACHO) Severino Manoel de Oliveira (FACHO)
O presente artigo visa abordar a temática da variação linguística em livro didático do 6º ano do ensino fundamental. O objeto de estudo será a caracterização da Perspectiva Variacionista. Buscamos definir, ainda, alguns conceitos de variações linguísticas. Para essa análise foi consultado o Livro "LÍNGUA PORTUGUESA EM CONTEXTO" (LÉCIO,2015). Através da análise do livro pretende-se discutir as implicações das variações linguísticas, pois o mesmo, aborda a Variação Social, ao mesmo tempo é estabelecido um paralelo entre o livro analisado e o que a sociolinguística tem a dizer sobre esse assunto, analisando diversos tópicos do mesmo. Para essa análise, foram consultados os teóricos como: BORTONI, WEINREICH, LABOV, HERZOG, TARALLO, e SAUSSURE. Considerando que a língua é dinâmica e está sujeita a inúmeras variações, e essa pluralidade da língua é facilmente observada no Brasil, um país de extensão territorial e multiplicidade cultural significativa. Essa diversidade é demonstrada também com as variações, Regionais, e de Registros. O artigo irá apresentar ainda, a problemática do preconceito linguístico que é decorrente desse estudo, e culminará com uma reflexão e comentário sobre os dados analisados da pesquisa
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O PROCESSO DE “INTEGRAÇÃO” OU “INVASÃO” DO ESTRANGEIRISMO NA LÍNGUA PORTUGUESA Lindalva José de Freitas (FALUB)
Este artigo aborda as considerações entre alguns teóricos referente ao estrangeirismo como um processo de integração ou invasão na Língua Portuguesa. No mundo globalizado em que vivemos, a utilização de palavras em outras línguas tornou-se uma atividade cotidiana. Nesse contexto, passamos a ter o hábito de incorporar suas palavras a nossa língua, como pode ser visto em jornais, revistas, na televisão, na internet, propagandas, eletrodomésticos, cardápios de restaurantes, placas de estabelecimentos comerciais, bebidas e palavras de conversação no dia a dia entre os falantes da Língua Portuguesa. De modo geral, tem-se como exemplo, em relação à tecnologia, o mouse, delete, print, e-book, twitar, software, download, off-line, on-line, homepage, pen drive, off, hardware, notebook, email, web e outros. Em relação à alimentação, coffee break, whisky, Burger King, Subway, hot dog, ketchup, Red Bull,diet, light, Fitness, selfservice, sundae, cupcak, Delivery. Em relação aos esportes, tem-se Kick off, a curveball, bike, motocross, Mountain bike, surf, skate, handball, basqueteball. A metodologia adotada foi a revisão bibliográfica com a realização do levantamento de termos estrangeiros presentes no cotidiano. A pesquisa baseou-se em teóricos como Valadares (2014), Bakhin (2015), Bagno (2013,2018), Faraco (2010) e outros que abordam a temática. De acordo, com as diversas leituras, o processo do estrangeirismo como integração na Língua Portuguesa defendida por alguns teóricos não empobrece nem contribui para a desagregação de uma língua, mas sim a enriquece, pois aumenta o léxico, uma vez que, ao longo de história, a Língua Portuguesa sempre esteve envolta com palavras originadas de outras línguas. Nessa concepção o estrangeirismo é visto como elemento de ampliação e inclusão de novas culturas e forma de comunicação, além de proporcionar o acesso à língua em diferentes contextos e funções sociais. Palavras-chave: Língua Portuguesa. Estrangeirismo. Integração. Invasão.
Gibi como Artefato Pedagógico para Incentivar a Leitura no Fundamental - Anos Iniciais Ivis Chagas da Silva (FACHO) Eliane Tavares da Silva (FACHO) Áurea Rocha (Orientadora – FACHO) Este artigo destaca a importância de se utilizar o gênero Histórias em Quadrinhos (HQs), conhecidas no Brasil por Gibis, enquanto ferramenta pedagógica para desenvolver o gosto pela leitura dos estudantes do ensino fundamental - anos iniciais. A discussão primeira se fez envolta na curiosidade sobre o que vem a ser o Gibi; e se este é, hodiernamente, considerado pela academia, literatura. Fato justificado, por se compreender ser essencial ao professor conhecer o objeto de estudo em toda sua origem e significação, para dele se apropriar e obter êxito na sua aplicação. A pesquisa de abordagem qualitativa teve como procedimento básico a entrevista (estruturada e on-line) e os estudos de McCloud (1995), Compagnon (2006), Eagleton (2006), Rezende (2009), entre outros, subsidiaram a análise. Os resultados balizaram que as Histórias em Quadrinhos - o Gibi - utilizadas, nessa perspectiva pedagógica, podem sim, aguçar o gosto e o hábito da leitura para os estudantes do ensino fundamental - anos iniciais. Palavras-chave: Gibi; Histórias em Quadrinhos; Literatura; Leitura; Anos iniciais do fundamental. A Noção de "Discurso Alheio" na Prática Pedagógica: o Livro Didático e as Vozes Discursivas Alexandre Duarte Gomes (UNICAP) O livro didático ainda é um dos instrumentos mais relevantes para a prática do ensino da língua portuguesa, haja vista o enorme quantitativo de livros que é distribuído, pelo PNLD, na rede pública de ensino. Assim, esse material didático é um ponto de partida relevante para se compreender como são praticados o ensino e a aprendizagem de nossa língua materna.
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Justifica-se, dessa forma, a opção que fizemos de analisar como a coleção Português: conexão e uso (2018) aborda a noção do discurso alheio. A importância dessa análise está atrelada à reflexão de como a perspectiva enunciativa de linguagem está, ou não, sendo didatizada. De fato, ao contrário da perspectiva tradicional da linguagem, na qual, por exemplo, a passagem do discurso direto para o indireto é uma simples operação sintático-gramatical, numa perspectiva efetivamente enunciativa, as vozes discursivas são interpretadas como posições axiológicas, o que indica que um discurso jamais é retomado de maneira neutra, isto é, todo discurso reportado é mais que uma mera operação gramatical, é um posicionamento sociodiscursivo. Estamos, retomando, em parte, o fio lançado pelo trabalho de Cunha (2006), que, no início dos anos 2000, analisou se a estilística abordada nos livros didáticos seguia, ou não, a perspectiva estilística elaborada por Bakhtin (2010, 2015). Assim o é, porque buscamos, neste trabalho, compreender como o discurso alheio é trabalhado em atividades que envolvem textos literários e não literários. A partir dos dados que obtivemos, podemos afirmar que, em linhas gerais, a coleção tende a dar sequência à prática pedagógica tradicional do ensino e aprendizagem das vozes discursas, segundo a qual, o que importa é que o aluno saiba passar o discurso direto para o indireto (e vice-versa), sem problematizar as implicações que esse procedimento têm na realidade concreta das práticas cotidianas.
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Gramática Online: A Formação de Verbos de Língua Portuguesa a partir de Termos de Língua Inglesa em Ambientes Virtuais Mayara Kelly Assunção do Nascimento (FACHO) A língua, de modo geral, é algo complexo e se comporta de forma variável, de acordo com o meio em que ocorre e os indivíduos que a utilizam. Assim sendo, este trabalho propõe uma apresentação da transformação de estrangeirismos de Língua Inglesa em verbos de Língua Portuguesa, a partir do acréscimo de desinências verbais desta língua. Tal visão será alcançada através de leituras e análises que discutem o contexto histórico de inserção da Internet no Brasil e confrontam as concepções gramaticais acerca dos processos de formação de palavras e a realidade do uso destes vocábulos nas redes sociais. Por fim, com todas as informações e objetivos alcançados, espera-se a compreensão da influência do ambiente virtual para a construção das formas verbais que indicam ação e a espontaneidade do falante para criar e utilizar estas palavras. Palavras-chave: Estrangeirismo. Verbos. Língua Portuguesa. Língua Inglesa. Internet. BANNER 02 A Importância da Oralidade no Ensino da Língua Jeandro Cabral Pereira (FACHO)
O presente trabalho tem por objetivo promover uma reflexão acerca do ensino da língua portuguesa, na perspectiva da oralidade e sua aplicação. Inicialmente faz-se uma incursão histórica sobre o percurso da oralidade na língua portuguesa, para ressaltar, em sua trajetória, suas características, funcionalidade e os desafios de aplicabilidade. Nessa análise, identificamse as características linguístico-discursivas por meio de vários gêneros orais. Através de um procedimento metodológico, consultamos dez professores: cinco de escola pública e cinco de escola privada. Com essa investigação, procurou-se identificar um parecer didático da realidade dos professores em sala de aula, contribuindo para reconhecer as melhores diretrizes para o ensino da oralidade. A pesquisa está pautada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) e na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e nas concepções teóricas acerca de ensino de língua de Antunes (2003). A partir da compilação de dados, é possível chegar à conclusão da necessidade de propostas didáticometodológicas para práticas de oralidade nas salas de aula de língua portuguesa.
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Palavras-chave: Oralidade; língua portuguesa; Ensino.
