EmbalagemMarca 170

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Fim da linha tampas

Empresa brasileira cria fechamentos capazes de serem reaproveitados como brinquedo de montar

Insuficiência, ineficiência e tecnologia acessível põem em xeque as operações manuais nas saídas de produção

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Christine Pereira, da Kantar Worldpanel, fala da influência da embalagem na disputa acirrada pela simpatia dos brasileiros

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Ano XIV • Nº 170 • Outubro 2013 • R$ 15,00

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PESQUISAS



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Há saída para os nós em fins de linha Embolamento, congestionamento, paradas de produção. A cena vem se tornando cada vez mais frequente em finais de linhas industriais, onde produtos prontos, rotulados, fechados e acondicionados precisam ser preparados para despacho. Ali vem acontecendo, no Brasil, fenômeno parecido com o que atinge os domicílios. Assim como faltam empregadas domésticas, a mão de obra não especializada, predominante na pré-expedição, anda escassíssima no ambiente fabril. Atraídos por melhores salários e perspectiva de crescimento profissional, quem se dedicava a elas tem bandeado para outras ocupações, como destaca a reportagem de capa desta edição, de autoria do editor executivo Guilherme Kamio. “Menos abundante, essa força de trabalho fica também mais cara”, ele lembra. A situação se constitui em mais uma agravante da falta de competitividade do produto brasileiro, já prejudicada pelo conhecido rosário de problemas que encalacra nossa economia, como a sanha arrecadatória governamental, a falta de infraestrutura e os infindáveis etcéteras formadores do famigerado “custo Brasil”. Sem sugerirmos que se entre no jogo do contente, pode-se ver aí uma oportunidade para melhorar, em prazo relativamente curto. Nesta quadra de incertezas quanto ao desempenho da economia, poderá parecer leviandade sugerir às empresas enroscadas naquele nó que invistam em automação ao longo de toda a cadeia e em especial nos finais de suas linhas de produção. No entanto, essa possibilidade está mais ao alcance das mãos do que se imaginaria, como pode ser visto a partir da página 18.

Além dessa matéria, cabe também destacar nesta edição a entrevista com Christine Pereira, diretora comercial do instituto de pesquisas Kantar Worldpanel, onde está ressaltado que “mais difícil do que atingir o topo é nele se manter”. A conclusão, baseada em pesquisa feita com visitas semanais a 8 200 lares do País, traduz o fato de que o comportamento do consumidor brasileiro mudou muito nos últimos dez anos e que há forte oscilação no tocante a fidelidade às marcas de artigos de consumo. Nunca antes no negócio de bens não duráveis talvez tenha soado tão verdadeira a indiscutível realidade de que “tradição, por si só, já não é garantia de prosperidade”, como diz a executiva. Aliás, Christine Pereira reitera ser a inovação – “enunciada nas embalagens ou por elas personificada” – a melhor maneira de segurar liderança de marcas. É uma alegria registrar que a consciência da necessidade de inovar em produtos e embalagens parece estar se consolidando crescentemente no Brasil, ao que se pode constatar através das quase duzentas inscrições concorrentes a um troféu no Prêmio Grandes Cases de Embalagem 2013, sua sétima edição. Quem estiver presente à cerimônia de premiação poderá verificar pessoalmente essa realidade e outras virtudes da embalagem brasileira, cada vez mais comparável ao que melhor se vê lá fora. Até breve.

WILSON PALHARES

“Investir em automação ao longo da cadeia produtiva e em especial na fase da pré-expedição, onde as coisas começam a congestionar, está mais ao alcance das empresas do que se pode imaginar”

Outubro 2013 |

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Edição 170 • Outubro 2013

Sumário 3 Editorial O que surge como problema na indústria e mudanças no comportamento do consumidor podem ser a oportunidade para modernizar a produção e inovar em produtos

Reportagem de capa:

O fim se aproxima?

6 Dentifrícios Versáteis, cartuchos de nova linha de Close Up podem

Ante a escassez de mão de obra, o imperativo da eficiência e equipamentos mais acessíveis, cultura braçal nas operações de final de linha pode estar com os dias contados Por Guilherme Kamio

ser expostos na vertical ou na horizontal

8 Painel DuPont apresenta nova tecnologia de aplicação para a resina Surlyn • Congraf investe em acabamentos sofisticados • Anunciados os vencedores do prêmio Abre • Vidroporto adquire usina de beneficiamento de cacos de vidro

capa: © Gerry Chapleski | Dreamstime.com

24 Perfumes Frasco com linhas arrojadas e válvula especial marcam

estreia de grife de maquiagem de O Boticário no mercado de fragrâncias

28 Entrevista Christine Pereira, diretora da Kantar Worldpanel, comenta os resultados de pesquisa sobre preferência de marcas. Para a executiva, inovar jamais foi tão importante na briga pela atenção do consumidor

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32 Tintas Maior evolução visual da história de Suvinil gera latas de tintas menos associadas a materiais de construção

34 Sucos Por meio de picotes em papel cartão, bag-in-box de suco de uva se transforma em brinquedo 35 Fechamentos Tampas de garrafas de água mineral encaixam em peças de blocos para montar 36 Cervejas Com garrafa long neck de vidro negro, Skol busca sobres-

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sair em festas e noitadas

37 Artigo Ideia de acondicionar vodca em garrafa com formato de

arma de fogo suscita discussão sobre liberdade criativa e responsabilidade social da embalagem Por Sterling Anthony

40 Alimentos Seleção de produtos criados no Brasil percorre o mundo para mostrar que o País não é apenas um fornecedor de commodities

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35 50

42 Artigo Doze pontos a se pensar antes de aderir à impressão digital de embalagens

Por Ron Romanik

44 Display Marca de pipoca pronta chega ao mercado em lata de aço decorada com autoadesivo • Grupo Petrópolis lança água mineral • Germania é a primeira cerveja em lata de 710 mililitros • Extrato de tomate Elefante comemora 70 anos com embalagem especial 50 Almanaque Guaraná Antarctica foi lançado como “tônico restaurador” • Primavera foi o primeiro papel higiênico com propaganda na TV • Arte em caixas de fósforos pelo mundo

Empresas que anunciam nesta edição Aoki...................................................................... 15 Bericap.................................................................11 Bosch Packaging..............................................23 Catuaí Print.........................................................47 Congraf................................................................. 5 Designful.............................................................45

Esko-Graphics................................................... 13 Grandes Cases..................................................25 GS1.............................................................4ª capa Ibema..................................................................... 7 Indexflex.............................................................. 17 MLC..................................................................... 49

Novelprint...........................................................37 Papirus.......................................................2ª capa PE Latina.............................................................39 PMMI....................................................................29 Prakolar.................................................................9

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br • Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: Karin Trojan | karin@embalagemmarca.com.br • Wagner Ferreira | wagner@embalagemmarca. com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br • Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br • Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas (assinatura anual R$ 150): assinaturas@embalagemmarca.com.br

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dentifrícios

Na vertical e na horizontal

foto: carlos curado

Linha Diamond Attraction de Close Up busca maior visibilidade nos pontos de venda com embalagem de exposição versátil

Cartuchos podem ficar deitados nas prateleiras, mas Unilever quer que eles repousem em pé

Paradigmas são, em sua essência, modelos estabelecidos consensualmente por comunidades específicas, entre elas o mundo dos profissionais de marketing, e, em tese, devem ser seguidos. Mas, justamente na área mercadológica, em que ser igual aos concorrentes pode trazer mais danos que vantagens, impõe-se crescentemente a necessidade de diferenciar produtos e suas apresentações, fugindo à cartilha do “me too”. Quebrar paradigmas pode ser um bom recurso, e é o que a Unilever acaba de fazer, com a nova linha Diamond Attraction de seu gel dental Close Up. Num viés de apresentação diferenciado em ponto de venda, os cartuchos podem ser expostos tanto na posição horizontal quanto na vertical, teoricamente de maior visibilidade. Antes, outras marcas tiveram orientação vertical, porém combinada com uma horizontal em outra face do cartucho. Esta costumava prevalecer nas prateleiras de farmácias e supermercados. Para contornar esse risco, a Unilever adotou o uso de bandejas de polietileno, fornecidas ao varejo para ajudar na organização das gôndolas de modo que os cartuchos fiquem em pé. Além dessa variante, as embalagens se destacam pelo visual requintado, propiciado pela 6 | Outubro 2013

impressão em offset, feita pela Brasilgrafica, em papel cartão da Suzano laminado com filme holográfico, verniz com reserva e tintas foscas. Numa quina lateral dos cartuchos existe uma área chanfrada, em que estão impressas as características de cada uma das três versões que compõem a linha (Fresh White, Power White e Delicate White). Esses dizeres são impressos em branco sobre fundos de cores recorrentes nessa categoria de produto e ganham visibilidade por se destacarem da cor preta predominante nas embalagens, quando expostas na posição horizontal nos pontos de venda.

noutro rompimento de padrões em dentifrícios, em que predominam as embalagens primárias com 90 gramas de conteúdo, a linha Diamond Attraction é acondicionada em bisnagas laminadas de 70 gramas, fornecidas pela Baumgarten. O fechamento é feito com tampa flip-top de grande diâmetro, que permite o repouso da embalagem sobre ela, na posição vertical, e que está se tornando habitual no segmento de cremes dentais e géis branqueadores. Adriana Castro, diretora de marketing de oral care da Unilever, diz que “o público-alvo

de Close Up é jovem e apresenta interesse em cuidados bucais, principalmente com a aparência de seus dentes, que reflete sua confiança e poder de atração”. Segundo ela, a linha Diamond Attraction é uma das principais apostas da empresa neste ano no negócio de saúde bucal, que em 2012 movimentou no mercado local algo em torno de 5 bilhões de reais, fazendo do Brasil, atrás dos Estados Unidos, o segundo mercado mundial em oral care. A líder no País, nessa área, é a Colgate, que vem sendo assediada pela concorrência, especialmente pela Procter & Gamble, detentora da Oral-B, determinada a fortalecer-se no Brasil a partir de produtos premium, e agora pela Unilever, com a presente linha de alto padrão. “A ‘premiunização’ do mercado, a tendência cosmética em cuidados com os dentes e a busca dos jovens por produtos que os diferenciem foram os principais impulsos para o lançamento de Diamond Attraction”, conta Renata Assunção, gerente de marketing de Close Up. Por ser o segundo maior mercado da Unilever no mundo após os Estados Unidos, o Brasil é o primeiro a lançar os produtos baseados na tecnologia “bluelight”, que promete três vezes mais ingredientes de branqueamento.



