CADERNO DE RESUMOS 2018
RESUMOS1
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 01
Letramento literário e cordel: um novo olhar para o ensino de literatura Gilles Villeneuve Souza Nascimento (UFPE) Ao reconhecer as dificuldades que perpassam o ensino de literatura no cenário atual, este estudo apresenta o letramento literário por meio do gênero cordel como proposta para o trabalho escolar com a disciplina em questão. A pesquisa dialoga com as contribuições teóricas de Zilberman (1991/2003), Lajolo (1985/1994) e Martins (1994) – sobre leitura e formação do leitor; Freire (1975/1987), Kleiman (1995/1996) e Soares (2004/2006) – sobre letramento; Cosson (2014) e Zappone (2008) – sobre letramento literário; Curran (2009/2011), Marinho e Pinheiro (2012) – sobre literatura de cordel e ensino. Como forma de comprovar o possível sucesso do método pensado, optou-se por escolher uma obra do cordel – As Proezas de João Grilo, de João Ferreira de Lima / João Martins de Athayde – e, a partir dela, elaborar uma sequência didática com base na sugestão de Cosson (2014) para o ensino com foco no letramento literário do educando. Esta sequência foi aplicada numa experiência de oficina de leitura com um grupo de 16 estudantes de turmas do 6º ano do ensino fundamental. Os informantes foram submetidos a entrevistas através de questionários semiestruturados, estes posteriormente analisados sobre o critério qualitativo. Os resultados constataram que explorar as potencialidades do folheto atreladas a práticas sociais de letramento trata-se de um meio interessante e eficaz de promover a formação do leitor. Palavras-chave: letramento literário; cordel; literatura e ensino; formação do leitor.
Letramento literário e a poesia nas escolas: um estudo sobre a leitura, a formação do leitor e a construção do senso crítico por meio dos textos poéticos Alexandre da Silva Bezerra (FACHO) A pesquisa aborda o letramento literário por meio dos textos poéticos propondo reflexões e apontando teorias que possibilitam melhores entendimentos a respeito de uma problemática muito recorrente nas escolas, que é o ensino-aprendizagem de literatura. Outros fatores que também fazem parte dos estudos são: a leitura e a formação do leitor. Portanto, aprender a despertar o senso crítico dos leitores por meio das leituras dos textos poéticos é muito importante para o letramento literário. Nesse sentido, as afirmações de Cosson (2014-2016) permitiram o enriquecimento das abordagens sobre os paradigmas do ensino de literatura, bem como das explicações a respeito das habilidades e/ou estratégias que podem favorecer o ensino, se forem aplicadas adequadamente. Outros pesquisadores como: Carlos Alberto Faraco (2016), Vincent Jouve (2002) e Irandé Antunes (2017), dentre outros, compõem os embasamentos teóricos das argumentações apresentadas. Assim, a investigação foi conduzida para os esclarecimentos e abordagens sempre ricas em afirmações que viabilizaram noções amplas e discussões diversas, objetivando a contribuição com todo o processo de ensino literário. Logo, entende-se, que os resultados dos estudos dessa pesquisa podem contribuir com o ensino- aprendizagem de literatura e com a formação do leitor por conter abordagens favoráveis às compreensões e necessidades que se apresentam nos discentes. Dessa forma, as observações presentes foram
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A comissão Organizadora do XIV EELL informa que tanto a forma quanto o conteúdo dos resumos publicados neste caderno e os artigos publicados no E-BOOK são de responsabilidade de seus respectivos autores. A ordem de apresentação nas sessões deve respeitar o disposto na programação, ou, caso seja necessário, adaptada a critério do coordenador da sessão. 1
trabalhadas dentro do que a problemática necessitou e os objetivos foram cumpridos comprovando, com isso, a assertividade desta investigação. Palavras-chaves: letramento literário, leitura, formação do leitor.
