MULTIPACKS
Fornecedores de novas soluções para agrupar produtos redobram atenção ao mercado brasileiro
Ano XIII • Nº 143
Julho 2011 • R$ 10,00
ENTREVISTA
Especialista em inovação explica como as empresas nacionais podem ser mais competitivas
FLEXÍVEIS Bolsa plástica ganha espaço no varejo de materiais de construção e reparos
ALIADOS FANTÁSTICOS
Personagens de ficção transformam em realidade o desejo das empresas de vender mais
Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR
Um compromisso que convém ampliar São animadoras
as recentes e reiteradas notícias de que – apesar do arsenal de dificuldades a ela imposto pelo intrincado novelo burocrático, pela falta de infraestrutura, pela baixa qualificação da mão de obra e pela ganância fiscal vigente em todos os níveis de governo – a indústria brasileira vem investindo cada vez mais em inovação de produtos. Tais notícias representam como que um retrato de um fato auspicioso: crescem no País a cultura da inovação e a consciência de que esse é um dos mais eficazes instrumentos, se não o mais eficaz deles, para que artigos industrializados no Brasil disputem com igualdade e até superioridade o que se oferece no mercado internacional. As notícias sobre o avanço da inovação são boas, sim, mas seria desejável que o compromisso por inovar se disseminasse por todo o espectro produtivo brasileiro. De nossa parte, damos a essa meta a contribuição que nossas forças permitem, e boa parcela de nossos leitores já nos deu a satisfação de registrar que percebem, no conjunto informativo que lhes oferecemos, um permanente estimulo à inovação na cadeia de valor da embalagem. Aos que talvez não tenham percebido, tomo a liberdade de lembrar que o tema da inovação perpassa fortemente todas as ações daquele conjunto, constituído pelos eventos de transformação promovidos pelo Ciclo de Conhecimento, pelo Prêmio EmbalagemMarca – Grandes Cases de Embalagem e por EmbalagemMarca, em sua edição impressa e na virtual. Neste número da revista, de forma óbvia, o tema é abordado na Entrevista do mês, com o consultor em estratégia empresarial Edson Schrot da Silva. A matéria mostra não só a força e a importância da inovação, mas aponta também caminhos para obter recursos necessários para praticá-la, com ênfase nos benefícios disponibilizados via Lei do Bem. Mas ela está presente também no pano de fundo do restante das reportagens, das notas e dos artigos da edição. Afinal, para simplificar, esse conjunto de informações mostra de forma analítica um pouco do que é feito, no Brasil e no exterior,
para aperfeiçoar e inovar as embalagens dos mais variados produtos. Nosso compromisso com a inovação, como não poderia deixar de ser, resulta em buscarmos nos renovar e também em inovar no nosso campo de atuação. Assim, na área específica de meios voltados à informação sobre o universo da embalagem, o site e a revista tiveram seus formatos e seus conteúdos reformulados. Como dito na edição anterior, não eram projetos acabados, já que se inserem num universo em constante mutação. Também como dito então, outras inovações seriam introduzidas gradativamente nas iniciativas da casa. Neste número é inaugurada a seção EM Foco, na qual, de agora em diante, a cada mês serão publicados trechos de opiniões de consumidores finais sobre diferentes tipos de embalagens. Esse novo serviço de forma mais ampla em vídeos no site www.embalagemmarca.com.br. Aguardem mais novidades. Até agosto.
WIlson palhares
“Crescem no País a cultura da inovação e a consciência de que esse é um dos mais eficazes instrumentos, se não o mais eficaz deles, para que artigos industrializados no Brasil disputem com igualdade e até superioridade o que se oferece no mercado internacional” Julho 2011 |
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Edição 143 • Julho 2011
Sumário 20 Reportagem de capa
licenciamentos O licenciamento de marcas tem crescido de maneira notável no País e rende cada vez mais receita às empresas, além de apresentar-se como estratégia inteligente de marketing tanto para licenciados como para licenciadores POR flávio palhares
3 Editorial Maior preocupação do empresariado com inovação e competitividade reflete-se em ações de EmbalagemMarca
8 Espaço Aberto Críticas, sugestões e elogios dos leitores
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10 Fitilhos Empresa britânica introduz no mercado brasileiro novo fitilho decorativo, alternativa para a promover o produto sem que haja troca da arte da embalagem flexível 12 Painel Primeira garrafa poliédrica do mundo é lançada na Suécia para acondicionar energético. Garrafa para cachaça chega ao mercado com tamanho diferenciado. Wheaton arremata empresa de decoração de embalagens. 18 EM Foco Consumidores dão opiniões sobre o Capri-Sun, suco em stand-up pouch recém-lançado no mercado brasileiro
28 Multipacks Fornecedoras americanas almejam disseminar
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no Brasil o uso de multipacks feitos de anéis ou discos plásticos
Mantenha-se atualizado. Acesse www.ciclodeconhecimento.com.br | @CicloEM
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novas chances para atualizar seus conhecimentos
24/8
CENTRO DE CONVENÇÕES DE PERNAMBUCO
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FÓRUM
A FORÇA
VENDEDORA DOS
RÓTULOS Evento para apresentar as alternativas disponíveis – e caminhos prováveis – em decoração de embalagens para executar ações de valorização de marca e os seus reflexos na nova dinâmica das relações com os consumidores. • A importância das marcas e o papel da embalagem na sua construção • Novas tecnologias e interatividade nos rótulos • Oportunidades abertas pelo uso de estratégias de decoração que pensam além do custo
Patrocínio Ouro:
Patrocínio prata:
O objetivo deste evento é analisar o desenvolvimento do mercado de Stand-Up Pouches no Brasil e discutir as oportunidades de crescimento desse sistema de embalagem. Alguns tópicos a serem abordados:
VAGAS LIMITADAS! Inscreva-se já! ciclodeconhecimento.com.br
• O cenário do Stand-Up Pouch no Brasil • Desafios e Gargalos do Mercado Nacional • Fill-seal ou Form-fill-seal? • Stand-Up Pouches e Sustentabilidade
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Patrocínio Ouro:
Edição 143 • Julho 2011
Sumário 34 Ideias Lata de aço de 1 litro quer competir com garrafas de vidro no mercado cervejeiro e vislumbra potencial para acondicionamento de refrigerantes e energéticos
35 Materiais de construção Marca importante do setor de materiais de construção adota embalagens flexíveis em linha de massas para correção e calafetação de artefatos de madeira
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36 Leites Empresa suíça prepara terreno para introduzir no mercado brasileiro caixinha longa vida desprovida de camada de alumínio – o que seria capaz de reduzir as emissões de carbono 38 Entrevista Edson Schrot, diretor da MSE Consulting, fala dos avanços conquistados pelo Brasil em inovação e dos muitos obstáculos a serem superados nesse campo 42 Destilados Pernod Ricard lança edição limitada de uísque
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apoiada em rótulo termoencolhível que reproduz obra de artista plástico e que brilha sob luz negra
44 Artigo: Novas bolsas plásticas e embalagens de cosméticos com pequenos ajustes demonstram uma tendência em investir em inovação sem perder a relação custo-benefício POR LYNN DORNBLASER
46 Display Produtos veterinários com embalagens e acabamentos feitos com esmero. Cookies integrais em flowpacks. Energético em dose única. Embalagem especial marca o centenário da Nivea. Fragrância de O Boticário ganha embalagem especial decorada com glitter
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50 Almanaque Primeira maionese do mercado com boca larga evitava sujar talheres. Propaganda de guaraná difundiu gíria. Refrigerante americano sugeria consumo de três doses diárias
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Empresas que anunciam nesta edição 3M........................................................................................29 Aaron..................................................................................49 Arol..................................................................................... 25 Center Fix.......................................................................... 27 Ciclo de Conhecimento..........................................5 e 31 Congraf............................................................................... 11 Cryovac.................................................................................7 Embala............................................................................... 33 Esko-Graphics.................................................................. 45
Frascomar.......................................................................... 23 Giro News.......................................................................... 47 Grif......................................................................................... 9 Indexflex................................................................... 4ª capa Irani Celulose.....................................................................13 Krones................................................................................ 41 Limer-Cart..........................................................................17 Lisboa Turismo................................................................. 37 Moltec................................................................................49
Pack Point...........................................................................31 Papirus.................................................................................51 Plastimagen........................................................................15 Prêmio EmbalagemMarca............................................ 19 Rigesa....................................................................... 2ª capa Technopack...................................................................... 43 Vitória-Régia...................................................................... 43
Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br • Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Marcelo Marcondes | marcelo@embalagemmarca.com.br • Comercial: Juliana Lenz | juliana@ embalagemmarca.com.br • Karin Trojan | karin@embalagemmarca.com.br • Wagner Ferreira | wagner@embalagemmarca.com.br • Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Assistente de arte: Wilson Roberto Jr. | arte1@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@ embalagemmarca.com.br • Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Manoel Dias | eventos@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas (assinatura anual R$99): Kelly Cardoso | assinaturas@embalagemmarca.com.br • Capa: André Godoy
Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Arcílio Martins, 53 04718-040 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 www.embalagemmarca.com.br
Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.
Espaço aberto opiniões, críticas e sugestões de nossos leitores
Edição de aniversário É com grande alegria que recebo o exemplar da revista comemorativo dos doze anos de existência. Desde que comecei a trabalhar na Brasilata, em fevereiro de 2001, conheço a revista e a leio todos os meses. Mesmo quando estava na Europa estudando tinha o hábito de fazê-lo. Encontro muitos pontos comuns entre a Brasilata e EmbalagemMarca: ambas são ousadas, destemidas em inovar, valorizam seus funcionários, têm políticas de longo prazo e, acima de tudo, fazem negócios com princípios éticos. Parabéns em nome da Brasilata, e muitos mais anos de vida para a revista. Tiago Heleno Forte Gerente de marketing – Brasilata São Paulo, SP O novo formato de EmbalagemMarca ficou excelente. Remete a uma idéia ao mesmo tempo clássica e atual, com reportagens de peso para o nosso segmento. Parabéns a todos da equipe pelos doze anos de existência e por sempre estarem preocupados em nos dar subsídios para o nosso dia a dia. Obrigada por sempre estarem solícitos quando necessitamos da ajuda de vocês! Vilma Baptista Proprietária – Clever Pack Rio de Janeiro, RJ Acabo de receber EmbalagemMarca em nova roupagem. Parabéns pelo novo design gráfico e pela apresentação moderna, condizente com os objetivos da editora. Parabéns pelo 12º aniversário da revista, com votos de que muitos outros sejam comemorados. Sucesso! Peter Freundt Lumipack Representações Rio de Janeiro, RJ Em nome da Gutenberg Máquinas e Materiais Gráficos, queremos parabenizá-los pelos doze anos de EmbalagemMarca, bem como pelo novo visual, que tornou a revista de leitura ainda mais agradável e moderna, Parabéns também pelo site, priorizando a facilidade de leitura e a valorização das informações. Uma das seções que mais gostamos de ler é Almanaque, uma vez que valorizamos muito o histórico das embalagens. Muitas vezes é a primeira seção que lemos. Ficamos muito satisfeitos por Almanaque ter sido preservado
8 | Junho 2011
no novo visual e, na verdade, ter ainda maior destaque. Klaus Tiedemann, presidente; Melvyn Faco, gerente comercial; Luís Sérgio Santos, gerente de marketing Gutenberg Máquinas e Materiais Gráficos São Paulo, SP Acabo de receber a revista e me surpreendi com o laço da PH Fit. Não poderia haver adorno melhor para a revista, que está com um conteúdo esplêndido. O laço cumpriu seu papel, a revista foi um verdadeiro presente! Parabéns à PH Fit pela inovação! Wagner Sarchis Gerente de produto Duduxo Alimentos Congelados Juiz de Fora, MG Recebi a Edição Especial de EmbalagemMarca com o laço vermelho na capa. Que chique! Adorei. Parabéns pelos doze anos! Elisa Haetinger Marketing – Nova Página Gráfica e Editora Cajamar, SP A edição de aniversário de EmbalagemMarca com o nosso laço ficou linda! O anúncio na quarta capa casou muito bem com a ação. Parabéns pelo novo layout. A revista está com ótimo conteúdo e muito bonita. Melina Frederico Supervisora de Marketing PH Fit – Fitas e Inovações Têxteis Nova Odessa, SP Nem abri ainda a edição 142 da revista e já estou encantado com a apresentação. Parabéns pelos doze anos de sucesso. Lauro de Moraes Sócio-diretor – Igaraí Embalagens São Paulo, SP A edição de junho de EmbalagemMarca é o reflexo da competência da equipe. Parabéns pelo 12º aniversário e pela edição. Abraços João Tichauer São Paulo, SP O novo projeto gráfico de EmbalagemMarca ficou muito bom. Parabéns a toda a equipe. Tenho e acompanho a revista desde a primeira edição, e posso afirmar que ela fez e continua fazendo parte da minha formação. Parabéns
pelo 12º aniversário da revista. Espero que tenha vida longa e continue sendo um sucesso. Edson Konioshi Ikonidesign São Paulo, SP Registro meus parabéns a toda equipe pela nova EmbalagemMarca. A revista ficou mais interativa. As informações, como sempre pontuais, polidas e objetivas, fazem com que a revista realmente seja uma das mais importantes deste mercado. Andreza Carraro Analista de Marketing – Indemetal Gráficos Itu, SP Parabéns pela capa jovial/moderna, pelo site e pelos doze anos da revista. Já ficou “adulta” e continua sempre nos surpreendendo na inovação e no conteúdo. Leitura imprescindível! Abraços a todos. Roberto Inson RInson Consultoria Empresarial e Marketing São Paulo, SP Adoramos a nova edição de EmbalagemMarca. A revista ficou muito clara, objetiva. Parabéns. O laço utilizado na edição de aniversário ficou o máximo. Marcia Veneziano Diretora – In-Prensa Comunicação São Paulo, SP Com grande satisfação acabei de receber a edição de número 142 de EmbalagemMarca. Simplesmente sensacional. Ficou extremamente elegante. Aliado à qualidade gráfica, o conteúdo efetivamente dá vontade de ler e reler. Parabéns. Creio que no setor de embalagens a revista assumiu a liderança aliada à maturidade. Continuem nesse constante aprimoramento. Auresnede Pires Stephan (Eddy) Professor de design São Paulo, SP
Site inspirador Adorei o site. Muito inspirador para quem faz ou deseja fazer design digital, trabalhar com design de embalagens e todo tipo de comunicação visual. Parabéns a todos. José Luís Bottino de Vasconcellos Designer gráfico São Paulo, SP
fitilhos
Além da abertura Payne apresenta fitilho que decora embalagens
Conhecida por ser uma empresa especializada em sistemas de abertura de embalagens flexíveis – mais especificamente os fitilhos, presentes em embalagens de biscoitos, cigarros e CDs, entre muitas outras – a Payne entra no segmento de decoração de embalagens. “Até hoje nossos produtos eram lembrados como uma ferramenta para abrir embalagens que poderiam ser impressas para informar ao consumidor sobre alguma promoção”, diz Diogo Martins, gerente Comercial da Payne para a América Latina. “Agora estamos utilizando o fitilho como ferramenta de comunicação com o intuito de minimizar os custos com trocas de arte e impressão de embalagens dos nossos clientes”, ele explica. Com um projeto desenvolvido no Brasil, a empresa de origem britânica passou a fornecer para a Kraft Foods uma cinta autoadesiva que vai cola-
da nas embalagens dos biscoitos Club Social. Trata-se de um informativo sobre a promoção “Club Social Recheado de Prêmios”, que vai sortear iPhones. A promoção tem duração de dois meses. “Nesse caso, sai muito mais barato inserir o fitilho com as informações do que trocar as artes de todas as embalagens”, pondera Martins.