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Contexto e Compreensão: Percebendo os Sentidos Profundos do Texto Stenio Lima de Oliveira (UFPE) Paulo Fernando Costa De Melo (UFPE) O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a importância do contexto para compreensão dos sentidos profundos do texto. Baseado na perspectiva de língua como forma de interação tendo como referencial (KOCH, 2011, 2012) e (MARCUSCHI, 2008) buscaremos esclarecer as diferentes concepções de texto e contexto e identificar as relações existentes entre eles. Para tanto, exploraremos, através de exemplos retirados de postagens de páginas jornalísticas, as consequências do contexto para a compreensão, revelando assim, o papel do contexto diante de casos de ambiguidade, inferências-ponte e justificativas em textos escritos. Após perceber os crescentes casos de posturas assumidamente preconceituosas e excludentes, buscaremos aliar o trabalho a uma funcionalidade de conscientização, fornecendo, assim, através do conteúdo exposto, uma forma de ensinar e analisar diferentes textos que apenas podem ser compreendidos em sua magnitude, através da percepção do contexto em que eles estão inseridos, o que possibilita uma ampliação do horizonte de criticidade e compreensão. Para tanto, fundamentamos nossa prática nos pressupostos de (DIJK, 2008), o qual estabelece meios e critérios para a uma análise crítica do discurso baseada no combate às desigualdades sociais. Palavras-Chave: Texto – Contexto - Compreensão
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Estratégias de Ensino da Língua Portuguesa para Estudantes Autistas do Ensino Fundamental II Maria Rafaela dos Santos (FACHO) O autismo é um transtorno caracterizado por diferenciações no comportamento do sujeito, especialmente na área da comunicação e das interações sociais desde os primeiros anos de vida. O presente trabalho vem nos conscientizar sobre o conhecimento restrito com relação ao autismo. Isso tem gerado um atendimento inapropriado ao público de adolescentes e jovens que estão inseridos no processo educacional do ensino de língua portuguesa nos anos do ensino fundamental II. Encontramos nessa realidade, posicionamentos contraditórios com relação ao desenvolvimento cognitivo de um aluno autista, já que esse desenvolvimento, deve ser praticado de maneira inclusiva. Porém, vemos uma realidade, em que as escolas não dispõem de um atendimento efetivo, em que os professores recebam a capacitação e suporte para a realização de toda e qualquer organização pedagógica e estratégica para esses alunos. É imprescindível que haja preparação de quem está à frente ministrando os conhecimentos da língua portuguesa, a fim de atingir uma linguagem acessível ao aluno autista. A relação de professor – aluno e aluno -professor, pode ser uma forte aliada para dar as condições iniciais necessárias, construindo assim, laços de afetividade, socialização e confiança. A partir desse processo inicial de conquista, devemos dar ênfase aos aspectos da comunicação e das mediações simbólicas, pois é a partir dessas motivações e preferências do aluno, que se torna mais acessível e possível ter êxito no processo de ensino-aprendizagem da língua portuguesa. Para isso, precisaremos ter apoio metodológico dos métodos atuais de ensino e também nos estudos de psicólogos e estudiosos da área, tais como: Gauderer, 1997 e Kaplan, 1997, levando em consideração, a realidade atual de sala de aula, para que haja verdade e possibilidades alcançáveis dentro dos métodos de ensino para os alunos autistas.
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BANNER 05 A Importância das Línguas Indígenas como Fator Social na Construção da Língua Portuguesa Renata Maria Costa da Silva (UPE) Baseado nos estudos de Ayron Dall’lgna Rodrigues que foi o pioneiro nos estudos das línguas indígenas na América do Sul. O presente trabalho tem como enfoque mostrar a importância dos índios e da língua indígena na nossa formação, uma vez que eles foram os primeiros habitantes desta terra e mesmo estando esquecidos a população indígena aqui no Brasil é muito grande. De acordo com o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população indígena é de 896,9 mil, tem 305 etnias e falam 274 idiomas. A questão da extinção das línguas indígenas é ligada a outros acontecimentos que contribuem para um choque cultural e na tradição de um povo. A história de um povo está presente na língua como forma de identidade cultural, na qual será transmitida as histórias, lendas, mitos, a maneira de como eles se comunicavam e essa identidade deve ser preservada e passada para as próximas gerações. A conservação da cultura depende exclusivamente da manutenção de sua língua materna, ideologias e tradições. O que os índios almejam é a preservação da sua língua, mas não é o que vem acontecendo, com o passar dos anos a língua indígena está sendo extinta e junto com ela todas as tradições de um povo uma vez que pela falta de terras é imposto a eles negarem a sua cultura e ir para as cidades grandes em busca de oportunidade em uma sociedade preconceituosa que não se considera indígena e por isso deixam de lado o exercício das suas tradições. A sociolinguística que é âmbito da linguística na qual estuda a relação entre língua e sociedade nos diz que não há uma língua certa ou errada, melhor ou pior que outra, o que existe é diversidade linguística. Aprender acerca da pluralidade de cada língua é fundamental para que não se forme uma sociedade preconceituosa. Uma vez que o Brasil é um país miscigenado e a língua portuguesa apresenta uma enorme variedade, e essa variedade linguística é notória ao contrastarmos pessoas de diferentes regiões, idades, gêneros, classe social. O nossa país é multicultural e nossas tradições variam de cada região dando ao Brasil uma característica muito particular.
SESSÃO COORDENADA 02 TÍTULO: Práticas e Projetos de Letramento: Propostas Didáticas e Experiências nos Ensinos Básico e Superior Resumo da Sessão Os indicadores de alfabetismo funcional no Brasil (INAF, 2018) apontam a persistência da dificuldade dos brasileiros com a compreensão leitora. Do mesmo modo, avaliações de âmbito nacional, como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), revelam a precariedade dos estudantes na produção escrita. Diante dos poucos avanços no desenvolvimento das capacidades de ler e escrever, discutiremos propostas e experiências didáticas vinculadas aos (multi)letramentos no ensino básico e superior. Nosso objetivo é refletir sobre as contribuições que determinados gênero (bilhete), programa (Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro) e metodologia de ensinoaprendizagem (projetos de letramento) trazem para a inserção e a participação efetiva dos alunos em práticas de letramentos, bem como para a ampliação do seu grau de alfabetismo.
Os (multi?)letramentos na Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro Tatiana Simões e Luna (UFRPE)
A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro (OLPEF) apresenta materiais formativos e didáticos que procuram integrar a cultura digital ao ensino da produção de textos. Desse modo, propicia aos professores a participação em diferentes eventos de multiletramento,
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como fóruns de discussão, videoaulas, bate-papos e cursos virtuais, assim como fornece aos alunos a possibilidade de “atuar” no universo digital através do manuseio dos cadernos digitais, da aba “Especiais por gênero” e dos jogos de aprendizagem, disponíveis no Portal da Comunidade Escrevendo o Futuro. Com base em estudos sobre os multiletramentos e as novas tecnologias de informação e da comunicação no ensino de língua maternal (LEFFAS, 2012; RIBEIRO, 2016; ROJO, 2012, 2013; SOARES, 2012, TANZI NETO, 2013), nosso objetivo é analisar as possíveis contribuições desses materiais didáticos para os letramentos no universo multi e hipermidiático. Para fins de delimitação de nosso trabalho, escolhemos os materiais relacionados à categoria crônica (oitavo e nono anos do Ensino Fundamental), dado termos estudado o ensino desse gênero no âmbito da OLPEF, em nossa tese de doutorado. Os resultados apontam que a OLPEF apresenta novas práticas, que contribuem para o progresso do ensino e da aprendizagem da escrita no universo digital e, ao mesmo tempo, apresenta ecos da tradição, que reverberam uma visão engessada das novas tecnologias apenas como meio ou recurso para exposição do conteúdo. Em suma, a OLPEF ainda é muito incipiente no que concerne à exploração de práticas digitais multiletradas, pois prevê navegadores pouco experientes no meio virtual e oferece parcas experiências de interatividade, além de pouco promover os letramentos críticos. Palavras-chave: Olimpíada de Língua Portuguesa, Multiletramentos, Material didático digital, Jogo de aprendizagem virtual
Letramento através do Gênero Bilhete Gleyce Severina Lima do Nascimento (UFPE) O objetivo deste trabalho é promover o reconhecimento do gênero bilhete, apresentando sua funcionalidade, importância e uso no ambiente escolar, sendo assim uma ferramenta em potencial para práticas de letramento. Uma premissa base para isso é que, cronologicamente, os grupos sociais se articulam cada vez mais com a junção de gêneros primários e secundários (BAKHTIN, 2004). Em cada contexto, particularmente, os padrões sociocomunicativos característicos são definidos de acordo com estilos e objetivos enunciativos realizados por impulsões históricas, sociais, institucionais e tecnológicas. Assim, o gênero bilhete articula-se com diversos meios de circulação das esferas primária e secundária, dentre elas, a vida cotidiana e a escola. Para que o olhar docente sobre o referido gênero seja evidenciado, deve-se incentivar seu processo de escrita e leitura, promover seu (re)conhecimento nos diferentes contextos sociais, correlacioná-lo a outras práticas de produção textual, bem como a mediação através dele do processo de produção textual discente (SIGNORINI, 2007). Dessa forma, o docente posiciona-se como um leitor interessado e questionador da construção textual à medida que situações de interlocuções são propostas nas atividades. Diante disso, no bilhete, é possível exceder sua finalidade inicial de relação interpessoal usual e utilizá-lo como suporte no letramento escolar. Sua estrutura simples (objetiva/sintetizadora, com vocativo, texto e assinatura), de linguagem normalmente menos formal (tratamentos íntimos, indicações ou não de elementos temporais e formas dêiticas), ajuda efetivamente a promover sua circulação na escola também como estratégia de ensino-aprendizagem. Faz-se necessário ainda para suprir eventuais lacunas de interlocução discente-docente (distanciamentos) existentes em sala de aula e em procedimentos avaliativos (feedbacks construtivos) – reescritas, por exemplo (GONÇALVES; BAZARIM, 2009). Portanto, proporciona aos alunos uma ponte que interliga diferentes práticas de escrita, instrumentalizando-os para saber aplicá-las em momentos mais propícios, seja na produção convencional de bilhetes, seja na produção de mensagens digitais (torpedos, Twiter, WhatsApp, entre outras). Palavras-chave: Gênero. Letramento. Bilhete. Docente. Ambiente escolar.
