EmbalagemMarca 153

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Ano XIV • Nº 153 • Maio 2012 • R$ 15,00

especial aço Fabricantes apostam em inovação e em atributos sustentáveis para a lata recuperar prestígio no País

entrevista

Produzir para se produzir Vendas de artigos de maquiagem disparam, superaquecendo a demanda por embalagens e criando uma ocasião para inovar

VENDAS

Claudio Eschecolla fala de packaging e da estreia da Belcorp no mercado brasileiro de cosméticos

2005

2010

2015

2020

2025



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Boom da maquiagem abre chances para embalagens Mais do que

um retrato dos bons ventos em que navega o setor de cosméticos, perfumaria e artigos de higiene pessoal no Brasil, a reportagem de capa desta edição, de autoria de Guilherme Kamio, com seu foco centralizado no segmento de maquiagem, pode ser vista como uma oportunidade para reflexões e como um panorama de oportunidades para o setor de embalagens. Chama muito a atenção (e não só de interessados brasileiros, mas também de investidores e empresas internacionais do setor) o verdadeiro entusiasmo com que o público feminino – e o masculino, em crescente velocidade – adquirem e usa, produtos direcionados ao bem-estar e à beleza. Em 2011, o consumo interno de artigos de maquiagem alcançou o equivalente a 3,7 bilhões de dólares, ficando atrás somente de Japão e Estados Unidos. É sem dúvida uma cifra respeitável, que no entanto, como observa o presidente da Abihpec, a associação das indústrias do setor, João Carlos Basílio, ainda está aquém de seu potencial. Na verdade, de acordo com prognóstico do instituto de pesquisas Euromonitor, até 2016 o segmento nacional produtor de bases, cremes e outros componentes poderá vir a ocupar o posto de campeão mundial de vendas do que hoje é a cesta básica de produtos para mulheres (e homens) se apresentarem visualmente no dia a dia. Ante esse quadro promissor, constata-se expressiva defasagem entre a competitividade dos produtos – campo em que “o Brasil não deixa nada a dever a nenhum outro país”, como observa na reportagem de capa o diretor de uma grande indústria – e as emba-

lagens disponibilizadas pela indústria aqui instalada. O caso é especialmente ruim no segmento de maquiagem. Em poucas palavras, a oferta de estojos, aplicadores e outros acessórios é baixa. Empresas que não têm escala para fazer grandes encomendas têm apenas duas opções para tirar proveito da bonança do mercado: aguardar “na fila”, já que os grandes clientes têm preferência, ou importar, basicamente de países asiáticos. Atenta a esse quadro, a gigante peruana do mercado de cosméticos Belcorp, que acaba de estrear no País nas vendas de porta em porta, não perde de vista essa defasagem, como tampouco esquece que as embalagens, mesmo nesse sistema, são uma poderosíssima ferramenta de marketing. “É um instrumento fundamental de nossa proposta de valor”, diz na Entrevista do mês Claudio Eschecolla, diretor geral da Belcorp Brasil. “Para nós, tão importante quanto o produto ser bonito é que a consumidora interaja com ele de maneira especial.” A empresa trará produtos e embalagens de fora, mas diz que pretende abastecer-se de recipientes também internamente. Esse é apenas mais um exemplo das oportunidades que se abrem para os fornecedores brasileiros. Caso essa e outras chances não forem aproveitadas, certamente alguém – de fora – as aproveitará. Até junho.

WIlson palhares

“Há expressiva defasagem entre a competitividade dos produtos, campo em que ‘o Brasil não deixa nada a dever a nenhum outro país’ e as embalagens disponibilizadas pela indústria local” Maio 2012 |

3


Edição 153 • Maio 2012

Sumário 3 Editorial Campo para embalagens de produtos de maquiagem é amplo, mas estrangeiros podem tomá-lo

20 Reportagem de capa

6 Ciclo de Conhecimento Evento em junho apontará como

maquiagem

inovar em embalagens e produtos de modo a não fracassar

8 Painel Papel pedra, à base de minério, é nova opção para a confecção de rótulos • O saldo da primeira Expo Embala • Tecnologia europeia permite pasteurização expressa de alimentos • Nova base autoadesiva da Avery Dennison promete ganhos operacionais • Fundo de investimentos inglês arremata a Vitopel

Brasil caminha para se tornar líder mundial em vendas de produtos de maquiagem. No campo das embalagens, isso abre oportunidade para inovações e ajustes de oferta POR GUILHERME KAMIO

16 Gomas de mascar Para atrair público jovem, caixinhas de Chiclets incorporam personagens colecionáveis e que “ativam” conteúdo na internet 18 Sucos Após mais de cinquenta anos de uso da lata de aço, linha Jal de sucos concentrados migra para garrafas plásticas 26 Internacional Com formato de bumbum feminino, vidrinhos dão notoriedade a nova marca americana de esmaltes para unhas 28 Cervejas Barril de PET de 4 litros, importado da Holanda, é a grande novidade de Kaiser para o mercado brasileiro

32 Entrevista Belcorp, força em vendas diretas de

28

32

cosméticos, estreia no Brasil. O diretor geral da operação, Claudio Eschecolla, fala de perspectivas e do packaging na empresa

38 Vestuário Embalagens de madeira, feitas artesanalmente, propiciam apelos de exclusividade e de valor agregado a produtos de camisaria 40 Higiene pessoal Na L’Oréal, modernização de Elsève garante vantagens operacionais e quebra paradigma em impressão digital

40

42 Especial Aço Metalúrgicas reforçam programas de inovação para mostrar que lata pode ser solução antiga, mas não é antiquada. Preocupação ambiental trará valorização, acredita o setor

52

42

Empresas que anunciam nesta edição Aptar.......................................... 39 Baumgarten................... 36 e 37 Bericap...................................... 11 Betim Química........................47 Catuaí Print...............................23 Cerviflan..........................3ª capa Ciclo de Conhecimento.........6 Congraf..................................... 13 Designful.........................48 e 49

Dixie Toga...................................9 Dow Brasil................................19 GiroNews.................................. 51 Grandes Cases.............. 30 e 31 Indexflex....................................25 Innova.......................................... 7 MLC........................................... 45 Moltec.......................................57 Novelprint.................................55

Optima........................................5 Piloto..........................................53 Prakolar..................................... 15 Sarapuí.............................2ª capa Silgan.........................................33 Simbios-Pack...........................57 Tetra Pak................................... 17 Tradbor......................................19 Wheaton.........................4ª capa

50 Em foco Consumidores assinalam vantagens e desvantagens das garrafas retornáveis para bebidas de alto giro 52 Display Frasco de xampu tem contornos de robô • Danubio lança requeijão single em copinho de vidro • A nova identidade da linha Nexcare, da 3M • Parceria entre Kraft e BR Foods gera bebida láctea em caixinha • Garrafas de vidro azulcobalto acondicionam vodca Skyy com sabores 58 Almanaque Do túnel do tempo, as embalagens de Super Candida e Q’Boa • Primeira Budweiser foi (e ainda é) tcheca • O sabonete oficial do Titanic • Xampu do homem moderno apareceu nos anos 50

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br • Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Marcelo Marcondes | marcelo@embalagemmarca.com.br • Comercial: Juliana Lenz | juliana@embalagemmarca. com.br • Karin Trojan | karin@embalagemmarca.com.br • Wagner Ferreira | wagner@embalagemmarca.com.br • Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@ embalagemmarca.com.br • Assistente de arte: Wilson Roberto Jr. | arte1@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com. br • Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Estagiária de eventos: Nathaly Cabral | eventos@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas (assinatura anual R$99): Kelly Cardoso | assinaturas@embalagemmarca.com.br © Foto de capa: © Poznyakov | Dreamstime.com

Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Arcílio Martins, 53 04718-040 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 www.embalagemmarca.com.br



ciclo de conhecimento

Para evitar equívocos em inovação Evento apontará formas práticas de criar embalagens que não fracassem em linha e no ponto de venda Dia 27 de junho próximo, o Ciclo de Conhecimento, com o apoio de EmbalagemMarca, realizará em São Paulo mais um evento integrante de seu programa permanente de iniciativas destinadas a transformar informação em conhecimento, desta vez focado no tema da inovação. Trata-se do Fórum “Inovação – Como viabilizar a produção de embalagens atrativas”, com nomes de amplo conhecimento e alto prestígio na cadeia de valor da embalagem. O evento terá como grande diferencial em relação a similares o tratamento do tema, sob a consideração dos organizadores de que a palavra “inovação” é hoje por demais corriqueira, verdadeira “carne de vaca”, no mundo corporativo. Seria até bom que a prática de inovar nas empresas fosse tão freqüente, ou mesmo modestamente percentual, quanto o emprego do vocábulo. No entanto, o que se vê é que boa parte de produtos – e suas embalagens – lançados no mercado como inovadores não passam de maquiagens, meras reformulações visuais. Outros, nascidos como excelentes projetos, acabam em desastre

nas linhas de produção e, pior, quando saem delas para os pontos de venda. Ali se transformam em fracassos, pela razão básica de que são tocados, do começo ao fim, da forma inversa à que deveriam. Vale dizer, de forma integrada, abrangente, com todos os agentes envolvidos no projeto interagindo entre si. Ante tal quadro, o Fórum “Inovação – Como viabilizar a produção de embalagens criativas” está sendo organizado com foco absolutamente prático. Nele se buscará mostrar o porquê do malogro de mais da metade dos projetos de embalagem “inovadores” nos pontos de venda, como evitá-lo e como estabelecer roteiros capazes de efetivamente inovar com o principal objetivo que a inovação deve representar para as empresas: proporcionar vantagens para seus clientes e consumidores e, consequentemente, lucros para seus acionistas. Sob essa ótica, o evento, a ocorrer nas dependências da Panamericana Escola de Arte e Design, em São Paulo, durante a tarde de 27 de junho, será um espaço para reunir os agentes econômicos envolvidos em projetos de embalagem para discutir formas de disseminar

conhecimento ao longo da cadeia produtiva. Tudo para reduzir a necessidade de retrabalho e o consequente desperdício de recursos e de tempo no desenvolvimento de projetos.

Temas e palestrantes • Cristina Alvarenga, diretora da BASES, divisão Do Instituto Nielsen que avalia os prováveis desempenhos das inovações. A palestrante falará sobre os motivos de mais de 50% das inovações não serem bem sucedidas nos pontos de venda. • Deborah Portilho, D. Portilho Consultoria, Auditoria e Treinamento em Propriedade Intelectual. Inovou? Proteja. Como evitar que concorrentes se apropriem de suas inovações em embalagens, marcas, produtos e processos. • Fred Gelli, da Tátil Design. Gelli é o criador do logotipo das Olimpíadas do Rio 2016, atualmente em voga no Brasil e no exterior, e discorrerá sobre como aproximar a cadeia produtiva em prol da inovação no cliente final, a indústria de bens de consumo. • Marcos Palhares, diretor da revista EmbalagemMarca. Palestra: Falta de integração - uma barreira para a inovação em embalagem. • Renata Barini, Gerente Sr. P&D, Embalagens Brasil da Kraft Foods. Palestra: “Inovação de embalagens na prática”.

Informações (11) 5181-6533 marcos@embalagemmarca.com.br www.ciclo@embalagemmarca.com.br

Fórum “Inovação – Como viabilizar a produção de embalagens criativas” Patrocínio Ouro

Organização

www.ciclodeconhecimento.com.br

Patrocínio Prata

6 | Maio 2012

Divulgação



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

rótulos

Pedra para decorar Após dois anos de pesquisas, a Mack Color desenvolveu um

Amostra de rótulo feita de papel pedra: material promete aparência de papel, mas sem uso de celulose

8 | Maio2012

novo substrato para a impressão de rótulos autoadesivos. É o papel pedra. O novo material tem aparência semelhante à do papel, mas não contém celulose em sua composição e apresenta um diferencial importante: é resistente à água, não desbotando quando molhado. Além disso, não propaga fogo. O substrato é produzido com 80% de carbonato de cálcio (CaCo3), principal componente de rochas como o calcário – daí o nome criado pela Mack Color. Os 20% restantes são de resina atóxica de polietileno. Rótulos feitos do material podem utilizar três tipos de adesivo: acrílico (à base de solvente, porém com uso reduzido de produtos químicos), à base de água ou hot melt (cola quente). A gerente de markeMack Color oferece ting da Mack Color, Fabiamaterial à base de mineral na Rossi, conta que o subspara a confecção de trato foi desenvolvido em rótulos e etiquetas adesivas parceria com empresas estrangeiras, cujos nomes ela prefere não revelar. “Trata-se de um material exclusivo de nossa empresa no mercado brasileiro”, afirma. Segundo a executiva, o papel pedra é sustentável não só por utilizar menos plástico do que outros substratos impermeáveis, mas também “por se fragilizar em exposição prolongada ao sol, degradando-se rapidamente na natureza”. O tempo de degradação não é informado pela empresa. O produto já existe no exterior, onde é utilizado em rótulos de vinhos. De acordo com Fabiana, o material é aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora para alimentos e medicamentos dos Estados Unidos) e pode substituir aplicações convencionais de filmes de PVC, polipropileno, polietileno e PET em rótulos de alimentos, bebidas, produtos de limpeza, cosméticos, medicamentos e eletroeletrônicos (para este último, atenderia a normas ROHS).



