Ano XIV • Nº 152 • Abril 2012 • R$ 15,00
especial: vidro
Novas tecnologias e aumento da variedade aquecem vendas de recipientes feitos do material
aerossóis
Vendas seguem bombando. Mas produção local de latas spray de alumínio continua na promessa
entrevista
O diretor de P&D da Kraft Foods Brasil, Luís Leanza, fala dos métodos e critérios da empresa para inovar em alimentos
Ferramenta subestimada Os parques de embalagem nunca tiveram máquinas tão modernas. Mas nem tudo anda às mil maravilhas quando o assunto é manutenção. Como melhorar?
Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR
Erros de percurso, não, falta de integração Quase tão repetida quanto a própria palavra-ônibus “inovação”, virou moda a afirmação de que esse termo é mais empregado do que “sexo”, nos mais diversos contextos imagináveis. Fala-se em “inovação” no mesmo ritmo de use-e-abuse com que antigamente se pespegava a palavra “novidade” em produtos, costumes, serviços variados. Hoje, a mera mudança do grafismo de um rótulo chega a ser apresentada como “inovação”, da mesma forma que a mudança da cor da latinha de Rapé do Mono Sapeca de 1900, de verde para azul, era alardeada como “novidade” pelos redactores de reclames. Aqueles, pelo menos, parece que tinham consciência do que queriam vender, isto é, artigos que a rigor não traziam em si mudanças estruturais, conceituais. Como ensinam os mais elementares tratados sobre o assunto, inovador é o produto, equipamento, processo ou serviço que, ao quebrar paradigmas, propicia benefícios concretos para os consumidores e usuários e, consequentemente, lucros para a empresa dona da marca. Se não for isso, é simplesmente novidade, como antanho foi a seu tempo a latinha azul de rapé. Esse assunto é aqui abordado por causa da aproximação de um evento específico (o “Fórum Inovação – Como viabilizar a produção de embalagens criativas”), programado para ocorrer em 27 de junho próximo, em São Paulo, no âmbito do Ciclo de Conhecimento. Essa iniciativa, que deverá contar com a participação de palestrantes de renome internacional como Fred Gelli, criador do logotipo da Olimpíada do
Rio de 2016, tem um objetivo central: apontar caminhos efetivos para que profissionais de criação e de marketing, fornecedores e prestadores de serviço para a cadeia de valor da embalagem consolidem fórmulas destinadas a criar produtos que façam diferença real para os consumidores. Em outras palavras, caminhos para inovar. Durante os trabalhos de preparação do programa, a equipe responsável constatou – ou melhor, confirmou mais uma vez – o fato de que muitos projetos com potencial inovador se revelam desastrosos ao chegar às linhas de produção. Na maioria das vezes, nada há de errado com esses projetos, realmente promissores. Eles, e com eles as empresas que nelesv investem, costumam ser vitimados pelo que comodamente se atribui a “erros de percurso”. Esse é um eufemismo que, no fundo, disfarça a falta de integração entre os elos de um sistema, mais costumeira do que se imagina. Ante aquela (repetida) constatação, o Fórum em questão está sendo formatado de maneira a ser, ele próprio, um espaço para a integração dos agentes econômicos envolvidos em projetos de embalagem. Pretende-se, nesse espaço, discutir formas de promover a interatividade e disseminar conhecimento ao longo da cadeia produtiva. É mais uma ação com que o Ciclo de Conhecimento acredita estar colaborando para reduzir males como o retrabalho e o desperdício de tempo e dinheiro no desenvolvimento de projetos. Afinal, inovação é também competitividade. Até maio.
WIlson palhares
“Inovador é o produto, equipamento, processo ou serviço que, ao quebrar paradigmas, propicia benefícios concretos para os consumidores e usuários e, logo, lucros para a empresa. Se não, é só novidade” Abril 2012 |
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Edição 152 • Abril 2012
Sumário 3 Editorial Inovação não pode ficar apenas nas palavras.
Precisa trazer benefícios aos end users e aos consumidores
18 Reportagem de capa
8 Painel Sidel racionaliza empilhamento de garrafas de PET •
DuPont inaugura centro de inovação no Brasil • Tetra Pak amplia portfólio de atributos “verdes” em suas embalagens • Danone pode usar bioplástico em garrafas de água
Manutenção Crescem as queixas de indústrias em relação aos help desks dos fabricantes de máquinas de embalagem. Mas o que elas podem fazer para diminuir a dependência das assistências técnicas? POR GUILHERME KAMIO
14 EM Foco Consumidor avalia a importância das embalagens na decisão de compra de ovos de Páscoa 16 Lácteos Melitta entra no mercado de bebidas lácteas utilizando embalagem cartonada com formato inédito no Brasil 17 Cervejas Heineken amplia volume de garrafa de 600 mililitros para 650 mililitros
24 Cafés Marca premium costarriquenha tem embalagem com barreira ativa e componentes brasileiros 26 Vinhos Embalagens de alumínio aparecem em marcas no exterior. No Brasil, mercado é praticamente inexplorado 28 Entretenimento Empresas que vendem vouchers de serviços para presente apostam em embalagens sofisticadas 32 Entrevista Luís Leanza, diretor de pesquisa,
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desenvolvimento e qualidade da Kraft Foods Brasil, explica como a empresa desenvolve inovações em embalagens de alimentos
38 Aerossóis Um ano após anúncios de investimentos, indústria brasileira de aerossóis de alumínio ainda não se fortaleceu Especial Vidro
40 Diversidade de formatos e acabamentos são os trunfos de fabricantes de frascos para perfumes, cosméticos e medicamentos
32
44 Verallia inaugura na França laboratório de criatividade de embalagens
45 Owens-Illinois amplia relacionamento com clientes e consumidores
46 Indústria de frascos para cosméticos vive bom momento
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Empresas que anunciam nesta edição Braskem..........................2ª capa Adecol.......................................37 Baumgarten........................4 e 5 Center Fix.................................27 Ciclo de Conhecimento.......35 Congraf.......................................9 Dixie Toga................................. 13 Dow Brasil................................23
Grandes Cases.............. 30 e 31 Ibema.........................................53 Indexflex....................................33 Moltec.......................................55 Optima...................................... 21 PH Fit........................................ 39 Piloto.......................................... 51 Prakolar...........................3ª capa
Roland....................................... 15 Santa Maria................................. 7 SIG Combibloc........................25 Simbios-Pack...........................55 Tradbor......................................23 Verallia.............................4ª capa Vidroporto................................27 Wheaton...................................41
48 Prêmio Grandes Cases de Embalagem anuncia novidades 50 Internacional Stand-up pouches chegam a dois clássicos
em alimentos americanos: as sopas Campbell e o ketchup Heinz
52 Display Ypê renova embalagens de lava-louças • Empresa
do interior de São Paulo lança garrafão de água de 20 litros com alça • Caixas da Calçados Bibi podem ser pintadas
58 Almanaque Como a Nestlé globalizou o mascote do
achocolatado Nesquik • Papel cartão ajudou a vender copos de vidro • Bag-in-box: de ácidos a vinhos • Família do fundador da Lego nas embalagens • A chegada do desodorante stick ao Brasil
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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS
Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br
PET
Empilhamento aprimorado Nome forte em equipamentos de envase, a Sidel anunciou
O encaixe é possível graças à moldagem de uma concavidade acentuada na base das garrafas, fruto de uma tecnologia patenteada sob o nome stroke base. Segundo a Sidel, o atributo pode ser aplicado em garrafas com capacidade volumétrica entre 250 mililitros e 1 litro e de variados formatos. A fabricante não especificou toda a gama de produtos compatíveis com a solução, limitando-se a informar que sucos, leites e especialidades lácteas estão entre seus alvos. No caso do empilhamento de garrafas de 500 mililitros dotadas de paredes retas, o Stack & Pack garantiria a formação Nova solução acena a ganhos de dez camadas de embalagens, em vez de seis, em logísticos ao permitir sobrepor um palete do padrão europeu – ou seja, um ganho de garrafas por meio de encaixes 40% (2 160 unidades contra 1 296). A Sidel ressalta entre gargalos e bases que, além de dispensar os interlayers de papelão e otimizar a estocagem e o transporte, o sistema de encaixe pode gerar uma redução de pressão de até 10 bar no processo de sopro, resultando em economia com energia. No varejo, melhoraria a exposição em gôndola e diminuiria a frequência de reposições. Eric Schaffner, gerente internacional de contas da Sidel, declarou que a empresa estaria prestes a realizar testes em fábricas de clientes. De acordo com o executivo, se alguma empresa adotar a ideia, os primeiros usos do Stack & Pack poderão chegar ao mercado já em 2013.
uma novidade engenhosa para aprimorar a distribuição de bebidas em garrafas de PET. É o Stack & Pack, conceito que procura racionalizar o empilhamento dessas embalagens por meio da acomodação dos gargalos no interior das bases de unidades posicionadas logo acima. Desse modo, o espaço ocupado na armazenagem é reduzido e não há necessidade do uso de folhas intermediárias de papelão ondulado entre as camadas de produtos.
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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS
EMBALAGENS E DAS MARCAS
BIOPLÁSTICOS
O PEF ganha mais uma aliada Depois do acordo firmado com a Coca-Cola (ver EmbalagemMarca nº 150, fevereiro de 2012), a Avantium anunciou a assinatura de um segundo contrato de apoio para o desenvolvimento de embalagens de polietileno furanoato (PEF) – bioplástico divulgado como alternativa de fonte renovável ao PET. A nova parceira da empresa holandesa de pesquisas é a Danone, que vislumbra o uso do material na produção de garrafas de águas minerais. O PEF é obtido a partir de carboidratos de origem vegetal polimerizados por meio de uma tecnologia de catálise química chamada YXY (pronuncia-se “íquizi”), patenteada pela Avantium. A ideia é que o novo bioplástico não concorra com a produção de alimentos, utilizando resíduos da agricultura e da indústria de celulose como matérias-primas. Uma planta-piloto de PEF foi inaugurada há aproximadamente cinco meses em Geleen, na Holanda, e estudos vêm sendo conduzidos para se atingir compatibilidade do bioplástico com os processos de moldagem e reciclagem de PET. A previsão é de que embalagens feitas do material cheguem ao mercado num prazo de três a cinco anos.
Danone cogita utilizar PEF nas garrafas de sua águas, como a Bonafont
MÁQUINAS
Investimento do Aché No dia 12 de março último o laboratório Aché iniciou a operação do mais novo reforço para o setor de fármacos sólidos de sua fábrica de Guarulhos (SP): uma BEC 300, máquina da alemã Uhlmann capaz de processar 18 000 unidades por hora. Totalmente automatizado, o modelo incorpora emblistadora, encartuchadora, balança, casepack e etiquetadora. Segundo Maria Cristina Salay, coordenadora do setor de Embalagem de Sólidos da Aché, o investimento no novo equipamento se deve ao aumento da produção. “Estamos tendo um grande número de lançamentos desde o começo do ano”, relata a profissional.
númeroS
5,2%
Será a taxa média anual de crescimento do consumo mundial de embalagens de PET de 2012 a 2017, segundo projeção da consultoria inglesa Smithers Pira. Influenciado especialmente pelas economias emergentes, o total consumido deverá atingir 19,2 milhões de toneladas daqui a cinco anos.
401 300 toneladas Foi o volume de embalagens feitas de alumínio (latas, bisnagas e filmes) produzido mundialmente em 2011. O número representa queda de 1% em relação ao desempenho de 2010 – resultado, segundo a Associação da Indústria de Alumínio (GDA), da tendência do aliviamento de peso das embalagens.
10,7 bilhões
BEC 300: aquisição para guarnecer aumento de produção do laboratório
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Foi o total de bisnagas – de alumínio (41%), laminadas (30%) ou plásticas (29%) – produzidas por fabricantes europeus em 2011. De acordo com a Associação Europeia de Fabricantes de Bisnagas (Etma), o resultado representa um crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior.
CARTONADAS ASSÉPTICAS
Centro de Inovação permitirá interação com cientistas da DuPont
Portfólio “verde” ampliado A Tetra Pak anunciou o lançamento de novos atributos “verdes” para sua família de embalagens cartonadas assépticas. Entre os lançamentos está um sistema que visa facilitar a reciclagem da Tetra Evero Aseptic, garrafa cartonada lançada pela empresa no início de 2011 com foco no envase de leites (ver EmbalagemMarca nº 142, junho de 2011). Agora o consumidor pode remover facilmente o topo (gargalo) de polietileno da garrafa, separando-o do corpo cartonado, para destinar cada um dos dois componentes para o processo de reciclagem adequado. Segundo a Tetra Pak, o novo mecanismo de separação não prejudica o desempenho da
PESQUISA
Espaço para a inovação Em evento realizado no dia 23 de março, a DuPont inaugurou em Paulínia, no interior de São Paulo, seu Centro de Inovação Brasil. Trata-se de um anexo do Centro de Inovação e Tecnologia aberto pela empresa em 2009 e cujo objetivo, nas palavras do presidente da DuPont para a América Latina, Eduardo Wanick, “é fomentar a colaboração com outras empresas, clientes, universidades e governo em prol da inovação”. Fruto de investimentos de 11 milhões de dólares, o Centro dispõe de salas para reuniões e videoconferências que, segundo a empresa, permitirão intercâmbios de ideias com os 9 500 cientistas, químicos e engenheiros que compõem seu quadro técnico mundial. O Brasil é o sétimo país do mundo a receber da DuPont um centro de inovação local nos mesmos moldes, depois de Japão, México, Tailândia, Coreia do Sul, Taiwan e Índia.
embalagem e não implica custo extra aos clientes. Outra novidade é a ampliação da gama de tampas plásticas (para caixinhas) moldadas a partir do polietileno “verde” da Braskem, derivado do etanol da cana-de-açúcar. Empregado inicialmente apenas no modelo de tampa StreamCap 1000 – o mesmo adotado pioneiramente no Brasil por leites da Nestlé, em julho de 2011 –, o material passa também a ser utilizado nos fechamentos DreamCap 26, LightCap 30 e Helicap 27. Assim como acontece com a StreamCap, as novas tampas “verdes” serão distinguidas das versões tradicionais, feitas de plástico derivado do petróleo, pelo gravação em relevo, em seus topos, do desenho de uma folha.