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Projetos de Letramento no Ensino Superior: Considerações sobre Experiências no Primeiro Período de duas Graduações da UFPE Izabela Pereira de Fraga (UFPE) O objetivo deste trabalho é socializar reflexões sobre experiências com projetos de letramento no Ensino Superior em duas graduações da Universidade Federal de Pernambuco. Os projetos foram desenvolvidos com alunos do 1º período noturno dos cursos de Ciências Econômicas e Secretariado Executivo da UFPE (2019.1), nas disciplinas de Português Instrumental e Leitura e Produção de Textos, respectivamente. Defende-se que a efetivhgfa inserção dos graduandos na comunidade acadêmica envolve a imersão destes em práticas sociais reais e significativas de leitura e escrita, devendo ser mediada pela instrução explícita dos modos de ser e fazer nessa comunidade, notadamente quando são alunos ingressantes. Reforça-se especialmente a avaliação escrita dialogada e a reescrita na feitura dos projetos e das produções finais. Para tanto, o trabalho fundamenta-se mais amplamente na perspectiva dos Letramentos Acadêmicos, proposta por Street (2010, 2017), Lea & Street (2014), e nas considerações de Bunzen (2009) sobre práticas de letramento na universidade. No âmbito específico dos Projetos de Letramento no Ensino Superior, consideram-se as reflexões de Tinoco (2008), Juchum (2014, 2016) e Simões & Juchum (2017). Resultados parciais sinalizaram iniciativas de construção de identidade dos alunos como autores legítimos e sua motivação para a publicação dos textos em mídias digitais como movimentos significativos na continuidade dos projetos durante a disciplina. Também se observaram desconfortos iniciais por parte dos alunos por exigir-se uma postura mais ativa e autônoma na condução dos seus projetos. Ao final, no feedback oral dos alunos sobre as experiências, percebeu-se a consciência destes sobre a relevância das atividades para seu primeiro contato com a universidade. A experiência revela a necessidade de reflexão constante sobre a importância do planejamento de leitura e escrita na construção dos projetos e a fundamental formação de equipe de apoio ao(à) professor(a) que deseja implementar atividades dessa natureza. Palavras-chave: Projetos de Letramento no Ensino Superior. Letramentos Acadêmicos. Gêneros textuais/discursivos.
SESSÃO COORDENADA 03 TÍTULO: Estudos textuais e interacionais da linguagem e reflexões para o ensino de línguas
Resumo da Sessão
Considerando o impacto que a concepção de linguagem como atividade social interativa (MARCUSCHI, 2008) tem trazido ao ensino de línguas nos últimos anos, esta sessão coordenada pretende apresentar pesquisas baseadas em discussões teóricas na área dos estudos linguísticos que possam influenciar o estudo das línguas sob um viés sociointerativo, cujo foco se concentra num estudo contextualizado da língua. Para tratar de um assunto tão complexo como o ensino de línguas, baseamo-nos em uma perspectiva teórica variada, notadamente: o estudo da impolidez - linguagem ofensiva - e a construção de identidades; os estudos do léxico em sua relação com aspectos textuais e discursivos; e, finalmente, os pressupostos da Análise Dialógica do Discurso mobilizados para o tratamento da leitura crítica. Embora as perspectivas teóricas das apresentações sejam variadas, os trabalhos se encontram em diálogo, sobretudo na maneira como entendem a língua, uma atividade social situada e analisada a partir de contextos significativos de uso. Ademais, todas as comunicações chegam a conclusões para o ensino de línguas e pretendem trazer à tona resultados significativos ao trabalho do professor da área de Letras. Palavras-chave: Interação, Texto, Ensino de Línguas, Identidades, Léxico, Dialogismo
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Impolidez e Identidades em Interações on-line: Reflexões para o Ensino de Leitura numa Perspectiva Interacional Ricardo Rios Barreto Filho (UFPE)
Em decorrência do aumento do uso da internet no Brasil, os estudos em Sociolinguística Interacional direcionam sua atenção para compreender o funcionamento da linguagem na internet. No caso deste trabalho, discuto as relações entre a impolidez - uso da linguagem para causar ofensa - e a construção das identidades políticas a fim de refletir sobre os processos de compreensão nas interações pela internet. Para cumprir o objetivo apresentado, utilizo os estudos da (im)polidez em perspectiva sociointeracional (CULPEPER, 2011; CULPEPER e HARDAKER, 2017) e sobre as identidades sob o viés sociocultural (BUCHOLTZ e HALL, 2005, 2013). A discussão é pautada a partir de análises observacionais de interações on-line no Facebook, coletadas entre os anos de 2017 e 2018. Os resultados da discussão teórica e das análises demonstram uma ligação íntima entre a impolidez e a construção das identidades dos interactantes. Por isso, defendemos um ensino da impolidez, a partir do viés de leituras críticas que considerem o texto como um fenômeno linguístico co-construído pela interação entre seres humanos. Palavras-chave: Impolidez, Interação, Internet, Facebook Perspectivas para Estudo do Léxico e suas Implicações Pedagógicas José Herbertt Neves Florencio (UFCG)
Partindo de noções mais básicas de léxico em direção a outras, mais complexas, este trabalho discute o componente lexical da língua portuguesa e as implicações pedagógicas de seu estudo. Nosso objetivo, então, é compreender como as perspectivas de estudo do léxico reveladas nas teorias linguísticas podem trazer contribuições para o ensino do vocabulário na aula de língua portuguesa. Esta pesquisa é de caráter bibliográfico e está organizada em três momentos, a saber: (1) um estudo mais estrutural do léxico (CARVALHO, 2011; BIDERMAN, 2001); (2) uma visão mais cognitiva de léxico (FONTANALS, 2009; CASTILHO, 2010); e (3) uma percepção textual-interativa de léxico (NEVES, 2019; ANTUNES, 2012, 2018; MARCUSCHI, 2003, 2004). A partir dos postulados teóricos de cada uma dessas visões, apreendemos elementos que servirão de base para a prática de análise linguística mais especificamente voltada para o ensino do vocabulário, passando desde o estudo da formação das palavras até suas funções coesivas, incluindo a interpretação de seus sentidos no texto. Defendemos que é apenas no texto que todos esses fenômenos podem ser estudados, para que esse conhecimento seja utilizado em atividades de leitura e escrita. Palavras-chave: Léxico, Análise Linguística, Interação
Relações entre a Análise Dialógica do Discurso e Leituras Críticas: Reflexões para o Ensino Otávia Pinheiro Pedrosa Fernandes (UFPE) Esta comunicação tem como objetivo fazer uma reflexão sobre a leitura a partir de conceitos bakhtinianos que podem servir como categorias de análise, corroborando com o ensino de uma leitura crítica. A partir de uma notícia online e 2 comentários de influenciadores digitais sobre ela, coletadas no ano corrente, propõe-se analisar como se dá a construção e produção de sentidos, evento inseparável dos sujeitos que são sempre historicamente situados e envolvidos em relações discursivas, sendo essas relações uma contínua comunicação com o outro. Dessa maneira, compreendendo que a natureza da linguagem humana é social e que as relações dialógicas constituem verdadeiras relações de sentido e, portanto, só podem ser apreendidas discursivamente, trazemos a necessidade de uma abordagem de língua como interação, como fenômeno integral e concreto que precisa ser ensinado. Os resultados da discussão teórica e
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das análises demonstram que o sentido dos enunciados, ao se realizar no processo de comunicação, traz sempre uma dimensão avaliativa e expressa sempre um posicionamento social valorativo. Por isso, defendemos um ensino para uma leitura crítica, a partir de uma Análise Dialógica do Discurso de Bakhtin e Volóchinov. Palavras-chave: Leitura, Internet, Relações Discursivas, Ênfase Valorativa.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 05 O Olhar da Literatura para o Cinema nas narrativas de Raduan Nassar Walter Cavalcanti Costa (UFPE) O seguinte estudo propõe uma análise intersemiótica entre o romance de Raduan Nassar Lavoura arcaica (1989) e a novela Um copo de cólera (1992) e suas respectivas adaptações fílmicas, a partir da recorrência do olhar em nível formal. Com uma base teórica fincada no estudo da estrutura narrativa em consonância com a fenomenologia, observa-se uma predominância da história guiada pela percepção das personagens. Nesse sentido, os signos que mais se fazem presentes são aqueles que dizem respeito ao olhar. Assim, a predominância desses signos perceptivos foi a fonte de inspiração inicial para o desenvolvimento da primeira parte da pesquisa, quando realizou-se uma catalogação, não para descrever as obras por completo – como condena Todorov, em Estruturas narrativas (2008) – mas delimitar o corpus e, com isso, viabilizar metodologicamente a proposta de pesquisa. Assim sendo, o percurso do trabalho se apresenta em duas etapas: na primeira, há a compreensão da recorrência do olhar nas obras, em seguida, uma busca por elementos variáveis e invariáveis no processo de adaptação dos livros para os filmes. Na segunda etapa, o olhar será analisado nos filmes, de acordo com das teorias do cinema. A pesquisa é bibliográfica e envolve o método analítico dedutivo, através de uma abordagem qualitativa. Palavras-chave: Intersemiose; Literatura; Cinema; O olhar; Raduan Nassar Menino de Engenho, de José Lins do Rego, e a Memória como Fundadora de um Ciclo Romanesco Taffarel Bandeira Guedes (UFPE)
O presente artigo entrega uma análise da memória como principal motor do romance Menino de engenho (1932), obra que introduz o conhecido “ciclo da cana-de-açúcar”, decerto a mais estimada parcela da ficção de José Lins do Rego. A partir desse livro, e considerando os dois romances que o seguem: Doidinho (1933) e Banguê (1934), avaliamos a influência da biografia do autor nos textos que ficcionalizam a região açucareira do Nordeste. Mais do que sopesar experiência de vida e criação literária, buscamos em nosso estudo reconhecer o papel da memória na construção de uma trilogia de romances de formação, uma vez que as três obras citadas compreendem da infância à adultez do seu narrador autodiegético, Carlos de Melo. Em nosso proceder analítico, utilizamo-nos de obras da historiografia literária brasileira, com especial atenção à biobibliografia de José Lins do Rego e ao Romance de 30, com Martins (1973), Trigo (2002), Castello (2004), Bueno (2006) e Candido (2010); textos que teorizam memória individual e coletiva, com Halbwachs (2006), e que tratam do assunto na obra do escritor, com Lucas (2011) e novamente Trigo (2002); além de artigos de crítica literária contemporâneos ao romance Menino de engenho, do que são exemplos Mendes (1933) e Sete (1933).