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

plásticas

Surlyn acima de tudo Uso de nova tecnologia de aplicação de resina especial apresenta-se como oportunidade para cosméticos e perfumes nacionais No dia 3 de outubro, a DuPont do Brasil promoveu em São Paulo, na sede da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), uma demonstração de tendências para o uso de sua resina Surlyn na produção de embalagens para produtos de higiene pessoal e beleza. O evento foi comandado pelo engenheiro químico francês Philippe Milazzo, gerente de mercado global da companhia em sua divisão de embalagens para cosméticos e perfumes. Uma oportunidade destacada foi o uso de Surlyn para a sobremoldagem tridimensional (Overmolding 3D). Anunciada pela DuPont há cerca de cinco anos, a tecnologia já é empregada com sucesso em projetos de marcas internacionais (ver imagens), mas permanece inédita no mercado local. Em linhas básicas, o Overmolding 3D consiste no envolvimento de um recipiente primário com uma camada externa de Surlyn. Isso permitiria explorar um efeito de “embalagem dupla” de maneiras sofisticadas – com formatos distintos entre o invólucro primário e o reves-

timento, por exemplo. “A tecnologia também abre espaço para opções muito interessantes de decoração interna”, afirmou Milazzo. “É possível aplicar rótulos, serigrafia, chapas metálicas, tecidos, joias e pequenos objetos em geral sob a camada de Surlyn. Desse modo, o adereço fica com uma sensação de profundidade e protegido de atritos e do desgaste pelo manuseio.” Conforme explicou o executivo da DuPont, a sobremoldagem tridimensional pode ser aplicada a frascos plásticos mono ou multicamadas, originando embalagens com a conhecida aparência vítrea proporcionada por Surlyn, porém inquebráveis. O processo, contudo, pode até mesmo ser executado sobre recipientes de vidro, tornando-o viável para perfumes e outras fórmulas cuja interação com plástico não seja recomendada. Na Europa, a Luigi Bormioli é uma das vidrarias que já fizeram ensaios com a tecnologia. Milazzo ressalta que, embora o recurso possibilite a criação de conceitos de luxo

Para Milazzo, Brasil reúne condições para assimilar novo conceito de decoração

e a resina Surlyn carregue a fama (injustificável, em sua opinião) de material de custo elevado, o Overmolding 3D é viável para produtos de mass prestige, aqueles de apelo premium, porém de perfil mais acessível. Seria, portanto, algo plausível para o mercado brasileiro de cuidados pessoais. “O Brasil não possui apenas marcas, mas também designers, convertedores e consumidores finais capazes de assimilar esse novo conceito”, garante o profissional. emb.bz/170surlyn

Exemplos de frascos com Overmolding 3D de Surlyn: visual diferenciado

8 | Outubro 2013



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

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CARTONADAS ASSÉPTICAS

Dois prêmios para “garrafa” Cartonada asséptica com formato de garrafa, a embalagem combidome, lançada recentemente pela SIG Combibloc (ver EmbalagemMarca nº 167, julho de 2013), faturou duas distinções na Europa: o Prêmio de Inovação em Bebidas e o Prêmio Alemão de Embalagem. Este, realizado há cinquenta anos para reconhecer inovações para o acondicionamento de produtos em geral, tem apoio do Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha, e seu júri é composto por especialistas de empresas, pesquisa, ensino e da imprensa especializada. O Prêmio de Inovação em Bebidas, por sua vez, é organizado pelo portal FoodBev em conjunto com a Unesda (União da Associação dos Fabricantes de Bebidas Não Alcoólicas da Europa) e a WAFG (Associação Alemã de Fabricantes de Bebidas Não Alcoólicas). O troféu foi recebido pela SIG Combibloc durante a mais recente edição da Drinktec, feira de tecnologia em bebidas realizada em setembro em Munique, Alemanha. Embalagem combidome: reconhecimento na Europa

ACABAMENTOS

Reforço em efeitos especiais Vem da Suíça o mais novo reforço para o parque industrial da Congraf, uma das principais fornecedoras de cartuchos de papel cartão do País: a Steinemann Hibis 104, máquina para aplicação de vernizes. De acordo com Sidney Anversa Victor, presidente da gráfica, o equipamento aplica verniz tanto em flexografia quanto em serigrafia, permitindo a gravação de acabamentos especiais em embalagens celulósicas – entre eles efeitos opacos, texturizados, brilhantes, prateados e dourados.

Os processos atingem alta velocidade, chegando a 12 000 folhas por hora. “A máquina valoriza a criação e o design, possibilitando maior destaque a produtos no ponto de venda”, define Anversa Victor. A Hibis 104 já está devidamente instalada na fábrica da Congraf, em São Paulo. A ideia é oferecer suas competências para a confecção de embalagens de alta nobreza para cosméticos, alimentos e produtos farmacêuticos de apelo premium.

GENTE

Basf muda

Hibis 104 permitirá a clientes da Congraf “valorizar a criação e o design” de embalagens

10 | Outubro 2013

A partir de outubro, a química Basf terá um novo presidente para a América do Sul. É o alemão Ralph Schweens (foto), que desde 2009 ocupava a presidência da empresa para a região do México, da América Central e do Caribe. O executivo substitui o compatriota Alfred Hackenberger, que após mais de trinta anos na Basf, sendo três anos deles à frente da operação sul-americana, irá se aposentar.



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BIOPLÁSTICOS | ENTREVISTA

Descartáveis, mas compostáveis

númeroS

Consciência avança O brasileiro está mais cuidadoso na hora de consumir. É o que indica a edição de 2013 da pesquisa Consumo Consciente, feita anualmente pelo Instituto Ipsos a pedido da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ). Eis algumas das constatações do estudo, feito a partir de mil entrevistas em setenta cidades do País:

Você confere a validade de produtos antes da compra?

67% 71% 2012

2013

Você checa se a embalagem está danificada antes de adquiri-la?

65% 70% 2012

2013

Lê os rótulos dos produtos antes de comprá-los?

51% 56% 2012

2013

Fonte: Ipsos | julho 2013

12 | Outubro 2013

No Brasil, o consumo de utensílios descartáveis de cozinha chega a aproximadamente 145 000 toneladas ao ano. Estima-se que 70% desse volume sejam de copos. Para oferecer uma opção de apelo ecológico nesse segmento, a Minaplast, de Urussanga (SC), lançará em outubro próximo uma linha de copos descartáveis compostáveis, feitos de ácido polilático (PLA) – bioplástico derivado de fontes vegetais como o amido de milho. O material é o Ingeo, criado pela americana NatureWorks e já utilizado na produção de diversos tipos de embalagem. Apontados como um ineditismo no Brasil, os copos – de 200 e 300 mililitros – não serão vendidos em invólucros da mesma resina “verde”. É o que conta, entre outras coisas, o diretor executivo da Minaplast, Hemerson de Villa: Qual será o volume de produção inicial dos copos de PLA? Em torno de 15 toneladas por ano. Estamos trabalhando com uma estimativa baixa de demanda por ainda ser um produto de nicho. Há diferenças significativas entre o desempenho do produto de PLA e o daqueles convencionais? A principal diferença é a não resistência a altas temperaturas. Atualmente, o PLA suporta no máximo 40º C, inviabilizando seu uso com bebidas quentes. Por outro lado, apresenta transparência muito melhor que a dos convencionais. O preço final será muito superior em relação ao dos copos convencionais? Em torno de 30% a 40% mais alto, visto que o

PLA ainda tem uma desvantagem de custo em relação ao poliestireno e ao polipropileno, tradicionalmente utilizados para a produção de copos descartáveis. O produto será vendido em embalagens igualmente de PLA? Inicialmente não, porque não encontramos fornecedores de embalagem de PLA no Brasil. Quanto tempo levou o desenvolvimento do produto? Em torno de um ano. Houve envolvimento direto da NatureWorks no desenvolvimento. Há quatro anos, tentamos desenvolver o mesmo produto, mas sem o suporte da NatureWorks não tivemos sucesso. Quantas empresas já criaram produtos similares em outros países? Difícil estimar. Especificamente com copos, conheço cinco empresas nos Estados Unidos, duas na Europa e duas na Ásia.

Segundo Hemerson de Villa, diretor da Minaplast (acima), transparência é um ponto forte dos copos de PLA


JUSTIÇA

Roxo sem exclusividade Na Europa, uma nova sentença judicial liberou o uso de embalagens de cor roxa por qualquer fabricante de chocolates. O anúncio é o mais novo capítulo de uma batalha legal travada desde 2008 entre duas potências do setor. Naquele ano, a Nestlé entrou com um recurso para anular uma exclusividade que a Cadbury (Mondelez) detinha até então para o uso de invólucros púrpuras – esta havia registrado o roxo Pantone 2865c como elemento característico de seus chocolates Dairy Milk. Juízes ingleses acolheram o pleito da Nestlé, apontando imprecisões da Cadbury no atendimento às normas exigidas pela lei inglesa para o registro de marcas. Segundo jornais britânicos, a Cadbury afirmou que tentará recorrer da decisão.