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

AEROSSÓIS

De latas de bebidas a slugs A Ball Corporation noticiou que produzirá latas (tubos) para aerossóis utilizando alumínio reciclado como matéria-prima. Segundo a empresa americana, a nova embalagem é resultado do desenvolvimento de Novos uma tecnologia exclusiva tubos têm que permite reaproveitar o alumínio reciclado metal de latas de bebidas na produção de discos (slugs) – produtos intermediários para a fabricação dos tubos. Os novos discos receberam a marca ReAl, acrograma para Recycled Aluminum (“Alumínio Reciclado”, em português). A Ball afirma que o uso de alumínio reciclado resulta em recipientes com resistência superior, sem prejuízo de desempenho ou segurança, e com peso aliviado. A empresa diz que será capaz de produzir tubos 10% mais leves, com mais reduções previstas para o futuro. Segundo a Ball, o uso dos discos ReAl para a produção de latas começará na Europa, sendo depois levada a outros mercados de atuação.

RÓTULOS

Novo papel para liners A Ahlstrom anunciou que produzirá no Brasil, em sua planta de Jacareí (SP), uma nova família de papéis para liners (suportes) de rótulos autoadesivos, o SILCA Soft. De acordo com a multinacional finlandesa, a linha será composta por papéis calandrados que oferecerão uma alternativa aos papéis glassine importados e aos papéis kraft supercalandrados habitualmente utilizados no mercado nacional para o mesmo fim. Modificações em equipamentos, que permitirão a produção da nova linha em alta escala, estão previstas para agosto próximo.

RESINAS

Empacotamento turbinado

Embalagem de ração: um dos alvos da nova resina

A Braskem desenvolveu em seu Centro de Tecnologia e Inovação, situado em Triunfo (RS), um novo copolímero especialmente dedicado à produção de filmes laminados para empacotamento automático em alta velocidade de produtos como grãos e rações secas. Batizado de Flexus 9212XP, o material apresentaria excelente resistência ao impacto e à perfuração, além do desempenho de selagem superior em relação aos polietilenos de baixa densidade linear (PEBDLs) convencionalmente utilizados para o mesmo fim. A grande vantagem, segundo José Augusto Viveiro, líder do segmento de Bobinas Técnicas da Braskem, é a estabilidade do deslizamento do filme laminado. “Trata-se de uma solução pioneira, inovadora em nível mundial”, diz o especialista.

TECNOLOGIA

Pasteurização expressa Na Anuga FoodTec 2012, feira ocorrida no final de março último em Colônia, na Alemanha, a empresa suíça de engenharia de alimentos Creative New Food e a fabricante alemã de máquinas IPS apresentaram uma tecnologia promissora, que combina micro-ondas e cozimento a vapor sob pressão para promover uma rápida pasteurização de refeições prontas e alimentos sensíveis já devidamente acondicionados em embalagens para o varejo. No processo, chamado Micropast, alimentos são processados em bandejas de polipropileno vedadas por um selo-tampa de filme plástico, dotado de um pequeno orifício de ventilação. As embalagens são inicialmente levadas a um túnel de micro-ondas que aquece o conteúdo a 95º C, gerando vapor. Em seguida, uma agulha injeta na bandeja um gás que remove o vapor e faz a temperatura dos alimentos baixar para 10º C, completando a pasteurização. O gás também previne a criação de vácuo durante o resfriamento, o que poderia deformar a embalagem. O processo dura menos de dez minutos e proporcionaria a obtenção de alimentos com shelf life de noventa dias, sem refrigeração. Segundo

10 | Maio2012

a Creative New Food, a Micropast não altera o sabor, a cor, a textura e outras propriedades dos alimentos, e tem custo acessível comparada a outros métodos de pasteurização. Uma empresa já aderiu à tecnologia: a holandesa Roem van Yerseke, para a venda de mexilhões temperados.

Empresa holandesa já utiliza micro-ondas para processar bandeja com mexilhões temperados



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

RÓTULOS

Mais produtividade, menor impacto A Avery Dennison começa a oferecer no Brasil o Global MDO. Trata-se de uma nova base especialmente indicada para a produção de rótulos autoadesivos aplicados em superfícies curvas. O frontal, feito de um filme plástico especial, apresentaria balanço inédito entre rigidez, conformação e transparência, evitando rugas e vincos e aprimorando o efeito no label look (dissimulação do rótulo). A produtividade, por sua vez, seria beneficiada pelo liner (suporte) de filme de PET, capaz de suportar aplicações em alta velocidade com risco reduzido de quebras de bobina. Ademais, a espessura reduzida do material (50 micra do frontal mais 23 micra do liner) permitiria a alocação de até 95% mais etiquetas por rolo, diminuindo trocas e espaço necessário para estocagem. A Avery Dennison afirma que numa avaliação de ciclo de vida (ACV) feita pela consultoria francesa BIO Intelligence Service, o Global MDO apresentou, entre outros resultados, reduções de 10% na geração de gases de efeito estufa e de 40% na geração de resíduos sólidos quando comparado com soluções convencionais. Além da opção transparente, o novo material também está disponível com frontal branco. Global MDO: “balanço inédito” de rigidez, conformação e transparência

CERTIFICAÇÃO

Treze agraciadas Em cerimônia realizada em abril em São Paulo, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), outorgou a trinta fornecedoras de insumos e serviços o Selo de Fornecedor Qualificado. Na área de embalagem, as agraciadas foram as seguintes: Aerogas, Antilhas, Box Print, Congraf, Grossplast, Igaratiba, Kingraf, Mappel, Mega Plast, MWV Calmar, Primera Beauty & Design, SGD Brasil e Wheaton Brasil. As vencedoras, escolhidas por empresas associadas da Abihpec, poderão utilizar o Selo em suas embalagens e peças de divulgação durante doze meses. Foi a quinta edição da iniciativa, realizada com suporte da Embala Ideias.

gente

Ainda em sleeves Depois de atuar por doze anos no departamento comercial da Propack, inclusive como gerente da área, Roberto Brandão mudou de ares. O profissional continua ligado ao negócio de rótulos termoencolhíveis, sua especialidade, mas agora na Itapevi Embalagens, empresa do Grupo Furnax.

EVENTOS

O saldo da nova feira Feira de negócios anunciada como pioneira no País, pela dedicação exclusiva ao segmento de embalagem, a Expo Embala teve sua primeira edição realizada no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, entre os dias 24 e 27 de abril último. Para os organizadores Clarion Events e Greenfield, o evento teve saldo positivo. Contou com 96 expositores e atraiu mais de 5 000 visitantes. “Os resultados animadores garantirão a continuidade da mostra”, diz Luiz Fernando Pereira, diretor da Greenfield, antecipando que a próxima edição será realizada de 2 a 5 de abril de 2013.

Primeira Expo Embala teve 5 000 visitantes

12 | Maio2012

Brandão: agora na Itapevi



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

EQUIPAMENTOS

FILMES

Separação amigável A Krones começou a oferecer um novo e sofisticado sistema de dosagem prévia de sucos ou bebidas lácteas mescladas com pedaços de frutas. Na solução, batizada de FlexiFruit, bebidas e partículas são separadas desde o tratamento térmico até o envase, para evitar avarias e perdas. Enquanto os líquidos são submetidos a um processo de aquecimento independente, os pedaços de frutas são pasteurizados em um trocador de calor especial. O enchimento baseiase em um novo sistema de pré-dosagem, em que as partes sólidas são depositadas em primeiro lugar nas garrafas, com uma pequena quantidade de suco para garantir fluxo. Em seguida, a enchedora principal agrega o suco ou a bebida láctea, fazendo a mistura dentro da própria garrafa. A tecnologia está disponível inicialmente para embalagens de PET e os pedaços de frutas podem ter até 10 milímetros de diâmetro.

FlexiFruit: para bebidas com pedaços de frutas

Vitopel sob nova direção

X60: impressão de até 1 000 milímetros por segundo

CODIFICAÇÃO

Modelo top A SmartDate X60 é a mais nova codificadora da Markem-Imaje para impressão de dados por transferência térmica em embalagens flexíveis, laminados e etiquetas. Segundo a fabricante, o modelo é capaz de imprimir até 600 milímetros por segundo, o dobro da velocidade dos modelos convencionais. Em modo “alta cadência”, pode imprimir em embalagens pequenas até 1 000 milímetros por segundo com resolução de 300 dpi, fato que seria inédito no mercado. De acordo com a Markem-Imaje, a X60 incorpora conceitos de ecodesign: trabalha com um novo padrão de ribbon com 1 100 metros, que diminui as trocas e reduz em até 20% o volume de resíduos da operação, tem baixo consumo de ar e proporciona economia de energia de até 50%. Pode, ainda, imprimir QR Codes e códigos promocionais com dados variáveis.

O fundo de investimentos inglês Vision Capital anunciou a compra da Vitopel, principal fabricante nacional de filmes de polipropileno biorientado (BOPP), amplamente utilizados na produção de embalagens flexíveis e rótulos. O valor do negócio não foi revelado pela compradora nem pelos donos anteriores da empresa, os fundos DLJ Merchant Banking Partners e JP Morgan Partners. De origem argentina, a Vitopel chegou ao Brasil em 1997, nove anos após sua fundação, por meio da aquisição da fabricante de filmes Koppol. Em 2005, com a compra da Votocel, consolidouse como maior fabricante nacional de filmes de BOPP e uma das cinco maiores do mundo, com capacidade para produzir 127 000 toneladas por ano. A receita da empresa em 2011 alcançou 300 milhões de dólares. A nova aquisição é mais um sinal do interesse da Vision Capital em negócios ligados ao packaging. Em 2010, o fundo comprou a Terphane, produtora de filmes de PET, e meses depois a vendeu para a americana Tredegar Corporation. Em maio do ano passado, investiu 238 milhões de euros na aquisição da italiana Bormioli Rocco, tradicional fabricante de embalagens de vidro.

númeroS

4%

Será o aumento do consumo mundial de embalagens de papelão ondulado em 2012, de acordo com projeção da consultoria Smithers Pira. Taxas parecidas de crescimento serão mantidas até 2017, quando o mercado atingirá 106 milhões de toneladas e valerá aproximadamente 152 bilhões de dólares.

14 | Maio2012

5,57

41

Alcançarão os gastos dos brasileiros com bebidas fermentadas (cerveja, vinho e espumante) em 2012. A estimativa é da Pyxis Consumo, ferramenta de dimensionamento de mercado do Ibope Inteligência.

Será o faturamento total, em 2012, da indústria mundial de embalagens para produtos de higiene pessoal. A estimativa consta em um estudo publicado recentemente pela consultoria e firma de pesquisas Visiongain, da Inglaterra.

bilhões de reais

bilhões de dólares



fotos: carlos curado

Gomas de mascar

Partes traseiras das embalagens terão coleção de personagens – os Emotigums

Caixinha com surpresas Embalagens colecionáveis de Chiclets dão acesso a conteúdos na internet A clássica caixinha de papel cartão das gomas de mascar Chiclets mudou, mas dificilmente alguém notará algo novo olhando apenas para sua face principal. É que a diferença está no lado contrário. O verso da embalagem agora traz personagens para cativar o público adolescente: os “Emotigums” – fusão de emoticons (ícones emotivos) e gum, relativo à goma. No total, serão lançados 135 desenhos diferentes nas caixinhas com duas unidades e outras 35 ilustrações nas embalagens com 10 tabletes, lançadas em março deste ano. A criação dos personagens coube à agência Xguides. Conforme explica André Zanin, gerente de marketing na Kraft Foods Brasil, dona da marca Chiclets, os Emotigums têm traços inspirados na “famosa e saudosa” embalagem do Mini Chiclets, comercializada no País nos anos 80 – o sachê com desenho estilizado de um rosto de criança com boca transparente, através da qual era possível ver o conteúdo. “Acreditamos que os adolescentes vão querer colecionar os 135 personagens, como acontece com álbuns de figurinhas”, aposta o executivo. 16 | Maio 2012

O apelo de coleção, contudo, não é o único atrativo dos Emotigums. Os desenhos funcionam como elemento de ativação on-line, dando acesso a conteúdos exclusivos na internet. Basta entrar no site de Chiclets (www.chiclets.com.br) e colocar a caixinha em frente a uma webcam para habilitar vídeos. As caixinhas de duas unidades com os Emotigums de “tribos” acessam sete vídeos diferentes; duas embalagens-curinga habilitam no site conteúdos especiais; aquelas com estampas de Lhamas (mascotes da marca) possibilitam um trote virtual; e as que têm o desenho do Mini Chiclets contam a história do produto. Por sua vez, a caixa de 10 unidades abre no site uma dinâmica de realidade aumentada, na qual as pessoas poderão ver as caixinhas com personagens “ganhar vida” no computador. A campanha baseada nas embalagens teve participação de diversas agências. “Os adolescentes estão 100% ligados às mídias interativas e Chiclets tem que acompanhar essa tendência levando não apenas produtos novos, mas conteúdos relevantes para os adolescentes e da forma que eles querem: via web”, destaca Zanin.

