EmbalagemMarca 168

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Ano XIV • Nº 168 • Agosto 2013 • R$ 15,00

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SUPLEMENTOS Diretor da Integralmédica fala do papel da embalagem no ganho de musculatura da empresa

FLEXÍVEIS

Bolsas plásticas de formatos diferenciados começam a se disseminar no mercado nacional

Pactos para repasses O contract packaging, modalidade em que empresas contratam parceiros industriais para fabricar e acondicionar produtos, ganha força no Brasil. Conheça os benefícios dessa estratégia – e os cuidados a tomar na hora de adotá-la



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Somos todos ouvidos Com a intenção de ampliar a abrangência de sua cobertura de temas relacionados à cadeia de valor de embalagem, a direção e a redação desta revista decidiram há algum tempo aprofundar o noticiário referente a máquinas e equipamentos destinados a produzir recipientes e seus complementos e a acondicionar produtos de todos os tipos. O panorama do setor, que de modo geral encolhe, justifica as queixas centralizadas em regulares manifestações de sua entidade representativa, a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). Obviamente, o segmento de bens de capital voltados à área de embalagem é também atingido pela falta de competitividade gerada pelos problemas do chamado custo Brasil, como câmbio desfavorável, inflação, impostos e encargos sociais desmesurados e mão de obra escassa e cara, entre outros. Sem pretensão de se transformar em baluarte dessa parcela da economia nacional, EmbalagemMarca programou-se para dar em suas páginas a maior visibilidade possível sobretudo à atuação da indústria especializada, ou seja, procurando mostrar o que produz e quais os atributos de seus produtos. Para isso, a redação tem procurado, por todos os meios disponíveis, ouvir os agentes daquele segmento, em busca de exemplos de inovação em máquinas e em processos. Curiosamente, a resposta mais constante de parte de empresas consultadas é a de que não haveria interesse em divulgar o que fazem. De duas uma: 1) ou a atividade desses agentes é clandestina, e quer se manter oculta; 2) ou talvez esteja havendo algum equívoco

de comunicação, sendo possível que as pessoas ouvidas imaginem que se esteja tentando vender espaço comercial ou, em confusão ainda maior, que se esteja tentando vender espaço editorial. Embora desnecessário, cabe lembrar que ao serem procuradas por jornalistas de EmbalagemMarca sempre o são por motivos estritamente jornalísticos. Caso não esteja suficientemente claro, repita-se: uma das razões da alta credibilidade da revista, além da acuidade de suas informações, é que nela não se misturam estações, não se publicam notícias “favoráveis” a empresas, produtos, serviços ou materiais de embalagem em troca de contratos publicitários. Continuaremos a nos esforçar para cumprir nossa missão, que é difundir notícias de interesse da cadeia de valor da embalagem, na esperança de que os fabricantes e intermediários de produtores de máquinas e de processos abram suas portas para o trabalho de comunicação descompromissada que se quer desenvolver. Como se dizia em outros tempos, numa expressão no entanto totalmente válida nos dias correntes, “somos todos ouvidos”. Enquanto isso, aproveitamos para comunicar um novo passo dado pela Bloco de Comunicação, materializado nas novas instalações em que passam a operar a revista EmbalagemMarca e o Ciclo de Conhecimento. Até setembro.

WILSON PALHARES Novo endereço Rua Carneiro da Cunha, 1192 • 6º andar CEP 04144-001 • Saúde • São Paulo, SP Telefones: (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 • (11) 3805-5931 • (11) 3805-5932 • (11) 3805-5933

“Ou a atividade da indústria de máquinas de embalagens é clandestina ou ocorre algum equívoco na área de comunicação, com possível confusão entre o que é reportagem e o que é tentativa de vender espaço comercial ou, pior, espaço editorial”

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Edição 168 • Agosto 2013

Sumário

Reportagem de capa: Terceirização Empresas donas de marcas recorrem de forma crescente aos serviços de indústrias que se incumbem da produção e do acondicionamento de seus produtos Por Guilherme Kamio

3 Editorial A disposição de aprofundar o noticiário referente a máquinas e equipamentos destinados a produzir recipientes e seus complementos e a acondicionar produtos parece não interessar ao setor 6 Evento Indústria usuária de embalagens marca forte presença no Prêmio Grandes Cases de Embalagem

8 Painel Garrafa de cerveja “toca” música • Klabin inaugura

ilustração de capa: rafael lopes

expansão de fábrica • Microcervejarias ganham coleção de embalagens • Ibema cria canal de vendas diretas • Novo hot melt promete temperaturas menores para aplicação

14 Óleos Redução de peso a partir do gargalo adentra mais um mercado cativo do PET

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24 Latas Tecnologia inédita possibilita fornecer até 24 diferentes rótulos num mesmo palete

26 Tecnologia Uso de stand-up pouches com perfis diferenciados ganha força no mercado brasileiro

28 Entrevista Filipe Bragança, diretor geral da Integralmédica, descreve como embalagens de impacto, com apelo de vitalidade, são fundamentais para o sucesso da empresa 32 Internacional Absolut faz mudança visual em sua linha de vodcas com sabores que afirma ser a mais radical até hoje 34 Artigo Dez dicas para o desenvolvimento do design de painéis frontais de embalagens Por Ron Romanik

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36 Display Garrafas de Skol viram objetos de decoração • Matte Leão tem visual outra vez renovado • Tramontina lança linha de utensílios acondicionados em caixas que sugerem rusticidade • Embalagens de bombons de sorvete lembram trouxinhas • Massa de poliéster tem lata que otimiza o consumo

42 Almanaque Tanajuras satisfaziam apetite dos paulistas por formigas • Refrigerante da coroa tem mais de um século • Dom Bosco, santo italiano, virou vinho no Brasil • Mesmo sem o antigo prestígio, Rugól está firme no mercado

Empresas que anunciam nesta edição Adecol....................................................................41 Aptar..........................................................................7 Catuaí.................................................................... 29 Congraf................................................................... 9 Dassault Systémes.....................................3ª capa Evertis...........................................................2ª capa

FSI............................................................................37 Grandes Cases...........................................22 e 23 GS1..........................................................................19 Indexflex................................................................ 25 MLC........................................................................ 39 Optima...................................................................21

Papirus......................................................... 4ª capa Payne......................................................................31 Prakolar....................................................................5 Roland....................................................................15

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br • Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: Karin Trojan | karin@embalagemmarca.com.br • Wagner Ferreira | wagner@embalagemmarca. com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br • Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br • Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas (assinatura anual R$ 150): assinaturas@embalagemmarca.com.br

Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Carneiro da Cunha, 1192 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br

Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.



Evento

Prestígio do público-alvo Indústria usuária de embalagens marca forte presença no Prêmio Grandes Cases de Embalagem

A cada edição

do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, torna-se mais dinâmico o potencial oferecido pelo evento para o estreitamento de relações entre representantes da indústria usuária de embalagens e fornecedores e prestadores de serviços. Ao aproximar-se a data da cerimônia de entrega dos troféus aos ganhadores desta rodada do Prêmio, a sétima, em 12 de novembro, os organizadores registram sua satisfação pelo fato de as inscrições de cases concorrentes terem sido na maior parte feitas por iniciativa de empresas usuárias. É, no entendimento dos responsáveis, uma clara demonstração da importância da iniciativa, dada pela ponta do mercado que é a principal razão de ser da cadeia de valor da embalagem. Registre-se que esse aval veio sendo exposto nos últimos meses, nas páginas de EmbalagemMarca, idealizadora do evento, com testemunhos de representantes de empresas ganhadoras de troféus na edição de 2012 do Prêmio. As peças dessa campanha promocional tiveram como eixo comum a afirmação desses executivos e empresários de que, além de apoiarem a iniciativa (inscrevendo cases concorrentes), estarão presentes à cerimônia de premiação. A rigor, esse evento, ao lado de ser uma festa de confraternização, caracteriza-se pela objetividade. Seu principal objetivo é aproximar os profissionais que fazem parte da cadeia de embalagem no Brasil, expondo idéias e projetos de resultados surpreendentes – em suma, dando oportunidades para o surgimento de novos negócios e parcerias de sucesso. Trata-se, enfim, de um evento que reflete a essência do regulamento do Prêmio, concebido de maneira totalmente diferente do que ocorre em iniciativas similares. Em Grandes Cases de Embalagem, as embalagens concorrentes são analisadas pelos jurados de forma abrangente. No julgamento, consideram-se todos os aspectos da embalagem, desde a adequação do material utilizado e do design até o desempenho nas linhas de produção, nos pontos de venda e, finalmente, das características de sustentabilidade, isto é, da reciclabilidade e do descarte final.

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Peças da campanha promocional do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, com apoio ao evento e manifestação de representantes de indústrias usuárias de que estarão presente à cerimônia de premiação: de cima para baixo, Rodrigo Madalosso Wielecosseles, (O Boticário), Paulo Villas (Coca-Cola), Paola Ragusin e Paulo Navarro (Johnson & Johnson), Gislaine Pavani de Freitas (Castelo Alimentos), Vanessa Depieri (M. Dias Branco)



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

MARKETING

Uma garrafa que toca Associando conceitos antigos com tecnologia de última hora, projeto na Oceania transforma embalagem de cerveja em mídia musical

Integrante do portfólio da AB InBev, a Beck’s tornou-se, segundo sua fabricante, a primeira cerveja do mundo a ter uma embalagem “tocável”. O feito, realizado na Nova Zelândia, consistiu na transformação de uma garrafa long neck de vidro em mídia musical, nos moldes dos cilindros utilizados no primeiro fonógrafo inventado por Thomas Edison. O projeto, definido como um encontro entre conceitos do século 19 com tecnologias de última hora, exigiu grandes esforços de desenvolvimento. A consultoria neozelandesa Gyro Constructivists teve de desenhar e construir um torno mecânico especial, comandado pela agulha

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de gravação de um disco rígido de computador. O dispositivo permitiu a inscrição dos sulcos de som no corpo da garrafa. Por meio do uso de materiais e componentes eletrônicos modernos, a mesma firma criou um aparelho reprodutor de alta sensibilidade, inspirado no fonógrafo original de Edison. A primeira audição da Edison Bottle, como a garrafa foi denominada, ocorreu em Auckland, na