O fitilho decorativo é produzido na Inglaterra e nos Estados Unidos e cortado no Brasil. A largura máxima do produto é de 30 milímetros. A aplicação é feita na linha de embalagem, antes da selagem dos invólucros flexíveis, em equipamentos fornecidos pela Payne. Segundo a Payne, o fitilho adesivo pode ser utilizado em qualquer embalagem flexível. “Uma multinacional com atuação no setor de limpeza doméstica está negociando a aplicação em stand-up pouches para realizar suas promoções”, revela Martins. Ele lembra que há snacks de outras marcas que utilizam uma fita produzida com o mesmo material
© fotos: carlos
curado
Fitilho autoadesivo é alternativa para promoções sem a troca de artes
de flow-packs, presa nas duas extremidades das embalagens, para anunciar suas promoções. “Mas não era isso que a Kraft Foods queria, pois nesse caso a faixa promocional pode se soltar da embalagem, risco que não existe com o fitilho adesivo”, conta o executivo. Diogo Martins afirma que a Payne “não quer mais ser vista apenas como empresa que fornece sistema de abertura de embalagens”, e lembra que há diversos usos para os fitilhos ainda não explorados pelo mercado. Um exemplo citado por ele é um sistema de abertura e decoração de caixas de papelão. “Através da aplicação dos dois lados da caixa, ela se transforma em um display para o ponto de venda, apenas com a colocação de um fitilho interno, para abertura, e um externo, que além de auxiliar na abertura tem função decorativa.” Esse fitilho já está em fase de testes industriais para uso em caixas de transporte de uma grande empresa do setor de alimentos em alguns países da América do Sul. Sem estilete: fitilho abre a caixa de papelão sem necessidade de utensílios
Payne (11) 5547-2310 www.payne-worldwide.com
10 | Julho 2011
Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS
Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br
internacional
A estreia do cubo conceito exótico em recipiente plástico para acondicionar bebidas, o Cubis acaba de ganhar seu primeiro uso mundial. A sueca IO Drinks adotou a embalagem para o lançamento do Ceethree, um energético à base de café verde e guaraná. Desenvolvida por uma empresa sueco-cipriota de mesmo nome (ver EmbalagemMarca nº 120, outubro de 2009), a embalagem é produzida a partir de duas peças injetadas: um corpo cúbico e uma tampa flip-top não menos excêntrica, posicionada numa quina superior da embalagem (e capaz de ser manuseada com uma só mão). Os componentes podem ser moldados a partir de resinas plásticas convencionais como polietileno e polipropileno. No caso da IO Drinks, foi escolhido um modelo em polietileno de alta densidade (PEAD), com capacidade volumétrica de 250 mililitros e que suporta o envase a quente ao qual o produto é submetido. O energético, isento de conservantes, tem shelf life de seis meses. Segundo o sueco Erik Nilsson, pai da ideia, o Cubis “combina o desempenho logístico das embalagens cartonadas assépticas com os apelos de qualidade, resistência e ergonomia das garrafas plásticas”. O conceito, patenteado, está disponível a clientes de todo mundo. “Inclusive do Brasil”, avisa Nilsson, em bom português. O empresário viveu por um período no Rio de Janeiro. http://emb.bz/143cubis
12 | Junho 2011
Mercado sueco de bebidas recebe primeira aposta mundial em “garrafa” poliédrica
Injetado em duas peças (corpo e tampa flip-top), Cubis é a personificação de novo energético da IO Drinks
Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS
EMBALAGENS E DAS MARCAS
FECHAMENTOS
Nova opção em tampa esportiva Em evento realizado no início de junho em São Paulo, a Aptar Food + Beverage apresentou oficialmente ao mercado brasileiro a tampa 1881 Light Original. Trata-se de uma opção flip-top aos fechamentos “esportivos” do tipo push-pull utilizados em garrafas de bebidas não-gasosas como águas minerais e isotônicos. “É nosso primeiro grande investimento no Brasil”, diz Paulo Pazinatto, presidente da Aptar F+B para a América Latina. A empresa surgiu no início de 2010 como resultado da reestruturação do modelo de negócios do grupo americano Aptar.
Segundo a fabricante, a nova tampa traz uma série de vantagens frente às push-pull convencionais. Por ser flip-top, permite o manuseio com uma só mão. A sobretampa fica sempre presa ao conjunto, ajudando a manter o bico de vazão limpo e a evitar acidentes de ingestão acidental por crianças. Graças à moldagem em polipropileno, e não em polietileno como as soluções concorrentes, a tampa tem corpo translúcido, “o que gera um visual mais atraente”, de acordo com Pazinatto.
Como seu nome denuncia, a 1881 Light Original segue o novo padrão de gargalo reduzido 1881. Resultado: peso 1,4 grama menor que o das tampas esportivas adequadas ao gargalo no tradicional padrão 1810, economia que, multiplicada por milhões de unidades, pode ser brandida como uma escolha com apelo de sustentabilidade. Há ainda a possibilidade de o fechamento incorporar válvula de silicone SimpliSqueeze, para melhor controle do fluxo de vazão da bebida acondicionada.
1881 Light Original: primeiro grande investimento da Aptar F+B no mercado brasileiro
Vidro
Agora só americana No dia 30 de maio último o Grupo Monteiro Aranha anunciou a venda de sua participação no capital votante na vidraria OwensIllinois do Brasil, de 21%, à americana Owens-Illinois. O negócio, de 224,4 milhões de reais, marca a saída do grupo brasileiro da atividade vidreira após quase cem anos. Fundada em 1917 como Companhia Industrial São Paulo e Rio (Cisper), a empresa foi o primeiro investimento da dupla Olavo Egydio de Souza Aranha Junior e Alberto Monteiro de Carvalho e Silva. O início se deu com a produção de garrafas para as cervejas Brahma e Antarctica. Em 1962, a Owens-Illinois adquiriu 79% do controle da vidraria, que desde 2004 atende pelo nome Owens-Illinois do Brasil. A empresa brande a liderança no mercado nacional de embalagens de vidro para alimentos e bebidas, tendo faturado algo próximo a 900 milhões de reais em 2010.
14 | Junho 2011
NEGÓCIOS
Reviravolta com a Graham O destino da americana Graham Packaging, fabricante de embalagens plásticas rígidas com forte atuação no Brasil, onde detém sete fábricas, parecia resolvido. Em abril último, a empresa anunciara ter aceitado uma proposta de aquisição feita pela conterrânea Silgan no valor de 4,1 bilhões de dólares, incluindo dívidas. Mas uma reviravolta aconteceu em junho. O grupo de embalagens Reynolds melou o negócio com uma nova oferta, de 4,5 bilhões de dólares, aceita pela Graham. Segundo o noticiário internacional, a desistência do acordo prévio acarretará o pagamento de uma multa de 39,5 milhões de dólares à Silgan. A Reynolds faz parte do Rank Group, companhia de investimentos controlada pelo bilionário neozelandês Graeme Hart e detentora de outras empresas no ramo do packaging – entre elas a fornecedora de cartonadas assépticas SIG Combibloc, que inaugurou no mês passado sua primeira fábrica no Brasil (ver página 36).
CARTONADAS ASSÉPTICAS
Design premiado A Tetra Pak anunciou no início de junho os vencedores do Programa de Qualidade Gráfica, dedicado a reconhecer os melhores trabalhos de design feitos para suas caixinhas longa vida em 2010. Três agências faturaram a categoria Ouro, e outras duas empresas receberam as distinções Criatividade Gráfica e Revelação do Ano (ver destaques). Mais seis prêmios foram distribuídos na categoria Prata e outros dez na categoria Bronze (emb.bz/143cartonadas). Além de um troféu, as empresas premiadas receberam ainda permissão de uso do selo “Qualidade Gráfica”, criado para valorizar as firmas de design junto ao mercado.
Criatividade gráfica Future Brand BC&H Sollys Light Uva (Nestlé)
Revelação do ano Mu-Mu Vonpar Alimentos Leite Mumu Verão
Ouro Speranzini Design Coco do vale Água de Coco (Coco do Vale) Design Inverso Bebida Láctea sabor Aveia Fibrallis (Tirol) Nicoli Comunicação e Design Fast Fruit Néctar de Pêssego (GlobalBev)
Junho 2011 |
15
Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS
EMBALAGENS E DAS MARCAS
EVENTOS
Sob nova direção
númeroS
Numa época em que tudo do Brasil parece atrair a atenção dos estrangeiros, o mercado de feiras de negócios não é exceção. A mais recente prova disso é a aquisição da Brazil Trade Shows (BTS) pelo grupo britânico Informa. Fechada por cerca de 200 milhões de reais, a transação faz mudar de mãos o controle sobre a Fispal Tecnologia, principal exibição nacional de tecnologias em embalagem – a divulgação do negócio, aliás, foi feita no dia 7 de junho último, no primeiro dia da edição de 2011 daquele evento, realizada em São Paulo. O Informa Group atua em 43 países, emprega mais de 8 000 pessoas e organiza anualmente 200 mostras setoriais ao redor do mundo. Semanas antes da aquisição da BTS, a empresa havia arrematado a Ibratexpo Feiras e Eventos. Com tais aportes, a empresa alcança a vice-liderança no mercado nacional de feiras de negócios, ficando atrás somente da Reed
724
bilhões de reais
Fispal: agora administrada pelo Informa Group
Exhibitions Alcantara Machado. Criada pelo fundo de private equity DLJ South American Partners, a BTS controlava a Fispal desde 2007, quando a adquiriu junto ao Grupo Brasil Rio. Além da Fispal Tecnologia, a bandeira de eventos abriga também a Fispal Tecnologia Nordeste, realizada anualmente em Recife, e feiras dirigidas a outros mercados.
VIDRO
CELULÓSICAS
Para cachaças de qualidade
Renovação virtual
A Vidroporto começou a oferecer um novo modelo de garrafa especialmente voltado ao segmento de cachaças. Com capacidade volumétrica de 670 mililitros, a embalagem tem alta transparência e pescoço alongado. “Isso facilita a execução de malabarismos no preparo de drinques por barmen”, diz Gian Piero Bortone, diretor de mercado da vidraria. Quinze destilarias de cachaças artesanais ou orgânicas já utilizam o recipiente. “O objetivo é atender empresas de todos os portes que produzam cachaça de qualidade”, diz Bortone.