Colocados na frente da webcam, desenhos “ativam” recursos de interatividade

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A Jal sai da lata Linha clássica de sucos concentrados migra do metal para o plástico

Com capacidade para 625 mililitros e decorada com rótulo termoencolhível, garrafa de PEAD substitui lata cilíndrica de 1 litro (no detalhe à dir.)

Bastião do mercado de sucos concentrados congelados, a linha Jal – do Tanjal (tangerina), Lanjal (laranja), Uvajal (uva) e outras seis opções – já não é mais uma trincheira da lata de aço na categoria de bebidas. A Global Sucos, fabricante dos produtos, decidiu aposentar a apresentação que era um verdadeiro equity da marca. Utilizada desde a década de 1960, a embalagem metálica cilíndrica, de 1 litro, foi substituída por uma garrafa plástica com volume para 625 mililitros. A mudança, segundo a Global, é definitiva. A nova garrafa, moldada em polietileno de alta densidade (PEAD), é 18 | Maio 2012

branca, vedada por uma tampa de rosca e decorada com rótulos termoencolhíveis, feitos de filme de PET. A arte das latas foi adaptada para os adereços. “Procuramos reproduzir o padrão gráfico das embalagens anteriores com a maior fidelidade possível”, afirma Marcos Alberto Magni, do departamento de compras e logística da Global Sucos.

Conforme explica Magni, a migração para a garrafa plástica se deve a dois fatores. Primeiro, por solicitação da clientela. “Os pedidos de mudança para uma embalagem mais prática tornaram-se freqüentes nos últimos

anos”, ele relata, apontando que muitos consumidores se queixavam de dificuldades para armazenar a lata no freezer. “Além disso”, complementa o executivo de compras, “o custo para o nosso trabalho com as latas aumentou bastante nos últimos anos.” Para cortar gastos, a empresa optou por não adquirir linhas de engarrafamento para as novas embalagens, e sim, terceirizar o processo. “Percebemos que o outsourcing seria mais vantajoso”, afirma Magni. De acordo com o profissional, a Global Sucos ainda estuda o destino que dará aos equipamentos para envase de latas.

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Uma nova experiência de consumo no mercado O stand-up pouch vem ganhando atenção e está cada vez mais presente em vários segmentos de mercado, inclusive nos mais exigentes – como o mercado feminino Sabonete líquido, shampoo, hidratante e até perfumes estão explorando o uso do stand-up pouch (SUP), principalmente como refil. Em outros mercados, como o de produtos para o lar (amaciante, ceras, limpadores diversos, detergentes), o refil já ganhou espaço nos pontos de venda. Por empregar em sua produção menos matéria-prima do que as embalagens rígidas e otimizar o espaço no transporte, o SUP utilizado como refil pode trazer benefícios tanto para o produtor como para o consumidor. Existem, basicamente, três possibilidades de uso do SUP como refil: • Lançá-lo com o mesmo conteúdo da embalagem rígida original. • Oferecê-lo em quantidade maior, em “embalagens econômicas”, para que o consumi-

Automática, confiável e acessível Há quem imagine que equipamentos para envase de stand-up pouches pré-formados sejam caros quando são produtivos, ou pouco confiáveis quando são acessíveis. O modelo RT-8(24), da sul-coreana Leepack, prova o contrário. Trata-se de uma solução econômica e 100% automática para o envase de líquidos, com capacidade para 30 pouches por minuto. Estará em exposição no estande da Tradbor na FCE Cosmetique (29 a 31 de maio) e na Fispal Tecnologia (12 a 15 de junho). Patrocínio

No verso do SUP e no frasco, ajuda para diluir produto

Três formas de uso do stand-up pouch como refil, trazidos da Alemanha: com quantidade maior que a da embalagem rígida (à esquerda), com a mesma capacidade do frasco (centro) e com conteúdo concentrado. Vantagens dos pouches são comunicadas para o consumidor, e se transformam em apelo de vendas

dor faça a refilagem mais de uma vez. • Apresentá-lo em versões menores, facilitando a portabilidade. Ou seja o consumidor pode levar o seu produto para

a academia, na viagem, na bolsa, de forma mais leve, quase personalizada. O stand-up pouch vai além do refil, fora do Brasil, com presença nos mercado

de alimentos e bebidas não carbonatadas. A inovação do produto aliada à diferenciação da embalagem traz ao mercado uma nova experiência de consumo.

Monomaterial para Multiplos Mercados Confira a inovação apresentada pela Dow com o stand-up pouch produzido apenas com polietileno (PE). Resistente e com excelente barreira à umidade, faz desta embalagem a diferenciação que faltava. Pegue uma amostra na FCE Cosmetique (de 29 a 31 de Maio, em São Paulo) no estande da Tradbor.

Embalagem conceito que será apresentada na FCE Cosmetique

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A Dow alia a força da ciência e da tecnologia ao talento do Elemento Humano para inovar com paixão em produtos que são essenciais ao dia a dia das pessoas.

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Quadro mais bonito

20 | Maio 2012

Explosão das vendas de produtos de maquiagem no Brasil abre oportunidade para melhores projetos de embalagens para batom, base, blush, máscara, delineador... Por Guilherme Kamio


Jamais foi segredo

que bons ventos da economia fariam ferver as vendas de cosméticos no Brasil, como acabou acontecendo na última década. Antes dessa lufada, porém, talvez só os mais otimistas pudessem imaginar o País como campeão mundial em vendas de produtos de maquiagem – status que, segundo prognóstico do instituto de pesquisas Euromonitor, será alcançado até 2016. Afinal, há dez anos a grande maioria das mulheres brasileiras recorria basicamente ao batom para se produzir, sem contar o esmalte para unhas. Base, blush, máscara para cílios e que tais eram recursos reservados às ocasiões solenes. Para alegria da indústria de beleza, isso mudou. CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA

Franca expansão A evolução das vendas de produtos de maquiagem no Brasil (em bilhões de reais)

2,8

Fonte: Euromonitor | abril 2012

2006

5,9

2011 2016*

10,9 *estimativa

Maio 2012 |

21


O aumento do poder de compra fez explodir a procura pelos artigos de maquiagem. Nos três últimos anos, as vendas no País evoluíram 61%. Nenhum outro mercado no mundo cresceu tanto. Em 2011, o consumo interno alcançou o equivalente a 3,7 bilhões de dólares, ficando atrás somente de Japão e Estados Unidos. O uso de cores e sombras no dia a dia, apreciado por mulheres de outros países, cada vez mais cai no gosto das brasileiras. De acordo com levantamento da Euromonitor, o ambiente de trabalho já é apontado como situação de uso mais frequente dos produtos (38%). Hoje, 80% das brasileiras carregam itens de maquiagem na bolsa. Mês a mês surgem novas marcas no mercado. E os fabricantes tradicionais têm ampliado consideravelmente seus portfólios. Como não poderia deixar de ser, a ebulição do mercado valorizou a apresentação dos produtos. Hoje, as embalagens não apenas podem representar um elemento decisivo na competição com similares conterrâneos, mas também ante os importados, cheios de glamour. Não é diferente do que ocorre em outros flancos de cosméticos e também em perfumaria, mas com uma diferença, para não dizer agravante, no caso das maquiagens: menor disponibilidade de soluções locais. “Quando falamos de produto, o Brasil é competitivo e não deixa nada a dever a nenhum outro país do mundo”, assegura Antônio Celso da Silva, diretor industrial da Payot. “Porém quando o assunto é embalagem para maquiagem, somos deficitários. Existe pouca oferta.”

Não obstante as dificuldades para inovar (ver quadro), o mercado nacional de produtos de maquiagem tem acolhido projetos de packaging de alto gabarito. Lançada no ano passado, a assinatura premium Make B., de O Boticário, tem alguns exemplos. Os estojos dos pós compactos, produzidos pela Ipel (Qualipac), incorporam fecho basculante capaz de ser aberto a um único toque, com uma só mão. Assim como as cápsulas dos batons, moldadas pela Bristol e Pivaudran, eles trazem incrustado um cristal Swa-

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Linha Make B., de O Boticário, tem cartuchos com holografia e embalagens primárias de fácil abertura e cristal Swarovski incrustado

Inovação de Make B., delineador em gel tem aplicador integrado

rovski. Os cartuchos de papel cartão em que os produtos são acomodados, processados pela Antilhas, levam laminação com verniz holográfico, de efeito do tipo glitter. Não à toa, as embalagens da linha mereceram um dos troféus outorgados pelo Prêmio Grandes Cases de Embalagem 2011. Gerente de desenvolvimento de embalagens do Grupo Boticário, Rodrigo Wielecosseles afirma que praticidade é um atributo bastante requi-

sitado pela consumidora de produtos de maquiagem – e que a empresa está atenta a tudo o que existe no mercado para entregar esse benefício. “Agregar aplicadores às embalagens é um bom exemplo”, lembra o profissional. “Além dos duos e quartetos de sombra de Make B., que desde o lançamento da linha já trazem o pincel na embalagem, lançamos este ano o delineador em gel com aplicador – uma inovação no mercado brasileiro.” Do balcão da L’Oréal, o diretor de desenvolvimento de embalagens Carlos Lopes endossa a importância da funcionalidade, apontando como diferencial da empresa o aplicador das máscaras Colossal Volum’Express, da marca afilhada Maybelline. O acessório promete produzir seis vezes mais volume nos cílios numa só aplicação, sem deixar resíduos. “O desenho da peça foi desenvolvido e patenteado pela empresa”, conta o executivo.

Aplicador da máscara Colossal é exclusividade da L’Oréal


Entre outras linhas nacionais com mecanismos engenhosos de aplicação, uma que sobressai é a Multi Definition, da Contém 1g – empresa que, após ter surgido como produtora de contratipos de perfumes, decidiu há três anos priorizar o negócio de maquiagem. O corretivo traz uma espátula de silicone para facilitar a dosagem e a aplicação, acessório brandido como inédito no País. Já os potes dos pós compactos trazem no interior uma peneira móvel, com trava, que evita desperdícios. A empresa não identifica os fornecedores dessas inovações.

Para pós soltos, um conceito que ganha respaldo de diversas fabricantes é a embalagem do tipo powder brush. “É uma inovação em que o pó vai acondicionado na base e que, por gravidade, é dosado para um amplo pincel de pêlo natural, proporcionando uma aplicação profissional com praticidade e limpeza”, sintetiza Ricardo Petriccione, diretor geral da importadora de embalagens Primera

Powder brush da Primera: tendência para pós soltos

Beauty & Design. “Trata-se de uma embalagem alinhada com as ultimas tendências de maquiagem mineral em pó.” A linha Make B., de O Boticário, utiliza um exemplar do gênero para a venda de um Soft Blush. A Contém 1g também comercializa corretivos e outros pós nesse tipo de embalagem. À parte a funcionalidade, outra oportunidade que se coloca às fabricantes é o uso de embalagens didáticas, capazes de, senão detalhar, pelo menos fornecer instruções básicas para o uso dos produtos. Ocorre que utilizar produtos de maquiagem harmoniosamente exige conhecimento – não à toa, blogs e canais de vídeo com dicas de make-up transformaram-se

Linha MD, da Contém 1g, sobressai pelos potes com peneira móvel (à esq.) e pelo corretivo dotado de espátula de silicone


Soft Blush de Make B.: aplicador incorporado

em febre na internet, e cursos de automaquiagem são cada vez mais concorridos. Procurando oferecer auxílio às consumidoras, a Belcorp, multinacional peruana que acaba de ingressar no Brasil (ver a Entrevista desta edição), desenvolveu estojos especiais para seus conjuntos de sombras. Eles incorporam uma aleta com um desenho que indica as tonalidades mais adequadas para as diferentes regiões dos olhos. “Esse detalhe tem sido comentado e muito bem recebido pelas consultoras”, conta Claudia Villarán, vice-presidente de produtos da empresa. Segundo a executiva, esse tipo de atributo inevitavelmente eleva o custo da embalagem e reflete no preço dos produtos. “Mas a maior exigência da consumidora brasileira e seu desejo por maquiagens mais sofisticadas compensa o investimento.” (Colaborou Marcelo Marcondes)

Duas vias de suprimento

Albéa (11) 4723-4726 www.albea-group.com Antilhas (11) 4152-1100 www.antilhas.com.br Aptar (11) 4196-7500 www.aptar.com Bristol e Pivaudran (11) 2465-7000 www.bristolepivaudran.com.br Embala Ideias (11) 5521-4325 www.embalaideias.com.br Euromonitor +56 (2) 915-7200 www.euromonitor.com Ipel (11) 4446-7815 www.qualipac.fr Primera Beauty & Design (11) 5524-1141 www.primeradesign.com.br Rexam Beauty Packaging (11) 2152-9800 www.rexam.com/brazil