Microfuros garantem fácil segregação do topo da Tetra Evero. Helicap é mais uma tampa a poder ser produzida com plástico de cana (no detalhe acima)
http://emb.bz/152tetraevero
BISNAGAS
Ideal para amostras Uma tampa flip-top pequena, no diâmetro 19 milímetros, é a mais nova solução da C-Pack para o fechamento de bisnagas plásticas. A novidade permite a fabricantes de produtos viscosos, especialmente a indústrias de cosméticos, o trabalho com
amostras similares às bisnagas originais de seus produtos, maiores e conjugadas a tampas flip-top. No mercado nacional, a maioria dos tubos de amostras utiliza tampas de rosca (“lisas”), menos práticas por demandar manuseio com duas mãos.
Flip-top de 19mm: mais prática do que as tampas de rosca
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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS
EMBALAGENS E DAS MARCAS
RÓTULOS
PROTOTIPAGEM
Encolhível slim
Peças em gesso e com cores
A Propack lançou um novo tipo de rótulo termoencolhível no mercado brasileiro. Batizado de SlimSleeve, ele é produzido a partir de um filme de poliéster (PET) ultrafino, “25% menos espesso do que os filmes hoje utilizados no País para o mesmo fim”, declara Rodrigo Dorna, gerente comercial da empresa. Segundo o executivo, a novidade garante a alocação de 20% mais rótulos por bobina, o que reduz despesas com frete e armazenagem e gera ganhos de produtividade na linha de aplicação, por exigir menos trocas. Ademais, incide em menor volume de resíduos e é reciclável, o que se alinha a políticas de sustentabilidade. Dorna diz que o preço do milheiro do SlimSleeve “é um grande diferencial, batendo inclusive o custo dos sleeves de PVC”. A Propack afirma estar apta a produzir 90 toneladas por mês do novo filme, capacidade que deve ser ampliada nos próximos meses.
gente
Reforço na Tronics A Tronics do Brasil, fabricante de rotuladoras automáticas, anunciou a contratação de Ilze Silva Ramos para sua área de vendas. Com mais de vinte anos de experiência no setor de equipamentos, Ilze tem passagens por empresas da área de rotulagem como Bauch + Campos e P.E. Latina Labelers. De origem australiana, a Tronics conta desde maio de 2011 com fábrica no Brasil – em Taboão de Serra (SP).
A Nova Silk, empresa especializada no segmento de sinalização e comunicação visual, traz para o Brasil as impressoras tridimensionais da americana Z Corporation, empresa que afirma ser pioneira nesse tipo de produto. Os equipamentos permitem reproduzir os mais variados objetos, incluindo embalagens, para facilitar processos de pesquisa e desenvolvimento. As peças são produzidas em gesso. Segundo Alexandre Soares, gerente de novos negócios da Nova Silk, as impressoras 3D da Z Corporation são as únicas do mercado a imprimir colorido. Cinco modelos são oferecidos pela distribuidora, que afirma que dará treinamento e suporte técnico aos usuários das impressoras.
Exemplo de frasco de xampu criado por impressora 3D da Z Corporation
Antes . . . BRANDING
Competências mais visíveis Especializada em design gráfico, design estrutural e prototipagem de embalagens, a ProDesign atualizou sua identidade. O novo logotipo, desenvolvido pelo diretor de criação Daniel Guarizi, representa uma letra “P” à moda de uma caixa aberta. “O elemento expressa nossas competências com maior apelo visual”, considera Paulo Pereira, diretor executivo da agência. A ProDesign atende indústrias como J&J, Avon, Arno, Reckitt Benckiser, Hypermarcas, Pepsico e Unilever.
. . . e depois 12 | Abril 2012
EM foco O QUE VAI PELA CABEÇA DO CONSUMIDOR
Ovos de Páscoa Ao menos quando é estimulado, consumidor atribui importância à embalagem nas decisões de compra de doces pascais Qual é o quesito mais levado em conta pelo consu-
midor na aquisição de um ovo de Páscoa? Aproveitando o festival de compras do produto que precedeu o dia 8 de abril último, e para desde já tentar oferecer informação aos fabricantes que começam a traçar planos para a próxima edição da efeméride no ano que
vem, EmbalagemMarca fez essa pergunta a consumidores de um supermercado paulistano. Nenhum dos entrevistados apontou a embalagem como fator decisivo. Porém, quando indagados se esse não seria um atributo relevante, todos atribuíram a ele alguma importância. Confira, abaixo, alguns dos depoimentos.
“O fator preponderante é a marca. Conhecemos determinadas marcas e acho que isso é levado em consideração. Mas a embalagem é um atrativo muito forte para o olhar da gente” “Para mim, o mais importante é o sabor do ovo. Quanto à embalagem, procuro ver se está bem fechada e estruturada”
Horacy Nucci Jr.
Claudia Pellegrino “Levo em consideração a qualidade, o sabor do chocolate. No entanto, uma embalagem bem feita sempre chama mais a atenção, claro” Renata Saad
“Valorizo o preço, principalmente. Mas presto atenção à embalagem, sim, porque acho a apresentação muito importante” “A embalagem eu nunca levo muito em consideração... Mas quando é para as crianças acho que é importante, porque elas vão preferir um ovo com uma embalagem colorida e enfeitada do que, digamos, uma toda preta” Ediane de Lima
Assista aos depoimentos na íntegra em emb.bz/152emfoco
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Sonia Regina Jacob
Lácteos
Produto e design gráfico da embalagem foram desenvolvidos no Brasil. Embalagem CombifitSmall, de 250 mililitros, tem canudinho (no detalhe)
Café na caixinha Melitta lança produto lácteo à base de café, pronto para beber, em embalagem cartonada asséptica com formato inédito no Brasil A Melitta inaugura no Brasil a categoria de produtos lácteos prontos para beber à base de café. Melitta Wake é fruto de um projeto 100% brasileiro, desde o desenvolvimento do produto até o design gráfico da embalagem. O produto marca a estreia de um novo formato de embalagem cartonada asséptica. A empresa fez uma parceria com a suíço-alemã SIG Combibloc, e é a primeira a utilizar no Brasil a embalagem CombifitSmall de 250 mililitros, com canudinho. “Pretendemos conquistar os consumidores na faixa de 15 a 30 anos, público que até então era pouco atingido por nossos produtos”, diz João Michaliszyn, gerente de marketing de bebidas da Melitta. “Com a embalagem escolhida para o produto, atingimos um duplo objetivo, que é nos diferenciar através de um formato mais moderno e orientado ao público jovem-adulto, e ainda dar a quantidade de produto desejado por essa faixa de 16 | Abril 2012
consumo, segundo mostraram pesquisas”, explica Michaliszyn. A Matriz Escritório de Desenho participou de todo o projeto de desenvolvimento das embalagens e da comunicação visual do Wake. A marca é composta por um logotipo desenhado manualmente, complementado por duas setas que mostram o conceito central do produto: acordar “para cima”, com alto astral, descreve o diretor de projetos da agência, Mario Pallares. Ele destaca que, “tratando-se de uma nova categoria de bebidas lácteas, é importante o uso de uma cor inusitada para sua identidade: um fundo neutro e tons vivos para diferenciar cada variante”, Wake está disponível em três versões: Toffee (sabor chocolate, caramelo e um toque de café), Chocoberry (sabor chocolate branco, morango e um toque de café) e Mocca (sabor chocolate e um toque de café), e será comercializada inicialmente nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Algo novo no Toddynho
Matriz Escritório de Desenho (11) 5083-2022 www.matrizdesenho.com.br SIG Combibloc (11) 3028-6744 www.sig.biz/brasil
Toddynho: agora também em caixinha da SIG
A operação brasileira da SIG Combibloc ganhou um importante cliente: a Pepsico. A empresa passa a utilizar embalagens cartonadas assépticas da fornecedora suíço-alemã para o achocolatado pronto Toddynho. O produto começou a ser vendido em março último, em caixinhas de 200 mililitros no formato CombiblocSmall. Para a iniciativa, a Pepsico adquiriu junto à SIG Combibloc uma máquina CFA 712, capaz de produzir 12 000 embalagens por hora. O equipamento foi instalado na fábrica de Palmares (AL). Segundo a consultoria Canadean, a categoria de leites com sabor movimentou 460 milhões de litros no Brasil em 2011, volume 12% maior que no ano anterior, e deve continuar crescendo a uma taxa média de 10,5% nos próximos quatro anos. “Noventa por cento de todo o consumo de leites flavorizados são produtos com sabor chocolate, e as embalagens de pequenos volumes respondem por 80% das vendas”, diz Luciana Galvão, gerente de marketing da SIG Combibloc. A planta da Pepsico em Guarulhos (SP) continua envasando o Toddynho em caixinhas da Tetra Pak, também de 200 mililitros.
cervejas
Mudança sutil Heineken amplia volume de garrafa descartável de 600 para 650 mililitros
Quem compra garrafas
descartáveis da cerveja Heineken já notou uma pequena diferença nas embalagens: o volume aumentou de 600 mililitros para 650 mililitros. A cerveja é importada da Holanda já engarrafada. Antes, as embalagens eram produzidas localmente pela Owens-Illinois e a decoração era feita com serigrafia (rótulo ACL – Applied Ceramic Label). Agora a garrafa é adornada com rótulos autoadesivos, que trazem em vermelho um aviso sobre o aumento de conteúdo. Detalhes em alto relevo, no mesmo padrão das garrafas long-neck (ver EmbalagemMarca 139, março de 2011), aparecem nas novas garrafas. O Brasil é (ou era, se a substituição for definitiva) o único país em que a Heineken trabalha com o volume de 600 mililitros. A nova embalagem adota o padrão mundial da cervejaria, de garrafas de 650 mililitros. A Cervejaria Heineken Brasil não quis comentar a mudança nem informou se pretende nacionalizar a produção. Apenas enviou uma nota para a redação de EmbalagemMarca, via assessoria de imprensa, informando que a mudança é momentânea: “Por conta da alta demanda, a marca importou algumas embalagens. Como somente no Brasil a garrafa é de 600 mililitros e nos demais países é de 650 mililitros, houve a alteração no volume. As embalagens vêm com o aviso somente para ressaltar ao consumidor essa informação”.
Garrafa de 650 mililitros da Heineken tem detalhes em relevo, como as long-necks; decoração em serigrafia foi substituída por rótulos autoadesivos
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reportagem de capa
Uptime em perigo Máquinas de embalagem nunca foram tão robustas, precisas, confiáveis. A manutenção, porém, transformou-se num problema para fabricantes e usuários. Saiba por quê
© ilustração: daniel das neves
Por Guilherme Kamio
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Nos últimos anos, os parques brasileiros de embalagem experimentaram um grande salto tecnológico. Com instalações de novas enchedoras, empacotadoras, rotuladoras e máquinas afins, indústrias usuárias ganharam mais produtividade. Graças a melhorias em componentes mecânicos e eletrônicos, os equipamentos têm se mostrado mais robustos, precisos, amigáveis. Mas nem por isso seus donos estão de todo satisfeitos. As ressalvas mais frequentes não são propriamente aos aparelhos, mas à assistência técnica dos fabricantes, solicitada quando as máquinas apresentam alguma irregularidade – ou quando simplesmente param, já que não há aprimoramento capaz de torná-las infalíveis. O seguinte depoimento, concedido sob garantia de anonimato pelo diretor industrial de uma importante empresa de alimentos, sintetiza uma série de relatos de teor parecido feitos espontaneamente, nos últimos meses, à equipe de EmbalagemMarca: “Temos enfrentado dificuldades enormes com suporte técnico. O nível caiu bastante. Percebemos técnicos despreparados, até mesmo em grandes provedores de máquinas, marcas de renome. Dia desses, fomos atendidos por um rapaz que parecia o (cantor) Luan Santana. Uma criança! Tornou-se comum o uso de tentativa e erro para encontrar causas de defeitos. Quando constatamos alguma anomalia em nossos equipamentos, torcemos para não ter de trocar peças. É que os fabricantes quase nunca as têm em estoque. Já cogitamos, inclusive, elaborar planos de contingência para evitar paradas de produção.” (continua)
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Procurados pela reportagem, porta-vozes de respeitadas empresas de equipamentos disseram não ignorar as manifestações de contrariedade e admitiram, unanimemente, que os help desks do setor não funcionam às mil maravilhas. O problema é atribuído, também em uníssono, a três fatores. Primeiro, a um aquecimento da demanda por auxílio técnico, reflexo do maior aparelhamento das indústrias para atender ao boom do consumo de bens de massa. Segundo, a um aumento da exigência dos clientes quanto ao desempenho da assistência. Por último, e fundamental, a um nó bastante conhecido, mas complicado de desatar: a escassez de mão de obra qualificada. “Se no Brasil está difícil arrumar pedreiros e domésticas, imagine especialistas em máquinas – ainda mais em máquinas como as de embalagem, repletas de particularidades”, comenta Franz Beissel, diretor local de projetos e serviços da KHS, especializada em aparato para linhas de envase de bebidas. De acordo com o executivo, a questão do suporte técnico para os fabricantes de equipamentos é ingrata porque a tecnologia fica mais e mais intrincada. “E a vida no campo não é fácil”, acrescenta Beissel. “É preciso viajar muito, o que pode atrapalhar a vida particular. Muitas pessoas acabam desistindo do trabalho após alguns anos, sobretudo quando casam.”