Cor associada ao Dairy Milk pode constar em outras embalagens de chocolates

ADESIVOS

Na China, a maior do mundo A Henkel inaugurou na China aquela que é brandida como a maior fábrica de adesivos industriais do mundo. Fruto de um investimento de 50 milhões de euros, a “Dragon Plant”, situada em Xangai, tem 150 000 metros quadrados e empregará 600 pessoas. A produção anual deve alcançar 428 000 toneladas de adesivos, que abastecerão clientes no mercado chinês e em outras regiões da Ásia. “A nova fábrica irá ampliar nosso alcance mundial e a participação em países emergentes”, afirma o CEO global da Henkel, Kasper Rorsted. Economias em desenvolvimento já respondem por 45% das vendas da multinacional alemã. A previsão é que esse índice evolua 5% até 2016, alcançando 10 bilhões de euros.

Dragon Plant: produção de 428 000 toneladas por ano

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PRÊMIO

Os 38 ouros da Abre Em cerimônia realizada em São Paulo no dia 18 de setembro, a Associação Brasileira de Embalagem (Abre) anunciou os vencedores do Prêmio Abre da Embalagem

Brasileira 2013. Foram distribuídos troféus de ouro, prata e bronze a projetos que se destacaram em 38 categorias. Confira os ganhadores do prêmio máximo:

Embalagem DE Alimentos doces

Embalagem de Alimentos salgados

embalagem de bebidas não alcoólicas

embalagem de bebidas alcoólicas

embalagem de cosméticos e cuidados pessoais

embalagem de perfumes

embalagem de micro e pequenas empresas

embalagem de produtos em geral

embalagem de família de produtos

embalagem promocional

sustentabilidade

embalagem de food service, delivery e take away

design gráfico de alimentos doces

design gráfico de alimentos salgados

design gráfico de bebidas não alcoólicas

design gráfico de cosméticos, cuidados pessoais, saúde e farmacêuticos

design gráfico de produtos em geral

design gráfico de família de produtos

design gráfico – redesign de alimentos e bebidas

design gráfico – redesign de produtos em geral

design estrutural forma

design estrutural funcionalidade

tecnologia em embalagens de alimentos

tecnologia em embalagens de bebidas

tecnologia em embalagens de cosméticos, cuidados pessoais, saúde e farmacêuticos

tecnologia em embalagens de produtos em geral

marketing – estratégia de comunicação

estudantes

voto popular profissionais

voto popular consumidores

IOGURTE GREGO BATAVO

“quem disse, berenice?”

sou

sempre livre

pacxpert

bandeja para circuito

ATUM SALERA

iandê - linha aisó

america delivery

green by missako

neodent

coca-cola zero

suco casa madeira

vedapren fast

cachaça gouveia brasil

linha de maquiagem phebo

latas colecionáveis talento liggero

“quem disse, berenice?”

smart cap

octa cooler mma

marilan - pit stop

rótulo adesivado crystal

se beber, vá de carona!

sou

schweppes 230 anos

schweppes 230 anos

york

frasco max vac embramed

linda lindinha o boticário

Conheça todos os ganhadores no site: emb.bz/abre2013 empresa do ano

walmart brasil

14 | Outubro 2013

personalidade do ano

paulo pereira – prodesign

produtos para exportação alimentos e bebidas

linha brazilian soul

produtos para exportação produtos em geral

x-liso



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VIDRO

Projeto inédito para cacos A Vidroporto, fabricante de embalagens de vidro sediada em Porto Ferreira (SP), adquiriu, por valor não divulgado, uma usina automatizada de beneficiamento de cacos de vidro. Segundo a vidraria, a linha, com tecnologia da empresa espanhola Picvisa, é a primeira do gênero no Brasil. Com ela, o volume de processamento atinge 14 000 toneladas de caco bruto por ano, num acréscimo de mais de 300% à capacidade anterior. “O investimento

nos permite aumentar o uso de caco reciclado em nossa produção, com melhor qualidade do produto beneficiado e também maior segurança no trabalho de nossos colaboradores, uma vez que substituímos um processo manual”, afirma Edson Rossi, diretor presidente da Vidroporto. De acordo com o executivo, a aquisição também prepara o atendimento às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), cuja vigoração é iminente.

Nova usina: 300% de acréscimo à capacidade de reciclagem de vidro

CARTONADAS ASSÉPTICAS

VIDRO

Bilhões com selo FSC

Incentivo aos estudantes

A Tetra Pak anunciou a obtenção de um novo marco em sua produção de embalagens com o selo FSC (Forest Stewardship Council, organização internacional dedicada à promoção do manejo responsável de insumos florestais). Entre janeiro e agosto deste ano, 5 bilhões de caixinhas foram produzidas com o registro da certificação. A expectativa é que até o final do ano esse índice supere 9 bilhões de unidades. A certificação garante que o papel utilizado como matéria-prima das embalagens é proveniente de áreas florestais manejadas de forma responsável, permitindo ao consumidor monitorar toda a cadeia que envolve a produção do papel da embalagem, desde o plantio das árvores até o produto final. No Brasil, desde junho de 2008 as caixinhas produzidas nas unidades da Tetra Pak em Ponta Grossa (PR) e Monte Mor (SP) utilizam papel certificado FSC, fornecido pela Klabin. “A inclusão do selo nas embalagens é feita conforme solicitação dos clientes e cresce cada vez mais, demonstrando o interesse destes em comunicar o seu compromisso com as questões ambientais”, afirma a Tetra Pak em comunicado. A multinacional sueca possui clientes usuários do selo FSC em 53 países – número 40% maior que o de um ano atrás (38).

16 | Outubro 2013

A Verallia, divisão de embalagens de vidro do grupo Saint-Gobain, fechou uma parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, e a Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), para criar o 1º Concurso de Design Verallia. A proposta é estimular o desenvolvimento de garrafas de vidro por estudantes. Uma comissão julgadora – formada por três professores do curso de Design do Mackenzie, um representante da Abividro, dois profissionais da Verallia e um jurado convidado – avaliará os projetos pelos critérios de inovação, criatividade, viabilidade fabril e sustentabilidade. O vencedor ganhará uma viagem de cinco dias para conhecer o Centro de Criação da Verallia, na França. Todos os participantes serão convidados para conhecer a fábrica da vidraria na capital paulista. As inscrições vão até 8 de novembro, e a premiação deve ocorrer no início de 2014. Informações podem ser obtidas no site da Verallia. www.verallia.com.br

Selo que atesta boas práticas florestais é cada vez mais solicitado por clientes da Tetra Pak



Reportagem de capa

No final, oportunidades sem fim

18 | Outubro 2013


Escassez de mão de obra, clamor por eficiência e tecnologia mais acessível ensejam uma boa hora para modernizar as operações de arremate da produção Por Guilherme Kamio

A dificuldade cada vez maior de se encontrar mão de obra barata para tarefas básicas, que não exigem especialização, tem imposto novos desafios à indústria brasileira. Ante a escassez de empregadas domésticas, por exemplo, empresas se alvoroçam e quebram a cabeça para desenvolver materiais de limpeza, alimentos e outros produtos mais práticos, capazes de socorrer os consumidores que já não conseguem contar com assistentes do lar (ver EmbalagemMarca nº 151, março de 2012). Além das implicações mercadológicas, as transformações sociais do País ressoam no próprio ambiente fabril. Uma área que sente impactos, em especial, é a de finais de linha – constituída pelas operações que sucedem ao envasamento, ao fechamento e à decoração de embalagens, como encaixotamento, enfardamento, paletização e arranjo de cargas para expedição. Ocorre que, no mercado local, parcela expressiva desses procedimentos sempre foi realizada manualmente. E, assim como muitas faxineiras, diaristas, babás e afins, prestadores desses serviços têm bandeado para outras ocupações, atraídos por melhores salários e perspectiva de crescimento profissional. Menos abundante, essa força

de trabalho fica também mais cara. Fabricantes de bens de consumo viriam até mesmo enfrentando problemas para preencher vagas no manuseio demandado por ações promocionais e artigos sazonais. “A procura pelos empregos temporários de nossas produções para a Páscoa já foi muito maior”, confidencia um executivo de marketing de uma importante indústria de alimentos, que prefere não ser identificado. “Temos o hábito de dar preferência a quem já trabalhou conosco, mas a assiduidade está diminuindo. Isso prejudica o ritmo de execução das operações e a qualidade da apresentação dos produtos.” Parece improvável uma reviravolta do contexto econômico, que aplacasse a evaporação de candidatos. A importação de profissionais, em voga em outros setores, não soa factível para o caso. Ganha peso, assim, o sentido de oportunidade para fabricantes Sistema integrado oferecido pela Packform: coerência de projeto

de bens não duráveis investirem na automação de seus términos de linha. “Com a globalização dos negócios e o acirramento da concorrência, empresas que dependem de mão de obra intensiva para as funções de final de linha tendem a perder competitividade em curto prazo”, pontifica Luis Sérgio Kuroski, diretor comercial da Raumak, produtora de equipamentos para agrupar e movimentar produtos. “Já existe um vácuo nessa etapa produtiva. O chão de fábrica farto e de baixo custo está acabando.” Para os fornecedores de maquinário, seria exagero dizer que há negligência das corporações quanto à estruturação de finais de linha. Mas, inegavelmente, os investimentos nesse setor não se comparam àqueles dedicados, por exemplo, ao envase primário ou à decoração de embalagens. “Historicamente, o desfecho produtivo ficou relegado a segundo plano no que se

Entrada de produtos

Encaixotadora gravitacional

Rejeitador de caixas

Saída de produtos encaixotados Controle de qualidade por sistema de visão artificial

Armadora de caixas

Fechadora e seladora de Caixas

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refere a aparelhamento. Além da fartura de mão de obra, os altos custos dos equipamentos criaram uma cultura de não automação”, diz Rogério Valera Rialto, diretor da Packform Sistemas de Embalagem, empresa especializada em engenharia de final de linha. “Em economias mais maduras, como a europeia e a americana, os finais de linha são mais automatizados e estão no mesmo nível do restante da produção. Há uma diferença grande.” De acordo com Rialto, os valores de máquinas como armadoras de caixas, encaixotadoras e enfardadoras caíram significativamente nos últimos anos, também contribuindo para mudar a mentalidade das indústrias. Mas muitas ainda resistiriam a agir e romper paradigmas, segundo o profissional, “por não terem informações atualizadas ou por não saberem calcular corretamente a eficiência dos processos”.

