EmbalagemMarca 158

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Ano XIV • Nº 158 • Outubro 2012 • R$ 15,00

logística

Capuz esticável para transportar cargas, stretch hood pode ganhar mais usuários no mercado brasileiro

entrevista

Marcos Scaldelai, diretor de marketing da Bombril, fala de retomada, expansão e o papel da embalagem

Proteína mais nobre Ações de marketing e melhores padrões de acondicionamento prometem engordar os ganhos no mercado de carne vermelha



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Não convém esperarmos sentados O ano que se aproxima do fim tem tudo para encerrar-se com a classificação de “morno”, com uma taxa de crescimento da economia que, pelas previsões do próprio governo, deixará a desejar e não fará jus à imagem do Brasil como “bola da vez”. Fala-se num “pibinho”, ou seja um PIB de 1 vírgula qualquer coisa positivos em relação ao exercício anterior. As expectativas (e as promessas) são de que nos próximos anos teremos índices de crescimento de fazer inveja ao resto do mundo. Não é aconselhável esperarmos sentados. Confiantes em anúncios oficiais de que muitas coisas que atrapalham a vida das empresas e da população em geral, como cargas de impostos massacrantes, custos de serviços básicos himalaicos, precariedade (quando não ausência) de infraestrutura essencial e mão de obra sem qualificação, haverá quem fique na expectativa de que o governo continuará tocando a “mágica do consumo”. Essa prestidigitação, como já está se vendo na elevação da inadimplência geral, tem limites. A história mostra que não há mola propulsora da economia que não esteja baseada no trabalho produtivo, não no incentivo ao consumo baseado em crédito fácil, talvez juros baixos. Ao fim e ao cabo contas têm de ser pagas. Mas não é este um espaço para tratados. Cabe antes reiterar que há saídas em meio ao emaranhado de empecilhos com o qual o empresário brasileiro convive e sobrevive. Cabe também ressaltar que não somos nós pretensiosos a ponto de querer ensinar. Ao falarmos em saídas, nos referimos ao amplo manancial de soluções de embalagem criativas e bem-sucedidas que muitas indústrias criam e adotam em seu dia a dia, ao

lado de outros bem aplicados recursos de produção. É nosso papel mostrar, como fazemos sistematicamente nas páginas de EmbalagemMarca, essas saídas, frequentemente replicadas – sem o devido crédito, como é costumeiro em nosso País – em artigos e palestras de gurus de feira livre. É também reconfortante observar, como tivemos oportunidade de fazer recentemente ao receber centenas de fichas de inscrição de candidatos à sexta edição do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, que o setor está em franco e criativo movimento. Na verdade, os cases inscritos, em sua maioria, refletem o dinamismo e a criatividade da cadeia de valor da embalagem no Brasil. Pena é que nem sempre os responsáveis pelas inscrições tenham dedicado à descrição dos cases o cuidado e o carinho que seu próprio trabalho – ou o de colegas e parceiros seus – mereciam. Os cases que, na opinião dos jurados, forem indicados para receber troféus na cerimônia de premiação, dia 13 de novembro próximo, em São Paulo, terão automaticamente ampla divulgação na edição de dezembro da revista. Além disso, os organizadores estão programando novidades que serão conhecidas na ocasião e que consolidarão ainda mais o conceito de premiação diferenciada e de total credibilidade. Mas, considerando que seria um desperdício não dar destaque a outros bons cases eventualmente não laureados, está decidido que terão em próximas edições a cobertura de excelência que caracteriza EmbalagemMarca. Mais inovações virão. Até novembro.

WILSON PALHARES

“Ao falarmos em saídas, nos referimos ao amplo manancial de soluções de embalagem criativas e bem sucedidas que muitas indústrias criam e adotam em seu dia a dia, ao lado de outros bem aplicados recursos de produção” Outubro 2012 |

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Edição 158 • Outubro 2012

Sumário

Reportagem de capa:

Carnes

Pecuária de corte vive boas perspectivas e um desafio: investir em marketing e em melhores padrões de apresentação para a carne vermelha – adorada no Brasil, mas historicamente gerida como commodity

Ilustração de capa: Christian da Matta

Por Guilherme Kamio

3 Editorial Mesmo ante a promessa de anos melhores, depois do “pibinho” de 2012, é salutar arregaçar as mangas e apostar em inovação. Consumo aquecido não dependerá somente de ações do governo 6 Logística Stretch hood, capuz esticável para agrupar cargas em

processos de transporte, busca ampliar base usuária no mercado brasileiro. Quais os benefícios?

10 Painel RR Etiquetas oferece programa de recuperação de suportes

autoadesivos • Cristiana Arcangeli tem mais planos para tampas “inteligentes” • Trivisan promete dobrar produção de latas de aço para produtos químicos • Fundador da TerraCycle fala do mercado brasileiro de reciclagem • Rexam introduz no Brasil lata de alumínio para 710 mililitros de bebidas • Brasil terá fábrica de matéria-prima para PET de cana-de-açúcar

24 Rotulagem Novo material termoencolhível promete aprimorar a decoração de carnes (frescas ou processadas) e queijos

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28 Artigo Labelexpo Americas, feira de rótulos e sistemas de decoração ocorrida em setembro nos Estados Unidos, apontou o recrudescimento de tendências reveladas nos últimos anos 30 Queijos Em ação brandida como inédita no País, empresa adota embalagem metalizada, de alta barreira, para comercializar linha de queijo minas frescal 31 Cafés Mousse em caixa de papel cartão é nova opção para preparo de café

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32 Entrevista Marcos Scaldelai, diretor de marketing da Bombril, explica

como a embalagem ajudou a empresa a pôr a casa em ordem e a diversificar suas atividades, incluindo a entrada no mercado de cosméticos

38 Prêmio Jurados já atribuíram notas para as inscrições do Prêmio Grandes Cases de Embalagem. Saiba quem são os profissionais que compõem o júri neste ano

42 Internacional Com jeitão de doce, lava-roupa em cápsula se alastra

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no mercado americano, modificando a paisagem da categoria e ganhando o noticiário por um motivo amargo

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44 Display Bril Cosméticos desenvolve marca para o público feminino

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50 Almanaque Surgia, há cinquenta anos, o blister • Com mulher seminua no rótulo, pasta milagrosa já prometeu seios dos sonhos às brasileiras • Uma longa batalha travada entre Coca-Cola e Pepsi • O acrônimo “Sadia”

jovem • Um pote com o dobro do volume para o queijo cremoso Philadelphia • Aurora lança espumante rosé • Sabonetes líquidos Lifebuoy e Lux ganham stand-up pouches para recarga • Ambev renova a identidade visual da cerveja Skol • Em latas e flexíveis, design de 1920 é resgatado para comemorar centenário da Lacta

Empresas que anunciam nesta edição Ahlstrom....................................................... 7 Baumgarten.....................................2ª capa Box Print..................................................... 15 Brasilata.............................................3ª capa Catuaí Print.................................................23 Comprint......................................................5 Congraf.......................................................19

Crown......................................................... 49 Da Matta 3D.............................................. 29 Designful.................................................... 49 Giro News.................................................. 45 Gráfica Ipê.................................................. 31 Grandes Cases................................ 26 e 27 Grif.................................................................11

HotGraf...................................................... 49 Husky.................................................4ª capa Ibema........................................................... 13 Indexflex......................................................35 Markem-Imaje...........................................37 Metiq............................................................33 MLC..............................................................47

Moltec........................................................ 49 Novelprint.................................................. 43 Papirus.........................................................41 PE Latina.....................................................25 Piloto..............................................................9 Prakolar....................................................... 17 Simbios-Pack............................................ 49

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br • Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: Juliana Lenz | juliana@embalagemmarca.com.br • Karin Trojan | karin@embalagemmarca.com.br • Wagner Ferreira | wagner@embalagemmarca.com.br • Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br • Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas (assinatura anual R$ 150): Kelly Cardoso | assinaturas@embalagemmarca.com.br

Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Arcílio Martins, 53 04718-040 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 www.embalagemmarca.com.br

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logística

O potencial do capuz elástico Sistema de unitização de embalagens com filme especial, stretch hood começa a abrir campo na América Latina

Consagrado

ilustração: christian da matta • Fonte: Dow Marketing

mundialmente como solução simples, de fácil aplicação, expressivamente segura e de custo atraente no processo de paletização, o stretch film, ou filme encolhível, já tem um concorrente com bom espaço ocupado na Europa e que começa a dar passos firmes na América Latina. É o stretch hood, ou capuz retrátil, ou ainda tubo elástico, um filme de polietileno (PE) extrudado aplicável na unitização de embalagens de transporte, que traz significativa diferença em relação ao stretch tradicional, também chamado automático: enquanto a paletização (manual ou automática)

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é feita no método predominante com o envolvimento lateral da carga com um filme depois encolhido por calor, o stretch hood é aplicado verticalmente sobre a pilha de embalagens que está no palete – sem necessidade de retração por efeito térmico. A aplicação, automática, se dá por meio da ação de quatro pinças situadas na altura das quinas da pilha, que estendem o tubo para a base (ver ilustração). Trata de um “polietileno elástico”, fornecido no Brasil por dois fabricantes, Dow Brasil e Braskem, a partir de uma resina dotada de atributos voltados especificamente para o

efeito retrátil. A propósito, Guilherme Dias, gerente de marketing da Dow Brasil para América Latina no segmento de unitização e embalagens industriais, ressalta que “o stretch hood não é pura e simplesmente um filme de polietileno, mas um filme técnico, o que implica a escolha criteriosa de fornecedores para que não haja decepção com o desempenho final do produto”. A vantagem de performance, que resulta na compressão tridimensional da carga (tanto no sentido lateral quanto no vertical), propicia mais firmeza ao volume. Vale dizer que a carga fica com cinco faces protegidas (con-

Em comparação com a aplicação de filme com uso de calor para o encolhimento (abaixo), o stretch hood é elástico e dispensa retração térmica



Fonte: Plastigrau do Brasil

Processo de aplicação do stretch hood

1 – As quatro pinças recolhem o filme que está na parte superior da máquina

2 – O filme é selado na medida correta para formar o capuz

tra quatro no sistema tradicional), o que representa um benefício adicional: proteção contra umidade em armazenamentos ao ar livre. Outra vantagem destacada por Guilherme Dias é a proteção contra furtos, na medida em que o stretch hood, além de ser altamente resistente a rasgos, é inteiriço, de modo que possíveis violações de carga são claramente evidenciadas. Já o stretch convencional, na argumentação do executivo da Dow, poderia ser substituído com relativa facilidade na hipótese de violação. Ademais, “é um filme de alta transparência”.