Nova Zelândia, no final de maio último. A performance, como se pode ver na gravação do evento (on. fb.me/1a5J3ct), recebeu aplausos calorosos do público presente. Em tempo: a canção gravada na garrafa foi “Here She Comes”, do grupo de rock Ghost Wave. A agência responsável pela criação da iniciativa foi a Shine Limited. vimeo.com/68007497

Com sulcos em suas paredes, garrafa é reproduzida em aparelho inspirado no fonógrafo de Edison



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

VIDRO

PLÁSTICOS

Para pequenos cervejeiros

Renovação de apoio

De olho no crescimento da demanda por cervejas artesanais, que já contam no Brasil com mais de 200 produtores, a Owens-Illinois do Brasil desenvolveu um catálogo exclusivo de garrafas de vidro para microcervejarias. São seis modelos de embalagens, de diferentes tamanhos e capacidades volumétricas, que teriam como diferencial uma área de rotulagem ampla, permitindo ao produtor cervejeiro estampar sua marca com singularidade. Segundo a vidraria, os destaques do catálogo são as garrafas Cerveja ECO 330 e Cerveja ECO 600, embalagens que pesam, respectivamente, 185 e 300 gramas – massas que seriam de 18% a 25% mais leves do que as apresentadas por soluções similares do mesmo formato oferecidas no País. As garrafas são produzidas sob o conceito Leve+Verde, que garantiria economia de 20% no consumo energético na fabricação de recipientes de vidro, além de menor emissão de gás carbônico na produção e no transporte. “Já atendemos as principais cervejarias de grande porte, e agora queremos mais parcerias com as microcervejarias”, diz Luiz Magalhães, diretor de marketing e vendas da Owens-Illinois do Brasil. O executivo ressalta que, além das opções do novo catálogo, a empresa oferece aos pequenos cervejeiros a possibilidade de desenvolvimento de projetos personalizados.

Recipientes têm peso reduzido e área generosa para aplicação de rótulo

BIOPLÁSTICOS

Ecovio estreia em café Lançado há seis anos pela Basf, o Ecovio, plástico biodegradável e compostável derivado do ácido polilático (PLA), insumo de origem vegetal, ganhou seu primeiro uso em embalagens. O material foi adotado na produção das cápsulas do café Beanarella, da suíça Swiss Coffee Company, bem como no envoltório em que conjuntos do produto são comercializados. Segundo a Basf, a cápsula é feita de um grade específico para injeção, “suportando perfeitamente” a alta pressão a que é submetida na máquina de preparo do café. A embalagem secundária flexível, por sua vez, baseia-se numa estrutura multicamadas que apresentaria alta barreira à migração de aromas. Ambos os invólucros são passíveis de compostagem após o uso. Antes desse projeto, o Ecovio vinha sendo basicamente utilizado na produção de sacolas para coleta de resíduos biodegradáveis e de saquinhos para proteção de frutas e vegetais em ambiente rural.

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Cápsulas e embalagem flexível que as acomoda são compostáveis

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou que renovará o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Plástico (Proplástico). Criado em 2010, o mecanismo visa ao fortalecimento e à modernização das indústrias do setor. Em sua nova fase, o programa terá orçamento de 1,3 bilhão de reais e prazo de vigência até 30 de junho de 2017. “Vemos essa aprovação de forma muito positiva”, comenta o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho. “O setor de transformados plásticos é um dos cinco maiores empregadores do País. Por isso, é muito importante contar com o apoio de uma instituição desse porte”. De acordo com o BNDES, a carteira atual do Proplástico conta com um total de 25 projetos, entre contratados, aprovados, em análise, enquadrados e em consulta. Juntos, eles totalizariam pouco mais de 727 milhões de reais em investimentos e cerca de 570 milhões de reais em financiamentos.


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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

PAPÉIS

Produção em dobro no Nordeste

númeroS

América Latina. O investimento total foi de Maior produtora e exportadora de papeis para 400 milhões de reais. embalagem, sacos industriais e embalagens de papelão ondulado do Brasil, a Klabin inaugurou a expansão de sua unidade em Goiana (PE), a 70 quilômetros do Recife, ampliando sua capacidade de produção de 50 000 toneladas/ano para 160 000 toneladas/ano. Tanto a capacidade de produção de sacos industriais quanto a de papelão ondulado foram duplicadas. A primeira passará dos atuais 7 milhões para 14 milhões de sacos/mês, enquanto a segunda atingirá 146 000 toneladas/ ano, tornando-se a maior do gênero na Fábrica da Klabin em Goiana: aporte de R$ 400 milhões

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milhões de reais é o orçamento da fábrica que a Ambev pretende construir em Ponta Grossa (PR). A obra gerará mil postos de trabalho na região. A operação, prevista para começar no final de 2014, deverá empregar aproximadamente 500 pessoas.

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GENTE

Foram os pedidos de patentes efetuados pela Braskem no primeiro semestre de 2013. No ano passado, a produtora de resinas plásticas registrou 47 novas patentes, totalizando 650 em dez anos de atividades. A companhia tem cerca de 300 profissionais dedicados ao desenvolvimento de novos produtos e aplicações.

Inteligência de mercado A Cromex, produtora brasileira de masterbatches de cor e de aditivos para plásticos, criou uma área de inteligência de mercado, dedicada à prestação de serviços para o desenvolvimento de novas soluções. O novo departamento será chefiado por Anderson Maia (foto). Há dez anos na empresa, Maia comandava a área de projetos e produtos. Seu substituto será o engenheiro Luis Carlos Ghidelli, egresso da fabricante de compressores Tecumseh do Brasil.

RESINAS

PAPÉIS

SETOR

Innova muda de mãos

Um canal para compras menores

Semestre favorável

A Videolar, companhia presidida pelo empresário gaúcho Lirio Parissoto, comprou os ativos da Petroquímica Innova. A venda da empresa faz parte dos planos da Petrobras de se desfazer de ativos considerados não estratégicos. A fabricante de poliestireno, resina usada como matéria-prima na produção de embalagens, foi adquirida por 870 milhões de reais, e mais 23 milhões de reais em dívidas.

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Após realizar diversos estudos de mercado, a Ibema criou um canal de vendas diretas. De acordo com a fabricante de papéis cartão, a iniciativa representa uma oportunidade para as gráficas que têm um volume reduzido de compras. O novo canal permite aquisições a partir de 500 quilos, possibilitando retiradas no Centro de Distribuição Direta (CDD) da empresa, situado em Araucária (PR). “A qualidade de nossos produtos fica ao alcance dos clientes menores”, resume Fabiano Bissule, supervisor de novos negócios da Ibema. Por ora, o serviço está disponível para o Paraná. Há planos de levá-lo para outras regiões do País.

A produção da indústria brasileira de embalagens teve alta de 2,66% no primeiro semestre na comparação com o primeiro semestre do ano passado. O levantamento foi feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pedido da Associação Brasileira de Embalagem (Abre). O resultado foi impulsionado pela expansão de 4,81% registrada no primeiro trimestre. No segundo trimestre, o indicador cresceu apenas 0,56%. Para o segundo semestre, a projeção é de crescimento de 1%. O resultado projetado para este ano aponta alta de aproximadamente 2% sobre 2012, de acordo com o coordenador de análises econômicas do Instituto de Economia da FGV e do estudo, Salomão Quadros. O material aponta ainda que a receita do setor, medida pelo valor da produção física de embalagens, somará 50,4 bilhões de reais. O montante representa expansão de 7,9% em relação à receita de 2012, de 46,7 bilhões de reais.


Prédio da Heidelberg: empresa completa quinze anos de atuação no Brasil

EQUIPAMENTOS

Bodas de Cristal Há quinze anos, em agosto de 1998, era inaugurada a sede da Heidelberg no Brasil. Na fase de estruturação da empresa no país, foram contratados e treinados funcionários para as áreas de vendas e assistência técnica. Hoje, são mais de 200 profissionais em todo o território nacional. Em 2012 foi inaugurado o Centro Integrado de Operações Heidelberg em Santana de Parnaíba, São Paulo, reu-

nindo os departamentos administrativo, comercial, peças, serviços e logística, que antes eram divididos em três escritórios na capital paulista. Desde o início de suas operações, a Heidelberg do Brasil apostou no potencial do mercado nordestino e foi a primeira fabricante de equipamentos gráficos a instalar-se na região, que na época representava apenas 5% do faturamento da empresa.

DESIGN

ADESIVOS

Sinal verde para o consumo

Quente mais frio

Em julho, a Coca-Cola começou a vender na Argentina seu primeiro refrigerante de cola adoçado com Stevia, adoçante derivado da erva homônima nativa da América do Sul. O produto, Coca-Cola Life, não se destaca somente por ter esse ingrediente. Em seu design, o tradicional vermelho de Coca-Cola é substituído pelo verde. A diferenciação de cor seria uma tentativa de transmitir aos consumidores uma percepção de benefício. Ocorre que refrigerantes com Stevia vêm sendo apontados como opção mais saudável, especialmente para pessoas obesas ou que sofrem de diabetes.

Coca-Cola Life: adoçante e padrão de cor diferentes

A Henkel apresenta o novo adesivo hotmelt Technomelt Cool Supra 100 para a indústria de embalagens. O adesivo tem temperatura de aplicação de 100°C, a mais baixa de sua classe no mercado. Segundo a Henkel, testes de produção realizados por fabricantes de bens de consumo na Europa demonstraram que a baixa temperatura de aplicação do produto reduz em até 50% o consumo de energia em comparação aos hotmelts convencionais. Além da baixa temperatura de aplicação e alta força adesiva, o produto é caracterizado pela adaptabilidade no processo de selagem, fechamento de embalagem e montagem de bandeja, e é adequado para a aplicação na indústria de alimentos.