O problema é que os desligamentos prematuros representam um investimento perdido. “Entre a contratação e a entrada efetiva em atividade, nossos profissionais demandam de seis meses a dois anos de treinamento”, afirma Jakob Wolf, diretor industrial da Krones do Brasil, nome de peso em sopradoras, envasadoras, rotuladoras e outros instrumentos para linhas de bebidas. O dirigente situa que mesmo para a empresa, “ciosa em assistência” (identificada pela marca Lifecycle Services, composta por 135 funcionários locais e abrigada, em São Paulo, em um dos seis centros técnicos mundiais da companhia), as circunstâncias são desafiadoras. “Temos disputado funcionários com a concorrência e até mesmo
com a clientela, que, ao aumentar seus parques fabris, busca especialistas nos fabricantes”, descreve Wolf. Gerente técnico da Markem-Imaje, importante produtora de equipamentos para marcação e codificação de embalagens, Hamilton Coragem Filho reconhece que não existe saída para estancar a rotatividade e segurar os quadros técnicos a não ser oferecer boas políticas de remuneração e de satisfação no trabalho. Seguindo uma tendência da prestação de serviços assistenciais, a Markem-Imaje instituiu em meados de 2011 o atendimento aos sábados, e não somente nos dias úteis da semana. “Na verdade, já realizávamos muitos serviços aos sábados, domingos e feriados. O que fizemos foi oficializar essa prática, criando jornadas semanais de terça a sábado para diminuir horas extras e a carga de trabalho dos técnicos”, explica Coragem Filho. Outra militante do mercado de codificadoras, a Videojet, também aderiu à atividade técnica sabatina. Diretor geral da empresa no Brasil, André Santos conta que vem conseguindo mitigar altos índices de turnover (substituições) na equipe técnica ao oferecer “um excelente pacote de benefícios” aos funcionários. “Isso garante uma atualização constante e intenso conhecimento tecnológico do pessoal”, ele assinala. Santos informa ainda que, ante o déficit da oferta de profissionais capacitados, a Videojet tem investido na formação de pratas da casa, através de um programa de estágio. Franz Beissel encaixa que a KHS aposta em tática similar, cooptando estudantes do Senai como técnicos juniores. Tradicional fornecedora de envasadoras e embaladoras, a Optima também acredita nesse modelo. “Atualmente temos quinze estagiários no Brasil e 84 na Alemanha, que serão direcionados em breve para áreas específicas”, repassa o diretor de vendas para a América Latina, Ivair Santos. O executivo tem em sua própria trajetória uma aliada para motivar seus especialistas em máquinas: galgou da assistência técnica da empresa, na qual ingressou há quinze anos, para o alto posto que hoje ocupa.
“Se no Brasil está difícil arrumar pedreiros e domésticas, imagine especialistas em máquinas” Franz Beissel, KHS
“Temos disputado funcionários com a concorrência e até mesmo com clientes que aumentam seus parques” Jakob Wolf, Krones do Brasil
“Oficializamos o atendimento aos sábados e criamos jornadas diferenciadas para diminuir a carga de trabalho” Hamilton Coragem Filho, Markem-Imaje
“Temos atualmente quinze estagiários no Brasil e 84 na Alemanha, que serão direcionados à área técnica” Ivair Santos, Optima
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Não obstante os esforços para ajustar os departamentos técnicos, os fabricantes de máquinas aproveitam para ressaltar que a clientela também pode contribuir para melhorar o panorama dos serviços assistenciais. Sucede que todas as fontes consultadas consideram insuficiente a preocupação dos end-users em geral com manutenção preventiva de seus bens de capital. “Somente 20% dos clientes adquirem um programa de manutenção no momento da aquisição da máquina”, calcula Beissel, da KHS. Michael Teschner, diretor geral da filial brasileira da alemã Multivac, grife em equipamentos para acondicionar frios, queijos, embutidos e outros alimentos, ressalva que existem clientes cuidadosos, que cumprem planos de revisões. Mas são exceções. “A filosofia da maioria é produzir e produzir até a máquina quebrar”, relata Teschner. Uma das clientes de comportamento exemplar no quesito manutenção, classifica o diretor da Multivac, é a BR Foods. “Inspeções das máquinas são feitas regularmente, sempre com supervisão de nossos técnicos”, diz Teschner. Outro exemplo de política prudente é do Aché. O laboratório, que acaba de investir na aquisição de uma nova emblistadora Uhlmann (ver “Painel” desta edição) mantém uma política severa de gestão das máquinas de embalagem. “Programamos nossas manutenções preventivas dentro do nosso plano de produção mensal, como se fossem um produto a ser processado”, afirma Márcio Reis de Freitas, gerente de Divisão de Produção da empresa.
A cultura de produzir non-stop e a todo custo não é, entretanto, a única barreira para a execução de manutenção periódica. Conforme expõem os representantes das empresas de máquinas, é comum os clientes alegarem falta de verba para o hábito. “Gastam-se fortunas na aquisição dos equipamentos e depois se tenta economizar centavos na operação”, observa Jakob Wolf. De acordo com o executivo da Krones, o ímpeto de poupar é a razão da crescente procura dos clientes pelo chamado mercado pirata, de peças alternativas e
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mão de obra não-autorizada. Os efeitos mais amargos dessa prática seriam os desgastes mais velozes de mecanismos e paradas de máquinas. “Uma indústria pequena de bebidas hoje produz 10 000 unidades por hora. Imagine o prejuízo de uma linha parada por algumas horas”, aventa Marco Antonio Dias de Oliveira, diretor comercial da fabricante de rotuladoras P.E. Latina Labelers. O executivo da P.E. Latina lembra que a rotatividade da mão de obra acontece também com os times de operadores de máquinas dos end-users. “Quando o profissional que recebe treinamento dos fornecedores deixa a empresa, geralmente é substituído por outro sem conhecimento suficiente”, aponta Dias de Oliveira. “Mesmo quando não provoca o cúmulo de uma parada de máquina por erro humano, essa reposição malfeita afeta o rendimento das linhas”, adverte Beissel, da KHS. “Vemos linhas rodando muito aquém do que poderiam.” Como se percebe, o conselho para as indústrias usuárias conservarem melhor suas máquinas não tem como única razão reduzir a dependência de intervenções técnicas dos fabricantes. Linhas revisadas, tinindo, produzem mais e melhor, representando um diferencial competitivo para os fabricantes de bens de consumo. De sua parte, os fabricantes de equipamentos afiançam que não ficarão de braços cruzados. Jakob Wolf, por exemplo, revela que a Krones acaba de abrir vinte novas vagas em seu help desk. “Se alguém souber de bons técnicos disponíveis, pode nos indicar”, avisa o executivo.
“Ante o déficit de profissionais capacitados, investimos em um programa de estágio, para formar pratas da casa” André Santos, Videojet
“Somente 20% dos clientes adquirem um programa de manutenção no momento de aquisição da máquina” Michael Teschner, Multivac
“Quando um profissional treinado deixa o cliente, geralmente é substituído por outro sem conhecimento” Saiba mais sobre os serviços de assistência dos fabricantes de máquinas. emb.bz/152assistencia
Marco Antonio de Oliveira, P.E. Latina Labelers
informe publicitário
parceria para fortalecer o Stand-up Pouch no Brasil O objetivo deste espaço é trazer informações sobre o stand-up pouch (SUP), embalagem flexível que fica em pé, facilitando a vida de quem pretende adotá-lo em sua linha de produtos. Mensalmente, a partir da próxima edição, o Stand-up Pouch Report mostrará novidades de ponta, do Brasil e do exterior, sobre esse sistema de embalagens, ajudando a difundir boas práticas de fabricação e indicando maneiras criativas de sua utilização pelos fabricantes de bens de consumo. O SUP é uma solução vantajosa para uma infinidade de produtos líquidos, pastosos ou sólidos. Não à toa, vem avançando em diversos países, inclusive no Brasil. Suas características são fortemente associadas a dois termos cada vez mais em voga no mercado de consumo: inovação e sustentabilidade. A diversidade de formatos, a vasta gama de possibilidades gráficas, o apelo de conveniência, o reduzido consumo de material e o pouco espaço ocupado no transporte tornam o SUP altamente atraente em qualquer comparação com outros sistemas de embalagem. Afora os ganhos logísticos e as vantagens econômicas frente às embalagens rígidas, o SUP é uma proposta inovadora, capaz de agregar muito valor. Diversos exemplos, dos mais diferentes mercados, confirmam sua capacidade de quebrar paradigmas e trazer grande retorno aos brand owners. O Brasil é repleto de oportunidades para o SUP. Contudo, o avanço depende do desatamento de alguns nós. O principal deles talvez seja a atuação pouco integrada da cadeia. É importante que todos os elos envolvidos num projeto tenham consciência de que há pontos críticos no processo produtivo. Não basta imprimir o filme, colocá-lo numa máquina de formação de pouches, encher a embalagem e distribuí-la. Se os participantes não trabalharem de forma colaborativa, o resultado pode ser desastroso em diversos aspectos, Patrocínio
Com diversidade de formatos, conveniência e apelo sustentável, SUP é alternativa inovadora em inúmeros mercados
IDEIAS DESENVOLVIMENTO
ESPECIFICAÇÃO
Bom desempenho das embalagens depende de diversos elos na cadeia produtiva, como ilustrado no esquema abaixo
STAND-UP POUCH
+ +
MATÉRIA PRIMA FABRICANTE DA EMBALAGEM FABRICANTE DO EQUIPAMENTO BRAND OWNER VAREJO
++
CONSUMIDOR
FABRICAÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE
ENVASE
DISTRIBUIÇÃO PONTO DE VENDA
que vão do visual até a performance da embalagem. Isso traz prejuízos imediatos para a marca, e pode matar uma ideia promissora. Por isso, duas empresas que atuam na cadeia produtiva de stand-up pouches, sem vínculos comerciais entre si, resolveram se unir em prol do fortalecimento do stand-up pouch no País. A Dow Brasil, fabricante de resinas, e a Tradbor, especialista na formação
de pouches e na oferta de equipamentos para esse fim, querem trazer para o mercado brasileiro informações capazes de disseminar uma nova consciência para o desenvolvimento de projetos vencedores com SUP: a de que a troca de informações entre todos dinamiza os lançamentos de produtos e aumenta suas chances de sucesso. Acompanhe nossas próximas edições. Caso tenha dúvidas ou queira mais informações sobre o stand-up pouch, contate-nos.
Dow Brasil
Tradbor Stand-up Pouches
A Dow alia a força da ciência e da tecnologia ao talento do Elemento Humano para inovar com paixão em produtos que são essenciais ao dia a dia das pessoas.
Única empresa brasileira 100% especializada em embalagens stand-up pouches e equipamentos automáticos de envase para SUPs pré-formados.
(11) 5184-8722 • FSPCIGL@dow.com
(11) 3739-4909 • contato@tradbor.com.br
cafés
Blend especial Café premium costarriquenho recebe apresentação com barreira ativa e componentes brasileiros
Oxigênio, luz e umidade são os principais inimigos do café. Os três provocam a oxidação que abrevia o shelf life e prejudica o frescor, o aroma e o sabor dos grãos processados. Para debelá-los na venda de seu gênero torrado e moído, a costarriquenha Bocamonte adotou uma solução em embalagem que apresenta elevada barreira – e que, de quebra, contribui para conferir imagem de nobreza ao produto. A estratégia consiste em acondicionar porções de 14 gramas do pó de café – o suficiente para o preparo de duas xícaras – em pequenos frascos cilíndricos de vidro. Antes do fechamento com um selo de indução e uma tampa de rosca feita de alumínio, ocorre a inserção de um pequeno sachê de material “sequestrador” que, segundo a Bocamonte, é capaz de subtrair 99,99% do oxigênio do interior dos recipientes. O sachê é dobrado para ser introduzido nas embalagens; em seguida, retorna por “memória” ao formato original, que não passa pela boca do recipiente – não caindo, portanto, quando o café é despejado pelo consumidor. De acordo com a empresa, a especiaria química contida no sachê é inerte e seu uso em alimentos é aprovado pela Comunidade Europeia e pelo FDA americano. “Uma vez fechada, nossa embalagem ativa elimina rapidamente o oxigênio do interior dos tubos de vidro a um nível de 0,01%, em contraste com os níveis médios de oxigenação de 17% das almofadas flexíveis, 10% das flexíveis com válvula aromática e 5% das flexíveis a vácuo”, afirma o costarriquenho André Clark, sócio-proprietário da Bocamonte. “Contanto que o recipiente
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fique fechado, a atmosfera anaeróbia protege a qualidade do café durante um ano.”
A venda do café é feita em conjuntos de dezesseis frascos, acomodados num estojo de papel cartão todo impresso em preto, com detalhes em hot stamping. Essa embalagem secundária, contudo, não oblitera o impacto da embalagem primária, diferenciada para a categoria? Clark entende que sim, mas argumenta que, além de colaborar para a percepção premium do produto, o estojo, opaco, evita a exposição do café à luz. O dirigente da torrefadora acrescenta que, em alguns pontos de venda, um estojo é sempre exposto aberto ao público, para que os consumidores vejam os frascos. Detalhe curioso é que o desenvolvimento da embalagem contou com a participação de empresas brasileiras. O design do estojo e da identidade da Bocamonte é assinado pelo estúdio
Audaz, de Americana (SP). Clark conta que conheceu o trabalho da empresa por ser casado com uma brasileira e residir em Campinas (SP) a maior parte do ano. As tampas de alumínio acopladas aos frascos (chineses) são também produzidas no Brasil, pela Thalls. O empresário diz que seu café não é vendido no País porque ainda não achou parceiros para viabilizar o negócio. Por ora, o produto é comercializado na Costa Rica e em alguns coffee shops e mercearias dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa.