Mas é sobretudo pela alta velocidade de paletização que o stretch hood se destaca, segundo fornecedores de resinas e de filmes prontos. “Em muitos casos, no processo são substituídas três a quatro máquinas convencionais de stretch”, afirma Alfonso Grijalvo Millois, diretor gerente da Plastigaur do Brasil, fabricante de stretch hood, entre outros filmes termocontráteis. Guilherme Dias, da Dow, apresenta números. A velocidade média de unitização com stretch hood seria de 180 paletes por hora, contra quantidades certamente menores obtidas pelo processo tradicional. Outro ponto favorável a um esperado crescimento na adoção dessa alternativa, no entendimento dos entrevistados, é que, dada a necessidade cada

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3 – O filme é estirado em até 90% para que seja aplicado ao palete

vez mais acentuada de racionalização de custos nas empresas, os usuários de embalagens de unitização estariam comparando crescentemente não apenas preços de compra de equipamentos e de filmes, mas os efeitos de cada sistema no transporte de cargas. Em outras palavras, sintetiza o executivo da Dow, trata-se de analisar custos sob a logística da unitização, “onde a eficácia de transporte da carga em sua integridade deve ser preponderante”. O que dificultaria então a disseminação do sistema stretch hood, no Brasil e no restante da América Latina? Segundo Dias, um dos motivos é que a maioria das empresas que trabalham com unitização de embalagens de transporte teria de investir na substituição de máquinas de stretch convencional, já largamente adotadas. Grijalvo, por sua vez, observa que mesmo com o potencial aumento da velocidade e da qualidade de unitização, isso significaria novos investimentos. Assim, o ritmo de adoção fica principalmente na dependência da instalação de novos parques industriais. Cabe lembrar que equipamentos para stretch hood são importados, preponderantemente de países europeus. No entanto, garantem Grijalvo, da Plastigaur, e Dias, da Dow Brasil, notase crescente interesse pelo sistema (já razoavelmente adotado em indústrias

4 – As pinças começam a descer, estirando também no sentido vertical

5 – O capuz é vestido até a parte inferior do palete, garantindo estanqueidade

do segmento de linha branca), por parte de fornecedores para a indústria de construção civil (sacos de cimento), de bebidas e águas, de fertilizantes e da próprias petroquímicas, para unitizar sacos contendo pellets de diferentes tipos de resina. “Na Europa, durante bom tempo houve resistência à adoção do stretch hood”, lembra o executivo da Plastigaur. “Mas existem sempre algumas empresas inovadoras, que têm ousadia de ser pioneiras– e as demais acabam indo atrás delas. Foi o que aconteceu em países europeus e em breve deverá acontecer aqui, principalmente na área de bebidas.”

Maior compressão

MENOR compressão

Braskem (11) 3576-9900 www.braskem.com.br Dow Brasil (11) 5188-9400 www.dow.com Plastigaur do Brasil (11) 4199-5200 www.plastigaur.com.br

Com pressão exercida tanto no sentido horizontal quanto no vertical, carga fica mais firme



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

FECHAMENTOS

Liners que voltam Importante produtora de etiquetas autoadesivas para identificação e codificação de produtos, a RR Etiquetas desenvolveu um plano de logística reversa para dar destino adequado aos resíduos gerados pelo uso de suas soluções por redes de varejo. O sistema, batizado de Etiqueta Zero, consiste em pedir aos clientes supermercadistas que reservem e devolvam os liners (suportes de papel ou filme plástico em que as etiquetas são afixadas antes da aplicação). O material é recolhido pelos caminhões que entregam novos pedidos e retornam à RR, de onde são encaminhados para reciclagem e posterior transformação em outros produtos. Um projeto-piloto foi iniciado em novembro de 2011 com a oitava maior rede de supermercados do País, a Angeloni, atuante em

RR Etiquetas lança projeto para recuperar suportes de autoadesivos utilizados no varejo Santa Catarina e no Paraná. Até o fim de agosto, algo próximo a 10 toneladas de liners teria deixado de ir para aterros sanitários, gerando matéria-prima para produtos como papéis higiênicos e guardanapos. Um fator determinante para o sucesso da iniciativa foi o engajamento dos funcionários da empresa varejista. “Surgiram até disputas entre lojas, para ver qual delas acumularia mais liners para reciclagem”, comenta Patricia Lombardi, gerente de marketing da RR Etiquetas. Além da mobilização dos colaboradores

da cliente, outros desafios superados para a implantação da ação, segundo Patricia, foram encontrar uma empresa capaz de reciclar os liners (a identidade dessa parceira é mantida em sigilo) e tornar o processo de logística reversa economicamente viável, o que ocorreu graças a uma parceria com a transportadora Narcisul. Segundo a gerente de marketing da RR Etiquetas, o Etiqueta Zero atende aos requisitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, cuja implantação no País está prevista para janeiro de 2014.

Como funciona o programa Etiqueta Zero Os rótulos e etiquetas são entregues ao supermercado

Na aplicação nos produtos, os liners são guardados em caixas

O material descartado é recolhido nas entregas de novas etiquetas

ilustração: alan campos

Reciclados, os liners viram papel higiênico e outros produtos

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

FECHAMENTOS

Planos para acessórios especiais Em setembro, o americano Mikel Anderson desembarcou em São Paulo para uma série de reuniões com a empresária Cristiana Arcangeli, ícone do mercado brasileiro de beleza.Anderson é o fundador da Blast Cap Technologies, companhia especializada em tampas “inteligentes”, dotadas de compartimentos que segregam ingredientes críticos e promovem sua mistura a produtos somente no momento do consumo, para melhor conservá-los. Por meio de uma transformadora chilena licenciada, um entre os mais de mil modelos desses acessórios criados pela Blast Cap foi recentemente adotado pela Beauty’in, empresa de Cristiana, na linha de bebidas funcionais Beauty Drink (ver EmbalagemMarca nº 150, fevereiro de 2012). Quando o bico de vazão da tampa é pressionado pelo consumidor, vitaminas, minerais e ex-

tratos de frutas orgânicas em pó, armazenados em uma câmara, são liberados no interior da garrafa, repleto de água, preparando a bebida. “Isso preserva o valor dos nutrientes, prejudicado em processos como o envase a quente, e descomplica a atividade industrial”, afirma Anderson. Segundo ele, variações da ideia podem ser aplicadas em medicamentos e cosméticos, entre outros produtos. A Beauty’in planeja adotar tampas ativas em novos itens de seu portfólio, como uma bebida à base de chia.

Cristiana Arcangeli e Mikel Anderson: Beauty’in ampliará uso de tampa “inteligente” criada pelo americano

METÁLICAS DATAS

GENTE

Festa com música

Nova gestora para papéis

A Arjowiggins comemorou com colaboradores e convidados seus 35 anos de atuação no Brasil com uma apresentação do pianista e maestro João Carlos Martins e da Orquestra Camerata Bachiana. O evento ocorreu na noite de 15 de setembro em Salto, interior de São Paulo, onde está a fábrica da empresa no País – única fonte de papel-moeda na América Latina e produtora de soluções de segurança para embalagens. Quatrocentas e cinquenta pessoas participaram da festa.

12 | Outubro 2012

Lucimary Henrique assumiu a gerência executiva de estratégia e marketing da Unidade de Negócio Papel da Suzano Papel e Celulose. A executiva será responsável pela gestão de todos os produtos da linha de papel da Suzano. Formada em Relações Internacionais e Administração de Empresas pela PUC-SP e com MBA em Marketing Executivo pela Universidade de São Paulo (USP), Lucimary possui mais de dez anos de experiência em cargos gerenciais, incluindo passagens pela Deloitte e pela Sun Microsystems.

Capacidade dobrada A Trivisan, fabricante de embalagens de aço localizada em São José dos Pinhais (PR), está prestes a concluir um importante processo de aprimoramento de suas operações. Por meio de um aporte de cerca de 9 milhões de reais, a empresa adquiriu equipamentos alemães e espanhóis que lhe permitirão, em 2013, produzir 900 toneladas de latas – o dobro de sua capacidade produtiva atual. A empresa investiu também na contratação da consultoria Corporate Consulting para modernizar sua gestão. Segundo o diretor geral da Trivisan, Ricardo Montenegro, as iniciativas têm por objetivo atrair grandes clientes das áreas de tintas, vernizes e outros itens químicos. Latas da Trivisan: oferta crescerá no ano que vem



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Aos 30 anos, o húngaro radicado nos

RECICLAGEM | ENTREVISTA

Estados Unidos Tom Szaky é um dos homens de negócios mais famosos do mundo na área de reciclagem. Ele é fundador e principal voz da TerraCycle, companhia que coleta resíduos sólidos não-recicláveis ou difíceis de reciclar, especialmente embalagens, e os transforma em novos produtos – entre eles sacolas, brinquedos, artigos de jardinagem, material escolar. Os resíduos provêm de grupos de consumidores voluntários, recompensados com dinheiro que deve ser revertido a instituições de caridade. O mecanismo é sustentado por parcerias (“brigadas”) com indústrias de bens de consumo. Em agosto, Szaky esteve em São Paulo visitando a filial brasileira da TerraCycle – que, em três anos, tornou-se a segunda maior do grupo, atrás apenas da matriz americana, aberta em 2001 (há, ainda, operações em outros treze países). Ele concedeu a seguinte entrevista a EmbalagemMarca: Como o senhor avalia a resposta do mercado brasileiro para os negócios da TerraCycle? Medimos nosso sucesso em unidades de resíduos coletados. Nessa contagem, o Brasil é nosso segundo posto de maior sucesso, atrás somente dos Estados Unidos. Desde seu lançamento em 2009, as Brigadas TerraCycle no Brasil já evitaram que mais de 14,5 milhões de peças de lixo acabassem em aterros sanitários. Através da recolha e do envio de embalagens de bebidas em pó, pacotes de salgadinhos, embalagens de produtos para cabelos, escovas de dentes, tubos de pasta de dentes e muito mais, estes membros da Brigada arrecadaram quase 200 000 dólares para as escolas e instituições de caridade com a ajuda de patrocinadores como Tang, Pepsico, Garnier e Colgate. A empresa tem metas específicas para o Brasil em termos de unidades de resíduos coletados, participantes da coleta e dinheiro arrecadado? Sim. Desde que o programa começou, em 2009, dobramos a quantidade de resíduos recolhidos a cada ano. Nosso objetivo é manter esse ritmo de crescimento, continuar a lançar novos programas de Brigada e manter mais fluxos de resíduos fora dos aterros. Pelo que o senhor vê em outros países, quais seriam os principais desafios para o Brasil quando falamos em gestão de resíduos? O maior desafio no Brasil é combater o mesmo