BIOPLÁSTICOS

“Ecopoliamida” em filme A alemã MF Folien anunciou a criação de um filme “verde” de poliamida (nylon), com potencial aplicação em embalagens flexíveis. O material é derivado do EcoPaxx, um bioplástico produzido pela multinacional holan-

desa Royal DSM predominantemente a partir do óleo de mamona. Disponível nas espessuras de 30, 40 e 50 micra, a nova película teria resistência elevada a perfurações, menor índice de transmissão de umidade e barreira ao oxigênio similar à dos filmes de poliamida convencional. “Além de seu desempenho ecológico, o material proporciona propriedades iguais ou superiores às de suas alternativas tradicionais”, afirma Kees Tintel, gerente administrativo de EcoPaxx na Royal DSM. Opção “verde” teria as mesmas propriedades dos filmes convencionais de nylon

Novidade promete reduzir consumo energético

GENTE

Nas vendas indiretas César Denadai Rugero (foto) foi nomeado gerente do canal de vendas indiretas da Markem-Imaje Brasil, fornecedora de soluções para marcação e codificação de embalagens. Administrador de empresas, com pós-graduação em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rugero já atuou em empresas como 3M e Avery Dennison.

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óleos

Óleos mais leves Aliviamento de peso a partir do gargalo começa a se difundir em mais um mercado cativo das embalagens de PET

De maneira

parecida ao que ocorreu com refrigerantes, começa a avançar em outro mercado adepto do PET, o de óleos de cozinha, uma tendência de aliviamento das embalagens a partir do gargalo. O movimento é encabeçado por três importantes beneficiadoras de oleaginosas: Cargill, Louis Dreyfus e Comigo. Todas elas adotaram, nos últimos meses, garrafas de 900 mililitros que apresentam a terminação 26/21 em vez da tradicional 29/21. A mudança resulta numa economia que parece insignificante em nível unitário, mas que é expressiva em termos cumulativos, considerando-se as enormes escalas de produção das linhas de óleos. Os novos gargalos das garrafas são em média 50% mais leves do que os anteriores, pesando aproximadamente 1,35 grama. As iniciativas compreendem a troca do modelo da tampa. Com perfil menor, o acessório substituto garante diminuição extra de 1 grama. Somados, os abatimentos resultam em embalagens até 30% mais leves. A aquisição de novos equipamentos de envase e fechamento não é um imperativo nesse tipo de projeto. “Geralmente bastam ajustes em máquinas já instaladas”, destaca Fabio Pinto, diretor de vendas e marketing da Bericap, fabricante da tampa implantada nos projetos nacionais – a CTC-IP 26/13, solução de duas peças, do tipo push-on, feita de polietileno. O diâmetro interno, de 29 milímetros, proporcionaria vazão idêntica à das tampas previamente utilizadas.

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As seis marcas que já aderiram às garrafas de peso reduzido. Produções correspondem a quase 20% do mercado local

“Além da adaptação técnica fácil, a tampa necessita de baixa carga vertical em sua aplicação”, diz Pinto.

Organizado por EmbalagemMarca, o prêmio Grandes Cases de Embalagem contemplou em 2011 a ação da Cargill, iniciada com a linha Liza. Criada com apoio da Bericap e das fornecedoras de pré-formas Brasalpla e Plastipak, a embalagem de peso menor foi posteriormente estendida à marca Veleiro. A nova garrafa da Louis Dreyfus, por sua vez, tem pré-formas moldadas pela Lorenpet e já está em uso nos óleos Vila Velha e Valência. Já a Comigo, com os óleos Comigo e Brasileiro, entrou na onda utilizando uma abordagem vertical, injetando pré-formas e soprando-as numa linha integrada própria. As três indústrias de óleos converteram integralmente suas linhas de 900 mililitros ao novo padrão. Somados, os volumes equivaleriam a algo próximo a 20% do mercado nacional de óleos vegetais. Para o diretor geral da Bericap do

Brasil, Aurel Forgaci, novas adesões ao padrão mais leve de gargalo serão inevitáveis. “A migração gera um ganho financeiro difícil de ignorar em um mercado extremamente sensível a custos”, afirma. A tampa CTC-IP 26/13 é produzida no Brasil, na fábrica da Bericap de Sorocaba (SP) e por um licenciado situado no mesmo estado. Segundo o executivo, grandes players europeus em óleos comestíveis, como Cargill e Sovena, já abraçaram a solução. “Podemos dizer que existe uma consolidação global desse conceito”, assinala Forgaci.

Comparação visual entre tampa anteriormente utilizada pela Cargill (à esq.) e a nova: perfil notadamente menor



Reportagem de capa

A terceirização

prospera É cada vez maior o recurso de empresas donas de marcas aos serviços de indústrias que se incumbem da produção e do acondicionamento de seus produtos. O que levar em conta antes de fechar esses acordos? Por Guilherme Kamio

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O contract packaging supre a

ausência de equipamentos

Age. Bioplan-Mappel. Fareva. Greenwood. Lipson. Provider. Muito provavelmente a maioria dos consumidores nunca ouviu falar dessas empresas, embora sejam elas as reais procedências de diversos produtos de que usufruem diariamente. Tais companhias atuam em um negócio em alta no cenário industrial brasileiro: o contract packaging, termo que, da acepção primordial de prestação de serviços de embalagem, passou a definir também a oferta da própria fabricação de bens não duráveis. Movimentando-se nos bastidores, sem alarde, os co-packers, ou “terceiristas”, como os fornecedores dessas operações são também conhecidos, prosperam no País. O avanço é nítido, apesar de não haver números disponíveis para dimensioná-lo. Detentores de marcas das mais diferentes vocações e dos mais variados portes cada vez mais recorrem ao outsourcing para formular e acondicionar seus produtos. Graças aos co-packers, o mercado de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC), por exemplo, conta hoje com uma série de competidores até desprovidos de parques industriais próprios. São os casos, entre outros, de Jequiti, Flora (OX, Plants, Neutrox), Água de Cheiro, Herbalife e Mary Kay. Para quem reza pela cartilha clássica da atividade industrial, pode soar absurdo confiar produções completamente a terceiros, abdicando da manutenção de fábricas. O artifício, contudo, ganha prestígio devido a uma série de fatores. “Os contratantes podem se concentrar nas vendas e na construção de marcas, livrando-se de preocupa-

para a operação de embalagem de um determinado produto ções com máquinas, processos e mão de obra”, argumenta Guilherme Jacob, diretor-presidente da Age do Brasil, co-packer especializada na manipulação de artigos de personal care sediada em Palhoça, na Grande Florianópolis. “O terceirista realiza todos os investimentos em bens de capital, permitindo às marcas se devotar ao marketing. Quando se tem de decidir entre uma e outra coisa, a escolha pode dar errado. Os riscos desse dilema são sucateamento da fábrica, de um lado, ou da imagem do produto.” A adesão absoluta, ou full service, é apenas a faceta mais extremada do repasse de procedimentos fabris. Quando começou a ser praticado em nível mundial, em meados do século passado, o contract packaging era mais utilizado como solução de desafogo, para que indústrias conseguissem dar conta de saltos de demanda. A partir da década de 1970, o recurso ganhou notoriedade no Brasil por proporcionar a difusão das marcas próprias das redes de varejo. Sem fábricas ou know-how produtivo, os supermercadistas encontraram saídas para ter pratas da casa na ocupação de linhas ociosas de seus abastecedores. Estes começaram a perceber, então, que o contract packaging poderia ser empregado com

outras funções estratégicas – entre elas, suprir ausências de equipamentos ou de familiaridade para o preparo ou para a operação de embalagem de um determinado produto, facilitando a diversificação dos negócios, e viabilizar ações promocionais (ver quadro).

Especificamente no terreno da embalagem, os terceiristas mais e mais apresentam graus de aparelhamento que somente grandes indústrias têm condições de replicar. Para produções de xampus, condicionadores, óleos hidratantes e colônias, a Age do Brasil possui linhas de envase dedicadas ao trabalho com potes e frascos plásticos dotados de tampas ou válvulas atuadoras; bisnagas plásticas de diâmetros variados; sachês feitos de filme laminado; flaconetes e recipientes de vidro; e cartuchos de papel cartão. Conta, ainda, com máquinas aplicadoras de rótulos autoadesivos. Por sua vez, a francesa Fareva, que debutou no mercado brasileiro de contract packaging em 2012, exibe cabedal semelhante, com destaques para as linhas de envase de bisnagas e de aerossóis – neste campo, a empresa ufana-se de ter um acordo de cooperação com a alemã Tubex, fabricante de latas de alumínio para conteúdos propelidos. As empreAgosto 2013 |

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Razões para aderir – ou para pensar melhor A escolha de um co-packer significa a celebração de uma parceria. Um parceiro em contract packaging deve ser capaz de atender as necessidades do contratante a um custo competitivo alinhado com o seu cronograma – e com garantia de qualidade. O “terceirista” também pode resolver problemas comuns em empresas start-up, instalações de produção limitada, preocupações com investimentos em equipamentos, instalações físicas, treinamento de pessoal e muito mais. Eis algumas razões para considerar seu uso: de equipamentos ou de especialização p Indisponibilidade para um determinado trabalho;

Livrando-se de preocupações com máquinas, processos e mão de obra, o contratante pode se devotar ao marketing e à

construção de marcas

outro uso considerado prioritário para os equipamentos p Há da casa; série de instalações separadas geograficamente podep Uma ria servir melhor o produto para distribuição nacional; tipos de embalagens estranhos ao seu pessoal e aos p Novos seus equipamentos estão sendo cogitados; volume de produção atual ou projetado subutiliza ou p Seu sobrecarrega suas próprias linhas, seja em curto ou longo prazo; necessidade de uma tiragem pequena para um novo p Há teste de mercado do produto, um pacote de presente ou um recurso sazonal, o que pode exigir de sua empresa o investimento em novos equipamentos; produtos com embalagens fora do padrão ou p Promover com inserções promocionais exigindo máquinas especiais ou mão-de-obra intensiva;

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o representante da Fareva. O fato é que a terceirização desponta como tendência tão aguda que até mesmo indústrias seculares e que sempre primaram pela independência nas iniciativas fabris têm nela divisado uma tática oportuna. Alexandre Souza, gerente de outsourcing da Nestlé, explica que, ante o atual dinamismo dos negócios e a amplitude da atuação da multinacional suíça no País, repassar corridas de produtos é algo inevitável. “Terceirizar é muitas vezes a saída lógica para não ficarmos de braços cruzados em ataques da concorrência”, sentencia o profissional. Souza evita pormenorizar as iniciativas de terceirização da gigante em alimentos, mas admite que “muita coisa” é feita fora das plantas fabris da companhia. “É um volume expressivo em tonelagem e em faturamento”, diz. A terceirização da empresa divide-se em três modalidades: co-manufacturing (fabricação externa de produtos), co-filling (apenas o envasamento feito por terceiros) e repacking (operações extras de embalagem, como aplicação