Junto a um sachê que “sequestra” oxigênio, produto é acondicionado em pequenos frascos de vidro com capacidade para 14 gramas
Estojo de acabamento refinado armazena dezesseis frascos e protege o café da luz
Frasco
Sachê absorvedor
Design gráfico
Tampa
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vinhos
A lata tem vez? Vinhos em embalagens de alumínio começam a se notabilizar no exterior. No Brasil, mercado ainda é praticamente inexplorado
Consumidores de vinho – para não falar dos produtores – são normalmente vistos como conservadores, resistentes a mudanças e desconfiados de novidades. Inovações nesse ramo raramente são bem-vindas de imediato. Basta ver os exemplos da rolha sintética, da tampa de rosca, das cartonadas assépticas e do bag-in-box, que enfrentaram – e ainda enfrentam – resistência. O mesmo parece acontecer com a lata de alumínio. Fora do Brasil, paulatinamente, a lata começa a conquistar algum espaço, embora ainda de forma tímida. Algumas vinícolas do Novo Mundo começam a ousar um pouco mais em embalagens. A pioneira no uso de latas foi a australiana Baroke Wines, que diz ter dispendido mais de uma década em pesquisas e desenvolvimento até chegar à embalagem ideal, uma lata de alumínio sleek de 250 mililitros. Aliás, esse é o formato utilizado pela maioria das vinícolas que experimentaram a embalagem metálica, como a espanhola Cavas Hill, a francesa Neowines e a sulafricana Cancan. Nos Estados Unidos, a vinícola californiana Francis Ford Coppola – de propriedade do famoso cineasta –, conhecida por seus rótulos “moderninhos”, foi a primeira do país a utilizar as embalagens metálicas. O produto escolhido foi o espumante branco Sofia Blanc de Blancs, que ganhou o apelido de “mini”, por ser acondicionado na latinha sleek de 269 mililitros. Outra vinícola americana, a Infinite Monkey, de Denver, levou em meados de 2011 seu vinho moscatel espumante para esse tipo de embalagem. O público-alvo, segundo afirmou o proprietário 26 | Abril 2012
Baroke Wines, da Austrália, afirma ser pioneira na oferta de vinhos em lata
Sofia: espumante enlatado da vinícola de Francis Ford Coppola
da vinícola, Ben Parsons, ao jornal The New York Times em reportagem publicada no final do ano passado, é a geração Y (jovens de 20 a 40 anos de idade). No caso da Infinite Monkey, o produto acompanha a estratégia de comunicação da empresa, que utiliza linguagem despojada. Em países do Cone Sul, como Argentina, Chile e Uruguai, alguns produtores também começam a apostar nas latas.
No Brasil, ainda são poucos os produtos disponíveis em embalagens metálicas. Poucos não, apenas um: o frisante Glamm, em lata sleek de 250 mililitros (ver EmbalagemMarca 113, janeiro de 2009). Há também variações, como o chope de vinho Grape Cool, da vinícola Góes, em latas de 350 mililitros. Mas, apesar do volume ainda pequeno, os fabricantes de latas acreditam no potencial desse mercado no País. “Trabalhamos com a Vinícola
Infinite Monkey: design despojado, voltado ao público jovem
Góes, e estamos prospectando outros clientes, pois acreditamos que esse é um negócio promissor”, afirma Jorge Maurício Bannitz, diretor comercial da Latapack-Ball. Para a Rexam, que fornece as embalagens do Glamm, há espaço para as latas crescerem. Tanto que a empresa mantém em seu site na internet uma área exclusiva para produtores de vinhos (www.rexam. com/winecans). “Vamos focar bastante nesse mercado em 2012. Queremos aumentar a participação da lata visando a um público jovem de 18 a 35 anos”, relata Renato Estevão, diretor Comercial da Rexam para a América do Sul. O executivo lembra que não há particularidade técnica alguma que diferencie a lata para vinhos das de cerveja, por exemplo. “A Rexam utiliza o mesmo processo de fabricação de latas para vinhos que já utiliza na Europa há vários anos”, explica. “Usamos um revestimento de verniz interno para separar o líquido do alumínio, que é determinado por categoria de bebidas.” Estevão acredita que a lata pode ter sua chance no mercado de espumantes, onde as garrafas de vidro “baby” vêm crescendo. “Trata-se de uma excelente oportunidade pela própria natureza da lata, que se encaixa perfeitamente neste mercado, além de o fabricante ter a oportunidade de trabalhar sua marca em 360 graus.”
Em latinha da Rexam, espumante Glamm é sui generis no mercado nacional
Latapack-Ball (12) 2127-4700 www.latapack.com.br Rexam (21) 2104-3300 www.rexam.com/brazil
entretenimento
Materialização de sonhos Embalagens para presente ajudam a vender aventura, gastronomia, viagens e outros prazeres
A francesa Smartbox usa embalagens de papel cartão para acondicionar “experiências” separadas em cinco categorias diferentes Caixas
Box Print (11) 5505-2370 www.boxprint.ind.br
Se experiências, sonhos, desejos são difíceis de transmitir, como fazer para oferecê-los a alguém, na forma de presentes? A francesa Smartbox, no Brasil desde 2009 e em mais dezenove países há mais ou menos tempo, encontrou a fórmula e vem fazendo sucesso com ela, graças, justamente, ao uso de embalagens. A empresa vende desde 2003, quando foi fundada, na cidade de Lyon, “cinco universos de atividade” (aventura, bem-estar, gastronomia, hotelaria e entretenimento) em estojos de papel cartão de alta gramatura e esmerado acabamento gráfico. Obviamente, não são aquelas mercadorias abstratas que vêm acondicionadas nos recipientes. Nas caixas, o que os presenteados recebem são livre28 | Abril 2012
tos com descrições e ilustrações das possibilidades de desfrute numa ou noutra categoria. Quem oferece o presente paga antecipadamente, cabendo ao receptor escolher um atrativo que lhe agrade. Na página do livreto vem impresso um cupom (voucher) que vale como comprovante de quitação do “happy hour”, da “diversão a dois”, do “jantar romântico”, do vôo de parapente, de uma sessão num spa ou estada numa pousada à beira-mar, entre incontáveis outras opções. A originalidade da idéia está na substituição dos tradicionais cupons e malas diretas, como método de oferta, por embalagens. É a “materialização de sonhos”, descrevem atendentes de livrarias e papelarias em que as Smart-
box e seus vários sucedâneos de outras marcas são expostos em displays. Aliás, graças ao sucesso da empreitada do grupo francês, as caixas começaram, a partir de abril, a ser vendidas também em hipermercados. “A caixa, que é nossa embalagem, está não só no nome do produto (“box”, de Smartbox, em inglês), mas no centro de nossa estratégia”, explica Cícero Velloso, gerente da Smartbox no Brasil. Segundo ele, o formato dos estojos, semelhante aos que acondicionam lenços e DVD’s, procura remeter à ideia de uma caixa de presente, por determinação da controladora Smart & Co. Percebendo o sucesso da iniciativa, outras empresas ao redor do mundo
A portuguesa A Vida é Bela tem estojos exclusivos de polipropileno decorados com rótulos autoadesivos
Rótulos
Brasilform (11) 4616-2761 www.brasilform.com.br
decidiram seguir os passos dos franceses. O produto é basicamente o mesmo: um livreto com uma série de cupons de “experiências”, em geral bem parecidas, sendo que cada caixa dá direito à participação em um único evento. O que varia são as embalagens. No Brasil, além da Smartbox, há três empresas garimpando esse filão: a portuguesa A Vida é Bela; e as nacionais Viva! Experiências e O Melhor da Vida.
Em o Melhor da Vida, livretos-catálogos são acomodados em caixas de PET dotadas de tampa giratória
Caixas
Vanplast (54) 3211-4224 www.vanplast.com.br Rótulos
Companygraf (11) 5668-5422 www.companygraf.com.br
A lusitana A Vida é Bela acondiciona seus produtos em estojos de polipropileno coloridos, decorados com rótulos autoadesivos. “As caixas foram projetadas pela Logoplaste, em Portugal, e seu molde exclusivo é de nossa propriedade”, informa Cristina Pereira dos Reis, diretora geral da empresa no Brasil. A empresa não revela quem fornece as embalagens no País. Já a brasileira O Melhor da Vida dispõe seus livretos promocionais em caixas retangulares, de PET pós-consumo reciclado (PCR). Um diferencial é um orifício na parte superior direita, que funciona como eixo para abertura da tampa em movimento de rotação e permite a exposição em gancheiras nos pontos de venda. Uma pequena depressão no canto inferior direito da caixa serve como apoio para o dedo polegar, que, deslizando em sentido horário, abre a embalagem. Das concorrentes nacionais da Smartbox, uma empresa que apostou numa embalagem em formato diferente foi a Viva! Experiências. A empresa acondiciona os livretos de promoções em caixas piramidais, de papel cartão triplex de 300 g/m2. Adequadamente encaixadas, elas se transformam em cubos que otimizam o transporte. “Além dessa função logística, queríamos quebrar o paradigma das embalagens tradicionais, por isso investimos fortemente para oferecer ao público algo diferente e, ao mesmo tempo, curioso”, conta André Susskind, sócioproprietário da Viva! Experiências.
Viva! Experiências aposta em caixas em formato piramidal para atrair a atenção do consumidor no ponto de venda Design
Epigram (11) 3081-6542 www.epigram.com.br Caixas
Centrográfica (11) 3933-7500 www.centrografica.com.br
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entrevista
Depois de passar
doze anos vendendo lácteos frescos de porta em porta nas cercanias de Chicago, nos Estados Unidos, James Lewis Kraft criou em 1915 um método inédito de pasteurizar queijos. Após muita tentativa e erro, descobriu que a lata de aço era, entre as embalagens então disponíveis, a melhor para distribuir a novidade. Foi a primeira inovação da Kraft Foods. Passados quase cem anos desde o episódio do queijo enlatado, os critérios para definir a apresentação dos produtos da empresa tornaram-se, obviamente, muito mais rigorosos. No Brasil, eles são determinados por um departamento de pesquisa, desenvolvimento e qualidade composto por cem profissionais e liderado por Luís Leanza, quadro da companhia desde 1993. Nesta entrevista, o profissional fala dos processos de inovação aplicados localmente por aquela que é hoje a segunda maior indústria de alimentos do mundo, atrás somente da Nestlé.
Novidades com critério Luís Leanza, diretor de pesquisa, desenvolvimento e qualidade da Kraft Foods Brasil, descreve os métodos utilizados pela companhia para gerar inovações em embalagens de alimentos
32 | Abril 2012
Como está estruturado o departamento de pesquisa e desenvolvimento da Kraft Foods Brasil e quais suas funções? Todas as áreas técnicas da empresa estão agrupadas num setor que, em inglês, atende pela sigla RDQ, ou seja, Research, Development and Quality (“Pesquisa, Desenvolvimento e Qualidade”). Ele engloba desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de embalagens, área regulatória, área de qualidade corporativa e todas as funções de suporte técnico a essas atividades, como o departamento sensorial e o departamento de estatística. Contamos com aproximadamente cem profissionais. E qual é a composição específica da equipe de desenvolvimento de embalagens? Em embalagem temos uma profissional responsável por gerenciar os desenvolvimentos de todas as categorias de produto, que é a Renata Barini (que antes de 2010, quando ingressou na Kraft Foods,
atuava como gerente de desenvolvimento de embalagens de O Boticário). Abaixo dela existe uma estrutura organizada por categorias de produto: biscoitos; chocolates; gomas e balas; e bebidas. Toda essa estrutura fica sediada num mesmo local, em Curitiba, sob cuidados da Renata. São vinte profissionais trabalhando exclusivamente na criação e no aperfeiçoamento de nossas embalagens. Quantos projetos passam anualmente pelo departamento de P&D? E qual a participação dos projetos de embalagem nessa carga de trabalho? Não tenho esse tracking. Existe um misto grande entre inovação – isto é, produtos totalmente novos – e renovação de produtos – em que podemos incluir as extensões de linha. Há renovações que afetam todo o portfólio. Se as levarmos em conta, podemos ter mais de cem SKUs trabalhados por ano. Obviamente, se houver um predomínio de produtos inteiramente novos, essa quantidade cai para algo em torno de trinta a quarenta projetos. Mas a maioria dos projetos, mais de 90% deles, eu diria, tem participação da área de embalagens. Todo novo produto está obviamente associado a uma nova embalagem, ou a uma alteração para viabilizar algo novo. Não tenho a medição para projetos específicos, que sejam prioritariamente de embalagem. Em linhas básicas, como funciona o processo de inovação de embalagem na Kraft Foods? O processo de inovação de embalagem segue o mesmo fluxo de todos os processos de inovação da companhia e não difere muito daquilo que mais se vê no
O tempo que leva para uma inovação vista em outro mercado estar disponível aqui diminuiu – seja em equipamentos, em materiais, em filmes, enfim, em tudo. Mas ainda há um gap mercado em termos de gerenciamento de projetos. Temos um processo de gates e aprovações intermediárias. Quando surge uma proposta, ela é apresentada para um comitê multifuncional que aprova ou não a alocação de recursos para o desenvolvimento da ideia. Se houver essa aprovação inicial, o projeto recebe todo um gerenciamento para acompanhar sua execução em termos de prazos, recursos financeiros e mobilização de pessoal. Tudo isso é feito pelo departamento técnico. Dentro da lógica de gates, os projetos recebem validações intermediárias até a aprovação final. Existe interação do departamento local de P&D da Kraft com quadros de outros países? Muita. A Kraft possui ao menos um centro técnico de referência para cada uma das categorias em que atua. Esses centros de referência estão localizados nos Estados Unidos e na Europa. Trocamos muitas informações e experiências com os profissionais desses centros No caso de projetos de âmbito global, a interação é bastante intensa. Em que nível e de que forma as embalagens da Kraft Foods brasileira devem seguir características definidas pela matriz? Nunca é algo totalmente mandatório. Sempre há espaço para customização se
Números da Kraft
49 5
bilhões de dólares alcançou a receita mundial da empresa em 2011
bilhões de dólares foi a parcela do faturamento proveniente da América Latina
160 11 5
países têm produtos da empresa à venda
marcas valem 1 bilhão de dólares ou mais
fábricas Tem a empresa no Brasil: três em Curitiba, uma em Bauru (SP) e uma em Piracicaba (SP). Uma unidade em Vitória de Santo Antão (PE) está em construção
houver um bom argumento. As discussões são mais evidentes quando se trata de marcas globais. Existe a discussão sobre a conveniência de alinhamentos. Por questões de disponibilidade de fornecedores, de equipamentos, de necessidade de ajustar preços de produtos, ou por características do mercado local, ou mesmo de posição de produto no ponto de venda, existe flexibilidade para adaptar e customizar localmente. Já para marcas locais a liberdade é bem maior. A decisão cabe unicamente ao país.
