EmbalagemMarca 165

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Ano XIV • Nº 165 • Maio 2013 • R$ 15,00

o tr Pa

especial: 3R

Apesar de haver boa parte de simulação, cresce no Brasil a prática da reciclagem de embalagens

entrevista

O presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET, Auri Marçon, fala de alvos e metas do setor

Mais mercado, menos depósito Embalagens contribuem para mudar a cara do varejo de materiais de construção



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Bom motivo de reflexão para o setor de embalagem Muitos anos depois de o autosserviço consolidar-se no mundo como canal de vendas que viria a substituir os balconistas em armazéns, empórios e outros tipos de estabelecimento de varejo de bens de consumo, no Brasil o sistema vem se firmando também na área de materiais de construção, a exemplo do que já ocorreu em países mais desenvolvidos. É verdade que isso acontece com alguma defasagem no tempo em relação ao que se vê em mercados mais dinâmicos que o nosso. No entanto, o vigor e a modernidade que se registraram em anos recentes no varejo nacional de alimentos, bebidas, produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica vem igualmente se impondo nas casas de comércio de artigos para edificação, reforma e decoração de imóveis. Como mostra a reportagem de capa desta edição, de autoria do editor executivo Guilherme Kamio, “o depósito clássico – espartano, poeirento, dos pedidos no balcão e frequentado predominantemente por pedreiros e prestadores de serviços – cede espaço a lojas de autosserviço”. Num ano em que as previsões para o crescimento da economia brasileira giram em torno de 3%, 4% na melhor das hipóteses, a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) projeta um avanço de 6,5% para o setor. Para o interesse central do público de EmbalagemMarca é interessante ressaltar que esse bom desempenho

se dá num panorama de transformação dos ambientes de venda. “Especialmente nos casos de home centers e shoppings da construção que se assemelham a supermercados é privilegiada a exposição de produtos em prateleiras”, observa Guilherme. Também aí, como se deu há algumas décadas quando o balconista começou a ceder lugar ao “vendedor silencioso”, as embalagens com visual atraente e atributos de conveniência estão mais e mais presentes nas prateleiras. “Hoje, temos pontos de venda com 40 000 itens, 50 000 itens ao alcance do consumidor”, registra o presidente da Anamaco, Claudio Conz. Não obstante tal florescer, esse canal de venda ocupa parcela ínfima – em torno de 4% – de um mercado que em 2012 faturou 55 bilhões de reais (contra 39,5 bilhões cinco anos antes). Não é por menos que novos grupos multinacionais, já predominantes no segmento, anunciam a intenção de disputar a fatia dos 96% restantes do bolo. Certo que a prenda está, digamos, espalhada em migalhas, ou seja, em pequenas casas com atendimento pessoal em incontáveis municípios do Brasil. Mas não foi assim quando os supermercados, hoje presentes em cada ponto do País, começaram a substituir as lojas com balconistas? É, a nosso ver, um bom motivo de reflexão para a cadeia de valor da embalagem. Até junho.

WILSON PALHARES

“As vendas de materiais de construção em lojas de autosserviço ganham espaço no mercado brasileiro, com uso crescente de embalagens atraentes e com atributos de conveniência. No entanto, o canal tem participação ínfima na área, que em 2012 faturou 55 bilhões de reais. É para o setor de embalagem refletir” Maio 2013 |

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Edição 165 • Maio 2013

Sumário 3 Editorial A cadeia de valor de embalagem tem uma boa

Reportagem de capa

oportunidade de negócios na substituição do vendedor pelo sistema de autosserviço na área de materiais de construção

Cresce o uso de embalagens elaboradas para materiais de construção, que ampliam espaço em lojas de autosserviço do setor (e até nas de balcão) ilustrações de capa: Alan Campos

Por Guilherme Kamio

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6 Artigo Ao contrário do que se costuma afirmar, a

robotização de processos industriais, inclusive o de embalagem, gera empregos, não os elimina Por Pat Reynolds, editor da revista Packaging World

8 Painel Abeaço, a associação da embalagem de aço, e Abralatas (do alumínio) completam dez anos de atividade • PPG Industries inaugura nova fábrica de tintas para embalagens • MeadWestvaco (MWV) anuncia mudanças em sua operação no Brasil • Krones do Brasil é, no mundo, a primeira empresa da gigante alemã a receber certificado de sistema integrado de gestão 16 Design Garrafa criada por brasileiro para cerveja holandesa será comercializada globalmente

28 Refrigerantes Schweppes comemora 230 anos com embalagens que resgatam antigos cartazes da marca

30 Entrevista Auri Marçon, presidente da associação do

PET, diz como o setor pretende conquistar novos mercados

6

16

36 Especial 3R Terceira e última reportagem da série especial

sobre Redução, Reutilização e Reciclagem mostra que as empresas podem obter vantagens ao usar embalagens recicláveis e estimular a reciclagem

42 Internacional Heineken adota lata de alumínio de formato inédito

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43 Internacional Nitrogênio viabiliza nova lata de aço para conservas

44 Display Salton amplia portolio de seu Projeto Gerações • Unilever muda embalagens para harmonizar linguagem de defensivos agrícolas na América Latina • Na embalagem de escova para cabelos, destaque é para desconto na compra

50 Almanaque Cerveja entra em mostra de 140 anos da Convenção Republicana • Pronúncia do nome, desafio de marca de desodorante • Loiras onipresentes • Barão não viu um centavo por dar a cara

Empresas que anunciam nesta edição Antilhas................................................. 9 Adecol................................................47 Almanaque........................................45 Aptar B&H Embalagens..................33 Baumgarten...................................... 17 Braskem............................................... 5 Cerviflan.............................................39

Ciclo de Conhecimento................52 Congraf.................................... 2ª capa Designful............................................35 Esko-Graphics..................................25 Evertis................................................. 19 Fispal Tecnologia.............................43 Grandes Cases....................... 26 e 27

GS1........................................................ 7 Ibema.................................................. 41 Indexflex..............................................11 Innova S.A.......................................... 13 Moltec................................................49 Optima............................................... 15 Payne.................................................. 31

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br • Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: Karin Trojan | karin@embalagemmarca.com.br • Wagner Ferreira | wagner@embalagemmarca. com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br • Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br • Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas (assinatura anual R$ 150): Kelly Cardoso | assinaturas@embalagemmarca.com.br

Prakolar..............................................29 Simbios-Pack....................................49 SIMEI...................................................23 Tetra Pak............................................ 37 Wheaton............................................ 51

Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Arcílio Martins, 53 04718-040 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 www.embalagemmarca.com.br

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artigo

Exterminadores ou facilitadores? Opiniões se dividem sobre os efeitos da robotização de processos industriais – entre eles o de embalagem Por Pat Reynolds (*)

Popularíssimo nos Estados Unidos, o programa de tevê 60 Minutes, da rede CBS News, destacou recentemente uma discussão sobre robótica que é – ou que ao menos deveria ser – de interesse dos profissionais de embalagem. O foco do debate: “Robôs exterminam empregos?”. A resposta dada, curta e direta, foi “Sim”. Porém, uma semana depois, em discurso feito durante as feiras ProMat e Automate 2013, realizadas conjuntamente em Chicago, Henrik I. Christensen, diretor de uma das principais fornecedoras mundiais de robôs industriais, a Kuka, foi categórico ao dizer “Não”. Referindo-se ao episódio do 60 Minutes como “infeliz peça de mau jornalismo”, Christensen argumentou que, na verdade, ao beneficiar a produtividade a automação cria empregos. O melhor exemplo disso, ele observou, é a estrutura da montadora de automóveis Tesla Motors em Palo Alto, na Califórnia. Em nenhum lugar do mundo o número relativo de empregos é tão alto quanto lá. No entanto, como o modelo de negócio da Tesla se baseia fortemente em estratégias de automação que otimizam a produtividade e a eficácia, a empresa concluiu que a vantagem proporcionada por produzir próximo a seu mercado principal compensaria quaisquer vantagens que possam ser obtidas com baixos salários praticados no exterior. Resultado: a Tesla levou empregos para a Califórnia. “Lembrem-se que 6 | Maio 2013

quando a Tesla decidiu instalar-se aqui, toda a cadeia de suprimentos permaneceu aqui”, disse Christensen. “Para cada vaga aberta em manufatura, 1,3 vaga foi criada numa área relacionada a ela.” No caso da Tesla, parte dessas vagas é de indústrias fornecedoras de embalagens das autopeças que a empresa utiliza. O conferencista ressaltou também que indústrias como a Lenovo e a Apple estão “repatriando” intensamente algumas operações de manufatura viabilizadas devido a avanços da robótica e da automação. Não é só por causa de aumentos de até 500% registrados ultimamente nos salários asiáticos. O fato é que, sem os avanços em tecnolo-

gia que turbinaram a produtividade, a repatriação não ocorreria com a mesma velocidade.

Os notáveis avanços obtidos em robótica e em automação em geral estão apenas incentivando a revolução da robótica. Alguns indícios disso ficaram evidentes na ProMat/Automate. A Universal Robots e a ReThink Robotics demonstraram em seus estandes tecnologias com novo “senso de valor” que tornam mais seguro o trabalho integrado entre pessoas e robôs. Ambos os expositores garantiram que a embalagem é uma aplicação perfeita para esses robôs. Adivinhem qual o preço de

ilustração: © Palto Dreamstime.com


venda para o robô Baxter da ReThink Robotics? Incrivelmente módicos 22 000 dólares. Segundo o economista Erik Brynjolfsson, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), muito sintonizado com os progressos em robótica e em automação, a expansão da robótica

Capaz de realizar tarefas de embalagem, robô Baxter custa módicos 22 000 dólares

pode acelerar o crescimento econômico, o que, com o tempo, poderia criar milhões de novos empregos. Outro economista, Harold L. Sirkin, do Boston Consulting Group, vislumbra oportunidades de emprego expandindo-se em médio prazo porque a automação reduzirá o custo dos produtos a tal ponto que os consumidores os comprarão em maior quantidade, e novos trabalhadores serão necessários para fabricá-los. Não é o caso de dizer que a transição para o admirável mundo novo da robótica será indolor. Uma revolta inicial é inevitável. Pessoas refratárias à robótica podem apontar a recuperação sem empregos em que atualmente nos encontramos; o aumento da produtividade tem impulsionado o crescimento econômico, mas as taxas de desemprego permanecem incrivelmente altas. A maioria dos especialistas, contudo, parece concordar que, se olharmos para além do curto prazo, os benefícios de

médio e longo prazo da revolução robótica tendem a ser positivos, não só em termos de crescimento econômico, mas de criação de empregos, também. Os estudiosos do tema também alertam que a parte de criação de empregos vai exigir um enfoque especial em formação e educação para os trabalhadores pouco qualificados, ameaçados de serem espremidos para fora de seus empregos pela robótica. Quem quiser ignorar este aviso, que o faça por sua conta e risco. Copyright 2013 Summit Media Group, Inc. Todos os direitos reservados. * Pat Reynolds é editor da revista Packaging World e jornalista especializado em embalagem desde 1983.


Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

METÁLICAS

Dez anos de Abeaço Entidade dedicada à promoção da lata de aço no País completa uma década de atividades. Gerente executiva faz um balanço das ações realizadas Completa dez anos de ativida-

Que iniciativas e projetos a entidade tem para os próximos anos? Esperamos que a lata de aço avance em mercados ainda não explorados, mas prefiro não mencioná-los. O foco da Abeaço estará em projetos de educação ambiental, consumo consciente e reciclagem da lata de aço no País.

des, neste mês de maio, a Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço). Sua missão é o fortalecimento da imagem das latas de aço no País, por meio de apoio técnico e mercadológico às associadas (32 empresas, que representariam em torno de 70% do setor), atuação junto ao governo e campanhas de divulgação dedicadas a consumidores finais. À EmbalagemMarca, a gerente executiva da entidade, Thaís Fagury, fala das ações realizadas no último decênio. Aponta, ainda, os desafios a serem enfrentados daqui para frente. Quais as principais conquistas já obtidas pela Abeaço? Uma conquista primordial foi a integração do setor. Unimos esforços aos fabricantes de latas e criamos os projetos Vila do Aço (espaço coletivo em feiras de negócios), Congresso de Embalagens de Aço e o Prêmio do setor. Também desenvolvemos estudos, ciclos de palestras, confraternizações, informativos e um livro histórico, entre outras atividades. Criamos ainda o programa de educação para o consumo consciente “Aprendendo com o Lataço”, que já atendeu mais de 200 000 crianças e adolescentes. Um dos objetivos da entidade é o apoio ao desenvolvimento de novos produtos e mercados para a lata de aço. O que já se concretizou nesse sentido? A produção avançou bastante. Surgiram ferramentas que proporcionaram maior velocidade, novos formatos e decorações diferenciadas. A Valença criou tecnologias de litografia 3D e de litografia texturizada inéditas no mundo. Podemos citar também as latas TOp (Total Opening) e TOp Gun da Brasilata, que, devido à expansão e à ausência de anel metálico, consomem menos aço, pesando menos e reduzindo a emissão de

8 | Maio 2013

Acesse complemento desta entrevista em emb.bz/165abeaco

Abralatas também assopra dez velas Para Thaís Fagury, Abeaço uniu o setor de latas de aço

gases de efeito estufa. Outra novidade é a lata de 25 quilos da Novalata para texturas, massa corrida e complementos com preço mais atrativo, mas com todas as características que só a lata de aço proporciona como barreira total à umidade e alta resistência. Outra missão da Abeaço é estimular, no consumidor, a percepção de qualidades da embalagem aço. Houve sucesso nessa frente? Sim. Desenvolvemos diversas ações em rádio, revistas, jornais, TV e internet. Fizemos duas grandes campanhas, uma com (o ator) Lima Duarte e outra com (a atriz e apresentadora) Regina Casé. Tivemos ainda ações de merchandising no programa Mais Você, da Ana Maria Braga (TV Globo), na TV Record e na TV Gazeta. Participamos de campanhas nos metrôs de São Paulo e Porto Alegre. Atuamos em ações diretas com o consumidor para estímulo ao descarte seletivo em parceria com o Carrefour e a rede Magazine Luiza, entre outras iniciativas.

Além da Abeaço, outra entidade representativa da indústria de embalagens metálicas completa dez anos em 2013: a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), dedicada a promover o uso de latinhas de alumínio para bebidas. Um evento de comemoração está programado para agosto próximo, no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. A Abralatas chega ao décimo aniversário com novo presidente. É o engenheiro Carlos Medeiros, presidente da Rexam na América do Sul. Ele assume o cargo ocupado nos últimos três anos por Rinaldo Lopes, diretor da Crown Embalagens, em meio a um cenário favorável ao setor. “Em 2012, chegamos à marca de 20 bilhões de unidades produzidas em um único ano”, diz Medeiros. “Nossa expectativa é de crescimento entre 7% e 8% já em 2013, com a Copa das Confederações aquecendo o consumo de bebidas.” Novo líder da Abralatas, Medeiros está otimista quanto ao mercado



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

FECHAMENTOS

INSUMOS

Para vedar e depois brincar

Tintas fortes para embalagens

A BrickCap, mais nova tampa desenvolvida pela italiana Gualapack para stand-up pouches (bolsas plásticas que ficam em pé), proporciona uma maneira lúdica de reaproveitamento. Por meio de sobreposições ou uniões laterais, garantidas por ressaltos em suas bordas, o fechamento permite uniões de diversas unidades para a criação de brinquedos e objetos tridimensionais. “É uma tampa para ser

colecionada após o uso e utilizada muitíssimas vezes”, diz a empresa inventora. A ideia é o emprego da solução em pouches de sucos, iogurtes, papinhas e outros artigos para o público infantil. A segurança não passa em brancas nuvens: o diâmetro amplo e o design “vazado” da peça visam evitar sufocamentos devido a ingestões por crianças. emb.bz/165brickcap

A PPG Industries inaugurou no dia 25 de abril sua nova planta de tintas para embalagens. A fábrica, antes localizada em Cajamar, no interior de São Paulo, foi modernizada e transferida para Sumaré, também no interior paulista. De acordo com Carlos Santa Cruz, diretor presidente da PPG Industries no Brasil, a “unidade de produção de Tintas Packaging capacita a PPG a fornecer qualquer revestimento para os principais mercados da América do Sul”. A nova unidade Packaging-PPG levou dez meses para ser estruturada e implantada. O custo do empreendimento está inserido nos 80 milhões de reais que a empresa está investindo na planta – uma nova unidade de resinas para a área automotiva deve ser inaugurada daqui a dois anos. A PPG fornece tintas e vernizes para revestimentos a fabricantes de latas de alumínio para bebidas, tubos de aerossol de alumínio e aço, latas de aço para alimentos, embalagens plásticas para cosméticos, entre outros.

Encaixadas, tampas dão origem a objetos

certificação

GENTE

Posse na Abief Em cerimônia realizada em abril, Sérgio Carneiro (foto), da SR Embalagens, foi empossado como presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief). Eleito para comandar a entidade até 2015, o empresário substitui Alfredo Schmitt, da FFS Filmes, que cumpriu dois mandatos consecutivos. Carneiro diz que suas metas principais serão integrar ainda mais os associados e atrair mais empresas para a Abief. Em 2012, o setor cresceu 7,5%, faturando 12 bilhões de reais. A expectativa é de avanço de 4% neste ano.

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Quinze qualificadas Em solenidade realizada no início de abril na sede da Fiesp, em São Paulo, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), anunciou as merecedoras do Selo de Fornecedor Qualificado 2013. Entre as 34 empresas agraciadas, quinze são do setor de embalagens: Aerogas, Antilhas, Box Print, Congraf, Gonçalves, Grossplast, Igaratiba, Kingraf, Mappel, MWV Calmar, Pochet ET Du Corval, Primera Design, SGD Brasil, Sigmaplasth e Wheaton Brasil. Bem avaliados por associados da Abihpec, os fornecedores poderão utilizar a chancela em suas embalagens e ações publicitárias durante doze meses.



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

MERCADO

INTERNET

Mudança e encerramento

Atualização de interfaces

A MeadWestvaco Corporation (MWV) anunciou mudanças em seus negócios no Brasil relacionados a embalagens de produtos de cuidados pessoais. A operação de válvulas spray e dispensadores plásticos, conhecida como MWV Calmar, será transferida de São Paulo para Valinhos, no interior do estado, onde a empresa americana detém sua filial MWV Rigesa. Prevê-se que a mudança seja iniciada em setembro próximo e concluída no primeiro trimestre de 2014. Segundo a MWV, serão realizados “robustos investimentos” para a ampliação dessa atividade. Em outra frente, a companhia encerrará a produção de cartuchos de papel cartão para produtos de cuidados especiais. A decisão alinha-se à saída da MWV desse negócio em toda Europa e América Latina.

gente

Voz das agências Gustavo Gelli (foto), sócio da Tátil Design, é o novo presidente da Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign). O executivo, eleito por aclamação, será empossado no fim de maio e comandará a entidade até 2015. Ele sucede a Luciano Deos, diretor da consultoria Gad, que ocupou o cargo por dois mandatos.

Três importantes nomes da indústria de embalagens remodelaram seus sites na internet, promovendo a estreia das novas versões durante o mês de abril. Confira: Em meio à comemoração de seu aniversário de 114 anos, ocorrido em 19 de abril, a Klabin lançou um novo portal na internet. Segundo a empresa, que brande a liderança em produção e exportação de papéis para embalagens no Brasil, o site passa a oferecer conteúdo mais rico sobre sua história, seus negócios e compromissos ambientais e sociais. O projeto do novo portal é da agência Digital Industry. www.klabin.com.br

Nome forte em tampas plásticas, a Closure Systems International (CSI) modernizou seu site primando pela simplificação. “Os visitantes agora podem achar o que precisam com mais eficiência, utilizando menos cliques”, diz a gerente de marketing global Jane Haywood-Rollins. A reformulação é assinada pela DigitalDay. Por ora somente em inglês, o conteúdo do site terá em breve versões em espanhol, alemão, japonês, chinês e português. www.csiclosures.com

Dona de um vasto leque de materiais para a produção de rótulos, a Avery Dennison decidiu catalogá-lo na web com maior riqueza de informações. O novo site destaca estudos de casos, brochuras, vídeos tutoriais e ferramentas de medição, como índices para calcular comprimento e diâmetro das bobinas. O endereço pretende ser um novo canal de comunicação de convertedores, donos de marcas e designers com o time de profissionais da empresa. www.label.averydennison.com.br

EQUIPAMENTOS

Opção mexicana para roll fed A Tronics do Brasil fechou uma parceria comercial com a mexicana PKD Packaging, fabricante de rotuladoras para a aplicação de rótulos do tipo roll fed (mangas de filme plástico, confeccionadas a partir de bobinas). Como resultado da associação, a Tronics pas-

Rotuladora da PKD: feita no México e disponível no Brasil

12 | Maio 2013

sa a representar a nova parceira no mercado nacional e na América do Sul, vendendo seus equipamentos e prestando assistência técnica. A PKD fabrica rotuladoras com velocidades de 40 até 750 aplicações por minuto.



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

DECORAÇÃO

númeroS

25,2

bilhões de dólares será o valor movimentado pelo mercado mundial de embalagens para cosméticos em 2013, prevê a consultoria britânica Visiongain. A quantia é 5% maior do que a verificada em 2012.

35,8

bilhões de dólares será o valor do mercado mundial de embalagens assépticas em 2015, após um crescimento médio anual de 9,1% nos próximos dois anos. Segundo a consultoria Freedonia, o avanço será estimulado por adesões de indústrias alimentícias preocupadas com perdas durante a distribuição refrigerada.

50 já são os produtos brasileiros cujas embalagens têm o selo “I’m green” – que identifica o uso do polietileno “verde” da Braskem, derivado do etanol da canade-açúcar. Entre as dezenove empresas usuárias estão Johnson & Johnson, Natura, Faber Castell e Kimberly-Clark.