Porque Narciso acha feio o que não é... Moderno Roberto A. Queiroz (UFPE) O Projeto Didático de Regência PORQUE NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É... MODERNO, aplicado numa turma do terceiro ano do ensino médio de um curso profissionalizante no IFPE, no primeiro semestre de 2018, resultado da disciplina Estágio Curricular em Português IV, foi um trabalho construído com a participação do professor doutor Adriano Moura (IFPE) e do professor doutor Clécio Bunzen (UFPE); teve como base o ensino aprendizagem do modernismo português e modernismo brasileiro da primeira fase, com foco no gênero manifesto. Pretendeu uma proposta de atenda à expectativa sociointeracionista na construção dos saberes; intertextualizando elementos dos assuntos base do PDR com poemas, músicas e outros manifestos contemporâneos. Executamos, como parte proposta de letramento literário, um breve trabalho sobre retórica a fim de que percebessem a importância de elementos linguísticos, paralinguísticos e extralinguísticos na atividade oral; foi produzida também, editada, revisada, diagramada e impressa, com a participação dos alunos em todo o processo editorial, uma antologia poética de autores portugueses, brasileiros e outros, escolhidos pelos alunos, além de conter também, um poema autoral de cada um deles, que lhes ficará de recordação do ensino médio. O objetivo, a fundamentação teórica e a metodologia estão imbricadas na perspectiva de que o trabalho com projeto didático é uma ferramento riquíssima para o graduando que ora encara uma sala de aula como facilitador no processo de ensino-aprendizagem. Estar estagiário deve gerar insegurança, é comum, mas os professores supervisores devem ser parceiros nos ajudando a adquirir a segurança e autonomia necessárias para enfrentar as tensões da sala de aula. Palavras-chave: Ensino médio; Estágio; Letramento Literário; Língua Portuguesa. SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 02
"O estrangeiro" relido no Cinema e na Literatura: Camus, Visconti e Kamel Daoud Ariane da Mota Cavalcanti (UFPE) O trabalho discute como "O estrangeiro" (1942), de Camus, é ressignificado no filme "O estrangeiro" (1967), de Luchino Visconti, e no romance contemporâneo argelino de Kamel Daoud, "O caso Meursault" (2013). Focaliza-se, a partir dos estudos pós-coloniais, em especial do pensamento de Edward Said (1995), como cada releitura reapresenta os sentidos do clássico camusiano em diálogo com seus respectivos contextos de produção.
A construção diegética da narrativa distópica de George Orwell em “1984”: A estratégia narrativa espacial e a realidade contemporânea Fernanda Érica Silva de Lima (FACHO); Frederico José Machado da Silva (FACHO) – orientador. O presente trabalho se propõe a analisar a obra 1984, de George Orwell, buscando evidenciar como é construída no texto a ambientação da distopia e, também, evidenciar quais os recursos estilísticos são utilizados no processo de construção da narrativa. Primeiramente, apresenta-se
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a noção de espaço geográfico e de como é estruturado os textos narrativos que recorrem à construção espacial como ferramenta responsável pela solidez narrativa, com o auxílio das análises de Joseph Frank com a obra Spatial form in modern literature (1982). Em segundo lugar, apresenta-se de que forma os recursos linguísticos podem ser condutores fundamentais para a estruturação no quesito espacial. Por último, apresentam-se os recursos utilizados na obra de George Orwell, para o qual utilizou-se as teses de Käte Hamburguer em A Lógica da Criação literária (1989), bem como a relação mimética com texto com a modernidade contemporânea em Mímesis e modernidade (2003), de Luiz Costa Lima. Dessa forma, conclui-se que a obra em questão é abastecida pela utilização desses recursos e em detrimento da suspensão de outros elementos narrativos sendo esses os condutores responsáveis para a clareza da narrativa mediante a intenção do narrador. Palavras-chaves Distopia, Narratologia, 1984, Literatura.
O Adultério Feminino no Romance Realista - Dom Casmurro Mônica Maria Amaral Barros (FACHO); Frederico José Machado da Silva (FACHO) – orientador. O presente artigo faz uma abordagem ao romance realista Dom Casmurro, de Machado de Assis, no tocante à visão do adultério feminino sob o enfoque do narrador masculino de uma sociedade patriarcal, que diante da provável infidelidade da mulher, impõe-lhe a pena do homem traído, do qual emerge seu caráter autoritário, ditando o destino dessa mulher. Como todo texto literário, a obra reflete o contexto histórico no qual surgiu, pelo que a obra Dom Casmurro retratar a sociedade patriarcal machista do século XIX. Em Dom Casmurro, trata-se de narrador autodiegético, ele participa da história como personagem principal – narrador protagonista, sendo, a narrativa contada de forma parcial, e, portanto, reveladora de seu perfil machista. Respalda-se o trabalho da parte doutrinária de Aguiar e Silva (1984); Massaud Moisés (1984/2001); Sérgio Buarque de Holanda (1978); artigos científicos, bem como de trechos das obras de Machado de Assis – contos (1975/2017) e o romance Dom Casmurro (2016). Palavras-chaves: Realismo; D. Casmurro; adultério feminino, machismo SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 03 Diálogos entre História e Memória em Vinte E Zinco de Mia Couto Suelany Ribeiro (FACHO) Vinte e zinco (2004) é o terceiro romance de Mia Couto cujo título enfatiza a pobreza da periferia de Moçambique, lugar onde o zinco serve de teto para as moradias, ele se passa de 19 a 30 de abril de 1974, período pré, durante e pós Revolução dos Cravos. Sabe-se que a obra resulta de uma encomenda da editora Caminho, em virtude da comemoração dos 25 anos do 25 de Abril Português, resultando no: “cumprimento de um dos célebres D do Manifesto do MFA, descolonizar, e, portanto, a ascensão de Moçambique, e de todos os territórios africanos de língua portuguesa, à independência” (ROTHWELL, 2013, p. 143). Esse momento histórico é carregado de uma série de mudanças na vida da população, que caminha para a independência. Nesse sentido, pretendemos investigar quais são as relações entre a memória e a história de Moçambique no romance Vinte e zinco (2004). Para isso, utilizaremos como suporte teórico José Luís Cabaço (2009), Patrícia Villen( 2013) e Lincoln Secco(2004). Palavras-chave: Mia Couto. História. Memória. Moçambique. Romance.