Fazenda Jeremias é uma das primeiras adeptas do novo modelo de garrafa
16 | Junho 2011
A Papirus inaugurou seu novo site na internet (www.papirus.com). Divulgado como muito mais interativo e informativo, o espaço traz especificações, informações sobre o processo de produção, indicações e exemplos de sucesso no uso de toda a linha de papéis cartão da empresa. “Nosso objetivo é levar informação para que os criativos de embalagens possam escolher o melhor papel para seus projetos”, diz Eduardo Gianini, gerente de marketing da fornecedora. Um dos destaques é a linha Vitacarta de cartões 100% obtidos de material reciclado. A Papirus brande o pioneirismo no uso de matéria-prima reciclada para a produção local de papéis cartão.
Será o total movimentado, ao fim de 2011, pelo mercado mundial de embalagens para bens de largo consumo – alimentos, bebidas, produtos de cuidados pessoais e materiais de limpeza. A estimativa é do instituto de pesquisas britânico Visiongain.
17%
Cresceu o faturamento da indústria brasileira de transformação de plásticos em 2010, segundo balanço da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). A receita subiu de R$ 35 bilhões, em 2009, para R$ 41 bilhões. Foram transformadas 5,9 milhões de toneladas de resinas plásticas no ano passado, ante 4,9 milhões de toneladas em 2009.
11,9%
Foi a taxa média de crescimento anual do mercado latino-americano de pet care entre 2005 e 2010, segundo a Euromonitor International. Nesse período, o valor das vendas de alimentos e produtos em geral para animais de estimação na região saltou de R$ 7,6 bilhões para R$ 13,2 bilhões. Com vendas equivalentes a R$ 8,2 bilhões em 2010, o mercado brasileiro é disparado o maior mercado da região, sendo cinco vezes maior que o mexicano, segundo colocado.
PLÁSTICAS
Potência americana vem aí Fornecedora de variadas soluções em embalagens plásticas, a americana Berry Plastics acertou a compra da divisão de especialidades e tampas para bebidas (Specialty and Beverage Closures) da multinacional inglesa Rexam. Com o negócio, fechado por 360 milhões de dólares, a Berry Plastics expande sua atuação para o Brasil. A Rexam SBC possui uma fábrica no País, em Sorocaba (SP) – a única fora dos Estados Unidos, onde detém sete plantas industriais. A empresa vendida faturou 500 milhões de dólares em 2010 e emprega 1 500 funcionários. A compradora, por sua vez, tem 75 fábricas espalhadas pelo mundo, força de trabalho de 16 000 pessoas e faturou 4,3 bilhões de dólares no ano passado.
VIDRO
Jogada em decoração Por 25 milhões de reais, a Wheaton Brasil, grande fabricante de embalagens de vidro para perfumaria e cosméticos, arrematou a operação de decoração de frascos para perfumes e cosméticos da Plastclean, empresa que brande a liderança nesse mercado. Com a aquisição, a Wheaton quase triplica a capacidade de sua divisão Wheaton Decor, dedicada ao mesmo negócio. “O mercado tem crescido tanto que não dá tempo de trazer máquinas do exterior”, afirma o diretor comercial da Wheaton, Renato Massara. Segundo o executivo, os pedidos deste ano já superam os de 2010 em 30%. A Plastclean continuará atuando no segmento de decoração de embalagens de vidro para outras finalidades, como o envase de bebidas. Decorações da Wheaton: reforço com ativos da Plastclean
EM foco O QUE VAI PELA CABEÇA DO CONSUMIDOR
Capri-Sun Público avalia o conceito de suco em bolsa plástica Um dos produtos que mais ajudaram a dar notoriedade aos stand-up pouches, o suco alemão Capri-Sun foi lançado recentemente no Brasil (ver EmbalagemMarca nº 141, maio de 2011). O envase de bebidas em bolsas plásticas que ficam em pé é um conceito com o qual a maioria dos brasileiros ainda não está familiarizada. Quais as impressões do consumidor a respeito do produto? EmbalagemMarca colheu depoimentos num supermercado paulistano. “Nunca havia visto esse tipo de embalagem para suco. Só para molho de tomate, essas coisas. Prefiro comprar na caixinha. Não tenho informações se essa nova embalagem é sustentável. Se for, eu a usaria com certeza.”
“Acho que é uma embalagem prática para colocar na mochila de uma criança que vai para a escola, por exemplo. Não sei, com relação à abertura, se ela é fácil ou não. Mas é uma embalagem bem colorida, e, se tivesse um preço interessante, eu a compraria.”
Carmen Franco
Luciana Bianchini
“Esta semana mesmo eu comprei molho de tomate nessa embalagem. E me ocorreu: deve ser boa, ecologicamente falando. Agora, o produto em si eu não conhecia.” Dagmar Pereira Nunes
“Já compro molho de tomate nesse tipo de embalagem. Se o preço for atraente, compraria esse novo produto. Só tenho uma dúvida em relação ao canudo, se é algo fácil de colocar ou não”. Lucia Luli Pimenta de Pádua
Assista aos depoimentos na íntegra em emb.bz/143emfoco
“Acho que é uma embalagem mais adolescente, voltada para esse público. É bacana, mas acho desconfortável ter de procurar e achar o buraquinho, e depois furar. Não me dá a impressão de ser uma embalagem resistente ou consistente, então a sinto bastante frágil. Agora, se o suco for bom, isso é superado. Se eu tivesse que dar uma nota de zero a 10 para a embalagem, daria 4. Se tivesse um preço atraente eu a experimentaria.” Claudia Ayub
18 | Julho 2011
Cerimô n de ent ia reg dos tro a féus
18 de outubr o
Inscrições até 19 de agosto
Entre 1° de janeiro de 2010 e 30 de junho de 2011 sua empresa colocou no mercado embalagens que se destacaram e trouxeram benefícios concretos para o usuário? Em caso afirmativo, não perca mais tempo. Inscreva-as no Prêmio que se consolidou como um dos mais importantes e criteriosos do setor. Prêmio EmbalagemMarca - Grandes Cases de Embalagem - reconhecimento e divulgação para quem ajuda a melhorar a embalagem no Brasil.
Informações sobre o regulamento e inscrições em www.grandescases.com.br Dúvidas? Entre em contato com a nossa equipe: premio@embalagemmarca.com.br ou (11) 5181-6533
Patrocínio Ouro
Patrocínio Prata Promoção
EmbalagemMarca
Organização
reportagem de capa
Com uma m茫ozi her贸is e outra
20 | Julho 2011
inha de as turmas Licenciamento de marcas e personagens, quando bem utilizado, agrega valor a produtos e ajuda a vender Por Flávio Palhares
É só passar nas seções
de produtos de consumo para crianças e adolescentes de qualquer supermercado para notar: as embalagens que estampam personagens de ficção – sejam de desenhos animados, filmes, histórias em quadrinhos ou brinquedos – ocupam cada vez mais espaço nas gôndolas. Não é brincadeira o que o mercado de licenciamento de produtos tem crescido: segundo a Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), essa prática comercial foi oficializada no Brasil em 1979. Na época, havia apenas cinco empresas que licenciavam marcas. Hoje, mais de oitenta trabalham no segmento, e cerca de 900 empresas utilizam os personagens licenciados. Nos últimos anos, o crescimento médio desse mercado tem sido de 12%, aponta a entidade. O último dado disponível, de 2009, mostra que o faturamento do setor foi de 4,2 bilhões de reais. A estimativa da Abral é de que o fechamento de 2010 mostre um crescimento de 5%, atingindo 4,4 bilhões de reais, e para este ano a previsão é de alta de pelo menos 6%, o que deve representar quase 4,7 bilhões de reais em vendas. Atualmente, o licenciamento de produtos no Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos, do Japão, do Canadá e do México, com grandes chances de chegar
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4,7
bilhões de reais
deve ser o fatu ramento com licenciam entos de marcas em 20 11
a degraus mais altos. Ante essa evidência de que embalagens que estampam personagens de desenhos animados – antigos e novos –, de filmes, de brinquedos e de programas de TV fazem grande sucesso, cresce sem parar o interesse de empresas em associar seus produtos a figuras consagradas ou que são lançadas com grande estardalhaço na mídia (como no lançamento de filmes, por exemplo). Um dos argumentos dos licenciadores é que, ao fazer seus produtos navegarem na esteira de caminhos abertos por super-heróis e outros personagens, o fabricante evita elevados investimentos em marketing e promoção. Simplesmente, dentro desse raciocínio, marcas consagradas possuem o atributo de “conversar” de forma mais rápida e objetiva com consumidores situados nos círculos de públicos alvos pretendidos. Essa argumentação fundamenta as
Fonte: Abral /2009
O elefante mais amado do Brasil O Jotalhão foi criado em 1962 pelo desenhista Mauricio de Sousa para uma campanha publicitária (que não foi para frente) do extinto Jornal do Brasil. Oferecido à Cica, foi adotado em 1969, dentro de um processo de modernização do design do produto e da estratégia de comunicação da empresa. O Jotalhão substituiu o desenho realista de um elefante, animal que antes aparecia Jotalhão substitui foto de elefante em 1969 e permanece nas embalagens até hoje
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nas embalagens da marca. No início, ele estampava apenas nos anúncios e em dupla com a Mônica. Mais tarde, Jotalhão partiu para a “carreira solo”, com a assinatura “O elefante mais amado do Brasil”. A parceria perdura até hoje, com o personagem aparecendo nas latas do extrato de tomate. O elefante continua o mesmo, mas a marca já passou pelas mãos da Unilever e hoje pertence à Cargill.
práticas de remuneração dos licenciamentos. De modo genérico, os contratos de licenciamento são celebrados com a cobrança de uma taxa de direito autoral que varia em função do tipo de produto. Ela flutua entre 2% e 14% e é cobrada sobre o valor de vendas líquidas do produto. Esse formato permite basicamente que qualquer empresa – da pequena à grande – possa licenciar marcas, já que não implica a adição de outros gastos. Os investimentos de partida (desenvolvimento de embalagens e materiais de ponto de venda) normalmente são os mesmos que a empresa já usa, com mudanças apenas na decoração.
A principal dúvida que se ouve consiste em definir se o licenciamento é um bom negócio apenas para os detentores dos direitos das marcas e dos personagens. Indústrias ouvidas pela reportagem de EmbalagemMarca entendem que não: praticamente todas afirmaram que o negócio é “bom para os dois lados”. A Kimberly-Clark, por exemplo, tem uma cultura de licenciamento de produtos que vem de sua matriz. “Nos Estados Unidos, já na década de 1940, a companhia licenciava a personagem Luluzinha para a sua linha de lenços faciais Kleenex”, conta Ana Bandle, gerente de categoria da empresa. “Quando entrou no Brasil, na década de 1990, a companhia se associou a uma empresa local que
tinha os direitos de licenciamento dos personagens do Mauricio de Sousa.” Ela cita como exemplo de sucesso o case das fraldas Turma da Mônica, da Huggies, “marca que é profundamente identificada com o consumidor brasileiro e que foi expandida para as linhas de banho e pós-banho e de proteção solar”. No Brasil, a K-C licencia os personagens da marca Turma da Mônica e comercializa também produtos da Disney licenciados pela Corporação nos Estados Unidos. Os itens licenciados nas categorias de cuidados infantis e com a família representam algo em torno de 35% das vendas da empresa, diz Ana, sem revelar números de faturamento. Se a Turma da Mônica é importante para a Kimberly-Clark, a via tem duas mãos. Mônica Spada e Sousa, diretora comercial da Mauricio de Sousa Produções (filha de Mauricio e inspiradora da personagem que tem seu nome), diz que a fralda da Turma da Mônica “é o principal produto entre os mais de 3 000 itens licenciados com a marca”. Outro case que mostra a força dos personagens é o das maçãs da Turma da Mônica, lançadas em 1995 pela Pomelle, comprada em 1998 pelo Grupo Fischer (Citrosuco). “Na época”, conta o supervisor de vendas da empresa, Ronaldo Carneiro Walter, “a produção de maçã miúda no Brasil era grande, mas seu valor comercial era pequeno”. A Pomelle resolveu agregar valor ao produto e “criou uma maçã acondicionada em saquinhos, com uma marca conhecida, com apelo
Kimberly-Clark adotou a Turma da Mônica nas fraldas, depois ampliou uso Fischer tem personagens nas embalagens de maçãs desde 1995. Hoje, outras empresas usam a estratégia, como a Sanjo (Disney) e a Rasip (Looney Tunes)
m Os setores que mais licencia infantil”, lembra Walter. A estratégia deu certo e as Maçãs Turma da Mônica representam 10% do volume total de vendas da fruta na empresa. O sucesso levou a uma extensão de linha: há três meses a Fischer começou a trabalhar com peras, nos mesmos sacos de polietileno de 1 quilo, dotados de alças, com impressão dos personagens da Turma da Mônica. Além de aumentar suas vendas (em volume não revelado), a ação da Fischer acabou por instituir uma tendência, e hoje diversas empresas comercializam frutas acondicionadas em embalagens decoradas com personagens. A Turma da Mônica, aliás, é responsável por uma das figuras mais longevas em termos de licenciamento. O elefante verde Jotalhão está desde 1969 presente nas embalagens do extrato de tomate Elefante (ver quadro). “Nosso prazo de licenciamento mínimo é de um ano, e não há tempo máximo. A massa de tomate Elefante com o Jotalhão está aí há
mais de quarenta anos”, informa Mônica de Sousa. Ainda na seara dos atomatados, a Cepêra Alimentos é outra que utiliza personagens em suas embalagens. “Temos parceria com o Instituto Ayrton Senna desde 2000 para uso do personagem Senninha”, diz o diretor comercial da companhia, Decio Filho. “Em sua maioria, os personagens conhecidos têm nos jovens seu público alvo, e têlos licenciados aproxima a marca desses consumidores”, explica o executivo. A
1º Confecção 2º Papelaria 3º Brinquedos 4º Calçados 5º Higiene e Beleza 6º Alimentos e Bebidas 7º Casa e Decoração Fonte: Abral/2009
Frasco do ketchup da Cepêra tem formato de brinquedo
Cepêra não utiliza apenas os rótulos para apresentar o personagem. Para atrair crianças, as embalagens de ketchup e mostarda se transformaram em carros de corrida do Senninha. “Além do apelo de transformar a embalagem em brinquedo, elas são colecionáveis, o que aumenta o apelo comercial”, menciona o diretor da Cepêra. Transmudar embalagens em brinquedos também é a estratégia da Biotropic Cosmética. É o que a empresa faz com as embalagens dos xampus e condicionadores Shrek (DreamWorks) e Hot Wheels (Mattel), ganhadoras de diversos prêmios, entre eles o Prêmio Embala-
gemMarca – Grandes Cases de Embalagem de 2010. Os frascos no formato dos personagens se tornam brinquedos durante e após o uso. A empresa também trabalha com formatos diferenciados nas embalagens de produtos cosméticos e de higiene pessoal do Homem-Aranha (Marvel), Bob Esponja (Nickelodeon), Barbie (Mattel), Backyardigans (Nickelodeon) e Winnie the Pooh (Disney). “Hoje, os produtos licenciados representam 68% da produção da Biotropic”, diz o diretor presidente da empresa, Marconi Arruda Leal, também sem revelar o faturamento. A Biotropic tem outros projetos para a aplicação de licenças voltadas ao público jovem e adulto. “O mercado de beleza no Brasil é muito dinâmico. Para nos mantermos nele, precisamos ser ágeis e ligados nas tendências internacionais”, explica Marconi.