14 | Maio 2013

Gotas, bolhas e outros motivos Uma nova série de películas holográficas para hot stamping e cold foil foi lançada pela alemã Kurz. As novidades emulam as propriedades de refração de lentes ópticas e simulam profundidade espacial. Entre as opções estão motivos em ampla variedade de tamanhos, como imagens individuais ou desenhos contínuos, em figuras geométricas como ovais ou retân-

gulos, bem como uma gota d’água ou figura de coração. Há também padrões maiores que imitam gotas de óleo, bolhas de ar e formatos capazes de serem combinados com designs especiais – como alguns alusivos a escamas de répteis. Segundo a Kurz, é possível personalizar os efeitos, integrando, por exemplo, um logotipo a uma lente.

Padrões de escamas de répteis. gotas de óleo e corações estão entre as novas opções para hot stamping

DESIGN

Mais uma fonte de criatividade A consultoria internacional em gestão de marcas Dragon Rouge abriu em março sua filial brasileira. Localizada na região da Berrini, em São Paulo, ela abriga doze funcionários e é comandada por Alexander Sugai, com passagens por agências como a10 e Futurebrand. Como estas, a Dragon Rouge oferece desenvolvimento de embalagens, tendo atendido nesse campo clientes como Danone, Nestlé, Pernod Ricard e Mondelez. Além do novo escritório

paulistano e do da França, onde nasceu em 1984, a consultoria tem unidades em

Londres, Nova York, Hamburgo, Varsóvia, Xangai, Hong Kong e Zurique.

A equipe da Dragon Rouge no Brasil: opção em design e branding

equipamentos

Filial como a matriz A Krones do Brasil é a primeira subsidiária da Krones AG no mundo a receber o certificado IMS (sistema de gestão integrado) do instituto alemão TÜV SÜD. Trata-se de um reconhecimento mundial da alta qualidade

dos produtos e serviços nas áreas de Gestão da Qualidade (ISO 9001), Meio Ambiente (14001) e Saúde e Segurança no Trabalho (18001). A matriz alemã da Krones é detentora das certificações desde 2009.



Design

Do Brasil para o mundo Brasileiro cria garrafa que terá comercializada globalmente para comemorar 140 anos da Heineken

Garrafa criada pelo brasileiro Fernando Degrossi chega ao mercado mundial em janeiro de 2014

16 | Maio 2013

O designer gráfico brasileiro Fernando Degrossi foi o vencedor do concurso “Your future bottle design challenge”, criado pela Heineken. O objetivo era definir um desenho para estampar a garrafa de alumínio comemorativa dos 140 anos da cerveja holandesa, que será comercializada em edição limitada a partir de janeiro de 2014. De acordo com a companhia, os participantes do desafio tiveram liberdade total para mergulhar no passado da Heineken, brincar com o DNA da marca e criar um novo conceito. O trabalho de Degrossi foi escolhido entre 2 000 peças inscritas, que deveriam atender ao tema “Remix” e mesclar o passado da marca com o mundo contemporâneo. O anúncio de que o brasileiro foi o vencedor foi feito durante a Semana de Design de Milão, realizada em abril último. O chefe de design global da Heineken, Mark van Iterson, organizador do júri que selecionou os trabalhos, afirmou que o projeto de Degrossi “é muito inteligente, com a combinação das marcas antigas soletrando Heineken de maneira totalmente nova, mas imediatamente reconhecível”. O designer gráfico e ilustrador Fernando Degrossi mora em São Paulo, é formado em desenho industrial pela FAAP – Fundação Armando Álvares

Penteado. Há dez anos é sócio da agência de design Unitri (www.unitri.com. br). Além do trabalho vencedor, ele classificou outra garrafa entra as cinco finalistas do concurso da Heineken. Em entrevista a EmbalagemMarca, Fernando Degrossi explica como criou a garrafa que ganhará o mundo a partir do ano que vem. Qual o conceito da embalagem vencedora do Your Future Bottle Design Challenge? Degrossi: “Aliar conceito com estética torna um projeto forte. É quando passamos a entender o que o design diz sobre a marca”



A ideia foi mostrar a história do rótulo interagindo com o principal ícone da marca, a estrela vermelha. O formato da estrela possibilitou uma divisão simétrica de cinco pontas para trabalhar com cinco rótulos de cinco décadas diferentes. O formato circular de todos os rótulos e a profundidade criada pelas sombras dão movimento ao conjunto. Remete à rotação dos moinhos holandeses. É como se a estrela estivesse abrindo, um convite a entrar no túnel do tempo da marca. Cada rótulo foi estrategicamente posicionado para a formação da palavra Heineken. Foi essencial a preservação da estrela vermelha sobre o fundo verde para total reconhecimento da marca. Aliar conceito com estética torna um projeto forte. É quando passamos a entender o que o design diz sobre a marca. Qual a sensação de ter duas peças entre as cinco finalistas e, melhor que isso, ser o vencedor do concurso?

Formato de estrela possibilitou divisão simétrica para trabalhar com rótulos de cinco décadas

Bud no UFC A Ambev apresenta a primeira garrafa de alumínio da cerveja Budweiser com design criado no Brasil. A embalagem – com tiragem limitada – homenageia o UFC (campeonato de artes marciais). A garrafa de 473 mililitros tem as cores branca e vermelha da marca e destaca o patrocínio da empresa ao evento esportivo. Apesar de dizer que o design foi desenvolvido no Brasil, a Ambev não informou qual foi a agência responsável pela criação da garrafa Garrafa

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Budweiser tem primeira garrafa com design criado no Brasil

18 | Maio 2013

Quando recebi a notícia de que estava entre os TOP 5, senti uma mistura de felicidade com responsabilidade. Felicidade pelo reconhecimento dos jurados e responsabilidade por estar jogando uma final de campeonato com um “jogador” a mais. Acreditava que os finalistas não iriam ser apenas julgados pela estética, então o meu otimismo se agarrou na relação arte e briefing. Fiquei extremamente realizado com a revelação do vencedor. Saber que minha criação será vendida mundialmente é uma conquista enorme, principalmente por meu nome estar vinculado a uma grande marca. Admiro muito a forma com que a Heineken explora o design. Até os projetos experimentais, de inovação, carregam a essência da marca. A Heineken valoriza o design como algo fundamental para a sua comunicação e dá a oportunidade

àqueles que amam o design a ter experiências incríveis como este concurso. Você tem outros trabalhos na área de embalagens? Sim, poucos. Na Unitri, fizemos alguns projetos de embalagem para o mercado farmacêutico, de beleza, e gostaríamos muito de trabalhar com outros mercados. Eu me dedico a duas frentes: primeiro, na minha agência, trabalhando com um design mais estratégico, corporativo. Segundo, como ilustrador, onde libero sem regras as minhas ideias (www.fdegrossi.com). Como design também é meu lazer, uso o meu tempo livre para criar projetos diferentes dos que costumo criar na agência. Participo muito de concursos “dando a cara a tapa” para feedbacks que só contribuem para a evolução do meu trabalho.



reportagem de capa

Um comércio que passa por reformas Os depósitos tradicionais, alicerçados em vendas no balcão, perdem espaço para o autosserviço no varejo de materiais de construção. Embalagens mais bonitas e práticas favorecem essa mudança de modelo Por Guilherme Kamio

Marretadas,

zunidos de ferramentas elétricas e o vaivém de carrinhos de mão marcam o ritmo intenso das obras nas cidades brasileiras. Graças ao empenho de milhões em erguer ou reformar imóveis, o faturamento do varejo de materiais de construção do País saltou de 39,5 bilhões de reais, em 2007, para 55 bilhões de reais em 2012. Para este ano, a Associação Nacional

20 | Maio 2013

dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) projeta um crescimento de 6,5%. O avanço da receita deve muito ao alto índice de emprego, ao aumento da renda e à maior oferta de crédito. E ocorre em meio a uma transformação dos ambientes de venda. O depósito clássico – espartano, poeirento, dos pedidos no balcão e frequentado predominantemente por


Balde metálico: opção à tradicional lata quadrada traria benefícios a marcas e consumidores finais

pedreiros e prestadores de serviços – cede crescente espaço a lojas de autosserviço. Nelas, especialmente nos casos dos home centers e shoppings da construção, que se assemelham a supermercados, é privilegiada a exposição de produtos em prateleiras. Isso tem motivado fornecedores a adotar embalagens com visual atraente e atributos de conveniência. Claudio Conz, presidente da Anamaco, resume o panorama da seguinte maneira: “Hoje, temos pontos de venda com 40 000 itens, 50 000 itens ao alcance do consumidor. A compra por impulso é estimulada. Disputas entre marcas afloram e se acentuam. Tudo isso favorece um maior cuidado dos fabricantes com a apresentação de produtos. E a evolução tem sido notável.” Para o comandante da Anamaco, uma das categorias de progresso evidente das embalagens é o de tintas imobiliárias. “Os designs saltam aos olhos, ‘conversam’ como nunca com o público. E novos formatos ganham evidência por serem mais fáceis de manusear”, observa Conz. Na Cerviflan, importante fornecedora de embalagens de aço para tintas, a tendência é confirmada, entre outros fatores, pelo aquecimento da demanda por baldes metálicos – opções à tradicional lata quadrada de 18 litros. Em 2011, as encomendas dessa embalagem alcançaram cerca de 600 000 unidades. Em 2012, subiram para 1,4 milhão de peças. “Os baldes atraem a atenção dos consumidores pelo fator novidade e por

oferecerem uma série de benefícios”, diz Jean Lozargo, diretor industrial da Cerviflan. “A abertura é mais fácil, a tampa livra completamente o topo, permitindo o aproveitamento total do conteúdo, e a alça facilita o transporte.” Do ponto de vista do envasador, o balde contribuiria para a otimização de espaços. Graças ao formato cônico, unidades vazias podem ser acomodadas umas dentro das outras.