Algumas embalagens inovadoras lançadas nos últimos anos pela Kraft: bebida em pó Clight em stick packs, cartucho com mecanismo de gaveta do Halls XS, pote acinturado do fermento Royal e caixa de bombons Diamante Negro em formato de diamante
34 | Abril 2012
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Divulgação
O senhor vê o mercado local de embalagens suficientemente aparelhado para atender às necessidades de P&D da empresa? Acho que está melhorando. Se compararmos com alguns anos atrás, o tempo que leva para uma inovação vista em outro mercado estar disponível aqui diminuiu – seja em equipamentos, em materiais, em filmes, enfim, em tudo. Temos de ser cada vez mais ágeis, porque o consumidor brasileiro tem facilidade crescente de contato com produtos do exterior e está demandando mais. Logicamente, os parceiros também vêm buscando ter mais agilidade. Mas ainda há um gap, um tempo de resposta maior. Existem características de embalagem que a gente já vê nos Estados Unidos, na Europa, mas aqui às vezes ainda não é tão fácil ter. O custo é mais alto, por falta de escala. Até mesmo em termos de filmes plásticos especiais. O mesmo ocorre com equipamentos. Não estamos no mesmo nível lá de fora. Não temos os mesmos recursos, os mesmos materiais. Contudo, existe um sentimento dos parceiros de que é preciso abreviar a resposta. Isso é nítido.
Se o consumidor entende o benefício trazido por inovações em embalagem, não há conflito com o histórico da marca e com todo o relacionamento emocional que ele tem com o produto
Embalagem selada de Sonho de Valsa seria um exemplo de inovação aberta
36 | Abril 2012
Houve alguma tecnologia recentemente procurada sem sucesso no mercado nacional? (Faz uma pausa.) Responder a essa pergunta poderia significar a revelação de algo estratégico, então prefiro não comentar. Mas posso dizer que houve, sim, casos recentes de soluções não encontradas no nosso mercado. Lá fora, a Kraft Foods tem manifestado simpatia ao conceito de open innovation, ou inovação aberta – processo de inovação baseado na abertura de departamentos de P&D a ideias externas, seja de inventores autônomos, universidades ou outras empresas. Essa ferramenta é utilizada pela operação brasileira? Estamos trabalhando com o conceito de inovação aberta por meio de muitas sondagens de parceria, inclusive com universidades, nos últimos três anos. Antes, não tínhamos estrutura para fazer. Estamos ampliando esse tipo de programa na América Latina, saindo um pouco do modelo tradicional de emparceiramento exclusivo com fornecedores, olhando para outros potenciais parceiros. Temos uma lista de temas de interesse, aos quais não gostaria de dar publicidade, mas que podemos compartilhar com universidades, potenciais parceiros e empresas de Technology Scouting (companhias dedicadas a detectar tecnologias emergentes e potencialmente proveitosas para terceiros). Temos trabalhado com algumas firmas desse gênero. Já houve resultados do uso do open innovation em embalagens? Houve, sim. Um exemplo que posso compartilhar é o da nova embalagem do Sonho de Valsa, totalmente selada (ver EmbalagemMarca nº 141, maio de 2011). O projeto fiou-se em co-development.
Há uma patente da Kraft, mas diversos fornecedores foram envolvidos para que atingíssemos o resultado final. Esse projeto não segue o modelo mais conhecido de open innovation, isto é, de alguém acessar um portal da internet, submeter uma ideia e esperar assistência total da companhia usuária interessada para sua viabilização. Mas, para nós, se enquadra no conceito, no sentido de ter exigido um trabalho em parceria com fornecedores de equipamentos e de material de embalagem para a obtenção de um objetivo. A propósito, essa foi uma inovação totalmente desenvolvida aqui, em âmbito nacional. Que outros instrumentos são utilizados como fontes de insight para o desenvolvimento de embalagens? A empresa considera importantes as pesquisas com consumidores? Obviamente, não nos baseamos somente nelas, mas consideramos fundamentais as pesquisas com consumidores. Utilizamos as mais diferentes metodologias, com o intuito de saber o que o público está exigindo e como podemos traduzir essas demandas em inovações de embalagem. Nosso serviço de atendimento ao consumidor também captura muitos subsídios que influenciam o desenvolvimento de embalagens. Além disso, temos muitas, mas muitas, conversas com fornecedores. Cabe registrar que a maioria deles também tem departamentos de inovação bastante atuantes. Sempre nos trazem propostas. E estamos sempre abertos a recebê-las. Conversas com varejistas são igualmente utilizadas como fontes de subsídios? Totalmente. Isso acontece cada vez mais. Inclusive, nosso time técnico vem aumentando a frequência de visitas aos clientes do varejo, para entender suas demandas, buscar feedback.
Flow pack resselável: iniciativa trazida de filiais europeias para os tabletes dos chocolates Lacta
Uma inovação em embalagem da empresa, ganhadora de um troféu no Prêmio Grandes Cases de Embalagem 2008, foi a adoção de flowpacks resseláveis para os tabletes dos chocolates Lacta. Recentemente foi noticiado que a Kraft planeja utilizar essa mesma solução nos chocolates Cadbury, no Reino Unido. Seria um caso de ideia brasileira bem-sucedida sendo levada a outros mercados? Não exatamente. Na verdade, essa solução foi adotada inicialmente pela Kraft Foods na Europa, na linha de chocolates Milka. Ingressamos com ela no Brasil logo em seguida. Já houve episódios de inovações desenvolvidas localmente e levadas para operações da Kraft em outros países? Em produtos, sim. Em embalagens, não. Notamos que, diferentemente do que acontece com outros fabricantes de alimentos, as embalagens da Kraft Foods não trazem identificações de seus fabricantes. É uma determinação da empresa? Não é uma determinação da empresa. Não existe uma diretriz nesse sentido. A Kraft Foods detém quarenta marcas com mais de um século no mercado. Os produtos da Lacta, trabalhada pela operação brasileira, são quase centenários. Como conciliar tradição com inovação? Não vejo nisso um conflito. No que
diz respeito à embalagem, claro que existe um risco, mas penso que temos sido bem-sucedidos. Posso dar uma série de exemplos de inovações que não prejudicaram histórias nem atributos importantes dos produtos. Renovamos a embalagem do pó Royal. Renovamos as embalagens dos tabletes de chocolate Lacta, saindo da antiga embalagem tradicionalíssima de alumínio e papel para uma embalagem mais moderna, um flow-pack com sistema abre-fecha que foi muito bem aceito. Trocamos a embalagem do Bis e a receptividade foi ótima. Vimos isso agora, talvez de forma mais forte, com Sonho de Valsa, que é um produto que tem uma história muito forte com o brasileiro e a gente inovou. Se o consumidor entende o benefício trazido pela inovação, não há conflito com o histórico da marca e com todo o relacionamento emocional que ele tem com o produto. Que tópicos terão maior impacto na agenda de inovação da Kraft para os próximos anos? Quais serão os principais desafios a superar? Seria óbvio e redundante dizer que estamos em busca contínua de inovações em prol de produtividade, redução de custos, eficiência operacional, sustentabilidade. Nenhuma empresa, hoje, pode ficar para trás nesses temas. E a Kraft, como empresa de grande notoriedade e liderança no mercado, tem de estar à frente em relação a eles. Estamos mais avançados em alguns, não tão avançados em outros. Sempre há muito trabalho a fazer.
aerossóis
Ainda no Fortalecimento da indústria local de aerossóis de alumínio custa a sair do papel Por marcelo marcondesr Guilherme Kamio
Publicada há
um ano em EmbalagemMarca nº 140, uma reportagem de fôlego descrevia a intensa movimentação em curso na cadeia de valor local dos aerossóis. Companhias estrangeiras ligadas ao envase e à produção de recipientes trombeteavam planos para ingressar no mercado brasileiro. Investimentos eram também anunciados por empresas nacionais. Todas essas iniciativas prenunciavam um aquecimento, no Brasil, das vendas de produtos oferecidos em embalagens nebulizadoras à base de
TUBEX Era esperado que a produtora alemã de tubos de alumínio para aerossóis iniciasse atividades no Brasil no início deste ano em Itupeva (SP), numa fábrica adjacente à da francesa Fareva – empresa da mesma holding e que é especializada na produção e no envase de cosméticos. Fruto de um investimento de 10 milhões de dólares, a unidade da Fareva foi inaugurada em janeiro último e já opera em três turnos – porém sem linhas de aerossóis. Seu diretor geral, Wilfried Toth, explica que falta a instalação de equipamentos para a Tubex começar a produzir. “Isso deve acontecer até junho”, prevê o executivo.
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propelentes – sobretudo de cosméticos, acondicionados em grande escala em latas (tubos) de alumínio, embalagens de produção interna limitada, reprimida pelas importações de outros países, especialmente da Argentina. A expectativa era de uma mudança desse panorama, com ganhos para a atividade industrial doméstica. O que se constata, doze meses depois, é que o consumo cresceu – segundo dados da Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes Domissanitários (Abas), as vendas de aeros-
sóis no Brasil evoluíram 12% em 2011, alcançando 802 milhões de unidades. Contudo, a participação de latas de alumínio importadas no mercado, repassa a entidade de classe, continuou alta, praticamente inalterada em relação a 2010. Pudera: as iniciativas prometidas por fornecedoras à ocasião daquela reportagem de um ano atrás acabaram não se concretizando como o previsto. Confira, a seguir, em que pé estão esses projetos..
CPA Joint venture entre duas empresas fortes na área de contract manufacturing de produtos para higiene pessoal, a ColepCCL e a brasileira Provider, a CPA prometia inaugurar ainda no primeiro semestre de 2011 uma fábrica em Itatiba (SP), com capacidade para o envase de 150 milhões de embalagens aerossol por ano. O prédio foi erguido e os equipamentos chegaram. A produção, porém, não começou. Diretor geral da empresa, Fabio Alberto Zalaquett afirma que ocorreram problemas com a construtora. Segundo ele, agora falta apenas a emissão da Autorização de Funcionamento da Empresa (AFE) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a empresa poder abrir as portas oficialmente. “A expectativa é de que a publicação do documento seja feita nas próximas semanas”, afirma Zalaquett.
A capa de EM 140: foguete ainda não vingou
EXAL Brandindo a liderança mundial na produção de embalagens extrudadas de alumínio, tendo como especialidades não só tubos para aerossóis, mas também garrafas de alumínio para bebidas, a empresa americana dizia ter a intenção de inaugurar uma fábrica no Brasil, mais precisamente em Jundiaí (SP), antes do final de 2011. Isso não aconteceu. Silvio Partiti, gerente geral da empresa no País, não diz o porquê do atraso do projeto. Mas afirma que “agora a fábrica no País é prioridade e tem seu start-up previsto para o primeiro trimestre de 2014”. Segundo o executivo, a unidade terá capacidade para produzir 150 milhões de unidades/ano de tubos de alumínio para aerossóis, e procurará ter como clientes tanto multinacionais já atendidas quanto empresas de atuação local.
TUBOCAP Produtora nacional de latas de alumínio para aerossóis, a Tubocap anunciava há um ano um aporte de 3 milhões de reais em equipamentos e ventilava planos de construir uma nova planta industrial no interior paulista. Contudo, a produção e os projetos foram abortados em fevereiro último. Após uma paralisação geral de seus trabalhadores, que alegavam pagamentos atrasados, a Tubocap fechou as portas, após mais de sessenta anos de atividades. O telefone e o site da empresa na internet foram desativados e a reportagem não encontrou responsáveis para comentar a situação. Alguns clientes da empresa, como Baruel e Hypermarcas, foram absorvidos pela Impacta
ENVASES DEL PLATA Fato novo é a chegada da argentina Envases Del Plata ao Brasil. A empresa, que ao lado da Exal responde pelas maiores produções de tubos de alumínio para aerossóis no mercado vizinho, estaria preparando o início de uma operação em Manaus, para abastecer a Ceras Johnson (SC Johnson) com minitubos de alumínio para
o envase de odorizadores de ambientes. Uma fonte do departamento de desenvolvimento de embalagens da fornecedora argentina, que preferiu manter o anonimato, confirmou a iniciativa. Outras empresas atendidas pela Envases Del Plata em seu mercado natal são Unilever, Avon e Colgate-Palmolive.