“O maior desafio é a apatia”

14 | Outubro 2012

Algumas das embalagens encaminhadas à TerraCycle no Brasil e exemplos de produtos em que elas são transformadas (abaixo)

problema que a TerraCycle enfrenta em todos os países em que opera: apatia. Levar as pessoas a entender por que é importante desviar resíduos de aterros sanitários e motivá-los para realmente fazê-lo são grandes obstáculos. Oferecemos dinheiro para caridade para ajudar os participantes das Brigadas a superá-los. Em um mundo perfeito, as pessoas estariam motivadas a fazer essas coisas sem um incentivo em dinheiro. O Brasil está na iminência da adoção de uma política nacional de gestão de resíduos. Qual sua opinião sobre essa iniciativa? A equipe do Brasil e eu já estamos pensando em como atender às demandas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Nossos planos têm sido guiados por ela. Dou um exemplo. Gostaríamos de começar a trabalhar com cooperativas porque elas estão incluídas e defendidas por esse dispositivo. O fato de as cooperativas serem especialistas em reciclagem é uma vantagem e nos tornaria mais competitivos. Juntos, poderíamos oferecer soluções inteligentes e adequadas para diferentes resíduos. Qual a lição mais importante que o senhor aprendeu com a TerraCycle? Desde que comecei a TerraCycle como uma empresa de fertilizante orgânico, em 2001, o modelo de negócios mudou várias vezes. Tive de ser flexível o suficiente para permitir que a empresa crescesse sem comprometer minha visão, minha ideia. Ao seguir aquilo em que acreditava, não importa como, fui capaz de navegar a empresa através de todas as voltas e reviravoltas que encontramos ao longo do caminho.



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METÁLICAS

númeroS

Clube dos treze Segundo um estudo da consultoria britânica PCI Films, o consumo mundial de embalagens flexíveis nos próximos anos terá impulso importante no crescimento de treze mercados emergentes: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, Emirados Árabes Unidos, Índia, Indonésia, México, Nigéria, Polônia, Rússia, Tailândia, Turquia e Vietnã. Veja alguns dados do estudo:

Acima dos latões O Brasil é o primeiro país da América do Sul a produzir latas de alumínio de 710 mililitros para bebidas. Desenvolvidas pela Rexam e fabricadas em Pouso Alegre (MG), as “latas gigantes” serão utilizadas pela cachaça Pitú e pelos energéticos Flying Horse e Extra Power, da Globalbev, e Vulcano e 220V, da New Age. As duas últimas contam ainda com a aplicação da tecnologia High Definition, que permite impressão em qualidade fotográfica. Segundo a Rexam, o novo tamanho atende a uma tendência de mercado de compartilhamento de bebidas entre consumidores.

Energéticos estão entre os primeiros usuários da embalagem de 710 mililitros

GENTE

Novidade em marketing A Markem-Imaje, fabricante de equipamentos de marcação e codificação de embalagens, efetivou Antonio Buccino Ne-to como gerente de marketing para o Brasil. Administrador de empresas, com MBA em

14 bilhões de dólares É o atual valor total dos treze mercados em ascensão para as embalagens plásticas flexíveis

Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o executivo gerenciou por dois anos as áreas de preços e inteligência de mercado da mesma empresa. Antes, ocupou diversos postos na HP.

BIOPLÁSTICOS

70%

Foi o crescimento de consumo de flexíveis registrado pelo bloco nos últimos cinco anos

20%

É a representatividade desse grupo na atual demanda mundial de embalagens flexíveis

Fonte: PCI Films Consulting | agosto 2012

16 | Outubro 2012

Brasil terá polo de Bio-MEG Numa iniciativa antecipada por EmbalagemMarca (ver nº 151, março de 2012), a Coca-Cola Brasil e a indiana JBF Industries assinaram no dia 27 de setembro último o protocolo de intenções para a construção, no Brasil, da maior fábrica do mundo de Bio-MEG – versão “verde” do monoetilenoglicol (MEG), substância tradicionalmente obtida do petróleo e utilizada na produção de resina PET. Orçada em 1 bilhão de reais, custo que será assumido pela JBF, a unidade ficará em Araraquara (SP) e será capaz de produzir até 440 000 toneladas por ano do material, a partir do etanol da cana-de-açúcar. A inauguração está prevista para 2015. Hoje, somente uma fábrica na Índia produz Bio-MEG, utilizado na produção das garrafas PlantBottle da Coca-Cola. A companhia de bebidas comprometeu-se a adquirir toda a produção dos três primeiros anos da operação. A ideia é destinar cerca de 20% da produção ao mercado local de embalagens. O restante será exportado.

PlantBottle: insumo para a embalagem será produzido no País a partir de 2015



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VIDRO GENTE

Impulso para a inovação A vidraria Owens-Illinois anunciou que irá construir um novo centro de pesquisa e desenvolvimento em sua sede nos Estados Unidos, localizada na cidade de Perrysburg, em Ohio. Segundo a companhia, a unidade terá uma linha de produção em baixa escala e condições para a prototipagem de inovações a exemplo do pote VersaFlow, com bocal em formato de jarra (ver edição anterior), e da garrafa Vortex, cujo gargalo, graças a uma técnica de relevo interno, apresenta desenho espiralado, assegurando melhor vazão do conteúdo. Orçado em 35 milhões de dólares, o novo centro de P&D terá aproximadamente 6 000 metros quadrados e criará 45 empregos diretos. Sua inauguração deverá ocorrer no final de 2013.

Nova direção comercial A Bericap do Brasil, parte do grupo multinacional alemão, com posição de destaque no mercado brasileiro de tampas plásticas em vários segmentos, anuncia a contratação de Fabio Pinto como seu novo diretor comercial. O executivo tem longo histórico na indústria de embalagens, tendo atuado na divisão de tampas da Crown e na Globalpack. Antes da chegada à Bericap, esteve à frente das áreas de marketing e vendas da Albéa (antiga Alcan Beauty Packaging).

DATAS

Cinquenta anos da Crespo No início de setembro, a Crespo Rótulos e Embalagens completou 50 anos de atividades. Instalada em São José do Rio Preto (SP), a empresa é especializada na produção de adereços variados para garrafas de bebidas e embalagens celulósicas. Em 2011, tornou-se a primeira indústria gráfica de sua região a receber o selo FSC (Forest Stewardship Council), concedido a empresas que utilizam recursos florestais manejados de forma social e ambientalmente correta.

PROMOÇões

Embalagens rastreáveis Seis consumidores do Reino Unido faturaram, em setembro, um cheque de 10 000 libras esterlinas (aproximadamente 33 000 reais) da Nestlé. O prêmio foi distribuído a quem comprasse, por sorte, tabletes de chocolate com um rastreador GPS oculto nas flow packs em

que são acondicionados. Idealizada pela JWT, a promoção prometia a localização dos ganhadores em até 24 horas após a abertura das embalagens – condição para que os dispositivos eletrônicos fossem ativados automaticamente. emb.bz/158gps

Centro de P&D facilitará inovações como a garrafa Vortex, adotada nos EUA pela MillerCoors Cenas do comercial da Nestlé sobre as embalagens com GPS

18 | Outubro 2012



Reportagem de capa

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Boi com valor Demanda crescente por carne vermelha de qualidade realça aos frigoríficos a oportunidade de investir em marketing e aprimorar embalagens Por Guilherme Kamio

Completa um ano, neste mês de outubro, um projeto ousado da JBS. A empresa goiana, líder mundial em processamento de proteína animal, tirou do bolso mais de 100 milhões de reais para divulgar, nos últimos doze meses, sua linha Friboi de carne bovina in natura. Sem precedente nas quase seis décadas do frigorífico, a campanha incluiu mudanças nos produtos. Os cortes foram diversificados e suas embalagens a vácuo ganharam rótulos chamativos, com a marca em destaque. Vários supermercados tive-

20 | Outubro 2012

ram suas seções de carnes tomadas pelo azul, cor predominante do visual adotado pela Friboi. A iniciativa pegou muitos consumidores de surpresa, e não sem motivo. Afinal, desdobra-se em um mercado historicamente avesso a marketing e em que um volume expressivo das vendas ainda é feito a granel, nos açougues, com pouca influência de marcas e sem propostas modernas de acondicionamento. “Queremos embalagens que popularizem nosso nome e que um dia possam até simbolizar a

categoria”, declarou o diretor executivo de produtos industrializados da JBS, Alexandre Almeida, no 15º Congresso Brasileiro de Embalagem, realizado em agosto último, em São Paulo, pela Associação Brasileira de Embalagem (Abre). Em pesquisas feitas no País no ano passado, conta Almeida, mais de 80% dos entrevistados disseram desconhecer marcas de carne. Dada a curiosa condição de produto venerado pelo brasileiro, porém gerido como commodity, valorizar a carne vermelha no País é um desafio


e tanto. Mas é também uma grande chance comercial. “O mercado interno vem crescendo em volume e em exigência por qualidade”, afirma Miguel da Rocha Cavalcanti, especialista em mercado e marketing de carne e coordenador do portal BeefPoint, dedicado à pecuária de corte. “No passado, a melhor carne era a exportada. Hoje, por uma série de fatores, a melhor demanda está aqui mesmo, no Brasil. A renda cresceu e a carne bovina é a preferência do brasileiro, o centro do prato. O aumento da classe média gera mais consumo e requisição de carnes especiais. Precisamos aproveitar essa oportunidade.”