Dotados das mesmas qualidades, mas originados de resinas como o polipropileno, os baldes plásticos igualmente experimentam uma escalada de adesões no setor de tintas e complementos e em outras encostas do mercado da construção civil. Campo que tem se revelado prolífico é o dos impermeabilizantes. Nele, exemplares de baldes com apelo inovador foram recentemente introduzidos no mercado pela Vedacit (Otto Baumgart). A fim de distinguir o Vedapren Fast, manta líquida para lajes que promete secagem ultra-rápida, a empresa recorreu à Bomix para a concepção de três modelos de baldes de polipropileno (3,6, 12 e 18 litros). O formato retangular dos recipientes permite a introdução de rolos de pintura ou brochas indicados para a aplicação do produto, dispensando o uso de bandejas de trabalho

ou “masseiras”. Tal aspecto é enfatizado nas peças de publicidade que apoiam o lançamento. Ana Paula Vales, gerente de marketing da Vedacit, conta que os baldes do Vedapren Fast são logisticamente amigáveis, por poderem acomodar-se uns dentro dos outros na estocagem que precede o envase. No ponto de venda, garantem diferenciação, “uma vez que a maioria das embalagens concorrentes é redonda”, lembra a executiva. “Houve casos em que lojistas fizeram questão

Vedapren Fast: balde plástico retangular, que permite introdução de rolo ou brocha, é destacado em publicidade

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de colocar uma pilha dessas embalagens na porta de seus estabelecimentos, para despertar a curiosidade dos visitantes”, relata Ana Paula. “As vendas vão muito bem. E notamos que o consumidor final valoriza a embalagem, pois a guarda, após o uso, para aproveitá-la em outras situações.” Nem só os produtos para acabamento e decoração recebem aprimoramentos de embalagens. Veja-se o caso da argamassa colante Piso Sobre Piso Rolado Quartzolit, da Weber Saint-Gobain. Desde o ano passado, o produto – que, como o nome denuncia, presta-se ao assentamento de cerâmicas sobre pisos pré-existentes – é vendido em um saco especial, dotado de alça e válvula selada por ultrassom. Idealizada pela Klabin e produzida com participação da Technocoat e da Valfilm, a embalagem compõe-se de duas folhas de papel kraft e uma camada de polietileno, selada de modo a minimizar vazamentos. Resultado: menos sujeira na distribuição, no ambiente de vendas e no local de uso. “A solução, inovadora, ajuda nossos clientes com melhorias em processos de automação, qualidade e segurança”, apregoa Fernando Bruno, gerente comercial da

Estojos e maletas como plus Vendidos em saquinhos ou cartelas quando não a granel, pregos, parafusos e buchas são cada vez mais oferecidos em home centers e redes de bricolagem em conjuntos acondicionados em estojos plásticos. São embalagens que oferecem ao consumidor o benefício de novos usos após o fim do conteúdo, seja para guardar peças como as originais ou organizar miudezas em geral. Entre as usuárias dessa estratégia estão a multinacional alemã Fischer e a Standers. Os estojos, assim como os produtos, são importados. Ferramentas utilizadas para a aplicação desses

elementos de fixação também apresentam embalagens mais e mais caprichadas, desenvolvidas para chamar a atenção nas lojas e funcionar como um recurso a mais para decidir compras. Exemplo é o da linha X-Line, da Bosch. Maletas plásticas, predominantemente verdes e com “janelas” transparentes, acomodam jogos de brocas, bits e acessórios afins. Desenvolvidas pela consultoria alemã Teams Design, as valises faturaram diversos prêmios internacionais de embalagem – entre eles quatro medalhas no prestigiado iF Packaging Awards, em 2008.

Standers (acima) e Fischer (à dir.) estão entre as marcas que apostam em estojos para valorizar kits de fixação

Saco com alça e selado por ultrassom: especialidade para a venda de argamassas

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Jogos de brocas, bits e acessórios da Bosch: embalagens premiadas no exterior


divisão de Sacos Industriais da Klabin. “Os consumidores, por sua vez, contam com um produto de fácil manuseio nos home centers.” Diretor da divisão de Sacos Industriais da Klabin, Douglas Dalmasi revela que a solução despertou interesse de outras indústrias de insumos para construção. “Preferimos não identificar esses clientes. Mas teremos novidades”, avisa. Afora a resistência e a estanqueidade, o saco valvulado é capaz de receber arte sofisticada, por meio de impressão em até oito cores por flexografia. Na argamassa da Weber Saint-Gobain, o design, de grau atípico na categoria e com uso de foto, é assinado pela ADAG Comunicação.

Até mesmo materiais básicos como areia e pedra, tradicionalmente oferecidos a granel, já são condicionados ao comércio em invólucros. Sobressai, nesse terreno, o trabalho da AB Areias.

Areias e pedras ensacadas facilitam compras e obras, segundo AB Areias. Empresa oferece também tijolos em sacos

Sua divisão de ensacados, que utiliza embalagens plásticas flexíveis para a distribuição de areia e pedras, teria registrado crescimento da ordem de 800% desde sua fundação, quase sete anos atrás, com a produção evoluindo de cerca de 100 000 para mais de 800 000 unidades por mês. “Os produ-

tos são ideais para pequenos reparos, fáceis de armazenar e ocasionam menos sujeira”, aponta Lucineide Garcia, do departamento comercial da empresa. “Eles também oferecem praticidade, eficiência e economia. Os próprios consumidores de depósitos e home centers podem transportar volumes menores.


Elimina-se, assim, o serviço de frete, que é um fator impactante nos preços.” Feitas pela Miraplast a partir de polietileno transparente reciclado, as embalagens adotadas têm versões de 6, 15, 20 e 33 quilos para o acondicionamento de areias e de 15 e 20 quilos para pedras e pedriscos. Recebem impressão com descrição do produto e o logotipo da distribuidora, em arte criada pela Regional Marketing, de São José dos Campos (SP). Tijolinhos são também oferecidos pela AB Areias em sacos plásticos, contendo dez unidades. Segundo Lucineide Garcia, a venda de areia e brita em pacotes não proporcionaria vantagens somente para demandas pequenas. “O cliente consome exatamente o que precisa e a aferição da quantidade que compra é precisa – ao contrário do produto a granel, que demanda o conhecimento específico para uma conferência em metros cúbicos”, diz. Conforme a profissional, até mesmo construtoras, entre elas Adolpho Lindenberg, Gafisa, Odebrecht e Toledo Ferrari, têm requisitado os materiais ensacados. “Muitos bairros da região metropolitana de São Paulo já estão restringindo a descarga de produtos a granel para a construção civil”, aponta Lucineide. “O ensacamento atende às necessidades de cidades cada vez mais verticais e com legislação mais rigorosa. O transporte é limpo e sem derramamento no trajeto. Isso poupa dinheiro e ao mesmo tempo demonstra responsabilidade socioambiental.” A sustentabilidade, aliás, é tomada como divisa para a gestão de packaging da Tigre, nome conhecidíssimo do setor de componentes para construção. Desde 2010 a empresa tem se dedicado à reformulação das embalagens que utiliza, de modo a diminuir seu impacto ambiental. Os primeiros resultados, divulgados pela empresa em meados de 2011, foram reduções de 10% a 15% nas espessuras de envoltórios de polietileno empregados na venda de tubos e conexões. Com isso, a empresa poupou 25 toneladas daquela resina (o suficiente para produzir 1,6 milhão de embalagens) e cerca de 100 000 reais. Mais recentemente, o compromisso ecológico foi reforça-

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Grelha da Tigre: embalagem de plástico “verde”, pioneira na área

do com a adoção daquela que a Tigre afirma ser a primeira embalagem de bioplástico no mercado nacional de produtos para construção civil. Trata-se de um flow pack confeccionado pela Gayaplas com o polietileno “verde” da Braskem, derivado do etanol da cana-de-açúcar. O invólucro é empregado na venda de uma grelha para ralos fabricada com o mesmo plástico de origem vegetal.

Não obstante o cuidado com sustentabilidade, a Tigre tem redobrado esforços para aprimorar o visual de suas embalagens. “As lojas de material de construção estão cada vez mais preocupadas em expor os itens de forma organizada seguindo o modelo dos

home centers, que já têm um grau elevado de exigência”, justifica Carlos Teruel, gerente de produtos e assistência técnica da empresa. Exemplos do empenho da empresa em elevar o apelo vendedor de seus produtos seriam as caixas sifona-

Óleo, mas não azeite Vulgarmente chamada de azeiteira, pelo uso arraigado na venda de óleo de oliveira, a lata de aço retangular de meio litro, dotada de bico plástico, acondiciona uma novidade da Akzo Nobel. O Óleo Protetor Sparlack é indicado para proteger e realçar o aspecto de móveis e esquadrias de madeira. A forma de aplicação é apontada

como principal inovação do produto. É realizada por meio de uma esponja, fornecida no interior de uma sobretampa plástica acoplada ao topo da lata. A azeiteira é produzida pela Litografia Valença.

Impregnante da Sparlack inova pela forma de aplicação. Esponja é fornecida dentro da sobretampa


Revisão fez caixas sifonadas ganharem mais apelo vendedor

das. Antes distribuídas em envoltórios simples de polietileno, que tendiam a ficar amassados e revirados no comércio, as peças passaram a ser envolvidas por luvas de papel cartão com recortes e janelas especiais, que cumprem o papel de rótulo e chamam a atenção nos pontos de venda. Por cima das luvas, criadas pela Fazdesign (mesma agência responsável pela criação do envoltório da grelha ecológica) e confeccionadas pela Packpoint, é aplicado um filme transparente, de plástico contrátil (shrink). “Tivemos um aumento considerável das vendas”, afirma Teruel. De acordo com Cláudio Conz, inovações como essas têm ajudado o comércio especializado a ser mais visto como espaço agradável para o grande público. Segundo o presidente da Anamaco, lojistas têm até mesmo procurado direcionar sugestões e orientações para as indústrias do setor, “de modo que elas se convençam da grande oportunidade que é o uso de boas embalagens”. Ele admite, porém, que há um longo caminho a trilhar. “Diria que ainda estamos uns dez anos atrasados em relação ao varejo de alimentos em matéria de apresentação de produtos. Vamos melhorar, mas o progresso leva tempo. É tijolo a tijolo, como qualquer obra.”

ADAG Comunicação (11) 5506-5316 www.adag.com.br Bomix (71) 3215-8600 www.bomix.com.br Braskem (11) 3576-9999 www.braskem.com.br Cerviflan (11) 3787-7666 www.cerviflan.com.br Fazdesign (47) 3027-2298 www.fazdesign.com.br Gayaplas (47) 3341-1779 www.gayaplas.com.br Klabin (11) 4588-7227 www.klabin.com.br Litografia Valença (21) 2599-2000 www.lvalenca.com.br Miraplast (11) 4539-7341 www.miraplast.com.br Packpoint (47) 3397-3700 www.packpoint.com.br Regional Marketing (12) 3942-2733 www.regional.com.br Teams Design +49 (711) 351-7650 www.teamsdesign.com Technocoat (41) 3643-1366 www.technocoat.com.br Valfilm (12) 2124-4400 www.valfilm.com.br




Refrigerantes

Homenagem ao passado Schweppes lança embalagens comemorativas aos 230 anos com resgate de antigos cartazes da marca Baseado em

estudos químicos de Joseph Priestley e de Antoine Lavoisier, o joalheiro alemão – e farmacêutico nas horas vagas – Johann Jacob Schweppe criou na Suíça, em 1783, o primeiro refrigerante da história produzido em escala comercial: a água Schweppes. Com sua máquina a motor que introduzia gás carbônico na água, ele criou a empresa “J. Schweppe & Co”. De Genebra, a fábrica foi transferida para o Reino Unido em 1792, e no início do século 19, as águas tônicas de Schweppes eram recomendadas por médicos para pacientes com diversos problemas de saúde. O termo “refrigerante” (soda,

em inglês) só começou a ser usado em 1790, e foi adotado pela Schweppes em 1798. Em 1831 a marca se tornou fornecedora oficial de água mineral da Família Real Britânica. Em 1870, a fábrica aumentou sua linha de produtos, passando a produzir também a Tônica e a Ginger Ale. Em 1877 começou a expansão internacional da marca, com a inauguração de uma unidade fabril em Sydney, na Austrália. Em 1884 foi a vez de Nova York passar a produzir os refrigerantes da Schweppes. Depois de se converter em sociedade anônima em 1897, a empresa criou em 1923 uma subsidiária para cuidar do

Tônica – Em 1783, surgiu Schweppes, uma espécie de água gasosa que causava frisson ao borbulhar nos copos. Rapidamente, a bebida foi reconhecida como uma bebida sofisticada. Como indicava o rótulo do produto na época, não era uma bebida qualquer; era “The Gentlemen’s Choice” (“a escolha dos cavalheiros”, em português).