Por sua vez, Kuroski acrescenta que, não obstante existam empresas com alto grau de automatização nos finais de linha, e outras investindo para isso, há aquelas que não o fazem por cautela excessiva. “Ao protelar as ações, estas correm o risco de verem o mercado passar por cima”, adverte o executivo da Raumak. “É a consequência da demora em perceber que é preciso se aprimorar para conter o crescimento da concorrência e a corrosão das margens pela ineficiência.” A evolução da eletrônica em geral possibilitou a criação de equipamentos “inteligentes”, com amplas possibilida-

EvoLite Bloc: sistema integrado de enfardamento, agrupamento e paletização baseado no uso de fitilhos (no detalhe)

des de programação e necessidade reduzida de intervenções de operadores. Embarcadas com tecnologias de informação, as máquinas são capazes de reportar ao usuário o nível da produtividade, permitindo ajustes e definições de estratégias para aumento da eficiência, além de incorporar sistemas de autoanálise, diminuindo custos de manutenção. Entre projetos recentes baseados em aparelhos dessa classe, Rogério Rialto destaca os desenvolvidos para Ritter Alimentos, Cepêra Alimentos, Glaxo SmithKline Brasil e, no próprio mercado de embalagens, para a produtora de cartonadas assépticas SIG Combibloc. O diretor da Packform relata o caso de uma fabricante de creme dental que era adepta da automação em todos os seus processos, menos no encaixotamento. Com a substituição de quatro operadores (dois por turno) por uma encaixotadora, o rendimento da linha passou de 100 para 180 cartuchos por minuto.

Encaixotadora automática Boxer Line: um dos destaques da Raumak

20 | Outubro 2013

Uma recomendação importante é a atenção à coerência de toda a atividade de final de linha. “Fatiar” a operação, associando componentes de variadas marcas e diferentes prestadores de serviços, pode trazer maus resultados. “Temos visto no mercado sistemas complexos parados pela falta de sincronismo entre a engenharia e a execução do projeto”, relata Luis Sérgio Kuroski. Até mesmo por lógica comercial, tornou-se tendência, entre os provedores, a oferta de soluções integradas. Para aperfeiçoar a oferta de recursos de paletização, por exemplo, a Raumak tem investido em robótica. Em 2012, adquiriu, por valor não divulgado, a brasileira RN Robotics. Recentemente, firmou acordo para ser integradora da japonesa Fanuc Robotics, referência no campo da mecatrônica. Em setembro, na mais recente edição da Drinktec, feira de tecnologia para a indústria de bebidas realizada em Munique, na Alemanha, a Krones destacou uma novidade para final de linha em convergência com a integração. A EvoLite Bloc consiste numa união entre a formadora de multipacks EvoLite, um sistema de agrupamento de embalagens Robobox e a nova paletizadora Modulpal Pro 1AD. Seria, em seu gênero, a solução mais compacta no mercado para processar grandes volumes de pacotes de seis unidades de garrafas de bebidas. O sistema traz uma proposta inovadora: a amarração dos recipientes por meio de um fitilho com alça, em vez do tradicional envolvimento com filme termoencolhível (shrink). Isso garantiria menor consumo de energia, pela isenção do túnel de encolhimento, e uma opera-


ção mais sustentável. Ademais, permitiria melhores arranjos em paletes, com ganhos de até 20% em quantidade de produtos. Mais do que pelo uso de periféricos modernos e precisos, um bom desempenho da saída da produção pode ser obtido com auxílio da informática. Desde a década de 1990 são oferecidos softwares simuladores para o desenvolvimento de embalagens primárias amigáveis ao agrupamento, à otimização de processos de encaixotamento e enfardamento e ao aprimoramento

dos arranjos de cargas em paletes, contêineres e veículos. Assim como para o hardware, o emprego da força braçal tem prejudicado uma maior difusão desses instrumentos no País. “A maior adesão é de grandes e médios negócios”, relata Ernani Paulino, diretor da Packnology!, empresa que na América do Sul agencia a anglo-americana Cape Systems, criadora dos programas Cape Pack, para desenvolvimento geométrico de embalagens, e Truckfill, para organização de cargas. “Mas até algumas empresas ‘world-class’ são refra-

Exemplo de aplicação do software Cape Pack: com redimensionamento de frasco e rearranjo de caixas de embarque, aproveitamento de área na paletização passa de 94% para 99%

ATUAL 63 mm x 220 mm

PROPOSTO 60 mm x 225 mm

UNIDADES POR CAIXA: 12 FRASCOS

FRASCOS POR PALETE: 1320 UNIDADES

UNIDADES POR CAIXA: 12 FRASCOS

FRASCOS POR PALETE: 1500 UNIDADES

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tárias à adoção dos softwares, mesmo após lhes mostrarmos os expressivos ganhos potenciais que podem ter em sua expedição.” Entre os adeptos do Cape Pack no País está a Colgate-Palmolive. O coordenador de desenvolvimento de embalagens da empresa, Celso Avari, diz que os ganhos constatados não se limitam a melhores aproveitamentos de área do palete, mas até ao dimensionamento de caixas de embarque, que se torna mais coerente com o processo de produção da própria embalagem e com sua montagem automática em máquinas de armação. “Além disso, obtemos melhor amarração do palete, para que caixas não caiam durante a movimentação até o equipamento de aplicação de filme stretch (esticável), quando este não está em linha, e durante o picking no depósito, quando o envoltório é retirado para a separação de pedidos”, relata Avari. Segundo ele, os avanços em organização aprimoraram a saída de linha dos frascos dos desinfetantes Pinho Sol e Ajax e do lava-roupas líquido Ola.

A mesma ferramenta é utilizada pela Mondelez Brasil em todos os seus projetos de desenvolvimento de caixas de embarque e desenhos de paletização. “Estudos recentes permitiram alterar a disposição de um determinado produto da categoria de chocolates dentro da caixa de embarque, melhorando o aproveitamento de palete em aproximadamente 20%”, conta Anderson Marinheiro da Silva, coordenador de desenvolvimento de embalagens de chocolates da empresa. “O ganho reflete melhorias em toda a cadeia logística, reduzindo o número de carretas necessárias ao transporte dos produtos bem como o número de posições necessárias no centro de distribuição.” “Se fosse aplicada por meio de programas de CAD, por exemplo, a matemática especializada dos softwares simuladores de formato de embalagem, paletização e arranjos de cargas tomaria do usuário dias ou semanas para encontrar a melhor solução”, afirma Luí­s Maurício Gardolinski, diretor

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Exemplo de aplicação do TOPS Pro no agrupamento de latas de aerossol: reformulação da embalagem primária e do projeto da caixa garantiu ganho de 5% em aproveitamento na paletização

da Startrade Comércio e Logí­stica, representante para o mercado brasileiro da americana TOPS Software Corporation, autora dos aplicativos TOPS Pro e MaxLoad Pro. Entre seus clientes locais figuram companhias como Avon, Coca-Cola, Pepsico e Yoki. Conforme explica Gardolinski, os softwares permitem não somente idealizar novos projetos, mas também rever aqueles já consolidados, demonstrando o que poderia ser melhorado sem alterações na linha de produção ou empacotamento. “Obviamente, há casos em que mudanças radicais na linha de produção, além

da quebra de paradigmas comerciais, são necessárias para se obter melhorias no processo”, diz. Exemplo seria a substituição do envolvimento de latinhas padrão de bebidas em shrink packs de doze unidades para packs de dezoito. “Isso muda todo o fluxo de embalagem, muda a forma de compra do supermercado e de aquisição pelo consumidor final, porém gera ganhos fantásticos no adensamento da carga sobre o palete PBR (padrão brasileiro, de 1,2 metro por 1 metro)”, assegura o diretor da Startrade. “Ao fim e ao cabo, o resultado justifica o esforço da mudança.”



Perfumes

Requinte na transposição Embalagem com linhas arrojadas e válvula especial marca entrada de grife de maquiagem no campo das fragrâncias

carro-chefe de

O Boticário no negócio de maquiagem, Make B. estreou na categoria de fragrâncias com Make B. Eau de Parfum. A apresentação do produto, projetada pela Lumen Design, segue a sofisticação característica das embalagens da marca. Fornecido pela SGD, o frasco de vidro tem linhas arrojadas e um cristal Swarovski incrustado. A tampa, produzida pela Albéa com a resina Surlyn, da DuPont, harmoniza com o design do recipiente, fugindo das linhas retas e exibindo topo chanfrado. A embalagem incorpora também uma válvula atuadora especial, desenvolvida pela MeadWestvaco (MWV) através de sua unidade de negócios de embalagens plásticas primárias para produtos de beleza. Trata-se da Melodie Forever. “A nova válvula proporciona uma atuação mais suave e exata ao ser pressionada, com spray mais regular e brando”, afirma Eduardo Scalese, diretor da MWV Home, Health & Beauty na América Latina.

Junto ao seu lançamento, a fragrância ganhou uma edição limitada, em que o frasco recebe decoração alusiva àquela utilizada na nova coleção de maquiagem de Make B., a Rio Sixties – inspirada no Rio de Janeiro dos anos 1960. De acordo com o Grupo Boticário, cada nova coleção de maquiagem da mesma marca será acompanhada por uma versão temporária correspondente da eau de parfum.