O conceito de embalagens que remetam a personagens é também utilizado pela Avon. A gigante dos cosméticos licencia as marcas Princesas e Carros, da Disney, e Barbie, da Mattel. O último lançamento da empresa, a Colônia Carros 2, desenvolvida especialmente para meninos com idade entre 8 e 12 anos, e inspirada no novo filme da Disney Pixar, teve o frasco criado por uma equipe de design da Avon, em Nova York. Fabricado em vidro preto, inspirado no formato de um pneu, tem a tampa que remete à idéia de um parafuso, o que cria um conjunto relacionado com o mundo dos automóveis e com o filme. “Com a chegada de Carros 2 ao cinema, identificamos a oportunidade de ampliar nossa linha
Avon aposta em formatos que fazem alusão a itens de animações, como os filmes Carros (à direita) e Carros 2 (acima)
de produtos Carros, direcionada para meninos”, explica Ricardo Patrocínio, diretor de marketing da Avon Brasil, citando os produtos que simulam os cones sinalizadores usados no primeiro filme da franquia. A embalagem com personagens também é estratégica para a Hydrogen, da Hypermarcas. Com uma simples modificação nos moldes de frascos e tampas, os produtos chamam a atenção nas gôndolas: as orelhas do Mickey fazem parte das embalagens da marca. A solução recebeu em 2009 o prêmio “Global Compelling Product Contest”, promovido pela Disney, que reconhece mundialmente os projetos regionais que mais se aproximam dos personagens da empresa por meio de formatos ou embalagens. A Disney, aliás, é uma das maiores licenciadoras de marcas no Brasil, com seus personagens, capitaneados pela Turma do Mickey, ilustrando mais de
Embalagens diferenciadas da Biotropic chamam a atenção das crianças
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Frascos da Hydrogen com orelhas do Mickey foram premiados pela Disney
6 000 produtos. “Procuramos sempre trabalhar com empresas que são experts em seus mercados e que mostram alto nível de compromisso por desenvolver planos de negócios que maximizem o potencial dessa determinada categoria e que tenham a qualidade e inovação como prioridades”, diz Andrea Salinas, diretora de marketing da The Walt Disney Company Brasil. Outra gigante, com mais de 7 000 itens licenciados por sessenta empresas no Brasil, a Mattel, fabricante dos brinquedos Barbie, Polly e Hot Wheels, aposta agora no segmento “teen”, com a nova marca Monster High, e promete novidades até o fim do ano. A releitura de personagens é igualmente utilizada com frequência pela indústria. Os fabricantes de produtos voltados a bebês, como KimberlyClark, Hypermarcas, Fraldas Capricho e Topz, levam para os rótulos os personagens consagrados em idades mais avançadas, para uma infância que eles, personagens, não viveram. Imagens de bebezinhos da Turma da Mônica estão presentes nos produtos da Kimberly-Clark; Mickey e Minnnie recém-nascidos estampam produtos da Hydrogen; a Fraldas Capricho tem versões baby do Pica-Pau (Universal Studios, representado pela Exim) e do Garfield (Paws, representada pela ITC); e a Topz trouxe para o Brasil a versão primeira idade do Tom & Jerry. O diretor de vendas da Fraldas Capricho, Dirceu Forti Filho, explica a escolha: “No caso de fraldas infantis descartáveis, lidamos com compras por impulso e baixos índices de fidelização. Numa gôndola de supermercado, a variedade de produtos similares aos nossos é muito grande, então precisamos buscar diferenciais. Por isso, utilizamos os personagens em nossas linhas para transferir o carisma deles aos nossos produtos e embalagens.” Os produtos licenciados já representam metade das receitas da empresa, calcula o executivo. Vania Bitencour, gerente de marketing da Topz, cujo faturamento tem 20% de participação das linhas com licenças, lembra que “no caso de produtos para bebês, falamos com mães, então usamos personagens que elas obviamente conhecem e confiam e que represen-
tem cuidado e conforto para seus filhos”. Além de Tom & Jerry (adulto e baby), da Warner Bros, a Topz trabalha com o Lanterna Verde, também da Warner, e com a Pucca, da coreana Vooz, representada no Brasil pela Warner. Figuras consagradas da Warner, como Looney Tunes e Scooby-Doo também marcam Personagens tradicionais viram recémnascidos em produtos para bebês
presença nos mais variados tipos de embalagens, como o macarrão Looney Tunes (da Kids Company), as Bisnaguinhas ScoobyDoo (da Wickbold) e a linha LeBon Scooby-Doo, do Grupo Doux. No caso do grupo francês, “a escolha do personagem se deu pela disponibilidade e pela similaridade da sonoridade de Doux (pronuncia-se “Du”) e Scooby-Doo (também “Du”)”, revela o gerente de marketing da companhia, Ricardo Oltramari.
É certo que persona-
gens agregam mais valor ao produto, uma vez que já têm consolidados investimentos na marca. No entanto, alerta Adriana Amiralian, gerente de trade marketing da Phisalia, “apenas usar o personagem como decoração do produto não
Grupo farncês Doux usou similaridade da pronúncia para a escolha do Scooby-Doo
garante que ele venda mais”. Segundo ela, “é necessário ter um produto de qualidade, em uma embalagem que atenda as necessidades das crianças e dos pais, que tenha um perfume agradável e seja seguro para o uso infantil”. Em suma, “existe uma série de fatores que compõem um bom produto, e um bom personagem é apenas um deles”. A Phisalia, que já trabalhava com personagens próprios, acaba de licenciar da Nickleodeon a garotinha chinesa Ni Hao, Kai Lan. “A personagem atinge a mesma faixa etária consumidora dos produtos da empresa,
Passo a passo do licenciamento O que é?
Licenciamento é o processo legal pelo qual o detentor, criador ou autor de uma marca, nome, logotipo, imagem ou qualquer outra propriedade intelectual, legalmente protegidos, autoriza ou cede o direito de seu uso em um produto ou serviço, durante um determinado período de tempo, em uma área geográfica específica, em troca de um pagamento definido ou de uma série de pagamentos na forma de royalties.
Por que?
Licenciamento é uma ferramenta de marketing. Uma licença bem sucedida proporciona ao licenciado valores que deverão ajudar a tornar não apenas o produto conhecido, como a vendêlo. Segundo a Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), produtos licenciados com estampas de personagens, celebridades ou desenhos animados podem vender até 30% mais do que similares.
Como?
Para licenciar um personagem, isto é, para ter o direito de uso de sua imagem em um produto, deve haver uma identificação entre esse personagem e a linha de produtos. O fabricante deve saber quais itens receberão as imagens do personagem, sua produção e sua estimativa mensal ou anual de vendas. A negociação é feita entre a empresa usuária e o agente licenciador, e depois de aprovada, é enviada para chancela do dono das marcas.
Quanto?
Para o cálculo do valor de uma garantia mínima ao proprietário da marca são necessárias informações sobre a estratégia da empresa usuária, como expectativa de vendas, canais de distribuição, plano de marketing, descrição dos produtos a serem licenciados e datas de comercialização e distribuição. Com esses dados são calculados essa garantia e o valor dos direitos autorais (royalties), que variam de 2% a 14%. Prazos de contrato e forma de pagamento do adiantamento da garantia são negociáveis. Relatórios mensais de vendas dos produtos licenciados para pagamento dos royalties deverão ser fornecidos ao agente e ao detentor da licença.
Quando?
Usualmente, o período de desenvolvimento e aprovação do produto é de três meses, até a aprovação final. Esse prazo pode variar, dependendo do tipo de produto e do segmento.
Escolha dos personagens
Um dos pontos críticos na escolha é a adequação. Os personagem devem estar alinhados à categoria do produto e ao público que a empresa quer atingir (faixa etária, gênero, classe social etc). Agentes licenciadores e proprietários das licenças ajudam as empresas usuárias nesse sentido. O período de vida de um personagem é variável: há os “clássicos”, que fazem sucesso há décadas e não cairão no esquecimento, e os “sazonais”, que normalmente têm vida mais curta. A empresa deve escolher o que é mais adequado à utilização que fará dele e ao ciclo de seu produto.
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Pernalonga e a turma do Looney Tunes são grande sucesso de licenciamento
que compreende dos 3 aos 6 anos de idade”, justifica Adriana. O Brasil é um mercado que tem grande potencial, dizem todos os envolvidos nos licenciamento de marcas. “Pica Pau e Moranguinho são dois exemplos de ótimos resultados, já que o Brasil é o país que mais consome produtos com esses personagens, à frente de potências como Estados Unidos, França e Inglaterra”, informa Marcus Macedo, gerente geral da Exim Licensing Group, que representa, entre outros, estúdios de cinema e TV como Universal, Paramount, Sony, Nickelodeon, Discovery Channel e DreamWorks. Apesar de o mercado infantil ser o foco da maioria dos licenciamentos, há espaço para licenciamentos em outros segmentos. “Possuímos propriedades e personagens para ambos os sexos de 0 a 80 anos”, afirma Macedo. “O segmento infantil ainda é o maior consumidor de propriedades licenciadas nos mercados de confecção, alimentos, volta às aulas e cosméticos”, ele observa. “Essa ten-
licenças.” Tudo leva a crer, portanto, num varejo brasileiro ainda mais tomado por embalagens com fadas, super-heróis, bonecas, ogros e incontáveis habitantes do mundo da fantasia – mas que geram resultados bastante reais.
dência, porém, vem mostrando sinais de mudança à medida que segmentos mais adultos começam a perceber o valor intrínseco do licenciamento.” Ele cita a organização americana de lutas UFC (Ultimate Fighting Championship) e obras do artista plástico Romero Britto, que estampam cada vez mais produtos. Apesar do forte crescimento do mercado nos últimos anos, parece haver ainda muito espaço para incrementar os negócios. Segundo o presidente da Abral, Sebastião Bonfá, “existem cerca de 30 000 empresas no Brasil com potencial para desenvolvimento de produtos licenciados nas mais diversas áreas. No entanto, apenas 3% compram o uso das
Phisalia estreia em licenciamento com novo desenho do canal Nickleodeon
Os contatos de todas as empresas poprietárias de marcas e de seus representantes citados na reportagem estão disponíveis no site da Abral – Associação Brasileira de Licenciamento www.abral.org.br
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multipacks
Carriers em evidência Fornecedoras americanas buscam convencer indústrias brasileiras dos atrativos de vender bebidas em multipacks de anéis ou discos plásticos Por Guilherme Kamio
Tramas de anéis plásticos para agrupar latas ou garrafas de bebidas, facilitando a venda de múltiplas unidades, os ring carriers são extremamente populares em outros países, sobretudo nos Estados Unidos. No Brasil, porém, nunca pegaram. E não por falta de quem os oferecesse. Responsável pela criação do conceito, no início da década de 60, a americana Hi-Cone tenta negociar com indústrias locais há quinze anos. Mas sempre esbarrou na predileção pelos fardos de filme plástico termoencolhível (shrinks) ou pelas multipacks celulósicas, como as cestas e luvas de papel cartão. A recompensa pela tenacidade deuse recentemente. A WOW! Nutrition 28 | Julho 2011
(Grupo Brasfanta) começou a utilizar ring carriers para comercializar conjuntos de seis latinhas dos sucos Su Fresh, dos chás FeelGood e das bebidas lácteas Yogomix. Pouco depois, a Comexim seguiu o mesmo caminho com suas inovadoras latas de PET dos chás Maui e das águas saborizadas Jah! (ver EmbalagemMarca nº 120, agosto de 2009) e com as latas de alumínio do energético Carbon. Para tentar enfileirar mais adesões, a Hi-Cone decidiu construir uma fábrica no País. A unidade ficará em Cabreúva (SP), num galpão adjacente às instalações da fornecedora de embalagens industriais Signode – filiada ao mesmo grupo empresarial, a ITW (Illinois Tool
Works). A inauguração está prevista para julho de 2012. “Poderemos, então, abater os preços em até 35%, graças à eliminação dos custos de importação”, calcula Ulisses Scacalossi, gerente de operações da Hi-Cone para o Mercosul. “A produção local nos dará também agilidade, extinguindo a dependência das burocracias aduaneiras.”