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O Romance Brasileiro Contemporâneo como Lugar de Memória: A Ditadura Civil-Militar e a Interface Literatura/Política João Ricardo Pessoa Xavier de Siqueira (UFPE) A inserção da temática da política na ficção brasileira encontrou solo fértil nas experiências vivenciadas durante o regime de exceção instaurado a partir do golpe civil-militar de 1964. Essa circunstância é corroborada a partir da observação da produção literária que utiliza como substrato composicional a memória do regime militar, demarcada pelo tom memorialístico, testemunhal e (auto)biográfico na medida em que se (re)constitui como resultante da experiência daqueles que vivenciaram o contexto repressivo da ditadura e seus efeitos traumáticos. A produção ficcional contemporânea sobre a memória da ditadura civil-militar brasileira, por seu turno, tem instituído a literatura como esse lugar de eterno retorno, na medida em que busca falar do passado sem suspender o presente, configurando-se as narrativas como movimentos/espaços inconclusos, sempre sujeitos a revisões. Diante do exposto – e partindo da concepção bejaminiana segundo a qual não há documento de cultura que não seja também documento de barbárie – toda obra de arte/literária que tematize e convide a refletir sobre o trauma da ditadura militar pode ser considerada como uma tentativa de esforço para a discussão sobre a natureza do lugar e do dever de memória relativos ao período em questão. O escopo teórico tem como referencial as contribuições de Theodor Adorno (2012), Aleida Assman (2016), Walter Benjamin (2016), Judith Butler (2015), Philippe Lejeune (2014), Nora (1993), Jacques Ranciére (2017) e Paul Ricoeur (2012). Nesse sentido, a presente proposta de comunicação tem como objetivo provocar reflexões sobre como uma fração considerável da produção ficcional brasileira contemporânea tem funcionado como veículo de materialização dos processos e da dinâmica da memória calcada sobre esse passado recente, na medida em que dialoga e tenta explicar o presente a partir da reivindicação da lembrança e da ressignificação histórica. Palavras-chave: Romance. Literatura brasileira. Política. Memória. Ditadura civil-militar. Felicidade Clandestina: Sadismo e Masoquismo na Narrativa Clariceana Maria Cristina Barbosa dos Santo (FACHO) Este estudo aborda, na Literatura de Clarice Lispector, "Felicidade Clandestina", elementos literários no tocante ao tempo, o espaço e as problemáticas, do ponto de vista da psicanálise de Sigmund Freud (1923). Nesta pesquisa os conceitos do Eu e Id, são úteis para o estudo do psiquismo humano. A Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire (1987), também nos ajuda a mover uma problematização a respeito do sadomasoquismo presente no conto. Objetivamos encontrar um ponto em que seja possível o diálogo entre a psicanálise e a literatura. Ao analisar a problemática do conto, à luz da psicanálise, passando pelos tipos de narração, linguagem clariceana e pelos fundamentos psicanalíticos, foi possível perceber a complexidade da mente humana, na qual, a linguagem exerce força na literatura fazendo com que o leitor reflita sobre si mesmo. Ainda a partir do estudo realizado, conclui -se que para a psicanálise, uma palavra, uma frase, e, até mesmo o silêncio diz mais sobre o ser do que ele mesmo sabe. Hayao Miyazaki: as Diferentes Faces do Sentimento Arthur Gustavo Silva Cabral (FACHO)
O presente ensaio analisa as obras cinematográficas de Hayao Miyazaki, buscando comparar os arquétipos ocidentais de estruturas narrativas e o processo criativo do diretor que o faz divergir da forma ocidental de escrever histórias. Será também comparada a forma com que ele difere das demais animações japonesa mais main stream, construindo sua própria identidade no meio da indústria do anime. A base teórica do trabalho será O herói de mil faces (Campbell, 1949) e as pesquisas de Carl G. Jung sobre arquétipos. Será visto, também Como a obra de Miyazaki quebra os arquétipos citados no livro de Campbell, assim criando uma relação diferente, entre os personagens, das relações mais retratadas. Além disso, será discutida a forma que Miyazaki retrata as tradições japonesas com a relação com a natureza e a humanidade. Palavras chave: cinematográficas, Miyazaki, arquétipos, ocidentais
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 06 As Relações Grafofonêmicas: o Trabalho com Rimas para o Desenvolvimento da Leitura e da Escrita de Alunos do 6º ano Suênia Cordeiro Valério (UPE) Leandro Rafael Braz Alves (UPE) Fernando Augusto de Lima Oliveira (UPE)
Ensinar pressupõe mais que métodos, é preciso que o professor se torne um pesquisador e crítico diante do método que seleciona para o trabalho em sala de aula. A presente pesquisa tem o objetivo de investigar como o trabalho com rimas pode auxiliar na compreensão das relações grafofonêmicas e na aquisição da consciência fonológica. Para a efetivação da pesquisa foram realizadas atividades em uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental, de uma escola pública da cidade de Venturosa- PE. As atividades envolviam a audição de música para que os estudantes compreendessem o conceito de rimas e depois produzissem uma paródia com rimas criadas por eles, mediante o tema que escolhessem para a produção do seu texto. Este trabalho está embasado em discussões implementadas por Bortoni-Ricardo (2013), Blanco-Dutra (2012), Roberto (2016) e Seara; Nunes e Lazzarotto-Volcão (2017), que refletem sobre aspectos grafonêmicos bem como o processo de aquisição da consciência fonológica. Ademais, nos fundamentamos metodologicamente nos pressupostos da pesquisa-ação (TRIPP, 2005), que possibilita ao professor desenvolver propostas de intervenção, a partir de uma necessidade coletiva. Após a aplicação das atividades foi feita uma análise qualitativa dos textos produzidos e pudemos constatar que houve um avanço significativo no processo de produção dos alunos, através de uma maior conscientização das relações grafofonêmicas, adquiridas após o trabalho com as rimas. Palavras-chave: Consciência Fonológica. Relações Grafofonêmicas. Rimas. Produção Textual.