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Memória, Oralidade e Produção Textual: lembranças e imagens de leituras e histórias Lylian José Felix da Silva Cabral (SEDUC/CICM) Este projeto de pesquisa e intervenção contribuiu para a rememoração das histórias e leituras do passado, por meio da voz das lembranças de pessoas mais velhas. Foi uma pesquisa qualitativa realizada por estudantes de oitavos anos do Ensino Fundamental do Colégio Imaculado Coração de Maria de Olinda-PE e se utilizou da metodologia da história oral. A história oral é um método de pesquisa que utiliza a técnica da entrevista e de procedimentos articulados entre si, para registrar narrativas da experiência humana. Divide-se em três gêneros: tradição oral, história de vida e história temática. No caso da nossa pesquisa, como investigamos um ponto específico: LEMBRANÇAS DAS HISTÓRIAS E LEITURAS se tratou de uma investigação temática, já que as entrevistas foram direcionadas a um tema específico. As teorias que embasam este trabalho estão ligadas aos estudos sobre a memória e às confluências de ideias que tais temáticas podem suscitar, como: a oralidade ligada aos aspectos mnemônicos e a identidade cultural a partir dos espaços poéticos criados pela literatura. Utilizei um aporte teórico constituído por pensadores que abordam temáticas ligadas à memória e às poéticas da oralidade e que promovem discussões sobre o espaço (local-global), realidade e ficção. Destaco Paul Zumthor, Henri Bergson, Paul Ricoeur, Maurice Halbwachs, Ecléa Bosi, Edouard Glissant, Márcio Seligmann Silva, Wolfgang Iser. O trabalho foi dividido em três partes: leitura e produção reflexiva sobre os estudos da memória, da oralidade e da importância de saberes culturais para o conhecimento da Língua Portuguesa e da produção textual, construção de um instrumental para entrevistas; realização das entrevistas que foram filmadas, e análise dos dados obtidos; por fim, construção do livro com base nos conhecimentos adquiridos e percepções imagéticas dos alunos. A intenção primordial dessa experiência foi de demonstrar a importância dos estudos sobre a memória e o impacto positivo que conhecer outras realidades pode contribuir para a construção de um indivíduo crítico e atuante em sua comunidade. Palavras-Chave: Memória; Oralidade; Produção textual; História oral; Lembranças de histórias.
A Memória da Ditadura Militar e o exercício Autoficcional no romance "A Resistência", de Julian Fuks João Ricardo Pessoa Xavier de Siqueira (UFPE)
A estreita relação entre política e literatura pode ser verificada por meio do elevado número de obras ficcionais que utilizam em seus enredos elementos do passado histórico e político de nosso país. É nesse contexto que se insere o romance A resistência (2015), do escritor brasileiro Julian Fuks, que intercala episódios das histórias recentes do Brasil e da Argentina, tendo como pano de fundo a busca pela origem do irmão adotivo do narrador personagem. O presente trabalho objetiva analisar o referido romance enquanto espaço de exercício da autoficção, abordando-a como um dos aspectos constituintes da ficção brasileira contemporânea. Tendo o texto literário como corpus principal de análise, buscou-se dialogar com as contribuições teóricas de autores que versam sobre aspectos inerentes ao romance, tais como: memória, autoficção/escrita de si, trauma e violência nas ditaduras militares. Nesse escopo, foram úteis as contribuições de Walter Benjamin (1994), Paul Ricoeur (2007), Philippe Lejeune (2008), Judith Butler (2015), Diana Klinger (2008) e Márcio Seligmann-Silva (2013), dentre outros. A partir de um trajeto metodológico que se inicia com a análise dos elementos que compõem a narrativa, buscou-se dialogar com um corpo de construtos teóricos previamente selecionados e verificando o modo como eles se materializam e se articulam na tessitura da narrativa, com destaque em trechos específicos do romance. Na tentativa de compreender a escrita de si enquanto exercício estético buscou-se atentar para como a narrativa pode se compor coletivamente, evidenciando movimentos nos quais as vozes do sujeito que narra/escreve dialogam com a presença do corpo comunitário/coletivo que o constitui. Palavras-chave: Autoficção. Romance brasileiro. Escrita de si. Ditaduras militares.