IMPACTA Em atividade no mercado nacional de embalagens de alumínio há 63 anos, a Impacta investira, no início de 2010, 11,5 milhões de dólares em equipamentos para ampliar sua produção de latas para aerossóis – ação relatada na reportagem de EmbalagemMarca nº 140. Sérgio Teixeira Rolão, diretor de vendas da empresa, conta que um novo aporte de 7 milhões de dólares foi feito em 2011, para
duplicar a produção de discos de alumínio, matéria-prima para a confecção dos recipientes, até meados de 2013. O balanço do ano passado, entretanto, ficou aquém do esperado. Rolão diz que as vendas caíram e atribui o mau desempenho à continuidade da importação maciça de produtos já acabados – especialmente desodorantes fabricados na Argentina
especial vidro
Imagem e embalagens mais leves Investindo em tecnologias e processos, e beneficiado pela melhora da renda dos brasileiros, setor vidreiro festeja boa receptividade a seus produtos
Por Wilson Palhares
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Seja como for, os números de mercado mais recentes à disposição, consolidados pela Fundação Getúlio Vargas com base em dados do IBGE, por encomenda da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), mostram vigoroso crescimento da produção de embalagens de vidro no primeiro trimestre de 2012, em comparação com o mesmo período de 2011: o avanço, de 11,69%, foi
o mais expressivo entre os de todos os materiais de embalagens de produtos. Foi menor apenas que os 15,83% registrados pelo segmento madeira, mais adequadamente situado na rubrica das embalagens de transporte (ver tabela). O estudo da FGV não indica o desempenho da embalagem por categorias, mas é possível apontar que os fornecedores para cosméticos, perfumaria e
Produção de embalagens, por tipo de material (% em relação a igual período do ano anterior) MATERIAL
PESO TOTAL
1º SEMESTRE 2010
1º SEMESTRE 2011
MADEIRA
1,80
24,63
15,83
PAPEL, PAPEL CARTÃO E PAPELÃO
33,20
11,42
1,45
PLÁSTICO
29,70
14,10
0,46
VIDRO
8,70
14,18
11,69
METAL
26,60
23,89
4,38
Fonte: IBGE/Elaboração: FGV — Mar/2012
Não vem ao caso se com ou sem razão, a indústria vidreira no Brasil tradicionalmente foi vista por parte do mercado como “pesada” e “lenta”, no sentido de pouco primar pela inovação, por avanços tecnológicos e pelo atendimento ágil da indústria usuária. Isso é passado, orgulha-se agora o setor. “A cada quatro minutos é publicado no mundo um estudo científico sobre vidro”, brande Lucien Belmonte, diretor executivo da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro). “Os efeitos do que vem sendo realizado já são sentidos no Brasil”, ele afirma. “Novas tecnologias estão resultando em recipientes diferenciados nos formatos e cada vez mais leves e mais resistentes a impactos.” E, na opinião de dirigentes de vidrarias, a falsa ideia de que o vidro é um “material ultrapassado” vem sendo rapidamente substituída, em duas frentes. Entre os consumidores prevaleceria hoje a imagem do vidro como material premium, moderno e altamente compatível com a cada vez mais presente questão ambiental. No campo dos end users, que se beneficiam de uma alegada preferência crescente de consumo, contaria também a forte movimentação das vidrarias em investimentos nos últimos anos, referida de forma recorrente pelo setor, mas sem revelação de valores.
medicamentos festejam coisa de dois dígitos (ver página 44). O momento positivo que o setor vidreiro comemora, com a ampliação de mercados tradicionais, a abertura de novos campos e a reconquista de terrenos perdidos para outros materiais, resulta, além de ações concretas da indústria, da melhora do poder de compra da população ocorrida nos últimos anos, entendem os vidreiros. Falam quase em uníssono. “Tem crescido entre os consumidores a consciência de que o vidro é totalmente inerte, não interferindo no sabor e em outras propriedades dos produtos acondicionados, e isso redunda em aumento da preferência”, considera Alexandre Mendes de Oliveira, gerente comercial de embalagens da Verallia. “Cresce também a consciência pró-reciclagem, o que beneficia o material, especialmente no que se refere à sustentabilidade, pois ao ser descartado depois do uso o vidro pode ser totalmente reaproveitado como matéria-prima, infinitamente”, registra o executivo.
mercado de legumes e frutas oferecidos ao consumidor nesse tipo de embalagem, antes pouco expressiva, é hoje superior a 20%, repassa Dias. Outro bom resultado da aplicação dessa postura que ele cita é o sucesso das garrafas de cerveja one-way shot (de 250 mililitros), lançadas pela Sol e rapidamente adotadas por outras marcas. Essa medida de embalagem constitui atualmente um expressivo segmento de distribuição no Brasil, onde surgiu, e já tem expressiva presença no Peru e na Colômbia. Na outra ponta, o exemplo é o da garrafa retornável com capacidade de conteúdo de 1 litro, para partilhar, lançada pela AmBev com rótulo da Skol em 2009. “Através das embalagens de vidro”, ressalta Elisson Dias, “as cervejarias conseguiram desenvolver um portfólio completo de solução para todo tamanho de bolso, que vai desde o formato mais acessível de 250 mililitros, das individuais retornáveis de 300 mililitros e da garrafa de 1 litro, até os produtos premium em long neck”.
“O vidro está voltando a ficar na moda”, afirma Elisson Dias, diretor de marketing da Owens-Illinois para a América Latina. “Como vem acontecendo no mundo inteiro”, exemplifica, “em nosso País são lançados cada vez mais produtos em embalagens de vidro com proposta diferenciada.” No caso específico da O-I, além do quadro econômico favorável, o impulso é insuflado pela adoção de uma metodologia própria de vendas e relacionamento com os clientes, denominada glass smart. Adotado há cerca de quatro anos como alternativa ao modelo transacional (ver página 43), esse sistema ajudou a entender melhor o comportamento do consumidor e como explorar o crescimento da renda no Brasil, conta o diretor de marketing da O-I. Com base nele, a vidraria pode desenvolver projetos com a ampliação da presença do vidro no segmento de vegetais, “contribuindo para reforçar o posicionamento de marcas que oferecem ao público produtos mais saudáveis e de melhor qualidade”. A fatia do vidro no
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Garrafa retornável de 1 litro e one-way shot: lançamentos bem-sucedidos
Retornáveis individuais de 300 mililitros, exclusivas da AmBev
Efetivamente, diferentes estimativas apontam que algo próximo a 70% dos 12,6 bilhões de litros que os brasileiros deitaram garganta abaixo em 2010 (último dado consolidado do Sindicerv – Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja), estavam acondicionados em vasilhame de vidro. Desse volume, cerca de 60% foram esvaziados de garrafas retornáveis de 600 mililitros, majoritariamente em bares e casas semelhantes, mas também nas residências dos consumidores. Os 10% remanescentes caberiam às long necks one-way, de 355 mililitros, às de 200 mililitros (shot), à econômica de 1 litro e às retornáveis individuais de 300 mililitros, como as exclusivas da AmBev para a Antarctica e a Skol, e as standard das demais marcas. Na visão do executivo, essa consistência do vai e vem do vasilhame indicaria uma adesão crescente a outro atributo quase que exclusivo do vidro, que é a retornabilidade. Daí, na interpretação do diretor de marketing da vidraria, no ano passado a Ambev, a Pepsi e a Coca-Cola terem dedicado esforços muito grandes na direção de garrafas de vidro retornáveis para seus refrigerantes. “O vidro vem tirando e vai tirar ainda mais proveito da preocupação geral com a sustentabilidade”, entende Luiz Pontes, superintendente de embalagens de vidro da Nadir Figueiredo, outro player importante no fornecimento de copos, potes e frascos para alimentos (requeijão, compotas e doces, azeite e molho de pimenta, entre
outros). Dentro do espírito de interação com os clientes que parece ter-se instalado em tempos recentes nas vidrarias, o departamento de embalagem da empresa, segundo Pontes, “trabalha lado a lado com eles”. O resultado, ao que diz, é principalmente a inovação, com adição de valor às embalagens pela diferenciação propiciada pelo design, tanto em formatos quanto em decoração. Ações desse tipo são visíveis no varejo, como nos exclusivos potes de doce de leite da marca Castellani e da geleia Ritter, e nos copos de requeijão Danubio decorados com motivos criados pelo estilista Alexandre Herchcovitch. Na perspectiva comercial da Nadir Figueiredo, o registro positivo de ações desse tipo é um alegado crescimento de 30% nas vendas de embalagem entre 2010 e 2012 – “resultado da “associação inevitável que o consumidor faz do vidro com alimentos naturais”. A rigor, “não há como dissociar a noção de produto puro e de qualidade da embalagem de vidro”, ecoa Alexandre Mendes de Oliveira, da Verallia. “Essa ligação é o motivo por que se vê no varejo uma verdadeira profusão de vegetais e sucos de frutas, o de uva à frente, além de muitos outros produtos, acondicionados em vidro.” Isso, em sua interpretação, se reflete na ação da indústria usuária e, em última análise, na diversificação dos formatos das embalagens, abrindo espaço para a adição da imagem de nobreza para produtos como as cachaças premium, no momento alvo principal da Seletive Line da Verallia. (ver página 42).
Adviria dessa tendência, também, o fato de marcas premium, que promoveram a migração de produtos para embalagens feitas de outros materiais, estarem retornando ao vidro. Os casos mais notáveis são os dos requeijões Aviação e Danúbio, que haviam partido para copos plásticos. Nessa linha, Oliveira adianta que a Verallia tem em andamento um projeto de maionese premium, cuja marca não está autorizado a revelar mas que em breve estará no mercado. Outro exemplo é o do leite comercializado em garrafas de vidro, movimento de regresso
Potes exclusivos do doce de leite Castellani e das geléias Ritter e copos do requeijão Danubio com decorações assinadas por Alexandre Herchcovitch: exemplos de design que agrega valor
inaugurado com êxito pela marca Vitalatte, na cidade fluminense de Nova Iguaçu (ver EmbalagemMarca nº 136, de dezembro de 2010) e logo adotadas por cinco outros laticínios. “Todos são muito bem sucedidos, e só não vendem mais porque os produtores não conseguem atender a demanda.” São fatores que, segundo ele, ajudam a explicar o salto de 7% nas vendas anotado na Verallia de 2011 para 2012. A Vidroporto, de Porto Ferreira (SP), também comemora bons números. “No período de maio de 2005 a abril de 2012, a empresa cresceu 296%, ou seja, em média 42% ao ano, tendo lançado mais de 25 novos itens de embalagens, principalmente para os segmentos de cervejas, bebidas alcoólicas, vinhos e cachaças”, relata o diretor de mercado da vidraria, Gian Piero Bortone. “Temos bons motivos para apostar no futuro” ele diz: “Continuamos fazendo investimentos e projetamos atingir um bom crescimento até o inicio de 2014, ganhar produção com novos equipamentos e atualização tec-
nológica e reduzir progressivamente o peso das embalagens.” Todas essas são, em síntese, ações que reduzem também o peso da imagem “pesada” do setor em seu conjunto. Obs.: A Vidraria Anchieta, consultada por e-mail para esta reportagem, não se manifestou.
Nadir Figueiredo (11) 2967-8800 www.nadir.com.br Owens-Illinois (11) 2542-8000 www.oidobrasil.com.br Verallia (11) 2246-7214 / 7236 www.verallia.com.br Vidroporto (19) 3589-3199 www.vidroporto.com.br
Vitalatte: regresso do vidro a um mercado importante
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especial vidro
Cachaça no foco Vidraria francesa vê no crescimento da bebida brasileira oportunidade para sua linha de garrafas premium Por Flávio Palhares, de Pont Sainte Maxence, França (*)
A Verallia, gigante
mundial de embalagens de vidro, está empenhada em ganhar para sua linha de garrafas sofisticadas, a Selective Line, uma fatia do tentador mercado de cachaça, bebida da qual é produzido anualmente 1,5 bilhão de litros no Brasil. Não é propriamente o volume que atrai a vidraria francesa, pois a maioria esmagadora das 5 000 diferentes marcas colocadas anualmente no mercado, por 30 000 produtores, é comercializada com baixo preço final. O que a Verallia quer envasar nos recipientes da Selective Line é a aguardente premium, cujos adeptos crescem em número no País e no exterior e supostamente não se recusariam a pagar acima de 30 reais por uma garrafa de bebida de qualidade. “A linha foi concebida para produtos de alto valor agregado, como vinhos, bebidas destiladas e águas minerais, com preço de venda acima de 25 dólares”, explicou Axel Guilloteau, vice-presidente de marcas da Verallia, durante a inauguração, dia 27 de março último, do Creativ’Lab, laboratório de inovação e criatividade de embalagens, instalado na sede da Saga Décor. Esta empresa de decorações, controlada pela vidraria, situa-se no vilarejo de Pont Sainte Maxence, próximo a Paris, e centraliza os trabalhos dos doze escritórios de design da Verallia no mundo.