A mentalidade de agregar valor à atividade se restringe, por ora, aos principais frigoríficos. A Marfrig, por exemplo, assinala como um objetivo o aumento da distribuição de cortes de carne fresca em embalagens, em detrimento do trabalho com carne sem marca. Isso tem sido feito, segundo a empresa de forma bem-sucedida, especialmente por meio das marcas Seara e Bassi. Diz Alex Toledo, diretor de comunicação e marketing institucional da Marfrig: “Os varejistas percebem uma série de vantagens e valores dos cortes de carnes especiais embalados, como padronização, melhores margens e maior giro. Já os consumidores finais percebem os benefícios da

JBS reformulou embalagens e até criou serviço de gestão de gôndolas

praticidade, da qualidade atestada e da garantia de origem. As tecnologias de embalagem avançam e estamos atentos ao cenário.” Desse quadro mais favorável para a distribuição de frações devidamente acondicionadas vêm se beneficiando, sobretudo, os sacos a vácuo encolhíveis. Ricardo Almeida, gerente de vendas da Dixie Toga para o mercado de proteínas, aponta que as vendas desse conceito de embalagem – “antes mais utilizado nas exportações” – evoluíram significativamente no País nos últimos

Marfrig tem ampliado a distribuição de carne embalada em linhas como a Seara

anos. Os clientes locais atendidos já seriam cerca de 100. Conforme o executivo, a vantagem desses invólucros, também conhecidos como vacuum shrink bags, é a conservação. Carnes ganham vida útil média de sessenta dias, no mercado nacional, e de 120 dias nos envios para outros países (isso devido à manutenção em temperatura menor; a refrigeração é um complemento à eliminação de oxigênio para coibir a deterioração da carne pela atividade de micro-organismos). O uso mais amplo de sacos a vácuo também reflete, de acordo com Ricardo Almeida, uma maior aceitação pelo público. “Quando essa embalagem foi introduzida no País, cerca de vinte anos atrás, muitos estranhavam a cor escura da carne, que é um efeito natural da retirada de oxigênio”, lembra o profissional da Dixie Toga. “Hoje, mais pessoas entendem que isso não representa nem causa prejuízo, e que o alimento retorna à coloração normal minutos após a abertura da embalagem.” Não obstante a maior familiaridade do consumidor com esse pormenor, não dá para negar que a coloração vermelho-cereja é um fator de atração no ponto de venda, contribuindo decisivamente para o appetite appeal da carne de boi. Por isso, a Outubro 2012 |

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FreshCase: solução, em análise pela Anvisa, promete vantagens do vácuo sem escurecer a carne

Sacos de alta barreira ampliam a vida útil da carne, limitada a até três dias nas bandejas envolvidas por filme convencional

entanto, são soluções mais caras do que o vácuo convencional”, pondera Ricardo Almeida. Se por um lado acenam a benefícios importantes, essas soluções avançadas para a distribuição de carnes implicam a necessidade de aparelhamento. E, segundo diversas fontes consultadas pela reportagem, o nível de automação das linhas de produção dos frigoríficos ainda é acanhado. “Isso ocorre principalmente nas plantas onde o layout e o fluxograma cresceram de forma desordenada”, constata Marcelo Gil Neves, gerente comercial da Multivac, referência em equipamentos para processamento e embalagem de produtos cárneos, utilizados no mercado doméstico de carne vermelha por nomes como Brasil Foods (Sadia/Perdigão), Marfrig e JBS. “Ademais”, acrescenta Neves, “desmontar um boi em vinte ou trinta partes de corte de tamanhos e

pesos diferentes dificulta os processos de packaging. Mas, se corretamente estudada, a implantação tem grande viabilidade econômica.”

O baixo custo da força de trabalho para cortar, desossar e limpar partes do boi e para embalá-las favoreceu a difusão de seladoras a vácuo manuais (as peças são previamente acomodadas em sacos pré-formados). Mas o progresso econômico tem alterado o panorama, aumentando o apelo das máquinas automáticas. “A mão de obra está cada vez mais cara e escassa”, constata Rafael Franciscatto, supervisor nacional de vendas de equipamentos para embalagem da Sunnyvale. A empresa distribui no Brasil seladoras a vácuo da italiana Saccardo, com destaque para a AS 38. “Esse modelo substitui até cinco máquinas manuais. O número necessário de operadores cairia de dez para

© Andrey Burkov | Dreamstime.com

Dixie Toga planeja oferecer no mercado nacional o FreshCase. Trata-se de uma embalagem a vácuo que, graças a um aditivo especial aplicado ao filme, promete evitar o escurecimento da carne acondicionada. Desenvolvido nos Estados Unidos pela Curwood, subsidiária da Bemis, dona da Dixie Toga, o invólucro passa atualmente por análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A autorização para uso no País deve sair nos próximos meses. “É uma embalagem já empregada com sucesso no mercado americano e no Chile”, situa Almeida. Para a Dixie Toga, o FreshCase pode também ser uma opção para pequenas porções de carnes, geralmente oferecidas nos supermercados em bandejas envolvidas por filme plástico. “A substituição asseguraria shelf life de até trinta dias, contra os dois ou três dias da bandeja”, afirma Almeida. Outras possibilidades para frações de cortes, ele esclarece, seriam embalagens com atmosfera modificada (MAP), em que gases são inseridos no interior de embalagens de alta barreira para atenuar a perecibilidade da carne, e envoltórios a vácuo do tipo skin – que se amoldam de maneira justíssima ao formato do conteúdo e que garantem ótima visualização, por serem feitos de filme de alta transparência. “A atmosfera modificada é bastante popular na Europa e o skin gera uma apresentação irresistível. No

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Exemplos de embalagens termoformadas, processadas em máquina da Multivac: tecnologia, ainda rara no Brasil, possibilita atingir grandes velocidades em linhas de produção

três. Além disso, a qualidade de selagem aumenta, evitando retrabalhos”, argumenta Franciscatto. A Multivac entende existir espaço, ainda, para acondicionar carne bovina fresca em embalagens a vácuo termoformadas, com fundo e tampa, confeccionadas em equipamentos form-fillseal – que formam, acomodam e selam produtos numa operação contínua, alimentada por bobinas de material plástico rígido ou flexível. “As termoformadoras permitem uma automação bem maior do que a atual tecnologia de sacos a vácuo. Diminuem o manuseio, agilizam a produção, garantem repetibilidade das embalagens e permitem criar novos formatos e funcionalidades, como dispositivos de fácil abertura”, diz Marcelo Gil Neves. Uma grande companhia brasileira de carnes estaria, inclusive, prestes a adotar essa solução. Sistemas parecidos são também oferecidos no País pela Cryovac (Sealed Air). A empresa alegou indisponibilidade para participar da reportagem. Para os frigoríficos que abastecem supermercados, em particular, soluções desse gênero podem ajudar a cativar o consumidor, que viria aumentando a procura por açougues de bairro em nome da conveniência de fazer compras mais perto de casa. (Detalhe: para-

lelamente aos aportes em packaging e publicidade, a JBS criou um serviço de gestão de gôndolas para parceiros do trade, de modo a alavancar vendas). Para a pecuária de corte, em geral, pensar mais em embalagem e em outros recursos de marketing poderá garantir maior rentabilidade ante a perspectiva de um cenário de maior demanda e menor oferta. Segundo previsão da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o consumo mundial de carne bovina crescerá 14,5% de 2010 a 2019, um incremento de 9,3 milhões de toneladas. Ao Brasil caberá sustentar boa parte desse acréscimo, uma vez que países rivais no negócio do boi gordo, como Paraguai, Argentina, Estados Unidos e Austrália, enfrentam dificuldades para aumentar a oferta ou embaraços sanitários. “Com o aumento de produtividade, temos mais uma oportunidade para aumentar a qualidade”, avalia Miguel da Rocha Cavalcanti, do BeefPoint. BeefPoint (19) 2532-4620 www.beefpoint.com.br

Multivac (19) 3251-8818 www.multivac.com

Cryovac (11) 3833-2830 www.cryovac.com.br

Saccardo +39 (0445) 380-021 www.saccardo.com

Dixie Toga (11) 2928-9200 www.dixietoga.com.br

Sunnyvale (11) 3048-0147 www.sunnyvale.com.br


Rotulagem

Na medida justa e clara Sistema de rotulagem abre novas possibilidades para embalagens termoencolhíveis Um rótulo

termoencolhível, para aplicação em embalagens plásticas também termoencolhíveis, hoje amplamente usadas no acondicionamento de carnes (frescas e processadas) e queijos, deverá em breve começar a ser produzido no Brasil, com a promessa do fabricante de causar impacto altamente positivo nos pontos de venda. Trata-se, resumidamente, de um rótulo que não deforma a imagem no processo de encolhimento a quente, adaptando-se com perfeição à forma do produto acondicionado em filme, segundo explica Dan Galovic, gerente de mercados segmentados da americana Avery Dennison,

detentora da patente dessa tecnologia, denominada Shrink PS (das iniciais em inglês para press sensitive, ou rótulo autoadesivo). O executivo, que esteve recentemente no Brasil para demonstrar as possibilidades de uso do sistema a convertedores e a potenciais usuários finais, afirma que, “além de causar impacto visual de qualidade muito superior à da impressão direta, atualmente usada de forma hegemônica para carnes e queijos, o Shrink PS oferece vantagens logísticas e de custos”. A Avery Dennison está empenhada em difundir o produto na Europa, nos Estados Unidos e na Amé-

Shrink PS: rótulos encolhem junto com a embalagem, sem deformações

Como funciona o Shrink PS 1

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Aplica-se o Shrink PS às embalagens plásticas termoencolhíveis manualmente ou com uso de uma rotuladora

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Remove-se todo o ar do interior da embalagem; o excesso de plástico permanece

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Coloca-se o conteúdo dentro da embalagem

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Sela-se a embalagem no interior de uma câmara a vácuo

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Imerge-se a embalagem em água quente para termoencolhê-la em torno do conteúdo

O Shrink PS encolhe juntamente com a embalagem e se adapta a ela, resultando em uma solução de decoração bem definida e livre de rugas


rica Latina. Adotado primeiramente na Austrália, o sistema “está pronto para ser fabricado no Brasil, para distribuição em países vizinhos”, informa Ronaldo C. O. Mello, vice-presidente e gerente geral da empresa para a América do Sul. A tecnologia já teria sido adotada e em curto prazo deverá ser colocada no mercado por indústrias nacionais das áreas de produtos cárneos e laticínios que a testaram, mas Mello diz não poder revelar quais são, por imposições contratuais.

Entre os fatores que teriam sido vistos favoravelmente por convertedores e end users destaca-se, primeiro, a possibilidade de redução da necessidade de se manter em estoque número frequentemente elevado de embalagens plásticas termoencolhíveis pré-impressas. “Geralmente, a produção de certos itens, como um tender ou uma copa, tem tiragens reduzidas, de 10 000 ou 15 000 unidades, enquanto o fornecimento de sacos pré-impressos se dá em lotes sempre grandes, medidos em centenas ou milhares de quilos”, argumenta Ronaldo Mello. “Se há uma mudança de código, como o SIF (Serviço de Inspeção Federal) ou o número de telefone, perde-se um lote muito grande de embalagens. Com sacos em branco e rótulos autoadesivos, isso não acontece.” O Shrink PS pode ser aplicado por meio de rotuladoras de pequeno porte, sendo que a Tronics desenvolveu um sistema específico, denominado Piggyback. De acordo com material informativo do fabricante, o equipamento “é fácil de usar e permite setup rápido, rotulagem bobina a bobina ou o desprendimento de um só saco para simplificar a aplicação da etiqueta e o enchimento”.