Grape Fusion – Nos anos 50, com o fim da escassez e do racionamento de materiais impostos pela Segunda Guerra Mundial, a sofisticação ganhou o seu espaço. Cartazes de Schweppes da época mostravam uma elegante dama com uma bebida a bordo de um navio.

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desenvolvimento da marca no mercado estrangeiro. A marca Schweppes hoje está presente no mundo inteiro, geralmente produzida por meio de licenças a fabricantes nacionais. No Brasil, a Schweppes é produzida desde 1999 pela Coca-Cola, que para celebrar esses 230 anos de história decidiu resgatar as origens da marca. Latas especiais comemorativas foram criadas inspiradas em cartazes de campanhas antigas da Schewppes. Foram criados sete rótulos para os produtos da marca pelos ilustradores André Maciel e Mário Níveo. Cada desenho representa um período e um sabor do refrigerante.

Ginger Ale – Em 1851, a Schweppes foi condecorada pela rainha Vitória, da Inglaterra. Diz a lenda que no Palácio de Buckingham foi instalada uma fonte de cristal que, em vez de água, bombeava a soda Schweppes. A Fonte da Juventude, como era chamado o monumento, ganhou traços gráficos e virou símbolo da marca. Permanece nos rótulos até hoje.

Club Soda – Nas discotecas dos anos 80, os drinques ganharam fama por misturar bebidas alcoólicas com refrigerantes e frutas.

Versões light – As pin-ups, mulheres com silhuetas marcadas e roupas provocantes, são um símbolo de sofisticação desde os primeiros desenhos, nos anos 1910. Porém, foi na década de 60 que Schweppes passou a estampar pin-ups em seus cartazes.

Projeto

Ogilvy & Mather Rio (21) 2131-3100 www.ogilvy.com.br Ilustrações

André Maciel mail@andremaciel.net www.andremaciel.net Ilustrações

Mário Níveo (11) 9917-8040 motor.niveo.com.br Latas

Crown Embalagens (11) 4529-1000 crownembalagens.com.br Latas

Rexam (21) 2104-3300 www.rexam.com/brazil

Citrus – Inspirada nos anos 30, quando as famílias mais sofisticadas começaram a sair da cidade e procurar regiões de praia para aproveitar as férias. As sombrinhas que acompanhavam os passeios no sol foram logo representadas pela rodela de limão e impressas nos cartazes que divulgavam a bebida na época.



entrevista

Após se difundir em refrigerantes, águas minerais e óleos de cozinha, mercados em que hoje personifica 80% ou mais das produções, a embalagem de PET busca novos campos de propagação. Não à toa, um evento dedicado a ela, o PETtalk, abordou em sua primeira montagem, em 2012, soluções para o envase de cervejas – e destacará em sua segunda edição, programada para os dias 26 e 27 de junho, em São Paulo, outra aplicação ainda incomum para o PET no Brasil: o acondicionamento de leites e derivados lácteos. “O PET pode oferecer ganhos de competitividade significativos para os laticínios”, assegura Auri Marçon, presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), organizadora do PETtalk. Nesta entrevista, o executivo antecipa um pouco do que será debatido no encontro e fala de projetos de cunho ambiental do setor que representa.

Além de água, óleo e refrigerante Outrora devotado a poucos mercados, setor de embalagens de PET busca novos clientes, como os laticínios. Auri Marçon, presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), fala de ações tomadas nesse sentido

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A ocorrer em junho próximo, com organização da Abipet, a segunda edição do PETtalk – Conferência Internacional da Indústria do PET terá como destaque a discussão de soluções para o acondicionamento de leites e produtos lácteos. Por que a escolha desse tema? Nosso setor vive uma concentração muito grande. Noventa por cento das embalagens de PET produzidas no Brasil são destinadas a refrigerantes, águas e óleos comestíveis. A indústria de refrigerantes envasa 80% de sua produção em PET. No mercado de águas, 87% das embalagens de até 10 litros são de PET. Em óleos de cozinha, o PET detém 85% do mercado. Os negócios ainda avançam nesses flancos, porque a renda e o consumo do brasileiro têm crescido, mas não podemos ficar deitados em berço esplêndido. Precisamos procurar novos consumidores, segmentos que no passado talvez não tenham recebido muita atenção por causa dos grandes movimentos, ou fases, que marcaram a difusão do PET no País. No início da indústria local de PET, do fim dos anos 80 para meados dos anos 90, todas as atenções estavam voltadas para os refrigerantes. Do meio até o fim dos anos 90, a bola da vez foi a água mineral. Em seguida, houve o avanço em óleos de cozinha. Buscamos,


O PET ainda não decolou em lácteos porque implica renovações de parques industriais. Isso não ocorre de uma hora para outra

agora, novas fronteiras. A indústria de leites e derivados é uma delas. Há condições concretas para o avanço do PET nesse mercado? Por que isso nunca ocorreu, a despeito da oferta de soluções por fornecedores de material, equipamentos e embalagens? No passado, o mercado de lácteos exigia certas coisas que o PET não atendia. Coisas como proteção a raios UV, algumas propriedades de barreira e rigor no envase, por serem produtos delicados. Vale ressaltar que isso foi superado com a concepção de uma série de tecnologias de formulação das embalagens e de processos de envase asséptico. Essas soluções estão disponíveis já há alguns anos. Por que, então, o PET não decolou

em lácteos? Porque sua adoção implica renovações de parques industriais ou montagens de novas linhas. Isso não ocorre de uma hora para outra. As indústrias esperam o momento certo, de revisão fabril, para poder testar novas tecnologias. Foi o que fez a Nestlé (com a linha de bebidas lácteas Fast). Foi o que fez a Shefa, que obteve resultado mercadológico muito bom. A experiência da Shefa será inclusive contada no PETtalk. Isso remete à pergunta anterior. Acreditamos ser propício discutir soluções para leites e afins. Há interesse do mercado de PET e também de usuários de embalagens. Que vantagens o PET proporcionaria ante outras opções de embalagem no

Linha Fast: adesão da Nestlé ao envase de bebidas lácteas em PET


acondicionamento de leites e produtos lácteos? Após o custo inicial de investimento, a competitividade muda. Diria que a produtividade do PET para o envase de produtos de altíssimo giro é praticamente imbatível. Isso já se verifica no caso do leite, e é o que tentamos mostrar para outros mercados potenciais em ações como o PETtalk. No ano passado, focamos soluções para cervejas. Este ano, os destaques serão leites e produtos lácteos. Nos próximos anos, muito provavelmente falaremos de sucos, energéticos e outros mercados potenciais. Houve, no mercado, desdobramentos daquela abordagem de cerveja em PET feita no PETtalk do ano passado? Há chance de esse produto deslanchar no mercado nacional? Como vocês devem saber, a Heineken tem oferecido no Brasil um botijãozinho de PET com 4 litros da cerveja Kaiser (Kaiser Barril). Mas, se não me engano, o produto é importado (a origem é a Holanda). Existem movimentações de cervejarias, mas não tenho autorização Kaiser Barril: novidade que mostra a viabilidade do PET para a venda de cerveja

Shefa viria obtendo bons resultados com leites em garrafa de PET

para abordá-las. A tecnologia tem sido estudada. O PET é uma opção tecnicamente viável e mercadologicamente interessante para cervejas. Em outros países, a cerveja em PET é uma exigência em grandes eventos, por questão de segurança. É assim na Fórmula 1, foi assim na Copa do Mundo da África do Sul (em 2010). A proximidade do acontecimento de grandes eventos no Brasil, como Copa do Mundo e Olimpíadas, intensifica as comparações com outros países. Questionam: por que não temos cerveja em PET, se o mundo inteiro tem? Verter a cerveja em copos plásticos, como tende a ocorrer na Copa do Mundo do Brasil, retarda a venda, provoca desperdícios, o consumidor pode derramar a bebida... O PET é perfeito para essa ocasião de consumo. Tanto que a única embalagem de água que pode ingressar no Sambódromo, no Carnaval do Rio de Janeiro, é a garrafa de PET. Por que então a cerveja em PET enfrentou, nos últimos anos, contestações de ambientalistas e embaraços judiciais no mercado brasileiro? É importante esclarecer que não existe qualquer impedimento legal para o acondicionamento de cerveja em PET. Houve duas tentativas, que foram mal interpretadas pela mídia e utilizadas de forma forçada. Existe uma lei na cidade do Rio de Janeiro cuja multa

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está proibida. Quer dizer, a lei existe, mas não pode ser aplicada. Houve também uma ação civil pública para tentar barrar o uso do PET em cervejas, mas que foi considerada improcedente em altas instâncias judiciais. Foi uma jogada comercial disfarçada de preocupação ambiental. Alegou-se que a cerveja em PET seria uma tragédia para o ambiente. Não tem absolutamente nenhum fundamento científico criticar o PET com assuntos relacionados ao ambiente. O PET é uma das embalagens com melhor desempenho nesse quesito. E ressalto: é uma opção a mais para cerveja. Não acreditamos que revolucionará o mercado, como alguns podem achar e temer. Na Europa, por exemplo, somente 4% das aplicações de PET são para cervejas. Lá, a garrafa de PET é utilizada principalmente para distribuição de cervejas premium, de menor volume. Já que o senhor tocou na questão ambiental, já temos os resultados do nono censo da reciclagem de PET, relativa a 2012? Ainda não. Os números serão consolidados no final de maio e apresentados durante o PETtalk. Peço licença para explicar por que promovemos um censo de reciclagem, coisa que nenhuma entidade do gênero faz. Muita gente nos questiona sobre isso. Escolhemos essa ferramenta, que é cara, para obter dados precisos. O censo é utilizado quando o universo de pesquisa apresenta muita variabilidade, e esse é o caso dos recicladores de PET. Existem empresas pequenas, algumas grandes, os interesses são diferentes, estão em regiões completamente diferentes, compram de origens diferentes e vendem para finalidades distintas. Uma simples pesquisa não adiantaria. As empresas de reciclagem do nosso setor são entrevistadas uma a uma. São quase quinhentas entrevistas. A boa notícia é que o setor amadurece e prospera. Mais de 90% dessas empresas já têm mais de cinco anos de vida. O que a Abipet tem feito para estimular a evolução da reciclagem de PET? O compromisso do mercado de PET com a reciclagem sempre existiu. A reciclagem chegou aqui praticamente junto com a produção da embalagem. O gran-