Produtos de maquiagem geralmente exigem estojos e aplicadores peculiares, dificultando improvisos e adaptações. Moldes de componentes plásticos, especialmente aqueles para injeção, têm alto custo – e vale lembrar que cápsulas e estojos para itens de make-up geralmente utilizam diversas peças. Somadas, a demanda reprimida e as características intrínsecas do negócio criaram uma dicotomia, na análise de Salvatore Privitera, diretor da consultoria Embala Ideias e especialista na indústria de beleza. “De um lado ficam os grandes fabricantes, com altas escalas de produção. De outro, os demais”, diz. Na prática, o primeiro time encontraria respaldo das grandes especialistas em embalagens de maquiagem – nomes como Albéa, Rexam Beauty Packaging e Aptar – para criar embalagens exclusivas. O segundo, devido aos menores volumes, teria dificuldade de atendimento e inovação. “Faltam opções de modelos, preço e flexibilidade nas quantidades”, relata Luisa Cappa Preta, responsável pelo desenvolvimento de produtos da Mahogany, empresa que ingressou no segmento de maquiagem no final de 2009. Para as indústrias pequenas, médias e emergentes, não tem restado saída senão campear embalagens standard trazidas de outros países, predominantemente da Ásia. Mas mesmo os fabricantes com maior pulmão também recorrem às importações. Carlos Lopes, diretor de desenvolvimento de embalagens da L’Oréal Brasil, informa que 60% das embalagens de maquiagem utilizadas pela empresa provêm de outros países. Segundo o executivo, de fato existem contrastes entre o fornecimento

Na Belcorp, aleta didática mostra onde aplicar sombras

Itens trazidos da Ásia pela Primera: muitas opções a custo atraente

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interno e externo que influenciam na competitividade dos produtos. “Com base em aspectos como volume de vendas, custos e investimentos em moldes, sempre analisamos se é melhor investir no produto nacional ou importar componentes.” Antônio Celso da Silva, da Payot, nota que empresas do setor “já conseguem usar boas embalagens importadas através de importadores que fazem estoque local e vendem pequenas quantidades”, ressaltando que no caso específico de maquiagem não se aplica a pecha de baixa qualidade e preço baixo dos produtos asiáticos. “Lá, como cá, existem os bons e os péssimos fornecedores”, pondera. A intermediação entre transformadores asiáticos e indústrias brasileiras tornou-se a razão do sucesso da Primera Beauty & Design. Estabelecida em 2008 com a proposta de comercializar embalagens e acessórios importados para cosméticos em geral, a empresa decidiu priorizar o atendimento a produtos de maquiagem devido à alta demanda. “Nas áreas de cabelos, skin care e perfumaria o volume de vendas é bem maior mesmo nos pequenos produtores, e os fabricantes já disponibilizam diversas e boas opções de embalagem”, comenta Ricardo Petriccione, diretor geral da empresa, parceira de transformadores chineses, taiwaneses e sul-coreanos. Segundo Petriccione, a facilidade de inovação pesa a favor das embalagens estrangeiras. “Naqueles países, um molde sai cinco ou seis vezes mais barato do que aqui”, garante o empresário. “E, no Brasil, o know how está concentrado em um grupo menor de produtores de moldes e equipamentos, o que reprime a concorrência.”



internacional

Cores em fetiche Para atrair olhares, esmaltes adotam vidrinho com formato de bumbum

O que bumbum

tem a ver com esmalte para unhas? A princípio, nada. Contudo, estabelecida de forma pitoresca por meio de uma embalagem, essa associação tem feito a fama da Bootie Babe. A marca se transformou em assunto dos mais comentados em blogs de beleza e redes sociais da internet graças aos esmaltes vendidos em vidrinhos com formato de um torneado quadril feminino. O recipiente é ideia do americano Mark O’Hara, fundador da SuperBooty LLC, dona da marca Bootie Babe. “O intuito foi criar um produto divertido e ousado, que sobressaísse num mercado de embalagens muito iguais”, explicou o empresário a EmbalagemMarca. “É a aposta em algo mais personalizado e com apelo de coleção.”

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Segundo O’Hara, a inspiração para o frasco foi o requebrado do funk, seu gênero musical predileto. Ele mesmo desenhou os primeiros protótipos em 3D do frasco. A tarefa foi facilitada por sua intimidade com aplicativos de desenho e modelagem, fruto de anos de trabalho como executivo de empresas de software do Vale do Silício.

A viabilização da embalagem ocorreu através do investimento de apenas 500 dólares em um molde para produção semiautomática e da assinatura de um acordo com uma produtora chinesa de frascos. Tampas e pincéis aplicadores dos esmaltes provêm da mesma fornecedora. O acondicionamento é realizado nas dependências da californiana Cosmetic Industries.

A primeira coleção de esmaltes, composta por doze opções, começou a ser vendida em outubro de 2011 no site da SuperBooty (www.bootiebabe.com). O’Hara prefere não revelar números, mas diz que a receptividade tem sido bastante positiva – inclusive entre consumidoras brasileiras. “O que incomoda”, ele diz, “é a dificuldade para efetuar remessas internacionais dos pedidos de nossa loja on-line. Por isso, procuramos investidores e parceiros para distribuir a linha mundo afora.” Em abril, a SuperBooty lançou doze novos esmaltes e uma novidade: mochilas, também com formato do derrière feminino. “Teremos uma família numerosa de mercadorias alusivas a essa parte tão encantadora do corpo da mulher”, promete O’Hara.

Bootie Babe: molde de 500 dólares e parceira chinesa viabilizaram solução pitoresca

Envase

Cosmetic Industries +1 (909) 428-7225 www.cosmeticindustries.com Frascos e tampas

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o ã ivas ç t a i r c ns e a g a l a v emb e o d o çã u d n o r p i ar a 012

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Design e e t r A cola de P s E a n aulo, S ica P r e o ã m S a Pan ia, 77 d n â l n oe a* Rua Gr rogram

de Dia 27

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do o mun n a ir e iqu is corr vra ma O”. la alia os a p P que av os OVAÇÃ n IN e “ Não há ls e ie o qu sobre o da N ativo d es de , divisã strante falará de venda. r S o E d corpor e S c A ne A pale ra da B pontos ssa &D, for , direto s inovações. lharem nos iços de a is de P v g a r n n e e s io r a a s e a f fis ores d ceitos Cristina Alv empenhos d s inovações mento ers, pro s Treina iar con prestad a r e d e c d is Design a a % is m i m r e 0 e de r que prováv e mais de 5 hados Audito itas gens e empen ltoria, . Como evita ens, res. Mu sd u o o o s ã embala t iv id n t s o o m e u C ja g m s iva mbala ? Prote os con mas ortilho produt o, D. P ctual. Inovou vações em e a para ojetos, r h ç cadeia il p n t e r e r o d e if le hP ino . Tudo na fase am a d Debora riedade Inte iem de suas odução críveis r que faç do in r p p p o o e o r ã d r s P píadas e ap s. em nhas m s rém, o li li o s s s O s p e a t , e s n s n c re ro ideia iva em tipo da esadelo concor produtos e p o logo deia produt mo. d deia. e um p r a , s o c s d a a m a c d ia a c nsu o cr a mar torn ign. O o aproximar e bens de co tegraçã s in e e e d D d l o i lta com tria d a Tát roduçã pela fa Gelli, d orrerá sobre final, a indús orama izar a p d il e b r ia F ir v c a. Pan gens n e o c is u t r d e n m a r o e 6 li a M C 1 c bala ço par agem ÇÃO Rio 20 ovação no Embal ações em em vação. e m espa “INOVA in d u a t a m s á r s o d u i t r e l v ó s je o v ino pr Re s” OF pro ino sso de criativa os em etor da entação de e s id ir c n o d lv e r , o g p s r v e emina embala icos en Palhar s na implem da cadeia no de diss conôm arcos s e Foods rro M a s ão e o e m t r e d n o a Kraft tir f tegraç a. Tu rtos d u e in iv c t il c os age u a s is a a d d d r e o d ara gens B rtância deia pr gem p Embala a impo o da ca eo , g e o embala D n & lh lo a P o b r. a e retra ente S o no ica. imento ini, Ger gens na prát idade d e temp r s d conhec a s e B e c s a e t o n rs ala vento. Rena duzir a de recu de emb a do e t io o a ã íc d ç d a para re a r é Inov espe ões at uente d tos. alteraç r je o o r p p r conseq a ass nto de derá p olvime ma po a r g desenv o r Op *

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cervejas

Aporte em barril Kaiser ganha “chopeira” one-way de PET, produzida na Holanda e trazida de navio

Após refrigeração, “termômetro” do rótulo fica azul: bebida está pronta para consumo

Torneira deve ser montada antes do consumo

Da unidade industrial da Heineken em Den Bosch, na Holanda, sai a novidade da Kaiser para o mercado brasileiro: cerveja em barril de PET. Essa embalagem, lançada nos Países Baixos em agosto de 2011, é comercializada pela primeira vez fora da Europa, e faz parte do processo de relançamento da marca Kaiser iniciado em novembro. O percurso da Kaiser Barril da Holanda para o Brasil, feito em navio, demora cerca de vinte dias.

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O recipiente, de 4 litros, direcionado ao consumo doméstico, foi desenvolvido em conjunto pela Heineken, pela BPO, agência de design e engenharia de embalagens, e pela APPE, divisão de embalagens que pertence ao grupo espanhol fabricante de PET La Seda de Barcelona (LSB). Desde o lançamento, no ano passado, o barrilzinho de plástico era utilizado apenas pelas cervejas Heineken e Amstel. “É o principal lançamento Kaiser no ano”, afirma

Mariana Stanisci, diretora de marcas mainstream da Heineken Brasil. Esta é a primeira vez que uma fábrica da Heineken na Europa produz cerveja com a marca Kaiser. A fábrica de Den Bosch é a única da cervejaria no mundo equipada com o sistema de envase DraughtKeg (o mesmo utilizado nos barris de aço da Heineken): um pequeno tubo com gás carbônico dentro do barril mantém a cerveja sob pressão. Graças a esse dispositivo, a cerveja


foto: carlos curado

Encaixe da torneira serve de alça para manuseio do recipiente

Ilustração: Osca r Menzel/BPO

Dentro do barril, tubo com gás carbônico mantém a cerveja sob pressão

Embalagem, com capacidade para 4 litros de cerveja, é “o lançamento do ano” para a marca

pode ser retirada por uma cânula, colocada dentro do barril e conectada à torneira. O resultado é uma cerveja mais cremosa, com consistência semelhante à de um chope. De acordo com Oscar Menzel, engenheiro líder de projetos da BPO, “o grande desafio foi fazer os cálculos para garantir que o barril fosse suficientemente forte para aguentar a pressão interna”. Assim como os barris de aço, a embalagem de PET pode ser mantida em refrigerador por

BArril

APPE +44 1 9783-17350 www.appepackaging.com Projeto

BPO +31 (0) 1 5362-0000 www.bpo.nl Design

The Brand Union +44 (0) 20 7559-7000 www.thebrandunion.com

trinta dias depois de aberta. Fechada, preserva o conteúdo por até oito meses. O barril de PET tem barreira contra a entrada de luz e de raios ultravioleta (UV), e a tecnologia desenvolvida pela APPE inibe a entrada de ar no recipiente, evitando a perda de carbonatação da bebida. O rótulo termoencolhível da embalagem traz impresso um indicador alusivo a um termômetro que, graças ao uso de tinta termocrômica, fica azul quando a cerveja está em boa

temperatura para ser consumida. O apoio onde a torneira é encaixada serve de alça e ajuda na hora de carregar a embalagem. Para acostumar o consumidor com a novidade, a Heineken encomendou uma campanha nacional de marketing, assinada pela Fischer & Friends e pela F.Biz. “Serão feitas também várias ações de degustação nos supermercados para ensinar as pessoas a tirar a bebida como chope”, conta Mariana Stanisci. Maio 2012 |

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entrevista

Depois de três anos de preparativos, que incluíram pesquisas e a construção de um entreposto em Jundiaí (SP), no fim de abril a Belcorp anunciou o início de suas operações no Brasil. A empresa, fundada há 44 anos no Peru, é uma autoridade em vendas diretas de cosméticos. Afirma estar no top five mundial desse ramo, além de ocupar o posto de 28ª maior indústria de higiene e beleza do planeta. Presente em catorze países da América Latina e nos Estados Unidos, a companhia aposta no modelo comercial de multiníveis, que estabelece hierarquia entre as consultoras, e num portfólio abrangente, com mais de 800 itens, para concorrer no País com nomes do porte de Natura, Avon, Jequiti, Mary Kay e Eudora. “Não queremos ser apenas mais um jogador no mercado nacional”, assevera o brasileiro Claudio Eschecolla, designado para a direção geral da Belcorp Brasil. Nesta entrevista, o executivo fala das perspectivas para a nova praça de atuação e dos cuidados da empresa com embalagem – “um elemento crítico para nossa proposta de valor”, segundo sua definição.