Atividades Lúdicas e Jogos Pedagógicos como Facilitadores do Processo de EnsinoAprendizagem: Propostas de Novas Metodologias para o Ensino do Léxico Leandro Rafael Braz Alves (UPE) Suênia Cordeiro Valério (UPE) A vida docente é permeada de dificuldades e desafios que devem fazer com que o professor se reinvente e descubra novas maneiras de ensinar. Os conteúdos gramaticais são ensinados há anos de forma mecânica e pouco atrativa, o que faz com que os alunos não se interessem ou deem pouca atenção aos assuntos trabalhados em sala de aula. Buscar novos métodos para a exposição ou revisão dos conteúdos curriculares deve fazer parte do dia a dia do profissional empenhado em obter resultados mais efetivos quanto a aprendizagem dos alunos. Mas essa busca pressupõe pesquisa e estudo, logo o professor deverá deixar a posição de um mero ministrador de aulas e tornar-se um pesquisador, alguém que se dedique ao trabalho não apenas para transmitir regras, mas para tornar o evento que é a aula de língua portuguesa, algo realmente significativo. O ensino do léxico, relegado em vários momentos a segundo plano, pode ter uma grande contribuição para a melhoria da competência linguística dos estudantes que tiverem acesso a aulas com maior atenção ao ensino de temas lexicais de forma lúdica. O embasamento teórico para nosso trabalho vem de pesquisas como as de Antunes (2007) e (2012), Illari e Basso ( 2014), Bortoni-Ricardo (2004), Travaglia ( 2007). As propostas da atividade lúdica Passa ou Repassa Lexical e o jogo Dominó dos Homônimos homófonos foram apresentadas em sala de aula do Mestrado Profissional em Letras-PROFLETRAS, como opções de métodos diferentes para o trabalho com o léxico e apontam para uma inovação no ensino da língua portuguesa. Palavras-chave: Novos métodos. Ensino do léxico. Competência linguística.
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O Uso do Jogo da Trilha na Sala De Aula: Trilhando Possibilidades de Aprender Ludicamente Daniella Rafaelle Amorim do Nascimento (UPE) Maria Auxiliadora da Silva (UPE) Fernando Augusto de Lima Oliveira (UPE)
A presente pesquisa tem como objeto de estudo o uso de jogos pedagógicos na sala de aula, com objetivo de demonstrar os benefícios da utilização do lúdico no espaço escolar, explorando as possibilidades de estimular aquisição do conhecimento, por meio de jogos na área de Língua Portuguesa. Dessa forma, o uso de jogos, em especial o Jogo Trilha, em uma turma de 8º ano, de uma escola municipal de Ribeirão-PE, justifica-se como uma ferramenta de apoio ao processo da aprendizagem, proporcionando aos educandos aulas dinâmicas que trabalhem os conteúdos relacionados à análise linguística de forma efetiva, tornando esse processo mais atrativo. Para o desenvolvimento deste trabalho, nos embasamos teoricamente nos estudos desenvolvidos por Friedman (1996), Kishimoto (1998), Antunes (2003), Luckesi (2000) e Santos (2000), que refletem sobre a ludicidade no contexto interacional e educacional. Ademais, tomamos como base documentos oficiais que norteiam a educação, como a BNCC (2017), que determina os conhecimentos essenciais que todos os alunos da Educação Básica têm o direito de aprender. Metotologicamente, este trabalho está fundamentado nos postulados da pesquisa-ação (TRIPP, 2005), já que possibilita ao pesquisador que ele intervenha dentro de um problema social. O desenvolvimento de práticas pedagógicas que possibilitem o uso de jogos é de fundamental importância para que os alunos fixem de forma mais efetiva os conteúdos que estão sendo ensinados em sala. Nesse sentido, a partir da aplicação do Jogo da Trilha, os estudantes demonstraram melhor desempenho no processo de ensino-aprendizagem, tanto nos aspectos intelectuais como também nos aspectos psicomotor, físico e social, refletindo em avanços consideráveis no que tange os conteúdos relacionados às classes gramaticais como: substantivos, adjetivos e conjunções. Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa. Jogo trilha. Ludicidade.
Dominó Fonético José Raimundo de Oliveira Filho (UPE) Fernando Augusto de Lima Oliveira (UPE) O estudo que ora se apresenta foi desenvolvido a partir das dificuldades provenientes da não consciência fonológica de uma turma de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, especificamente no que se refere ao emprego de s e z. Para Maluf (2003, p. 9 apud SANTOS, 2014, p. 25), “O brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve habilidades de forma natural e agradável”. Além dessa contribuição enriquecedora, os jogos proporcionam interação entre os corpos discente e docente, além de preparar a criança para a maturidade. Para Lopes (2001,35 apud SANTOS 2014, p.32). “O jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades”. Para minimizar tal deficiência, foi produzida uma atividade lúdica denominada dominó fonético, composto de vinte e oito peças com duas palavras cada uma, forma, do cinquenta e seis palavras, sendo vinte e oito em que o s tem som de sê e vinte e oito em que o s tem o som de zê. Para jogar, misturam-se as peças em uma superfície plana, dividindo-se igualmente de acordo com o número de participantes. Durante a competição, ou seja, quem emparelhar duas palavras cujos ss tenham sons diferentes, sai do jogo; o segundo que errar, idem. E assim sucessivamente até o último participante, o vencedor da competição. Outrossim, pode-se organizar um campeonato em sala de aula com vários grupos. O primeiro de uma equipe disputará com o primeiro de outra. A quem vencer, poder-se-á atribuir uma premiação. Essa atividade lúdica objetiva distinguir dois sons do s, mediante intervenções dessa ferramenta pedagógica, podendo ser utilizada por alunos do segundo ao quinto anos do Ensino Fundamental. Palavras-chave: Dominó fonético. Consciência fonológica. Sons do s.
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 07 A Construção do Feminino no Conto de Fadas Rapunzel, dos Irmãos Grimm e na Adaptação Fílmica Enrolados, da Walt Disney Animation Studios Marcia Cristina Xavier (UPE) Gabriela Brasilino de Melo Simões (UPE) Diante do crescente número de adaptações de obras literárias para o cinema contemporâneo, o presente artigo busca tratar acerca da figura feminina instituída no clássico conto de fadas dos Irmãos Grimm, Rapunzel, e na sua adaptação cinematográfica com o longa-metragem Enrolados, da Walt Disney Animation Studios. Por essa razão, este trabalho tem como objetivo apresentar uma breve discussão sobre as escolhas da adaptação da personagem Rapunzel, do conto de fadas: Rapunzel dos irmãos Grimm para o filme Enrolados da Disney, na qual fica explícito a mudança da personagem feminina para uma figura feminina atual e com aspectos feministas. Ou seja, na narrativa do conto teremos a representação clássica da princesa, enquanto na narrativa fílmica encontramos uma nova perspectiva da identidade feminina que vai interferir em uma nova caracterização de princesa. Para esta pesquisa bibliográfica qualitativa, utilizamos trechos do conto e descrição das cenas mais frames do filme para analisar as características da personagem enquanto o argumento teórico é realizado através dos teóricos: João de Brito (2006), Linda Hutcheon (2011) e Robert Stam (2000), autores estes que discutem sobre adaptação, questão teórica que justifica as mudanças das personagens do conto para o filme. Já com relação a definição de feminino e feminismo é necessário para entendermos as diferentes construções do feminino, a partir da personagem Rapunzel das obras, para isso trabalhamos com Perrot (1998), Butler (2003), Vieira (2005) entre outros. Palavras- chave: Adaptação; Contos de fadas; Personagem; Feminino; Feminismo.
Compreensão e Interpretação: As Estratégias de Leitura empregadas nos Contos Maravilhosos do Livro Didático do 6º ANO Cícera Leidiane Lima da Silva (UFPE) Este artigo tem por objetivo analisar o emprego das Estratégias de leitura aplicadas no gênero conto maravilhoso na parte de compreensão e interpretação no livro didático Linguagens, do 6.º ano do Ensino Fundamental II, tendo por base os aportes teóricos os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008) e autores como Solé (1998), kleiman (1989), Fiorin (2006), dentre outros. Realizou-se, no livro didático analisado, um levantamento de quais estratégias de leitura podem ser empregadas na leitura dos contos presentes na obra em análise, e quais são efetivamente utilizadas nas atividades de leitura e de compreensão dos textos da unidade 1, nos capítulos 1,2 e 3, e seus respectivos encaminhamentos metodológicos. Esse estudo nos permitiu perceber a importância de aplicar as Estratégias de leitura no despertar do conhecimento prévio para a compreensão leitora, bem como nas atividades de interpretação textual. Uma vez que para se ler e compreender é necessário ativar várias áreas do conhecimento. E esses são os maiores desafios do ensino da língua portuguesa, a leitura e compreensão textual. Palavras-chave: Compreensão. Livro didático. Estratégias de leitura. Estudos Retóricos De Gêneros: A Intergenericidade Na Poesia De Manuel Bandeira Cláudia Paulino da Silva (UFPE) Lidiane Santos de Melo (UFPE) Nas últimas décadas, o ensino da Leitura literária, em sala de aula, tem sido palco de debates, de como propor uma leitura livre e prazerosa. De acordo com as concepções de Dalvi M.A; Rezende N.L.; Jover-Faleiros R. (2013), em nosso cenário educacional, há algumas práticas educativas que ainda são resistentes às mudanças, no entanto as pesquisas acadêmicas atuais têm investido em visões teóricas que procuram acompanhar o ritmo contemporâneo. Como por exemplo, essa pesquisa que é destinada a aprofundar o estudo da Leitura literária subjetiva, e o propósito comunicativo dos gêneros, ou seja, a intergenericidade na poesia de Manuel Bandeira. Portanto, pensando dessa forma, o objetivo principal da pesquisa é levar essa visão para sala 21
de aula, através da prática de leitura de intergêneros presentes na literatura como meio para aprimorar a percepção e compreensão dos estudantes em relação aos textos literários. Desse modo procuramos observar a dinâmica existente na ligação entre os gêneros e, portanto, o discurso envolvido nessa ação dialógica. Além disso, tentamos, aqui, elencar algumas ideias provenientes de estudos que tomam como objeto de verificação, o gênero e sua relação retórica com a literatura, a cultura e a sociedade. Para tanto procuramos nos embasar nos conceitos referentes à teoria de gêneros em Marcusch (2008, 2013), Bakhtin (1997), Bazerman (2006 In: Bawarshi e Reiff, 2013), Miller (1994 In: Bawarshi e Reiff, 2013), relacionado à linguagem literária adotamos Jover (2013), Massaud (1989), Pinheiro (2018), Bandeira (1993) e Xypas (2018) quanto à leitura literária subjetiva.