A Abipet criou um centro de tecnologia. Ele oferece suporte técnico a indústrias usuárias e recicladores de boom do consumo da embalagem de PET no Brasil começou no final da década de 80, e em 1994 foi instalada a primeira recicladora de PET no Brasil. A reciclagem de PET virou um modelo para vários setores de embalagem. Mesmo não tendo um valor de sucata tão alto como o da latinha de alumínio, o PET está crescendo em reciclagem. Por quê? Porque há um trabalho desenvolvido, de quase vinte anos, de criar demanda para o produto reciclado. Criando demanda, cria-se valor e aparece gente interessada em reciclar e aplicar. Destaco, ainda, uma iniciativa que não beneficia somente a reciclagem, mas também as demais fases de produção do PET. É um centro de tecnologia criado pela Abipet. Nele, empresas de renome, referências em cada elo de fabricação do PET, estão comprometidas a prover suporte técnico a indústrias usuárias e a empresas recicladoras. Integram esse centro empresas como Husky, Gneuss, Büehler, Krones e Piovan. Associadas a elas há as duas fabricantes de resinas – a M&G e a Petroquímica Suape (Petrobras). Qual a expectativa da Abipet em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), atualmente em regulamentação pelo governo? Acompanhamos a questão com tranquilidade. Como vocês devem saber, formamos uma coalizão, da qual participam cerca de trinta associações de classe, em prol da criação de um acordo setorial referente a embalagens. Um dossiê foi confeccionado e entregue à ministra (do Meio Ambiente) Izabella Teixeira. Nessa solenidade, ela mencionou sete bons exemplos que encontrou no dossiê. Quatro eram relativos ao PET. Estamos na espera de um retorno do governo. Mas aguardamos trabalhando. Criamos, por exemplo, um projeto muito forte

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sobre educação ambiental, a ser executado nas doze cidades onde haverá jogos da Copa do Mundo. De que se trata? Teremos ações de coleta seletiva com triagens feitas por cooperativas. Estas destinarão o material recolhido para alguma aplicação que possa reverter em benefícios para as cidades que coletaram. A ideia é criar um ciclo virtuoso, apoiado em descarte correto, coleta correta, separação correta – que gera empregos e aumento de renda, daí o benefício social da reciclagem – e a transformação em produtos benéficos às cidades. Estrangeiros souberam desse projeto e entraram em contato para saber detalhes. Aliás, diversos países da Ásia visitam o Brasil para conhecer o nosso sistema de criação de cooperativas e projetos ambientais. Faz alguns meses que a Coca-Cola e a Ambev aderiram ao chamado bottle-to-bottle, utilizando PET reciclado para a confecção de garrafas de refrigerantes. Essas iniciativas não podiam ter sido divulgadas com mais destaque, até como forma de atenuar a imagem ruim que o PET tem entre ambientalistas? Não acho que tenha havido pouca divulgação. A origem na reciclagem vem até sendo destacada nos rótulos das próprias embalagens, que são uma mídia de amplo alcance. O Brasil chegou um pouco atrasado nessa questão do bottle-to-bottle para uso alimentício. É preciso cuidados adicionais, aprovação do processo de reciclagem pelo órgão ligado à saúde, que no Brasil é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) . Na verdade, não é uma aprovação, e sim aquilo que chamam de non objection letter, ou carta de não-objeção. Hoje, temos empresas autorizadas e muitas outras na fila para conseguir essa carta da Anvisa. Virão novidades. No PETtalk, anunciaremos dois novos e importantes investimentos sobre esse tema, um situado no Rio de Janeiro e outro no Nordeste. Sobre o evento, que outras atrações ele trará além desse anúncio, dos debates sobre soluções para lácteos e a divulga-

Garrafa de Coca-Cola feita de PET reciclado: expectativa por novas iniciativas do gênero

ção do censo da reciclagem? Serão discutidas questões que envolvem produtividade na fabricação de embalagens de PET. Os melhores transformadores do mundo mostrarão tecnologias interessantes sobre lightweighting (redução de peso). Haverá uma questão tecnológica interessante sobre envase de sucos com pedaços de frutas. E teremos uma pesquisa que encomendamos sobre embalagens do futuro. O mundo desenvolve aplicações principalmente para pessoas em movimento, terceira idade... Queremos mostrar os potenciais do PET para atender a essas demandas ou tendências. O evento será realizado no hotel Holiday Inn Anhembi, concomitantemente e próximo à Fispal Tecnologia. O público do evento poderá também visitar a feira, para procurar soluções complementares e se manter atualizado.

Mais informações sobre o PETtalk 2013 podem ser obtidas em: www.pettalk.org.br



especial

A presente reportagem encerra a série especial iniciada em março último a respeito de embalagens mais amigáveis ao meio ambiente, no âmbito do tema 3R (de Redução, Reutilização e Reciclagem). Como ocorreu nas duas reportagens anteriores, o objetivo desta é destacar, por meio de exemplos expressivos, que a prática dessa política avança e pode trazer vantagens de marketing, entre outras. Ao acondicionar seus produtos em embalagens recicláveis e estimular a reciclagem, além de gerar benefícios ambientais as empresas podem obter importantes ganhos de imagem e de mercado.

Vantagens salvas do lixo Com o aumento da consciência dos consumidores e da força do Programa Nacional de Resíduos Sólidos, aumenta a prática da reciclagem, apesar de haver boa parte de simulação

Dificilmente

alguém duvidará de que a reciclagem de embalagens usadas, sobretudo na forma de matéria-prima para novos recipientes, é uma das melhores soluções para resolver o grave problema do acúmulo de detritos no planeta. Tanto é assim que no mundo inteiro se instituem normas e leis para dar rumos ao descarte e à destinação de tudo o que se joga fora, volume incalculável no qual as embalagens, depois de usadas, têm peso considerável, se não o mais expressivo. O que se percebe é que a cada dia mais pessoas se dão conta de que a era do descartável tem algum limite, sob pena de o planeta se ver tomado por irreversível montanha de lixo. No Brasil, cada habitante produz, em média, pouco menos de 1 quilo de lixo por dia, um terço, por exemplo, do que gera cada americano. De qualquer forma, o volume diário de detritos no País beira 170 000 toneladas, das quais são reaproveitados apenas 11%, ou um quinto do registrado em países mais desenvolvidos. Ainda assim, o Brasil é líder mundial no reaproveitamento de latas de alumínio (94% do total comercializado) e tem grande expressão em papelão ondulado (65%) e garrafas de PET (57%). Enquanto isso, recipientes feitos de outros materiais, como plásticos e aço, são em grande parte despejados em “lixões” a céu aberto ou, o que é mais grave, em qualquer lugar. Dada a enorme variedade de resinas

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utilizadas, que resultam em diferentes tipos de materiais para a produção de embalagens, o plástico, por exemplo, tem ainda muito espaço para avançar em termos de sustentabilidade. No Brasil são consumidos por ano cerca de 3,3 milhões de toneladas de plástico. Apenas 21,7% são reciclados, o que equivale a 736 000 toneladas, segundo pesquisa da Plastivida (Instituto Socioambiental dos Plásticos). Nesse quadro de insuficiência – e portanto de oportunidades – cresce o número e o volume de propaganda de empresas que invocam para seus produtos a propriedade de serem “100% recicláveis” e que apregoam promover a atividade. Muitas vezes não ocorre nem uma coisa nem outra.

Mas deixe-se de lado o muito que existe em termos de simulação, aquilo que incontáveis embalagens e peças de marketing apregoam como “sustentável” e que na verdade não passam de green washing – ou seja, apelos que dão ao consumidor a falsa impressão de preocupação ambiental. Na contrapartida positiva, várias empresas e entidades representativas de setores vinculados à cadeia de valor de embalagem vêm efetivamente trabalhando para minimizar o impacto ambiental, reduzindo a disposição inadequada de recipientes pós-consumo, com bons resultados mercadológicos ou, pelo menos, favoráveis à

sua imagem e à de suas marcas. O Grupo Boticário, por exemplo, lançou em 2010 o Programa Reciclagem de Embalagens O Boticário, oferecendo aos consumidores um canal para a devolução dos recipientes usados. A participação é simples: basta levar as embalagens vazias a uma das lojas da rede. Todas elas fazem parte, o que garante a presença do programa em mais de 1 650 municípios de todo o País e, portanto, a capacidade de recolher 100% das embalagens da marca que vão para o mercado. A empresa faz o controle do processo de recolhimento. Suas consultoras informam o consumidor sobre o pro-



grama no momento da venda e as lojas contam com materiais de comunicação para reforçar a iniciativa. As embalagens recolhidas nos estabelecimentos são enviadas a destinatários regionais para descaracterização e encaminhamento à reciclagem, a fim de ser transformadas em matéria-prima e reaproveitadas em novos ciclos produtivos. Do lado dos fornecedores, numa ação, em tese, de maior visibilidade, entre outras iniciativas a Tetra Pak instituiu na internet o buscador Rota da Reciclagem, com cerca de 3 000 pontos de coleta seletiva cadastrados, distribuídos por todas as regiões do Brasil. A ferramenta auxilia os consumidores a encontrar locais para destinarem não só as embalagens longa-vida, mas também as feitas de outros materiais reaproveitáveis para reciclagem. Idealizada pela empresa em plataforma do Google Maps, a ferramenta completou recentemente cinco anos de existência, quando ultrapassou a marca de 650 000 visitas. A Rota da Reciclagem está disponível também como aplicativo, que pode ser baixado gratuitamente via Apple Store para os usuários de iPhone e iPad, desde o início de 2012. “O sucesso da ferramenta brasileira estimulou a empresa a lançar uma versão em espanhol que traz os principais pontos mapeados na Argentina, no Chile, no Panamá e no Uruguai. Hoje, o www.rutadelreciclado. tem cerca de 540 pontos cadastrados e ainda deve ser ampliado para toda a América Central e do Sul, informa

Iniciativa da Tetra Pak, site Rota da Reciclagem ganhou aplicativo e se expandiu para outros países

Fernando von Zuben, diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak.

Na prática, o programa encaminha as embalagens pós-consumo a usinas de reciclagem mais próximas dos pontos de coleta. O papel reciclado é transformado principalmente em caixas de papelão, enquanto o plástico e o alumínio, reciclados por diferentes tecnologias, podem ser usados, em conjunto, para a fabricação de telhas e placas. Podem também ser submetidos a tecnologia de separação térmica, gerando alumínio em pó e parafina. Separados, servem de matéria-prima para objetos como canetas, vassouras, réguas e outros. Segundo von Zuben, “é interessante observar a evolução dos números, comprovando que as pessoas estão cada vez mais engajadas nas causas ambientais, em especial na coleta seletiva e na reciclagem”. Em 2012, mais de 65 000 toneladas de embalagens assépticas foram recicladas, num incremento de quase 10% em relação a

No gráfico, o funcionamento do Programa Reciclagem de Embalagem O Boticário

38 | Maio 2013

2011, ele informa. Nesse período, 29% de caixinhas comercializadas em território nacional seguiram para reciclagem após o consumo. “Os trabalhos para aumento da conscientização ambiental e fortalecimento da cadeia de reciclagem serão fundamentais para alcançar a meta de 35% do total em 2015.” (Cabe aqui lembrar que o setor de PET tem um programa semelhante, com indicação de pontos de coleta de garrafas feitas daquele material em todo o território nacional e disponível no site da Associação Brasileira da Indústria do PET, www.abipet.org. br; veja mais na Entrevista da pág. 30).