Segundo Scalese, o controle da

Frasco de vidro e tampa de Surlyn têm design em harmonia. Cristal é aplicado abaixo do logotipo. Cânula não fica evidente

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aspersão é um dos aspectos mais valorizados pelo consumidor, desempenhando papel fundamental para a recompra da fragrância e a obtenção da fidelidade à marca. Junto com a nova válvula, também foi utilizada a tecnologia NoC, que dissimula a presença da cânula plástica (pescante) que fica dentro do frasco. Isso contribuiria para o apelo de requinte da embalagem.

Decoração alternativa alude à mais nova coleção dos produtos de maquiagem





entrevista

Balança, e agora cai Pesquisa mostra abalo de marcas cujas lideranças já pareceram insuperáveis. Na opinião de Christine Pereira, diretora da Kantar Worldpanel, o recado é claro: tradição não é mais garantia de sucesso. “Quem não inova, não resiste”, ela afirma Mais difícil

do que atingir o topo é nele se manter. A velha máxima jamais soou tão verdadeira quanto ultimamente no negócio de bens não duráveis. Dez anos atrás, 69 marcas de alimentos industrializados, bebidas e artigos de higiene e limpeza lideravam as vendas em suas categorias por dez anos consecutivos. Em 2012, esse grupo teve 28 componentes, conforme levantamento da Kantar Worldpanel. O número foi obtido através de visitas semanais a 8 200 lares do País, com a verificação dos tíquetes de compras em supermercados. Para a diretora comer-

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cial do instituto de pesquisas, Christine Pereira, a oscilação na liderança se deve à multiplicação da oferta e à maior disposição do consumidor em experimentar. “Tradição, por si só, já não é garantia de prosperidade”, afirma. Segundo a executiva, as marcas que conseguiram se segurar na dianteira foram aquelas que apostaram em inovação, enunciada nas embalagens ou por elas personificada. Nesta entrevista, Christine fala do papel da embalagem na mudança da relação do consumidor com produtos de alto giro e de seus efeitos, como a tendência de “premiunização” dos mercados.

Pesquisas da Kantar Worldpanel detectaram abalos na hegemonia de marcas em diversos mercados de bens não duráveis. Quais os motivos das oscilações? Está cada vez mais difícil manter a liderança devido ao grande número de lançamentos no mercado. Há uma maior concorrência e, cada vez mais, as empresas estão lançando produtos e novas linhas para conseguir se destacar. Naquilo que interpretamos como consequência desse dinamismo do mercado, os hábitos de consumo da população também têm mudado. O brasileiro está mais e mais multimarcas e multicanais.


Observe-se que os abalos naquela antiga supremacia das marcas líderes não são ocasionados somente por trocas, substituições de consumo. O consumidor convive cada vez mais com diversas marcas em seu lar. Vem acontecendo muito essa sobreposição. Estamos mais e mais dispostos a experimentar. Isso é visível. Costumamos classificar os shoppers entre tradicionalistas, buscadores de preço e promoção, analíticos, experimentadores... Constatamos que os experimentadores, esses dispostos a testar novas marcas, ganharam bastante importância. É o perfil que mais se fortalece. De acordo com os levantamentos, o número de marcas de alimentos, bebidas e materiais de limpeza que lideraram suas categorias por uma década caiu de 69, em 2003, para 28 no ano passado. Destas, apenas sete foram líderes absolutas em todas as regiões do Brasil (ver quadro). Por que elas asseguraram essa prosperidade?

Os experimentadores, consumidores dispostos a testar novas marcas, ganharam relevância

Todas elas conseguiram aliar tradição com inovação. Em outras palavras, mantiveram seu prestígio junto ao consumidor muito em função de novidades em produto, embalagem e comunicação. Isso foi essencial porque em todos os mercados, sem exceção, ocorreu uma multiplicação de players muito grande na última década. Demonstrar dinamismo, entregar sempre coisas novas, tornou-se fundamental para marcas clássicas manterem-se em dia, atraentes para o consumidor, que é cortejado por muitos nomes novos, muita coisa com aquele apelo forte de novidade. Não raro, o declínio da força das marcas decorre de ações de sobreposição de suas próprias detentoras, que acabam lançando assinaturas concorrentes, que

tomam espaço daquela tradicional. Essa profusão de lançamentos não é arriscada para as indústrias detentoras de marcas próprias? Não tende a gerar uma saturação de oferta, em que se atira para todos os lados, com pouca precisão? É um risco. O que se recomenda é que as novas ofertas tenham razão de ser muito clara. Com a dinâmica que o mercado adquiriu, é preciso inovar, para entregar novos benefícios ao consumidor. Não seriam somente inovações de produto, mas também ações mercadológicas, de marketing. Isso pode incluir embalagem, publicidade, interação com o público por meio da internet. Onde o consumidor compra? Qual o perfil de embalagem mais adequado? Qual a composição? Veja-se esse novo segmento de iogurte no Brasil, o de iogurte grego, mais cremoso. Diversas indústrias lançaram. Chamamos esse lançamento de genuíno, porque esse segmento não existia no Brasil. E está tendo uma


aceitação maravilhosa. O mercado de iogurtes se diversificou e se segmentou fortemente nos últimos anos. Mesmo assim, uma novidade como a receita grega conseguiu mexer com o negócio. Mas, obviamente, a sobrevivência no varejo tornou-se um enorme desafio. Os lançamentos precisam cavar espaço nos lares. Experimentação não basta. É preciso que haja repetição, obtenção de fidelidade. Portanto, novos produtos têm de oferecer benefícios concretos e comunicados adequadamente, com clareza. Cativar esse consumidor, que está disposto a testar coisas novas, é uma prova de fogo. Entre as marcas bem-sucedidas na manutenção da liderança não figuram chancelas do mercado de higiene pessoal e beleza. Esse mercado foi pesquisado? Os resultados em alimentos, bebidas e materiais de limpeza sobressaíram porque a pesquisa baseou-se em tíquetes

de supermercados. Produtos de higiene e beleza vêm sendo cada vez mais consumidos em farmácias e no varejo especializado, como perfumarias e lojas de marca. No entanto, sabemos que esse mercado também é muito ligado às questões de inovação e dinamismo. E a concorrência sempre se manifestou em grau mais intenso. A embalagem tem sido determinante enquanto recurso para inovação? A senhora pode dar exemplos? Embalagem é muito importante na comunicação da inovação. Os lava-roupas e sabonetes líquidos, por exemplo, são segmentos que se consolidaram muito em função de seus frascos, que conseguiram transmitir ao consumidor o fator de novidade e o teor da inovação, os benefícios. O mesmo ocorreu com os cremes faciais do tipo BB Cream. Muitas vezes a embalagem é a própria inovação. Exemplos são os cafés em cápsula, o

(lava-roupas em cápsulas) Ariel Pods e os sachês da linha de cosméticos Sou, da Natura. O que observamos é que uma embalagem há muito tempo no mercado tende a se tornar cansativa. Uma repaginação também pode ser considerada uma inovação. Qual a efetividade dessas reformulações segundo leituras mais recentes? Elas geram aumentos nas vendas? Geram muito crescimento. E até mesmo em segmentos relativamente novos, como os de cereais especiais, bebidas energéticas, leites enriquecidos com vitaminas, sucos com propriedades diferenciadas. Pesquisas recentes da Kantar Worldpanel e de outros institutos de pesquisa apontam uma tendência de sofisticação da cesta de compras, estimulada pelo aumento da renda e do padrão de exigência dos consumidores. Quais são os

Tradição e inovação Em 2003, 69 marcas em alimentos, bebidas e materiais de limpeza eram campeãs de vendas em suas categorias por dez anos consecutivos. Em 2012, esse grupo era composto por 28 marcas. Destas, apenas sete foram líderes absolutas por uma década em todas as regiões do Brasil: Zero Cal (adoçante líquido), Quaker (aveia), Veja (limpador multiuso), Nescafé (café solúvel), Ypê (detergente líquido), Sapólio Radium (saponáceo de cozinha) e Omo (lava-roupas). De acordo com a Kantar Worldpanel, o traço em comum entre elas foi uma aliança bem-sucedida entre tradição e inovação. Exemplos:

YPÊ Continuou líder em lava-louças graças a investimentos como a reformulação do frasco, que se tornou mais bojudo e ergonômico

OMO

NESCAFÉ

Deixou de ser marca exclusiva de sabão em pó por meio de extensões de linha como as versões líquidas, apresentadas em frascos plásticos.

O prestígio da marca foi aproveitado em novos produtos, como as cápsulas de café para preparo em máquinas automáticas

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indícios mais fortes desse viés? O consumidor brasileiro passou a consumir produtos mais sofisticados, que antes não faziam parte da sua cesta de compras. E não quer mais abrir mão das conquistas que fez, tornando o seu consumo mais sofisticado. Exemplo é o sabonete. Muitos que sempre compraram o sabonete em barra tradicional testaram o bactericida, um pouco mais caro, e depois o sabonete líquido. É todo um caminho lógico. O consumidor não deixa o produto mais simples, mas começa a fazer “ginástica” no orçamento para integrar os produtos mais sofisticados à sua rotina. Ou o consumidor reserva a opção mais nobre para momentos especiais, de concessão, ou diminui a frequência de compra. Acontece o mesmo numa série de categorias. Em iogurte, o consumo da versão com polpa passa para o líquido, e daí evolui para o grego. A “premiunização” de produtos, enfim, é uma tendência. O desejo do consumidor por enobrecimento é beneficiado pelo fato de os produtos estarem mais acessíveis. Mas não tem jeito. O requinte no consumo tem consequência orçamentária. Que oportunidades essa tendência indica aos fabricantes de alimentos e outros bens não duráveis no que se refere à apresentação de produtos? A oferta de porções menores é uma oportunidade clara. Isso faz com que os produtos caibam no bolso de mais gente, além de poder estimular a experimentação. Você vê que o iogurte grego tem opção em bandejinhas menores. O desodorante aerossol, por padrão, já segue essa lógica de conteúdo mais limitado. É algo que vem dando certo, porque o consumo de aerossol no País cresce de maneira vertiginosa. Contudo, quando se fala em estimular recompra, em aumentar volume de vendas, embalagens grandes fazem todo sentido. Apesar do encolhimento das famílias, do maior número de pessoas morando sozinhas, os lares com muitas pessoas ainda são numerosos no Brasil. Outra possibilidade interessante para os produtos de perfil mais nobre é o refil. Isso não existia. Agora, já vemos muito refil para sabonete líquido, para cremes, para