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produto pode ser enviado de forma mais econômica, p Um em cargas, para um mercado distante, do que embalado localmente por unidades;

p

Há uma exigência específica, de curto prazo, que pode ser mais bem servida por know-how ou equipamentos que sua empresa não possui;

operacionais, como o fechamento da fábrica p Problemas para manutenção ou um problema de disponibilidade de força de trabalho que o levem a considerar opções alternativas; um armazém cheio que precisa de retrabalho para p Há tornar o produto estocado vendável; uma nova forma de embalagem que necessita ser p Existe testada no mercado antes de sua introdução oficial; um downsizing corporativo em pessoal, em instalações p Há ou em ambas as coisas; se depara com um alto investimento para atenp Aderempresa às exigências regulatórias e ambientais. No entanto, pode haver momentos em que seja prematuro falar em contract packaging: necessidade não é clara ou pelo menos não claramente o Aidentificada; problema pode ser resolvido de maneira mais efetiva e o Oeficiente através de outros métodos; acredita que o co-packer pode salvar um projeto que o Você você suspeita não ter mais salvação; não está organizacionalmente ou financeirameno Ateempresa preparada para implantar as sugestões do co-packer.

Fonte: Contract Packaging Association – EUA | Agosto 2013

sas possuem fábricas adjacentes em Itupeva, no interior paulista. Thibaut Fraisse, gerente de vendas da Fareva, informa que o rendimento da empresa é de cerca de 500 milhões de unidades ao ano, com o output da produção de Itupeva somado aos de duas outras plantas situadas próximas dali, em Louveira (SP) – frutos da fusão sacramentada no final do ano passado com a K&G, atuante emérita do mercado brasileiro de terceirização de artigos de higiene pessoal e beleza. A carteira da companhia conta com treze clientes assíduos, cujos nomes não são revelados. Fraisse ressalta que a versatilidade tecnológica é uma forte razão para o sucesso do contract packaging na seara dos cosméticos. “Nossas aptidões permitem que os contratantes se exonerem de pequenos volumes e de produtos perigosos, que trazem muita complexidade às suas operações”, diz. Ademais, uma questão crucial é a vantagem fiscal. “Quase 100% dos impostos em cuidados pessoais recaem sobre a produção. Arcamos com a tributação para ganharmos com escalas”, esclarece

A pressão de novos negócios ou prazos cria uma carga de trabalho pesada e de curto prazo, para a qual você precisa de ajuda experiente para complementar os esforços do pessoal in-house;


de rótulos ou multipacks promocionais). Somados, os aprovisionamentos exigem o trabalho rotineiro com algo entre trinta e 35 fornecedores. O gerente de outsourcing dá um exemplo de situação em que a filosofia se dobra ao pragmatismo. “Se o marketing decidir estrear numa nova categoria daqui determinado tempo e a importação de um equipamento para aquela finalidade não atender nossa necessidade, avaliamos imediatamente a oportunidade de terceirização. A ação tende, inclusive, a ser interessante do ponto de vista de custos. A ocupação da linha de um parceiro acaba lhe rendendo ganhos de escala e de poder de negociação sobre insumos. No final, isso pode reverter em algum benefício financeiro para nós.”

No mercado de produtos para limpeza doméstica, a Reckitt Benckiser adota postura similar à da Nestlé em

Acordos podem ser interessantes em termos de custos. Em alguns casos, a ocupação da linha do parceiro pode até gerar ganhos financeiros pelos serviços relação ao contract packaging. A satisfação, porém, não é a mesma. “Contamos com co-packers para produção de parte relevante de nosso portfólio, mas geralmente alcançamos custos menos atrativos com esse modelo”, afirma Bruno Alcantara, gerente nacional de supply packaging da empresa. “Além disso, como parte da estratégia corporativa, temos algumas restrições para a terceirização de produtos de marcas globais e de inovações substanciais.”


Como contraponto, na mesma área de higiene do lar há empresas para as quais a terceirização sempre foi um imperativo. Veja-se o caso da americana Method, que se tornou habitué de listas de empresas mais inovadoras e mais admiradas no território dos bens de largo consumo. Fundada em 2000, a marca, hoje encontrada em mais de 40 000 pontos de venda espalhados por América do Norte, Europa, Austrália e Ásia, cresceu sem jamais ter fábrica própria (em julho último, foi anunciado que isso mudará; a primeira fábrica da empresa será inaugurada em Chicago até o início de 2015). “Um dos grandes benefícios da produção terceirizada foi a canalização de esforços para o desenvolvimento de nossa proposta e de nossa imagem, entre outras coisas por meio de embalagens singulares”, declarou Adam Lowry, um dos fundadores da Method, em um recente artigo publicado pela revista Fast Company. Nos Estados Unidos, onde o contract packaging é mais disseminado do que no Brasil, a relação entre contratados e contratantes já atinge níveis mais profundos. Terceiristas chegam mesmo a absorver toda a cadeia de abastecimento dos clientes, responsabilizando-se pelas gestões de logística e de compras. Não é algo corriqueiro no panorama local. “Os preços geralmente são negociados com os clientes finais, ficando somente o planejamento e os recebimentos com o terceirista”, comenta Fabio Yassuda, diretor comercial da C-Pack, importante fabricante de bisnagas plásticas. “Ainda há muitos poucos casos em que as compras são delegadas ao terceirista. Acredito que, com o tempo, isso mudará.” Yassuda relata, também, que por ora não vê a terceirização influindo decisivamente em processos de inovação no País. “Fornecedores de embalagens ainda tendem a apresentar novidades para os end-users, e não para os co-packers. Mas, como a interação entre esses dois elos é intensa, o terceirista pode desencadear melhorias técnicas que configurem inovações em produtividade.”

Ante a recomendação frequente de gurus de estratégia corpo-

20 | Agosto 2013

Em outros países, o uso de terceiristas é mais arraigado. O recurso chega a absorver toda a cadeia de abastecimento dos clientes rativa e de catedráticos em marketing para indústrias dedicarem-se ao seu ativo mais precioso, isto é, suas marcas, terceirizar parece fazer todo sentido. Convém, no entanto, tomar alguns cuidados para que a experiência não seja amarga. Um ponto fundamental é a qualificação. De acordo com os profissionais consultados por EmbalagemMarca, muitas empresas terceirizam sem avaliar cuidadosamente a operação parceira. “Muitas pessoas nem sequer visitam o co-packer para certificarem-se de que as instalações e os métodos do parceiro estão à altura das premissas”, critica o executivo de uma grande indústria de alimentos, que pede para não ser identificado. “Após a qualificação, é vital ter con-

trole da operação externa”, acrescenta Alexandre Souza, da Nestlé. Para dar a dimensão da importância do monitoramento dos prestadores de serviços, o profissional aponta escândalos que se abateram nos últimos anos sobre grifes de vestuário. “Terceiristas ‘quarteirizaram’ produções para empresas sem idoneidade, que se utilizavam até mesmo de trabalho escravo”, lembra. “É preciso auditar o parceiro, visitá-lo constantemente, fazer controle de estoques”. Por fim, Souza adverte que as empresas que terceirizam “devem ter cuidado enorme” com a qualidade do produto final. Na Bioplan-Mappel, especializada no contract packaging de medicamentos e cosméticos, o acompanhamento da produção por emissários dos clientes é algo habitual. “Isso acontece de forma muito natural, pois queremos que os contratantes nos vejam como uma extensão de seus negócios”, afirma Maxime d’Haussy, diretor geral da companhia. Originada pela aquisição da brasileira Mappel pela francesa Ileos, em 2011, a Bioplan-Mappel possui mais de vinte linhas de envase, distribuídas entre duas unidades industriais na Grande São Paulo. A planta de São Bernardo do Campo é voltada ao envase de sachês, stick packs e blisters; a de Diadema engloba o envase de frascos, potes, bisnagas e pouches pré-formatados. A empresa também formula cosméticos. Os trabalhos para cada cliente são segregados, ocorrendo em cabines específicas. Usual entre os terceiristas, a separação de trabalhos para diferentes marcas é muito mais uma questão de organização do que propriamente de prevenção à espionagem industrial. O repasse de processos de fabricação e acondicionamento é normalmente regido por cláusulas severas de sigilo e responsabilidade. A rigor, os contratantes procuram manter sob suas asas tudo que considerem confidencial. “Esse talvez seja o único motivo para não se recorrer a um terceirista: um segredo de produto que se queira guardar a sete chaves”, diz Guilherme Jacob, da Age do Brasil. “Hoje, porém, é raro empresas terem algum.”





Latas

Promoção facilitada Com tecnologia desenvolvida no Brasil, Rexam consegue fornecer até 24 rótulos diferentes num mesmo palete

Uma inovação desenvolvida no Brasil pela Rexam começa a chegar ao mercado. A cerveja Heineken e a Coca-Cola Zero brasileiras são as primeiras bebidas no mundo a contar com embalagens impressas com a tecnologia Editions, anunciada pela fabricante de latas em julho do ano passado. As embalagens das duas bebidas são dedicadas a promover o festival de música Rock in Rio, que será realizado em setembro no Rio de Janeiro. A inovação permite a impressão simultânea, em grande escala, de até 24 desenhos diferentes. A tecnologia permite que os clientes da fabricante de latas recebam vários modelos de recipientes em apenas uma linha de envase, criando maiores oportunidades de marketing para marcas. A vantagem, segundo a Rexam, é que as embalagens já vão misturadas nos paletes, reduzindo tempo e mão de obra para agrupar diferentes desenhos. Lisa Carroll, diretora de tecnologia da Rexam, explica que a tecnologia Editions foi ideia do especialista em rotulagem da empresa na América do Sul, João André Boas. “Ele mostrou grande intuição e persistência no desenvolvimento do processo”, ela considera. “A tecnologia Editions permitirá aos nossos clientes criar, personalizar e maximizar a promoção da marca para os consumidores, além de explorar a variedade usando nomes, paisagens, silhuetas e imagens, mesmo em alta definição. Tudo isso em um único palete, o que finalmente resulta na entrega de embalagens múltiplas.” Segundo a Rexam, a tecnologia pode ser utilizada em todos os tamanhos de lata. Nas duas edições de latas produzidas pela Rexam, o objetivo é promocional. As latas de 350 mililitros da Heineken trazem a promoção “Heineken 24 | Agosto 2013

e você no Rock in Rio”, que dará mais de 300 pares de ingressos para o festival. São quatro diferentes versões de latas, que podem conter o prêmio. As embalagens premiadas têm uma tampa falsa que, ao ser removida, apresenta o vale-brinde.