Além da Hi-Cone, outra fornecedora americana de carriers plásticos está de olho no mercado brasileiro. Trata-se da PakTech, surgida quinze anos atrás como derivação da fabricante de moldes Oregon Precision Industries (OPI). Desde o início de 2010 a empresa vinha sondando oportunida-
No alto Carriers da Hi-Cone, com alça integrada e picotes para fácil abertura, que foram adotados no Brasil pela WOW! Nutrition
des no mercado nacional por meio de uma representação. Meses atrás, decidiu fincar bandeira no País. Contratou um executivo local – Tarcísio Santoro, cujo currículo traz passagem pela produtora de multipacks cartonadas Graphic Packaging International (ex-Riverwood) – e pôs em marcha o projeto de uma fábrica, em Jundiaí (SP). “Já encomendamos as primeiras máquinas e estamos selecionando mão de obra”, detalha Santoro. A ideia é oferecer equipamentos aplicadores importados e carriers nacionais. Diferentemente das soluções da HiCone, obtidas por extrusão a partir de polietileno de baixa densidade (PEBD), as multipacks da PakTech são moldadas por injeção, tendo por base polietileno de alta densidade (PEAD). São peças rígidas que agrupam latas não por meio de anéis, mas de conjuntos de discos que se prendem aos topos das embalagens, recobrindo-os. Guardadas essas diferenças, os dois tipos de carrier são destacados pelas
PakTech oferece carriers injetados que seguram latas pelo topo
fabricantes por meio de aspectos parecidos. Um ponto em comum é a flexibilidade. Tanto a Hi-Cone quanto a PakTech afirmam ser possível obter multipacks para diferentes unidades a partir de uma única máquina aplicadora – e com alterações rápidas de configuração, que duram aproximadamente meia hora. Ambas as fornecedoras dizem também ser possível atender
a diferentes cadências de produção, com processamento de até 2 400 latas por minuto. A Hi-Cone e a PakTech ressaltam ainda um aspecto comum de seus carriers que reverte num diferencial de conveniência frente aos shrinks e às multipacks cartonadas: os anéis e discos permitem retirar uma lata por vez preservando o agrupamento do res-
Com fitas, amarração versátil Nome de peso no fornecimento de linhas para o envase de bebidas, a Krones desenvolveu um novo sistema para agrupar garrafas de PET para vendas conjuntas. Consiste no uso de um equipamento, o EvoLite, que “amarra” conjuntos de garrafas por meio de uma fita de PET. Esse conceito de multipack, batizado LitePac, inclui ainda uma alça de polipropileno para facilitar o transporte pelo consumidor.
Numa comparação com as multipacks convencionais de filme termoencolhível (shrinks), a novidade garantiria “redução quase pela metade dos custos de operação, por demandar menos material e consumir 90% a menos de energia, por dispensar encolhimento”, afirma o diretor comercial da Krones no Brasil, Silvio Rotta. “Ademais, os resíduos ocupam 90% menos volume nos processos de descarte.”
De acordo com a Krones, é possível processar LitePacs com duas, quatro ou seis garrafas de PET com capacidades volumétricas entre 300 mililitros e 3 litros. “Dá para montar pacotes no sistema colméia, ou seja, sem necessidade de as garrafas ficarem alinhadas”, detalha Rotta. Sem o paralelismo, seria possível acomodar até 20% mais garrafas por palete. “O ganho é fenomenal”, diz o executivo.
LitePac: fita com alça amarra até seis garrafas
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tante das embalagens. Isso garante o manuseio das unidades remanescentes sem o risco de que alguma delas se desgarre e caia.
Nos ring carriers, a remoção das bebidas é facilitada por picotes que possibilitam rompê-los facilmente. Na solução da PackTeck, basta “desencaixar” o topo da lata do disco para extrair uma unidade do conjunto. “Um diferencial da nossa solução é a possibilidade de substituição de latas defeituosas após a aplicação, e sem que a multipack precise ser descartada”, declarou a EmbalagemMarca o presidente da PakTech, Jim Borg, que esteve em São Paulo no início de junho último. “Basta retirar o item avariado e colocar outro em seu lugar.” Segundo Borg, o fato de os discos recobrirem todo o topo das latas representa também um “extra em higiene” para o consumidor final. “Os carriers não vedam completamente a entrada de líquidos, mas protegem a parte superior das embalagens primárias contra o acúmulo de poeira e sujidades”, explica. O executivo ressalta ser possível o uso
Tequila mexicana utiliza um só disco como “sobretampa sanitária”
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de um único disco como “sobretampa sanitária” para latas. “É um meio de diferenciar produtos”, entende Borg. No México, a tequila La Gavilana faz uso desse recurso. Seja en formato de tramas de anéis ou de discos, os carriers permitem que o consumidor os manuseie por meio de alças incorporadas. Scacalossi realça ser possível utilizar uma variante do conceito de ring carrier, chamada BrandPak, capaz de incorporar painéis superiores ou laterais decorados em heat transfer ou com aplicação de rótulos autoadesivos. “É uma forma de garantir apelo visual tão grande quanto o das soluções em papel cartão”, argumenta o gerente da Hi-Cone. Mais recentemente, a empresa desenvolveu outra inovação: a possibilidade de programar o posicionamento das latas dentro das multipacks, viabilizando a criação de padrões visuais ou de composições (“wall displays”) de acordo com o design das embalagens primárias. A orientação das latas é feita por meio de um dispositivo instalado nas máquinas aplicadoras da Hi-Cone. Tal recurso já é utilizado pela cervejaria australiana Foster’s.
Os fabricantes preocupam-se também em divulgar os carriers como soluções ambientalmente corretas. Tanto a Hi-Cone quanto a PakTech asseguram que suas soluções são recicláveis. “Há anos temos versões de carriers fotodegradáveis, que em poucos meses se desintegram sob a ação da luz solar, em caso de terem sido descartados inadequadamente na natureza”, encaixa Scacalossi. Borg, por sua vez, diz ser possível oferecer carriers baseados em plásticos reciclados. De um lado, o gerente da Hi-Cone sustenta que estudos feitos pela matriz americana mostram que os ring carriers “são a solução em multipack que menos emite gases estufa durante o ciclo de vida”. De outro, o presidente da PakTech aponta que o uso dos carriers da empresa permite dispensar o uso de filmes encolhíveis e folhas de papelão ondulado durante processos logísticos, além de garantir “resistência superior” na paletização.
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Em outros mercados, ambas as empresas têm diversificado os apelos de seus carriers e criado versões para a venda, no varejo ou no atacado, de múltiplas unidades de alimentos, produtos de cuidados pessoais ou materiais de limpeza – acondicionados não somente em latas, mas também em outros sistemas de embalagem. Mas, para o Brasil, ambas igualmente têm foco primário inicial no mercado de bebidas. “É um setor que se notabiliza pelo giro
altíssimo e onde mais ocorrem as compras de múltiplas unidades”, esclarece Borg. “Tais características favorecem economias de escala para os clientes e ampliam a percepção de valor de nossos produtos.”
3M (19) 3838-7709 www.3mindustria.com.br
Krones (11) 4075-9500 www.krones.com.br
Hi-Cone (11) 2012-0437 www.hi-cone.com
PakTech (11) 4581-6492 www.paktech-opi.com
Tecnologia da Hi-Cone permite posicionar latas de modo a formar painéis
Para transportar, abrir e transportar No final de 2010, a 3M lançou uma nova solução para facilitar o manuseio de multipacks de filme plástico termoencolhível (shrinks). A novidade consiste no uso de uma fita de polipropileno adesivada unida ao shirink sobre conjuntos de latas ou garrafas, formando uma prática alça adesiva. Além da solução para o transporte, a alça adesiva funciona como um fitilho. Acionada, ela produz um corte orientado ao longo do
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multipack, criando uma abertura. “Desse modo, o consumidor pode acessar as embalagens acondicionadas sem ter de ir rasgando a multipack”, explica Graciela Ortiz, especialista de marketing da 3M. Detalhe: mesmo depois de dividida em duas partes, devido ao uso do fitilho, a fita continua mantendo a funcionalidade de alça. “O consumidor pode transportar facilmente as embalagens restantes”, diz a profissional da 3M.
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Novidade da 3M garante conveniência no transporte de shrinks (1), além de incorporar fitilho para facilitar a abertura (2) (3). Depois de retirar unidades (4) (5), consumidor pode tornar a usar a alça (6)
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ideias
Em vez de latinha, um “litrão” de aço Buscando diversificar atuação, Prada desenvolve embalagem metálica de 1 litro para envasar cervejas e outras bebidas
Empenhada na
produção de embalagens de aço para os setores químico e alimentício desde sua fundação, em 1936, a Prada agora busca oportunidades de negócio junto a indústrias de bebidas. Para tanto, desenvolveu uma lata de três peças para líquidos dedicada ao acondicionamento de 1 litro, volume não atendido pelos demais recipientes metálicos do mercado. A ideia da companhia metalúrgica não é competir com as consagradas latas de alumínio (aliás, a tampa utilizada na nova embalagem é feita naquele outro metal). A oportunidade vislumbrada pela empresa é conquistar espaços ocupados pelas embalagens de vidro. Não à toa, a novidade ganhou o apelido de “litrão”, o mesmo pelo qual ficaram conhecidas as garrafas de 1 litro adotadas nos últimos anos por diversas marcas nacionais de cerveja. O alvo primário da nova lata, aliás, é o mercado cervejeiro. Para esse tipo de aplicação, sustenta a Prada, a embalagem de aço
Segundo fabricante, recipiente metálico traria vantagens em produtividade e nos processos logísticos quando comparado às embalagens de vidro
Lata
Prada (11) 5682-1000 www.prada.com.br Design
Haus+Packing (11) 3074-6611 www.hausmaispacking.com.br
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com tampa de alumínio apresentaria “diversas vantagens” sobre o vidro. “A chance de a lata quebrar ou apresentar defeitos é menor, o que faz o envase ficar menos sujeito a paradas de máquina”, diz Aldo Brito, gerente geral de operações da empresa. “Além disso”, afirma, “o recipiente de metal oferece maior segurança no transporte, seja entre a fábrica e o ponto de venda ou entre a loja e o domicílio do consumidor.”