Avery Dennison (19) 3876-7600 www.averydenisson.com Tronics (11) 3744-2669 www.tronicsbrasil.ind.br

Aplicação do Shrink PS depende de rotuladora específica




Análise

Meio cheio ou meio vazio? Morosidade do setor de rótulos, refletida na Labelexpo, não deve ser vista com pessimismo Por Marcos Palhares

Estive recentemente na Labelexpo Americas (de 11 a 13 de setembro, em Chicago), feira dedicada à tecnologia de impressão e conversão de rótulos. Foi minha quinta visita a esse evento bienal, intercalada com outras quatro à sua edição europeia, que ocorre em Bruxelas. Fico à vontade, portanto, para dizer que a achei sem ímpeto e com poucas novidades. Os pavilhões apenas requentaram o que já havia sido mostrado em outras ocasiões. É bem verdade que alguns lançamentos foram anunciados. “Aprimoramentos” seria o termo mais correto. O que se viu, de fato, foi a consolidação de tendências apresentadas em edições anteriores de EmbalagemMarca, resumidas a seguir. A impressão digital, em pleno crescimento da base instalada, já é realidade na viabilização de pequenos lotes de rótulos. Mas um mundo enorme promete se abrir quando os brand owners acordarem para outras possibilidades que o mundo digital (e somente ele) oferece. Embalagens personalizadas, ações de relacionamento e lotes específicos por região, canal ou idioma são apenas alguns bons exemplos. Nesse mercado, a HP Indigo, sistema offset digital, é a plataforma dominante. Outras tecnologias, como a impressão com toner (da Xeikon) e a com jato de tinta (EFI e Durst são os nomes em evidência) parecem estar dispostas a incomodar essa supremacia, mas apenas os desenvolvimentos apresentados nos próximos dois ou três anos poderão dizer se terão êxito. Um grande apoio para a difusão desses equipamentos está vindo de produtos “acessórios”. Novas opções em soluções para acabamento (meio-corte e aplicação de hot stamping, cold foil e vernizes, por exemplo), dão aos convertedores mais segurança para optar pela via digital.

28 | Outubro 2012

Entre os fornecedores de bases autoadesivas, como Avery Dennison, Ritrama e UPM Raflatac, a rota a se destacar é a do desenvolvimento de substratos (frontal e liner) cada vez mais finos. Trata-se de uma resposta às demandas das grandes empresas usuárias de embalagem, para quem bobinas com maior quantidade de rótulos significam menos paradas em linha, menos estoques, menos resíduos e mais dinheiro no bolso.

Outra tendência que segue firme é a reorganização do mercado de conversão. Ainda em processo de consolidação, com fusões e aquisições em pleno curso, os players desse setor começam a experimentar novas possibilidades. Fornecedores de rótulos estão gradativamente se capacitando a suprir diferentes tipos de decoração e, mais recentemente, até embalagens flexíveis e cartuchos de papel cartão. É o que se costuma chamar de gráfica “one-stop shop” – uma empresa onde brand owners podem encontrar os mais diferentes produtos impressos de que necessitam em suas linhas. Com isso, fabricantes de equipamentos que operam com bobinas mais estreitas, destinados à impressão de rótulos, passaram a desenvolver máquinas mais largas, capazes de atender serviços hoje problemáticos para os convertedores de embalagens, especialmente aqueles com pequenos volumes. Nomes tradicionais, como Nilpeter, Gallus e Mark Andy, e outras empresas sólidas, como Müller Martini e a própria HP Indigo, disponibilizam impressoras capazes de trabalhar com substratos que vão de filmes superfinos a cartões encorpados, com larguras adequadas para atender a indústria de embalagens.

Em meio a essa morosidade da indústria de rótulos, contudo, chama a atenção o deslocamento geográfico do potencial de crescimento do setor. Nos países, essa atividade industrial atingiu a maturidade, e os convertedores penam com baixos índices de crescimento e margens cada vez mais espremidas. Capitalizados, porém, eles estão saindo às compras e marcando posição entre os “emergentes”, onde se encontram as oportunidades – hoje, 80% do crescimento da indústria de autoadesivos vêm justamente de países como China, Índia e Brasil, de acordo com o especialista Mike Fairley, executivo da Tarsus, empresa inglesa que organiza a Labelexpo. Para um país como o nosso, acostumado a voos de galinha, desaquecimentos na economia sempre fazem ligar o sinal de alerta. Mas o contexto global agora é outro, e o Brasil encontra-se em situação privilegiada. Com a devida cautela, talvez valha a pena tentar achar o lado bom das coisas, mesmo em momentos difíceis, e investir. É hora de os convertedores brasileiros de rótulos (e fabricantes de embalagem em geral) profissionalizarem suas gestões em busca de eficiência e ganhos de produtividade. Caso contrário, corremos o risco de, mais uma vez, perder o trem da história. Um painel com representantes de convertedores de diferentes países, realizado no ciclo de eventos paralelo à feira, ilustra como a maneira de encarar os fatos pode nos fazer ver um copo meio cheio ou meio vazio. Após Fernando Gabel, diretor executivo da brasileira Baumgarten, expor desapontamento com nosso PIB anêmico, Iban Cid, executivo da gráfica espanhola Gemark, reagiu com bom humor: “Um por cento já estaria ótimo para nós”, disse, arrancando risadas da plateia.


Rotulagem

Nova diretoria da Abiea Em agosto foi escolhida a diretoria da Associação Brasileira das Indústrias de Etiquetas Adesivas (Abiea) para os próximos dois anos. Francisco Sanches Nogueira Neto, da Adesão Etiquetas, será o novo presidente, e Sérgio Botteselli Valério, da Visionflex Soluções Gráficas, o 1º vice-presidente. A eleição ocorreu durante o 13º Encontro Nacional de Convertedores de Etiquetas Adesivas, que reuniu convertedores e fornecedores da indústria no Hotel Vila Galé, em Angra dos Reis. Veja a composição da nova diretoria da Abiea: emb.bz/158posse

Aos quarenta e cinco Importante produtora de rótulos autoadesivos, a Prakolar completou 45 anos no final de agosto último. A empresa, instalada numa área de 5 000 metros quadrados no bairro do Belenzinho, em São Paulo, oferece diversas tecnologias de impressão, como flexografia, serigrafia, offset e digital em até dez cores, com possibilidade de impressão em adesivo, laminação em linha, hot stamping e cold stamping. Para celebrar a data, foi lançado um selo alusivo ao aniversário, criado pela agência Tottem.

Mirando o mercado latino A Braga, empresa brasileira de laminação de autoadesivos, montou um estande na Labelexpo Americas (ver análise ao lado) de olho, principalmente, na visitação de convertedores vindos de diferentes países da América Latina. A ação faz parte da estratégia da empresa de expandir suas exportações.

Segunda Gallus na Catuaí Embarcou no dia 10 de outubro, rumo à convertedora paranaense de rótulos Catuaí Print, de Nova Fátima, a segunda impressora flexográfica modelo ECS 340, produzida na Alemanha pela Gallus, empresa suíça. A primeira máquina foi instalada em julho.

Comprint com trinta Nas últimas três décadas, parte da história de algumas das principais marcas globais das indústrias gráfica e de marcação e codificação de embalagens se mistura com a da Comprint. A empresa paulista, que hoje representa nomes fortes como HP Indigo, ABG Graphics, Atlantic Zeiser e Videojet, completou 30 anos em agosto, sob comando de seu fundador Christian Vorländer.


Queijos

Fuga da mesmice Para destacar queijos tipo minas, cooperativa gaúcha adota embalagens diferenciadas

Queijo com probióticos chama a atenção nas gôndolas por ter embalagem metalizada

Fugir dos

tradicionais saquinhos transparentes e chamar mais atenção do consumidor. Esse foi o objetivo da Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa (MG), ao adotar embalagens flexíveis extrudadas para dois de seus queijos tipo minas – brancas para frescal e ricota, e metalizada para o queijo Sanbios. A cooperativa manifesta, através de sua assessoria de comunicação, o entendimento de que “a embalagem branca passa claramente a ideia de produto puro, de qualidade”.

30 | Outubro 2012

No caso do Sanbios, a assessora Regina Silveira afirma que a opção pelo filme metalizado visou destacar o fato de tratar-se de um queijo “diferenciado e nobre em relação aos demais do segmento”. Segundo ela, é o primeiro queijo do Brasil produzido com microorganismos probióticos, que ajudariam a regular a flora intestinal. As embalagens do queijo frescal e da ricota são extrudadas em até sete camadas de polietileno (PE) e copolímero de poliamida (PA), que propicia a barreira

a gases. A embalagem do Sanbios é de filme de polietileno extrudado em até cinco camadas, laminado em filme de poliéster biorientado (BOPET) metalizado, desenvolvido para contato direto com alimentos. A barreira a gases é garantida pela deposição de alumínio no BOPET. Segundo a Santa Clara, as blendas de materiais das duas embalagens proporcionam ótima selagem e resistência mecânica. O fechamento dos invólucros é feito por solda ultrassom. A impressão é flexográfica.

Cooperativa Santa Clara adotou o branco como padrão para os queijos minas frescal e ricotas

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Cafés

Nova forma de preparo Mousse de café vira bebida

A Vambel Café Artesanal, de Jundiaí, apresenta um novo jeito de fazer café. Trata-se do mousse para preparo instantâneo de café, produto que alia a praticidade do café solúvel à cremosidade do café expresso. O resultado é um café encorpado e fácil de fazer, que pode ser bebido puro ou misturado ao leite. Segundo a empresa, o café em mousse é voltado para o mercado gourmet.