No caso da Coca-Cola Zero, as latas de 350 mililitros remetem a um aplicativo inédito que toca música, disponível para as plataformas Android e iOS. Para ouvir, basta baixar o aplicativo no site www.cocacolazero.com. br, escanear a sound wave (onda sonora) impressa nas embalagens e tocar no celular ou no tablete. A Coca-Cola disponibilizou playlists exclusivas contemplando sete estilos musicais diferentes (Metal, MPB, Rock, Pop, Clássicos, Eletrônico e Hip Hop), tendo como ponto de partida o Rock in Rio. Todas as playlists têm músicas de bandas que já tocaram em edições anteriores do festival ou que irão se apresentar na edição deste ano. Na campanha “Quanto mais Rock in Rio melhor”, além de ouvir as músicas, também é possível criar playlists personalizadas de acordo com cada estilo musical e compartilhar nas redes sociais. Para acessá-las pela internet, basta inserir diretamente no site o código promocional presente nas embalagens. De acordo com a Coca-Cola, o conceito no qual se baseiam as novas embalagens é o de “internet das coisas”, que conecta objetos comuns do dia a dia à internet. “Pense em um mundo integrado, onde cada objeto, até mesmo uma latinha de refrigerante, se conecta, interage com o usuário e fornece inúmeras informações”, sugere Gian Martinez, diretor de Excelência Criativa da Coca-Cola Brasil.

Coca-Cola Zero e Heineken são as primeiras marcas a adotar nova tecnologia de impressão nas latas



tecnologia

Menos retângulos No mercado brasileiro, ganha força o uso de stand-up pouches com contornos diferenciados

Saponáceo da Unilever, cafés da 3corações e itens para cuidados pessoais de Natura, O Boticário e Casa Granado: produtos que já aderiram às bolsas plásticas com silhuetas personalizadas

Recém-lançada pela Natura com apoio de estrepitosa campanha de publicidade, a linha de cosméticos Sou surge como reforço de peso para uma onda que se intensifica no Brasil: o uso de stand-up pouches com formatos especiais, alheios à silhueta retangular, de cantos vivos, exibida normalmente por essas bolsas plásticas capazes de repousar em pé. Com perfil que lembra uma gota inclinada, a embalagem da novidade da Natura vem se juntar a um grupo já composto por iniciativas do mesmo gênero de empresas como O Boticário, Casa Granado, Unilever e 3corações. A própria Natura é apontada como precursora dessa tendência. Em 2010, a companhia adotara stand-up pouches de formato peculiar como embalagens de recarga para os frascos da família de cosméticos TodoDia. Numa quina superior, os invólucros apresentam um ressalto que, cortado com uma tesoura,

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funciona como um bico, regulando a vazão do conteúdo durante o manuseio pelo consumidor. Antes, esses refis eram também personificados por frascos, cuja produção demandava mais que o dobro de resina plástica. O menor uso de matéria-prima, com abreviamento decorrente do consumo de energia, foi destacado pela Natura como ação de cunho ecológico. Ação similar ocorreu na linha de produtos para o corpo Cuide-se Bem, de O Boticário. Embalagens de recarga feitas de plástico rígido foram substituídas por stand-up pouches de perfil exclusivo, igualmente dotados de uma quina superior saliente, concebida para funcionar como bico. De acordo com Rodrigo Madalosso Wielecosseles, gerente de desenvolvimento de embalagens do Grupo Boticário, a troca de solução vem obtendo boa resposta do mercado. “São refis mais práticos, por facilitarem a abertura e garanti-

rem melhor aproveitamento da saída do conteúdo”, afirma o executivo. “Os pouches também permitiram baixar os preços, pois custam 25% menos. É uma ajuda para a fidelização do cliente. Além disso, garantem consumo reduzido de material, reforçando a visão de sustentabilidade defendida por nossas unidades de negócio.” No mercado de cafés, uma aposta recente em diferenciação é cacifada pela 3corações. Usuária desde 2008 de um stand-up pouch de formato convencional como refil de café solúvel, a empresa adotou, como refis para os potes do Café com Leite e do Cappuccino Classic, bolsas plásticas cujos topos aludem à figura de um coração estilizado. “A ideia decorreu de dois princípios básicos: a diferenciação na gôndola e o objetivo de nos apropriarmos cada vez mais do formato de coração, que é parte de nosso logotipo e de nossa marca”, explica Marcela Issa, gerente de


inovação do Grupo 3corações. Segundo a profissional, a embalagem vem tendo boa aceitação no mercado. “Além de acharem a embalagem prática e funcional, as pessoas se encantam com o diferente. O formato é um detalhe que atrai muito a atenção na gôndola.” Diretor da Tradbor, empresa especializada em stand-up pouches e que participou do desenvolvimento das embalagens adotadas por Natura, O Boticário e 3corações, Alan Baumgarten diz que a difusão dos shapes estilizados é beneficiada por questões tecnológicas. “Faz anos que conseguimos desenvolver pouches com perfis especiais, mas investimentos realizados ao longo dos dois últimos anos facilitaram a tarefa. Adquirimos novos equipamentos que possibilitaram atenuar o investimento inicial em facas dedicadas às personalizações e aumentar significativamente as velocidades de produção. O custo de uma embalagem diferenciada fica muito próximo ao da convencional”, esclarece o executivo.

dos modelos de formato convencional. Numa breve comparação entre as metodologias, linhas form-fill-seal costumam implicar custos de investimento maiores, mas oferecer custos de operação menores. Tendem, ademais, a exigir manutenção intensa e ajustes para trocas de trabalho que podem levar horas – aspectos que as tornam, portanto, aconselháveis para grandes escalas de produção. O fill-seal, por sua vez, impõe à indústria usuária a vinculação a convertedores aparelhados com máquinas formatadoras (pouch makers) e know-how consolidado, mas tende a proporcionar flexibilidade à operação. Um mesmo equipamento que envasa pouches comuns, de bordas retas, geralmente também consegue, a partir de setups normalmente ligeiros, envasar modelos de formatos peculiares.

Os novos stand-up pouches guar-

Nos Estados Unidos, um produto engenhoso tem arrebanhado fãs entre aqueles que procuram meios práticos de preparar o cafezinho longe do lar. O Nature’s Coffee Kettle, da Nature’s Coffee, é vendido em um stand-up pouch que funciona como cafeteira descartável. A bolsa plástica contém um sistema interno de filtragem e uma porção de café torrado e moído que, segundo a fabricante, rende quase um litro de bebida. Basta verter água quente dentro da embalagem através de uma abertura superior, dotada de fecho plástico resselável (“zíper”). Um bico plástico com tampa de rosca, posicionado numa quina do pouch, ajuda a servir a bebida. No lado oposto ao do fechamento, dois orifícios servem de alça, facilitando o manuseio. A “cafeteira portátil” é confeccionada pela Flair Flexible Packaging a partir de um laminado de três camadas, feito de filmes de PET, PET metalizado e polipropileno cast (CPP). A impressão, por rotogravura em sete cores, destaca imagens da natureza, de modo a gerar empatia com campistas, trilheiros e outros potenciais consumidores outdoor. O design é assinado pela Bluespace Creative. “A embala-

Viabilização de café outdoor gem tem dupla função: de cafeteira e de painel no ponto de venda”, diz Matt Hustedt, fundador da Nature’s Coffee. O desejo do empresário é que a conveniência não ofusque a qualidade do produto, vendido em cinco variedades brandidas como gourmet. “A portabilidade do pouch é inovadora, mas o que garantirá recompras é o sabor do café”, ele pondera.

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Fonte: Packaging World. Todos os direitos reservados.

dam entre si uma diferença quanto ao método de trabalho. Os pouches de Sou, por exemplo, são processados em plataforma form-fill-seal (FFS), em equipamentos da espanhola Volpak (representada no mercado nacional pela Coesia do Brasil). Nesse sistema, as máquinas formatam as embalagens a partir de bobinas de filme (fornecidas à Natura pela Dixie Toga), realizam o envase e promovem a selagem. As etapas ocorrem em linha, uma imediatamente após a outra. Já no caso da 3corações, uma fase é suprimida: as embalagens são entregues já confeccionadas pela Diadema, sendo então submetidas ao enchimento e à selagem em máquinas fill-seal (FS) da sul-coreana Leepack. A escolha entre essas duas possibilidades de trabalho com stand-up pouches é um velho motivo de controvérsias, mesmo para a produção

Alan Baumgarten esclarece que ambos os caminhos podem levar a bons resultados, mas não esconde a preferência pelo envase de embalagens previamente formatadas. Isso porque a produção de stand-up pouches com shape, segundo o profissional, é mais sujeita a desalinhamentos da fabricação em linha. “Como no FFS só se consegue detectar a qualidade da embalagem fabricada depois que o produto é envasado, a incidência de perdas de embalagem – e de produto – costuma ser maior”. À parte essa decisão sobre a implantação, não restariam dúvidas sobre e pertinência do formato diferenciado. “O recurso decididamente gera maior percepção de valor aos produtos”, diz Baumgarten. “Não é por outro motivo que ele é cada vez mais valorizado em mercados internacionais.”