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A caracterização da Narrativa do Romance em Rachel's Holiday (Férias) Àdria Izabel Rodrigues Da Silva (FACHO); Frederico José Machado da Silva (FACHO) – orientador. Objetiva-se com esse artigo identificar aspectos da estrutura do gênero literário Romance, da personagem Rachel na obra Rachel's Holiday (Férias) da autora Marian Keyes, colocando em evidência a narrativa da personagem, observando aos detalhes contidos na obra, que permitem a interação do leitor através dos fenômenos linguísticos da análise do discurso. Identificar o dito não dito, o que a personagem nega em sua fala e o que o leitor identifica como afirmativa através de sua narrativa. Para o alcance dos objetivos propostos, serão úteis os conceitos sobre os gêneros Narrativa e o Romance baseados na obra de Georg Lukács (1965) e os aspectos linguísticos da análise do discurso na obra de introdução à linguística II Mussalim (2004) Palavras-chaves: romance; teoria; linguística.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 04
Multimodalidade e Multiletramentos: algumas considerações teóricas e metodológicas Maria Lúcia Ribeiro De Oliveira (FAFIRE)
Este estudo, recorte de uma pesquisa voltada para a multimodalidade e os multiletramentos nos anos finais do ensino fundamental, tem como objetivo destacar a importância de um ensino de língua materna que considere as novas e múltiplas formas linguísticas dos nativos digitais, em toda sua multimodalidade, no intuito de proporcionar um ensino de língua materna mais significativo e associado à realidade dos alunos. Nessa perspectiva, levamos em consideração os postulados teóricos de Dionisio (2006), Lima (2015), Queiróz (2005), Rojo e Moura (2012) dentre outros; bem como analisamos as resenhas contidas no PNLD 2017 para observar as atividades com gêneros multimodais, notadamente no que concerne ao letramento visual. Os resultados dessa análise indicam que muito ainda precisa ser feito nesse campo e que a pedagogia dos multiletramentos precisa ser mais levada em consideração. Palavras-chave: Ensino de língua materna; gêneros multimodais; multimodalidade e multiletramentos; letramento visual.
A língua portuguesa e suas variedades num espaço democrático: Trabalhando variações através da sequência didática Ramona Gabriela Oliveira de Freitas Paz (FERNANDO FERRARI) Este trabalho analisa o uso das variações linguísticas em algumas escolas da rede de ensino privada, ou particular, no município do Paulista, Pernambuco. Baseado em pesquisa feita com a aplicação de questionários, tenta investigar como esse tipo de fenômeno acontece nas instituições escolares e como a disciplina de Língua Portuguesa pode contribuir como elemento democrático nesse tipo de organização, ao rechaçar ou não, por exemplo, o uso de gírias em sala de aula, variante da língua. Assim, aplicaram-se 13 questionários direcionados aos professores de Língua Portuguesa do segmento médio. A pesquisa segue o tipo de investigação descritiva, ou seja, busca especificar as características e o perfil de pessoas, grupos, comunidades, objetos, ou qualquer fenômeno que se submeta a uma análise. Seu enfoque é quantitativo, não experimental com parâmetro de corte transversal, pois foi coletada em um único momento. A investigação tem como objetivo determinar a interação dos professores no processo de ensino aprendizagem em língua portuguesa e suas variantes através de uma democracia nas escolas privadas do município de Paulista, Pernambuco, entre os anos de 2016 e 2017. O resultado obtido ao finalizar a pesquisa foi que professores dizem fazer parte de uma gestão democrática, porém não aceitam o uso da variação linguística, gíria, no âmbito escolar. Sendo a
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língua falada tratada ainda como algo cristalizado e imutável. O trabalho é embasado pela teoria de Mikhail Bakhtin (1983) e Nestor Beck (1996).