Sustentabilidade não sai de graça Ao receber em seu gabinete, em dezembro do ano passado, os representantes da coalizão para a reciclagem, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, assinou com entidades representativas do setor de óleos lubrificantes um acordo setorial em que os empresários se responsabilizam pela reciclagem das embalagens plásticas de óleos lubrificantes. O acordo estabelece que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes daquele tipo de produto devem criar um sistema de recolhimento e destinação final independente dos sistemas públicos de limpeza urbana. Essas empresas serão monitoradas pelo Ministério do Meio Ambiente por meio de um sistema online. “Todo varejista tem de ter o registro do que recebeu para vender e do que entregou para a reciclagem”, disse a ministra. “Essa informação vai ser colocada no sistema de controle de óleo lubrificante. Quem não respeitar o acordo será enquadrado na Lei de Crime Ambiental.” Por sua vez, Alísio Vaz, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), disse que todos os membros da entidade, que respondem por 80% do óleo lubrificante fabricado no Brasil, já atuam na reciclagem de embalagens. “O Programa de Reciclagem de Embalagens Jogue Limpo, do Sindicom, existe desde 2005.” Vaz ponderou que o custo do sistema, custeado pelas empresas, é alto. “Ir a centenas de milhares de pontos de venda e recolher as embalagens representa um custo logístico muito elevado, que acaba sendo embutido no preço final do produto”. Em outras palavras, sustentabilidade não sai de graça.



O percentual e o ano estabelecidos como meta pela Tetra Pak são os mesmos almejados pelo setor das embalagens de aço: chegar a 2015 reciclando até 35% dos 7 milhões de toneladas do metal consumidas por ano, em média, no mercado nacional. Para esse fim, com aporte de 1 milhão de reais e a participação de quinze empresas filiadas à Abeaço (Associação Brasileira da Embalagem de Aço), o setor criou a Associação Prolata Reciclagem, com espaço a ser inaugurado na cidade de São Paulo “nos próximos meses” e com projeção de chegar a 40% de latas recicladas em 2019, 45% em 2023, 50% em 2027 e 60% em 2031. “Hoje, são recicladas em média 600 000 toneladas de latas de aço pós-

-consumo por ano, mas o setor tem capacidade de absorver 100%”, diz Thais Fagury, gerente executiva da Prolata e da Abeaço. A idéia é criar centros de reciclagem, inicialmente, nas cidades-sedes da Copa de 2014 (São Paulo, Curitiba, Cuiabá, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Salvador, Recife, Natal, Brasília e Fortaleza) e, futuramente, atingir a totalidade dos municípios brasileiros, dentro dos objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de instituir programas de coleta seletiva em todo o País. Os resíduos sólidos gerados nessas capitais representam, em peso, aproximadamente 23% do lixo urbano do País. Se consideradas as áreas metropolitanas ao redor dessas cidades, o índice sobe para 38%.

Plásticos viram papel Marcando posição no campo da reciclagem, a Vitopel, líder de mercado no Brasil e na América Latina na produção de filmes de BOPP (usados em aplicações como rótulos e embalagens de biscoitos e salgadinhos), criou em 2009 o Vitopaper, papel sintético feito a partir de plásticos pós-consumo. Além de BOPP, entram na composição do produto materiais como PEAD (polietileno de alta densidade, de frascos de higiene e limpeza, por exemplo), PEBD (polietileno de baixa densidade, de sacolas de supermercado, sacos de arroz e feijão, entre outros) e o PS (poliestireno, de potes de iogurtes, copos e pratos descartáveis etc.). “Para cada mil quilos de Vitopaper produzidos, cerca de 750 quilos de resíduos plásticos deixam de ir para aterros e lixões”, contabiliza Patricia Gonçalves, gestora de Produto e Mercado da Vitopel. De aspecto semelhante ao papel

couchê, o Vitopaper é 100% reciclável e permite a escrita com canetas esferográficas e lápis e pode ser apagado. A impressão, por sua vez, pode ser feita pelos processos gráficos usuais e seu uso abrange materiais promocionais, livros, revistas, mapas e cardápios. Para esse uso o produto já foi utilizado, entre outros, na impressão do encarte do livro Ano +20: a reciclagem na vida do brasileiro, em comemoração aos vinte anos do Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), nos relatórios anuais da Braskem desde 2010 e, recentemente, na obra Guerra e Paz, inspirada nos painéis do pintor Cândido Portinari. Na área de embalagem, uma usuária de peso é a PepsiCo. “Utilizamos filmes BOPP da Vitopel em nossas embalagens de Ruffles e Doritos, por exemplo”, conta Claudia Pires, gerente de Sustentabilidade da PepsiCo.

Revistas e livros impressos em Vitopaper

40 | Maio 2013

A rigor, a PNRS prevê a união entre os diversos stakeholders na busca de soluções para o incremento da reciclagem. E foi esse o caminho seguido pela coalizão formada por 22 associações setoriais, representando produtores, importadores, usuários e comerciantes, com apoio do Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Após um ano de discussões e estudos, essa coalizão elaborou uma proposta de acordo setorial para expandir a reciclagem de embalagens de produtos não perigosos e a entregou, no final de 2012, diretamente à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Além do setor de embalagem, outros devem aderir, incluindo os de lâmpadas, de medicamentos e de resíduos eletroeletrônicos. A área de óleos lubrificantes foi a primeira a aderir (veja quadro na pág anterior). Junto com a proposta de ações, a ministra recebeu um estudo de viabilidade econômica elaborado pela LCA Consultoria. Para todas as categorias de insumos cobertos pelo acordo (papel e papelão, plástico, alumínio, aço, vidro e embalagem longa vida), a análise aponta vantagens econômicas na produção a partir de material reciclado, em termos de custos com energia e insumos, refletindo-se na geração de renda ao longo da cadeia de coleta, triagem, transporte e reciclagem. O documento destaca, porém, que “para potencializar esses benefícios é preciso, entre outras ações, disseminar boas práticas entre os consumidores finais, aumentar a oferta e a abrangência da coleta seletiva e eliminar os entraves produtivos que decorrem principalmente da baixa qualificação técnica de muitos catadores”. Enfim, “o País se encontra em meio a uma grande oportunidade de consolidar de vez a gestão adequada do problema dos resíduos sólidos”, como destacou a ministra do Meio Ambiente na ocasião. “É importante darmos um bom arranque nos três primeiros anos para seguirmos de maneira bem estruturada em relação a investimentos e termos total controle da sustentabilidade do negócio”. Em suma, o recado está dado.



internacional

Alusão à gravata Cerveja adota lata de alumínio com formato especial, que remete a elemento gráfico presente em seu logotipo

Recipiente acinturado é resultado de dezesseis etapas na fabricação

Componente

marcante do logotipo da Budweiser, o calço em formato de gravata borboleta inspirou a criação de uma nova embalagem da cerveja, lançada em maio nos Estados Unidos. Trata-se de uma lata de alumínio acinturada, cujo formato, alegadamente inédito, procura remeter àquele elemento de comunicação da marca. Desenvolvida ao longo de dois anos pela dona da Budweiser, a Anheuser-Busch (AB-Inbev), a latinha especial já pode ser encontrada no varejo americano em packs com oito unidades. A novidade será uma opção a mais de consumo de Budweiser. Não substituirá a clássica lata cilíndrica da cerveja, da qual difere não apenas pela silhueta, mas também por oferecer

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um pouco menos de conteúdo – 330 mililitros, contra os tradicionais 355 mililitros. “A nova embalagem é charmosa, fácil de manusear, moderna e, de acordo com pesquisas nossas, muito atraente para o público jovem”, diz Pat McGauley, vice-presidente de inovação da Anheuser-Busch.

McGauley conta que a produção da embalagem segue dezesseis passos: dez para a parte superior e seis para a metade inferior. “Como o alumínio só pode ser esticado em cerca de 10% sem se quebrar, o projeto exigiu que os ângulos da lata fossem muito precisos”, relata o executivo. A produção do novo recipiente é feita em equipamentos especiais, adquiridos por

valor não revelado e instalados numa fábrica de latas da Anheuser-Busch situada em Newburgh, Nova York. Segundo a cervejaria, a nova embalagem será utilizada exclusivamente nos Estados Unidos, onde será divulgada como “lata sem barriga de cerveja”. Valorizada como símbolo da marca, a gravata foi agregada ao logotipo de Budweiser em meados dos anos 1950. Curiosamente, não se conhecem detalhes de sua origem, por falta de documentação. É mais uma entre tantas outras invenções cujas histórias se perderam no tempo.

Assista ao vídeo: emb.bz/165bud


Internacional

Gás para os vegetais Doses de nitrogênio viabilizam nova lata de aço para conservas “tssss”.

O efeito sonoro tipicamente produzido pela abertura de embalagens de bebidas gasosas agora emana também de recipientes de alimentos. A Bonduelle acaba de adotar, para seus vegetais em conserva, uma nova lata de aço que permite a aplicação de doses de nitrogênio no processo de acondicionamento. Brandido como um pioneirismo na indústria alimentícia, o uso do gás em vegetais enlatados garantiria benefícios ao meio ambiente e diferenciais mercadológicos. Graças à injeção de nitrogênio, a embalagem, de 400 gramas, utilizaria 15% menos material e teria as paredes 43% mais finas que a das latas de aço mais leves utilizadas para o mesmo fim. Desenvolvida pela produtora de embalagens Ardagh Group, a nova lata, de duas peças (corpo e tampa), é classificada como um avanço significativo na tecnologia de produção DWI (Draw and Wall Ironing).

O conceito da embalagem surgiu em 2007, no Centro de Inovação e Desenvolvimento da Ardagh em Crosmières, na França. O projeto ganhou fôlego em maio de 2011, quando foi obtida a primeira patente, que abrangia tanto a geometria quanto a forma da lata, além da nova base, resistente à pressão. A introdução de nitrogênio de maneira constante e a forma de acomodar o aumento da pressão interna gerada no fundo e no topo exigiram um redesenho total, capaz de fazer a lata suportar até 4,5 bars. Além de transmitir sensação de frescor no momento de sua abertura, devido ao ruído característico da liberação do gás, a nova lata incorpora outros atrativos para o consumidor. Ela não exibe frisos, o que lhe confere aspecto premium e agradável ao tato. A parede, da embalagem, lisa, é como a das latinhas de bebidas. Em relação a estas, a diferença mais marcante talvez seja o sistema abre-fácil, baseado na remoção completa do topo.