“Cafeteira” tem abertura para inserção de água e bico dosador

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entrevista

Força é o que interessa Embalagens de impacto, com apelo de vitalidade, são cruciais para o sucesso no mercado de suplementos nutricionais. É a opinião de Filipe Bragança, diretor geral da Integralmédica, empresa que é referência do setor e que comemora trinta anos Com apenas

trinta anos de idade, o administrador Filipe Bragança comanda uma empresa que é referência no Brasil em sua área e que coincidentemente completa, em agosto, três décadas de atividades. Fundada por seu pai, o nutrólogo Euclésio Bragança, a Integralmédica, fabricante de suplementos nutricionais, tem se beneficiado da adesão cada vez maior dos brasileiros a atividades físicas e a hábitos de vida saudáveis. Ano após ano, desde a virada do século, o negócio cresce a dois dígitos. Em 2012, o faturamento avançou 38%. Para este ano, projeta-

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-se um aumento de 40% da receita. O ótimo desempenho, avalia Filipe, é fruto do cuidado com embalagem. “Quem se preocupa com saúde e aparência valoriza produtos bem-apresentados”, afirma. Na seguinte entrevista, o executivo fala das ações da companhia paulista no campo do packaging. A Integralmédica afirma ser lider do mercado brasileiro de suplementos nutricionais. Qual é a participação de mercado da empresa? Não existe medição de market share no nosso negócio, mas há evidências de

nossa liderança nos balanços dos fornecedores de matérias-primas como proteínas e cápsulas vazias. Podemos também admitir a liderança por meio dos resultados das empresas concorrentes, que declararam faturamentos menores do que o nosso. Qual é a importância da embalagem para o negócio da empresa? É um recurso capaz de influenciar as decisões de compras de suplementos nutricionais? A embalagem não é nada menos que crucial para nosso negócio. É ela a responsável por despertar entusiasmo pelo


nosso produto, ou seja, desejo de compra. E também o desejo de recompra. Sabemos da importância da embalagem para atrair e, depois, satisfazer o consumidor. Nosso público não é apenas preocupado com saúde, mas também com o estereótipo, com imagem e aparência. Ele valoriza produtos que também tenham imagem positiva. Isso pesa nas decisões de compra de suplementos nutricionais. Para nós, uma boa apresentação extrapola a agregação de significado aos produtos – o papel de entrega de dados sobre marca, desempenho, ingredientes e atributos simbólicos ou emocionais. Ela até mesmo facilita a negociação com o varejo e estimula nossa equipe de vendas. A boa embalagem evidencia a importância do público para nosso negócio. Afinal, ela garante qualidade e segurança a tudo o que se relaciona com nutrição. A Integralmédica acaba de completar trinta anos de atividades. Como as apresentações dos produtos da empresa evo-

A boa embalagem evidencia a importância do público para nós. Ela garante qualidade e segurança

luíram ao longo dessas três décadas? No início, utilizávamos somente nossa masterbrand (marca-mãe). Com a expansão de nosso portfólio, que hoje tem mais de 220 itens, e o amadurecimento do mercado e da própria empresa, decidimos segmentar linhas, criando marcas guarda-chuva para públicos diferentes, com fórmulas, preços e equities visuais igualmente distintos. Darkness é a linha voltada ao heavy user de suplementos nutricionais, ao público que tem um ritmo de treino mais acelerado, um tempo maior de suplementação e objetivos agressivos. As formulações são mais concentradas e as embalagens têm tons mais escuros, com predominância do preto. A Body Size, que é nossa linha mais popular, mainstream, busca aten-

der o atleta principiante ou de atividade física moderada. As embalagens têm o vermelho como bandeira e um design gráfico mais sóbrio. Por sua vez, a VO2 é dedicada a um público mais outdoor, de endurance, a pessoas que praticam corrida. As embalagens exibem um ar mais de esporte, de aventura e movimento. Por fim, a família Nutrify compreende vitaminas, óleos essenciais e minerais. As embalagens são bem mais light, procuram refletir qualidade de vida, benefício à saúde. Essa tendência de incorporar características alinhadas ao perfil do público foi uma evolução nítida em nossas embalagens. Como são geralmente desenvolvidas as embalagens da empresa? Há cerca de seis anos resolvemos instituir uma agência própria de criação de embalagens, responsável também por anúncios, campanhas e comunicação em geral. Por quê? Porque, diferentemente do consumidor de suplementos de outros países, que valorizam bastante


Recentemente, adotamos uma inovação ligada à sustentabilidade. Alguns produtos passaram a contar com refis, na forma de embalagens flexíveis que consomem 85% menos plástico do que os potes em que são tradicionalmente oferecidos. Com isso, o consumidor pode adquirir um só pote, para manter em casa, e ir comprando as embalagens de recarga. Somos a primeira empresa do setor a ter essa iniciativa eco-friendly (amigável ao ambiente). Conseguimos repassar boa parte da economia para os consumidores, gerando uma alavancagem natural das vendas. A ação evita o acúmulo demasiado de potes. Dá para reaproveitar potes vazios para guardar diversos objetos e produtos. Mas, depois de certa quantidade, é inevitável descartá-los.

a eficácia e a segurança do produto, o brasileiro aprecia demais o design dos produtos, a questão da imagem. E em suplementos precisamos de fotos com uma luz especial, que realce a questão dos músculos, e de tipografias específicas, que transmitam vitalidade, potência... Não são coisas que qualquer agência saiba trabalhar. Preferimos desenvolver esse know-how. Hoje, nosso departamento de criação conta com um diretor de criação, um diretor de arte e um assistente. O departamento de compras dá suporte, fazendo o elo com fornecedores de embalagens. Há, porém, exceções. No caso de Nutrify, por exemplo, a (agência) Usina de Desenho nos ajudou a criar a identidade e as embalagens da linha. O senhor pode dar exemplos de inovações em embalagem adotadas recentemente pela Integralmédica? Alguns anos atrás, acondicionamos a linha Mega Pack Cycles em latas de aço. O projeto foi tão inovador que ganhou, em 2009, um prêmio de EmbalagemMarca (Grandes Cases de Embalagem). Faturamos outros prêmios nesse campo. Ccartuchos de papel cartão criados para a linha Blade N.O. Explode, da família Darkness, e apra o Body Size - Myoghen, receberam prêmios da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), da Organização Mundial de Embalagem (WPO) e o Prêmio Brasileiro de Excelência Gráfica Fernando Pini [concedido pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e pela Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG)].

Refil: ação com apelo de economia e de sustentabilidade

Como referência em seu mercado de atuação, a empresa enfrenta problemas de falsificação de produtos? Na verdade, sofremos mais com imitações. Empresas menores insistem em copiar alguns de nossos produtos para confundir os consumidores. Isso até acontece de forma um tanto descarada. Sabemos que, como líderes no segmento, e como empresa que está na mídia e que patrocina grandes eventos, corremos esse risco. Mas nos sentimos prejudicados e já estamos tomando medidas legais para coibir essas ações. Outra coisa que acontece no nosso mercado, e que se Deus quiser ainda vai acabar,

é o produto “batizado”. Certas empresas vendem suplementos com uma concentração mentirosa, com um ingrediente que não existe no pote. Isso barateia os produtos delas e afeta a competitividade das marcas éticas. Gostaríamos que esse crime fosse combatido. Existe espaço para diferenciação de suplementos nutricionais em termos de fórmulas, ingredientes? Existe bastante espaço. Ainda estamos longe do limite. Mas é preciso contar com ajuda da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Existe uma série de ingredientes cujo uso é proibido no Brasil, apesar da liberação em muitos outros países, nos quais se concluiu que não há nocividade. As permissões de uso abririam oportunidades enormes para diferenciação dos produtos. E em termos de embalagem? Há condições para diversificação? Sem dúvida. O mercado de suplementos é favorável a ousadias, à inventividade em termos de linguagem. Falamos bastante com os jovens, então surpreender é algo importante em nosso mercado. Tem-se, contudo, a sensação de que os produtos seguem bastante uma linguagem internacional... Embora o Brasil já seja o segundo maior mercado mundial para os suplementos, atrás somente dos Estados Unidos, muito da cultura do produto vem dos americanos. Assim como em cosméticos existe uma força francesa na elaboração de novos ingredientes e fórmulas, existe nos Estados Unidos uma força em

Números da Integralmédica 30 anos de atividades 38% de crescimento do faturamento em 2012* 220 itens no porftólio atual 30 000 metros quadrados tem a fábrica da empresa, situada em Embu-Guaçu (SP) 300 funcionários diretos tem a companhia Fonte: Integralmédica - julho 2013 | *A empresa não divulga o valor do faturamento.

30 | Agosto 2013

Aposta em nutricosméticos, Nutricé se destaca pelas embalagens com design “light”


ciência. Apesar disso, nosso mercado já tem vida própria, até pela necessidade nutricional do brasileiro, que é diferente daquela do americano.

suplementos. Dito isso, acredito que não perdemos para os produtos internacionais em termos de design. E, em termos de sabor, acho que nossos suplementos são até melhores que os dos outros. Isso é significativo, porque investimos pouco em tecnologia para gerar coisas novas. Não temos muita pesquisa, muita

Cerca de quatro anos atrás, a Integralmédica criou a Nutricé Laboratoires, dedicada a nutricosméticos. Qual tem

Suplementação expressa Em caráter brandido como pioneiro em seu setor, a Integralmédica lança em agosto máquinas de venda automática (vending machines) para suplementos nutricionais. Desenvolvidas em parceria com a Rino Machine, as estações serão instaladas inicialmente em academias de lutas e de musculação de São Paulo. Por meio de fichas, adquiridas nos estabelecimentos, consumidores poderão adquirir diversos tipos de suplementos prontos para consumo, já misturados à agua gelada. “É uma oferta de conveniência para o esportista que esquece o suplemento em casa ou que não tem tempo para prepará-lo na correria

dos compromissos”, afirma Leonardo Wehbi, gerente de marketing da Integralmédica. A vending machine tem reservatórios internos abastecidos por meio de refis dos produtos da marca (embalagens flexíveis). Sua decoração, por envelopamento, destaca imagens dos atletas do UFC (Ultimate Fighting Championship, campeonato de artes marciais mistas) patrocinados pela empresa: José Aldo, Wanderlei Silva, Erick Silva, Felipe Sertanejo e Charles do Bronx. Vending machine: em academias, um novo canal para os suplementos

sido o desempenho desse negócio? A Nutricé é uma aposta de negócio, algo no meio entre suplementos e cosméticos. Os nutricosméticos têm uma funcionalidade de beleza que o suplemento, a princípio, não tem. O conceito é o “in to out care”, um tratamento de dentro para fora visando à melhora da pele, dos cabelos, das estrias e celulites. A resposta tem sido muito boa. Como partimos de uma base pequena, os números de crescimento são altos. Acreditamos que esse mercado crescerá muito. Vale lembrar que a L’Oréal e a Nestlé se uniram para criar, nessa área, a Innéov. Quais os caminhos priorizados para a apresentação dos nutricosméticos? As embalagens de Nutricé são elaboradas por meio de pesquisas com um olho na Europa. Já existe uma referência. As embalagens são light, com cores mais leves, predominância do branco, do azul claro, do verde claro. O setor segue essa onda. Estamos dentro dela.