O produto é acondicionado em uma caixa de papel cartão com capacidade para 300 mililitros. O sistema antivazamento foi desenvolvido e é fabricado pela Fotoimpress, que patenteou a embalagem, uma caixa de cartão impermeável, com sistema de dobras antivazamento e trava lateral de fechamento, com tampa de abas duplas integrada. A caixa pode ser levada ao freezer.

foto: carlos

curado

Novo mousse para preparo de café é acondicionado em caixas de papel cartão com sistema antivazamento

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entrevista

Doze pedidos de falência, mais de 500 títulos protestados, fábricas paradas. Era essa a situação dramática vivida pela Bombril em 2003. Motivo: trapalhadas do italiano Sergio Cragnotti, que adquirira o controle do negócio na década de 90. Após três anos de administração judicial, a operação foi reavida em 2006 por Ronaldo Sampaio Ferreira, filho do fundador da Bombril, Roberto Sampaio Ferreira. Os investimentos foram retomados. Em cinco anos, o mix da empresa pulou de 120 para cerca de 500 produtos. Bons resultados fizeram a dívida recuar de 800 milhões para 300 milhões de reais. Para o diretor de marketing da Bombril, Marcos Scaldelai, a volta por cima se deve bastante à força da marca, mas também às embalagens. “Elas nos ajudaram a promover lançamentos e a transmitir qualidade”, afirma. O executivo fala, a seguir, de ideias para a apresentação de produtos de limpeza doméstica e para um novo campo de atuação: o mercado de beleza, em que a companhia ingressou recentemente com a criação da Bril Cosméticos.

Da limpeza à beleza Marcos Scaldelai, diretor de marketing da Bombril, descreve como a empresa utilizou as embalagens para voltar a crescer na área de higiene do lar – e como irá utilizá-las em seu ingresso no mercado de cuidados pessoais

32 | Outubro 2012

A Bombril sempre se destacou entre as empresas brasileiras pelo investimento em marca, especialmente por meio da propaganda. Seria possível atribuir às embalagens alguma importância na construção do prestígio da empresa? Com certeza. A Bombril, por característica, procurou e procura sempre deixar transparecer a altíssima qualidade de seus produtos por meio das embalagens. As apresentações dos produtos visam transmitir ao consumidor predicados críveis. Para nós, a embalagem é uma ferramenta efetiva de marketing. Até porque, pela quantidade de lançamentos que temos feito, seria impossível investir em campanhas de televisão e tudo mais para todos os produtos. Para que eles tenham sucesso, temos reforçado atividades no ponto de venda e explorado a força da própria embalagem com o nome Bombril. Como normalmente ocorre a criação das embalagens da empresa? A área de pesquisa e desenvolvimen-


Produtos da Bombril: em cinco anos, portfólio quase quadruplicou

to tem uma equipe que só trabalha com embalagem. São seis profissionais especializados. Em termos de criação, fazemos um esforço enorme para que nossas apresentações se distingam, tenham algum caráter inovador. Dou um exemplo. Ingressamos recentemente, com a marca Força Azul, na categoria de desentupidores e produtos desincrustantes, dominada pela Diabo Verde. As embalagens procuram renovar a categoria em cor predominante, em força de comunicação, em formato. Ultimamente temos lidado bastante

com esse desafio de chamar atenção em categorias já estabelecidas, porque ampliamos bastante nosso raio de atuação no mercado de limpeza. Nos últimos cinco anos o sortimento de artigos de limpeza da Bombril evoluiu de 120 para quase 500 itens. Haverá ampliação de leque ainda maior, com novas versões próprias para produtos tradicionais? Cabe aqui uma contextualização. Nos últimos cinco anos a Bombril passou por dois momentos. No primeiro,

Força Azul: nova ideia visual para desincrustantes


encerrado no ano passado, a ideia era expandir a marca no setor de limpeza, levando-a a categorias já existentes. O processo de inovação era “me, too”, ou seja, de acordo com o que o mercado já tinha. Hoje, evoluímos. O foco voltou-se a produtos inéditos no mercado interno. Exemplo: lançaremos em breve, com a marca Mon Bijou, um higienizador para máquina de lavar roupas. É um produto muito usado em outros países, mas que não existe no Brasil. Sob essa mesma filosofia, criamos itens como limpador de tela LCD, limpador de micro-ondas que elimina odores de alimentos. Temos feito diversos esforços para detectar potencial para novidades como essas. Criamos uma universidade, a Casa Bombril, onde promovemos cursos de formação de domésticas. Nesse espaço, descobrimos muitas oportunidades para a limpeza do lar. A Bombril sempre priorizou a fabricação própria das embalagens de seus principais produtos. Por quê? Porque esse modelo proporciona aos nossos produtos um grande diferencial de preço. É uma vantagem competitiva que nós temos, especialmente importante para os produtos commodities de nosso portfólio, como detergente líquido para louça. A propósito, investimos pouco tempo atrás numa máquina moderníssima (da Krones), de alta capacidade, para envasar detergente para louças em frasco de PET, e não em frasco de polietileno, que foi por muito tempo o padrão do mercado. Não é uma inovação sem precedentes, porque concorrentes já a haviam feito. Mas, para nós, é uma grande mudança. Que exemplos o senhor forneceria de inovações em embalagem desenvolvidas nos últimos anos pela Bombril no negócio de limpeza doméstica? Temos muitos exemplos... Acho que um projeto marcante e de destaque é o do Tanto Líquido. Trouxemos uma proposta bem diferenciada para lava-roupas líquidos. Enquanto o mercado trabalha com um padrão bem mais tradicional de embalagem, nosso produto

34 | Outubro 2012

Ecobril: uso de refis apoia o compromisso ecológico da linha

A produção interna de embalagens nos proporciona um grande diferencial de preço. É uma vantagem competitiva importante para produtos commodities

Tanto: embalagem diferenciada no mercado de lavaroupas líquido

tem uma pega muito mais fácil, tem um visual muito mais moderno, mais feminino. As diferenças ficam muito claras quando você compara Tanto Líquido com os demais do mercado. A Bombril tem reforçado a comunicação de atributos “verdes” de seus produtos e de que é uma empresa engajada em reduzir o impacto ambiental de suas atividades. Isso tem sensibilizado o consumidor brasileiro, influenciado as decisões de compra? Sinceramente, não dá para dizer que existe grande demanda por sustentabilidade, até porque nosso consumidor de classe média não tem muito claro o que é um produto sustentável. Por outro lado, Ecobril – lançada por nós como a primeira linha sustentável completa no Brasil para a limpeza do lar, composta por 24 itens de apelo premium – é alvo de ótima receptividade. Ela já está no País inteiro. Quem começa a usá-la não para mais. Pessoas ligam para o nosso SAC a elogiando. Resumindo, notamos que as classes mais altas já se sensibilizam. Isso tende a crescer na base da pirâmide. Por isso, decidimos fazer da sustentabilidade um compromisso, no sentido de tentar melhorar a qualidade de vida dos nossos consumidores não só pela entrega de praticidade, mas também de meios de ajudá-los a se relacionar melhor com o ambiente. Que efeitos esse compromisso provocou nas apresentações dos produtos? Uma consequência importante foi o uso de refis na linha Ecobril. Investimos bastante para poder disponibilizar essas embalagens de recarga, que não somente exigem menos matéria-prima para sua produção como proporcionam economia ao comprador. Passamos também a oferecer soluções concentradas. Isso gera reduções expressivas do consumo de materiais de embalagem. Ao que tudo indica, produtos ambientalmente mais amigáveis serão destaques da Bril Cosméticos, recém-criada pela Bombril após a compra da Ecologie Cosméticos. Que planos a empresa tem para



esse negócio? Faz três meses que a Bril Cosméticos existe de fato, com um centro de distribuição próprio e 100% do controle da Bombril (em 2011, por cerca de 15 milhões de reais, a empresa adquiriu 75% da Ecologie Cosméticos; neste ano, arrematou o restante). Faremos dois trabalhos em cosméticos. Um com a linha Ecologie, que é o conceito sustentável, de entregar formulações baseadas em ingredientes naturais e produtos que agridem menos o ambiente. Investiremos para colocar produtos o mais sustentáveis possíveis nas gôndolas de perfumarias e farmácias, onde Ecologie já era vendida, e a partir de agora também nas dos supermercados. Queremos ser reconhecidos como a Natura do varejo. Em outra frente, teremos produtos com alta carga tecnológica, fundamentados em desempenho. O mote não será sustentabilidade, mas performance. Que novidades ou inovações a Bril Cosméticos trará em termos de acondicionamento de produtos? Dentro do objetivo de entregar o máximo possível de sustentabilidade em Ecologie, investimos cerca de 5 milhões de reais na reformulação da submarca Raízes de cuidados com cabelos. Os 24 itens dessa linha levam ingredientes

Investiremos para colocar cosméticos o mais sustentáveis possíveis nas gôndolas de perfumarias, farmácias e supermercados. Queremos ser reconhecidos como a Natura do varejo

naturais e agora têm embalagens feitas de plástico reciclado. Isso fortalece o conceito ecológico dos produtos. Haverá outras adaptações e investimentos em embalagem em prol da sustentabilidade e da modernização. A Ecologie Cosméticos tinha algo em torno de 130 produtos. Graças aos desenvolvimentos recentes, a Bril Cosméticos já tem cerca de duzentos produtos. A intenção é aumentar ainda mais o portfólio. Foi noticiado que a Bril Cosméticos terá uma linha de cuidados pessoais específica para mulheres com mais de quarenta anos de idade... É para o ano que vem. As embalagens já estão até desenhadas. Elas tentarão traduzir essa mulher mais madura, oferecer praticidade... É o que posso, por enquanto, antecipar. Estamos empenhados em atender segmentos. Quase ninguém fala com públicos distintos.

Ecologie Raízes: reformulada, linha é agora vendida em embalagens de plástico reciclado

36 | Outubro 2012

A maioria das empresas não faz nicho e acreditamos nessa oportunidade para o grande varejo. Sob essa disposição, estamos lançando a linha Joy. Seus produtos, com fórmulas avançadas, são direcionados para um nicho que ninguém trabalha hoje no Brasil: a mulher jovem de 15 a 22 anos. Não é teen, não é uma menina. É uma jovem mulher. Trata-se de uma daquelas famílias de produtos que, como disse, será fundamentada em performance. As embalagens têm formato bem feminino, muitas cores, visual descontraído. Procura falar a linguagem dessa mulher mais jovem (ver Display desta edição). Quais serão os maiores desafios para a empresa nos próximos anos? Em household, o grande desafio da Bombril será continuar trabalhando o rejuvenescimento junto a essa nova mulher da classe média brasileira. Ela tem de perceber a Bombril como a marca do primeiro passo dela a um mercado de maior valor agregado. Temos de nos adaptar à rotina dessa mulher e falar a linguagem dela. Saímos na frente. Fomos a primeira marca a conseguir entender a mentalidade dessa nova mulher e temos como desafio perpetuar isso nos próximos anos. Para cosméticos, o desafio é enorme. O mercado é extremamente concorrido. Não vamos competir com as grandes empresas tradicionais. Precisamos fazer com que os consumidores entendam como a Bombril quer se colocar no mercado, numa proposta de produtos premium, diferenciados, de mass prestige, mas com preços acessíveis. Não é fácil, porque as indústrias de cosméticos investem absurdamente para cativar o público. Buscaremos fazer nossa parte.



