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Fernanda Young com as filhas Cecília e Estela: para ela, o casamento deve ser mantido em nome das crianças

Mãe não tem igual Histórias de sete mulheres, da monja à dona de casa, mostram como podem ser diferentes as visões da maternidade


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∞ ÍNDICE Diretor Executivo Juan Ocerin Diretor Editorial Paulo Nogueira Diretor de Mercado Anunciante Sergio Amaral Diretor de Finanças e Recursos Frederic Zoghaib Kachar

Diretor de Redação: Helio Gurovitz epocadir@edglobo.com.br Redator-Chefe: David Cohen Diretor de Criação: Saulo Marcelus Ribas Editores-Executivos: David Friedlander, Ernesto Bernardes Diretor de Arte: Marcos Marques Editores: Aida Veiga, Alexandre Mansur, Guilherme Evelin, Luís Antônio Giron, Marcelo Musa Cavallari, Ricardo Grinbaum Editores-Assistentes: Beatriz Velloso, João Sorima Neto, Ricardo Mendonça Repórteres Especiais: Andrei Meireles, Cristiane Segatto, Eliane Brum, Marcelo Aguiar, Ricardo Amorim Colunistas: Ricardo Freire; Fareed Zakaria; Joyce Pascowitch – com Simone Galib e Meire Marino (produtora) Repórteres: Ana Aranha, Cátia Luz, Leandro Loyola, Luciana Vicária, Paloma Cotes, Patrícia Duarte Cançado, Renata Leal, Solange Azevedo, Tânia Nogueira, Wálter Henrique Nunes; Elisa Martins, Ivan Padilla, Rafael Pereira, Suzane Frutuoso (colaboradores) Estagiários: Ana Galli, Flavio Machado, Gisela Anauate, Maria Laura Neves, Mariana Sanches, Thalita Pires Sucursais l Rio de Janeiro: epocasuc_rj@edglobo.com.br

14 Diferentes em quase tudo CAPA

Praça Floriano, 19 – 8º andar – Centro – CEP 20031-050

Com pouco em comum além do fato de ter dado à luz, sete mulheres contam suas visões da maternidade e como exercem a fascinante tarefa de educar os filhos

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Chefe: Thomas Traumann; Editora: Valéria Blanc Editoras-assistentes: Isabel Clemente, Martha Mendonça Repórter: Nelito Fernandes; Fotógrafo: Marcos Serra Lima Brasília: epocasuc_bsb@edglobo.com.br SRTVS 701 – Centro Empresarial Assis Chateaubriand – Bloco 2 – Salas 701/716 – Asa Sul

PRESENTES 34 Acessórios para casa, jóias, óculos e relógios que esbanjam charme MODA 42 Para cada peça, várias possibilidades de combinação

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NOTAS 08 Filho de Angelina Jolie e Brad Pitt rende US$ 3,5 milhões ao Unicef. E uma seleção de frases sobre mãe, de Freud a Leonardo DiCaprio HUMOR 22 Atire a primeira pedra a mãe que nunca fez uma bobagem

COMPORTAMENTO 48 O amor que nasce e cresce com as crianças especiais PONTO FINAL 50 O que acontece quando a mãe volta a ser filha da gente

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Chefe: Gustavo Krieger; Editor: Ronald Freitas; Repórteres: Matheus Machado, Matheus Leitão, Murilo Ramos; Fotógrafo: Gláucio Dettmar Fotografia l Editor: João Bittar; Fotógrafos: Maurilo Clareto, Frederic Jean (colaborador); Coordenador: Fabio Sabba; Assistentes: Nara Bianconi (produtora/colaboradora); Luana Clara Sanchez (estagiária) Diagramação e Infografia l Chefe: José Eduardo Cometti; Diagramadores: Alexandre Lucas, Antonio Carlos de Araújo, Daniel Pastori Pereira, Elisabete Campagnaro, Sérgio dos Santos; Luiz Fernando Machado (colaborador) Infografistas: Luiz C.D. Salomão; Marco Vergotti, Marcelo Nogueira, Nilson Cardoso, Ricardo Gabriel e Sírio Braz (colaboradores) Secretaria Editorial l Coordenador: Marco Antonio Rangel Revisão l Chefe: Araci dos Reis Rodrigues; Alice Rejaili Augusto, Elizabeth Tasiro, Verginia Helena C. Rodrigues; Elcio Cabral, Gilberto Nunes (colaboradores) Época OnLine l epocaonline@edglobo.com.br Gerente: Edison Maluf; Repórteres: Danilo Casaletti, Graziela Salomão Cartas à Redação: Paula Protazio Lacerda epoca@edglobo.com.br Assistentes-Executivas: Alessandra Souza, Joana Agiz PUBLICIDADE Diretora de Publicidade Nacional: Tida Cunha Executivos de Negócios: Alessandra Miguel, Arlete Sannomiya, Flávia Marangoni, Karina Jorge, Marcelo A. Barbieri, Ranieri Ferreira, Roberta K. Fairbanks Barbosa Publicidade Rio de Janeiro: Marcela Martinez (gerente), Juliane Silva, Rodrigo Rangel Gerente de Escritórios Regionais: Renato Frioli Coordenação de Publicidade: José Soares (supervisor), Rafael Militello (coordenador) Assinaturas l Diretor: Marcus Fedulo Vendas Avulsas e Marketing Leitor l Diretora: Regina Bucco

ÉPOCA é uma publicação semanal da EDITORA GLOBO S.A. – Av. Jaguaré, 1.485, São Paulo (SP), CEP 05346-902 – Tel. 11 3767-7000. Distribuidor exclusivo para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Impresso em papel LWC Coatlight 60 gr/m2. GRÁFICAS: Plural Gráfica e Editora Ltda. – Avenida Marcos Penteado de Ulhoa Rodrigues, nº 700 – Alphaville, SP – CEP 06543-001. Gráfica Santa Marta Ltda. – Rua Hortêncio Ribeiro de Luna, nº 3333, Distrito Industrial, João Pessoa, Paraíba – CEP 58081-400. Globo Cochrane Gráfica e Editora Ltda. – Rua Joana Foresto Storani, 676 – Distrito Industrial – Vinhedo, São Paulo, SP – CEP 13280-000.

Atendimento ao assinante Disponível de segunda a sexta-feira, das 8 às 20 horas, e sábado, das 9 às 15 horas.

CARREIRA 24 Decidir entre os filhos e o escritório já não é um transtorno ROTEIRO DE SURPRESAS 28 Restaurantes, passeios, cursos e tratamentos que agradam em cheio

Coordenação editorial: Mariella Lazaretti | Edição: Celso Masson | Direção de arte: Fábio Santos | Assistente de arte: Eduardo Galdieri | Colaboradores: Camila Guimarães, Juliana Parente, Lusa Silvestre, Marta Barbosa, Miriam Kênia, Pedro Ulsen, Tarcísio Alves (texto), Egberto Nogueira, Márcia Minillo, Tadeu Brunelli, Welison Calandria (fotos), Shirly Cyrulin Goldman (produção), Noemi Fernandes (revisão)

Internet: www.editoraglobo.com.br/faleconosco São Paulo: 11 3362-2000 Demais localidades: 4003-9393* Fax: 11 3766-3755 *Custo de ligação local. Serviço não-disponível em todo o Brasil. Para saber da disponibilidade do serviço em sua cidade, consulte sua operadora local Para anunciar ligue: SP: 11 3767-7700/3767-7489 RJ: 21 3380-5924, e-mail: publiepoca@edglobo.com.br Para se corresponder com a Redação: Endereçar cartas ao Diretor de Redação, ÉPOCA. Caixa Postal 66260, CEP 05315-999 – São Paulo, SP. Fax: 11 3767-7003 – e-mail: epoca@edglobo.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. ÉPOCA reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação. Só podem ser incluídas na edição da mesma semana as cartas que chegarem à Redação até as 12 horas da quarta-feira. Edições anteriores: O pedido será atendido através do jornaleiro ao preço da edição atual, desde que haja disponibilidade de estoque. Faça seu pedido na banca mais próxima.


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Mamãe famosa, bebê samaritano ntes mesmo de nascer, a criança mais aguardada do ano já está fazendo sua parte em prol das causas humanitárias. Da Namíbia, país africano que Angelina Jolie escolheu para passar um pré-natal mais político do que relaxante, a estrela de Hollywood negociou com a revista People a exclusividade na divulgação das primeiras fotos de seu primogênito com o ator Brad Pitt. O casal exigiu 3,5 milhões de dólares para posar junto do bebê. O dinheiro, garantem os pais, não será gasto no enxoval e sim doado para o Unicef. De sua parte, o governo da Namíbia tem feito o que pode para faturar com a presença de Angelina e Pitt: chegou a expulsar três paparazzi franceses e enviou cartas para que outros fotógrafos e repórteres deixassem o país. O primeiro-ministro Nahas Angula entende que o casal deva ser protegido pelo Estado, já que seus guarda-costas não poderiam “fazer justiça com as próprias mãos”, ameaçando não só jorna-

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listas como moradores de Langstrand, onde o casal está hospedado com os dois filhos adotivos de Angelina: Maddox, de 5 anos, e Zahara, de 1. O interesse das autoridades na permanência do casal é estratégico: ajuda a manter a Namíbia em voga na mídia. No final de outubro, a repórter Ann Curry conseguiu gravar uma entrevista com Angelina para o programa Today, do canal de TV norte-americano NBC. Para sair do hotel e falar com a repórter, Angelina exigiu que o programa falasse da causa pela qual a atriz milita, o acesso à educação para crianças de países pobres. Mas a conversa descambou para sua vida pessoal. Ela disse saber o sexo do bebê (sem o revelar) e foi irônica quanto a detalhes de seu casamento: “Eu não falo sobre nossa relação em público. Mas também não falo disso em casa”, brincou. Na Namíbia, a escolha do nome para a criança virou passatempo nacional. Uma emissora de rádio coloca no ar as sugestões dos ouvintes. Entre os favoritos estão Naledi (“estrela”) e Katiti (“a pequena” em hereró e oshiwambo, duas das línguas mais populares da Namíbia). Pelo jeito, o bebê está fadado a ter um nome esquisitão.

Da Namíbia, Angelina Jolie e Brad Pitt negociaram o valor para as primeiras fotos ao lado do filho: US$ 3,5 milhões a serem doados para o Unicef 8

PIERRE VERDY / Getty Images

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Carinho importado da França U

m ditado judaico afirma que “Uma mãe é capaz de ensinar mais do que cem professores”. Deve ser por isso que, para os alunos de Cecile Uzan, ela é uma verdadeira mãe. Nascida na França, ela adotou o Brasil para viver e trabalhar. Desde o ano passado, Cecile participa de um projeto pioneiro criado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo, que oferece cursos profissionalizantes a 230 jovens carentes, com idades entre 17 e 20 anos. “Nosso objetivo vai além de ensinar

Cecile em ação na câmara municipal os alunos a chamam de mãezinha

uma profissão. Formamos cidadãos”, afirma. Instrutora do curso Serviço em Restaurantes, ela, que é casada com o chef Alan Uzan, prepara junto com seus alunos as refeições servidas no restaurante da Câmara Municipal. Além de ensinar os segredos da profissão, Cecile tem o cuidado de oferecer também

apoio afetivo aos alunos, uma vez que muitos deles sequer criam esse tipo de vínculo com seus familiares. “Mantenho um laço de afeto com todos eles. Acho que por isso eles têm em mim a figura de uma mãe”, afirma. “Alguns me chamam de mamãe, outros de mamãezinha”, diz emocionada.