Palavras–chave: intergenericidade, intertextualidade intergêneros, ação dialógica, abordagens literárias, estudos retóricos.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 08 Material Didático na Educação a Distância: uma Análise dos Manuais Orientadores Estela Carielli de Castro (UFPE) O material didático impresso é essencial no contexto da Educação a Distância, pois funciona como um gênero mediacional (SOUSA, 2006) por possuir o papel de intermediar a relação professor-estudante, já que, na EaD, essa interação não ocorre face a face. É por esse motivo que os professores conteudistas – responsáveis pela elaboração do material didático – têm um papel desafiador: atrair, motivar e interagir com o aluno, buscando estabelecer um diálogo. Dessa forma, esse trabalho visa apresentar o estado da arte das pesquisas acadêmicas que orientam a produção de material didático impresso nos cursos de Educação a Distância referente ao estabelecimento de diretrizes para elaboração dos textos. Portanto, à luz da teoria bakhtiniana (1997) (2006), trabalhamos as noções de dialogismo e polifonia juntamente com a noção de ethos revisitada por Maingueneau (2011), problematizando, assim, as concepções que orientam a produção de um bom material didático, centrando-nos na noção de interação. Para isso, realizamos uma investigação bibliográfica, por esta se constituir enquanto uma ferramenta pertinente para o levantamento do estado da arte do tema abordado. Por fim, considerando as noções de dialogismo e polifonia, percebemos, então, que a discussão sobre como um texto deve ser dialógico, presente nos manuais e trabalhos acadêmicos sobre o material didático impresso nos cursos de EaD, pode ser ampliada. Além disso, defendemos a construção de um ethos que dará corpo ao autor e à proposta pedagógica dos cursos de EaD e que ajudará a criar um laço significativo entre o aluno, o professor e a instituição de ensino.
Norma Culta e Norma-Padrão: entre Adequação e Preconceito Everton Felipe Tenório da Silva Santos (FACHO) Anelilde Lima (FACHO) O presente trabalho visa analisar como a não compreensão das variações linguísticas e a valorização do estruturalismo linguístico geram preconceitos em contextos escolares e, consequentemente, nas práticas sociais. Tem-se especificamente como finalidade deixar algumas reflexões acerca da fala e dos elementos semântico-discursivos utilizados nas interações entre interlocutores. Para desenvolver esta pesquisa, foram de grande contribuição as palavras de Bagno (2003) sobre preconceito e diversificação linguística. Utilizou-se também a concepção de Antunes (2003) sobre oralidade e sociedade; além de Vieira (2017), com o processo de produção textual, e Andrade (2011) com a multimodalidade na língua. Além disso, utilizaram-se também as concepções de Almeida (2014) sobre o processo formativo de variação. Assim, o trabalho mostra que a língua está em constante mudança e que o ser humano está em contínuo processo de adaptação às novas linguagens, utilizando regras normativas ou não, perante a sociedade.
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Palavras-chave: Linguagem; Normatividade; Preconceito; Comunicação.
A Produção Textual nas Aulas de Língua Portuguesa Monique Vitória Ferreira de Lima (FACHO) Gizela Gois de Vasconcelos Falcão (FACHO) Suelany Ribeiro (FACHO) Este artigo pretende discutir algumas técnicas abordadas na sala de aula que não contribuem para o desenvolvimento dos alunos na produção textual. Mas também, trazendo perspectivas para melhoria no ensino da produção escrita nas aulas Língua Portuguesa. Com base no livro de Irandé Antunes (2007) e de João Wanderley Geraldi (2006), na qual, os mesmos mostram diversos aspectos, abordando alguns pontos interessantes para o desenvolvimento do aluno na habilidade da escrita. Por conseguinte, uma pesquisa foi realizada em algumas escolas para identificar, analisar e discutir como está sendo esse ensino. Gêneros Textuais: os Êxitos de se Trabalhar a Carta em Sala de Aula André Luiz da Silva Nascimento (FACHO)
O objetivo deste artigo é discutir sobre os benefícios de se trabalhar o gênero textual Carta em sala de aula. É importante salientar que grande parte dos alunos que estão iniciando a vida escolar neste século não têm contato com esse gênero, pois, com o advento da internet e as inúmeras mudanças que ocorrem no mundo, a carta pessoal se tornou obsoleta. Neste sentido, analisaremos algumas concepções para o ensino desse gênero textual e algumas possibilidades de atividades que podem ser realizadas em sala de aula com o objetivo de estimular a aprendizagem e interação entre os professores e os alunos. Para isso, utilizaremos como aparato teórico “Aula de português: encontro e interação” (2003) e “Lutar com palavras: coesão e coerência” de Irandé Antunes; “O ensino de produção textual com base em atividades sociais e gêneros textuais” (2010) de Désirée Roth e “Didática de ensino de língua portuguesa” (2009) de Regina Pereira que nortearão a nossa análise sobre possíveis didáticas realizadas em sala de aula com os discentes e, agregado a isso, metodologias que auxiliarão o processo de ensinoaprendizagem entre os professores e os alunos. Assim, será possível abordar o gênero carta e mostrar a sua importância como processo de interação a partir de vivências em sala de aula. SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 09 Letramento Crítico-Visual e Ensino de Língua Estrangeira: Reflexões acerca da Potencialidade do Trabalho com Textos Multimodais na Educação Básica José Edson Da Silva (UFPE) Diante do imperativo das novas tecnologias, da evolução dos métodos de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras e das necessidades socioculturais de produção de sentido é essencial que possamos pensar em ações pedagógicas que correspondam a essa realidade, afinal, a comunicação humana não mais monomodal, se utiliza de diversos gêneros discursivos que lançam mãos de diferentes modos e recursos semióticos dotados de sentidos e significados explícitos e implícitos. Desse modo, este estudo tem como principal objetivo problematizar o papel e a potencialidade dos letramentos crítico e visual no ensino de língua estrangeira, em particular, o de língua espanhola como possibilidade de fomentar a capacidade crítica dos aprendizes através da do trabalho com textos visuais e em manifestações verbo-visuais. Para tanto, são retomados os conceitos de letramento (STREET, 2003; JORDÃO, 2007; SOARES, 2010); de letramento crítico (CASSANY; CASTELLÀ, 2010; CASSANY, 2015); de letramento visual (BÜHLER, 2009; ARAUJO, 2011) e da Gramática de Design Visual Gramática do Design Visual (KRESS & VAN LEEWUEN, 2006; BEZEMER & KREES, 2008; KUMMER, 2015). A metodologia empregada foi uma releitura e revisão bibliográfica. A pretensão, com o estudo é contribuir para um ensino/aprendizagem que fomente o desenvolvimento crítico-reflexivo dos aprendizes de língua estrangeira, valorizando as suas vozes e experiências, a fim de formar e desenvolver a cidadania tal como afirmam os documentos oficiais que regulamentam o ensino 23
de línguas na educação básica no Brasil e em Pernambuco, a saber: PCN (1998), PCN+ (2002), OCEM (2006) e PCPE (2013). Reflexões acerca da Utilização do Texto Literário nas Aulas de ELE José Edson da Silva (UFPE) Ana Carla Silva dos Santos (UFPE) O presente trabalho propõe uma reflexão acerca da utilização do texto literário nas aulas de espanhol como língua estrangeira, doravante ELE, como estratégia para romper com o processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira cuja metodologia adotada (muitas vezes) é a tradicional, em que se preocupa apenas com os aspectos gramaticais. Para isso, tomamos como base teórica os disseres de autores, tais como: De Greve e Van Passel (1971), que buscam integrar e problematizar o ensino de línguas atrelado à literatura e às manifestações culturais; Marcuschi (2008) e Celada (2013), que ratificam a importância de mudanças na prática docente, a fim de dinamizar mais as aulas e torná-las em momentos mais agradáveis de aprendizagem através do trabalho dos variados gêneros textuais, bem como a quebra da equivalência língua = gramática; e, Candido (1995) que problematiza a importância da literatura para a sociedade e a educação. De caráter qualitativo, esta pesquisa se constitui através de pesquisa de cunho bibliográfico e busca problematizar e (re) construir novos caminhos para as aulas de ELE, partindo da hipótese de que as aulas em que o texto literário está presente se torna mais prazerosa e oportuniza os alunos o desenvolvimento de suas habilidades, do mesmo modo que permite conhecer a cultura de outros países, o que acaba por possibilitar o desenvolvimento da interculturalidade nas classes de ELE. Ademais, pode ser um importante instrumento para o incentivo da própria leitura, que é algo de cunho político-pedagógico essencial na formação e conscientização do lugar do sujeito em meio à sociedade na qual está inserido, trabalhando, assim, questões interculturais e sociais, desenvolvidas através da interdisciplinaridade trazida por textos de diversos gêneros textuais/literários; o que dará abertura para a troca de conhecimento, possibilitando a difusão do pensamento crítico e reflexivo, que pode vir a despertar um maior interesse para com as aulas de língua estrangeira por meio de aprendizado mais satisfatório e significativo. Processos de Interlíngua da Língua de Sinais (L1) para Língua Portuguesa (L2) – Uma Análise de Produção Escrita em Língua Portuguesa por Alunos Surdos Ana Carolina Cordeiro Viana (UNICAP) Izabelly Correia dos Santos Brayner (UNICAP)