Ter um portfólio amplo de embalagens é recomendável. Não só para adequação a cada canal, mas porque o perfil de consumo varia bastante de região para região artigos de limpeza doméstica… Quando olhamos para o Norte e o Nordeste, vemos que as embalagens de apelo econômico são muito valorizadas. Veja-se o caso do sabão em pó em bolsa plástica, que antes não existia e que se popularizou nessas regiões nos últimos anos. Aproveitando o ensejo, as pesquisas sobre preferência de marcas identificaram variações dependendo da região do País. Que diferenças foram constatadas? O Brasil é um país muito diferente de Norte a Sul, e cada região dá uma relevância diferente para as marcas. No Nordeste, as marcas líderes estão em produtos básicos, do dia a dia. É óleo de cozinha, sabão em pó, detergente. Já no Sul do País, as marcas regionais são muito valorizadas. É um traço cultural, característico dessa região. São chancelas que muitas pessoas de outras regiões não conhecem, nunca ouviram falar, mas que são muito fortes no Sul. O interessante é que até mesmo Estados diferentes têm fortalezas diferentes. Existem marcas valorizadas no Rio Grande do Sul, outras em Santa Catarina e outras no Paraná. O próprio varejo reflete isso, com bandeiras de força peculiar em cada Estado. Você tem Muffato e Condor no Paraná, Zaffari e Rissul no Rio Grande do Sul, Angeloni em Santa Catarina. A senhora citou uma inclinação do consumidor em abastecer-se em variados canais. Uma diversificação das embalagens dos produtos, de modo a ter apresentações adequadas para cada ambiente de venda, seria algo recomendável? Diria que é fundamental. Ter um portfólio amplo de embalagens é algo mais que recomendável. Não só para a adequação a cada tipo de canal, mas também pelo

fato de, repito, o perfil de consumo variar bastante de região para região do Brasil. Ante tais constatações, que oportunidades podem ser aproveitadas pelas empresas no desenvolvimento de novos produtos? As empresas precisam estar muito atentas ao consumidor, que está cada vez mais exigente, multicanal e com poder de compra e decisão. O brasileiro quer experimentar e ter boas experiências, por isso é importante que a empresa, ao desenvolver novos produtos, esteja atenta a esta cadeia de consumo para poder atrair a atenção do comprador final. No Norte e no Nordeste, empório, mercearia e padaria têm importância imensa. Costumamos dizer: nessas praças, o produto tem que caber no bolso e também na mão. O consumidor dessas praças vai muitas vezes a pé ao supermercado. Não dá para oferecer embalagens imensas, porque esse é um canal de vizinhança. Se for um hipermercado, um atacarejo, logicamente você pode ter formatos promocionais maiores. Isso não tende a complicar as operações? Claro, é inevitável. Mas será um desafio que as empresas terão de enfrentar. Os estudos da Kantar Worldpanel atestam essa valorização do papel das embalagens para a competitividade dos produtos? Atestam. Nossas pesquisas comprovam que o consumidor cada vez mais percebe a embalagem como elemento de inovação. Um levantamento nosso indica que o shopper não está somente mais experimentador, mas também mais observador e analítico. O consumidor brasileiro lê rótulos, pega a embalagem, quer se certificar das propriedades e do modo de uso do produto. A conclusão inevitável é que a comunicação por meio das embalagens é vital. Quando vamos aos lares fazer nossas pesquisas, verificamos o valor que a dona de casa dá às embalagens. É um elemento frequente de reclamações e elogios. A embalagem tem papel fundamental na comunicação do produto, é a mídia presente nas gôndolas. Quanto mais inovadora e ergonômica for uma embalagem, melhor será a aceitação do público-alvo.

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tintas

Itens de decoração Atualização de imagem de Suvinil gera latas de tintas com design mais agradável ao consumidor A imagem

nos pontos de venda já não ratificava a ótima reputação da Suvinil em tintas imobiliárias de primeira qualidade, mercado em que é líder com cerca de 60% de market share. Apesar de alguns refinamentos aqui e ali, a marca da Basf vinha mantendo-se essencialmente fiel à sua identidade clássica, marcada por

estampas com faixas amarelas, laranjas e vermelhas nas latas de seus produtos. Enquanto isso, a concorrência adotou embalagens arrojadas, com linguagens gráficas modernas. A situação mudou em setembro, com o lançamento daquela que é anunciada pela Basf como a maior evolução visual da história de Suvinil.

Comandada pela diretoria de marketing de Suvinil, a reformulação contempla novos posicionamentos dos produtos, atualização do logotipo, mudanças dos ambientes de venda e, como não poderia deixar de ser, redesenho das embalagens. O painel principal das latas de aço destaca seis informações (ambiente e superfície; logotipo; o pro-

Novo projeto gráfico aprofunda a distinção entre as linhas de produtos e traz linguagem moderna, menos associada com a de materiais de construção

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duto; descrição do produto; diferenciais; e quantidade), que seguem uma hierarquia comum (ver imagem). Um código de cores foi também estabelecido para identificar cada família de tintas. A clássica linha Látex Premium, por exemplo, é associada ao vermelho. Nos recipientes da coleção Toque de Seda, de tintas com acabamento acetinado, predomina um tom de azul do tipo “steel blue”. Por sua vez, a série Fosco Completo apresenta predomínio da cor vinho. O logotipo permanece sendo um elemento de destaque. O “S” de Suvinil ganhou mais movimento e a cor laranja, de fundo, passa a ocupar maior espaço nas embalagens, além de exibir uma tonalidade considerada mais moderna. Segundo a Basf, o novo design gráfico já foi incorporado pelas metalgráficas que a abastecem e cujos nomes prefere não divulgar.

O projeto começou há dois anos, a partir de uma pesquisa junto a consumidores, lojistas, pintores, arquitetos e balconistas. Constatou-se que o público dá cada vez mais atenção ao desempenho e valoriza a tinta na ambientação dos lares. Os resultados determinaram a ênfase aos atributos do conteúdo e o refinamento do design gráfico dos invólucros. “A partir de agora nós oferecemos muito mais do que litros de tinta ou reforma, entregamos ambientação e resultado”, afirma Daniela Tavares, diretora de marketing da Suvinil. “O objetivo é posicionar os produtos cada vez mais como itens de decoração, e não mais como material de construção.” De acordo com a Basf, a iniciativa será complementada por alterações nos ambientes de venda, que deverão ficar “mais limpos e funcionais”. As casas de tintas parceiras terão fachadas remodeladas, com uso amplo de tinta preta como calço para a sinalização do novo logotipo de Suvinil. Varejistas receberão também novos guias de cores, materiais de apoio sobre as mudanças e até “lounges” para o consumidor aguardar o preparo das tintas. Ainda com o propósito de tornar as lojas mais agradáveis, a equipe de marketing de Suvinil sugerirá uma redução no volume de latas expostas.

Na nova diagramação da face principal, seis informações recebem destaque

Ambiente e superfície

Logotipo

O produto

Descrição do produto

Quais são os diferenciais

Quantidade

Texturas estendidas Referência em revestimentos acrílicos para a produção de texturas decorativas em paredes, a Graffiato, da Hydronorth, ganhou novo visual em suas embalagens (latas de aço de 3,2 litros e de 14 litros). O destaque do redesign é a adoção do efeito “wall display”, ou face estendida, em que a união de duas unidades produz um logotipo de grandes dimensões no ponto de venda. O recurso já era utilizado pela fabricante em suas embalagens de tintas. Segundo Marco Aurélio Kumura, gerente de marketing da Hydronorth, a atualização gráfica surge para apoiar a ampliação da família de texturas, que passa a contar

com uma versão Standard e o Primer Multiuso. “Além disso, a opção Premium foi reformulada e entendemos que a renovação era necessária para marcar a mudança”, diz a executiva. Quem assina o projeto é a Boyband, de Londrina (PR). As latas são fornecidas pela Prada Embalagens.

Nas lojas, união de latas amplifica a exibição do logotipo

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sucos

Beber e brincar Suco de uva ganha versão dedicada às crianças, distribuída em bag-in-box com atributo lúdico

composto por uma bolsa plástica acomodada numa caixa de papelão ondulado, o bag-in-box (BIB) é pouco utilizado no mercado brasileiro de bebidas. Sua presença em bares e restaurantes até vem crescendo, para a venda de doses de vinhos. No entanto, ainda é difícil vê-lo nos supermercados. O contexto revela a ousadia de uma iniciativa da Vinícola Famiglia Zanlorenzi. A empresa adotou o bag-in-box para o lançamento de uma nova apresentação para o suco de uva integral Campo Largo, dedicada ao grande varejo e ao público infantil. À parte a aposta numa embalagem incomum no mercado, a novidade se destaca pelo apelo lúdico. Ocorre que a caixa de papelão, produzida pela Box Print, se transforma em brinquedo. Nas laterais do recipiente, picotes permitem destacar desenhos que complementam o da face principal, compondo um colorido boneco de braços abertos. “Fugimos do formato tradicional das embalagens bag-in-box existentes no mercado”, observa Fabiana Zimmermann, diretora de criação da YUP Design, agência que desenvolveu os grafismos da caixa. De acordo com a profissional, pesquisas junto a mães e filhos pequenos auxiliaram na definição da decoração. “Para as crianças, testamos principalmente o impacto da identidade da embalagem”, diz. As cores vibrantes procuram chamar a atenção no ponto de venda. Gerente de marketing do Grupo Vinícola Famiglia Zanlorenzi, Gioceli

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Escorsin afirma que a oferta de uma embalagem para o público infantil “é algo inédito no mercado brasileiro de sucos de uva integral”. Segundo a executiva, o produto procura não só conquistar a criançada, mas também os adultos. Para isso, a embalagem traz informações sobre elementos que colaboram para o desenvolvimento físico e mental das crianças e a explicação a respeito da higiene e segurança da caixa.