“Bebidas como a vodca e a tequila já estão consolidadas mundialmente e têm embalagens top”, diz o executivo. “É justamente aí que entra o nosso interesse pela cachaça. O mercado brasileiro está bombando e o potencial de exportação é enorme, mas as embalagens ainda deixam a desejar.” Guilloteau explica que a Selective Line, recentemente reformulada, é baseada agora em três eixos: garrafas em catálogo, garrafas sob medida e produtos resultantes do trabalho do Creativ’Lab. Ele cita a entrada das multinacionais Diageo, com a marca Nega Fulô, e Campari, com Sagatiba, no mercado de cacha-
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Alguns exemplares da Selective Line. Linha é inicialmente composta por 23 modelos, mas exemplares exclusivos podem ser criados
ças para justificar as inúmeras possibilidades de crescimento das vendas da bebida brasileira. As 23 garrafas disponíveis em catálogo podem ser personalizadas com decorações exclusivas em ampla variedade de cores secundárias, incluindo vidro ultra preto. O serviço de embalagens sob medida é dedicado a acelerar o desenvolvimento de produtos em parceria com os clientes das vidrarias durante todo o processo de design. Já o Creativ’Lab “é um centro de inovação que reúne especialistas na fabricação de vidro e técnicas de decoração para criar garrafas e novos projetos de decoração de embalagens”, explica o CEO da Verallia, Jérôme Fressard. Ali é disponibilizado um espaço para trabalho colaborativo em tempo real que otimiza o tempo de criação de projetos. A Verallia rebate queixas de pequenos produtores de que baixas tiragens inviabilizam o uso de embalagens premium: “Não há tiragem mínima”, afirma Guilloteau. “Podemos entregar um palete de garrafas. Se quiserem um contêiner com paletes de modelos diversos, também entregamos.” As garrafas que vêm ao Brasil são produzidas na França, mas se o mercado crescer para elas a Verallia adianta que poderão ser fabricadas aqui. “É preciso que haja demanda suficiente para produzir os moldes”, relata o vice-presidente da empresa. Para alegria dos franceses, as perspectivas de exportação de cachaças acondicionadas em embalagens premium acabam de ser reforçadas, com o acordo pelo qual os Estados Unidos reconhecem a bebida como produto típico e exclusivo do Brasil em vias de ser consagrado. Acaba, assim, a obrigatoriedade do uso da expressão “Brazilian Rum”, que dificultava ações de marketing da cachaça, colocada no mesmo cesto dos runs cubano e jamaicano, também derivados de cana-de-açúcar, mas produzidos de forma totalmente diferente. (*) O jornalista viajou a convite da Verallia
especial vidro
Resultados positivos duradouros Metodologia criada pela Owens-Illinois é aclamada como “poderoso fator de mudanças nos resultados comerciais” foto: carlos curado
Classificada por seu diretor de marketing, Elisson Dias, como “grande esforço da Owens-Illinois nos últimos anos em seu relacionamento com os clientes e os consumidores”, a metodologia glass smart, desenvolvida pela própria vidraria, registrada como marca (com letras minúsculas) e implantada na operação brasileira a partir de 2010, é vista internamente como um poderoso fator de mudança nos resultados comerciais. “Há algum tempo a empresa notou que o modelo transacional não é sustentável a longo prazo e que não era aquele com que queria trabalhar”, conta o executivo, cotejando o sistema negocial em que prevalecem dados restritos à transação em andamento com a filosofia mais abrangente e aprofundada de busca de soluções capazes de oferecer resultados positivos mais duradouros, que estaria no cerne do glass smart. “Trata-se de uma maneira de colocar o cliente e o consumidor como centros de gravidade do negócio.” Esse enfoque foi uma das raízes da metodologia. Um segundo ponto que pesou na decisão de mudança foi a percepção de que “as empresas clientes começaram a encontrar gargalos na produção para trás”. Ocasionalmente, ocorria de quererem introduzir alguma inovação no mercado, mas encontrarem limitações técnicas no desenvolvimento dos produtos para atender alguma necessidade do consumidor. Na busca de eliminar
Vegetais em conserva e cervejas premium ilustram bons efeitos do glass smart
esse e outros problemas que pudessem prejudicar o fluxo de fornecimento, toda a estrutura da O-I em termos de pessoas e de conhecimento, segundo Dias, foi mobilizada para melhor entender o comportamento e as expectativas do consumidor e as necessidades dos clientes da vidraria frente ao quadro constatado, de modo a contribuir efetivamente para o desenvolvimento das marcas. A metodologia foi fundamental, por exemplo, para identificar possibilidades e formas de obter proveito comercial da melhora da renda no Brasil. “Com a adoção do glass smart, a O-I tem cases concretos de bons resultados a apresentar”, afirma o diretor de marketing. O primeiro é o de vegetais acondicionados em vidro, segmento em que o material saltou de posição inexpressiva para mais de 20% de participação. “As embalagens de vidro vêm contribuindo para construir marcas nesse segmento, ao reforçar como produtos premium, saudáveis e de qualidade superior, o posicionamento das frutas e dos legumes
nelas acondicionados”, ele ilustra. “Isso acrescentou valor para toda a cadeia”, destaca. “Especificamente no Brasil, onde é acentuada a preferência por alimentos frescos, a consumidora vê muito mais valor em vegetais acondicionados em vidro do que em lata.” Esse bom desempenho não se limitaria ao Brasil, abrangendo a América Latina de modo geral, onde a empresa tem forte presença, com fábricas na Colômbia, no Peru, no Equador e na Argentina. O diretor de marketing da Owens-Illinois fecha o quadro ilustrativo dos bons efeitos do glass smart citando o avanço do mercado de bebidas em geral e, nele, o de cervejas, com destaque para o segmento premium, em que estreou a Budweiser e cresceram de forma visível marcas como Stella Artois e Heineken. (WP) Vidraria registrou a marca
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Como os melhores do mundo Com fortes investimentos em qualidade, tecnologia e atendimento, indústria de frascos vai de vento em popa
As aplicações de capital mais expressivas da Wheaton foram feitas em decoração, onde é produzida a linha Floratta, de O Boticário
Se depender
de variedade, bom acabamento, decoração de alto nível e qualidade indiscutível, as indústrias usuárias de frascos para perfume, cosméticos e medicamentos não têm do que se queixar em relação a seus fornecedores, ao que estes próprios afirmam. Na verdade, são entusiasmadas e animadoras as descrições que fazem da atual situação e do desempenho das duas principais fornecedoras daqueles tipos de embalagem, a SGD Brasil, subsidiária do grupo francês SGD, e a nacional Wheaton Brasil, André Liberali e Renato Massara, respectivamente diretor geral e diretor comercial das duas empresas. Em comum essas vidrarias registram, no percurso de anos recentes, fortes investimentos em equipamentos, processos e intensificação do atendimento aos clientes. Resultado dessa filosofia, os números de crescimento estimulam comemorações. “Em 2011, até o mês de outubro, vínhamos registrando 25% no aumento das vendas”, conta Massara. “Devido a tropeços de um grande cliente que baseia a comercialização de seus produtos no sistema porta a porta, fechamos o ano em 15%.” De sua parte, o diretor da SGD não abre números, mas registra que a previsão de crescimento da empresa para este ano é de dois dígitos. Ambos os executivos coincidem em um ponto na interpretação desses motivos: além dos fortes investimentos em tecnologia, suas empresas só ganham de produtos importados (muito do México
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e muito mais da Índia, com destaque para frascos de esmalte e de penicilina) graças à qualidade e ao atendimento, já que em preços o câmbio desfavorece brutalmente o produto brasileiro. Com diferentes palavras, eles colocam o dilema da falta de isonomia no tratamento recebido de clientes: de um lado, elevada exigência de qualidade do produto brasileiro, com intransigência total quanto à especificação do produto, critérios sócio-ambientais, auditorias constantes e rígidas; de outro, a ausência dessa postura em relação aos importados. “Sofremos três auditorias por mês. Quem audita nosso concorrente externo?”, pergunta-se Massara. “Não há jeito. A solução é nos diferenciarmos, e é o que fazemos, trazendo tecnologia de ponta”, diz Liberali. A seguir é feita uma síntese das razões, por eles apresentadas, que levaram as duas vidrarias a se situarem hoje
como provedoras no segmento de frascaria de produtos de nível no mínimo compatível – quando não superior – com o que há de melhor no mundo em qualidade de acabamento e variedade.
WHEATON – Para suportar a retração que em anos recentes começou a se instalar na área vidreira dedicada a frascaria, a Wheaton investiu pesadamente em automatização de equipamentos, recorda Renato Massara. Tendo por acaso nas mãos frascos de deocolonia Floratta, de O Boticário, ele conta que as aplicações mais significativas foram feitas na área de decoração, que “no negócio do vidro destinado a artigos de beleza é produto final”. No caso da Wheaton, segundo informa, 68% da produção são destinados à indústria de cosméticos (e perfumes), “que não vive sem decoração e exige inovação constante”. Nessa seara a empresa investiu 20
milhões de reais, aí incluída a aquisição da área de decoração da Plastclean, em meados do ano passado, e de máquinas automáticas de aplicação de silk screen e hot stamping no estado da arte, segundo Massara. “Hoje, se qualquer cliente de grande porte, situado entre os principais da Wheaton, quiser duplicar suas encomendas, suportamos sem grandes traumas”, ele garante. Foram importadas também sofisticadas leitoras de alta velocidade para escolha principalmente de frascos de esmalte. Com a aquisição do setor de decoração da Plastclean, a produção foi dobrada, e com a automatização do processo de hot stamping, que era semiautomático, incrementado ainda mais. Nesse setor, acabaram de ser postas em funcionamento duas máquinas alemãs, “com tecnologia de ponta que nenhuma outra vidraria no mundo possui”. Graças a isso, a capacidade produtiva, que era de 10 000 unidades/máquina por dia, quintuplicou. Mas o principal diferencial, no qual o executivo afirma que a empresa investe cada vez mais, está no atendimento. “Trabalhamos junto com o cliente, pois em nosso campo é preciso oferecer a eles novidades em formatos e em decoração o tempo todo.” Para levar esse procedimento adiante, a Wheaton atua em três frentes: 1) comercial e de marketing, onde a equipe opera junto ao cliente; 2) desenvolvimento de produto, em que outra equipe opera em sintonia com a primeira; 3) assistência técnica, com profissionais especializados formados no Centro de Treinamento Técnico da empresa e cujo número foi dobrado recentemente, sem que se informe de quanto para quanto. Em suma, como sentencia o diretor da Wheaton, “é preciso trabalhar para o cliente ganhar dinheiro, pois aí se ganha também”.
SGD BRASIL – No início deste ano, a SGD Brasil tomou uma iniciativa de investimento que de certa forma representou ousadia no terreno da produção de frascos de vidro, durante duas décadas um tanto letárgico no País. Segundo seu diretor geral, André Liberali, isso ocorreu quando a empresa reativou em São Paulo o forno 3 da Saint-Gobain,
antes dedicado à produção de garrafas de cerveja, por ocasião da passagem desta para o controle da SGD francesa. “A última vez que se ouvira falar em novo forno de vidraria no País foi há cerca de vinte anos”, ele recorda. De acordo com o executivo, a reativação equivaleu à instalação de um novo equipamento, pois foi feita com nova concepção e novas tecnologias nas áreas de fusão, fabricação, controle e embalagem. “Pode-se arriscar afirmar que não existe hoje instalação tão moderna em toda a América Latina.” Com isso, a capacidade produtiva da empresa dobrou, de 1,3 milhão para 2,6 milhões de unidades/dia. “Investimos pesado em tecnologia”, diz Liberali, sem abrir números. Embora o executivo não revele cifras, notícias veiculadas recentemente na imprensa especializada em negócios davam conta de que a SGD estaria investindo 70 milhões de reais. É uma estratégia de antecipação à intensa movimentação dos clientes, que crescem em cifras de dois dígitos. “Além de capacidade produtiva para atender a demanda”, explica Liberali, “é vital ter tecnologia à altura da elevada exigência da indústria usuária, tanto a de perfumaria e a de cosméticos quanto a de produtos farmacêuticos.” Nesta seara, a SGD importou da Alemanha, da França e da Suécia, descritos pelo executivo como “países top na produção de vidro”, máquinas de inspeção e controle de última geração. Foram feitos investimentos também em decoração (as mesmas notícias referidas acima citam 8 milhões de reais nessa atividade).
Em consequência desse conjunto de providências, o número de funcionários, que no início das atividades da SGD Brasil, em 2007, era de 170, é hoje de 650. Só em decoração são 200. “Não temos a pretensão de ser autossuficientes em decoração, mas o que oferecemos é resultado da mesma tecnologia de ponta e sustentável de que se dispõe nos países mais avançados nesse campo”, destaca Liberali. Uma das “provas” citadas dessa capacidade é a linha nativeSPA, de O Boticário. Ele diz que “os motores das iniciativas da SGD são a vontade do cliente e a capacidade de resposta da empresa às suas expectativas”, razão também de empenho cada vez maior no atendimento. A linha Chronos, da Natura, é um exemplo: para atender as exigências desse cliente, a SGD trouxe da França o processo de fabricação de frascos Prensado Puro 120, uma tecnologia que não deixa nos recipientes a mínima marca de riga (“costura”). Enfim, como considera André Liberali, “quem não se movimenta patina”. (WP)
Linha nativeSPA, de O Boticário: uma “prova” de qualidade da SGD
SGD Brasil (11) 3883-4300 www.sgdbrasil.com Wheaton Brasil (11) 4355-1800 www.wheatonbrasil.com.br
Tecnologia Prensado Puro 120 permite obter recipientes sem “costura”, como os da linha Chronos, da Natura
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prêmio
Consolidação baseada em mudanças Sempre inovador, Grandes Cases de Embalagem anuncia novidades para 2012
Contrariando a máxima de que em time que está ganhando não se mexe, o Prêmio EmbalagemMarca passa por mudanças em sua sexta edição. A primeira delas ocorre na própria marca: o nome da iniciativa é agora Grandes Cases de Embalagem, uma forma de reforçar seu caráter institucional e remeter de imediato ao conceito básico da premiação, que é o reconhecimento aos projetos efetivamente propiciadores de resultados à cadeia de valor da embalagem. Outra: a revista EmbalagemMarca passa a ser a mídia oficial do Prêmio, e continuará a dar grande destaque aos vencedores. Novidades poderão ser vistas também no troféu, criado em 2010 pelo designer Karim Rashid. Naquele ano, a inovadora peça foi realizada em sopro convencional (processo de produção usual na fabricação de embalagens), utilizando polipropileno (PP) ultraclarificado e masterbatches com alta transparência. No ano seguinte, a mesma peça foi soprada, novamente em PP, mas dessa vez utilizando masterbatches com efeitos especiais (fluorescente e fosforescente). Para 2012, nova modificação – já em fase de desenvolvimento – será feita. A apresentação da nova versão do troféu, como de costume, ocorrerá durante a premiação, no dia 13 de novembro, numa cerimônia e numa festa que já se consagraram como imperdíveis para o
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EmbalagemMarca sai do nome do Prêmio, que passa a se chamar apenas Grandes Cases de Embalagem
aprofundamento de conhecimentos e a ampliação de contatos profissionais na área de embalagem. Para transmitir esse novo posicionamento e estreitar o vínculo do Prêmio com os agentes da cadeia de embalagens, os organizadores passaram a contar com a consultoria da agência Designful, especializada em projetos de gestão de marca e desenvolvimento de embalagens, que foi contratada para criar uma série de ações de comunicação para o Grandes Cases de Embalagem. Entre elas, destaca-se a nova campanha de anúncios, que será veiculada nas revistas EmbalagemMarca e GiroNews (publicação especializada em varejo), em suas versões impressas e eletrônicas. O mote das peças, centrado no conceito de “fazer a diferença”, surgiu da constatação, identificada em pesquisa com agentes da cadeia de embalagens, de que o mercado percebe Grandes Cases de Embalagem
Troféu desenhado pelo designer Karim Rashid, com efeitos especiais em 2010 e 2011. Neste ano, nova surpresa
como uma iniciativa que contribui positivamente para o trabalho dos profissionais que se empenham pelo fortalecimento do packaging no Brasil.