Internacional

A mudança mais radical Absolut oferece ao consumidor de suas vodcas saborizadas “experiência visual jamais vista”

32 | Agosto 2013


A Absolut Flavors, linha de vodcas saborizadas da sueca Absolut, marca hoje pertencente à francesa Pernod Ricard, passa por mais uma transformação em sua já rotineira trajetória de mudanças visuais. A tradicional garrafa da marca é a mesma, mas todo o design gráfico dos rótulos serigrafados na embalagem foi refeito. “Essa é a mudança mais radical e transformadora já feita pela marca, oferecendo ao consumidor uma experiência visual jamais vista”, registra Anna Kamjou, diretora global de design da Absolut. “Convencionalmente, uma vodca com sabor de frutas tem a imagem da fruta no rótulo”, ela explica. “A Absolut quebra essa norma, usando o simbolismo e a sensibilidade para distinguir um sabor de outro, trazendo uma abordagem artística para as embalagens.”. O novo layout foi criado pela equipe de design da Absolut em parceria com a agência britânica de design estratégico The Brand Union. Depois de interpretar cada sabor, os designers procuraram dar-lhes o que chamam de “algo contemporâneo e progressista”. Para Absolut Pera, por exemplo, foi usada a associação da fruta com longevidade e pureza, misturando a forma da fruta com o símbolo da eternidade. “Em Absolut Raspberri, o amor e a paixão são representados com a técnica expressionista de jogar tinta, trazendo um resultado abstrato”, descreve a diretora de design. Segundo o designerchefe da The Brand Union, Mattias Lindstedt, foi utilizada uma estética “à mão” para o projeto. Ou seja, os designers se afastaram dos computadores e pegaram papel, canetas e pincéis. Tais digressões não deixam de ter algum sentido, considerando que em 1979 a Absolut desafiou a norma do que uma garrafa de vodca deveria ser, ao criar um design que, apesar de baseado numa garrafa de perfil absolutamente corriqueiro, foi inovador – e hoje é um ícone. Jonas Tåhlin, vice-prediente global de marketing da The Absolut Company, está convencido de que, com este projeto, sua equipe está “transformando o padrão das embalagens de vodcas com sabor”, por serem “modernas, artísticas e diferentes de qualquer outra que está mercado”.

mais imagens em emb.bz/168absolut No novo projetop gráfico, designers se afastaram de computadores e trabalharam com papel, canetas e pincéis; abaixo, as embalagens antigas da linha de vodcas Absolut Sabores

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artigo

Dez dicas para o design de painéis frontais Embora não haja formulas mágicas para o desenvolvimento de “faces” de produtos, eis algumas orientações que podem contribuir para o êxito de marcas no ambiente concorrido do varejo fotomontagem sobre image de Iqoncept | Dreamstime.com

Por Ron Romanik*

Branding,

marketing e publicidade convergem para o painel frontal de uma embalagem de varejo. Designers especializados poderiam argumentar que uma boa embalagem faz tudo isso e muito mais, e que nada representa melhor a marca do que ela. Isso porque a embalagem é o último ponto de interação do consumidor com a marca antes da decisão de compra. Certamente não há fórmulas mágicas e infalíveis para a projeção de “caras” de produtos, e algumas categorias oferecem muito mais liberdade para experimentações. Mas eis algumas orientações que podem ajudar um painel frontal de embalagem a sobressair dos demais nas concorridíssimas gôndolas da atualidade: 1. Determine a “posição” da marca. Conheça sua empresa, sua marca e seus valores fundamentais. Faça as perguntas difíceis de novo e de novo, e não subestime a habilidade dos consumidores de hoje. Existe uma proposta de valor única? Qual é o principal benefício do produto, a vantagem para o estilo de vida ou ganho de conveniência? Para uma nova marca ou extensão de marca, lembre-se que ser notado é muitas vezes o objetivo mais importante. 2. Explore o ambiente competitivo. Use a diferenciação de uma categoria para uma meta – dar aos consumidores uma razão para apanhar a embalagem. Vá aos ambientes de varejo onde a embalagem “viverá”, e faça a si mesmo estas perguntas a partir da perspectiva da marca: • Quem sou eu? Eu represento algo tangível? Eu inspiro

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confiança? • O que me faz especial? Onde eu me encaixo entre os concorrentes? • Por que iriam me comprar? Qual é o benefício ou a vantagem mais importante? • Como posso me conectar emocionalmente com os consumidores? Que “deixas” eu posso usar? 3. Privilegie a hierarquia. Organização da informação é um elemento crítico de design do painel frontal. Em linhas gerais, a importância da hierarquia de informação é esta: 1) marca; 2) produto; 3) variedade; e 4) benefício(s). Analise todas as mensagens que se deseja transmitir e coloque-as em ordem de importância. Isso não significa necessariamente que elas terão

essa ordem, de cima para baixo, na embalagem – mas é um bom ponto de referência para se começar. Ter uma hierarquia de informação muito bem organizada e consistente em múltiplas variedades de produtos ajuda seu cliente a encontrar a variedade que ele deseja e permite uma experiência gratificante. Permitir que o consumidor poupe tempo na escolha de um produto deve ser sempre uma prioridade. 4. Glorifique um elemento. A personalidade da marca é forte o bastante para se sustentar? Determine o que é a ideia única mais importante a comunicar sobre seu produto. Se você for “se apropriar” de algo, o que seria esse


algo? Alinhe mensagens secundárias de marca sob o guarda-chuva da mensagem primária. Se a sua marca é o elemento principal, considere “bloqueá-la” em um slogan com o logotipo. Mas certifique-se de que você está empenhado naquele slogan para o longo curso. Caso contrário, procure inspiração fora da categoria, que muitas vezes pode levar a concepções de ruptura. Use formas, cores, ilustrações e fotografias para reforçar o “herói” de sua história de marca. Acima de tudo, facilite a localização de seu produto numa repetição de compra. 5. Mantenha a simplicidade. Menos muitas vezes é mais em termos de comunicação. Seja sucinto, tanto verbalmente quanto visualmente. Três principais deixas visuais são tudo o que o olho típico tolerará. O design de embalagem de sucesso é muitas vezes um exercício de restrição. Remova mensagens sobrecarregadas no painel frontal. Limite as reivindicações de marketing e as declarações de benefícios. Mais do que dois ou três e os pontos serão contraproducentes. Muitos benefícios diluirão a mensagem essencial da marca, fazendo com que o consumidor perca o interesse no corredor da loja. Lembre-se: a maioria das embalagens tem painéis secundários para a gravação de mais informações. São eles que os compradores procuram quando querem saber mais. Não poupe em design também para os painéis secundários. Se eles estiverem indisponíveis, considere um hang tag para contar uma história mais profunda da marca. 6. Gerencie as expectativas dos stakeholders. É normal que partes interessadas queiram colocar todos os claims possíveis de informação ou marketing no painel frontal. Lembre-os de que uma embalagem não é um anúncio. Esteja preparado para os contra-argumentos ao manter um processo de desenvolvimento repetitivo. Guarneça o processo com pontos de revisão e transparência, e mostre o progresso com recursos visuais. Explique como o processo é ao mesmo tempo de expansão e contração, e arregimente anuência de todos com o processo antes de começar. Desenvolva rapidamente

de três a cinco opções para que se possa estabelecer uma linguagem comum para falar sobre os objetivos. Esteja preparado com perguntas e sugestões caso um dos interessados venha com uma gráfica ou um convertedor já em mente antes de o design começar. 7. Comunique valor visualmente. Ter-se uma janela transparente que mostre o conteúdo de uma embalagem quase nunca é uma má idéia. Consumidores querem confirmação visual das escolhas que fazem. Afora isso, é possível dizer coisas de forma não-verbal com formas, imagens e cores. Use os elementos que melhor comunicarão atributos e equities, sensações e sentimentos, associações emocionais e texturas. Crie uma associação com um sentido de lugar. Sugira ocasiões de uso com artes que apresentem os elementos das mesmas. Envolva um estilo de vida. Consumidores de hoje julgam produtos em relação a como os valores da marca se encaixam em seus valores e estilo de vida. Crie uma “razão para acreditar” singular que seja capaz de sacramentar a venda de forma isolada. 8. Esteja atento a regras específicas da categoria. Cada categoria de varejo tem suas próprias convenções. Algumas devem ser seguidas religiosamente. Algumas são importantes porque, contrariadas, podem colocar uma marca debutante à margem. Para gêneros alimentícios, no entanto, o próprio produto deve ser quase sempre o herói. Invista em produção e impressão para criar uma representação fotorrealista do modo ideal de consumo. Para produtos farmacêuticos, porém, a marca e características físicas do produto podem ser relegadas ao segundo plano, às vezes até mesmo dispensadas. O logotipo da marca-mãe pode não precisar estar no painel frontal. Em vez disso, enfatize o nome do produto e o que ele faz. Em todas as categorias, no entanto, é aconselhável pecar por menos do que por mais no painel frontal. 9. Não se esqueça do “findability” e do “shopability”. Note como os consumidores compram

na categoria específica de que você participa. Certifique-se de que não será confundido pelo formato ou pela hierarquia da informação. Lembre-se: cognitiva e psicologicamente, cores comunicam-se à frente de tudo. A seguir vêm os formatos. Palavras contam, mas predominantemente em um papel de apoio. Palavras e tipografia são para reforço, e não comunicação em alto nível da marca. Findability pode ser tanto sobre ter uma estratégia de marca em primeiro lugar ou sobre a criação de um elemento de “bloqueio” no corredor da loja que atraia compradores. Shopability é sobre ter um sistema consistente de cores, formas, materiais ou hierarquia do painel frontal que guie tanto clientes novos quanto antigos a encontrar o produto e variedade específica que ele ou ela desejem. Se houver várias linhas sob uma marca-mãe, considere boas/ ótimas/excelentes estratégias que indiquem cada proposição de valor clara e sucintamente. Por exemplo, as forças de diferentes produtos em uma mesma linha podem ser indicadas por “pontos fortes”, ou saturações de cor relativas. 10. Planeje extensões de marca. A marca que é flexível o suficiente para se estender a outras categorias tem uma identidade essencial bem definida. Depois disso, uma plataforma de marca de sucesso é aquela que pode crescer pela adição de variedades de produtos ou linhas, ou estender-se para fora da sua categoria original. Teste a versatilidade do design do painel frontal aplicando-o a novos produtos e a novas categorias. Olhe para uma ampla faixa de produtos e extensões imaginários, e não apenas para variedades do negócio de origem. Certifique-se que todos trabalhem juntos, unidos como uma marca, mas facilmente entendidos como ofertas distintas. Planeje até mesmo futuras reformulações de sua linha de produtos essencial. Não iniba o crescimento futuro da sua marca com a criação de uma plataforma que não seja tanto extensível quanto flexível.