Lutando por um Bairro Melhor Djário Dias de Araújo (UFPE) Maria Lúcia Ferreira de Figueirêdo Barbosa (Orientadora–UFPE)
Na perspectiva de ensino na EJA, não basta só ensinar a ler e escrever, faz-se necessário oferecer uma educação como prática de liberdade, problematizadora, que prepare para o exercício da cidadania. Foi com base nesses princípios que desenvolvemos o projeto “ Lutando por um bairro melhor”. Alguns alunos comentavam sobre a campanha que estava sendo veiculada por uma emissora de TV em que as pessoas comentavam sobre o Brasil que elas queriam. Num debate promovido sobre isso, os estudantes comentaram que, na verdade, tudo deveria começar pelas necessidades mais urgentes do bairro, pois muitos serviços básicos, como coleta de lixo, saneamento, iluminação púbica, entre outros, não estavam sendo oferecidos à comunidade. Surge, a partir disso, esse projeto, que teve como objetivo identificar as necessidades sociais do bairro, tendo a leitura e a escrita como instrumento de transformação e registro. Diante disto, tivemos como referencial teórico as contribuições de Dubar ( 1991) Huber ( 1999), Bhatia ( 1997); Ventura ( 2001), Bazermann ( 2005), Marcuschi (2008), entre outros. Além de muitas atividades em sala, como debates, análise de diferentes gêneros da esfera jornalística ( notícias e reportagens) sobre o nosso bairro, os estudantes fizeram uma pesquisa quali-quantitativa. Eles fizeram a 150 pessoas da comunidade o seguinte questionamento: Em termos de serviço público, qual seria a prioridade para o nosso bairro? Os dados foram trazidos para a escola e de forma qualitativa, foram analisados, comparados com outras pesquisas. A exemplo do que aconteceu o projeto que nos inspirou, os estudantes também fizeram vídeos, comentando sobre as necessidades urgentes em suas comunidades, produziram um blog, onde postaram todo o material produzido. Numa culminância feira no final do semestre, tudo o material foi socializado com a comunidade escolar. Foi observado avanço na competência linguística dos alunos, bem como na conscientização sobre seus direitos sociais. Palavras-chave: Projeto Didático; EJA; Conscientização.
O assédio em turmas da EJA: combater é preciso! Djário Dias de Araújo (UFPE) Maria Lúcia Ferreira de Figueirêdo Barbosa (Orientadora–UFPE)
O assédio é uma realidade antiga, e que, numa sociedade patriarcal e machista era algo quase naturalizado, comum e aceito por muitos. Mas, como ressaltado, esse quadro está mudando. Com as denúncias, essa situação está se descortinando, mostrando que NÃO podemos aceitar tal cenário como algo que “faz parte de uma cultura. No início do semestre, algumas alunas comentaram sobre o assédio que sofreram durante o carnaval, sentiram-se intimidadas e desconfortáveis com algumas situações ocorridas. Mas uma comentou que na escola aquilo também ocorria que muitos colegas se achavam no direito de assediá-la verbalmente e até com toques, a partir disso, surge o projeto “Combater o assédio é preciso”. Tivemos como aporte teórico as contribuições de Saviani (2008), Hernández (1998), Barbosa & Horn (2008); Mendonça (2007), Schneuwly, Dolz e Noverraz (2004). Com base nas sugestões da turma, elaboramos várias atividades, como leitura e análise de reportagens e notícias sobre o tema, estudo sobre pesquisas envolvendo assédio, produção de textos de opinião, elaboração e gravação de uma campanha e um curta sobre a questão do assédio. Por fim, numa perspectiva qualitativa, Todo o material produzido durante o projeto foi socializado com a comunidade. Observamos que houve avanço na leitura e na escrita, bem como na oralidade dos estudantes, mas a conscientização sobre esse importante tema com toda a comunidade escolar foi realmente o marco desse projeto. Palavras-chave: EJA; projeto didático; assédio.