“Não seremos mais uma” Mercado nacional de vendas diretas de cosméticos ganha uma nova disputante. Claudio Eschecolla, diretor geral da Belcorp Brasil, diz que as metas da empresa para o País são ambiciosas – e que as embalagens serão vitais para alcançá-las

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Que metas a Belcorp estabeleceu para sua operação brasileira? Nosso objetivo é chegar a 2015 com um faturamento de 400 milhões de reais no Brasil, alicerçado por uma rede de 200 000 consultoras e 15 000 líderes de vendas. A expectativa é consolidar o Brasil como mercado número 1, o mais importante para nossos negócios. Não se trata de uma praça a mais para a companhia. Preparamo-nos durante três anos para sermos um jogador relevante no mercado brasileiro de cosméticos e produtos de cuidados pessoais. Pretendemos investir 200 milhões de reais para concretizar nossas metas. Em três anos, muito provavelmente teremos também uma fábrica local construída. A Belcorp tem 44 anos e já atua em catorze países na América Latina, fora os Estados Unidos. Por que a empresa não ingressou antes no Brasil?


Com mais de oitocentos produtos, teremos o maior portfólio do mercado brasileiro de venda direta de cosméticos. Mas tudo não se resume a quantidade. Temos uma proposta de valor diferenciada

Quisemos primeiro expandir a operação para países de mesmo idioma e costumes parecidos. Foi estritamente por estratégia de negócio. O mercado brasileiro de cosméticos evoluiu extraordinariamente na última década e hoje apresenta oferta enorme de marcas e produtos. O segmento de vendas diretas, em que atua a Belcorp, é disputado por grifes de grande porte e reconhecimento. Nesse contexto, a empresa traz algum diferencial? Uma diferença importante em relação às principais empresas brasileiras de venda direta de cosméticos é o fato de operarmos por meio do marketing de rede, ou vendas multiníveis. É um modelo que, baseado no estabelecimento de grupos de consultoras, gerenciados por líderes, traz a oportunidade de melhores níveis de remuneração para a força de vendas. Não podemos esquecer, é claro, que temos todo um expertise já desenvolvido, um know-how que nos alçou ao posto de décima maior empresa de vendas diretas do mundo e de 28ª maior companhia de cosméticos do planeta. Com mais de oitocentos produtos, teremos o maior portfólio do mercado brasileiro de venda direta de cosméticos. Mas tudo não se resume a quantidade. Temos uma proposta de valor diferenciada, calcada em três marcas com perfis bem-definidos: L’Bel, nossa assinatura mais premium, de alta tecnologia, focada em produtos para pele; Ésika, que é um guarda-chuva para perfumaria e maquiagem; e Cyzone, de perfil jovem e divertido, com produtos voltados a mulheres de 17 a 24 anos. Todas as marcas terão doze catálogos por ano. Segundo a Belcorp, sua operação brasileira terá produtos importados

e outros fabricados localmente por terceiros. Quais produtos atendem a cada um desses perfis? Iniciaremos a operação com produtos importados acabados, importados semiacabados e produtos fabricados no Brasil. Não sei exatamente qual a proporção de cada um destes perfis neste momento, mas as duas primeiras classes são preponderantes. Nossa meta, entretanto, é que 80% dos produtos vendidos no Brasil sejam produzidos localmente em poucos anos. E que sejam acondicionados em embalagens também feitas no País. A Belcorp encontrou dificuldades para ter suas demandas em embalagem atendidas pelo mercado brasileiro? Na verdade, para certos tipos de embalagens até encontramos facilidade, porque mesmo sem atuar diretamente no Brasil já éramos atendidos por fornecedores brasileiros, como a (produtora de embalagens de vidro) Wheaton. Nossos fornecedores são, em sua maioria, latinoamericanos, porém há alguns europeus. Atualmente, trabalhamos embalagens de vidro com SGD e Schott, em embalagens de alumínio com a Graphocolor, em etiquetas e rótulos termoencolhíveis com a Baumgarten, interiores de cartuchos com a Tecnopapel e em caixas para fragrâncias com a Congraf, entre outros fornecedores. À medida que a operação crescer, devemos ampliar nossa carteira de fornecedores locais. A Belcorp costuma utilizar embalagens standard ou prioriza o trabalho com embalagens exclusivas? Priorizamos o design exclusivo, sobretudo em fragrâncias, linhas de tratamento de pele e maquiagem. Em geral essas embalagens são criadas por nossa


equipe interna em conjunto com designers de renome internacional. Já nas extensões de linha, utilizamos opções standard. Dos produtos que serão lançados no Brasil, quais o senhor considera os mais inovadores em termos de embalagem? Uma das embalagens que nos trouxe mais desafios em sua criação foi a do creme facial Concentré Total, que é um carro-chefe de nossa marca L’Bel. É um pote de 350 gramas, com laterais de até 23 milímetros, sem similar no mercado mundial. Fizemos esse desenvolvimento em conjunto com a empresa francesa Pochet. E ainda contamos com um fornecedor italiano para a tampa. É um bom exemplo de trabalho em equipe. A embalagem é considerada uma ferramenta de marketing pela Belcorp? Sem dúvida. Para nós, a embalagem é um elemento chave de marketing, na medida em que é crucial para o desenvolvimento de nossos produtos. Essa importância se dá em três sentidos. O primeiro, mais óbvio e evidente, é que a embalagem é um instrumento de atração. Ela tem de cativar, provocar a consumidora. Para isso, trabalhamos com grandes designers, de renome mundial, que nos ajudam a fazer embalagens instigantes. Isso leva ao segundo ponto crítico. Nossas embalagens precisam ser atraentes, mas devem também ser funcionais. Elas têm de ajudar a consumidora a ter uma experiência agradável, fascinante com os produtos. Para nós, tão importante quanto o produto ser bonito é que a consumidora interaja com ele de maneira especial. Nesse sentido, utilizamos muitas técnicas de pesquisa, como Kano/Kansei (metodologias criadas no Japão para medir respostas psicológicas e emocionais a produtos), que nos ajudam a entender ergonomia, os códigos de valor para construir essa funcionalidade de produto. O terceiro elemento crítico para nossas embalagens é proteção, sobretudo para os produtos de tratamento facial. Exigimos segurança para que nossas fórmulas desempenhem suas promessas com perfeição. É por isso

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Nossas embalagens precisam ser atraentes, mas devem também ser funcionais. Elas têm de ajudar a consumidora a ter uma experiência agradável, fascinante com os produtos que, por exemplo, utilizamos muito vidro, em contraste com empresas que utilizam muito plástico. O vidro é muito mais inócuo, um meio muito melhor para a preservação de fórmulas de alta tecnologia como as nossas. As consultoras recebem treinamento para falar das vantagens propiciadas pelas embalagens? As consultoras são treinadas para entender o portfólio de produtos em geral. Há muitíssimas informações e, para certas linhas de produtos, naquelas em que a embalagem tem um propósito de proteção, uma razão de ser muito importante, enfatizamos esses claims (atributos). Mas quando se trata simplesmente de cativar, como nas fragrâncias, não usamos esses claims com as consultoras. Elas têm argumentos mais efetivos para utilizar, sobre características dos produtos.

Produtos para pele e de perfil premium levam a grife L’Bel

muito importante no sentido de sustentabilidade, de diminuir o impacto ao ambiente, ao planeta. Estamos muito de acordo com ela. Recentemente, adotamos refis na linha Concentré Total. Queremos trabalhar mais com refis, sobretudo em produtos cujas embalagens são muito elaboradas ou quando a recarga possa oferecer praticidade e um benefício econômico importante para a recompra.

No Brasil, as principais empresas de venda direta de cosméticos oferecem refis para a recarga de embalagens. A Belcorp fará o mesmo? Consideramos essa uma estratégia

Maquiagem é o forte da marca Ésika (à esq.). Já Cyzone é a assinatura para garotas


A Belcorp lança algo próximo a 270 produtos novos por ano. A operação brasileira terá equipes de pesquisa e desenvolvimento? Sim. Hoje, por exemplo, nossa equipe de marketing já trabalha em parceria com os times de pesquisa e desenvolvimento da Colômbia e do Peru. A expectativa é de que a equipe cresça e tenha cada vez mais representatividade nos processos de inovação. Há quem diga que a embalagem não é tão importante para as vendas diretas quanto para as vendas no varejo de autosserviço. O senhor concorda? Discordo. Embora nossa apresentação ao consumidor não se dê através de uma vitrine física, real, ela acontece por meio de uma vitrine de fantasia, que são os catálogos. As pessoas veem e compram produtos por meio de imagens impressas em revistas. Desse modo, as embalagens devem ter um poder enorme de cativar para transcender a nãorealidade. Elas precisam ser bastante carismáticas, muito fortes. Ademais, a consumidora não pode se frustrar com discrepâncias entre o que vê nos catálogos e o que recebe da consultora. A satisfação tem de ser plena, para que haja recompra. Cabe acrescentar que,

Refis, disponíveis para cremes faciais, deverão ser adotados em outros produtos

dentro de uma estratégia de diversificação de canais, temos aberto em outros países lojas próprias, sobretudo com a marca L’Bel. Isso também nos obriga a ter produtos convincentes, persuasivos. A Belcorp teve de adaptar produtos para atender a particularidades do mercado local?

A maioria dos produtos atende às necessidades da consumidora local. Ainda assim, criamos novas fragrâncias em Ésika e L’Bel pensando no perfil do mercado brasileiro. São fragrâncias mais leves, com notas florais e frutais. É um cuidado a mais frente àquele que, inevitavelmente, será nosso principal desafio: gerar experimentação.

Números da Belcorp É a 10ª maior empresa de vendas diretas do mundo É a 28ª maior indústria de cosméticos do planeta Atua em 16 países Possui 4 fábricas: uma no Peru, uma no Chile, uma no México e uma na Colômbia Tem 8 500 funcionários Conta com 900 000 consultoras de vendas Faturou 1,6 bilhão de dólares na América Latina em 2011 Produção em Tocancipá, na Colômbia

Lança, em média, 270 produtos novos por ano Fontes: Belcorp e Direct Selling News Maio 2012 |

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Vestuário

Caixas, feitas de pinus e com tampa de acrílico, ajudaram a criar percepção premium para a marca

Diferentes, exclusivas e chiques Camisaria investe em embalagens de madeira produzidas artesanalmente para dar requinte a seus produtos A camisaria Conto Figueira, dos estilistas Camila Simielli e Bruno Passos, aposta em embalagens fora do padrão habitual na categoria para agregar valor a seus produtos. A grife comercializa uma de suas coleções – batizada de Abaruna – em caixas de madeira. Nesta coleção foram desenvolvidos cinco modelos de camisas, e cada um recebeu uma embalagem com arte distinta. Cada modelo é representado pelo desenho de um animal brasileiro, com uma breve descrição de seus hábitos e peculiaridades, e com o nome grafado em tupi. “O objetivo é levar ao público, mesmo que de maneira sucinta, novas informações sobre a fauna do seu Pais”, diz o designer Fernando Marar, da agência paulistana Moio Coletivo, responsável pelo conceito e pela comunicação da marca e pela criação das embalagens. As caixas são produzidas em uma marce-

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naria que atende a marca com exclusividade neste tipo de serviço. O trabalho de cortar o acrílico da tampa, adesivar, assinar, retirar o pó de serra e acondicionar as camisas é feito pelo pessoal da Moio Coletivo e da Conto Figueira. As embalagens são numeradas manualmente, visando ressaltar o grau de exclusividade de cada peça. “A madeira pinus traz o caráter rústico e ao mesmo tempo refinado quando somada à tampa de acrílico e a seu conteúdo gráfico”, explica o designer. “A marca tem em seu cerne a identidade brasileira, mas foge veementemente da brasilidade ‘para gringo ver’. Aqui o foco são histórias ricas que vão muito além da praia, da bossa nova e da bola de futebol.”

conta Fernando Marar. “O custo da embalagem ficou dez vezes mais alto que o das caixas convencionais de papel cartão, porém o valor percebido da peça também se elevou bastante, e conseguimos posicionar no mercado uma marca relativamente nova, mas com alto valor agregado”, relata. O designer ressalta que outro resultado obtido foi estimular o desejo do consumidor da Conto Figueira, que hoje, segundo ele, estaria ansioso para saber como serão as embalagens de cada nova coleção. “Quem trabalha com moda sabe o valor imensurável e a dificuldade de criar um item que gere desejo”, observa Marar. “Estamos realmente muito felizes com o resultado.”