A escrita é uma ferramenta fundamental para uma participação ativa na sociedade, pois faculta acesso à educação e à cultura, e consequentemente uma integração social. Dentro do contingente de pessoas da sociedade brasileira, temos a comunidade surda, a qual tem como língua de comunicação a Língua Brasileira de Sinais – Libras, de modalidade visuoespacial. Considerando os processos de aquisição da linguagem, prevalência da oralidade na sociedade brasileira e dificuldades na escolarização, por vezes a comunidade surda possui dificuldade em se integrar a uma sociedade predominantemente ouvinte. Com isso em mente, o presente trabalho visa analisar aspectos de aquisição e proficiência em Língua Portuguesa como segunda língua para surdos, sob a perspectiva dos estágios de interlíngua trabalhada por Sônia Brochado. Foram analisados textos escritos em português de alunos surdos participantes do Grupo de Estudo e Práticas de linguagem – GEPLIS, na Universidade Católica de Pernambuco, coletados no banco de dados do ano de 2016. Os sujeitos tem idade de 16 a 20 anos; em processo de escolarização; proficientes na língua de sinais (L1) e em processo de aprendizagem da Língua Portuguesa (L2). Os resultados demonstram indícios para supor que a adequada aquisição da língua materna e a estimulação de atividades que promovam o contato com duas línguas, respeitando a Libras como L1 e o português escrito como L2, pode gerar melhores resultados no trabalho da aquisição da língua meta. Palavras-chave: Educação de surdos; Libras; Interlígua; Aquisição de linguagem
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A tradução literária: questões indispensáveis para começar Wendell Batista dos Santos (FAFIRE) A primeira tradução literária foi realizada por volta de 250 a.C., quando Lívio Andrônico (“o primeiro tradutor europeu”) traduziu ao latim a Odisseia de Homero. (FURLAN, 2001). Desde então, tem-se perguntado se, de fato, é possível traduzir literatura. Este artigo traz à tona debates recorrentes acerca da tradução literária, como sentido vs. forma, tradução de estilo, autonomia do tradutor e a própria traduzibilidade da literatura. Seu objetivo é incentivar os primeiros passos daqueles que desejam começar a traduzir literatura. Para isso, de forma sucinta, emprega uma metodologia que realiza uma pesquisa bibliográfica fundamentada em tradutores como Arrojo (2007), Rónai (2012), Benjamin (2013), Aslanov (2015), Schnaiderman (2015) e outros. Esperase despertar o interesse do leitor pela tradução literária, bem como sanar as dúvidas primevas de toda vereda tradutológica. Palavras-Chave: Tradução literária. Sentido vs. forma. Tradução de estilo. Autonomia SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 10 E se a Utopia Totalitária Fosse Real: A Literatura Distópica como Alerta à Sociedade Erico Monteiro da Silva (UFPE) A literatura distópica, gênero literário atrelado a ficção científica, narra um futuro obscuro da humanidade frente as ações de um estado totalitário e nos fornecem possibilidades de debates criticos, tanto no campo literário quanto no campo sociopolítico. Dentre as diversas possibilidades de análises criticas deste gênero, o objetivo aqui é discutir a distopia presente em O Homem do Castelo Alto (2009) e, a partir dos conceitos da literatura utópica e distópica, analisar o funcionamento do enredo distópico, pois possuem, em suas diversas características, de modo radical, o alerta sobre as consequências de ideias sociopolíticas e tecnológicas que pretendem protagonizar o progresso humano. As distopias, ao contrário das utopias e suas sociedades racionalmente felizes, demonstram um futuro catastrófico com elementos do fantástico e ou realista, mas em sua maioria, apresentam o hoje disfarçado de amanhã do espectro totalitário nazista na obra. Para esse empreendimento utilizamos os conceitos teóricos utópicos e distópicos em Vieira (2010), Clayes (2010) e Clayes e Sargent (1999). A metodologia utilizada é a bibliográfica e comparativa, pois o nosso entendimento é que há as mesmas marcas presentes em outras obras do (sub)gênero. As literaturas distópicas funcionam como críticas sociais e políticas, e a distopia funciona como um alerta às tendências utópicas que se mostram modelos de realizações perfeitas para a humanidade, mas as consequências são falaciosas e totalitárias. Observamos que Dick (2009), assim como outros autores do gênero em outros contextos narrativos, utiliza desse gênero para demonstrar como seria um mundo dominado pelo nazismo pós II Guerra Mundial e como a consciência coletiva iria se adaptar nesta realidade alternativa. Palavras-Chave: Utopia e Distopia. Ficção. Totalitarismo.
Atmosfera assombrosa e mórbida: o espaço gótico no conto Solfieri, de Álvares de Azevedo Janaína Souza Costa de Araújo (FACHO) Álvares de Azevedo é considerado o escritor mais bem dotado da Segunda Geração romântica no Brasil. Faz parte dos poetas que fugiram dos temas nacionalistas do Romantismo e se entregaram à contemplação poética de seu interior. Em 1855, escreveu a antologia Noite na taverna, na qual se encontra Solfieri, o conto em que se almeja a pesquisa. Nele, pretende-se analisar as manifestações dos elementos sórdidos, sombrios e fúnebres que permeiam o espaço da narrativa ultra-romântica. A metodologia se pauta em um estudo teórico fundamentado em Alfredo Bosi (2006), Maurício Menon (2011) e Júlio França (2015), a partir de uma análise estrutural do espaço e sua influência sobre a personagem Solfieri. O ponto principal da pesquisa é examinar como o espaço gótico contribui para a construção de uma atmosfera assombrosa e mórbida. Serão apontados os elementos góticos presentes na paisagem e como esses podem 25
expressar o inconsciente obscuro das personagens, afinal, na literatura romântica, o espaço vai além de uma simples decoração. Eduardo e Mônica: da Música ao Relato, uma Proposta de Retextualização e Análise Linguística Martinha Mari de Souza (UPE) A produção textual em sala de aula deve ter como crucial objetivo a possibilidade de (re) estabelecer um espaço de produção agradável, interativo, em que os alunos, sujeitos do ensinoaprendizagem, possam mostrar sua personalidade através da escrita. Também a Base Nacional Comum Curricular apresenta o eixo Produção de Textos, no campo Práticas de Estudo e Pesquisa, e afirma que, da mesma maneira que na leitura, não se deve idealizar que as habilidades de produção sejam desenvolvidas de forma genérica e descontextualizadas, mas por meio de situações efetivas de produção de textos pertencentes a gêneros que circulam nos diversos campos de atividade humana. Partindo deste pressuposto, este trabalho tem como base para estudo de texto, produção e análise linguística a música “Eduardo e Mônica” de Legião Urbana, com ênfase na retextualização do gênero canção para o relato a partir das ideias e contexto, além do emprego coerente de elementos coesivos necessários para a construção e linearidade do texto, a partir da visão sociointeracionista da língua, apoiada em Koch e Elias (2007) e por Figueiredo e Tavares (2007). Buscamos difundir a ideia de que o mesmo texto pode se apresentar de formas diferentes, em gêneros distintos, e isso depende da finalidade comunicativa e da situação discursiva pretendida pelo autor. O objetivo é oferecer condições para que os alunos, além de produzir textos, possam refletir acerca dos elementos responsáveis pela sequência de ações no gênero Relato Pessoal, ao retextualizá-lo. A metodologia foi dividida em: i. motivação; ii. audição da canção em vídeo; iii. Produção de mural; iv. Retextualização: produção de um Relato Pessoal; v. socialização dos textos produzidos. Durante a atividade, os alunos puderam distinguir as marcas pertencentes a cada gênero, assim como seus elementos sequenciais.