Injeção de gás permitiu aliviar peso e eliminar frisos da lata de aço


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br

Rótulos

Brazicolor (54) 3225-1853 www.brazicolor.com.br Rolha

Juvenal Brasil Cortiças (54) 463-8531 www.juvenalcork.com Selo de zamac

Drizzare (54) 34520-1332 drizzarecomponentes.com.br Rótulos

Garrafa

Brazicolor (54) 3225-1853 www.brazicolor.com.br

Saverglass (11) 4612-0756 www.premierpack.com.br

Garrafa

Cápsula

Cristalerias Toro +56 (2) 2437-4520 www.cristoro.cl

Rivercap +56 2 569 7500 www.rivercap.com

Tampa de rosca

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Guala Closures (11) 4166-2400 www.gualaclosures.com Design rótulos

Vinhos

Novos membros na família A Vinícola Salton apresentou em abril mais um vinho do Projeto Salton Gerações, que homenageia os pioneiros da família produtora de vinhos. O vinho Paulo Salton leva o nome daquele que foi o responsável pela fundação da vinícola em 1910. Foram elaboradas 13 000 garrafas numeradas da safra 2009, com 40% de Cabernet Sauvignon, 40% de Merlot e 20% de Cabernet Franc. As embalagens são decoradas com rótulos autoadesivos e com um selo de zamac (liga de zinco) com o brasão da vinícola. Outra novidade da vinícola é a terceira edição do Salton Gamay, primeiro vinho da safra que comemora o fim da colheita. Para este ano, o rótulo foi desenvolvido pelo artista plástico gaúcho Victor Hugo Porto. A tela pintada especialmente para o Salton Gamay 2013 leva o nome de Colheita da Uva. A decoração é feita também com um rótulo autoadesivo.

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Yáñez Gioia Design +54 (261) 439-2907 www.yg-d.com

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Já está à venda a edição especial do almanaque EmbalagemMarca, edição especial que mostra o que de melhor foi publicado na seção mais lida da revista peça já o seu exemplar:

(11) 5181-6533 ou almanaque.blog.br/edicaoespecial

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

3

1 Design

Design

100% Design (11) 3032-5100 www.100porcento.net

Embalagens

Incoplast (48) 3657-3000 www.incoplast.com.br

B+G (11) 5090-1460 www.bmaisg.com.br

Conservas

Vegetais premium

Antes . . . 1

A Gomes da Costa lança sua linha premium de conservas vegetais, composta por Aspargos Verdes Inteiros, Aspargos Brancos Inteiros e Corações de Alcachofra. Os rótulos têm elementos minimalistas que sintetizam as informações essenciais dos produtos, importados do Peru já acondicionados.

Sucos

Frutas na caixinha Dedicada a crianças, a linha de bebidas de fruta Del Valle Kapo, da Coca-Cola, ganhou nova identidade visual. As embalagens cartonadas assépticas, do tipo Tetra Wedge Aseptic, agora têm ilustrações de frutas e são acompanhadas por canudinhos coloridos – uma cor para cada sabor.

Design

Oblíquo (21) 2518-6114 www.obliquo.com.br

Perfumes

Snacks

Spray nas madeixas 2

Na onda do Rio 3

Perfume para... cabelos. Sob o nome Natura Plant Inspira, é essa a novidade da Natura. O produto, de fragrância floral, é oferecido no volume de 55 mililitros, em frasco de vidro com válvula spray. A venda é feita em cartucho de papel cartão (não mostrado na foto). O design é da própria Natura.

A Piraquê lança a batata frita ondulada Carioca nos sabores original, churrasco e cebola & salsa. As embalagens – flow packs de 50 gramas e de 100 gramas – trazem imagens de cartões postais do Rio de Janeiro: a panorâmica da cidade, o Maracanã e o calçadão da Praia de Copacabana.

Cartonadas assépticas

Tetra Pak (11) 5501-3200 www.tetrapak.com.br

2 Válvula

. . . e depois

Aptar (11) 4196-7500 www. aptar.com Cartucho

Jofer (18) 3643-4000 www.jofer.com.br Frasco

Wheaton (11) 4355-1800 www.wheatonbrasil.com.br

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Defensivos agrícolas

Marca harmonizada Os defensivos agrícolas da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf tiveram suas embalagens reformuladas. Segundo a empresa, a ação tem o objetivo de harmonizar a comunicação de marca em toda a América Latina, bem como aprimorar o manuseio e a segurança dos produtos. Moldes de novos frascos e bombonas

4

foram desenvolvidos em parcerias com fornecedores, cujos nomes não são divulgados. Os recipientes agora incorporam um novo modelo de tampa, dotada de lacre que, segundo a Basf, proporciona abertura mais fácil. Caixas de transporte e rótulos apresentam novo layout, que procura diferenciar os produtos da linha AgCelen-

ce (tecnologia que confere efeito fisiológico às plantas e aumento de produtividade). As caixas de 5 litros e de 10 litros passam a ter furo-alça, para prover praticidade no manuseio por distribuidores e consumidores finais. As novas embalagens foram desenvolvidas pela área de embalagens e arte-final da Basf.


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

3 Design

Artero Design e Propaganda (62) 3551-2785 www.artero.com.br Caixa

Coloprint (62) 3091-4001 www.grafcolorprint.com.br

Serigrafia

DG Décor (11) 4705-3153 www.dgdecor.com.br Tampa

Premier Pack (11) 4612-0756 www.premierpack.com.br Garrafa

Saverglass (Premier Pack) (11) 4612-0756 www.premierpack.com.br

1

pouches

Diadema (11) 4066-9000 www.efd.com.br

pouches

Inapel (11) 2462-8800 www.inapel.com.br

Design

Mais Packing (11) 3074-6611 www.maispacking.com.br

Molhos

Sucos

destilados

ampliação em pouches

frutas em hipérbole 2

imagem premium

A Maguary, marca da ebba, amplia seu mix de produtos com a linha de sucos funcionais SuperFrutas. Os sabores Cranberry, Framboesa, Tomate e Açaí chegam ao mercado em embalagens cartonadas assépticas de 1 litro e em latas de alumínio de 255 mililitros.

A Boutt Bebidas traz ao mercado a vodca Excellence Black. Produzida com álcool de cereais cinco vezes destilado, a bebida tem garrafa de vidro importada da França, decorada por meio de serigrafia. A venda é feita em caixa de papel cartão com detalhes metalizados.

1

Parmegiana, Azeitona e Apimentado são os novos sabores dos molhos de tomate da Tambaú Alimentos. Os produtos são acondicionados em stand-up pouches (bolsas plásticas que ficam em pé) de 340 gramas, feitos de um laminado de PET, alumínio e polietileno.

Refrescos

pele em destaque

3

Nos sabores Lima-Limão e Frutas Vermelhas, a nova bebida funcional da Bioleve traz no nome o ingrediente de conhecidos benefícios para a pele: Colágeno. As garrafas de PET do produto, feitas pela própria Bioleve, são revestidas por rótulos termoencolhíveis.

Design

2 A10

(11) 2344-1010 www.a10.com.br Latas

Crown Embalagens (11) 4529-1000 www.crownembalagens.com.br Cartonadas assépticas

SIG Combibloc (11) 3028-6744 www.sig.biz

4 Rótulo

Itapevi Embalagens (11) 4144-3333 www.itapeviembalagens.com.br Tampa

Gerresheimer (Vedat) (11) 2133-1212 www.gerresheimer.com Design gráfico

Geodesign (16) 3202.995

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4


Cuidados pessoais

Destaque para o desconto As escovas para cabelos Carmim, da Condor, ganham embalagens promocionais que divulgam desconto de 30% na compra de dois produtos. O desafio do projeto era criar uma embalagem que chamasse a atenção para o desconto. Para isso, foram utilizados recursos gráficos como laminação

fosca, verniz localizado e hot stamping. O berço de papel foi substituído por vacuum forming, o que deixou as escovas com aspecto “flutuante” no centro da caixa. Para tornar a embalagem presenteável, foi incluído um picote destacável na área que comunica a promoção.

Embalagens

Box Print (11) 5505-2370 www.boxprint.ind.br Design

Brainbox Design Estratégico (41) 3018-1695 www.brainboxdesign.com.br

Agosto 2012 |

49


Almanaque Rótulos republicanos Fundada em 1951, na cidade de Itu, interior de São Paulo, a Refrigerantes Convenção iniciou suas atividades como destilaria de bebidas, produzindo, envasando e distribuindo bebidas alcoólicas. Mais tarde, passou a fabricar refrigerantes, acondicionados em garrafas de vidro de 600 mililitros. A empresa teve o nome inspirado na Convenção de Itu, a primeira Convenção Republicana, realizada em 18 de abril de 1873, naquela mesma cidade. Para comemorar os 140 anos do acontecimento, os primeiros rótulos da Refrigerantes Convenção estão em exposição no Museu Republicano de Itu. Também podem ser vistas duas réplicas de garrafas da Convenção idênticas às comercializadas na década de 50. A mostra tem entrada gratuita e pode ser visitada até dezembro, de terça a domingo, das 10 às 15 horas.

Pronúncia no eixo errado Em 1990, cinco anos após sua chegada ao Brasil nas versões Vert, Musk e Amber, Axe ganhava sua quarta fragrância – a Marine. A nova opção comprovava o êxito, aqui, do desodorante criado na França, em 1983, pela Unilever. No mercado nacional, foi um desafio disseminar a pronúncia correta da marca. Havia quem trocasse a pretendida maneira de dizer “acse” (para axe, ou eixo, em francês) por axé – expressão muito utilizada no Nordeste do País como substantivo, para a energia dos orixás do candomblé, ou como interjeição, para exprimir votos de felicidade. Alguns erravam sem querer, desconhecendo o acento devido. Outros o faziam de propósito, debochando do produto e de seu apelo popular.

Loiras geladas

– princiA estratégia de associar mulheres fenôum é ejas cerv palmente as loiras – a Aqui, ro. intei do mun no tece acon meno que ício: artif e ness algumas marcas que apostam iras Outros exemplos: emb.bz/165lo

O café não era do Barão José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira, ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores de 1902 a 1912, ao longo do mandato de quatro presidentes da república – Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca. Seu rosto ficou conhecido por várias gerações de brasileiros por ter estampado cédulas de épocas diferentes – 5 mil réis de 1913 e de 1924, 5 cruzeiros de 1950 e mil cruzeiros de 1978. Mas enquanto ainda era vivo, o Barão virou marca de café na Bahia. Em um tempo em que não havia legislação sobre o direito de imagem, ele deu prestígio e

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nome ao produto. Em 1909, foi lançado o Café Rio Branco, cujo rótulo estampava o retrato do Barão. Por ser um empreendimento de imigrantes espanhóis, as cores das bandeiras do Brasil e da Espanha também estavam presentes na decoração. O Barão morreu em 1912 sem nunca ter recebido sequer um centavo dos fabricantes do café, que existiu até meados da década de 1990.

acima, Notas com a efígie do Barão do Rio Branco, que circularam de 1913 a 1989. ao lado, Rótulo do Café Rio Branco, de 1909



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