Os resultados da embalagem exclusiva foram superiores aos esperados pela camisaria. “Foi uma aposta de risco muito bem-sucedida”,

Moio Coletivo contato@moio.com.br www.moio.com.br



higiene pessoal e beleza

Fruto do planejamento Renovação de embalagens da linha Elseve harmoniza anseios das áreas de marketing e de produção, trazendo ganhos expressivos para a L’Oréal Sucesso da

L’Oréal no mercado brasileiro, a linha de xampus e condicionadores Elseve teve suas embalagens reformuladas no final de março. Não foi uma mudança estritamente cosmética. Além de apresentar visual mais moderno, atendendo às expectativas do departamento de marketing da multinacional francesa, os novos frascos trouxeram ganhos de produtividade e vantagens logísticas. “O grande diferencial desse projeto foi planejamento”, considera Carlos Lopes, diretor de embalagens da L’Oréal Brasil. Confira as principais ações e os resultados da iniciativa.

Formato otimizado Antes da reformulação, a produção da linha Elseve utilizava cinco formatos de frascos (foto 1): três para os xampus (250ml e 400ml para o mercado nacional e 200ml para exportação) e dois para os condicionadores (200ml e 300ml). Eles foram substituídos por apenas duas versões (200ml e 400ml), que servem para xampus e condicionadores (foto 2), sopradas numa planta in-house da Alpla. “Com essas alterações, a gestão da produção ficou bem mais fácil”, diz Carlos Lopes. “A simplificação nos trouxe grande economia na produção e na manutenção de moldes, na gestão de fornecedores, nas linhas de enchimento, na administração de estoques, no desenvolvimento de cores e em uma série de outros detalhes.”

1

3 2

Eficiência no transporte O novo formato tem maior estabilidade nas linhas e dispensa interlayers nas embalagens de transporte. “Deixamos tudo preparado para, gradualmente, converter nossas saídas de linha, que hoje trabalham com caixas de papelão ondulado, para adotar embalagens de transporte termoencolhíveis”, antecipa Carlos Lopes.

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Quebra de paradigma

fotos: carlos curado

Com a racionalização nos frascos, diminuiu o número de facas necessárias para a produção dos rótulos autoadesivos. Mas, no caso da decoração das embalagens, o destaque ficou por conta da linha Reparação Total 5, a mais importante de Elseve. Para destacar a renovação dessa gama especial, o time de marketing mudou o nome para “Reparação Total 5+”, trazendo ingredientes novos e reforçados. Além de comunicar a nova fórmula, o símbolo “+” também faz alusão a um posicionamento ainda mais premium trazido com a renovação da marca e com as novas embalagens. Para reforçar a estética mais qualitativa dessa gama, a L’Oréal especificou um substrato holográfico para seus rótulos (foto 5). “Definimos que o ‘shine line’ (risco brilhante inerente ao processo de produção da base holográfica) não poderia aparecer nos rótulos”, conta Cristiane dos Santos, da área de desenvolvimento de embalagens da L’Oréal. “Era preciso que essa linha caísse sempre sobre a matriz, a área do substrato autoadesivo que é retirada após o meio-corte e que é descartada ainda no convertedor. Foi um grande desafio.” A solução, por razões técnicas que são guardadas em sigilo, só se viabilizou com impressão digital – um desenvolvimento conjunto da L’Oréal e da Baumgarten, fornecedora de todos os rótulos de Elseve. Segundo a HP, fabricante da impressora em que os rótulos são impressos, os volumes produzidos para a linha Reparação Total 5+ quebram paradigmas globais em impressão digital, normalmente vista como solução para baixas tiragens.

5

Melhor leitura Nas tampas, mais racionalização Se antes eram necessárias três versões de tampas para os diferentes frascos, com o redesenho esse número caiu para duas – uma para cada tamanho de embalagem. Com superfície plana e paralela à base, a mesma tampa do xampu serve para expor o frasco do condicionador na posição invertida. Por determinação da área de marketing, as tampas, injetadas em polipropileno, precisavam manter um grau de transparência suficiente para que o consumidor visualizasse o contorno do frasco (foto 3), cujos ombros remetem à forma da embalagem que seria substituída. Para isso, foram utilizados masterbatches com aditivos que elevam a translucidez da peça plástica.

Uma sutileza encontrada nos contrarrótulos de Elseve é o uso de substrato fosco nas variantes que utilizam frascos de cor clara, o que melhora a leitura dos textos (foto 4).

4

Frasco

Masterbatches

Desenho técnico

Clariant (11) 5683-7233 www.clariant.com.br

Alpla (19) 3848-8020 www.alpla.com MN Design (11) 2345-6644 www.mndesign.com.br Tampas

América Tampas (11) 2504-7014 www.americatampas.com.br

Ampacet (11) 2015-9001 www.ampacet.com

Korbety (11) 3952-9055 www.korbety.com.br

Rótulos

Baumgarten (47) 3321-6666 www.baumgarten.com.br

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Especial: aço

Bicentenária, mas contemporânea O desafio de convencer o consumidor final de que a lata de aço – pioneira das embalagens feitas em escala industrial – não é uma solução antiquada

Dilema para a lata de aço. De um lado, pode-se afirmar ter sido ela a pioneira da idade moderna das embalagens, caracterizada pela produção em escala industrial para acondicionar produtos de consumo massivo (*). De outro, ainda que tendo incorporado ao processo de fabricação uma pesada bateria de inovações tecnológicas desenvolvidas ao longo dos últimos dois séculos, esse recipiente é visto como “antiquado” por parte dos consumidores. Thaís Fagury, gerente executiva da Associação Brasileira da Embalagem de Aço (Abeaço), discorda dessa visão

e lembra que “a linha de evolução da embalagem de aço registra uma série contínua de conquistas”. Entre outros avanços importantes ocorridos nos últimos vinte anos e que não seriam claramente notados, ela cita o aliviamento de peso, obtido graças à redução da espessura da folha de aço de que são feitas as latas, “de 40% no caso de recipientes para alimentos”. Outra importante melhoria lembrada pela executiva deu-se no revestimento interno das latas, atualmente feito com verniz elástico. “Além das vantagens intrínsecas representadas por essas conquistas, elas implicam, respectivamente, a

Thaís Fagury, da Abeaço: “Lata registra série contínua de conquistas”

(*) Em 1810 os ingleses desenvolveram o conceito de conservação e preservação da lata de aço como é basicamente aplicado até hoje. Foi um aperfeiçoamento da técnica criada oito anos antes pelo confeiteiro francês Nicolas Appert em resposta à convocação de Napoleão Bonaparte aos cientistas e industriais da época para desenvolver um sistema de conservação de alimentos capaz de abastecer com eficiência seus exércitos. A appertização, como a técnica passou a ser conhecida, consistia na aplicação de calor a um alimento acondicionado em embalagem hermética (inicialmente vidro), a temperatura e em período de tempo determinados, de modo a atingir a esterilização.

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do aço basicamente em quatro fatores, em prazo relativamente curto: 1) incremento da renda da população brasileira, com potencial de aumento do consumo de alimentos e bebidas acondicionados em latas; 2) crescimento de uso de tintas industriais e de construção civil, na esteira de uma possível elevação de vendas de veículos e imóveis; 3) conquista de novas fatias de mercado em categorias nas quais o aço sempre teve participação modesta, como a de produtos acondicionados em aerossol e a de refrigerantes; 4) ampla disseminação da consciência ambiental, favorecendo a preferência do consumidor por embalagens sustentáveis, entre as quais a de aço se destacaria.

Neste último aspecto, o setor coloca parte considerável de suas fichas na implementação da lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a efetivar-se até 2014, quando deverão estar em prática em todo o País sistemas de logística reversa, para dar destinação correta às embalagens pósconsumo. Num passo concreto nessa direção, quinze empresas associadas à

Produção de embalagens, por tipo de material (% em relação a igual período do ano anterior) MATERIAL

PESO TOTAL

MADEIRA

1,80

24,63

15,83

VIDRO

8,70

14,18

11,69

METAL

1º SEMESTRE 1º SEMESTRE 2010 2011

26,60 23,89

4,38

PAPEL, PAPEL CARTÃO E PAPELÃO

33,20

11,42

1,45

PLÁSTICO

29,70

14,10

0,46

Inovação como fundamento Afirmando que a estratégia da empresa é fundamentada na inovação não só de produtos, mas também de processo, gestão e modelo de negócio, Antonio Carlos Teixeira Alvares, CEO da Brasilata, conta que, nos últimos anos, produtos da metalgráfica, dona de quatro fábricas no País, conquistaram “algumas dezenas de prêmios internacionais e mais de cinquenta nacionais”. Teixeira destaca lançamentos feitos em anos recentes e já adotados por inúmeras marcas dos diferentes segmentos a que se destinam. Em 2008, um recipiente de 18 litros para produtos perigosos teve a espessura reduzida em função de uma nova tecnologia, que “quebrou o paradigma mundial” e recebeu, em Dubai, o prêmio ouro no The Cans of the Year Award. Em 2009, o aerossol para cosmético com o fundo revestido em PET. Em 2010, a lata de tinta de 900 mililitros com fechamento TOp (Total Opening). E em 2011, o Barricaço, barrica de aço para concorrer com

a de papelão para massa corrida e produtos pastosos de alta densidade (prêmio ouro no The Cans of the Year Award, realizado em Istambul, na Turquia). O CEO da Brasilata diz ainda que a TOp Gun, lata para tintas capaz de ser acoplada a pistolas de pintura, terá em breve seu primeiro uso, por um cliente cujo nome não pode revelar. Embora registre que o desempenho da empresa em 2011 tenha sofrido queda de vendas de aproximadamente 5%, Teixeira aponta como aspecto positivo o início de operação de sua quarta unidade de produção, em Recife, no final do ano. Confiante na melhora do desempenho dos setores que atende, a empresa implantou em 2011 duas novas linhas litográficas, sendo uma quadricolor e outra bicolor e uma linha de lata expandida de um quarto de galão (900 mililitros). Em 2012 está instalando uma linha de um galão (3,6 litros) expandida e outra de aerossol. Além disso, iniciou a construção de um centro de pesquisa em Estrela (RS).

Lata para produtos perigosos e TOp Gun: invenções recentes da Brasilata

Fonte: IBGE/Elaboração: FGV — Mar/2012

diminuição da pegada de carbono dos produtos, facilitando a logística, e a eliminação da necessidade de se descartarem latas amassadas ainda fechadas, como ocorria no passado.” Mas esses ganhos podem ser imperceptíveis para o consumidor”, lamenta. “Há muitos outros avanços ignorados pelo grande público, como a redução da largura da solda das latas, o fato de que esse processo de costura há muito tempo é feito de forma eletrostática, dispensando o emprego de metais pesados, e ainda as latas de duas peças, sem solda.” A belga Ellen Wauters, gerente de comunicação da European Metal Packaging (Empac), entidade que congrega metalgráficas européias, analisa a questão sem perder de vista a autocrítica. “Esse é simplesmente um problema de percepção, mas, por isso mesmo, é também um problema de comunicação do setor”, afirmou em recente passagem pelo Brasil (ver quadro na pág. 44). Afora esse problema, cuja solução depende exclusivamente de decisão dos agentes do setor, de modo geral estes depositam expectativas de melhora da imagem e do desempenho comercial


Abeaço investiram em janeiro último 1 milhão de reais na criação da Associação Prolata Reciclagem, instituição sem fins lucrativos que visa reciclar embalagens de aço descartadas. Com início de funcionamento previsto para este semestre do ano, a primeira unidade recicladora da entidade (está prevista a criação de outras, em número indeterminado) ocupará um espaço de 1 000 metros quadrados em São Paulo. Segundo Fernando Mourão, gerente comercial de distribuição da CSN e diretor da Abeaço, a unidade terá capacidade para receber diariamente até 20 toneladas de embalagens vazias. Ainda no terreno das coisas práticas, Paulo Campissi, especialista em inovação de embalagens metálicas da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, único fornecedor local de chapas de aço, lembra que a empresa criou em 2003 um Centro de Inovação com o objetivo justamente de manter, recuperar e prospectar mercados. Esse laboratório conta com uma equipe formada por engenheiros, designers, especialistas em marketing e em técnicas comerciais. Desde sua criação, segundo apresentação feita por Campissi no 1º Congresso Brasileiro do Aço, realizado em abril último em São Paulo, no âmbito da feira Expo Embala, o Centro conseguiu expressivas reduções na espessura (e portanto no peso) das folhas de flandres, além de implementar a fabricação de latas expandidas, das quais as mais notó-

Oferta para outras usuárias Subsidiária da gigante da área de alimentos JBS, a JBS Embalagens Metálicas, uma das maiores metalgráficas do País, com duas fábricas (nos municípios paulistas de Barretos e Lins), tem sua atuação focada nos resultados que pode gerar comercializando latas de aço para outras empresas do grupo e também para terceiros. Estreou publicamente nesta condição em abril último, quando participou com estande na feira ExpoEmbala, realizada em São Paulo. A empresa firma possuir um dos parques industriais mais modernos da América Latina, e no ano passado, ao que informou por escrito para esta reportagem, destinou cerca de 60% de sua produção de latas para clientes terceiros, ficando os 40% restantes para a indústria de carne do grupo. “Nossas linhas industriais são capazes de produzir 850 milhões de latas por ano”, diz Augusto Seoane, diretor da JBS Embalagens Metálicas. “Somos uma das poucas empresas capazes de adquirir matéria-prima tanto no mercado doméstico quanto no mercado externo e garantir aos nossos clientes integração total dos processos.”