O suco é envasado a vácuo numa bolsa plástica fornecida pela Scholle, com capacidade para 3 litros. O líquido

Destacados, picotes laterais se transformam em braços de boneco

é servido por uma torneira plástica, que não deixa o conteúdo pingar. No verso da caixa, desenhos com traços realistas mostram como manusear a embalagem para usufruir o conteúdo. Entre os envolvidos no projeto, a confiança no sucesso da novidade é grande. Além do apelo de brinquedo, a embalagem é avaliada como prática, de fácil manuseio, empilhamento, armazenagem, transporte e exposição no ponto de venda. “Essa ação representa um grande impacto na imagem da marca e terá reflexos irreversíveis”, acredita Fabiana Zimmermann.


Fechamentos

Além do Lego Tampas de garrafas de água se encaixam entre si e também nas famosas peças de montar encaixam nas peças de Lego. Esse foi o desafio para a criação das Clever Caps, desenvolvidas por dois brasileiros na Clever Pack, empresa brasileira que atua no segmento de embalagens inovadoras. Ainda inéditas no mercado mundial, as tampas são compatíveis com os gargalos comerciais padrão PCO 1881 (tampa baixa), são providas de lacre de segurança e a aplicação é feita em linhas de fechamento comuns, com pequenas adaptações. A novidade deve chegar ao mercado no início de 2014, em garrafas das águas Petrópolis Paulista. As primeiras embalagens da marca com as Clever Caps foram apresentadas em outubro, no congresso anual da Abinam (Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerias) realizado no início de outubro em Campos do Jordão (SP), num lote experimental feito pela engarrafadora paulista. Segundo os inventores, Cláudio Patrick Vollers e Henry Suzuki, um dos principais apelos das Clever Caps é seu apelo lúdico: além de se encaixarem entre si, as tampinhas são compatíveis com os universalmente populares blocos de montar da Lego. “O desafio maior do projeto foi conseguir encaixar as tampas entre si e também encaixá-las nas peças daquela marca”, conta o especialista em patentes Henri Suzuki. Para isso, foram criadas quatro pequenas alças nas extremidades das tampas e feitas cavidades na parte interna, nas quais os pinos de outras peças podem ser acoplados. “São justamente esses detalhes que dão firmeza no encaixe”, ele explica. Vollers, CEO da Clever Pack, ressalta que as Clever Caps se enquadram nos conceitos do ecodesign e representam “um importante marco no desenvolvimento de embalagens sustentáveis, tanto por agregarem os três pilares da sustentabilidade – são ecologicamente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis – como por colocarem em prática o conceito de reuso de materiais”. Segundo ele. “as tampas já saem de fábrica com uma segunda vida programada, podendo ser simplesmente reutilizadas, sem gasto adicional de energia nem emissão de gases ou resíduos poluentes”. E enfatiza: “Reciclar é bom. Reusar é ainda melhor”. Suzuki, por sua vez, lembra que o fato de as Clever Caps serem compatíveis com os blocos de montar mais populares do mundo aumenta infinitamente suas aplicações. “Ao mesmo tempo, isso reduz o risco de que elas se tornem uma moda passageira ou uma bugiganga que as pessoas guardarão por algum tempo e depois jogarão fora”, ele diz. Já com cinco patentes requeridas, no Brasil e no exterior, o lançamento programado pela Petrópolis Paulista é a primeira versão comercial das tampas. “Novos modelos, tamanhos e formatos estão por vir”, conta Suzuki.

foto: carlos curado

Tampinhas de garrafa que viram blocos de montar e que

Compatíveis com o gargalo PCO 1881, Clever Caps chegarão ao mercado nas garrafas da água Petrópolis Paulista

Informações técnicas Peso com lacre de segurança 2,7g Largura 31,8mm Altura 9,6mm Altura com os pinos de montagem 11,4mm Padrão PCO 1881 Outubro 2013 |

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Cervejas

De olho na balada Em garrafa preta, nova Skol Beats é direcionada a casas noturnas

Uma cerveja que não será vendida em bares, mas apenas em casas noturnas e shows, além de supermercados. Essa é a nova Skol Beats Extreme, aposta da Ambev para combater o crescente consumo de bebidas tipo ice nas baladas. A nova bebida chega ao mercado em uma embalagem totalmente preta, pouco habitual para cervejas, com o objetivo de remeter ao ambiente noturno. A intenção da marca é direcionar o produto para o público frequentador de festas, não de bares. “A Skol Beats Extreme nasceu para ser a cerveja da noite e, por isso, acompanha o consumidor em todos os estilos de balada”, explica Maria Fernanda Albuquerque, gerente de marketing da Skol. A nova versão é mais encorpada e menos doce que a marca-mãe Skol Beats. O teor alcóolico também é maior: 6,9% na versão Extreme e 5,2% na Skol Beats. A Skol Beats Extreme chega às gôndolas e às casas noturnas em garrafa long neck de 330 mililitros, produzida com vidro negro, o black glass, pela Owens-Illinois (O-I). O black glass é resultado de um processo de fabricação desenvolvido na

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matriz da O-I, nos Estados Unidos. A tecnologia utilizada na coloração do vidro é diferente do método padrão de alimentação de cores através do colour feeder (coloração da massa incandescente no momento em que o vidro sai do forno e antes de entrar na calha que conduz aos moldes). No black glass, a alteração de cor acontece no forno, com a utilização de insumos naturais, através de processos químicos que permitem reações ao longo da formação da garrafa. De acordo com a O-I, o processo é mais econômico que a coloração tradicional e que a pintura das embalagens já prontas. A vidraria diz que o método não requer alterações em linhas de produção e não inviabiliza a inspeção automática das embalagens, além de não alterar a forma de reciclagem. A Skol Beats não é a primeira primeira cerveja a adotar uma garrafa de vidro negro no Brasil. A pioneira foi a Petra Stark Bier, do Grupo Petrópolis, no início de 2011 (ver EmbalagemMarca 138, fevereiro de 2011). O produto será comercializado também em lata de alumínio sleek de 269 mililitros, fornecida pela Rexam.



Artigo

Vodca na alça de mira Pode um destilado numa garrafa com formato de submetralhadora ferir a imagem da embalagem? Por Sterling Anthony*

A 9mm, vodca acondicionada numa garrafa de vidro com formato de submetralhadora, procura apoio. Ela é uma das ideias exibidas no www.indiegogo.com, um site de crowdfunding – plataforma através da qual se buscam doações para a execução de conceitos, causas ou produtos. Embora a bebida em questão ainda nem seja comercializada, criticá-la de antemão não parece precipitado. Afinal, oferecer uma bebida alcoólica numa embalagem caracterizada como arma de fogo suscita muita polêmica. Se o produto conseguir ser financiado e lançado, um pelotão de fuzilamento estará à sua espera, condenando-o por promover uma associação entre álcool e munição num momento em que a violência armada é um problema grave em vários países. Mas não é esse argumento, que pode até soar alarmista, o que mais me preocupa. Televisão, filmes, videogames e letras de rap são frequentemente citados como manifestações culturais que glorificam as armas de fogo. A embalagem, porém, nunca teve destaque nessa lista. Como é razoabilíssimo supor que uma revolta contra a 9mm Vodka não defenda o retorno à Lei Seca, a conclusão é a seguinte: não é o conteúdo, per se, o motivo de objeção​​; é a embalagem. Essa reflexão deveria inquietar a todos cujas carreiras estão ligadas ao packaging, ainda que tangencialmente. O que define uma embalagem socialmente responsável? Sustentabilidade tem sido bastante associada a isso. No entanto, há componentes mais subjetivos e abertos à discussão. Um deles é o tamanho dos recipientes. As chamadas “garrafas jumbo” de uísque são criticadas por supostamente estimular exageros de consumo. Mas alguém determinado a beber além da conta não o fará por meio de diversas embalagens menores? Outro exemplo é a proibição, nos Estados Unidos, da oferta de bebidas açucaradas em máquinas de venda automática (vending machines) instaladas em escolas. O objetivo é proteger as crianças, bloqueando o acesso aos produtos apontados como nocivos para uma dieta adequada. Neste caso, a embalagem é culpada por causa de seu papel fundamental no marketing indireto. Não obstante sejam nobres as intenções daqueles por trás da interdição, as crianças têm outros meios de consumo, seja em casa ou fora dela. Podem, inclusive, levar o produto para a escola em suas lancheiras. Por qualquer métrica, bens de consumo embalados diferem quanto à forma de serem socialmente redentores. Mas quando se fala da venda de um produto, é papel da embalagem fornecer proteção, comunicação e conveniência, numa combinação que contribui para a força da marca e a lealdade do

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consumidor. Os órgãos de vigilância, “cães de guarda”, patrulheiros – chamem do que quiserem – também têm seus papéis. No entanto, tais funções não são cumpridas adequadamente quando culpa desproporcional é atribuída à embalagem, se o problema percebido reside mais no conteúdo. Isso não quer dizer que certas embalagens não sejam criticáveis. Um exemplo, aqui nos Estados Unidos, é um vinho coligado a um personagem de desenho animado bastante popular entre as crianças (inclusive entre as muito novas). O personagem não é apenas destacado no rótulo cor-de-rosa do produto, mas também aparece em um pingente enrolado em volta do gargalo da garrafa. Seria este um aceno ao consumo por meninas menores de idade?