O Guarany: Literatura sob um Olhar Intersemiótico Renata Soriano (FACHO)
A leitura de clássicos nem sempre é a maneira mais eficaz de inserir a Literatura em sala de aula ou, pelo menos, não pela maneira também “clássica” de introduzir textos canônicos da Literatura Brasileira. Em 2003, Maria Helena Wagner Rossi, em seu tratado Imagens que falam : leitura da arte em sala de aula, alude dificuldade dos discente quanto à interpretação de imagens. Não à toa, as linguagens literárias e visuais são, junto à interpretação de textos escritos , problemas que assombram as salas de aula. Tal fato, ainda segundo Rossi, dar-se pelo desinteresse dos alunos por não entenderem textos que lhe são oferecidos por falarem outra “língua”. Fundamentando-se na Tradução intersemiótica(2003), de Julio Plaza; Semiótica plástica(2004),de Ana Cláudia de Oliveira, propõe-se um olhar mais atento à realidade dos alunos e a relação entre Literatura e artes visuais direcionadas a métodos mais atrativos. A interação Literatura, filmes, músicas, tirinhas, sites, vídeos , por exemplo, não é novidade e ,de certa forma, podem estimular o processo de leitura (efêmera e ocasional) , conquanto a continuidade da leitura dos clássicos ou mesmo outras literaturas ainda é insuficiente .Para tanto, será analisada a obra O Guarani, de José de Alencar, adaptada para o gênero quadrinhos , pelo ilustrador F. Acquarone (2018) , a fim de regatar a leitura e o interesse pelos livros clássicos, a princípio contextualizados. Em seguida, mostrar como as linguagens, com cunho intersemiótico, podem contribuir para autonomia quanto à leitura, interpretação e escrita dos discentes.
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Kamel Daoud e a releitura de Albert Camus: memória argelina e representações de gênero na ficção francófona periférica contemporânea Ariane da Mota Cavalcanti (UFPE)
O trabalho focaliza o romance Meursault contre-enquête (2013), de Kamel Daoud, que se constitui como uma reescritura paródica (HUTCHEON, 1991) do clássico L’ étranger (1942), de Camus. Daoud, escritor e jornalista argelino contemporâneo, reescreve a trama camusiana a partir de um lugar narrativo inédito: o de Haroum, irmão de Moussa, “árabe” assassinado por Meursault, protagonista do romance camusiano, retirando, no século XXI, a memória da família árabe do silenciamento que lhe foi imposto no século XX. Como registra Edward Said (1993), há um ocultamento da identidade árabe em Camus, o qual estaria relacionado a um gesto colonial e dominador da narrativa camusiana, que reproduziria ficcionalmente os contornos históricos da violência imperialista da França sobre a Argélia. Daoud, ao ressignificar Camus, reapresenta de modo diverso a memória argelina, bem como as figuras nacionais de homens e mulheres marginalizadas em L’étranger. Seu texto, pois, desconstrói e reconstrói representações cristalizadas dessas figuras, marcadas pelas tensões entre centro e periferia, entre aspectos culturais, econômicos e religiosos que caracterizam os diferentes povos. Tais aspectos é o que se pretende, a partir da perspectiva dos Estudos pós-coloniais, problematizar e colocar em debate.
BANNER 06 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL NO ROMANCE A REPÚBLICA DOS SONHOS (1984), DE NÉLIDA PIÑON Maria Thayna Mouzinho Bezerra (UFRPE) Este artigo objetiva apresentar o plano de trabalho A construção de uma discussão sobre a identidade nacional no romance A República dos sonhos (1984), de Nélida Piñon, que considera o contexto histórico do período pós-ditadura militar brasileira e propõe a apresentação de uma análise que revele se, para além de se configurarem reflexões pessoais de momentos importantes da história do Brasil, essa obra se constitui fruto de um nacionalismo crítico ou se ela repete a idealização sobre o caráter brasileiro. O plano de trabalho está vinculado ao projeto Ficção histórica brasileira no século XX: (Re)escritura da nação? desenvolvido no Departamento de Letras da UFRPE com financiamento do CNPq. A pesquisa possui caráter bibliográfico e os resultados serão postos em paralelo visando ao desenvolvimento de uma discussão teoricamente fundamentada que seguirá a linha de estudo da Literatura Comparada que propõe o diálogo entre a literatura e outras áreas do saber antropológico. Esse comparatismo entre arte literária e o conhecimento sócio-antropológico sobre identidade cultural se apóia, principalmente, na visão de Edward Said (2011), Leyla Perrone-Moisés (2007), Zilá Bernd (2003), Stuart Hall (2005) entre outros. É esperado uma construção fundamentada sobre o universo ficcional do romance A república dos sonhos, considerando o contexto histórico-brasileiro da década de 1980, com vistas a apresentar a configuração estética e ideológica que engrendra as obras de temática nacionalista desse período. BANNER 07 IRACEMA: um Estudo do Feminino Indígena na Obra de José de Alencar – José Rinaldo dos Santos Junior (FACHO) Iracema (1865) busca recuperar na literatura o passado histórico da colonização marcado pelos atos de violências, torturas e submissão dos povos originários aos invasores colonizadores. Desse modo, esta monografia tem o objetivo de investigar como o feminino indígena está representado na presente obra de José de Alencar. Para tanto, inicialmente, será lançado um olhar crítico sobre o Romantismo brasileiro do séc. XIX e o contexto de produção literária de
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Alencar, e, para isso, contaremos com as palavras de Oliveira (1999), Cunha (2012) e Silva (2016) que irão ampliar os horizontes para entendermos os discursos e as imagens que marcaram a figura dos indígenas no imaginário nacional. Em seguida, refletiremos sobre o sintagma feminino indígena dividido entre o conceito de feminino e o que é ser indígena. Em virtude disso, contaremos com o pensamento de Janice Thiél (2016), Ronald Raminelli (2013), Ludwig Schwennhagen (1970), Orlandi (1990), Priori (2013) e Judith Butler (2003). Por fim, discutiremos como a construção do feminino indígena se dá na obra Iracema, de Alencar, e como a obra, por meio de lendas, tradições orais, fragmentos, retrata a história de um relacionamento amoroso entre uma indígena de origem Tabajara, e Martim, um guerreiro branco e cristão com o intuito de atender as causas nacionalistas e promover a construção de uma identidade brasileira, seguindo as condições das elites do país. Palavras-chave: Iracema. José de Alencar. Mulher indígena. Literatura brasileira. Romantismo brasileiro. BANNER 08 Letramento Literário: Práticas de Leitura e o Gênero Horror Stenio Lima de Oliveira (UFPE) Paulo Fernando Costa De Melo (UFPE)
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a importância do contexto para compreensão dos sentidos profundos do texto. Baseado na perspectiva de língua como forma de interação tendo como referencial (KOCH, 2011, 2012) e (MARCUSCHI, 2008) buscaremos esclarecer as diferentes concepções de texto e contexto e identificar as relações existentes entre eles. Para tanto, exploraremos, através de exemplos retirados de postagens de páginas jornalísticas, as consequências do contexto para a compreensão, revelando assim, o papel do contexto diante de casos de ambiguidade, inferências-ponte e justificativas em textos escritos. Após perceber os crescentes casos de posturas assumidamente preconceituosas e excludentes, buscaremos aliar o trabalho a uma funcionalidade de conscientização, fornecendo, assim, através do conteúdo exposto, uma forma de ensinar e analisar diferentes textos que apenas podem ser compreendidos em sua magnitude, através da percepção do contexto em que eles estão inseridos, o que possibilita uma ampliação do horizonte de criticidade e compreensão. Para tanto, fundamentamos nossa prática nos pressupostos de (DIJK, 2008), o qual estabelece meios e critérios para a uma análise crítica do discurso baseada no combate às desigualdades sociais. Palavras-Chave: Texto – Contexto – Compreensão
BANNER 09 A Desigualdade Social no Conto “O Cobrador”, de Rubem Fonseca Fernanda Ferreira Barreto (UFRPE) A literatura é utilizada muitas vezes como forma de expor criticamente os conflitos sociais, e não foi diferente no conto de Rubem Fonseca. O presente trabalho tem o intuito de problematizar as diversas questões sociais apresentadas no conto “O cobrador” (1979), enfatizando os privilégios da elite e o que essa condição social acarreta nas classes mais baixas e marginalizadas. O autor desse conto é conhecido por retratar a violência urbana e relacioná-las aos vários problemas existentes na sociedade. “O Cobrador” foi analisado de modo crítico e cauteloso, a fim de trazer reflexões sobre a relação da violência com a desigualdade social. Essa análise se deu por meio de semelhanças entre os contextos sociais do conto e da realidade, e a vida pessoal e carreira literária do autor, que trabalhou na área policial e tal fato o motivou a escrever sobre esses temas. Para melhor embasamento argumentativo, serviram como base teórica os conceitos de violência e da não-violência apresentados por Marilena Chauí (1998), professora da USP, em seu artigo “Ética e Violência”, a definição de desigualdade social dita por Karl Marx (1867) e capítulos de Antônio Cândido (1965) em seu livro “Literatura e Sociedade” que retratam sobre a crítica social
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dentro da literatura moderna. Por essa pesquisa bibliográfica, pode-se concluir que a violência possui diferentes viés e é de bastante importância apresentá-los através da literatura, e o conto “O Cobrador” os retoma de forma crua e crítica, com o objetivo de despertar diversos questionamentos acerca da violência urbana (e da não-violência) em consonância com a pobreza e/ou riqueza. Palavras-chave: desigualdade social; violência; literatura; o cobrador; Rubem Fonseca.
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