Para viabilizar a produção da nova embalagem, a Prada teve de realizar ajustes em linhas de latas para alimentos de suas fábricas de São Paulo e Uberlândia (MG). “A adaptação demandou a criação de um ferramental específico, responsável por moldar o formato da embalagem”, detalha Brito. Como é necessário revestir internamente as latas para impedir a oxidação e garantir a conservação adequada das bebidas envasadas, a metalúrgica recorreu ao know-how da Metalic – produtora cearense de latas de aço para bebidas que, assim como a Prada, faz parte do Grupo CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). No início de junho, a Prada apresentou ao mercado um protótipo da embalagem, com design gráfico assinado pela agência Haus+Packing. De acordo com Brito, o “litrão” é reciclável e pode ser impresso em até oito cores por litografia. Pode também ter formatos personalizados. Apesar do foco inicial em cervejas, será possível utilizar a novidade para acondicionar outras bebidas, “como sucos, energéticos e até vinhos”, diz o gerente da Prada.
materiais de construção
Mais presente nas obras Stand-up pouch tem nova adesão no mercado de materiais de construção
DEPOIS DE IRROMPER no comércio de tintas imobiliárias em 2010, graças a iniciativas da Glasurit (Basf) e da Tintas Renner (PPG), o stand-up pouch conquista nova adesão de uma empresa militante do negócio de materiais de construção no Brasil. Nome importante do setor de impermeabilizantes, a ítalobrasileira Viapol começou a utilizar a bolsa plástica que se notabiliza por ficar em pé em sua linha F.12 de massas para a correção e calafetação de artefatos de madeira – assoalhos, portas, lambris e móveis, entre outros. O stand-up pouch, de 200 gramas, substitui bisnagas plásticas de 220 gramas, antes distribuídas acomodadas em cartelas-blister. Com a mudança de apresentação, a empresa dispensou o uso da embalagem secundária. “Desse modo, diminuímos o volume de material de embalagem descartado em 80%”, afirma o gerente de marketing da Viapol, Henrique Setti. A produtividade, por sua vez, aumentou. “O processo de acondicionamento era feito em quatro etapas: enchimento, selagem, inserção no blister e fechamento da cartela”, lembra Setti. “Agora, o produto é somente envasado nos pouches e selado.”
A POSSIBILIDADE de exposição do produto em gancheiras, como havia no uso das cartelas-blister, foi mantida. Ocorre que a bolsa plástica adotada pela Viapol incorpora uma furação em sua “saia” (o prolongamento inferior característico dos stand-up pouches). Os produtos podem ser exibidos tanto em pé, em prateleiras, quanto de cabeça para baixo, em gôndolas dotadas de ganchos ou em displays especiais. Um forte apelo das massas de correção como a F.12 é proporcionar variações de cores para harmonizar as correções com as tonalidades naturais de diferentes madeiras. A escolha da opção mais adequada tornou-se mais fácil com os pouches. Eles trazem uma pequena “janela” transparente em sua face principal, que permite visualizar a coloração do produto acondicionado. Outro destaque é a presença de um bico plástico, conjugado a uma tampa flip-top, para facilitar a expulsão do conteúdo. O fechamento é produzido pela mesma fornecedora dos pouches, a Tradbor. “Não há oferta local desse tipo de acessório para bolsas plásticas”, relata Alan Baumgarten, diretor da empresa. “Por isso, resolvemos investir num molde próprio para produzi-lo e oferecê-lo ao cliente.”
Bico com tampa flip-top facilita aplicação do conteúdo
Janela permite vizualiação da cor do produto a ser utilizado
Furação na “saia” do stand-up pouch permite que embalagem seja pendurada em gancheiras
25 de agosto - Recife Mais informações na página 5
Tradbor (11) 3739-4909 www.tradbor.com.br
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Leites
Menor pegada SIG Combibloc prepara lançamento no Brasil de caixinha isenta de alumínio, capaz de reduzir emissões de CO2
Está em processo de validação no Brasil a avaliação de pegada de carbono da nova embalagem cartonada asséptica da SIG Combibloc, a EcoPlus. Disponível na Europa desde o início do ano, a embalagem estreou nos leites da alemã Milch-Union Hocheifel (MUH). Segundo a fornecedora, a caixinha de 1 litro para leite reduz as emissões de CO2 em 28% em relação à tradicional cartonada asséptica de mesmo volume. A diminuição foi confirmada por uma análise de ciclo de vida realizada pelo Instituto Alemão de Pesquisas Energéticas e Ambientais (IFEU). O que possibilita a redução da emissão de CO2 pela EcoPlus é sua estrutura, que não tem a camada interna de alumínio presente nas demais cartonadas assépticas. Devido ao elevado consumo de energia em sua transEcoPlus não tem a camada de alumínio, como as tradicionais embalagens cartonadas assépticas
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formação, o metal contribui fortemente para as emissões de CO2. As barreiras são desempenhadas por uma camada ultrafina de poliamida (contra a perda de sabor e migrações de odores), por camadas internas e externas de polietileno (para retenção do líquido e contra umidade) e por um tipo especial de papelão utilizado na estrutura, não processado e formado por 82% de fibras de madeira reflorestada (proteção contra a luz). A embalagem tem a certificação FSC (Conselho de Manejo Florestal).
A EcoPlus será oferecida inicialmente aos segmentos de leite e lácteos longa vida, e futuramente para outras bebidas não carbonatadas, como sucos. A ideia da SIG Combibloc é que as decorações das embalagens adotadas destaquem, de forma padronizada, uma
faixa com os atributos da nova solução – como já faz a MUH (ver foto). A gerente de marketing da SIG Combibloc para a América do Sul, Luciana Galvão, informa que uma análise de ciclo de vida da EcoPlus já está sendo feita no Brasil. “Utilizaremos dados locais para validar a redução do CO2 e possibilitar a comunicação com o consumidor final”, diz a executiva. O estudo deve ser concluído em cerca de seis meses.
EcoPlus adotada por laticínio alemão destaca atributo “verde” por meio de uma faixa. Ideia pode ser estendida aos demais usuários
Abertura com duplicação à vista SIG Combibloc (11) 3028-6744 www.sig.biz/brasil
No dia 6 de junho último a SIG Combibloc inaugurou sua primeira fábrica de embalagens no Brasil. Localizada em Campo Largo (PR), a unidade, fruto de investimentos de cerca de 200 milhões de reais, pode produzir 1 bilhão de embalagens por ano. “A nova planta irá também atender países vizinhos e trabalhará com capacidade quase total desde o início”, diz Ricardo Rodriguez, diretor-presidente da empresa suíço-alemã para a América do Sul. As embalagens não serão totalmente fabricadas na nova unidade. A SIG Com-
bibloc vai importar bobinas já laminadas. No Brasil será feita a impressão, o corte e o acabamento das caixinhas. O CEO mundial da empresa, Rolf Stangl, disse haver planos para a instalação de um parque local de laminação, mas não estabelece um prazo para isso. A produção inicial será focada nas embalagens de tamanhos médios – de 500 a 1 100 mililitros – e pequenos – de 125 a 350 mililitros. Concebida em formato modular, a fábrica terá segunda fase pronta em dois anos, o que duplicará sua capacidade de produção.
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PROGRAMA BÁSICO • Saída de São Paulo: 25 de setembro de 2011 • Companhia Aérea: TAM • Hotel: BEDFORD HOTEL BRUSSELS (categoria 1ª Classe, 4 estrelas), localizado no centro de Bruxelas, próximo da Grand Place, com fácil acesso à feira pelo metrô.
PREÇOS DOS PACOTES DE VIAGEM POR PESSOA, A PARTIR DE*
US$ 1,905.00 + taxas aeroportuárias
US$ 2,530.00 + taxas aeroportuárias
Voo em classe econômica São Paulo/Paris/São Paulo (traslado Paris-Bruxelas feito com o trem de alta velocidade TGV diretamente ao centro de Bruxelas) apartamento duplo, por 5 noites (26/9/11 a 1/10/11), com café da manhã
Voo em classe econômica São Paulo/Paris/São Paulo (traslado Paris-Bruxelas feito com o trem de alta velocidade TGV diretamente ao centro de Bruxelas) em apartamento individual, por 5 noites (26/9/11 a 1/10/11), com café da manhã
* PARA SOLICITAR MAIS DETALHES DOS PACOTES, ENTRE EM CONTATO COM feiras@lisboaturismo.com.br IMPORTANTE: A viagem tem de ser adquirida em sua totalidade, com parte aérea e hospedagem em conjunto. Os preços estão sujeitos a alteração sem prévio aviso, já que podem mudar por aumentos tarifários da companhia aérea ou por diferenças cambiais na paridade entre o dólar e o euro.
VISITAS TÉCNICAS Informe-se sobre a possibilidade de integrar o grupo que realizará visitas guiadas a empresas nos arredores de Bruxelas. Dia 27 de setembro: Reynders (convertedora de rótulos e etiquetas) e Agfa (demonstração da impressora digital Dotrix). No final da tarde, passeio por Bruges e parada numa cervejaria belga. Retorno para o hotel, em Bruxelas, previsto para as 22h00. Informações e Reservas
(11) 3218-7911 feiras@lisboaturismo.com.br
Assistência Viagem:
Assessoria e Marketing
entrevista
depois de se verem nos últimos anos castigadas pelas altas taxas de juros, pelo câmbio desfavorável e pela crescente importação de produtos de todo tipo, entre muitas outras dificuldades para competir, as indústrias nacionais parecem estar se dando conta – segundo um súbito e recente aumento de volume no noticiário – que inovação seria o melhor caminho para enfrentar a concorrência externa. No entanto, o que se vê é que os índices de inovação nas empresas são muito baixos na comparação não só com países mais avançados, mas também com países em desenvolvimento. “O Brasil ainda investe pouco em pesquisa, tanto que é um dos vinte maiores importadores de tecnologia do mundo”, diz Edson Schrot da Silva, especialista em gestão da inovação e diretor da MSE Consulting. Na seguinte entrevista, o profissional fala das barreiras a serem superadas e explica de que maneira incentivos como a Lei do Bem podem ajudar o empresariado a criar produtos e serviços diferenciados.
Os investimentos em pesquisa tecnológica e inovação têm ocorrido em níveis satisfatórios no Brasil? Não. Há ainda muito a avançar nesse campo. Os resultados recém-divulgados de um ranking das melhores condições de inovação, elaborado pela (escola de negócios) INSEAD e pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), apontam que, de um universo de 125 países, o Brasil hoje ocupa a 47ª posição. Os investimentos nacionais em pesquisa tecnológica e inovação hoje equivalem a 1,5% do PIB brasileiro (algo próximo a 55 bilhões de reais). É pouco, se compararmos a outros países. Em Israel, esses aportes correspondem a 4% do PIB. Nos Estados Unidos, de 2% a 3%. Mas estamos evoluindo. Os investimentos mantiveram-se por anos na faixa de 1% do PIB. Na edição de 2010 aquele mesmo estudo da INSEAD e da OMPI, o Brasil figurava na 68ª posição.
Percalços e estímulos
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FOTO: ANDRÉ GODOY
Inovação começa a ser mais praticada no Brasil, porém em nível ainda longe do ideal. Edson Schrot da Silva, diretor da MSE Consulting, fala das barreiras a serem superadas e dos incentivos oficiais que podem ajudar na criação de produtos, serviços e embalagens com diferenciais competitivos
Qual a situação do Brasil em relação a outros países emergentes? A diferença é grande. Um exemplo é
Por que os aportes brasileiros em inovação são baixos? Por uma série de motivos. Há, é claro, a questão conjuntural. O Brasil não ocupa à toa, segundo a INSEAD, a 118ª posição numa lista de ambientes para fazer negócios. É um dos cinco países com maior carga tributária do mundo. A abertura de novos negócios é lentíssima. Mas há outros problemas. Falta noção suficientemente clara do que é inovação. Quando se pergunta para os empresários brasileiros o que é inovação, 60% deles respondem que é investimento em máquinas e equipamentos. Somente 20% deles têm consciência de que investir em pesquisa e desenvolvimento é investir em inovação – e isso é assimilado pela maioria dos empresários de outros países. Outro dado fundamental é o nível de contratações de pesquisadores pela iniciativa privada, o que é um indicativo claro de execução de P&D. No Brasil, 65% dos pesquisadores são vinculados às universidades e 26% às empresas. Na Coreia do Sul, por exemplo, a proporção é de 76% nas empresas e 15% nas universidades. Nos Estados Unidos, 69% dos pesquisadores estão na iniciativa privada. Por que isso ocorre? Parece existir no Brasil uma misteriosa barreira que impede a transformação da produção acadêmica em aplicações práticas para as empresas... Existem diversas causas. Um fator é a já mencionada falta de uma visão muito clara, por parte do empresariado, de que inovação acontece quando se faz pesquisa e desenvolvimento. Resultado: não contratam cientistas. Por outro lado, a instabilidade do mercado de trabalho privado estimula o pesquisa-
47ª
1,5%
É a colocação do País no ranking de investimentos em pesquisa tecnológica e inovação
É o valor proporcional ao PIB brasileiro investido em projetos de inovação no País. Em outros países, esse percentual chega a 4%
Perfis de investimentos em inovação
30%
30% 50%
20%
20%
UNIÃ O EUROPEIA
BRASIL
Máquinas e equipamentos dor a ficar na academia. Outra questão é o baixo uso de contratos de parceria, de cooperação, com remuneração vinculada ao sucesso de projetos. A Lei de Propriedade Intelectual até reflete sobre royalties e direitos autorais, de propriedade, mas poucos conhecem essa garantia, comum em outros países. Cabe dizer, ainda, que o pesquisador brasileiro tem grande propensão a escrever papers (artigos científicos). Somos craques nessa área. Infelizmente, aquilo que reflete a transformação da pesquisa básica em desenvolvimento experimental, que é o depósito de patentes, não acontece. É uma visão distorcida. Temos de transformar papers em produtos e serviços. O cada vez mais em voga conceito de inovação aberta (open innovation), que prega que as empresas recorram a colaborações externas para dinamizar seus processos de P&D, pode ajudar a atenuar essa barreira? Como a inovação muitas vezes pode exigir soluções complexas, é salutar tentar acelerar o desenvolvimento por meio
50%
P&D
Outros
de articulações com vários pesquisadores e diferentes frentes de conhecimento. Antes, as empresas tentavam resolver seus gargalos de inovação, seja em processos ou em produtos, a portas fechadas. O open innovation pode ser uma ótima ferramenta. Mas não é fácil implantá-la no Brasil. Empresários não falam a mesma língua dos pesquisadores que trabalham em centros de pesquisa ou universidades. Por isso, são mais comuns as colaborações entre empresas, principalmente entre fornecedores e clientes. Aí a coisa flui. Outro ponto: ainda é difícil para os fabricantes de bens de consumo entender que pode ser feita uma parceria ganha-ganha com concorrentes, como a inovação aberta
O pesquisador brasileiro tem grande propensão a escrever papers. Mas a pesquisa básica não é transformada em desenvolvimento experimental Julho 2011 |
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Fontes: INSEAD – OMPI | junho de 2011
o número de pedidos de depósito de patentes no USPTO (órgão que administra marcas comerciais e patentes nos Estados Unidos). Em 2000, houve 220 pedidos brasileiros. Em 2005, último ano do qual temos dados, foram 340. A China, em comparação, depositou 479 patentes em 2000 e 3 649 em 2005. Nesse mesmo período, os depósitos de patentes da Coreia do Sul saltaram de 5 700 para 10 600.