Pronta para mais um ivro é como filho: nem bem chega o primeiro, o pessoal começa a perguntar quando vem o segundo”. É assim que a atriz Graziella Moretto, autora de Onde Vende o Manual?, (Panda Books, 2005) encara as cobranças para que dê à luz mais uma obra literária. Para quem leu e gostou do primogênito, a boa surpresa é que ela está sim providenciando um irmãozinho. Após ter narrado suas agruras com a filha recém-nascida, Graziella agora vai reunir as mais divertidas histórias familiares, todas anotadas em um diário. Provavelmente, o novo volume irá se chamar No Princípio era o Caos... Meus primeiros 3 anos como mãe de família. Ainda sem data para entregar a encomenda, ela adianta o que pretende aprontar desta vez: “Minha sensação é que, com o tempo, a coisa não sim-

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plifica muito. Pelo contrário, vai ficando cada vez mais complexa. O desafio não é apenas ser mulher, mãe, esposa, profissional, enfim, um ser humano ‘positivo e operante’; a grande dificuldade é assumir essas funções sem sentir-se incrivelmente sobrecarregada nem transferir essa responsabilidade em forma de culpa para os entes queridos. “Mas o livro vai ser de humor, prometo!”, diz ela.

Graziella e seu manual: bom humor desde a maternidade Fotos: Tadeu Brunelli

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Mais esperança para gravidez tardia hega ao Brasil ainda este mês uma nova técnica de fertilização que garante êxito em 90% das tentativas. Chamada pelos especialistas de supercongelamento de óvulos e embriões, a novidade foi antecipada a ÉPOCA pelo diretor-clínico do Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida, dr. Bruno Scheffer. Para ele, o procedimento abre nova esperança para mulheres que pretendam ter filhos em idade até agora tida como avançada para uma gestação segura. “Atualmente, entre 40% e 50% das mulheres que querem engravidar têm acima de 40 anos”, diz dr. Scheffer. “Mesmo com toda a tecnologia já existente, a gravidez nessa idade ainda envolve riscos”, afirma. O método atualmente praticado no Brasil para congelar óvulos e embriões tem êxito assegurado em apenas 37% dos casos, o que leva muitas mulheres

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a desistir da reprodução asistida, que custa entre R$ 12 mil e R$ 18 mil. Apesar do custo elevado e do relativo índice de insucesso, no Brasil são realizados cerca de 10 mil procedimentos por ano. A nova tecnologia, já utilizada no Japão e no México, permanecia inédita por aqui. “A grande coqueluxe do momento é a vitrificação, processo no qual os óvulos e embriões são submetidos a uma temperatura de 206ºC negativos”, explica o médico. “A partir de maio estaremos prontos para oferecer a vitrificação para os casais brasileiros”, anuncia. Ainda não há definição sobre o valor a ser cobrado pelo novo método.

DIZEM POR AÍ... “Mãe é o nome de Deus que vive nos lábios e no coração de todas as crianças” BRANDON LEE, ATOR “Quando eu tiro meus óculos, fico a cara da minha mãe – e por mais que eu a ame, não quero parecer com ela. Mas não me importo de pensar como minha mãe” WOODY ALLEN, ATOR E DIRETOR “Minha mãe é um milagre ambulante” LEONARDO DICAPRIO, ATOR

“BIOLOGIA É O QUE MENOS FAZ DE ALGUÉM UMA MÃE” OPRAH WINFREY, APRESENTADORA DE TV

"O dia das mães é uma homenagem à melhor mãe que já viveu: a mãe do seu coração " ANNA JARVIS, QUE PROPÔS A CRIAåâO DO DIA DAS MâES NOS ESTADOS UNIDOS

“ VITRIFICAÇÃO A NOVA TÉCNICA GARANTE 90% DE ÊXITO, CONTRA 37% DA QUE É UTILIZADA HOJE NO BRASIL

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Ninguém no mundo pode substituir sua mãe. Certa ou errada, sob seu ponto de vista ela sempre terá razão. Ela pode ralhar com você pelas mínimas coisas, mas nunca por aquelas que são importantes

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≠ Quando você é mãe, nunca está realmente sozinha em seus pensamentos. Uma mãe sempre tem de pensar por dois, uma vez para ela própria e uma para sua criança

SOPHIA LOREN, ATRIZ, NA FOTO COM O FILHO CARLO PONTI JR.

“Os braços de uma mãe são feitos de carinho e neles as crianças dormem sonoramente” VICTOR HUGO, ESCRITOR “Acredito que se nós, mães, pudéssemos pedir a uma fada madrinha que concedesse um dom realmente útil ao nosso recém-nascido, pediríamos que esse dom fosse a curiosidade” ELEANOR ROOSEVELT, EX-PRIMEIRA-DAMA DOS ESTADOS UNIDOS

“ANOS MAIS TARDE, DESCOBRI QUE MINHA MÃE MORRIA DE MEDO DAS TEMPESTADES; MAS FOI ELA QUE ME ENSINOU A NÃO TEMÊ-LAS: EU ME SENTIA A SALVO O coração de uma EM SEUS BRAÇOS” mãe é um abismo

BETTE DAVIS, ATRIZ “Não há nada tão apaixonante quanto ter um filho que seja só seu e que, ao mesmo tempo, misteriosamente, seja um estranho” AGATHA CHRISTIE, ESCRITORA

≠ A maternidade

tem um efeito humanizador. Tudo fica reduzido ao essencial MERYL STREEP, ATRIZ

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Imagens: Reprodução

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profundo dentro do qual você sabe que sempre será aceito SIGMUND FREUD, PAI DA PSICANÁLISE E CONCEITUADOR DO COMPLEXO DE ÉDIPO

“Trazer uma criança ao mundo é uma decisão extraordinária. É decidir ter para sempre o coração fora do seu corpo” HONORÉ DE BALZAC, ESCRITOR “Que simples me parece o fato de que para saber quem realmente somos, basta saber o nome de nossas mães” ISADORA DUNCAN, BAILARINA “Deus não pode estar em todos os lugares e por isso fez as mães” DITADO JUDAICO

Edição: Celso Masson | Reportagem: Pedro Ulsen

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Elas são todas iguais O amor de mãe é indiscutivelmente grandioso, e aparentemente único. No entanto, cada mãe o interpreta, o externa e o aplica à sua maneira. Da monja budista Coen à ex-punk Fernanda Young, sete casos de mães que mudam, inclusive, de endereço em todo bordão popular diz a verdade – e o que afirma serem as mães todas iguais é um dos mais mentirosos. Genes, gostos, crenças, atitudes e escolhas moldam cada mulher tão caprichosamente que nem o fato singular de dar à luz poderia uniformizá-las a ponto de só se diferenciarem pelo endereço, como afirma o ditado. Se há no mundo mães italianas e judias, que de tão exageradas se tornaram anedotas, também existem as moderníssimas, as individualistas e até as desnaturadas e patológicas. Vamos falar aqui das normais. Se é que há mãe normal... Aquele ser humano com qualidades e defeitos que aprendemos a amar antes de dar o primeiro choro e a quem queremos impressionar todos os dias de nossas vidas. Na verdade, as mães padrão amam os filhos acima de tudo, se preocupam, querem o melhor para seus herdeiros, mas cada uma tem sua própria maneira de executar o serviço. Para umas, o importante é que eles comam tudo e escovem os dentes; para outras, é que sejam indivíduos independentes; há ainda as tiranas da emoção, que “ameaçam” morrer se o filho deixar sua casa antes de se casar (de preferência com alguém de

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FOTOS: EGBERTO NOGUEIRA

quem ela goste). Seja lá como for, foram elas, em boa parte POR CELSO MASSON dos casos, que criaram esta enorme, multifacetada e surpreendente multidão de filhos diferentes que povoa o mundo. Já pensou nisto? Portanto, não é possível que mãe só mude de endereço. A seguir sete histórias discutíveis e inspiradoras, de mães que realizam a mais nobre tarefa da humanidade à sua moda.

≥ MÃE MONJA, FILHA REBELDE, NETA SERENA

A maternidade não foi uma tarefa desempenhada de maneira clássica por Coen, a monja Coen, nascida Cláudia Souza. Ao contrário. Muito cedo, Cláudia deixou a filha na casa de sua mãe, Branca, para seguir vários chamados em sua vida, o último deles, o sacerdócio zen budista que a manteve num mosteiro no Japão por doze anos. A história começa de maneira já espantosa: a monja, então Cláudia, casou-se aos 14 anos e teve sua filha Fábia aos 17. Jovem, tinha um ciúme da filha como se fosse sua boneca. “Não deixava ninguém encostar nela, adorava amamentá-la e cuidar dela” diz. Tal convicção durou até o dia em que a filha chorou por horas seguidas sem remédio que a sossegasse: “Corri pedir ajuda à minha mãe – e ela naturalÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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Monja Coen, 59 anos, mãe de Fábia, 41 anos, e avó de Rafaela, 13 anos

Endereço Pinheiros

Por que são diferentes? Para viver fora do país, a Monja deixou a filha ainda pequena com seus pais. Já Fábia e Rafaela sempre

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Fernanda Young, mãe das gêmeas Cecília Madonna e Estela Mae, de 5 anos

Endereço Higienópo-

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Por que é diferente? Polêmica como apresentadora de TV, cria as filhas da forma tradicional: vai aos eventos da escolinha e faz

mente nos socorreu”. A ajuda eventual foi virando rotina que se cristalizou com o fim do casamento de Cláudia. Fábia tinha dois anos quando passou a morar com os avós. Sua mãe voltou a estudar e arrumou um emprego à noite. “Quando minha filha acordava, eu dormia. Mesmo assim, almoçávamos juntas e eu a levava para a escolinha de moto”, diz. Então veio o primeiro chamado: fazer inglês na Inglaterra. O curso de seis meses foi prolongado para um ano e meio. Voltou. Mas de passagem. Refez as malas e foi para os Estados Unidos sem levar a filha. “Ela já estava muito apegada à minha mãe”, afirma Coen. Na verdade, este segundo chamado a levaria ao zen budismo na Califórnia. “Vi que aquele era meu lugar”, diz. Seguiu severamente a religião, o que implicou se confinar em um mosteiro feminino em Nagoya, no Japão, por doze anos.“Ao escolher a vida monástica você renuncia à família por considerar mais importante servir à humanidade. No mosteiro, todas as pessoas deixaram alguém para trás”, diz Coen. “A sabedoria é a grande mãe de tudo, da mesma maneira que Jesus e Buda são extremamente maternos em dar o que têm de melhor aos seus filhos”. Ok. Mas como isso bateu no coração de Fábia? “Foi muito duro. Eu não entendia e ao mesmo tempo sempre tive adoração por minha mãe, tudo o que ela fazia era o máximo para mim. Mas sua ausência doía”, diz. “Mesmo sabendo que a causa dela era maior, desenvolvi um sentimento 16

de baixa auto-estima”. Na adolescência, Fábia fez anos continuados de terapia e deu trabalho a avó com um comportamento tenso que se refletia na escolha de namorados “escalafobéticos”. Fábia casou-se, tornou-se mãe de Rafaela. Separou-se. Como o tempo tudo cura e o laço visceral que une mães e filhos tem a capacidade natural de ser revigorado com dois gritos e quatro abraços, as coisas começaram a se encaixar novamente. Hoje, a monja Coen, Fábia e Rafaela, com 13 anos, vivem felizes, em harmonia e sob os mandamentos de Buda. “Vejo que minha mãe é totalmente do bem, ampliou meus horizontes e devolveu-me a auto-estima com seus ensinamentos”, diz Fábia. Contudo, não deseja este caminho tortuoso para sua filha. “Somos muito unidas, Rafaela está comigo em tudo”. A monja ouve a filha dizer isto com um sorriso tranqüilo nos lábios.