Os protagonistas da campanha são profissionais que fazem da embalagem uma ferramenta estratégica, capaz de agregar um importante diferencial para as empresas em que trabalham. Atuam em grandes indústrias usuárias de embalagem que já ganharam o Prêmio em anos anteriores e cujos nomes serão revelados a partir do próximo mês, à medida que os anúncios forem sendo publicados. As fotos são do renomado fotógrafo Fábio Correa, dono de extenso currículo internacional no mundo da moda, tendo já trabalhado, entre outras, para as revistas American Vogue, Cosmopolitan e Vanity Fair. Nesta edição, quem ilustra a campanha é a equipe mais diretamente envolvida com o dia a dia da premiação. São as pessoas que cuidam de cada detalhe de Grandes Cases de Embalagem. É um grupo de profissionais que conhece o mercado e gosta do que faz, e que por isso faz diferente. Para fazer diferença.
Peças que fazem parte da campanha de divulgação do Prêmio Grandes Cases de Embalagem
Designful (19) 3201-0861 (19) 3201-0862 www.designful.com.br Fábio Correa (11) 8352-1881 (21) 8103-3223 fcbase@uol.com.br
Quer saber mais sobre a campanha? Acesse: emb.bz/152premio
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internacional
Agora em dois clássicos Fortemente identificados com outras embalagens, sopas Campbell e ketchup Heinz começam a utilizar stand-up pouches nos EUA
Mencionem-se as sopas Campbell e dificilmente alguém deixará de se lembrar das latas de aço com as quais elas sempre foram fortemente associadas. O mesmo tende a ocorrer com o ketchup Heinz e seu marcante frasco, feito de vidro ou de PET. Mas eis que esses dois produtos clássicos agora podem também ser encontrados nos Estados Unidos em stand-up pouches (SUPs) – bolsas plásticas capazes de ficar em pé graças à base plana, que se abre como sanfona. Na Campbell, o stand-up pouch personifica a Go! Soup, nova linha de sopas direcionada aos “millennials”, como são chamadas as pessoas entre 18 e 34 anos de idade. Segundo reportagens publicadas pelos jornais The Wall Street Journal e Chicago Tribune, a aposta da Campbell é que a nova roupagem caia no gosto de uma grande parcela desses consumidores que perceberia a sopa enlatada como algo antiquado. Não à toa, o projeto gráfico dos pouches destaca imagens de jovens e tipografia despojada. Depois da Go! Soup, a empresa lançou uma linha de molhos prontos também em SUPs.
Já na Heinz, a adoção do stand-up pouch busca solu-
Stand-up pouch busca tornar novas sopas (acima) e novos molhos da Campbell mais atraentes ao público jovem
cionar outro desafio. A companhia começou a utilizar um modelo da embalagem dotado de bico dosador para uma versão econômica de seu ketchup, em que uma porção de 283 gramas é vendida a 99 centavos de dólar. O objetivo da novidade é disputar vendas com os ketchups de marcas próprias de supermercados. “No mercado americano, as decisões de compra estão intensamente focadas em valor”, justifica o diretor geral da Heinz, William R. Johnson. Embora a empresa evite se pronunciar sobre o motivo da escolha do pouch para o novo SKU, é natural que o custo seja o fiel da balança. Calcula-se que nos Estados Unidos o SUP tenha um valor unitário de 10% a 15% menor do que as opções concorrentes em embalagens rígidas. Por isso, e pela situação da economia americana, que ainda não se recuperou plenamente da recessão causada pela crise de 2008, não surpreende a difusão dessa embalagem naquelas paragens. Segundo a consultoria Mintel, o uso de stand-up pouches cresceu 37% nos Estados Unidos nos últimos cinco anos.
Heinz: modelo com bico dosador foi adotado para versão de 99 centavos de dólar
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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br
Anterior Nova
lava-louças
Debutantes em nova estatura
A Química Amparo renovou as embalagens dos detergentes lava-louças Ypê. O novo frasco ficou ligeiramente mais baixo , mas continua com 500 mililitros. A renovação acontece após quinze anos sem alterações nas embalagens. Os frascos, de PET ou de polietileno da alta densidade (PEAD), são soprados na própria empresa, que não divulga os fornecedores dos rótulos e das tampas.
Design
DZ Design (19) 3256-4440 www.dzdesign.com.br
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Design
Estúdio Guto Bordoni Imagens (19) 3342-6772 www.gutobordoni.com.br
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
1
4
Rótulos
Scodro Embalagens Flexíveis (16) 2101-4949 www.scodro.ind.br Design
TokFinal (24) 3343-7070 www.tokfinal.com.br
Design
Team Créatif (11) 3491-5580 www.team-creatif.com caixinhas
Tetra Pak (11) 5501-3200 www.tetrapak.com.br
Águas
confeitos
Fácil de carregar
Chicle em flow-pack
1
Chegou ao mercado o primeiro garrafão de água com alça lateral acoplada, que facilita o manuseio. A embalagem, de 20 litros, é uma exclusividade da Attiva, que a utiliza em sua linha Premium. O garrafão e a alça são produzidos pela própria engarrafadora da água, em Bananal (SP).
Calçados 2
A goma de mascar Mentos tem agora embalagem econômica: uma flow pack com quatro unidades. Segundo a Perfetti Van Melle, a novidade visa ampliar a presença da marca no pequeno varejo. O design é da Selection, agência própria da matriz italiana da fabricante de doces.
Caixas para brincar
Bebidas 3
Unindo o conceito de sustentabilidade à ideia de customização e de gerar maior interação com o público infantil, a Calçados Bibi oferece às crianças a chance de brincar com as caixas de seus sapatos em vez de as descartar logo após a compra. Em 2010, a Bibi havia lançado a coleção, em que as embalagens se transformavam em brinquedos ou enfeites no estilo toy arts (ver EmbalagemMarca nº 126, fevereiro 2010). Agora, as caixas de papelão têm diferentes desenhos para serem pintados.
3
2
Caixas
Box Print (51) 2111-1311 www.boxprint.ind.br flow packs
Santa Rosa Embalagens (11) 3622-2300 www.santarosaembalagens.com.br
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Design
Gas Multiagência (11) 5102-2686 www.gas-br.com
Marca em destaque 4 A linha de bebidas à base de soja Mais Vita, da Yoki Alimentos, ganha novas embalagens. O novo design das caixinhas ressalta a marca Yoki e o logotipo Mais Vita. As informações de que o produto tem zero lactose e zero colesterol foram ressaltadas. A reformulação vale para os modelos de 1 litro e de 200 mililitros.
Rótulos
5
BR Films (37) 3229-3400 www.brfilms.com.br
Tampas
Védat (11) 2133-1212 www.vedat.com.br
Tampas
caixinha
CSI Closures (11) 4134-2593 www.csiclosures.com
Tetra Pak (11) 5501-3200 www.tetrapak.com.br
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Energéticos
Queijos
BRILHo NA BALADA 5
Fracionado na origem
A Bioleve estreia no segmento de energéticos com o BioEnergy, acondicionado em garrafas de PET de 360 mililitros e de 1 litro. Os rótulos termoencolhíveis de PET receberam partículas de pigmento fosforescente, que brilham no escuro em contato com a luz negra comum em casas noturnas. As garrafas são sopradas pela própria empresa.
Refrescos 6
A Tirolez passa a oferecer seu queijo gorgonzola em porção de 200 gramas. O produto é resultado do fracionamento de peças por meio de equipamento semiautomático, dotado de fios de aço que cortam o queijo em triângulos (cunhas). A seguir, essas frações são envolvidas por folhas de alumínio e recebem a aplicação manual de rótulos autoadesivos.
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Design
Benchmark Design Total (11) 3057-1222 www.bench.com.br Folha de alumínio
Grati (11)2106-1313 www.grati.com.br
Rótulo
Immpe (11) 2897-6589 www.immpe.com.br
Meio litro de coco 7 Uma caixinha de 500 mililitros dotada de tampa de rosca é nova versão da água de coco da Ducoco Alimentos. O objetivo é oferecer ao público uma maneira de consumir o produto paulatinamente.
Este espaço está reservado para a sua empresa
anuncie aqui (11) 5181-6533
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
1 3
Tampa (Kids)
Aptar (11) 4196-7500 www.aptar.com Rótulos autoadesivos (Kids)
Heat Label (11) 2441-0210 www.heatlabel.com.br Tampas
Design
Flow packs
Indesign (11) 3284-0570 www.indesignsp.com.br
Vibelplast (11) 2711-2829 www.vibelplast.com.br
Chocolates
Zero em destaque
Rexam (11) 2152-9800 www.rexam.com/brazil Rótulos de BOPP (1,5L e 500ml)
Sol PP (11) 4199-1316 www.solpp.com.br
Antes . . . 1
Cervejas
Nova fórmula, novo rótulo
Com três opções, a linha Diatt Zero de tabeletes de chocolate sem adição de açúcar é a novidade da Spali. Os produtos são acondicionados em flow packs. Na embalagem da versão sem lactose, destacam-se as cores preto e vermelho. Já as flexíveis das versões com amêndoas e com avelãs são predominantemente brancas e têm acabamento fosco.
A cerveja Guitt’s ganha nova fórmula – anunciada como mais leve e suave – e novo rótulo. Este agora destaca as cores vermelho, amarelo e branco. Como na versão anterior, o novo rótulo traz a imagem da águia do brasão da família Guitti, fundadora da cervejaria. A ave segura em suas garras ramos de malte e lúpulo, as principais matérias-primas da bebida.
Latas
Latapack-Ball (12) 2127-4700 www.latapack.com.br
Utensílios
Águas
É para o fogão 2
Cores suaves
A embalagem do acendedor multiuso Bic Handy teve o layout modificado para reforçar que o principal uso do produto é o acendimento de fogões. A cartela de papel cartão do blister ganhou ícones com maior visibilidade. O redesign procura aproveitar uma oportunidade: segundo a Bic, somente 30% dos lares brasileiros têm fogão com acendimento automático.
A Petrópolis Paulista renova as embalagens de suas águas. Os rótulos das garrafas de 500 mililitros e de 1,5 litro agora têm cores mais suaves. Outra novidade é o lançamento da garrafa Kids, de 250 mililitros, com tampa que garante segurança para crianças. O design das embalagens foi desenvolvido pela própria engarrafadora.
Garrafas
Verallia (11) 2246-7402 www.verallia.com.br
. . . e depois
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Design
100%Design (11) 3032-5100 www.100porcento.net
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Almanaque Caíram como luva
Só restou o coelho Criado em 1973 nos Estados Unidos e hoje mundialmente conhecido, o coelho Quicky nem sempre foi unanimidade como mascote do achocolatado Nesquik (outrora Quik), da Nestlé. Na França e na Grécia, esse papel já coube a um monstro amarelo, o Groquik. Em Portugal, um canguru, o Kangurik, foi por muito tempo associado à marca. Na Itália, a estrela dos anúncios do produto já foi um pote antropomorfo, o Mr. Nesquik. Todos esses personagens deram lugar ao coelho na década de 1990. Não resistiram à globalização.
portugal
Itália
Hoje corriqueiras no varejo, as embalagens de agrupamento (“luvas”) para a venda de copos de vidro não têm cinqüenta anos de existência no País. Surgiram em 1976, por iniciativa da Wheaton Brasil, após dois anos de péssimas vendas de sua Linha Brasil de copos. Criados para ocupar a capacidade ociosa de máquinas dedicadas a produzir embalagens de vidro, esbarravam num problema que o único outro grande fabricante de copos de vidro, a Nadir Figueiredo, já enfrentava: o varejo só comprava pequenas quantidades a granel, em geral expostas para venda em enormes cestos aramados. As luvas de papel cartão, impressas em cores, agrupavam seis unidades e, literalmente, multiplicaram as vendas de copos no Brasil.
frança
Desodorante como cola
Tudo em família O sistema intercambiável de montagem e encaixe de blocos plásticos da Lego, batizado de Lego System of Play, foi desenvolvido em 1958. As primeiras embalagens do produto mostravam três crianças entretidas montando as pecinhas. Eram os netos do fundador da empresa, Ole Kirk Christiansen: Hanne, Gunhild e Kjeld, que se tornou dono da Lego.
Lançado em 1994 pelo laboratório Mennen (Colgate-Palmolive), o Speed Stick foi o primeiro desodorante masculino em barra do Brasil. O produto prometia ser um ótimo substituto para os desodorantes líquidos e era apresentado em uma “embalagem revolucionária”. Para utilizá-lo, bastava tirar a tampa e girar um disco na base da embalagem, mesmo sistema utilizado nas colas de bastão.
luva de papel cartão multiplicou venda de copos
QUIZ
sachês origem dos Sabe qual a tos? li pa e l sa de açúcar, Veja em
Do ácido para o vinho As embalagens tipo bag-in-box (saco na caixa) foram inventadas em 1955 pelo químico William R. Scholle, nos Estados Unidos, para transportar ácido de baterias de carros. Eram bolsas flexíveis de plástico protegidas por caixas de papelão ondulado. A ideia de utilizar a embalagem para acondicionar vinho surgiu em 1965, quando a vinícola australiana Angove passou a comercializar a bebida em sacos de polietileno de 4,5 litros acondicionados em caixas de papelão. No início, o consumidor precisava cortar o canto do saco, servir-se da quantidade desejada de vinho e, em seguida, fechar a embalagem com uma presilha. Hoje, todos os bag-in-box de vinhos utilizam algum tipo de torneira. primeira embalagem tipo bag-in-box de vinho, da australiana angove
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quiz
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