Mexer no material, no formato, na resistência da embalagem, tudo isso pode configurar inovação tecnológica e se beneficiar dos incentivos sugere. No setor de energia, por exemplo, essa é uma prática comum. Nos últimos anos o governo criou mecanismos de incentivo à pesquisa tecnológica e à inovação como a Lei do Bem (nº 11.096/05) – aplicável às grandes corporações, que operam com lucro real – e os editais que oferecem recursos sem contrapartida (“a fundo perdido”) a projetos inovadores de negócios pequenos ou médios. A adesão a esses instrumentos tem ocorrido dentro do grau esperado? Temos percebido evolução. Em 2006, 196 empresas foram contempladas pelas leis de incentivo à inovação. Em 2009, último ano do qual temos estatística, esse índice foi de 630 empresas. O crescimento foi considerável. É preciso, contudo, olhar o assunto de forma mais ampla. Segundo a mais recente Pintec (Pesquisa de Inovação Tecnológica, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), de um total de 5 000 empresas que declaram investir em inovação, somente 15% utilizam mecanismos de incentivo. O percentual é baixo. Quais são os principais benefícios oferecidos pela Lei do Bem? Existem seis incentivos principais, ou macro: redução de imposto de renda e contribuição social pelo investimento em inovação; redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) pela compra de equipamentos vinculados com P&D; depreciação integral de equipamentos comprados a título de P&D; amortização integral, no próprio ano, de softwares comprados para P&D; e redução considerável dos custos e manutenção e registros de patentes. Tomemos como exemplo um projeto de inovação com dispêndio de 1 milhão de reais. Na prática, com os benefícios fiscais da Lei do Bem, é possível redu-
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zir de 200 000 reais a 340 000 reais de desembolso por meio do abatimento de impostos. Que requisitos uma empresa deve atender e o que ela deve fazer para usufruir os incentivos desse mecanismo? Em primeiro lugar, é preciso que a empresa opere com lucro real. Esse é um fator limitante e polêmico, que está sendo discutido, mas que perdura. É também preciso ter regularidade fiscal, com todas as certidões respectivas. O terceiro ponto é que a empresa pleiteante tem de operar em regime de lucro no ano da requisição – ou seja, a Lei do Bem não pode ser utilizada como socorro. O quarto requisito é ter projetos de inovação e pagar imposto de renda e contribuição social, o que é normal em empresas de lucro real. Quais são as dúvidas mais comuns em relação à Lei do Bem? A mais recorrente é o enquadramento de projetos na lei. O conceito do que é inovação é difícil. Na teoria é fácil dizer que um produto novo é uma melhoria incremental. Na prática, não. Existe dificuldade de se registrar evidências da inovação. Infelizmente, fazemos muita inovação, mas não temos vocação para o registro, para documentá-la. Há ainda dificuldades para criar contas contábeis, segregar despesas. Mas tudo isso é reflexo da falta de prática de documentação. Projetos de desenvolvimento de embalagens podem se enquadrar nos atuais mecanismos de incentivo à inovação? Sem dúvida. Pelo que interpretamos dos relatórios do MCT, as empresas de embalagens mais afeitas aos incentivos são vinculadas ao setor de papel e celulose. Hoje, doze empresas desse segmento usufruem da Lei do Bem. Dentro
do universo de 600 empresas contempladas, o número é baixo. O interessante, porém, é o volume de incentivos captados por essas companhias. Em 2008, ele totalizou 9 milhões de reais. Em 2009, pulou para 296 milhões de reais. Conclusão: empresas do setor de papel e fortemente ligadas à produção de embalagens, como Rigesa, Suzano e Klabin, aprenderam a usar o incentivo, e já o estão usufruindo. O senhor já trabalhou em algum caso de emprego da Lei do Bem para o desenvolvimento de uma nova embalagem? Sim, em diversos projetos nos últimos anos. Por questões de confidencialidade, não posso citar nomes. Um caso interessantíssimo é o de uma empresa do interior paulista que utilizou o incentivo para desenvolver uma embalagem plástica flexível para a comercialização de palmito, como alternativa inovadora aos potes de vidro convencionais. Vejo como campo potencial o de
34%
É quanto uma empresa pode abater, em tributos, em projetos contemplados pela Lei do Bem
Os requisitos para pleitear à Lei do Bem •
Ter projeto que se enquadre naquilo que o texto da lei define como inovação tecnológica: concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo, que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade;
•
Operar no regime de lucro real;
•
Ter regularidade fiscal;
•
Registrar lucro no exercício da requisição;
•
Pagar imposto de renda e contribuição social. Fonte: MSE Consulting
soluções para o acondicionamento de alimentos congelados. Já tive consultas nesse campo. Quando se mexe no material, no formato, na resistência dessa embalagem, tudo isso pode configurar inovação tecnológica. O que as empresas podem fazer para não se contentar com incentivos financeiros episódicos e implantar uma cultura inovadora? Antes de tudo, a empresa precisa inventariar todos os projetos que já acontecem dentro de suas fronteiras. Parece algo básico, mas em alguns casos não é. Imagine um fabricante de embalagens que tenha mais de mil projetos de inovação. É difícil inventariar tudo. Em segundo lugar, é importante fazer com que as ideias não partam somente do departamento de P&D. A inventividade precisa ser pulverizada a ponto de todos os profissionais da empresa serem capazes de gerar ideias – e serem premiados por elas. Isso é cultura de inovação. Seus alicerces existem desde a década de 60, como o famoso banco de idéias, que não é muito praticado. Caixinhas de sugestões potencializam o espírito inovador. É preciso fazer endomarketing, usar a comunicação para estimular as pessoas a inovar. Treinamentos de inovação turbinam essa fonte competitiva. O open innovation é também importante. A política industrial do governo Dilma Rousseff coloca como um de seus focos principais a inovação. O senhor diria que neste pouco mais de seis meses de novo governo o quadro da inovação no Brasil mudou ou está mudando em relação ao que era? O que há de diferente? Infelizmente acho que piorou. Em virtude do grande corte do orçamento, diversos instrumentos de inovação vêm sendo bloqueados pelo governo. Os editais foram cancelados. A ilha de austeridade fiscal reduziu os valores vinculados à inovação tecnológica. Ademais, o novo ministro (Aloízio Mercadante) está se adaptando ao cargo e não é um técnico. Torço para que tenhamos mudanças após o período de adaptação. mais em emb.bz/143entrevista
A inventividade precisa ser pulverizada a ponto de todos os profissionais da empresa serem capazes de gerar ideias – e serem premiados por isso
destilados
Artística e notívaga Rótulo com design m oderno e que brilha sob luz negra cria im pacto para edição especial do uís que Passport Por Marcelo Marcondes
Criado há quase cinquenta anos na Escócia e consagrado no Brasil em versão “nacionalizada”, engarrafada no País, o uísque Passport não foge ao desafio de outras marcas longevas de destilados: seduzir as novas gerações para renovar e ampliar sua base consumidora. A fabricante Pernod Ricard tem bancado associações do produto a manifestações da cultura jovem como festas de música eletrônica, redes sociais na internet, esportes radicais e arte urbana. Recentemente, a campanha de rejuvenescimento ganhou nova aliada: uma edição limitada em embalagem especial, com imagem nada ortodoxa. A ação, batizada de Passport Art Edition, consiste na decoração da tradicional garrafa de vidro da marca, produzida pela Owens-Illinois do Brasil, por meio de um rótulo termoencolhível diferenciado. Desenhado pelo fotógrafo e artista plástico Flávio Samelo, famoso pelo trabalho com grafite e vídeos de skate, o adereço retrata uma paisagem urbana estilizada, destacando a figura de um poste de luz e linhas que separam regiões em diferentes tons de verde – cor emblemática da marca Passport. Um atrativo, porém, é somente revelado quando a embalagem é submetida à luz negra, de uso frequente em casas noturnas: certas partes do rótulo, como a inscrição do nome do produto, “acendem”, brilhando no escuro. O efeito é resultado do uso de uma tinta ultravioleta (UV) especial na impressão do rótulo – realizada em nove cores por meio do processo de rotogravura. A sofisticação da peça também se
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Sob iluminação convencional, rótulo do Passport Art Edition destaca desenho do artista Flávio Samelo
Sob luz negra, em casas noturnas, regiões impressas com tinta especial “acendem” para chamar a atenção
evidencia por outros aspectos. O filme utilizado, de PET, apresenta alta taxa de retração (75%). “Isso facilita o trabalho com garrafas de dimensões diferentes de pescoço, ombro e corpo”, explica José Fernandes, diretor comercial para o Brasil da multinacional francesa Sleever, provedora da tecnologia de rotulagem. Toda a produção da embalagem especial foi feita fora das dependências da fabricante do uísque. Por meio de sua divisão Decosleeve de prestação de serviços, a Sleever recebeu as garrafas, aplicou os rótulos – encolhidos pela passagem em estações de raios infravermelhos – e despachou as peças acabadas para a unidade de Resende (RJ) da Pernod Ricard. Com o objetivo de que a garrafa possa funcionar como veículo para estimular a interação do público jovem com a marca, o rótulo da edição limitada apresenta ainda um código do tipo QR Code numa de suas laterais. Decodificado por celulares dotados de câmera e softwares específicos, o elemento funciona – abstraia-se o trocadilho – como passaporte para um site na internet que concentra a divulgação das iniciativas de marketing da marca Passport (www. thegreenproject.com.br). “O consumidor pode obter mais informações sobre o produto, saber de eventos e até assistir a um making of da criação do rótulo”, explica Karen Ehrlich, gerente de grupo das bebidas tradicionais da Pernod Ricard Brasil. veja o rótulo desta garrafa em 360o emb.bz/143pass360
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Código, na lateral da embalagem, embute link para site do produto
Design
Flavio Samelo www.flaviosamelo.com Garrafa
Owens-Illinois (11) 2542-8084 www.oidobrasil.com.br Rótulo
Sleever (11) 2303-2337 www.sleever.com
artigo
Comedimento e continuidade Novas bolsas plásticas e lançamentos em cosméticos sinalizam uma retomada dos projetos de inovação, mas sem ignorar a demanda persistente por custo-benefício Por Lynn Dornblaser
Embora as economias do Hemisfério Norte estejam se recuperando da recessão, algumas tendências em embalagem estimuladas pela crise financeira parecem ter vindo para ficar. Uma delas diz respeito ao uso do sistema de embalagens recarregáveis, especialmente por meio de refis em stand-up pouches. Agora, porém, o apelo de economia proporcionado por essas bolsas plásticas de base sanfonada, capazes de ficar em pé, começa a ser mais fortemente aliado a atributos como conveniência e sustentabilidade. Exemplo disso é o stand-up pouch recém-lançado pela Method, nos Estados Unidos, para acondicionar novos lava-louças concentrados com as fragrâncias pepino e tangerina. Oferecido
Vareta plástica inserida na lateral serve como alça em refil da Method
Selo com mensagem de menor consumo de plástico é destaque na embalagem da Sara Lee
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como refil, o invólucro é dotado de um sistema inovador de alça. Uma vareta plástica oca é integrada longitudinalmente a uma das laterais da embalagem, criando uma área de pega para o consumidor reabastecer mais facilmente os frascos plásticos originais dos produtos. Com volume de 1 litro, o envoltório incorpora ainda bico plástico vertedor. Além de eficiente e sofisticada, a proposta da Method atende ao anseio de quem procura um sistema ecologicamente mais correto no consumo de detergente. A fabricante sustenta que os novos produtos têm fórmula biodegradável e desenvolvida sem testes em animais. O pouch, por sua vez, é anunciado como reciclável e obtido a partir de consumos 78% menores de resina plástica, água e energia se comparado à embalagem rígida standard. Com formato parecido ao do refil da Method, um outro stand-up pouch com a mesma finalidade tem se destacado nas gôndolas dos supermercados holandeses. Trata-se do refil para o gel de banho Sanex, da Sara Lee. O que chama
a atenção nesse produto não é, obviamente, a proposta de embalagem para recarga em formato de bolsa plástica, já utilizada por diversas marcas mundo afora. Notável é a forte mensagem sobre redução do impacto ambiental.