Prêmio

A premiação que faz diferença Após estudo das descrições dos cases concorrentes, da criteriosa análise física das embalagens correspondentes e da troca de opiniões entre si, os sete componentes do júri da sexta edição do Prêmio Grandes Cases de Embalagem atribuíram, dia 11 de setembro último, as notas que, depois de tabuladas, resultarão na lista dos ganhadores. O resultado será apresentado na cerimônia de entrega dos troféus, a realizar-se dia 13 de novembro próximo no Centro Universitário Senac Santo Amaro, em São Paulo, numa comemoração que já se tornou data imperdível do setor. Além de homenagear as empresas donas das marcas e as fornecedoras e prestadoras de serviço citadas nas fichas de inscrição, a iniciativa dá projeção e valoriza os profissionais envolvidos nos cases concorrentes – daí o eixo da campanha de divulgação este ano ter se focalizado em dois motes: “Fazer diferente faz diferença” e “É importante para sua empresa. É importante para você.” O número recorde de inscrições em relação aos anos anteriores, bem como a qualidade de expressivo número de cases inscritos, que vem aumentando a cada edição, acentua a exigência de cuidados por parte dos jurados no julgamento. É por isso que este ano a comissão julgadora foi ampliada de cinco para sete membros (veja-os no quadro). É um número que ameniza a carga de trabalho, mas não tão alto que possa levar à dispersão na análise. Fundamental é que o julgamento se ativesse ao rigor do estudo de cada case e à imparcialidade do voto. Neste pressuposto básico, que orienta o regulamento do Prêmio Grandes Cases de Embalagem desde sua instituição, em 2007, prevalecem dois princípios essenciais:

38 | Outubro 2012

fotos: andré godoy

Com critérios rígidos de julgamento, Grandes Cases de Embalagem se destaca como um evento singular e concorrido no setor

• são vetados patrocínios de empresas que possam ser concorrentes a troféus (transformadores e convertedores de embalagens, rótulos, sistemas de fechamento e outros complementos, além de agências de design e usuários finais); • igualmente não podem participar do júri profissionais ligados a empresas que possam ser candidatas a troféus, como usuárias, fornecedoras e prestadoras de serviços na área de embalagem, isto é, agências de design, de propaganda, de pré-impressão e assemelhadas. O mesmo rigor quanto à clareza de procedimentos, que resulta na credibilidade inatacável do Prêmio, está presente no fato de que ele é regido por critérios lógicos. O objetivo é incentivar e valorizar a busca da excelência nas embalagens brasileiras, premiando aquelas que se destacam pela otimização do conjunto de suas virtudes ou, isoladamente, de uma ou mais delas que tenham peso decisivo para

a obtenção de resultados positivos nos diversos aspectos que compõem um sistema de acondicionamento. Em função disso, a premiação não está dividida em categorias, dadas as limitações implícitas nesse processo de julgamento. Em Grandes Cases de Embalagem os jurados avaliam as embalagens levando em consideração todos os seus componentes, valorizando aqueles que contribuem em maior medida para o sucesso do produto ao qual se destinam. Ou seja, as embalagens são analisadas de forma integral, em função dos benefícios que trazem à indústria usuária, ao consumidor final e, consequentemente, aos parceiros envolvidos no case. Assim, são levados em conta o cenário que estimulou o desenvolvimento da nova embalagem, o design, a solução adotada e os ganhos gerados (financeiros, ambientais, técnicos, logísticos, de produtividade, de reciclabilidade etc). No entendimento dos organizadores do Prêmio, ao se aterem a tais crité-

Jurados avaliaram inscrições e amostras no dia 11 de setembro



rios para o preenchimento das fichas de inscrição, as empresas concorrentes induzem seus funcionários a dedicar-se à troca de informações e de opiniões sobre cada case, num processo didático

e de ampliação de conhecimentos. Tal processo terá seu momento maior na cerimônia de entrega dos troféus, cujos adornos – o coquetel que a antecede e o jantar que se segue a ela – constituem um

marcante momento de confraternização e relacionamento na cadeia de valor da embalagem. O ciclo se completará com a ampla cobertura da iniciativa, na revista EmbalagemMarca de dezembro.

Um júri de alta qualificação e credibilidade Adélia Borges Jornalista desde 1972, curadora especializada em design e professora de História do Design. Foi diretora do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, de 2003 a 2007, e curadorageral da Bienal Brasileira de Design Curitiba, em 2010. É autora, entre outros, dos livros Design + Artesanato: O caminho brasileiro, Sergio Rodrigues e Designer não é Personal Trainer. Trabalhou em veículos como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, TV Globo e TV Cultura. Graduada em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

Anna Carolina Maccarone Gerente executiva da Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign), responsável pela gestão do projeto Brasil Design. Com mais de doze anos de experiência nas áreas de promoção nacional e internacional, comunicação, planejamento, eventos e design, já atuou, entre outras entidades, na Câmara de Comércio Brasil-Alemanha. Formada em Publicidade e Propaganda, com ênfase em Marketing pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, e pós-graduada em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Antonio Carlos Ascar Consultor e sócio diretor da Ascar & Associados, consultoria atuante na área supermercadista. Consultor de Varejo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e articulista da revista SuperHiper, é um estudioso das tendências do varejo de autosserviço, tema principal de suas palestras. Graduado e pós-graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV – SP), com especialização em Empreendedorismo na Babson College de Boston, Estados Unidos. Foi diretor executivo do Grupo Pão de Açúcar durante 31 anos. Auresnede Pires Stephan (Professor Eddy) Professor atuante na área de design nas seguintes instituições de ensino superior em São Paulo: Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP), Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Faculdade Santa Marcelina (FASM) e Istituto Europeo di Design (IED). É membro do Museu da Casa Brasileira e consultor e curador de inúmeros prêmios de design no Brasil. Bacharel em Design pela FAAP, mestre pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista pela Universidade São Paulo (USP). Luiz Fernando de Oliveira Pereira Sócio diretor da Greenfield Consultoria e Promoção de Eventos, empresa idealizadora do Programa Embala, que promove entre outros eventos especializados a Expo Embala, única feira totalmente focada na cadeia de valor da embalagem no Brasil. Atua desde 1986 no segmento de feiras de negócios, tendo participado da criação de vários eventos regionais desse gênero, dentre os quais a Embala Nordeste. É formado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Myrna Nascimento Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), onde leciona nos cursos de Arquitetura e Design. É também professora do Centro Universitário SENAC São Paulo, nos cursos de Design Industrial e Arquitetura, e nos de Pós-graduação em Arquitetura Comercial e Design de Interiores, sendo que coordena este último. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, com mestrado em Comunicação Social pela Faculdade Casper Líbero, e mestrado e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo.

Patrícia Amaral Assessora de Soluções de Negócios na GS1 Brasil, com experiência na coordenação de projetos setoriais na área de automação da cadeia de suprimentos. Especialista em Supply Chain, em que atua há mais de sete anos. Graduada em Engenharia de Produção Mecânica pela Escola de Engenharia Mauá - Instituto Mauá de Tecnologia; com MBA em Marketing de Serviços na FIA-USP, especializada em Balanced Scorecard pela FGV, em Marketing pela ESPM e Design Thinking pela Design Echos.

40 | Outubro 2012

fotos: andré godoy

Jurados do Prêmio Grandes Cases de Embalagem têm relação com o setor, mas sem vínculos com concorrentes, como impõem o regulamento e a ética



internacional

Pods em voga Lava-roupas em cápsulas viram febre no mercado americano, com implicações em apresentação da categoria e de saúde pública

Tide Pods: pote e bolsa plástica personificam uma grande aposta da P&G

emb.bz/158tide

O stand-up pouch está em alta na seção de lavanderia dos supermercados americanos. Procter & Gamble, Henkel, Sun Products e Church & Dwight, entre outras indústrias, adotaram essa embalagem flexível, conhecida por ficar em pé, na instauração de uma moda: a venda de pods para lavar roupas. São pequenas cápsulas repletas de soluções líquidas que prometem limpar, amaciar e perfumar tecidos com grande eficiência e apelo de praticidade, dispensando as dosagens de produtos. Feitas de filmes especiais, elas se dissolvem quando em contato com água, liberando detergentes e outras especiarias químicas no turbilhão. Uma única uni42 | Outubro 2012

dade seria o suficiente para uma lavagem completa em máquinas de lavar. O conceito de lava-roupas líquido encapsulado em filme hidrossolúvel não é exatamente uma novidade. Existe na Europa desde a década de 90 e já foi testado anteriormente no mercado americano. A diferença, segundo as fabricantes, é que agora os produtos têm fórmulas melhores e mais concentradas – ou seja, com menos água (isso permitiu a adoção de filmes que se dissolvem mais rapidamente, inclusive em água fria; os antecessores exigiam água quente). A aposta nesses novos lava-roupas em cápsula é alta. Lançado em fevereiro último, o Tide Pods teria demandado da

Procter & Gamble oito anos, 450 esboços de produto, 6 000 testes com consumidores e mais de 100 milhões de dólares em seu desenvolvimento.

Alardeado como a maior inovação da marca em quase três décadas, o Tide Pods se destaca em termos de apresentação. O produto é vendido não só em stand-up pouch. Este, na realidade, tem apelo de embalagem de recarga para um pote de formato circular, que lembra um aquário, moldado em PET com 25% de resina reciclada. Combinados, a embalagem rígida e o refil reduziriam o consumo de plástico pela metade numa comparação de rendimento


Purex UltraPacks, da Henkel, e All Mighty Pacs, da Sun, têm pouches resseláveis predominantemente azuis e com áreas transparentes para visualização das cápsulas

equivalente ao de lava-roupas líquidos convencionais, vendidos em frascos com tampa dosadora. Tal característica de minimizar resíduos garantiu ao produto um dos troféus da mais recente edição do DuPont Packaging Awards, prêmio internacional de embalagem promovido ano a ano pela DuPont. Vendidos exclusivamente em bolsas plásticas, os concorrentes do Tide também chamam a atenção pelas embalagens. Os stand-up pouches do Purex UltraPacks, da Henkel, e do All Mighty Pacs, da Sun Products, por exemplo, incorporam fecho plástico (“zíper”), regiões transparentes, que permitem a visualização do conteúdo, e design grá-

fico moderno. Mas nem tudo são flores. Segundo o noticiário, crianças têm confundido pods com balas e confeitos e os ingerido. Mais de 1 500 casos de intoxicação teriam sido registrados em solo americano até meados de setembro – felizmente, sem casos de morte. Ante os acidentes, a P&G declarou que aplicará no Tide soluções childproof, para coibir a abertura das embalagens pela criançada. Nas outras marcas, ganharam realce alertas para armazenar as cápsulas longe do alcance dos pequenos. Depois de todos os esforços para gerar os novos lava-roupas, os fabricantes encaram mais um desafio: deixar claro que sabão não é doce.