≥ IMAGEM EXTREMISTA, MÃEEXTREMADA

Os braços e costas repletos de tatuagens, o olhar provocante e a língua afiada dão a Fernanda Young a aparência de uma mulher irascível. Ela tem 36 anos, sete livros publicados e um programa semanal na TV, Irritando Fernanda Young, exibido aos domingos no GNT. Mãe das gêmeas Cecília MaÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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lhas, que são gêmeas? “Elas são pessoas diferentes, que passam boa parte do tempo juntas apenas por uma questão de organização da casa, de disciplina. FERNANDA YOUNG Uma das minhas meninas tem uma inteligência prática que eu não reconheço em ninguém da minha família. Esdonna e Estela Mae, de cinco anos, Fernanda adosa menina é um gênio. A outra é muito sensível, ra falar sobre maternidade. Aliás, ela adora ser dramática, uma déspota – e nela eu vejo bem clamãe, e o faz de maneira muito mais tradicional do ramente a mulherada da minha família, represenque sua imagem deixaria supor; claro que sempre tada por mim, inclusive”. ancorada por estudadas teorias: “A mãe é um símComo com todas as mães, suas filhas a vêem bolo muito forte, um tabu. Criticou a mãe, você sob o melhor ângulo e estão prontas a interceé execrado”, diz. Para ela, mais que uma fonte de derem por ela, como duas guerreirinhas amoroamor incondicional, a mãe é uma representação: sas. Recentemente, após uma decepção profissio“A ferida narcísica, que nasce ao achar que a mãe nal, Fernanda voltou cabisbaixa de uma viagem. te rejeitou e que leva a querer reconquistar o amor Ao reencontrar o marido e as filhas, foi surpreenverdadeiro, é um sentimento horrível”. dida com um caderninho repleto de desenhos e Bem, seja lá o que isto efetivamente quer diuma frase emblemática (escrita pelo pai, mas zer, Fernanda pode expressar-se de maneira obsditada por Estela Mae): “Fernanda Young vai ventinada e agressiva com o mundo, mas em casa, cer”. Emocionada e agradecida por tê-las na vicom Cecília e Estela é carinhosa e extremada. E da, a mãe deseja o mesmo para suas meninas: “Só de moderninha, tem muito pouco. Mantém um espero que elas sejam saudáveis para lidar com quarto repleto de brinquedos e desenhos com moseus sentimentos. E que sejam honestas”. tivos infantis, deixa-as assistirem TV, desde que “com horário, distância e programação controlados”, mantém uma agenda com disciplina e procura estimular a personalidade de cada uma. Não falta às reuniões e festinhas da escola. E, em contrapartida aos resquícios de sua alma punk, mantém adoráveis tons de rosa nas chiquinhas e roupinhas mimosas para as pequenas. Sobre a maA empresária Beth Szafir foi a filha temporã de uma ternidade diz: “Para mim foi uma bênção: acrefamília com quatro meninas. “Nasci 14 anos deditava que o mundo girava em torno de mim, que pois da minha irmã mais próxima. Ou seja, tive cintudo duraria para sempre – fosse uma dor de denco mães – e cinco mães judias”. Daí Beth dizer que te ou uma paixão.”, diz. é a mãe judia perfeita. Como mãe sim – ela é a verComo Fernanda gosta de filosofar e a matersão mais bem acabada do tipo. Como judia... bem, nidade lhe tem sido uma fonte de inspiração. Duela admite ser devota de São Judas e Santo Exrante a entrevista, ela defendeu algumas teses pedito – o das causas impossíveis. Aos 15 anos, seus a respeito da convivência entre mães e filhos. Alpais a mandaram para um colégio interno na Suígumas polêmicas, outras espantosamente conserça, mas as tradições familiares seguiram com ela vadoras. Uma delas: “Acreditava que se eu não enraizadas em todos os seus fartos cabelos negros. estivesse feliz, minhas filhas ficariam infelizes. Se “Quando eu era solteira, havia uma certa resistênestava infeliz, eu sentia culpa. E não é assim. Brincia aos casamentos fora da comunidade – e eu car por horas a fio, sorrindo, nem sempre dá pratenho certeza que meus pais não gostariam de me zer. Mas, ai de uma mãe que externe essa irriver casada com alguém de outra religião. Mas não tação: é satanizada”. Outra: “Filhos não salvam foi assim. Eu casei porque quis. Se não quisesse, casamento, podem acabar com a relação se o seguiria meu caminho”, diz. casal não acompanhar suas mutações”. A surMãe de quatro filhos, Luciano, Priscila, Alexanpreendentemente conservadora: “Acredito que, dra e Salomão, Beth já contabiliza sete netos. E é se um casamento é saudável, ele deve ser mantiperdidamente apaixonada por todos. Quando os do em nome das crianças. O amor romântico esrecebe em casa, não se importa que mexam em tutá fadado a terminar, as pessoas vão buscar oudo e não reclama se quebram alguma coisa. Emtras paixões para reviver as emoções que ficaram bora se considere ecumênica em relação à religião, para trás – e assim as crianças viram moeda de segue os preceitos judaicos jejuando no dia do pertroca”, diz. “Pretendo manter meu casamento em dão e indo à sinagoga. Mas é na maternidade que permanente mutação, para assim acompanharas suas origens afloram: “Sou uma perfeita ‘mamos os diferentes momentos das crianças”. mma judia’, afirma. “Assim como a mãe italiana E como ela lida com a competição entre e as fie a árabe, nós fazemos tudo por nossos filhos. Afi-

Filhos não salvam um casamento. Eles podem acabar com a relação se o casal não acompanhar suas mutações

≥ “SOU UMA MÃE JUDIA PERFEITA”

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∞ Nadia Bacchi, Mãe de Alexandre, 31 anos, e da atriz Karina Bacchi, 29 anos ∞ ∞

Endereço Morumbi

Por que é diferente? Seus filhos ainda eram adolescentes quando se mudaram, sem os pais, para São Paulo. Hoje ela preside a ONG Florescer, que atende cerca de 850 crianças

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nal, nada vale mais que a família”. Além da aclamada superproteção, Beth cita como uma de suas características a determinação em defender os filhos o quanto puder: “Se alguém falar mal de um filho meu, eu mato!”. “Só eu posso me dar ao luxo de falar mal deles, ninguém mais”. E como reagiria se um deles resolvesse se casar com alguém de fora da comunidade? “Não vejo nenhum problema. Minha norinha, casada com o Salomão, se converteu porque quis, ninguém a obrigou”. Se há uma pressão subliminar para que as regras sejam seguidas, girando sobre os membros das famílias tradicionais como a Szafir, ninguém que está fora pode dizer. Mas costuma ser uma característica de algumas comunidades – como a judaica, muçulmana ou libanesa – manter as tradições através dos casamentos. A favor da flexibilidade de Beth, há a paixão do filho Luciano, por Sasha, filha de Xuxa, com quem Beth diz se dar muito bem. Para Luciano Szafir, ator que divide seu tempo entre São Paulo, onde mora a mãe, e o Rio de Janeiro, onde vive sua filha, lidar com a onipresença da mãe às vezes é complicado: “As mães judias se metem em tudo na vida do filho. A minha sempre acha que estou magro. Mas todas as mães são um pouco assim”.

≥ A MÃE DE TODOS

Podemos definir Nadia Rubio Bacchi, 55 anos, mãe da atriz Karina Bacchi, como a mãezona. Para ela, a maternidade é tão pujante que não deve se limitar a ser exercida com amor e afinco diretamente aos seus filhos legítimos e de sangue. Daí ela ter criado a ONG Florescer, há 15 anos, época em que seus dois filhos, Alexandre e Karina, saíram de casa para estudar e trabalhar em São Paulo. “Eu queria ter uma história de vida ligada ao social, fazer a minha parte. Batalhar para dar força a essa gente tornou-se uma missão que vem da alma”, diz. A ONG atende 850 crianças da comunidade Paraisópolis, a favela mais famosa do Morumbi. Bióloga de formação, Nadia trabalhou com moda a vida toda. Teve confecções em Botucatu, onde nasceu, e em São Manoel, onde nasceram seus filhos. Foi lá também que ela seguiu o exemplo da avó paterna, que trabalhava como voluntária para idosos, e decidiu dar início à Florescer, instituição hoje referendada pela Unesco e que capacita mão-deobra qualificada para a área de confecção. Sob orientação de Nadia, trinta artesãos trabalham reciclando sobras de tecido fornecidas por grifes como Opera Rock e Khelf. O resultado aparece nas peças da marca Recicla Jeans, que ganhou loja própria no Shopping D e já tem uma franquia na Vila Madalena. Para quem trabalha ali, Nadia é uma mãezona – e o carinho que ela recebe não tem preço. Dar oportunidades para que cada um aproveite ao máximo o próprio potencial não é conversa fiada na casa de Nadia. Ela viveu isso de perto, quando seus filhos perceberam que o futuro estava na cidade grande. Karina era ainda uma menina de 14 anos quando convenceu a mãe a deixar que seguisse sua vocação de modelo. Nadia temia que a filha enfrentasse problemas justamente por causa da beleza. “Desde menina ela chamava a atenção nas ruas. As pessoas comentavam o quanto ela era bonita e eu ficava com medo que alguém a roubasse de mim”, diz. Ao invés de trancar a filha em casa, Nadia percebeu que só a deixaria feliz se permitisse ir atrás de seu sonho. Karina recorda que foi dureza para mãe e filha: “Claro que ela sofreu demais com a nossa separação. Nos falávamos todos os dias pelo telefone, e muitas vezes aos prantos”, diz. Já a mãe, mesmo com o coração partido, entendeu que valeria mais sofrer um pouco no começo do que frustrar para sempre as pretensões da garota. “Tive a noção de que não estaria 100% presente na educação dos meus filhos. O mais importante, porém, é que eles podiam contar comigo. Se quiserem me acordar de madrugada para conversar, sabem que eu estarei pronta para ouvi-los”. Quando Karina se mudou para São Paulo, foi morar com o irmão, dois anos mais velho, na casa de uma amiga da família. Nadia cercou-se de ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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todos os cuidados para que a filha não abandonasse os estudos nem caísse na conversa de quem oferece mundos e fundos para moças bonitas e no final nada daquilo é para valer. “Incentivei a carreira da Karina, mas fiquei apreensiva com o que poderia acontecer a ela”, diz. Com um book na mão, em pouco tempo Karina estava deslanchando como modelo. “Meus pais me deram muita força. Nunca precisei brigar em casa por nada”, diz. Sua mãe, mesmo morando longe, procurava estar a seu lado sempre que preciso. A atriz vê aqueles dois anos como um período importante para que ganhasse autoconfiança: “Às vezes, morando na mesma casa, pais e filhos não conseguem se dar tão bem quanto a gente naquele período, vivendo longe”, acredita. “Embora ainda não tenha filhos, também me sinto mãe das 850 crianças que atendemos aqui”, diz Karina não trabalha diretamente na ONG da mãe, mas é sua principal garota-propaganda e ajuda a distribuir cestas básicas na comunidade quando está em São Paulo, já que hoje ela tem um apartamento no Rio de Janeiro – com um cantinho especial para quando Nadia vai visitá-la, claro.