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 05 Do pós-método à literatura: ensinar/aprender inglês no Século XXI Dulce Porto Rodrigues (FAFIRE)
Analisa-se que ser professor inglês no século XXI é concatenar metodologias e abordagens apropriadas ao nível intelectual do aluno, visando sua motivação, observando seus estilos de aprendizagem e inteligências, e a regência de sala que resulta positivamente, além de levar o aluno a desenvolver uma aprendizagem de cunho educacional-pedagógico e ético-inclusivo e competências cognitivas. Na “era pós-método”, o professor fundamenta sua prática em princípios pedagógicos para o “tratamento” do que deve ser ensinado/aprendido, avalia o aluno a partir da experiência do aprender e para o aprender, é reflexivo, levando o aprendiz a entender que um ensino/aprendizado baseado na estrutura da língua não mais corresponde às necessidades daqueles que estudam a língua inglesa, em um contexto de interculturalidade no sentido de desenvolver seu conhecimento a partir de suas experiências e das vivenciadas por outros indivíduos, encontrados em textos literários, resultando, assim, um novo conhecimento. Palavras-chave: Ensinar/aprender inglês. Professor reflexivo. Pós-método. Interculturalidade. Literatura.
Aquisição da LE inglesa e o seu processo de ensino aprendizagem aplicado e o desenvolvimento das Competências Linguísticas em discentes Lilian das Neves Henrique da Silva (SEDUC-PE)
O artigo científico sobre a Aquisição da LE Inglesa e o seu Processo de Ensino Aprendizagem Aplicado e o Desenvolvimento das Competências Linguísticas busca analisar como a LE inglesa vem sendo adquirida por parte dos discentes, como também observar qual o desempenho destes diante da nova linguagem. Como objetivos gerais para esta investigação, busca-se analisar as teorias usuais que estão sendo aplicadas no que tange a Aquisição da Língua Estrangeira Inglesa; bem como, compreender o processo de ensino-aprendizagem entre os estudantes durante o processo de ensino-aprendizagem através de alguns métodos e/ou estratégias. O enfoque e o método quantitativo foram escolhidos por apresentarem uma abordagem objetiva e concisa dos dados analisados; o alcance do estudo foi descritivo com o desenho nãoexperimental por se tratar da observação dos fenômenos de acordo com seu contexto natural, também possui característica fenomenológica, porque há o enfoque nas experiências individuais subjetivas dos participantes. O desenho da investigação também apresenta o corte transversal, porque é direcionado à uma condição particular. Das análises realizadas, depreende-se que o discente desenvolveu todas as habilidades necessárias esperadas para se tornar proficiente na LE inglesa. E que muitos desconheciam a teoria aplicada em sala de aula. Pode-se concluir que é preciso sempre aprimorar a metodologia em sala de aula, como também incentivar esses discentes a buscar o conhecimento fora dela, proporcionando cursos em institutos de LE ou até o intercâmbio, para o aprendiz viver a LE em aprendizado. A principal meta é de descrever, compreender e interpretar os fenômenos que levam a uma boa aprendizagem da Língua Inglesa, através das percepções e significados produzidos pelas experiências dos participantes, buscando soluções para melhorar essa aprendizagem, como também corrigir possíveis falhas. Palavras-chave: Aprendizagem; Aquisição; Estratégias; LE; Métodos.
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Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Literatura Surda em Libras (Fábulas e Contos de Fadas como Primeira Língua L1) – Antonio Carlos Cardoso (UFPE); Débora Uchôa Carneiro Cardoso (UNICAP).
Atualmente, os surdos têm sido o foco de debates e discussões, porém, não foi sempre assim, tudo isso veio com o passar dos anos, juntamente a militância surda, que lutou por maiores conquistas. Principalmente após a promulgação da Lei 10.436/02 que oficializou a Libras como língua brasileira de sinais (Libras), no Brasil e tornou a língua obrigatória em alguns cursos do Ensino Superior. Sendo assim, é importante reconhecer as diferenças, sobretudo, a questão das línguas para os surdos: A língua de sinais(L1) e a língua portuguesa (L2). Dentro dessa entrelaçado comunicacional em que o surdo está inserido é preciso tamém criar estratégias para crianças surdas se desenvolverem no letramento, incluindo dentro dessas estratégias a questão da literatura surda. Este trabalho tem como objetivo disseminar as diferentes maneiras de expressividade do surdo, através da arte e principalmente da literatura surda. Para fundamentar teoricamente este estudo, trabalharemos com autores que que tratam do tema, tais como Farias (2006), Perlin (2002), Quadros (2004), Sutton-Spence (2014), Karnopp (2008) e Kuntze (2007). Esperamos com esse trabalho ampliar o conhecimento e contribuir para o ensino aprendizagem de alunos, pedagogos, professores e interessados.