Assista a uma reportagem (em inglês) sobre intoxicação por pods: emb.bz/158noticia


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br

2

1

3

4

HIGIENE PESSOAL

Para as jovens, irreverência Joy! é a novidade da Bril Cosméticos, divisão da Bombril para o mercado de cuidados pessoais. Composta por 42 itens, entre produtos para cuidados para o cabelo e para o corpo, a linha é dedicada a mulheres jovens, com idades entre 15 e 22 anos – proposta divulgada como inédita no País (ver a Entrevista desta edição). Segundo a empresa, as embalagens da nova marca

44 | Outubro 2012

primam por formatos curvilíneos, alusivos ao corpo feminino, e design gráfico irreverente, calcado em padrões de estampas com cores vibrantes. No caso dos produtos para o cabelo – xampu, condicionador, creme de tratamento e creme para pentear – sobressaem, na decoração serigráfica dos potes e frascos, círculos coloridos que lembram bolhas.

Design 1 2 3 4

Oficina Design Up (11) 5051-8844 www.oficinadesignup.com.br Frascos 1 2 , tampas 1 2 e decoração 1 2 3 4

AB Plast (47) 3451-9103 www.abplast.com.br Frasco 3 e pote 4

Aptar (11) 4196-7500 www.aptar.com Tampa 3

Uniwap (11) 4163-3773 www.uniwapp.com.br



Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

2 Embalagens

Inplasul (46) 3220-8000 www.inplasul.com.br Design

1

Design Vogt (51) 3331-7812 www.vogt.com.br

Pote

Berry Plastics (15) 3414-5300 www.berryplastics.com Design

Kong Rex (11) 3032-1260 www.kongrex.com.br

Matinais

Philadelphia em dobro 1 Sem prejuízo da embalagem clássica, com 150 gramas, o cream cheese Philadelphia, da Kraft Foods, passa a ser vendido também em pote de 300 gramas. A estreia foi no mercado de São Paulo.

Antes … Sucos

nova estampa A Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (ebba) relança a linha de sucos prontos para beber Maguary Néctar. As caixinhas apresentam cores mais fortes e bandeirolas sob o logotipo e os nomes das frutas.

Design

A10 Design (11) 3845-3503 www.a10.com.br

Embalagens

Tetra Pak (11) 5501-3200 www.tetrapak.com.br

Pães

Espumantes

Identificação mais fácil 2

Mais um top de linha

A linha de pães 100% Integral, da Seven Boys, teve embalagens atualizadas. O objetivo é facilitar a identificação nas gôndolas. O visual ficou mais limpo e agora dá mais destaque à inscrição “100% integral”.

A Vinícola Aurora amplia sua linha de espumantes top com o Brut Rosé, elaborado com as uvas Pinot Noir e Riesling Itálico. A novidade surge em garrafa de vidro de 750 mililitros decorada com rótulo de papel.

… e depois

Rótulo

3

Gráfica Reúna (54) 3441-9200 www.reuna.com.br Garrafa

Owens-Illinois (11) 2542-8084 www.oidobrasil.com.br Design rótulo

Plano Design (54) 3451-4160 Cápsula

Royo e Cia (54) 3226-2022

46 | Outubro 2012

3


4 Design

Brander Branding Expression (11) 3067-5990 www.brander.com.br Cartuchos

Embalagens Santa Inês (11) 3904-0444 santaines.com.urlpreview.net

Preservativos

Sabonetes

aniversário Retrô 4

proteção da Flora 5

Para comemorar 21 anos da marca Prudence, a DKT do Brasil desenvolveu embalagens vintage para a linha Cores & Sabores. A arte das caixinhas de papel cartão remete a embalagens antigas de camisinhas.

Protege é a nova linha de sabonetes antibacterianos da Flora. As embalagens dos sabonetes em barra e dos sabonetes líquidos da linha têm design despojado, que remete a produtos da área clínica.

Rótulos

Indexflex (11) 3618-7100 www.indexflex.com.br envelopes

Dixie Toga (11) 2928-9200 www.dixietoga.com.br Válvulas

Master Pumps (11) 4072-5353 www.masterpumps.com.br Design

Oz Design (11) 3024-2670 www.ozdesign.com.br Frascos e tampas

5

Plásticos Cária (11) 3674-0020 www.caria.com.br


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

1 Embalagens

Tetra Pak (11) 5501-3200 www.tetrapak.com.br

4

Sucos

Sabonetes

sabores inusitados

lux e lifebuoy em refil

1

A Arbor Brasil lança a linha de chá verde NamasTea – nome que brinca com “namastê”, saudação típica do sul da Ásia. Os produtos são vendidos em embalagens cartonadas assépticas de 250 mililitros e de 1 litro.

Stand-up pouches, as bolsas plásticas que ficam em pé, foram adotados pela Unilever em refis para os sabonetes líquidos Lux e Lifebuoy. As embalagens de recarga reforçam as iniciativas

2

sustentáveis da companhia, pois têm 70% a menos de plástico do que os frascos em que os produtos são primordialmente oferecidos. A empresa não informou de quem é o design das novas embalagens.

Design

VY2 Studio Design (11) 5081-7813 www.vy2.com.br

Chicles

Cosméticos

Cervejas

com Mais ergonomia

Barbie nas unhas 4

De roupa nova 5

A Biotropic Cosmética lança a primeira coleção de esmaltes inspirada na personagem Barbie. A coleção conta com 20 cores, incluindo base seda, cores cremosas e brilhos e a linha extra brilhos com fragrância, que possui secagem rápida e brilho intenso e deixam as unhas perfumadas. O produto é vendido em blister com uma unidade.

A cerveja Skol ganhou nova identidade visual. O branco do fundo foi substituído pelo amarelo nas embalagens. A seta, que simboliza o slogan “Desce redondo” ganhou destaque e o logotipo teve a tipologia modernizada.

3

A Perfetti Van Melle adotou um novo pote com tampa flip-top para Pure Ice e Pure Fruit, novos sabores de Mentos Goma de Mascar. Ondulações facilitam o manuseio. A decoração é feita com rótulo termoencolhível.

Frasco e tampa

Plast & Pack (41) 3668-3169 www.plastpack.com.br Design

2

Selection +39 (02) 380771 www.selection.it Rótulo

Sleever International (11) 2303-2337 www.sleever.com

3

5 Stand-up pouches

Inapel (11) 2462-8800 www.inapel.com.br

48 | Outubro 2012

Design

Narita Design (11) 4052-3700 www.naritadesign.com.br


6 Design

B+G (11) 5090-1460 www.bmaisg.com.br

Chocolates

Viagem no tempo

Lata

Metalgráfica Itaquá (11) 4648-2699

6

A Kraft Foods Brasil resgatou uma embalagem de 1920 para comemorar os 100 anos da marca Lacta. As barras de chocolate ao leite de 170 gramas são acondicionadas em uma lata que segue o mesmo visual retrô, adornada por uma

cinta de papel cartão. A lata é vendida com três barras: uma com a embalagem de 1920, uma com a atual e uma terceira que convida o consumidor a acessar a página da empresa no Facebook e dizer como serão os próximos 100 anos.

Flow packs

Dixie Toga (11) 2928-2000 www.dixietoga.com.br Cinta

EGM (11) 5693-5693 www.egmgrafica.com.br

Agosto 2012 |

49


Almanaque O jubileu do blister Embora existam registros mais antigos de ideias parecidas, consta que a primeira embalagem do tipo blister surgiu em 1962. A Hassia, fabricante alemã de equipamentos de embalagem, teria desenvolvido o conceito – chapas de plástico termoformado dotadas de cavidades (ou bolhas, blisters, em inglês) vedadas por um filme – a pedido da conterrânea Schering. A ideia era oferecer uma apresentação prática para o Anovlar, uma das primeiras pílulas anticoncepcionais do mundo. Até então, comprimidos eram vendidos em frascos de vidro ou em strips (“sanduíches”) de filme de alumínio.

Antes do silicone…

Em 1917, começaram a circ ular em jornais anúncios de um ung uento que prometia peitos dos sonhos às brasileiras. A Pasta Russa, criada pelo “célebre médico e cientista russo” Dou tor G. Ricabal, asseguraria seios “desenvolvidos, fortificados e aformoseados” após dois anos de uso. O produt o podia ser encontrado nas melhores “pharmacias” do País ou entregue pelo corr eio. O rótulo, azul, trazia a ilustração de uma mulher topless. No final da década de 1940, jornais e revistas ainda traziam recl ames da pasta prodigiosa. O que terá sido dela – e do tal Doutor Ricabal?

Veja mais imagens em emb .bz/158seios

A guerra das garrafas Ficou conhecida como guerra das garrafas uma das mais longas batalhas judiciais entre a Coca-Cola e a Pepsi no Brasil. A pendenga durou 38 anos. Tudo começou em 1972, quando a polícia apreendeu garrafas retornáveis de vidro da Coca em uma fábrica da Pepsi no Rio Grande do Sul. O fato se repetiu dois anos depois. A Pepsi foi acusada de quebrar parte dos recipientes e denunciada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Acabou sendo condenada e multada, mas recorreu da sentença. A história só teve final em 2010. A Justiça Federal gaúcha considerou que não havia provas contra a Pepsi, inocentou-a definitivamente e mandou a União a devolver à empresa o valor da multa que ela havia pago quase quarenta anos antes.

Você sabia?

Baú digital Nos rótulos de cachaça, a mãe de todos os crustáceos

emb.bz/158bau

50 | Outubro 2012

O nome Sadia não foi criado para transmitir a ideia de alimentos saudáveis. Na realidade, a Sociedade Anônima Indústria e Comércio Concórdia adotou essa alcunha, na década de 1940, a partir das iniciais SA de “Sociedade Anônima” e das três últimas letras da palavra “Concórdia”. Simples assim.




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