≥ MÃEQUE ENSINA A PESCAR

Se toda mãe sonha com filhos saudáveis, e se é verdade que a saúde começa pela boca, então Mary Stella Peixoto Soares, 57 anos, tem razões de sobra para viver sorrindo. Ela é dentista e o marido também. Seus quatro filhos um a um, foram “contaminados” pelo mesmo desejo e, por conta própria palmilhando a trilha dos pais. Em suma, hoje são todos dentistas: Fernando, de 32 anos, é periodontista; Celso, 31, protético; Cristina, 30, que se formou junto com o irmão Celso, continuou os estudos na área de endodontia e agora trata canais; Eloísa, de 29 anos, é ortodontista. Os filhos desenvolveram o que todo pai sonha como ideal de criação: ter em seus genitores o absoluto exemplo de vida. O que essa mãe fez de tão especial para que seu exemplo seduzisse os quatro filhos, quando há famílias que os obrigam a seguir a carreira do pai mesmo contra a vontade? Ao mesmo tempo tudo e nada. Ter feito tudo significa que, ao optar pela maternidade, ela priorizou a educação dos herdeiros, abrindo mão, por um tempo, de sua realização profissional. Mary parou de trabalhar pouco antes de o mais velho nascer e só retomou a carreira quando a mais nova já era adolescente. Ao mesmo tempo, as crianças viam desde pequenas, o amor que ela nutria pela profissão. Em parte, foram os próprios filhos que lhe deram recarga para o retorno. “Eu vi nos meus filhos o sucesso daquele tipo de tratamento de ortodonÉPOCA 08 DE MAIO, 2006

∞ tia, e decidi me especializar na área”, diz. Enquanto Mary retomava os estudos para voltar a atender no consultório, os quatro filhos freqüentavam uma escola no bairro do Brooklyn que valorizava as mais diversas aptidões, inclusive manuais, como pintura e escultura – um estímulo extra para que corressem atrás de suas reais vocações. Mesmo assim, nenhum deles tentou ganhar a vida de outra forma. “As crianças fizeram essa escolha naturalmente. Sempre fiz questão de me manter neutra”, diz Mary. E aqui voltamos à frase síntese de seu sucesso – ela fez tudo e nada. Nada para obrigar os filhos a seguirem seu caminho. Apenas viveu sua vida com amor pela profissão e pela família – e seu exemplo foi apreendido. “A sensibilidade que eles têm com cada paciente é algo que nenhum professor ensina”, diz Eloísa. No papel de mãe, Mary Stella é indubitavelmente uma presença forte. “Sempre me preocupei em acompanhar cada detalhe da vida deles e nunca esperei que algo errado acontecesse para só aí exigir correção. Conhecer bem meus filhos sempre foi uma prioridade”, afirma. Não é religiosa fervorosa, não segue nenhuma seita ou filosofias, exceto uma: “Prefiro ensinar a pescar a dar o peixe”. Todos trabalham e vivem juntos. Se há discussões do trabalho em casa, a ordem é que comece e termine ali mesmo, sem recriminações e mágoas. “A família vem em primeiro lugar”, diz a mãe. E parece que a vida na casa de mamãe Mary é boa. Muito boa – tanto que ninguém quer ir embora. Só agora, o primeiro filho anunciou que vai se casar.

Mary Stella Peixoto Soares, dentista e mãe de Fernando, 32 anos, Celso, 31 anos, Cristina, 30 anos, e Eloísa, 29 anos

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Por que é diferente? Seus quatro filhos seguiram sua profissão.Todos moram e trabalham juntos

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≥ PROFISSÃO: MÃEPOR OPÇÃO

Consuelo Luzzati Sandri é dona de casa e mãe de Chiara,12 anos,e Carla,10 anos

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Por que é diferente? Abraçou a tarefa de estar ao lado das filhas em torneios de tênis pelo país: “Cuidar da família é algo que dá prazer”

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“Ocupação mãe e dona de casa” chegou a ser uma atividade quase execrada para as gerações de mulheres que viveram sob a revolução feminista. Nos idos dos anos 70 e 80 era compreensível: o mulherio precisou chegar a extremos para mudar a situação de opressão que as colocava como cidadãs de segunda classe. E foi preciso isto para que hoje uma nova geração voltasse para casa feliz, com idéias frescas na cabeça - e por opção. A paulistana Consuelo Luzzati Sandri, de 44 anos, é uma delas. Trabalhou boa parte de sua vida adulta e adquiriu sua liberdade a duras penas, para em determinado momento acreditar que seria feliz assumindo as tarefas de esposa e mãe. Ela e três irmãs foram criadas por uma mãe que se separou pouco depois de imigrar de Mi-

lão, Itália, para o Brasil. Teve uma educação formal e rígida que ganhava contornos ainda mais severos pelo fato de serem todas filhas mulheres. “Minha mãe não trabalhava e, de repente, se viu sob a tarefa de nos criar sozinha”. Como em várias casas daquela geração e com esse mesmo perfil, mães e filhas mantinham uma união respeitosa, mas distante e nada cúmplice. Conversar sobre sexo, por exemplo, era um muro intransponível. “Sendo a mais velha, tive de ir abrindo caminho para conseguir as coisas mais normais: namorar, chegar mais tarde em casa...” Consuelo é hoje mãe de duas meninas, Chiara de 12 anos e Carla, de 10. Quando elas nasceram, decidiu que ficaria em casa. “Acredito que no passado as mães ficavam o tempo todo com os filhos, mas os conheciam muito pouco”, afirma. “Éramos criados dentro de uma fôrma que servia e pronto”. Claro que ela aplica alguns dos ensinamentos que recebeu da mamma milanesa: disciplina, liberdade vigiada, negativas quando necessário. Não deixa as meninas passearem sozinhas em shopping, está sempre a postos para levá-las e buscá-las onde quer que seja. “Mas faço isto por motivos diferentes dos de minha mãe: tenho medo da violência”. Para Consuelo, que antes de se casar trabalhava com turismo, tampouco pareceu opressora a idéia de deixar suas atividades ao casarse. “Primeiro, meu marido viajava muito a negócios e queria minha companhia. Depois, como eu não precisava trabalhar para sustentar a casa, as crianças chegaram e percebi que cuidar da família era algo que queria fazer”. Embora cuide também da administração do sítio do casal, que produz geléias caseiras, não é esta sua ocupação mais trabalhosa, atualmente. Ela abraçou a tarefa de estar ao lado das duas meninas em torneios de tênis pelo país. Chiara está entre as cinco melhores tenistas paulistas e Carla, mais jovem, entre as quinze. Desde que as meninas passaram a competir oficialmente pelo calendário da Confederação Brasileira de Tênis e da Federação Paulista, mãe e filhas viajam juntas para as competições. “É uma das atividades que mais nos une. Pegamos o carro e viajamos juntas. Dormimos no mesmo quarto, torcemos e sofremos unidas”, diz. “É tão bom!”. A experiência do esporte acabou concedendo à mãe munição para potencializar ensinamentos que julga fundamentais. “Esporte só tem lado bom: ensina a ter responsabilidade, a acreditar no próprio potencial, a vislumbrar metas, a lidar com a perda. É um aprendizado que vai servir para tudo na vida”. Até aí, ela pouco se parece com mãe italiana que traz no DNA – não fosse pela luta que trava com as meninas no quesito comida: “Esbanjando alegria quando as vejo limpar o prato.” ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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LEGENDA Talvez o marido fosse fazer mais um exercício igual para assegurar sua lucidez na escultura de ouro madei ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006

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∞ HUMOR

Onde foi que eu errei? Artistas contam histórias hilárias e emocionantes que protagonizaram como mães APLAUSOS PARA A MAMADA! “Sempre amamentei como “mãe de roça”, até meus filhos completarem quase dois anos de idade. Quando o Dado ainda era bebê e eu estava com uma peça em cartaz, levava-o comigo – e ele ficava dormindo na coxia do teatro. Houve uma noite em que ele chorava tanto com vontade de mamar que comecei a me angustiar no palco. Meu papel na peça sequer era de uma mulher com filhos, mas improvisei: disse em cena aberta que a criança era da vizinha, agarrei meu bebê e mandeilhe o peito na boca, sentada na “sala”. Claro que a platéia entendeu, todos sabiam que ele era meu filho. Morreram de rir da desculpa e aquela foi a mamada mais aplaudida da minha vida.” Pepita Rodrigues, atriz, mãe de Gilberto, Dado e Fernando Dolabella REMÉDIO TROCADO “Quando meus filhos eram pequenos, isso faz mais de 20 anos, eu costumava dar uma vitamina para eles. Ela vinha em um vidro amarelo, tinha um cheiro enjoativo, e meus filhos faziam uma cara feia quando tinham de tomála. Nessa mesma época, houve uma onda de piolhos, muitas crianças pegavam piolho na escola e eu comprei o Escabin para eles, que era o remédio mais indicado para isso. Só que a vitamina e o Escabin tinham a embalagem muito parecidas, e um dia eu confundi os dois, dei o Escabin para eles, pensando que era a vitamina. O primeiro que tomou foi o Antônio. Fez uma cara feia, mas como eu estava 22

u de Dolabella: ela de Pepita com Dado palco, em cena aberta no ar mam

acostumada com aquelas caras, logo falei: “Engole!”. Depois foi a vez da Maria, que também reclamou, mas tomou. Nisso, notei que havia trocado os medicamentos! Liguei correndo para o pediatra que me indicou um serviço público que atendia casos de intoxicação. Contei o que havia acontecido e eles