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* Ron Romanik é editor contribuinte da revista Packaging World. Agosto 2013 |

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

CERVEJAS

Decoração com garrafas Para dar relevância à adoção de garrafas de alumínio por Skol, dado o fato de outras cervejas já terem iniciativas similares, a Ambev lançou a campanha Skol Design. A proposta é transformar embalagens vazias em objetos de decoração. No site da marca é possível adquirir kits compostos por peças que permitem utilizar as garrafas, de 473 mililitros e oferecidas em cinco estampas diferentes, para a montagem de luminárias, relógios, galheteiros, castiçais ou vasos. “Queremos que o consumidor identifique Skol como uma marca de estilo de vida”, afirma Maria Fernanda Albuquerque, gerente de marketing de Skol. Extrapolando a ideia dos kits, a agência de publicidade envolvida no projeto, a F/Nazca Saatchi & Saatchi, encomendou ao designer de mobiliário Pedro Useche o desenvolvimento de uma poltrona composta pelas garrafas. Ela permite a rotação das embalagens, cilíndricas, produzindo sensação de massagem ao usuário.

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Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br



Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

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Antes . . .

CEREAIS

Pipocas

PONTA DE RENOVAÇÃO

Lual em nova onda

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O Walmart Brasil iniciou uma renovação visual de sua marca Sentir Bem, lançada em 2009. As embalagens passam a exibir cores vivas e mais áreas brancas. A linha de granolas é a primeira a incorporar o novo modelo de design. emb.bz/168sentirbem

Utensílios 2

Uma nova marca ingressa em pipocas para micro-ondas: a Lual Alimentos. A empresa segue o padrão de embalagem do segmento: um envelope de papel laminado, com o milho, é envolvido por uma flow pack. emb.bz/168lual

Inspiração oriental 3 A Tramontina lança a linha Sushi de utensílios de mesa. Os produtos têm caixas de papel pardo, que sugere rusticidade. O design é inspirado nas obras dos artistas gráficos japoneses Ikko Tanaka e Ryuichi Yamashiro. emb.bz/168tramontina

MARGARINAS

Ação, calor e graça Puro Sabor, margarina da M. Dias Branco distribuída no Nordeste do Brasil, está de visual novo. A mudança contempla os potes de polipropileno de 250 gramas e de 500 gramas, para varejo, e os baldes plásticos de 3 qui-

los e de 15 quilos, destinados ao canal do food service. Segundo a fabricante do produto, o redesign primou por traços modernos e cores fortes que transmitem movimento, calor e graça. emb.bz/168margarina

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SNACKS

Doces

BABY CARE

premium e cintilante

bombons em trouxinhas 5

PROXIMIDADE com as mães 6

A marca mineira + Yogo lança os bombons de sorvete Chef Gelatto. São cinco combinações de recheios e coberturas, oferecidas em caixas de papel cartão resistente à umidade. O formato da embalagem remete a trouxinhas. emb.bz/168yogo

Gerar maior empatia com as mães foi a meta da Davene no redesign das embalagens dos produtos Bebê Vida. As bisnagas, por exemplo, trazem agora fotos em alta definição de bebês. Todas as tampas passam a ser azuis. O logotipo foi reestilizado. emb.bz/168davene

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Crocantíssimo Ondulattas é a nova linha de salgadinhos de cereais do Grupo Bimbo. Nos sabores parmesão e queijo suíço, os produtos chegam ao mercado em flow packs de alto brilho, “de design premium e cintilante”, segundo a fabricante. emb.bz/168bimbo

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

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Antes . . . Lácteos

sopas

Bebidas

Higiene pessoal

fatias em bandejas

Família ampliada

reforma da casa 3

lysoform para mãos

A Casa Di Conti decidiu modernizar as embalagens de diversas bebidas. As garrafas de Contini (meio litro), da Conti Cola (290 mililitros e 1 litro) e da vodca Barkov (1 litro) receberam novo design gráfico. emb.bz/168conti

Marca tradicional de desinfetantes, Lysoform agora apadrinha sabonetes antibacterianos da Bril Cosméticos. São nove variantes, entre opções liquidas e em barra. emb.bz/168lysoform

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Chegam ao mercado as primeiras embalagens da linha de queijos fatiados da Laticínios Porto Alegre. Muçarela e queijo prato são oferecidos em bandejas termoformadas de 160 gramas, fechadas com filme tampa. emb.bz/168queijos

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2

A família de produtos Bazzar ganha dois novos integrantes: sopas prontas de batata barôa (mandioquinha) e de palmito. Os produtos são acondicionados em potes de vidro decorados por serigrafia. emb.bz/168bazzar

Chás

Leão renovado Os chás Matte Leão exibem novo visual. Garrafa de PET, copo e cartuchos de papel cartão ganharam novos traços e novo logotipo. As novas embalagens estampam elementos como imagens de folhas de

erva mate e de frutas, como o limão. Equities da marca, como o leão e a cor laranja, foram preservados. emb.bz/168matteleao

. . . e depois

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4


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Antes . . . Chocolates

Linhas unificadas

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A Harald vai mudar as embalagens de todos os seus produtos. A alteração, gradual, faz parte do projeto de reposicionamento da marca. A primeira fase do projeto ocorreu no ano passado, quando a empresa completou 30 anos e teve o logotipo atualizado. O novo layout padroniza todas as embalagens e tem a predominância da cor vermelha. Cada linha possui identidade e cor próprias para facilitar a identificação. emb.bz/168harald

reparos

formato otimizado A AkzoNobel relança a massa de poliéster Wanda com nova fórmula e em nova embalagem. A lata anterior tinha 1 quilo; a atual,

750 gramas. De acordo com a fabricante, o novo formato otimiza o consumo do produto, evitando desperdícios. emb.bz/168wanda

. . . e depois


Almanaque Formigas em caixinhas No final do século 19, São Paulo enfrentou uma infestação de saúvas (tanajuras). Os paulistanos encontraram, então, um jeito de reduzir a abundância de formigas: comê-las. Torrados e salgados, os insetos eram vendidos por ambulantes, como petisco. Criou-se, também, um hábito popular de vestir saúvas como personagens, prática que ficou conhecida como artesanato típico da cidade. Um dos principais “artesãos de formigas”

era o francês Jules Martin, pintor e arquiteto idealizador do Viaduto do Chá, marco histórico da capital paulista. Ele montava presépios de formigas e os comercializava em pequenos recipientes de madeira, menores do que caixas de fósforos. Uma dessas embalagens de tanajuras vestidas, da Casa Jules Martin, está no acervo do Museu do Ipiranga, em São Paulo.

RC, o refrigerante da coroa real O refrigerante RC Cola nasceu em 1905 na cidade de Columbus, Estados Unidos, pelas mãos do farmacêutico Claud A. Hatcher. Ele usou o porão da mercearia tocada por sua família para criar a linha Royal Crown (“Coroa Real”) de bebidas gaseificadas com sabores de frutas. O produto ganhou nova fórmula em 1934, quando também teve o nome abreviado para RC Cola. No mercado americano, a marca pertence à Dr Pepper. Fora daquele país, os direitos são da canadense Cott Beverages, que criou a Royal Crown Cola International (RCCI), atuante no Brasil. Aqui, o refrigerante é comercializado em poucas cidades – e apenas em garrafas de PET de 350 mililitros e de 2 litros.

Formigas vestidas eram acondicionadas em caixas de madeira

O santo que virou vinho

Giovanni Bosco, o santo conhecido como Dom Bosco, dá nome e ilustra rótulo de vinho da Cereser

Dom Bosco, que dá nome ao vinho da Vinícola Cereser e cuja foto aparece no rótulo do produto, é o italiano Giovanni Melchiorre Bosco (1815-1888). Foi o sacerdote católico fundador da Pia Sociedade São Francisco de Sales (salesianos) e defensor de melhorias na educação infanto-juvenil e no ensino profissional. Canonizado em 1934, São João Bosco, ou Dom Bosco, como ficou conhecido, é o padroeiro de Brasília, capital federal do Brasil. Seu dia é celebrado pela igreja católica em 31 de janeiro.

Creme para diferenciar
 Lançado pelo Laboratório Alvim e Freitas em 1921, o creme Rugól viveu seu apogeu entre as décadas de 1930 e 1950. Muitas paulistanas usavam o cosmético, dedicado originalmente a hidratar e a prevenir rugas, como fixador de pó de arroz. O

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objetivo era deixar a pele do rosto clara, nitidamente diferente da face escurecida das trabalhadoras da lavoura de café. Assim como a atividade cafeeira próxima a São Paulo, o Rugól perdeu prestígio. Mas continua firme no mercado.

Nascido Royal Crown Cola, refrigerante hoje é conhecido como RC Cola




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