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 06
O Modernismo Peculiar de Manuel Bandeira André Caldas Cervinskis (UFPE/UFPB) Pleno de si, dominando tanto o verso livre e branco quanto o soneto, Manuel Bandeira fez do Modernismo a escola de sua vida. Ajudou inúmeros autores iniciantes a começar a escrever poesia e participou intensamente da vida cultural do Brasil entre 1920 a 1960, quando veio a falecer. Falou de artes Plásticas, música, teatro, cinema e outros assuntos considerados triviais, inclusive concurso de Miss Brasil. Sua obra em prosa (crônica) e versos é considerada o espelho da alma nacional, pois carregava em si os afetos, desafetos, sofrimentos, mas esperança e labuta do brasileiro comum. Esta comunicação destacará o papel moderador e equilibrado de Manuel Bandeira frente à chamada 1ª. Geração modernista (1922) e seguintes. No reconhecimento de que a temática de nossas identidades culturais encontra-se elaborada e discutida, a partir das mais variadas fases de nossa vida social, e manifestada nas mais diversas linguagens – a descritiva, a ensaística e a literária -, nos voltaremos para o estudo dessa recorrência discursiva em nossa literatura. Para tanto, elegemos como objeto de análise a obra de Manuel Bandeira, em especial os suas crônicas, pois nessa poética a construção simbólica de nossas feições encontra-se de forma mais expressiva e manifesta. Os focos de análise serão as crônicas de Manuel Bandeira, sendo utilizadas, principalmente, sua antologia Seleta de Prosa (1997) e as Crônicas Inéditas I e II, de Júlio Castañon Guimarães. Nosso artigo pretende esmiuçar a contribuição de Bandeira no debate sobre Modernismo e Tradição, provincianismo e regionalismo; sua relação com o primo e mestre de Apipucos, Gilberto Freyre, que, através do manifesto regionalista de 1926, por ele liderado, impôs duras críticas e campanhas contra as vanguardas emergentes no Brasil das décadas de 1920 e 1930 no país. Palavras-chave: Manuel Bandeira. Modernismo. Manuel Bandeira e Modernismo. Tradição e Modernidade em Manuel Bandeira.
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CAPITÃES DA AREIA: O universo dos capitães e a atemporalidade em seu contexto histórico e social na obra de Jorge Amado – Everton Felipe Tenório da Silva Santos (FACHO); Jonatas Nicacio Cardoso da Silva (FACHO); Frederico José Machado da Silva (FACHO) – orientador. O presente artigo analisa a relação entre construção dos personagens e o contexto histórico social da época da escrita em Capitães da Areia, de Jorge Amado. A finalidade deste artigo é evidenciar como a problemática se faz pertinente nas épocas anteriores e posteriores à obra. Ao desenvolver o trabalho, usou-se a pesquisa bibliográfica, para mostrar a problematização do menor abandonado na literatura brasileira e sua ligação com o que se convencionou chamar de literatura modernista, tendo como base autores como Durval Muniz (1999) retratando a sociedade do romance de 30 e Georg Lukács (2000) com sua concepção de romance. É deixada explícita ao decorrer da leitura, a crítica às desigualdades da sociedade vigente e não vigente à obra, baseando-se em autores canônicos como Clarice Lispector (1992) e Azevedo (2004) a fim de nortear a discussão, como objetivo de mostrar que tais concepções não foram restritas aos textos entre as fases modernistas, levantando, através disso, questionamentos em relação aos menores de rua, que vivem em condições precárias de exclusão, marginalização e pobreza, fazendo presente na ficção amadiana. Palavras-chaves: Capitães da Areia; Personagens; Desigualdade social; Narrativa.
O Divino e o Urbano: Duas faces da poesia independente pernambucana Mariana Salustiano Botelho (FACHO); Matheus Henrique Sousa Araújo (UFPE). Este trabalho analisa dois autores: Alberto da Cunha Melo e Miró da Muribeca - poetas pernambucanos, independentes e de gerações distintas - buscando evidenciar as semelhanças temáticas e as diferenças técnicas nos dois fazeres poéticos. Problematizando, portanto, a existência de poéticas opostas para expressar a mesma realidade do meio urbano, o mesmo amargor quando versam sobre o amor e a mesma relação do homem contemporâneo com Deus. Para isso, utilizaremos autores da crítica tradicional tais quais Moisés (1989) e Wellek e Warren (1962); depoimentos de poetas e ficcionistas como Rilke, (1994), Pound (1970) e Carrero (2018); e a opinião de um dos autores sobre a questão, Melo (2009). Como resultado desta investigação, obtivemos a demonstração da pluralidade de formas poéticas na poesia pernambucana principalmente na vertente independente - e da possibilidade de expressar sentimentos em comum (já citados anteriormente) dentro de prismas formais diametralmente opostos. Palavras-chave: Poesia. Independente. Pernambuco
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 07
A TRAGÉDIA E O SUBLIME EM MEDEIA DE EURÍPEDES: RELAÇÃO ENTRE LITERATURA E FILOSOFIA MODERNA Igor de Serpa Brandão Pereira Leite (FAFIRE) O presente trabalho propõe abordar a relação entre literatura e filosofia moderna, desde a concepção da linguagem trágica e do efeito trágico (ARISTÓTELES, 1991) e do trágico e do sublime (SCHILLER, 2011). Dado ao exposto, a obra de Eurípedes, Medeia (431 a.C.), problematiza a tensão entre a liberdade humana e a culpa trágica (THIBODEAU, 2015), porém esta questão de cunho filosófico remete, primeiramente, ao problema da linguagem trágica e de seu efeito catártico, de acordo com a visão aristotélica. Por outro viés, a apropriação da filosofia 9
moderna acerca do efeito trágico parte do seguinte conceito do sublime que indica uma preocupação da ética moderna e da formação moral do homem pelo fundamento da estética. Palavras-chave: literatura e filosofia; Linguagem trágica e efeito trágico; Trágico e sublime; Liberdade humana e culpa trágica; Filosofia moderna.