pediram para eu aguardar um momento (que foi interminável para uma mãe aflita). Aí me explicaram que meus filhos ficariam levemente embriagados e recomendaram que eu desse leite. Felizmente, não foi nada grave”. Marta Góes, dramaturga, mãe de Antônio e Maria ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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VALENTIA MIRIM Estávamos todos reunidos na sala da casa da minha mãe, em Porto Alegre, quando de repente entrou um morcego voando pela janela. Pânico geral. Adultos, adolescentes e crianças correram, cada um procurando abrigo em seus quartos. Puxei rápido a mão da minha filha Floriana, que tinha pouco mais de dois anos, mas ela resistiu: “Não tenha medo, mamãe, é uma borboleta tão bonitinha…”. Carla Pernambuco, chef e proprietária do restaurante Carlota, mãe de Floriana, Felipe e Júlia CHORORÔ EM DIAPASÃO “Depois de ter estudado canto lírico na Itália, minha filha Mariana resolveu ir para Seattle, nos Estados Unidos, completar seus estudos em música. Claro que eu fui para lá, na primeira audição aberta da sua turma. Ela me fez jurar que eu não a faria pagar mico. ‘É claro que não!’, respondi. E ela: ‘Mãe, aqui é diferente, eles não são efusivos como nós’. Na platéia, silêncio absoluto. Quando ela entrou, meu soluços foram tão altos que todos se viraram para mim. A cena que ela viu foi inesquecível: eu sentada na última fila, ‘discretíssima’, com o rosto, os olhos, a boca, o nariz, tudo, absolutamente tudo coberto de restos de lenço de papel. Eu chorava com a caixinha de lenços enfiada na boca, para não dar bandeira”. Fafá de Belém, cantora, mãe de Mariana ÀS 21h31, PULO PELA JANELA! “A minha mãe, Maria Augusta, era do tipo apocalíptica: ficava louca de preocupação com tudo, e abusava do direito de ser neurótica comigo, a caçula de suas três filhas. Em 1979, eu tinha 19 anos, já era casada, e fui morar num bairro longe da casa dela. Uma estação espacial, ou coisa do gênero, chamada Skylab ia cair de volta na Terra e a mídia fez muito alarde sobre o assunto. EsÉPOCA 08 DE MAIO, 2006

peculava-se sobre onde o Skylab cairia. A mamãe, obviamente, inventou que o Skylab ia cair na minha cabeça. Ela não tinha dúvidas sobre o fato e dizia naturalmente para as pessoas: ‘Você sabe que o Skylab vai cair na cabeça da Adriana e eu tenho de tomar várias providências antes disso...’ Na noite de 11 de julho, foi dormir na minha casa para, se não pudesse me proteger, que morresse junto comigo. Ela passou a noite acordada, esperando a queda – e o Skylab caiu na Austrália. De manhã, quando eu acordei, a encontrei estupefata: ‘Mas como é que eu errei essa? Ele foi cair do outro lado do mundo’. Parte dessa paranóia eu herdei. No início do ano, minhas duas filhas mais novas (Clarice, de 16 anos, e Isabel, de 13) foram para a Inglaterra fazer intercâmbio. Como eu tenho certeza que não morrerei em acidente de avião, então eu preciso estar junto quando minhas filhas viajam, porque assim não há risco de o avião cair. Comprei as passagens para ir até a Inglaterra, leva-las e buscá-las de volta. Mas a Varig fez uma confusão tremenda e aca-

Fafá de Belém e chumaços de pa a filha Mariana: pel para abafar o choro Foto: Arquivo pessoal

ela quase s e João Velho: Cissa Guimarãe dizer que não tinha mãe lo desmaia ao ouvi-

bamos seguindo em vôos separados. Fui rezando daqui até lá, mas felizmente, nada aconteceu. Óbvio. Adriana Falcão, escritora, é mãe de Tatiana, Clarice e Isabel A “SUPERPÃE” “Há uns dez, anos eu recebi uns repórteres em casa porque havia sido eleita supermãe. Havia uma equipe de televisão gravando, o jornalista, e meu filho, João Velho, que na época tinha 12 ou 13 anos, também acabou entrevistado. Perguntado sobre como era ter uma mãe como eu, ele respondeu: ‘Eu não tenho mãe’. Nossa! Quando ele disse isso eu já pulei da cadeira. Gritei ‘corta!’, e virei para ele indignada: ‘Meu filho, de onde foi que você tirou isso!?’ Fiquei chocada, pois eu sempre me preocupei muito com a minha família, sempre me dediquei muito a eles, não tenho pai nem mãe, então minha família são meus filhos. Fiquei repetindo para mim mesma: ‘Onde foi que eu errei?’ Com a sabedoria de um garoto, ele disse: ‘Calma mãe, você não deixa eu falar. Não seja ansiosa’. E se explicou assim: “Eu não tenho mãe, tenho pãe”, querendo dizer que eu era ao mesmo tempo mãe e pai dele. Cissa Guimarães, atriz, mãe de Tomás, João Velho e Rafael. 23


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∞ CARREIRA

Priscila, com Rosa e João: ela pediu demissão grávida e agora trabalha só meio período

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Fotos: Márcia Minillo

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Eu paro sim! continua sendo interpretada por muitas empresas como um momento de queda de produção, ou seja, prejuízo. E, por isso, essas corporações não fazem nenhuma questão de apoiar (e mesmo incentivar) suas funcionárias que querem ser mães. “O resultado é que as mulheres ainda deixam o projeto de filhos paca do setor de farmácia, por meio-expera mais tarde porque assim imaginam diente. São apenas quatro horas por dia. ter acesso mais rápido a postos de coO salário também diminuiu, é verdamando”, explica Cristina Bruschini, pesde. Mas Priscila não reclama. Ela contiquisadora da Fundação Carlos Chagas, nua exercendo a atividade profissional de São Paulo. A administradora Rosânque lhe dá prazer, com o detalhe de agogela Brandão, 37 anos, é um exemplo ra se sentir dona do seu horário. “Fiquei disso. Ela adiou a maternidade enquancom as manhãs e as noites livres para to pôde, e garante que por decisão sua. acompanhar o crescimento dos meus fiFuncionária da Natura há 17 anos, Rolhos e isso é que o vale mais agora.” sângela até era incentivada pelas coleHouve uma época em que uma atitugas, inclusive pela chefe. “Mas eu quede como a de Priscila equivaleria a joria alcançar alguma estabilidade na cargar na lata de lixo qualquer plano de reira antes.” Agora que o filho Leonarcrescimento profissional. Mas o próprio do tem três anos, ela pode dizer que o exemplo dela, que conseguiu voltar ao equilíbrio entre profissão e mamercado ocupando o posto de Ana Paula, da ternidade não é impossível. gerente de marketing, prova P&G: promoção Desde o final da licença, Léo que os tempos são outros. Fána gravidez foi o fica na creche da Natura, recil, ainda não é. A gravidez maior incentivo

Enquanto o Brasil não vira a Dinamarca (onde a licença-maternidade dura dois anos), depende da mulher encontrar formas de administrar carreira e filhos POR MARTA BARBOSA

economista Priscila Pezato, de 33 anos, é o retrato bem-acabado da trajetória feminina no mercado de trabalho. Mãe de dois filhos (Rosa, de dois anos, e João, de cinco meses), ela tem uma carreira consolidada na área de marketing, uma ótima formação profissional e passagens por empresas de grande porte do país. Durante muito tempo de sua vida foi o que se costuma denominar uma workaholic. Trabalhava, com prazer, até dez horas por dia. Nada disso, no entanto, impediu que, na sua segunda gravidez, ela tomasse uma decisão extrema: pediu demissão no meio da gestação. “Quando minha primeira filha era bebê, várias vezes cheguei em casa e ela já estava dormindo”, conta. “Já estava claro que eu não queria repetir a história com o Joãozinho.” A carga horária era tão pesada e o ambiente tão desgastante no antigo posto – num grupo de comunicação com sede em São Paulo – que ela nem conseguiu esperar o nascimento. Priscila saiu com quatro meses. Loucura? Nem tanto. Ela ficou sem trabalho até o filho completar cinco meses, mas começou a negociar outra oportunidade ainda com barrigão. Depois de algumas conversas, conseguiu o que queria: ela trabalha hoje na Cropharma, uma companhia de recrutamento específi-

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∞ CARREIRA

das não chega a ser uma surpresa. A engenheira química Ana Paula Blanco, de 32 anos, foi promovida 40 dias antes do nascimento de sua segunda filha, Gabriela, hoje com dois anos. “Já estava me preparando para o cargo muito antes da gravidez, mas sinceramente não imaginava que seria escolhida.” Mas foi e assumiu uma área com 49 subordinados. E, detalhe, na volta dos quase seis meses de afastamento, ela não se sentiu um peixe fora d’água. Ana Paula, aliás, poderia ter tirado uma licença não-remunerada até a criança completar um ano, como prevê o benefício da P&G, mas isso nem passou pela sua cabeça. “Com quatro meses em casa, eu já ligava para as colegas para saber como estavam as coisas.” Ana Paula é do tipo que prefere administrar a saudade dos filhos (ela também é mãe de Isabela, oito anos) olhando as fotos que espalha no escritório. Ela conta nos dedos as vezes em que faltou ou saiu mais cedo em função dos pequenos. “Tenho um verdadeiro staff dentro de casa: com babá, empregada doméstica e motorista”, conta. E mesmo com uma agenda que até parece de um chefe de estado, Ana Paula mantém planos de aumentar a família. “Quem sabe ainda não virá o terceiro. Quem sabe?”

Rosângela “Isso tem permitido que algucebendo visitas e cuidados da e Léo na creche mas empresas se destaquem mãe a qualquer hora do dia. da natura: o filho por suas iniciativas”, explica So“Tenho a sorte de trabalhar nué a prioridade lange Sanches, coordenadora ma empresa que me dá total linacional do programa de estudos de gêberdade para priorizar meu filho.” Lonero da Organização Internacional do go no primeiro mês de sua volta ao baTrabalho (OIT). É o caso da Natura, ontente, ela colocou em xeque as políticas de Rosângela trabalha, e da Procde flexibilização da companhia. Era sua ter&Gamble, onde promoção de gráviprimeira reunião como gerente de RH com um dos presidentes da Natura. O encontro estava marcado para o final do GRAVIDEZ X TRABALHO dia, mas acabou atrasando mais que Como é a licença-maternidade ao redor do mundo o esperado. “Acionei meu marido para que ele viesse buscar o Léo na creARGENTINA ∞ 12 semanas de licença remunerada para a mãe. che, mas ele não conseguiria chegar BRASIL ∞ 16 semanas de licença remunerada para a mãe, com direito a um adicional de 15 dias para amamentação. a tempo”, conta. Rosângela chamou sua CANADÁ ∞ 15 semanas com 55% da remuneração para a mãe, com a opção de um adisupervisora, explicou a situação e saiu cional de 37 semanas, sem remuneração. da sala sem cerimônias. A conversa com DINAMARCA ∞ dois anos de licença remunerada para a mãe ou um ano para o casal. o chefe ficou para depois. EUA ∞ a legislação não garante a remumeração, que fica a critério do empregador. EntiEstá claro que o sucesso na adminisdades de classe mantêm fundos para garantir o salário da mãe por até quatro meses. tração da vida pessoal e profissional deFRANÇA ∞ 16 semanas de licença remunerada para a mãe. pende, mais que tudo, da postura da muINGLATERRA ∞ licença remunerada de 26 semanas, que pode ser prorrogada por até um ano, conforme as necessidades da criança – neste caso, sem remuneração. lher. Mas é inegável que, por outro lado, MÉXICO ∞ 12 semanas de licença remunerada para a mãe, sendo seis semanas antes e o país avançou em termos de legislaseis semanas depois do parto. Há opção de um adicional de 60 dias, com 50% da remuneração. ção quando ampliou as negociações coPERU ∞ 12 semanas de licença remunerada para a mãe. letivas entre empregados e empresários.

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∞ ROTEIRO DE SURPRESAS

Mamãe quer mimos Voar de helicóptero, receber massagem ou estudar filosofia? Aqui vão 28 sugestões para você surpreendê-la – e deixá-la feliz por muito tempo ALMOÇO COM ALGO MAIS Brunch musical O restaurante do Hotel Emiliano prepara um brunch especial para as mães, embalado por música ao vivo. Além dos quitutes do seu famoso café da manhã, serão servidos pratos frios, quentes e sobremesas. Para brindar a data, a taça de espumante é por conta da casa.