A embalagem destaca um grande selo verde com a mensagem “73% menos plástico” – um cotejo com o consumo de matéria-prima para a moldagem do frasco de igual volume (500 mililitros) em que o produto é também oferecido. Outro elemento gráfico destacado na parte frontal da embalagem é o selo European Ecolabel, conferido pela Comissão Europeia a bens de consumo com caráter sustentável. Mas o stand-up pouch não pode ser interessante enquanto primeira opção para apresentar produtos, e não somente como refil? A Casino entende que sim. A rede varejista francesa lançou uma farinha de trigo acondicionada na bolsa plástica que fica em pé. Entre os benefícios associados à solução, um é literalmente visível. Produzida em filme
Mecanismo de rosca que ajusta tamanho das cerdas aplicadoras é novidade em rímel da Revlon Creme anticelulite da Avon tem aplicador com esferas massageadoras de alumínio
plástico transparente, a embalagem permite que o consumidor visualize o conteúdo da embalagem. A presença de um bico dosador com tampa a diferencia dos tradicionais sacos de papel em termos de praticidade. Derramamentos são evitados e a necessidade de armazenamento da farinha num recipiente à parte, depois da abertura, é eliminada. Naturalmente, esse tipo de invólucro tem custo maior que os sacos de papel. A aposta, no entanto, é que o consumidor se disponha a pagar por um conceito mais moderno e conveniente – e tal percepção é inegavelmente estimulada pela nova embalagem. Façamos agora um corte para a seara dos cosméticos. Parece que, superada a crise, os grandes fabricantes mundiais recomeçam a investir mais expressivamente em projetos de inovação. Contudo, novidades sinalizam a ideia de compatibilizar atributos engenhosos e convenientes com acessibilidade. Um exemplo é dado pela Avon. Lançado na Rússia e no Reino Unido, o
creme anticelulite Avon Solutions Cellu-Sculpt 3x é acondicionado num tubo plástico com aplicador roll-on diferenciado. Não se trata de uma única esfera grande, mas de três esferas metálicas massageadoras. De acordo com a fabricante, o trio de “bolinhas” aumenta a microcirculação dérmica, ajudando a prevenir a celulite.
O acessório massageador é moldado por injeção e dispõe de três esferas de alumínio. Ainda que cosméticos anticelulite em embalagens roll-on não sejam exatamente uma novidade, a presença de três esferas no mesmo dispositivo ainda é algo incomum. Por sua vez, a Revlon introduziu em diversos mercados mundiais um novo rímel apelando também a uma inovadora apresentação de produto. O CustomEyes foi desenhado para ser o primeiro rímel dotado de cerdas multiuso. Por meio de um mecanismo de rosca, é possível ajustar o tamanho das cerdas, torcendo-se a tampa do produto para
cima ou para baixo. Desse modo, o mesmo tubo pode ser utilizado para produzir cílios curtos ou de curvatura mais alongada. A nova embalagem de rímel representa uma grande conveniência à consumidora, acostumada a comprar diferentes produtos para obter diferentes efeitos. O produto da Revlon pode, ainda, ser utilizado por uma mesma pessoa em momentos diferentes: dia e noite, por exemplo. Ante a valorização dos consumidores por produtos dois em um e de maior custo-benefício, tal conceito tem tudo para fazer sucesso.
Lynn Dornblaser é diretora da divisão CPG Trend Insight da consultoria Mintel International, com escritórios em Chicago e Londres. Com mais de vinte anos dedicados a análises de tendências globais de consumo, ela pode ser contatada pelo e-mail lynnd@mintel.com
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br
Veterinários
Brilho animal
Design apurado e acabamentos brilhantes foram dois aspectos valorizados pela Vencofarma na criação das novas embalagens de seus produtos veterinários. O trabalho é assinado pelo setor de marketing do laboratório. Vacinas como a Encefalogen e a Vencomax ganharam flow packs produzidas a partir de filmes de BOPP com laminação brilhante. O soro antiviral Soroglobulin Max, por sua vez, passa a ser apresentado em flow pack de filme metalizado, de aparência cintilante. Também reluzente é o cartucho do Cannis Globulin, confeccionado a partir de papel cartão metalizado. O objetivo da Vencofarma é que as novas embalagens estimulem percepções de modernidade e qualidade dos produtos.
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Flow packs (Soroglobulin MAX)
Flow packs (Vencomax12 e vacina equina)
Cartuchos (Cannis Globulin)
Cartuchos e rótulos (Vencosat)
Artimpress (41) 3015-6369 www.artimpress.com.br
Idealiza (43) 3347-3133 www.idealizagraf.com.br
IngáFlex (44) 3125-4000 www.ingaflex.com.br
Midiograf (43) 2105-4323 www.midiograf.com.br
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
Design
Indesign (11) 3284-0570 www.indesign.com.br
3
Flow packs
Unipac (11) 5633-3800 www.unipacnet.com.br
1 Rótulo
Baumgarten (47) 3321-6666 www.baumgarten.com.br Frasco
Brasalpla (19) 3848-8020 www.alpla.com Design do rótulo
Criátomo (11) 5181-4992 www.criatomo.com.br Tampa
Weener Brasil (Mondicap) (15) 3225-1650 www.wppg.co.uk
BISCOITOS
energéticos
Cookies em duas opções
versão de bolso
1
A Kobber, fabricante de produtos naturais, acaba de lançar uma nova linha de cookies integrais. Os produtos, acondicionados em flow packs, são oferecidos em dois volumes: 150 gramas e 65 gramas.
hidratantes
Antes . . . 2
TNT Energy Drink Bullet é a nova bebida energética concentrada do Grupo Petrópolis. A embalagem de bolso de 60 mililitros é produzida em polipropileno (frasco e tampa) e decorada com rótulo termoencolhível. A bebida, também comercializada na versão zero açúcar, pode ser consumida em temperatura ambiente, já que não é gaseificada. O TNT Bullet é produzido em parceria com a Indústria farmacêutica Cimed.
Nivea, 100 anos
hidratantes
Leite é rosa Antes branco, o frasco do hidratante corporal da Leite de Rosas é agora rosa. Além da nova cor, o recipiente ganhou novo formato. De acordo com a fabricante, a orientação invertida da embalagem, com tampa na parte de baixo, facilita o manuseio e a aplicação do produto.
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Design
Multi Solution (11) 2823-2000 www.multisolution.art.br
. . . e depois Design
Frasco e tampa
New Labor (44) 3033-4300 www.newlabor.com.br Rótulo
Propack (11) 4785-3700 www.propack.com.br
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Modo Design (21) 2279-6276 www.mododesign. com.br
Frascos
Zeviplast (11) 4646-6200 www.zeviplast. com.br
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Para comemorar seu centenário, a Nivea lança versão especial de um de seus principais produtos, o hidratante corporal Nivea Milk Hidratação Intensiva. A edição comemorativa ganhou rótulo autoadesivo que combina elementos visuais relacionados à tradicional latinha azul, criada em 1911, com pequenas esferas reunidas em meio a traços prateados que fazem menção ao aniversário.
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Design
Baldes
Rótulos dos baldes
cartonadas assépticas
Casa Rex (11) 3862-7770 www.casarex.com Guará Embalagens (48) 3478-0366 www.guara.ind.br
PANIFICADOS
Food service
perfumes
Dois novos bolinhos 4
variedades de Arisco 5
As linhas Roll Cake de minirrocamboles e Duo de sanduichinhos doces são as novidades da Bauducco (Pandurata) para os intervalos escolares e lanches da tarde. Ambas as novidades chegam ao mercado em flow packs estruturadas em filmes de polietileno, PET e alumínio.
A Unilever Food Solutions relançou as linhas de ketchup, mostarda e maionese Arisco voltadas à alimentação fora do lar. Entre as embalagens utilizadas na iniciativa, uma cartonada asséptica de 1,16 quilo foi adotada para o ketchup e um balde de polipropileno, decorado com rótulo-manga de polietileno, foi desenvolvido para a maionese.
Vestida para a noite 6
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Jaguar Plásticos (19) 3311-2831 www.jaguar.ind.br Tetra Pak (11) 5501-3200 www.tetrapak.com.br
Thaty Princess Midnight é o nome da mais nova edição limitada da Thaty, fragrância feminina clássica de O Boticário. O frasco de vidro, com formato alusivo a um vestido de princesa, é o mesmo utilizado para a Thaty Princess, versão comemorativa lançada em 2010. A diferença é a decoração do recipiente, que agora incorpora purpurina (glitter). O design do cartucho de papel cartão em que o produto é vendido teve luzes noturnas como inspiração.
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Tampa
Albéa (11) 5541-8990 www.albea-group.com
Fique por dentro dos principais eventos do setor de embalagem.
Cartucho
Box Print (11) 5505-2370 www.boxprint.com.br Design
Komm Design (11) 3443-7761 www.kommdesign.com.br Vávula
MWV Calmar (11) 3638-4850 www.calmar.com Frasco
SGD (11) 3883-4300 www.sgdbrasil.com
www.ciclodeconhecimento.com.br Inscrições abertas!
Design
Sart Dreamaker (11) 3044-4074 www.sart.com.br
Flow packs
Shellmar (11) 4128-5200 www.shellmar.com.br Flow packs
Empax (11) 5693-5400 www.empax.com.br
www.grandescases.com.br Junho 2011 | 49
Almanaque Sem sujar os talheres Uma das principais queixas dos consumidores de maionese na década de 70 era o fato de lambuzarem os talheres ao retir ar o produto da embalagem. Para tentar resolver o problema, a Santista Alimentos – hoje Bung e – adotou em 1979 potes de vidro com boca larga para a Maionegg’s. A apresentação sobr essaía por incorporar outras inovações Trazi a tampa plástica, que eliminava o problema de ferrugem, comum nas tampas de aço, e um disco de vedação de alumínio, que impedia a entrada de oxigênio, aumentando o shelf life do produto. Fonte: Centro de Memória Bunge
“boko-moko” já foi moda É raro, mas ainda há quem use “boko-moko” para classificar o que é démodé, de gosto duvidoso – ou “brega”, “cafona”, segundo os adjetivos mais usuais. A expressão, cunhada pelo jornalista e publicitário Sergio de Andrade, o Arapuã (1928-2009), fez sucesso nos anos 70. Caiu na boca do povo pelo uso em comerciais do Guaraná Antarctica. Os reclames eram estrelados por Theobaldo, personagem do ator Roberto Marquis – que depois se notabilizaria por viver na tevê o afeminado Guarda Juju, no humorístico A Praça é Nossa.
A imperatriz da beleza O primeiro instituto de beleza do mundo surgiu em Melbourne, Austrália, em 1902. A ideia foi da imigrante polonesa Chaja Rubinstein, que mais tarde adotaria o nome Helena Rubinstein. Foi um sucesso imediato. Novos salões foram abertos em Londres, Paris e Nova York. Em 1917, a empresária começou a produzir em larga escala cosméticos e maquiagem. Depois, naturalizou-se americana e se tornou uma das mulheres mais ricas do mundo, ganhando o apelido de “Imperatriz da Beleza”. Morreu em 1965, mas sua marca vive até hoje. Pertence à francesa L’Oréal e está presente em 120 países.
emb.bz/142boko em foto de 1913, o salão aberto em paris por helena rubinstein (no destaque)
Ao lado, cenas de um dos comerciais do guaraná antarctica com theobaldo (roberto marquis)
bebida com posologia O refrigerante Dr Pepper começou a ser vendido nos Estados Unidos no final do século 19 como medicamento para o sistema digestivo. A posologia era “prescrita” pelos anúncios da bebida. A publicidade do refrigerante trazia o desenho de um relógio com os horários recomendados para o consumo da
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bebida. Os comerciais de rádio e televisão sempre terminavam com a assinatura “It’s Dr Pepper time” (“É hora de Dr Pepper”). Daí surgiram os números 10, 2 e 4, presentes na logomarca e nas embalagens de Dr Pepper até o final da década de 60.
QUIZ Em 1988, Coca-Cola e Pepsi adotaram simultaneamente no Brasil um novo componente em suas embalagens, que rapidamente se popularizou. Dois anos depois, porém, ele foi substituído por outro material. Que acessório foi esse? Confira em
rótulos antigos do dr pepper aludiam a relógio
emb.bz/143quiz