ANITA MALFATTI - EXPOSITORA DE ARTE EXPRESSIONISTA NA SEMANA DE ARTE MODERNA Bruna Maria Paz de Lira (ATENAS COLLEGE UNIVERSITY)
Nesta pesquisa tem a proposta de expor a arte expressionista decorrente pela artista Anita Malfatti, além do mais sendo inserido esse tipo de arte na Semana de Arte Moderna, então atribuído de críticas e elogios. Quando nós poderíamos imaginar que a essa artista chamada Anita Malfatti, um dia se tornaria uma das principais pintoras brasileiras. Alguém que tivesse tanta coragem de apresentar algo novo e revolucionário que é a Arte Expressionista Dentro da “terra Brasilis”, num tempo onde tudo era representado como uma linha reta, sem curva e aquilo que podemos definir como: “normal”, mas o que podemos definir como normal, você saberia me dizer? Seria ser acadêmico europeu do “rococó” que o crítico Monteiro Lobato critica, ou romper os laços do tempo criando novas linguagens? Suas pinturas, geraram espanto, risos e até comentários e críticas maldosas, geral do abalo, mas nada disso levou a artista a abandonar aquilo que foi a sua paixão “ a pintura e o desenho. Através das telas impactantes de Anita tem a ver com seu aspecto expressionista, novo para os padrões da arte brasileira de então. Tendo estudado em Berlim e nos Estados Unidos - e não na França e na Itália, caminho preferencial de nossas elites ilustradas. Dentro de uma pesquisa bibliográfica, são recolhidos dados dos autores: A concepção é baseada nas teorias históricas de: NICOLA, José de (1998), ALMEIDA, de Paulo Mendes (1976), AMARAL, Aracy (1970), e entre outras fontes.
ALBERTO CAEIRO ENTRE O PANTEÍSMO E O CRISTIANISMO: O SAGRADO NA LEITURA POÉTICA Izabelly Maria da Silva Mota (UFRPE)
Alberto Caeiro é um heterônimo criado pelo poeta Fernando Pessoa, sendo considerado, pelo próprio autor e pelos demais heterônimos, como um mestre. Sua principal obra, a série de poemas “O Guardador de Rebanhos”, contém muitas marcas pelo panteísmo, mas, apesar desse forte aspecto, também apresenta referências cristãs em algumas passagens. À luz dessa condição e para entender a articulação entre os dois eixos, analisam-se elementos do Panteísmo e do Cristianismo em peças de “O Guardador de Rebanhos”, contrapondo-as a passagens bíblicas e à tradição cristã. O corpus consiste nos poemas “XVII” e “XXXVIII” e nos versículos do livro de Gênesis caps. 16, 7-13 e 18, 1-3. A noção de panteísmo é construída a partir de Chardin (2010) e Barbier (2009), ao passo que o projeto estético de Caeiro é entendido com o auxílio de Moisés (1998) e Gama (1995). Percebe-se que o heterônimo, mesmo posicionando-se contra o Cristianismo, carrega elementos da religião em sua obra. Também é visível, nos versículos bíblicos e nos poemas, a representação divina no Cristianismo e Panteísmo, respectivamente. Sem desprezar a tradição cristã, assim, Caeiro oferece-lhe novas cores, num diálogo produtivo entre duas formas de se compreender o sagrado. Palavras-chave: Alberto Caeiro. Panteísmo. Cristianismo.
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