◊ Restaurante Emiliano Preço: R$ 120 Aceita todos os cartões de crédito Estacionamento: R$ 8 Horário: 11h30 às 16h Endereço: R. Oscar Freire, 384, Jardins Tel.: 3068-4399 Direto da Tailândia O mais novo restaurante tailandês da cidade oferece um menu de degustação repleto de delícias. Para saudar as mães, a casa escolheu uma orquídea – flor símbolo do país – ou um pingente, também tradicional. Ela escolhe o mimo.

◊ Thai Gardens Preço: R$ 73 (menu degustação) Aceita todos os cartões de crédito Horário: 12 h às 15h Endereço: Av. Nove de Julho, 5871, Itaim Bibi Tel.: 3073-1507 Azeite para viagem A chef uruguaia Clo Dimet preparou um menu especial. No couvert, crocantes de oliva e tapas variadas. Para o prato principal a sugestão é a merluza austral. As 28

mães ganham de brinde um produto da Butique de Azeite O&Co.

◊ La Table O&Co Preço: R$ 68 Aceita todos os cartões de crédito Estacionamento: R$ 6 Horário: 9h às 17h Endereço: R. Bela Cintra, 2023, Jardins Tel.: 3088 9008

Alecrim e pacote de beleza As chefs Angela Amado e Stela Krempel apostaram nas receitas de suas mães para incrementar o bufê, que contará com cuscuz paulista, quiche de pinhão e ovos nevados. As mães serão homenageadas com um vasinho de alecrim, e haverá sorteio de um tratamento de beleza do salão Jacques Janine.

◊ Rosmarino ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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◊ Figueira Rubaiyat Preços: pratos a partir de R$ 52 Endereço: R. Haddock Lobo, 1738, Jardim Paulista Tel.: 3063-3888 Estacionamento: grátis

Preço: pratos a partir de R$ 34 Horário: 12h30 às 17h Endereço: Rua Araçari, 260, Itaim Bibi Tel.: 3071-1818

Brinde na véspera

Volta ao tempo

Para as mães moderninhas, a comemoração começa na noite de sábado. A nova casa Museum, que reúne música, drinques diferenciados, comidas francesa e japonesa em um ousado espaço assinado por João Armentano, oferece uma taça de champagne para as mamães começarem bem a balada.

O restaurante, que remete à São Paulo antiga, prepara um bufê especial – e a sobremesa das mães é um presente da casa. Para aproveitar o clima de volta ao passado, vale percorrer a feira de antiguidades do Masp, que fica bem pertinho.

◊ Museum Horário: 19h até o último cliente Endereço: James Joule, 65, Morumbi Tel.: 5506-3960 Entrada somente com reserva. Aceita todos os cartões de crédito.

◊ Pateo da Luz Preço: R$ 26,80 Aceita todos os cartões de crédito Estacionamento: R$ 6 a primeira hora Horário: 12h às 17h Endereço: Av. Paulista, 2064 (Primeiro piso do Shopping Center 3) Tel.: 3266-5975

Tempero de brinde Fora dos circuitos da badalação, esta charmosa casa suíça é uma boa opção para aqueles que preferem comemorar de forma intimista. No final do almoço, as mães ganharão um frasco de especiarias da Berna Frios Especiais.

Em clima esportivo Para as mães atléticas, o restaurante inaugurado há um mês tem o cenário perfeito. Esportes de aventura dão o tom em todos os detalhes, desde a decoração até os nomes dos pratos. E o melhor: no almoço em família do domingo espe-

◊ Florina Preço: R$ 52 (menu completo) Aceita cartões de crédito American Express, Mastercard e Visa Estacionamento: R$ 6 Horário: 12h às 16h Endereço: R. Cristóvão Pereira, 1220, Campo Belo Tel.: 5041-5740 Preço: R$ 55 (não inclui couvert, bebidas e taxa de serviços) Endereço: R. Henrique Monteiro, 44, Pinheiros Tel.: 3819-3897

Borbulhas da Austrália A Figueira comemora o dia das mães oferecendo uma taça de espumante australiano para toda a família. A sugestão do chef Francisco Gameleira são os pescados e os frutos do mar.

Sobremesa de gala A sobremesa da mamãe é um brinde do chef Mauro Maia, que preparou especialmente para a data o tortelloni di zabaione ai lamponi e marsala (massa de framboesa recheada com zabaione siciliano ao molho de baunilha e marsala). A dica do chef é o menu da cozinha clássica italiana.

◊ Supra ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006

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∞ ROTEIRO DE SURPRESAS

presente com os disputados pães, bolos e geléias feitos pelos monges, que serão vendidos excepcionalmente. ◊ Mosteiro de São Bento Horário: 10h Endereço: Largo de São Bento, s/nº, Centro Tel.: 3328-8799

Vôo panorâmico Deixe sua mãe literalmente nas nuvens. A agência Immaginare organiza passeios de helicóptero pelo litoral paulista e vôos noturnos pela capital. Se quiser fazer surpresa, a empresa entrega o convite na forma de valepresente em casa.

◊ Immaginare Preço: a partir de R$ 4 mil Endereço: R Capitão Cavalcanti, 322, Vila Mariana Tel.: 5088-0990

Passeios que são presentes Para ver estrelas Caminhada com yoga Nada de estresse no domingo em família. Acorde um pouco mais cedo, peça para sua mãe vestir uma roupa confortável e um par de tênis. Vocês vão passar alguns momentos juntos, numa caminhada com direito a uma aula de yoga no parque Villa Lobos. A Agência Caminhar oferece o passeio com práticas de respiração, posturas e, para finalizar, uma meditação.

◊ Parque Villa Lobos Preço: R$ 35 Horário: 9h às 10h30 Endereço: Rua Rumaica, 434, Alto da Lapa Tel.: 3645-1675

Conhecer o mais novo planetário da cidade é um programa inesquecível. Ele fica no Parque do Carmo e realiza apresentações do universo astronômico abertas ao público. A sala de projeção é equipada com tecnologia de ponta, o espaço é bem confortável e as sessões incluem comentários de astrofísicos.

◊ Planetário do Carmo Entrada gratuita (retirar ingresso uma hora antes) Horário: Sessões no domingo às 12 e às 16h, com duas horas de duração. Endereço: R. John Speers, 137 Tel.: 6522-8555

Despertando o conhecimento

rante dois meses. Serão duas turmas, uma às segundas-feiras e outra às quintas-feiras. Tim-tim!

◊ Associação Brasileira de Sommeliers Preço: R$ 600 Horário: 20h às 23h Endereço: Av. Faria Lima, 1800, 8º andar, Pinheiros Tel. 3814-7853 – 3814-1269 Reciclagem intelectual A Casa do Saber, reduto dos aprendizes mais chiques da capital paulista, entrou no clima do dia das mães com o lançamento de um vale-curso exclusivo para a data. Você pode aproveitar a comemoração para deixar sua mãe mais inteirada sobre temas sociais, culturais e filosóficos. Uma das sugestões é o curso Vida, Razão e Sentimento – O pensamento de Miguel Unamuno, a cargo de Clóvis de Barros Filho, professor de Filosofia da USP e da Cásper Líbero.

◊ Casa do Saber Preços: de R$ 400 a R$ 640 Duração: entre um e dois meses Endereços: Unidade Jardins R. Dr. Mário Ferraz, 414 Tel.: 3707-8900 Unidade Higienópolis R. Itambé, 315 A Tel.: 3255-8900 Arranjos florais do Oriente Se a sua mãe gosta de flores, esqueça o tradicional buquê. Você pode inovar, dando de presente um curso de Ikebana. A arte milenar japonesa reúne os conceitos do budismo Ikenobo e Sogetsu com a produção de arranjos florais.

Degustação de vinhos Missa e quitutes A tradicional missa de domingo do Mosteiro de São Bento, com canto gregoriano, é um bom programa para reunir a família e celebrar a data. Ao lado, na loja do mosteiro, aproveite e complete o 30

Que tal brindar o dia das mães com uma boa dose de enologia? A Associação Brasileira de Sommeliers abriu as inscrições para o Curso Básico de Vinhos, que começa na segunda quinzena de maio, com aulas semanais du-

◊ Aliança Cultural Brasil Japão Taxa de inscrição: R$ 40 Mensalidade: R$ 118 Horário: Sextas-feiras, das 19h às 21h Endereço: Av.Vergueiro 727, 5º andar, Liberdade Tel.: 3209-6630 ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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adquirido na forma de um cartão, que deixa a mamãe livre para agendar o dia e a hora dos cuidados. ◊ Kyron Spa Preço: R$ 725 Endereço: Av. Faria Lima, 2232 (Piso mezanino do Shopping Iguatemi) Tel.: 3095-3000

Cores em harmonia

O prazer de cozinhar bem Tirar a mãe do fogão é palavra de ordem no dia delas, mas ajudá-la a melhorar o tempero pode ser uma boa idéia. A recéminaugurada Accademia Gastronomica, comandada pelo chef italiano Giuseppe Gerundino, oferece cursos práticos. Você e sua mãe podem cozinhar juntos e, ao final de cada aula, saborear suas criações.

◊ Accademia Gastronomica Preço: R$ 420 (curso com 4 aulas) Endereço: R. Inhambu, 1126, Moema Tel.: 5041-3277 História da comida A escola de gastronomia Viander propõe um programa para presentear a mamãe com cultura. Um vale dá direito ao curso de História da Alimentação. As aulas são comandadas por historiadores e sociólogos.

Para a sua mãe andar sempre bem vestida, a sugestão da consultora de imagem Ilana Berenholc é presenteá-la com serviço de análise de cores. O estudo identifica os tons de roupas e acessórios que mais destacam os pontos fortes de cada mulher. Sua mãe sairá de lá com um guia personalizado que servirá de referência na hora de fazer as compras.

◊ Ilana Barenholc Preço: R$ 600 Endereço: Av. Rouxinol, 84, conj. 92, Moema Tel.: 5531-3678

tá com desconto de 15% nos tratamentos faciais apenas no mês de maio.

◊ Onodera Preços: Rugas e linhas de expressão R$ 2.646,05; rejuvenescimento R$ 976,65; manchas R$ 1.197,65 Central de Atendimento: 2135-9622 Endereço: consulte o site www.onodera.com.br Tratamentos à la carte Basta você escolher o tratamento de beleza que combina com a sua mãe e comprar um vale-presente da marca francesa. Deixe para ela marcar o horário e o endereço mais convenientes. Para não errar, a dica é comprar uma limpeza de pele, sempre bem-vinda.

◊ Anna Pegova Endereço: consulte o site www.annapegova.com.br Tel.: 0800-131-345 Preço: a partir de R$ 132 (limpeza de pele).