Lata utilizada pela própria JBS: braço metalgráfico da companhia atende outras usuárias

Aberta a novidades

CMP aposta alto no galão sem anel superior de travamento, já utilizado pela Colatex

Desde 1924 no mercado de latas de aço, a CMP – Companhia Metalgraphica Paulista está aberta a desenvolvimentos de embalagens diferenciadas, garante o gerente comercial Adriano Marson. Dentre os projetos recentes com caráter inovador, o executivo pinça o do galão para massas e texturas desprovido do anel superior de travamento da tampa, adotado pela goiana Colatex. Diz Marson: “A embalagem visa proporcionar maior praticidade ao consumidor final, que pode aproveitar o produto em sua totalidade. A ideia foi muito bem aceita pelos pintores, que reivindicavam uma solução do gênero há muito tempo.” De acordo com o gerente comercial da CMP, o projeto com a Colatex é um sucesso. “Depois de adotar a embalagem em massa corrida, o cliente expandiu o uso para um selador acrílico”, conta Marson. Curiosamente, o recipiente atraiu também indústrias alimentícias. A Aladim Alimentos decidiu utilizá-lo para a venda de pirulitos e doces. Já a Alisul, dona da marca Supra, começou a empregá-lo no acondicionamento de rações para cães.

“Será preciso forte comunicação junto aos consumidores” Criada em 2006, a European Metal Packaging (Empac) congrega os principais fabricantes europeus de embalagens de metal. Gerente de comunicação da entidade, a belga Ellen Wauters participou do 1º Congresso da Embalagem de Aço, evento organizado pela Associação Brasileira da Embalagem de Aço (Abeaço) durante a ExpoEmbala, feira ocorrida em São Paulo no final de abril. A executiva concedeu a EmbalagemMarca a seguinte entrevista: Quais são os principais desafios para a indústria de latas de aço? Hoje, custo é a grande preocupação dos clientes. Logo, é fundamental que a lata de aço mantenha

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preços competitivos. Outro desafio é convencer autoridades regulatórias e a cadeia de abastecimento de que o aço tem credenciais superiores em reciclagem e sustentabilidade em geral. No Brasil, soluções concorrentes têm avançado em mercados outrora cativos da lata de aço. Acontece o mesmo na Europa? Estatísticas são escassas. É nítido, porém, que a lata de aço enfrenta na Europa competição cada vez mais severa com outras opções de embalagem em alimentos e em produtos químicos. Não falo de migrações entre aço e alumínio, porque nossa entidade busca promover metais em geral. Em tintas, tem crescido a

disputa com o plástico. Mas vale lembrar que plásticos também enfrentam desafios, devido aos preços voláteis do petróleo e às dificuldades de reciclagem. As perspectivas são boas em alimentos premium e em aerossóis. De modo geral, pelo menos no Brasil, a lata de aço é vista de certa forma como “ultrapassada” pelos consumidores. Qual a percepção do consumidor europeu? A Empac mantém em sua página na internet uma biblioteca de inovações onde é comprovado que a lata é uma solução versátil, convincente e que vem evoluindo. Numa primeira fase temos trabalhado para convencer de seus


Fábrica de ideias Como resultado do programa Fábrica de Idéias, de incentivo à participação dos funcionários na melhoria dos processos e no desenvolvimento de novos produtos, a gaúcha Metalgráfica Renner colocou no mercado, em anos recentes, alguns itens inovadores em embalagens, dos quais o gerente geral José Victor Basso destaca a tampa Security e uma lata cônica a vácuo. A tampa é plástica, em corpo metálico, e serve para proteger produtos líquidos, pastosos, em pó e os que exigem atmosfera controlada, segundo Basso. O desenvolvimento, feito na fábrica da empresa em Gravataí (RS), levou cerca de dois anos e meio e consumiu cerca de 2 milhões de reais em equipamentos. “Além da praticidade e da segurança”, ele diz, “o sistema permite inovar nas cores, oferecendo inclusive a opção transparente.” Entre as empresas que já adotaram o sistema de fechamento Security, o executivo cita a Josapar, a Jimo Química, a Barion, e a Cosulati. O outro desenvolvimento destacado é uma lata multifuncional e

sem costura, para produtos químicos ou alimentícios a vácuo, com capacidade de 1 quilo ou 2,5 quilos. Não possui borda enrolada para dentro, facilitando o manuseio e não deixando resíduo no uso, enquanto o efeito de dupla pressão (tampa e lata) isola o conteúdo de contaminação do meio externo. A conicidade permite o encaixe de uma lata dentro da outra, reduzindo com isso a área de estocagem de latas vazias em 78%. Empresas usuárias citadas: Flint Group, Sun Chemical, Premiata e Cromos S/A. Como as demais indústrias do setor, a Renner, que em 2011 registrou “crescimento muito pequeno (2,5%)”, mantém boas expectativas para o futuro próximo. Apostando no crescimento da economia, a empresa colocou em funcionamento no primeiro semestre de 2011 uma nova linha de baldes cônicos de 18 e 20 litros (para atendimento principalmente do mercado de tintas) e implementou uma série de melhorias técnicas em seus produtos.

Lata cônica para tintas: diferencial da Renner

muitos atributos, com ênfase na sustentabilidade, os transformadores e os usuários. Numa segunda fase, não menos importante, será preciso forte comunicação junto aos consumidores. O que a indústria brasileira de latas de aço pode aprender com a europeia? Na verdade, acho que podemos aprender uns com os outros para desenvolver uma mentalidade de melhores práticas. A criação de um encontro global do setor de latas ajudaria a garantir uma boa troca de informações em prol do mercado. Trabalharemos nisso com afinco.

Ellen Wauters: lata é versátil, mas público precisa ser convencido disso


Comparação entre mercados produtores de latas de aço Local

Número de fabricantes

Número de funcionários

Produção total

Produção por funcionário

EUROPA

+ 200

+ 50 000

70 bilhões latas/ano

1,4 milhão de latas/ano

EUA

+ 200

+ 22 000

133 bilhões latas/ano

6,0 milhões de latas/ano

BRASIL

+ 70

+ 25 000

30 bilhões latas e componentes/ ano

1,2 milhão de latas/ano

em dados do IBGE, estudo da entidade encomendado pela Associação Brasileira de Embalagem (Abre) mostra que as vendas de embalagens metálicas (incluídas as de alumínio) evoluíram 4,38% no primeiro trimestre de 2011

Novidades em diversas frentes Das novidades desenvolvidas recentemente pela Um negócio que entusiasma a empresa é a Cerviflan, o diretor técnico Jean Lozargo destaca produção de latas de aerossóis, iniciado em 2005. as latas de 225 mililitros (1/16) com sistema neckNessa atividade, a Cerviflan afirma oferecer atualin (autoempilhamento) e a redução da espessura mente a linha mais completa do País em diâmetros de solda nas latas quadradas de 18 litros. “No prie alturas de latas. Lozargo diz que uma inovação meiro caso, procuramos solucionar um problema recente, e exclusiva da empresa, é o tubo de 45 de proteção, pois pesquisas informais nos pontos milímetros de diâmetro com aplicação de película de venda identificaram que essas latinhas são as de PET na base. “Essa embalagem foi pensada para que mais sofrem avarias devido a quedas”, diz o setor cosmético, sobretudo para o envase de Lozargo. “Já a nova solda das latas de 18 litros indesodorante. Com o PET no fundo, ela pode ficar terfere menos no rótulo do produto, favorecendo na pia, sem o risco de ferrugem”, detalha. apelos de marketing.” Embora não seja propriamente novidade, o balde de 20 litros é uma aposta da empresa para tintas e produtos químicos. Conforme explica o diretor da Cerviflan, tratase de uma solução bem-vista pelo consumidor, por apresentar alça e ter apelo de reuso, mas que ainda enfrenta resistência, por ocasionar menor aproveitamento de espaços – de 5%, segundo seus cálculos – nos processos de transporte e armazenamento. “Outro paradigma é o custo, hoje 10% superior, em média, comparado ao da lata quadrada, pelo maior consumo de aço”, diz Lozargo. “Mas vale lembrar que, além de mais resistente em relação à lata quadrada, o balde é uma embalagem mais bonita, Balde para tintas, lata com solda reduzida ideal para produtos de alto valor e tubos para aerossóis: apostas da Cerviflan agregado”.

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em relação ao mesmo período de 2010, atrás apenas das feitas de madeira e de vidro (ver tabela na pág. 43). Em volume, informa a Abeaço, em 2011 o setor produziu 12 bilhões de latas, contra 11 bilhões em 2010, num aumento de 9%. A produção do ano passado equivaleu a 600 000 toneladasjbs embalagens e propiciou aos fabricantes um faturamento de 4,5 bilhões de dólares.

O setor ostenta com orgulho outros números bilionários. A publicação Nosso Aço, comemorativa dos 200 anos da criação da lata de aço, editada em 2010 pela associação, mostra que naquele ano os 25 000 funcionários de setenta fabricantes produziram 30 bilhões de latas e componentes (tampas e outros acessórios). À primeira vista as cifras impressionam, mas são menos animadoras quando se compara a produtividade relativa de um trabalhador brasileiro com a de um europeu e, principalmente, de um americano, conforme dados da mesma publicação (ver tabela nesta página). A comparação é ainda mais desfavorável considerando-se que o número relativo à produção brasileira é de latas e componentes. Não obstante esse quadro, a gerente executiva da Abeaço afirma que o parque metalgráfico brasileiro “está em pé de igualdade com o resto do mundo – e em alguns casos à frente de outros países, como em corpo de embalagem e em litografia”. Ela faz a ressalva de que

abeaço, in o nosso aço / 2010

rias são a do Leite Moça, de 2004, e as de outros produtos da Nestlé que se seguiram, como Nescau e Nescafé Capuccino. Na outra ponta, as metalgráficas, responsáveis pela transformação das folhas em recipientes, rebatem o que qualificam de imagem equivocada da lata citando altos investimentos em equipamentos, motivação de equipes e produtos premiados internacionalmente. E, mesmo amargando pesadas migrações de algumas categorias de produtos para embalagens feitas de materiais concorrentes – como a de óleo comestível, açambarcada pelas garrafas de PET, e mais recentemente a de atomatados, desviada de forma expressiva para stand-up pouches –, o setor em seu conjunto registrou ultimamente crescimento significativo, de acordo com os números de mercado mais recentes disponibilizados pela Fundação Getúlio Vargas. Com base


“ficamos um pouco atrasados em termos de sistemas de fácil abertura”, mas atribui tal senão à indústria usuária: “Esse recurso agrega valor à embalagem, e o envasador não está disposto a investir em algo mais eficiente.” Mesmo ante esse panorama aparentemente desestimulante, proprietários e dirigentes de metalgráficas alardeiam aplicações em equipamentos de ponta, mas sem abrir valores (as exceções são a Cerviflan, que revela ter investido 11 milhões de euros nos últimos cinco anos na aquisição de novos equipamentos e na expansão da capacidade produtiva, e a Metalgráfica Renner, que cita cerca de 2 milhões de reais aplicados ao longo de dois anos na compra de equipamentos). Todavia, ao que declarou Paulo Campissi, durante o Congresso do Aço, haveria necessidade de maiores aplicações. Ele atribui as diferenças de produtividade entre Brasil, Europa e Estados Unidos a uma possível falta de

motivação dos transformadores para investir em equipamentos de última geração. Fernando Mourão, da CSN, é mais claro: “Os transformadores não se sentem motivados devido à falta de escala de produção que compense a importação de máquinas, em sua maioria fabricadas na Europa, de altíssimo preço”, disse ele a EmbalagemMarca. “Embora o consumo no Brasil tenha crescido sensivelmente nos últimos anos, ainda não é suficiente para manter a demanda de latas de aço a ponto de fazer as metalgráficas trabalharem em três turnos.” Por sua vez, Adriano Marson, gerente comercial da CMP – Companhia Metalgraphica Paulista, observa: “O mercado é um tanto conservador, por lidar com condições severas de segurança e logística. Ademais, as embalagens geralmente carregam muito peso, o que dificulta inovações.” Ante um quadro pontuado por esses e por muitos outros complica-

dores, o setor é colocado em meio a outro dilema. Se não investir , corre o risco de perder a corrida da imagem de modernidade para recipientes feitos de outros materiais. Ao investir para inovar, pode ultrapassar os limites aceitáveis pelo mercado de elevação do preço final da embalagem de aço, motivo por que se veem empresas promovendo a migração de seus produtos para substratos concorrentes, como acaba de fazer a Global Sucos (ver página 18). A saída mais sensata, que é a adotada pelo menos por fabricantes ouvidos por EmbalagemMarca, parece mesmo ser investir apostando no futuro. Fica por resolver o problema da comunicação.