Rejuvenescimento Aproveite a temporada de outono, que é propícia para cuidar da pele do rosto, e ofereça um presente na hora certa. A rede de clínicas de estética, com mais de 20 unidades em São Paulo, es-

Vale-presente caprichado Se os tratamentos de beleza viraram uma ótima opção de presente para o dia das mães, aqui ele é oferecido de forma elegante. Basta comprar um va-

◊ Viander Casa de Gastronomia Preço: R$ 150 Endereço: Alameda Lorena, 558, Jardins Tel.: 3057-2987

Deixe-a ainda mais bonita Pele de seda O concorrido spa do Shopping Iguatemi lançou um programa exclusivo para as mães. Chama-se Special Hours e inclui hidratação corporal com fios de seda, além de tratamento facial rejuvenescedor. O presente pode ser ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006

Foto: Alexandre Anes

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le no valor correspondente ao programa escolhido e ele será entregue em uma embalagem vistosa, que inclui dois sabonetes. As principais sugestões são a drenagem linfática e a massagem modeladora.

energéticos e alimentação balanceada. O lugar é fantástico, com jardins floridos e arquitetura de Ruy Ohtake. O fim de semana completo é bem mais caro, mas além de romântico, oferece mordomias de paxá.

◊ Spa L’Occitane Preço: R$ 150 Estacionamento: R$ 6 Endereço: R. Bela Cintra, 2023, Jardins Tel.: 3088-0794

◊ Unique Garden Preço: R$ 680 (Ritual Madre Lux). Diária para casal entre R$ 1.007 e R$ 1.818 Horário: 8h às 17h Endereço: Estrada Laramara,3500,Mairiporã,SP Tel.: 4486-8700

Para as mães que sonham com uma pausa na estressante rotina, o hotel e spa Unique Garden é um presentão. O Ritual Madre Lux inclui terapias, banhos 32

◊ Massage Company Preço: de R$ 20 a R$ 120 Endereço: R. João Cachoeira, 575, Itaim Bibi Tel.: 3078-8500 Massagem indiana

Bem-estar para mãe e filho

Sua mãe vai esquecer que está no agitado centrinho da Vila Madalena. A casa de terapias Magma criou um vale-presente alternativo: uma combinação de sauna e massagem indiana garshana.

Para o relax em família, a Massage Company oferece o pacote Mãe e Filho. Em maio, o filho que receber uma sessão de qualquer tipo de massagem ganha 50% de desconto para presen-

◊ Magma Preço: de R$ 150 a R$ 250 Endereço: R. Aspicuelta, 227, Vila Madalena Tel.: 3816-5816

Para ela relaxar Ritual completo

tear a mãe com outra massagem.

Foto: Alan Gouveia

Workshop de meditação ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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1. XÍCARAS DE CERÂMICA R$ 47, KIT COM CHÁS R$ 35 E INFUSOR INDIVIDUAL R$ 26 A LOJA DO CHÁ (11) 3823-2776.2. QUADRO DE FLORES R$ 25 (CADA) VIVARTE (11) 3661-1870. 3. KIT R$ 130 ANNA PEGOVA 0800-131-345. 4. CARTEIRA R$ 31 CORDEZ (11) 3339-1111. 5. PESOS EMBORRACHADOS 1 KG (CADA) R$ 16 BAYARD (11) 3251-2016

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6. ALMOFADA VERMELHA R$ 100 RENDAS E FRICOTES (11) 3082-0330. 7. PRATO DECORADO R$ 48 DKZA. 8. CONJUNTO - SUTIÃ CALCINHA R$ 59 ANY ANY 0800-770-3288. 9. MALA ESPORTIVA R$ 149 ADIDAS À VENDA NA BAYARD (11) 3251-2016. 10. BOLSA ARQUEIRO R$ 99 YOGINI/BAYARD (11) 3251-2016. 11. BOLSA R$ 129 BOUTIQUE WEISS (11) 3167-3160. 12. CADERNO DE RECEITAS R$ 38 DKZA

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1. MINIGELADEIRA 7 LITROS R$ 359 DOURAL (11) 3229-1411. 2. KIT MUNHEQUEIRA COM RELÓGIO R$ 270 (CADA) NIKE À VENDA NA BAYARD (11) 3251-2016. 3. IMPRESSORA PARA FOTOS DIGITAIS R$ 299 SAMSUNG 0800-124-421. 4. DEPILADOR ELÉTRICO R$ 289 PHILLIPS 0800-170-506. 5. TÊNIS R$ 299 ADIDAS (11) 2161-2961. 6. CORDÃO DE COURO COM CORAÇÃO DE CRISTAL R$ 386 SWAROVSKY (11) 3266-4511

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◊ 7. PERFUME "FLOWER BY KENZO" R$ 269 KENZO 0800-170-506. 8. BOLSA R$ 329 LACOSTE (11) 5180-3154. 9. BANDEJA DE BAMBU PARA CAMA R$ 326 ESPAÇO TIL (11) 3063-5593. 10. CANETA ESFEROGRÁFICA DETALHES EM OURO 22K R$ 203 ADI SHAEFFER À VENDA NA INFO PAPER (11) 3031-9200. 11. CANETA ESFEROGRÁFICA OURO ESCOVADO R$ 154 ADI SHAEFFER À VENDA NA INFO PAPER (11) 3031-9200. 12. PORTA GUARDANAPOS EM AÇO R$ 220 ESENCIAL (11) 3168-5601

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◊ 1. ÓCULOS SOLAR R$ 760 AZZARO À VENDA NA ÓTICA LUNNETE (11) 3022-5506. 2. ÓCULOS SOLAR R$ 609 GUESS À VENDA NA FOTOPTICA (11) 3284-2735. 3. ÓCULOS SOLAR R$ 409 TOMMY HILFIGER À VENDA NA FOTOPTICA (11) 3284-2735. 4. RELÓGIO R$ 460 MOSCHINOS. 5. ANEL DE CRISTAL R$ 559 SWAROVSKY (11) 3266-4511. 6. DIGIMEMO COM 8 MEGA R$ 579 WWW.SUBMARINO.COM.BR. 7. FRIGIDEIRA R$ 499 LE CREUSET À VENDA NA DKZA

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1. MIXER PARA BEBIDAS R$ 1.195 SPICY (11) 3823-2819. 2. BROCHE R$ 1.490 GIORGIO ARMANI (11) 3062-1386 3. PINGENTE R$ 980 E CORDÃO DE COURO R$ 230 ANTONIO BERNARDO (11) 3083-5622. 4. SANDÁLIA PRETA R$ 1.620 DOLCE&GABANNA (11) 3815-8387. 5. CÂMERA FILMADORA DIGITAL

R$ 1.699 SAMSUNG 0800-124-421.

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6. CASACO DE TWEED R$ 1.350 LITA MORTARI (11) 3064-3021. 7. BOLSA SACOLA R$ 1.490 EMPORIO ARMANI (11) 3323-3520. 8 . RELÓGIO COM PULSEIRA EM AÇO R$ 1.130 TISSOT (11) 37462899. 9. RELÓGIO R$ 1.090 MIDO (11) 3746-2899. 10. RELÓGIO COM

DIAMANTES R$ 1.870 BULOVA À VENDA NA MAGNUN GROUP (11) 31492590. 11. BRINCO DE OURO BRANCO R$ 1.744 TYFFANY (11) 3081-8100.

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Múltiplos de1 Versatilidade total: escolha a peça chave e vários jeitos de combiná-la

Bermuda

Na altura do joelho, ela ganhou modelagem feminina e conquistou espaço entre as mulheres. Pode ser em alfaiataria, lã ou mesmo jeans ◊ BERMUDA R$ 264 LIZ MELLO (11) 3331-6191. CAMISA R$ 250 FÓRUM (11) 3062-8007. CACHECOL R$ 160 FÓRUM (11) 3062-8007. SAPATO R$ 214 DUMONT (51) 3599-8850. BOLSA R$ 1.599 LENNY & CIA (11) 3085-8361. Abuse do salto alto para deixar ainda mais feminina a sua bermuda. Aposte nessa combinação com acessórios dourados Opções ◊ 1. REGATA DE PAETÊS R$ 449 MASSIH (11) 3083-5771. 2. BLAZER CRU DE VELUDO COTELÊ R$ 920 LITA MORTARI (11) 3064-3021. 3. SANDÁLIA EM VELUDO COM LAÇO R$ 284 IODICE (11) 3085-9310. 4. BOLSA CARTEIRA EM VELUDO R$ 629 DAHRJAN (11) 5056-0813.

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Paletó militar Aliste-se! O militar volta com mais do que somente as estampas camufladas. A jaqueta sem gola é o quente do inverno. ◊ PALETÓ MILITAR R$ 296 ZAPPING (11) 3663-2614. VESTIDO R$ 297 DOMITILA (21) 2523-9713. FAIXA DE CETIM NA CINTURA R$ 25 ERVA DOCE (11) 5181-6246. SAPATO R$ 366 SANDRA SILVEIRA (11) 3063-5623. ÓCULOS R$ 635 POLICE (11) 3873-9133. BRINCO R$ 188 MASSIH (11) 3083-5771.

A jaqueta militar é uma boa pedida sobre um vestido florido ou um ótimo complemento para a saia romântica. Opções ◊ 1. BLUSA ROSA EM JERSEY R$ 284 IODICE (11) 30659310. 2. SAIA COM RENDA R$ 198 DROSÓFILA (31) 2126-9100. 3. BOTA DE CAMURÇA R$ 75 BOTTERO (51) 3545-5400. 4. ÓCULOS ESCUROS R$ 943 ESCADA (11) 3837-9133.

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Camisa Jabô A magia romântica conquista de vez o guarda-roupa feminino ◊ CAMISA JABÔ R$ 210 BEBÉ (11) 3044-0938 SAIA DE SEDA R$ 197,80 LZK (11) 3221-2416. SAPATO R$ 275 LUIZA BARCELLOS (31) 2102-0100. BOLSA DOURADA R$ 380 CANAL CONCEPT (11) 3083-2511.

O visual básico ganha glamour com a camisa jabô e a faixa. Tudo fica ainda mais gracioso! Opções ◊ 1. FAIXA AMARRADA NA CINTURA R$ 40 SPEZZATO (11) 3074-2922. 2. CALÇA JEANS R$ 229 CANTÃO (21) 3229-3139. 3. SAPATO R$ 105 BOTTERO (51) 3545-5400. 4. MINI BOLSA DE COURO R$ 278 COLCCI (11) 3823-2808. 5. BRACELETE DE PRATA R$ 608 GABRIELA DEWEBER (11) 3815-8188. 44

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Casaco 7/8 Antes considerado masculino, o 7/8 passa a ser imprescindível em seu contraste com a delicadeza do vestido preto e branco ◊ CASACO 7/8 R$ 1.280 MARA MAC (11) 3082-8902. VESTIDO PLISSADO R$ 565 ZOOMP (11) 3064-1556 SAPATO R$ 159 JORGE ALEX (11) 6977-6837. BOLSA VINTAGE R$ 498 LEGASPI (51) 3561-2445.BRINCO R$ 98 PAOLA & CATERINE (11) 3743-0150.

O mistério está no ar, portanto, essa é a hora de revelar elegância com uma peça clássica Opções ◊ 1. REGATA RENDADA R$ 218 SPEZZATO (11) 3074-2922. 2. CALÇA JEANS R$ 398 VIDE BULA (11) 3167-7787. 3. BOTA MILITAR R$ 289 CLAUDIA MOURÃO (31) 3281-3383. 4. CINTO PRETO R$ 1.390 GIORGIO ARMANI (11) 3062-2660.

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Bolero

Além de valorizar a cintura, ele deixa a produção mais leve e jovem ◊ BOLERO R$ 69,90 RENNER (11) 2165-2800 1. BLUSA COM LUREX R$ 126 PROFILE (11) 3845-1235. 2. CALÇA COM AMARAÇÃO NA CINTURA R$ 479 TÊCA (11) 3085-4476. 3. SANDÁLIA R$ 579 IODICE (11) 3085-9310. 4. COLAR DE BOLAS REVESTIDAS EM TECIDO R$ 394,70 LZLK (11) 3221-2416. 5. BOLSA DE COURO R$ 239 MCD (11) 3331-0544. Aproveite o bolero para deixar à mostra a peça que está por baixo. Com este casaco mais curto você não esconde o resto da roupa. Opções ◊ 1. REGATA DECOTE NADADOR COM BARRADO DE AREIA NEGRA R$160 FLAVIA ARANHA (11) 5904-3528. 2. SAIA COM BARRA DE RENDA R$ 640 ALCAÇUS (11) 3845-0855. 3.SAPATO DOURADO COM LAÇO R$ 194,90 DUMONT (51) 3599-8850. 4. BOLSA DE COURO R$ 567,50 IODICE (11) 3085-9310.

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Um amor pra lá de especial

Ter um filho com síndrome de Down fez com que estas mães descobrissem o quanto são capazes de amar e ser amadas POR JULIANA PARENTE

frase do médico, dita há 29 anos, ainda ecoa na memória da dona de casa Maria de Lourdes Kishida: “Sua filha tem síndrome de Down. Ela levará uma vida praticamente vegetativa. Não vai andar nem falar. Mesmo a sobrevivência dela dependerá de você, do seu amor.” Hoje, quando lembra sua história, Maria de Lourdes se emociona. “De certa forma, sou até grata àquele doutor. Não fosse ele, talvez eu tivesse me sentido menos desafiada a garantir uma vida digna a Patrícia”, admite. Ao contrário do que lhe fora dito, sua filha sabe ler e escrever, joga tênis, adora sair para dançar e até já trabalhou como auxiliar numa loja de roupas. O pediatra acertou em um ponto: o futuro de Patrícia foi selado pelo amor de sua mãe. “Não podemos ignorar os avanços da medicina, claro. Mas acho que a principal responsável pela adaptação cada vez maior das crianças com deficiências é a família”, afirma a terapeuta familiar Maria Helena Sprovieri, pertencente ao núcleo da PUC de São Paulo que estuda o tema. Décadas atrás, ficar confinado entre quatro paredes, sem nenhum estímulo físico ou psicológico, era o esperado para os portadores da síndrome de Down – anomalia caracterizada pela presença de um cromossomo a mais no par de número 21. Sem

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Gisele e a filha Manoela: natureza doce e sensível

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pidamente com o apoio os cuidados corretos, das pessoas queridas. essas crianças pouco “Logo que a síndrome se desenvolviam. foi diagnosticada, imaNo Brasil, o cenário ginei que nunca mais começou a mudar a conseguiria levantar da partir de 1988, quancama. Chorava sem pado a nova Constituirar e me recusava a ver ção garantiu o acesso qualquer pessoa. Para de qualquer criança e completar, ainda me adolescente ao Ensisentia culpada por no Fundamental, inaquilo tudo. Era terrícluindo alunos portaGISELE ÀVILA vel”, lembra Gisele. dores de necessidades “Não fosse a paciência especiais. Para dar fôdo meu marido e da minha mãe, acho lego ao movimento pró-inclusão, a Lei que a superação de toda aquela angúsde Diretrizes de Bases da Educação tia não teria se dado tão facilmente.” Nacional, de 1996, estabeleceu que, Nesse período, é importante que a no instante da matrícula, os deficienmãe encontre apoio para se refazer tes têm preferência. “Incentivamos os emocionalmente. “Ela precisa esquepais a matricularem os filhos em escocer a idéia daquele bebê perfeito, que las regulares”, afirma Ione Mayumi vinha acalentando por nove meses paMatsuoka, terapeuta ocupacional da ra passar a aceitar uma nova realidade, APAE-SP. “Nossa meta é integrar estambém repleta de alegrias. Mas isso sas pessoas ao convívio social, sem disnão é fácil, óbvio”, afirma a terapeuta tinção. E a escola pode ser um bom da PUC, Maria Helena. Este vazio e culponto de partida.” pa logo cedem lugar a um vínculo que é a verdadeira entrega incondicional. ≥ APOIO MÚTUO Os pais doam todo seu afeto mais geA publicitária Gisele Ávila, mãe da Manuíno. Pela própria limitação que a nanoela, com um ano e meio de idade, matureza lhes imprimiu, estes pequenos triculou a filha numa escolinha regular, podem tardar a retribuir aos estímupermitindo que ela tenha vários tipos los, mas quando retornam conquistam de amizade. “Não há motivos para setodos ao redor com sua natureza doce gregar. A Manoela faz tudo que uma e sensível. No caso de Gisele, Manuecriança comum está habituada a fazer, la não anda ainda, mas entende “nãos” só que num ritmo diferente”, diz Gi(e faz biquinho), dá sorrisos marotos, sele. A decisão surgiu, em parte, graças é carinhosa e corresponde aos estímua conversas com outros pais de crianças los dos pais como qualquer criança. “Ulcom a síndrome. “Temos um grupo de timamente estamos de cabelos em pé discussão na internet, através do qual com os passeios dela pela escada e entiramos dúvidas e nos aconselhamos. cantados com as mímicas que faz paFora isso, nos encontramos em datas cora a música do Pintinho Amarelinho e mo Páscoa e Natal”, afirma. dos versinhos da Batatinha Quando Grupos assim têm papel fundamenNasce”, diz a mãe. tal, principalmente logo após o nasciPesquisas sobre a síndrome de mento do bebê, quando a revolta e o Down permitiram aos especialistas deinconformismo entre os pais são bastansenvolver técnicas que aumentaram – te comuns. Esta fase, a da negação, é nore muito – a expectativa de vida de seus mal e pode ser superada muito mais ra-

Toda a força que tenho hoje vêm do retorno que a Manoela me dá. E se sou uma pessoa melhor, mais tolerante e mais atenciosa, é graças a ela

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portadores. A rotina inclui uma série de exames para detectar complicações no coração e nos pulmões, cujo funcionamento precário leva a pneumonias freqüentes. A glândula tireóide também recebe atenção: a cada seis meses, são feitos exames para checar seu funcionamento. Prestar atenção a tudo isso parece ser um complicador a mais para as mães, mas nenhuma delas enxerga a missão como um fardo. “Toda força que tenho hoje vem do retorno que a Manoela me dá. E se sou uma pessoa melhor, mais e mais atenciosa, é graças a ela”, diz Gisele Ávila.

CINCO ATITUDES PARA VIVER MELHOR COM UM FILHO ESPECIAL 1 ∞Nada de privilégios. Se tiver mais de um filho, evite dar mais atenção àquele com síndrome de down.Paparicos em excesso,além de retardar o desenvolvimento dele,irão gerar ciúmes – justificados, vale dizer – por parte da outra criança.

2 ∞Não compare.Aproveite cada fase do desenvolvimento da criança, sem se ater a expectativas. Isso dará um sabor único a cada conquista do jovem aprendiz. 3 ∞Faça amigos. Ser compreendida é uma das sensações que gera mais conforto ao ser humano. Lembra na adolescência, como era prazeroso estar entre amigos que pensavam como você? Pois repita a experiência,buscando associações ou grupos de pais que vivem situação semelhante à sua.

4 ∞Concilie a agenda. Acompanhar as atividades do seu filho pode ser uma delícia – para você e para ele, claro, que irá se sentir prestigiado. Mas isso não precisa ser feito em todas as aulas. Então, que tal aproveitar o tempo em que ele faz natação, por exemplo, e experimentar aquela aulinha de pilates?

5 ∞Siga em frente. Um filho com síndrome de Down não é obstáculo para nenhum tipo de sonho ou desejo. Ter outro bebê, continuar trabalhando, fazer uma pós-graduação... Nem pense em interromper seus projetos, alegando que a criança precisa de você. Ela não merece carregar essa culpa. Com um pouquinho de organização, é possível dar conta de tudo. 49


lusa

4/3/09

12:54 PM

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∞P O N T O F I N A L POR LUSA SILVESTRE

Quando a mãe se torna filha eixa eu contar quando tudo começou. Foi quando minha mãe foi me visitar no trabalho. Assim de gente saindo e entrando, colegas, chefe, clientes, e ela chega. Chamam da portaria, eu desço. E encontro mamãe abraçada com uma árvore, na frente de todo mundo. Eu: “Mãe, o que é isso !” Ela: “Nada; só estou sentindo a energia da árvore”. Percebem? Energia da árvore. Umas duas semanas depois dessa visita energético-florestal a sanha esotérica rendeu mais frutos. Vou contar a história: mamãe tinha essa mania de Florais de Bach. Aparecia um problema, duas gotinhas na língua. Levava fechada no trânsito ? Outras três gotas de Florais de Bach. Certo. Certa feita, o professor de ioga foi na casa dela, e achou a vibração geral meio pra baixo. Receitou pingar gotinhas de amoníaco nos cantos certos, pra exorcizar os sangue-ruins e os tranca-ruas em geral. Até aí tudo bem. Complicou quando minha mãe confundiu o vidrinho de Florais com o de amoníaco – sabe como é bolsa de mulher, né –, e no meio de uma conversa tensa pingou as gotinhas erradas na boca. Me ligam do hospital, vou correndo pra encontrar minha mãe no Pronto Socorro, deitadinha na maca, lendo algo do Dalai Lama com a língua lisa feito sinteko e inchada feito lingüiça de pernil – o amoníaco tinha queimado todas as papilas gustativas dela. Os médicos não queriam liberar a mulher, achando que era tentiva de suicídio. Demorou pra eu convencer os doutores todos que esta opção era absurda; ela estava entrando na melhor fase da vida dela, a fase de deixar de ser só minha

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mãe para também ser minha filha. Acontece com todo mundo. Belo dia a nossa amada genitora olha em redor da própria vida, nota a casa já quitada, vê os filhos criados, confere que não tem mais tantas atribuições pela frente, e resolve a partir dali aproveitar, viver, soltar a franga – com o perdão da expressão pouco maternal. Ela fuça na memória as madrugadas de penhoar acolchoado esperando a gente chegar, cutuca com o mindinho os ouvidos embotados de ouvir malcriação, e pensa: “eita que chegou minha hora”. Ato contínuo, sai dali pisando fundo no carro pra avacalhar a moral do primeiro guarda de trânsito que aparecer. Em seguida, pára no shopping e desgraça a fatura do cartão de crédito. Liga pro síndico e fala onde ele deve pôr o estatuto do prédio. E, no fim desse dia, você está insone, preocupado; o amor incondicional repetindo pra sua consciência: cuida dela, cuida dela! Prepare-se, viu? Sua mãe virou uma responsabilidade. Não vale refugar, arregar, desconversar. Armese de uns 15% da paciência que ela teve, peça desculpas ao síndico por antecipação, avise o gerente do banco que sua mãe está desgovernada e ouça esse conselho: ponha-a de dependente no imposto de renda antes que algum irmão o faça. Mães são superdedutíveis. ÉPOCA 08 DE MAIO, 2006


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