Consultadas para esta reportagem, as seguintes metalgráficas não se manifestaram: Aro, Bertol, Iguaçu, Prada, Rojek, Rimet e Valença.

Abeaço (11) 3842-9512 www.abeaco.org.br Brasilata (11) 3871-8500 www.brasilata.com.br Cerviflan (11) 3787-7666 www.cerviflan.com.br CMP – Cia. Metalgraphica Paulista (11) 2799-7900 www.cmp.ind.br JBS Embalagens Metálicas (11) 3144-4000 www.jbs.com.br Metalgráfica Renner (51) 3489-9700 www.metalgraficarenner.com.br




EM foco O QUE VAI PELA CABEÇA DO CONSUMIDOR

Garrafas retornáveis Consumidores dizem o que acham do vaivém de vasilhames para cervejas e refrigerantes no varejo Muitos brasileiros não sabem (ou já nem se lembram), mas por muitos anos foi corriqueira, no varejo de autosserviço do País, a venda de cervejas e refrigerantes em garrafas retornáveis. Para adquirir bebidas com preço mais camarada, era preciso devolver vasilhames vazios em postos de recebimento dos supermercados. Esse modelo foi suplantado na década de 1990 pelas embalagens descar-

táveis. Ultimamente, porém, empresas como Coca-Cola e AmBev parecem querer revalorizá-lo, aumentando as opções retornáveis em seus portfólios (e divulgando-as como alternativas de melhor custo-benefício, porque permitiriam pagar somente pelo líquido). O que o consumidor acha desse resgate? EmbalagemMarca colheu as seguintes opiniões em um supermercado paulistano.

“Acho uma boa iniciativa. Tenho 50 anos de idade e me lembro da época em que isso existia. Faria de novo. Mas, claro, tem de haver algum ganho para o bolso do consumidor”

“É interessante. Acredito que as pessoas vão participar e aderir à iniciativa, que é boa. É sustentável também, porque diminui a necessidade de se reciclar tanta coisa.”

Arnoud Schardt

Lilian Fischer Scattone

“Acho excelente. É uma forma de reciclagem.” Sonia Rodrigues Barboza

“Eu gosto. Minha relação com sustentabilidade é próxima, pois trabalho com isso. Acho que faz todo o sentido do mundo, do ponto de vista de não descartar um material.”

“Acho difícil pegar, porque o consumidor já se acostumou com a praticidade das garrafas descartáveis. Mas, para um público com baixo poder de consumo, pode funcionar.” Rogério Pinto

Assista a estes e outros depoimentos em emb.bz/153emfoco

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Ana Sarkovas

E O VAREJO? Numa próxima enquete, EM Foco tentará obter a posição do varejo quanto à questão.



Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br

Higiene pessoal

© carlos curado

Transformação em brinquedos

Frascos dos xampus têm silhuetas de robôs

Bisnaga

Cartuchos

Rótulos

Design

GlobalPlast (11) 5521-9274 www.globalplast.com.br Grif Etiquetas (11) 2146-1150 www.grifetiquetas.com.br

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Innovapack (11) 4646-4466 www.innovapack.com.br MN Design Inteiro (11) 2345-6644 www.mndesign.com.br

Frascos e tampas

Plásticos Cária (11) 3674-0020 www.caria.com.br

A Phisalia lança a linha Tranformers Prime de produtos de higiene para meninos. As embalagens tiveram um desenvolvimento diferenciado para manter a sinergia com os personagens da série de animação. Os frascos de polietileno de alta densidade (PEAD) com efeito metalizado têm a forma de robôs, com as imagens dos heróis em destaque nos rótulos autoadesivos. A tampa flip-top de polipropileno oferece segurança e facilidade no manuseio durante o banho. Os produtos são vendidos separadamente ou em embalagens agrupadoras de papel cartão, que formam kits. O único produto cuja embalagem não tem formato de robô é o gel fixador, acondicionado em bisnaga plástica.



Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

1

design

Plano Design & Propaganda (19) 3242-2974 www.planopropaganda.com.br embalagens

2

Tetra Pak (11) 5501-3200 www.tetrapak.com.br

COPOS

Nadir Figueiredo (11) 2967-8800 www.nadir.com.br DESIGN

Oz Design (11) 3024-2670 www.ozdesign.com.br RÓTULOS

Rhoss Print (19) 3936-8383 www.rhossprint.com.br TAMPAS

Rojek (11) 4447-7900 www.rojek.com.br

Sucos

Frutas combinadas

Lácteos

Antes . . .

requeijão em copinho 2

1

A Ultrapan lança a linha Frutaria de néctares de frutas em embalagens cartonadas assépticas de 1 litro. As bebidas combinam sabores de frutas e chegam ao mercado em cinco versões: acerola, cajá, caju e graviola; cranberry, morango, uva e framboesa; banana, laranja e mamão; graviola, kiwi, maçã e uva verde; e banana. As caixas destacam imagens das frutas.

cosméticos

Sessentona remoçada Com sessenta anos no mercado, a tintura capilar progressiva Loção Nova, da Nova Cosméticos, teve sua apresentação modernizada. Os cartuchos de papel cartão, que abrigam frascos plásticos de 120 mililitros, trazem novas fotos e logomarca atualizada.

Cartuchos

Company Graf (11) 5668-5422 www.companygraf.com.br Frascos

Plásticos Zandei (54) 3443-9000 www.zandei.com.br Design

Speranzini Design (11) 5685-8555 www.speranzini.com.br

. . . e depois

54 | Maio 2012

Novidade da Danubio: requeijões cremosos para pessoas que moram sozinhas (singles). O produto, nas versões tradicional e light, é acondicionado em copos de vidro de 140 gramas, fechados com tampas abre-fácil de aço e decorados com autoadesivos.


Cartuchos

Dixie Toga (11) 2928-9200 www.dixietoga.com.br

3

Bisnagas

Globoplast (11) 4156-8400 www.globoplast.com.br Design

Team Créatif (11) 3491-5580 www.team-creatif.com

Higiene pessoal

Voo solo

3

Antes vinculada à marca Francis, a linha Hydratta para banho e pós-banho, da Flora, tornou-se independente. Além dos sabonetes em barra, oferecidos em cartuchos de papel cartão, a primeira leva da revisão traz loções hidratantes e sabonetes líquidos acondicionados em bisnagas plásticas. Em breve, a linha terá desodorantes roll-on.

Antes . . .

cuidados pessoais

Alinhamento global A Nexcare, marca de cuidados pessoais da 3M, mudou o layout das embalagens da sua linha de curativos, atadura elástica e protetores. A alteração faz parte do alinhamento global da marca. A divisão de cuidados pessoais do Brasil é a primeira a implementar o novo visual depois dos Estados Unidos. Além da mudança de rótulo, as embalagens agora são segmentadas por cores, o que facilita a identificação na gôndola.

Design (adaptação para o Brasil)

WR Comunicação (19) 3279-0130 www.wrcom.com.br Cartuchos

Kawagraf Embalagens (11) 2468-5977 www.kawagraf.com.br

. . . e depois


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

1

4

Cartuchos

Fotoimpress (11) 4137-2943 www.fotoimpress.com.br Design

Pande Design Solutions (11) 3849-9099 www.pande.com.br Design

Team Créatif (11) 3491-5580 www.team-creatif.com Embalagens

Tetra Pak (11) 5501-3200 www.tetrapak.com.br

Lácteos

Snacks

Biscoito líquido 1

pronto para untar 2

Em parceria, Kraft Foods e BRF lançaram o leite aromatizado Trakinas Shake. O produto, que segundo as empresas tem o sabor dos biscoitos Trakinas, chega ao mercado numa cartonada asséptica de 185 mililitros.

A empresa de snacks Fhom se aliou à Queensberry para criar o Dueto Slim. A mesma embalagem de papel cartão abriga duas bandejas de torradinhas e um pote plástico com 27 gramas de geleia. Uma faca de plástico acompanha o produto.

3

Vodcas

Tudo azul

3

Chega ao Brasil, nas versões Citrus e Maracujá, a vodca Skyy Infusions. A bebida é acondicionada em garrafas de vidro azulcobalto de 750 mililitros, decoradas com rótulos autoadesivos do tipo no label look. O design, global, foi adaptado pela Campari brasileira.

Higiene pessoal

Alimentos

Depilação na caixa 4

Rápido e a vácuo 5

A Cera Depilatória em Discos da Depil Bella tem nova embalagem. Os cartuchos de papel cartão triplex, que acomodam dez discos de 50 gramas, levam acabamento em laminação fosca.

A Vapza tem duas novas opções na linha Vapza & Vupt: o Feijão Fradinho e o Arroz Integral. Os produtos são acondicionados a vácuo em retortable pouches (bolsas plásticas esterilizáveis) de 280 gramas, que chegam ao varejo acomodadas em cartuchos de papel cartão.

5 2

Garrafas

Owens-Illinois do Brasil (11) 2542-8084 www.oidobrasil.com.br Rótulos

Indexflex (11) 3618-7100 www.indexflex.com.br

Cartucho

Centenário Indústria Gráfica (14) 3711-6000 www.centenario.com.br Bandejas plásticas

Tech Pack (11) 4221-7776 www.techpack.com.br

56 | Maio 2012

Cartuchos e Impressão

Serze Graf (41) 3026-9460 www.serzegraf.com.br


6 Design

Ph2 Full Creativity (11) 2990.6777 www.ph2.com.br

8

Rótulo

Baumgarten (47) 3321-6666 www.baumgarten.com.br Garrafas

Owens-Illinois do Brasil (11) 2542-8084 www.oidobrasil.com.br

Tintas

Novos tons

Snacks 6

As latas da tinta acrílica Kem Tone, da Sherwin-Williams, têm novo visual. Elas agora trazem cores mais suaves, com ilustrações, na parte superior, que lembram o movimento da tinta. Há versões de 18 litros e de 3,6 litros (galão), produzidas por diversos fornecedores.

Vodcas

Waffle mineiro

7

A Forno de Minas amplia seu portfólio com waffles congelados. Os produtos são acondicionados em flow packs com seis unidades, acomodadas em berços de poliestireno.

Além da cachaça

8

Tradicional produtor de cachaça, o grupo Ypióca entra no mercado de vodcas com a Hypnose. A bebida é acondicionada em garrafa de vidro de 1 litro decorada com rótulo termoencolhível prateado.

7

Berços

Alfapack (11) 2088-8078 www.alfapack.com.br

Flow Packs

Canguru Embalagens (48) 3641- 9000 www.canguru.com.br

Maio 2012 |

57


Almanaque Evolução conjunta Marcas conhecidíssimas do mercado de águas sanitárias, Super Candida e Q’Boa têm uma história comum que remonta a 1954. Foi quando suas fabricantes se fundiram, após alguns anos de atividade, originando a empresa que pouco tempo depois adotaria o nome Indústrias Anhembi. Daí o fato de os frascos dos produtos – inicialmente de vidro, e de plástico desde o fim dos anos 1960 – terem evoluído de maneira parecida, como mostram as imagens ao lado

Budweiser, a original Decidido a criar uma cerveja lager à moda da Boêmia (atual República Tcheca), Adolphus Busch fez as malas e viajou dos Estados Unidos para aquela região em 1876. Na cidade de Budweis, hoje Budejovice, apaixonou-se por uma (cerveja) loira chamada Budweiser. De volta à América, Busch replicou a fórmula em sua cervejaria, a Anheuser-Busch, e lançou uma versão própria, com o mesmo nome, hoje bastante famosa. A Bud tcheca continua a ser vendida na Europa sob o nome Budweiser Budvar e como Czechvar na América do Norte.

o xampu do homem moderno O xampu Mennen, lançado nos Estados Unidos em 1955, se apresentava como “o primeiro realmente moderno desenhado para homens”. O anúncio reproduzido abaixo, veiculado na revista Life, destacava os atributos da nova embalagem de plástico do produto: frasco antiderrapante e inquebrável. Em suma, perfeito para o uso no banho.

No Titanic...

Budvar: a primeira bud, da boêmia mennen: frasco ideal para o banho

Você sabia?

Por quatro anos depois de seu lançamento, em 1938, o bombom Sonho de Valsa foi vendido exclusivamente a granel, em bonbonières. Só em 1942 ele passaria a ter venda unitária.

58 | Maio 2012

Antes de sua trágica viagem inaugural, em 1912, o Titanic era visto não apenas como prodígio naval, mas também para a promoção de produtos. A Vinolia, por exemplo, divulgou com pompa, em anúncios de jornal (como o reproduzido abaixo, datado de 6 de abril de 1912), que cada cabine da primeira classe da embarcação teria uma caixa de madeira com três unidades de seu sabonete Otto Toilet Soap. Restaria alguma embalagem dessa nos destroços do navio?

QUIZ Sabe como surgiram os primeiros aerossóis? Veja emb.bz/153quiz




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