Voltando à 9mm Vodka, seu inventor, Jim Denoon, presta um tributo à força de marketing das embalagens. No site do Indiegogo, ele explica que sua inspiração para a vodca em uma garrafa com formato de arma derivou de sua conclusão de que o mercado de destilados é caracterizado por “embalagens

Inventor da 9mm Vodka propõe a acomodação da embalagem de vidro numa maleta, ao lado de quatro copinhos com formato de pente de munição


não descritivas”. Sua conclusão é interessante e em desacordo com os diversos estudos de mercado que proclamam que o segmento de vodca tem se destacado na indústria de bebidas alcoólicas graças a embalagens de design inovador (inclusive premiadas). Opiniões diferentes à parte, Denoon provavelmente concorda com relatos de que, em geral, bebedores de vodca vendados dificilmente conseguiriam distinguir produtos, baseando suas compras na marca e na embalagem. Aliás, no ranking da importância dos componentes da bebida, Denoon descreve a embalagem como “a estrela do show”. Usando a frase “Preparar, apontar, fogo!” para representar pesquisa, segmentação e lançamento, respectivamente, talvez Denoon demonstre ineficácia naquele importantíssimo primeiro passo. Apesar de o criador da 9mm afirmar ter desenvolvido “uma das embalagens mais radicais já vistas na categoria de vodca”, já existem destilados vendidos em garrafas com formato de arma. Há uma tequila oferecida numa garrafa com shape de pistola. E há ainda a AK 47 Vodka, assim chamada porque sua garrafa imita aquele modelo de fuzil de assalto. Talvez Denoon saiba sobre outros destilados em garrafas com formato de arma e esteja apostando mais em variantes do que em singularidade estrita. Se o inventor planeja comercializar o produto on-line como um item de colecionador (que é como a AK 47 Vodka é vendida), sua aposta pode ser a de que existam aqueles que, como no caso de armas de fogo verdadeiras, queiram colecionar garrafas com formato de armas. Não é só a garrafa que compõe a embalagem da 9mm Vodka. A garrafa é acompanhada por quatro copos para “shots” (termo utilizado por Denoon em um jogo de palavras) na forma de pentes de munição. Garrafa e copos são acomodados individualmente em nichos de um forro de poliuretano, dentro de uma maleta de alumínio. A garrafa contém apenas 500 mililitros. É improvável que Denoon espere ganhar algum prêmio de sustentabilidade. De qualquer modo, ergo minha taça em saudação a Denoon por atribuir à embalagem um papel tão central em seu empreendimento. Duvido, no entanto, que sua iniciativa seja bem-sucedida, principalmente por causa do relógio. No momento da redação deste artigo, o Indigegogo informa que o projeto angariou 5 824 dólares, ante a meta de 45 000 dólares (Denoon diz que esse é o valor mínimo de que precisa para comercializar o produto), com apenas dezesseis dias restantes de figuração no site. Posso estar errado, é claro. Se em breve souber que a 9mm Vodka está disponível para compra, serei obrigado a exclamar: “Na mosca!”.

*Sterling Anthony é consultor especializado no uso estratégico de marketing, logística e embalagem. Seu site: www.pkgconsultant.com

Conteúdo publicado originalmente em Packaging World (www.packworld.com). Todos os direitos reservados.


Alimentos

A seleção em campo Coletânea de produtos conceituais inovadores quer mostrar ao mundo que o Brasil não é apenas um celeiro de commodities o time brasileiro está escalado e já começou a rodar o mundo. Ele é composto por treze produtos que integram a Seleção Brasileira de Alimentos (SBA), uma coleção inédita de conceitos desenvolvidos para revelar ao mundo uma nova faceta da indústria alimentícia brasileira e ampliar os negócios no exterior, aproveitando o momento de destaque do Brasil, capitalizado pela hospedagem iminente de eventos internacionais como a Copa do Mundo e a Olimpíada. O projeto foi criado pela agência de design de alimentos e bebidas Enivrance, e tem o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

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A SBA reúne conceitos de produtos desenvolvidos em conjunto com nove grandes players do setor no Brasil: Vinícola Aurora, Baggio Cafés, Bauducco, Globalbev, JBS, Maricota Alimentos, Seara, Ser Vida Alimentos e Weber Haus, além de dois chefs, David Hertz (social food) e Katia Barbosa (Rio Signature). Segundo Edouard Malbois, CEO da Enivrance, cada produto foi pensado para representar o que há de melhor no setor de alimentos e bebidas do Brasil para ser apresentado ao mercado externo, entre 2013 e 2014. A ideia é mostrar que o Brasil não é um país produtor apenas de commodities, mas que tem capacidade de exportar produtos

com valor agregado feitos com matérias-primas nacionais, como café, cachaça e carne. O objetivo é gerar novas oportunidades de exportação, ampliar a presença das marcas nacionais em países com grande potencial de consumo e fortalecer a imagem do segmento. As ações serão desenvolvidas em metrópoles internacionais estratégicas, como Paris, Londres, Colônia, Nova York, São Francisco, México, Tóquio, Xangai, Cingapura e Dubai, e também nas cidades brasileiras de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Todas receberão o projeto em feiras do setor alimentício e em eventos de relacionamento com a imprensa e compradores locais, em


uma turnê que durará até julho de 2014, quando o time volta ao Brasil para finalizar a viagem durante a Copa do Mundo. A estreia aconteceu em outubro em Colônia, na Alemanha, durante a Anuga, maior feira de alimentos do mundo. A produção para venda ao consumidor começa no início de 2014. A meta é fechar contrato com cadeias varejistas internacionais e em redes brasileiras.

“Cada companhia selecionada, independentemente do tamanho, compartilha o mesmo objetivo de retratar uma liderança criativa para o setor de alimentos do Brasil, usando inovação, branding e

comunicação como pilares fundamentais para o incremento da competitividade”, diz Malbois. O diretor de negócios internacionais da agência de design, Jacques Faure, diz que a agricultura brasileira carece de marcas. “Com esse trabalho é possível posicionar o Brasil como um importante ator no universo das marcas de produtos alimentícios”. A ideia, afirma o executivo, é agregar valor e criar experiências de consumo ligadas ao Brasil. Segundo Malbois, para o desenvolvimento de cada produto e da sua respectiva embalagem, foi aplicada uma metodologia de design thinking, considerando as ten-

dências mundiais de consumo de alimentos, alinhada à história de cada empresa e ao estilo de vida brasileiro. A Givaudan Aromas atuou na Seleção Brasileira de Alimentos como flavour coach. Nessa condição, a empresa traz sua experiência global e local no entendimento do consumidor por meio de análise sensorial e desenvolvimento de aplicações e assim poder criar sabores exclusivos e inovadores que atendam às expectativas do mercado. O projeto consumiu 5,6 milhões de reais em investimentos, divididos entre a Enivrance, as empresas participantes e a Apex. O processo de criação levou um ano.

Os selecionados 1) CWD (Carbonated Wine Drink), vinho frisante em garrafa long neck da Aurora; 2) Rio Style, pizza marguerita da Ser Vida com o design que homenageia o calçadão de Copacabana; 3) Happy Hour, café torrado com cachaça da Baggio Cafés; 4) Trail Bites, cubos de carne suína cobertos por sementes e frutas secas, da Seara; 5) Hype Flakes, chips de frango assado com cereais da Seara; 6) Pure Taste, suco de açaí da Amazoo Açaí com 70% de concentração da fruta; 7) Barbecue Gems, cortes selecionados de picanha da Friboi; 8) Alchemy, cachaça orgânica premium da Weber Haus; 9) Dessert Time, minicubos de waffer recheados com cheesecake, brownie e torta de limão, da Bauducco; 10) I Love Classics, sticks de carne bovina com sabor de pizza da Swift; 11) Romeo e Juliet, pão de queijo com queijo e goiabada, em formato de donut, produzido pela Maricota Alimentos; além do 12) Beer Best Friend, macaron salgado, recheado com carne seca, da chef Katia Barbosa; e 13) Communities, pão com frutas secas e nozes do chef David Hertz.

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Artigo

Doze fatores a considerar Existem grandes expectativas e muitos debates acerca da impressão digital de embalagens. Use estes pontos de reflexão para avaliar suas oportunidades Por Ron Romanik*

Pode

ser

difícil

entender todo o hype em torno da impressão digital, uma vez que sua difusão real do mercado de embalagem, em termos percen-

1) TIRAGEM A impressão digital está crescendo em mercados que exigem rótulos especiais atualizados com frequência, como os de vinhos e cervejas artesanais. Pequenas marcas ou marcas com muitos SKUs são as que mais se beneficiam com o sistema. Os curtos tempos de troca e a redução de desperdícios de material podem tornar o digital uma opção economicamente vantajosa. As tiragens costumam ser maiores quando a motivação é preço, e menores se o fator considerado é velocidade.

tuais, ainda é pequena. O sucesso inicial se deu na impressão de rótulos para produtos alimentícios e bebidas, mas a tecnologia está pronta para se deslocar para

outras categorias e outras aplicações em packaging, tais como a impressão de cartuchos de papel cartão e invólucros flexíveis. É importante planejar com antece-

dência e pensar em todos os fatores que merecem consideração quando se cogita abraçar o digital. Eis os doze principais pontos de atenção:

2) Speed to market

3) O custo dos materiais

4) O custo do tempo

Métodos de impressão tradicionais, como flexografia, rotogravura e offset, por vezes demandam semanas para o preparo das chapas ou bobinas e para aprontar a impressora. Hoje em dia, seja por mau planejamento ou por busca de uma vantagem competitiva, fabricantes de bens não duráveis não podem esperar mais do que alguns dias para introduzir novos designs no mercado – especialmente quando eles se referem a campanhas sazonais ou promocionais.

* Ron Romanik é editor contribuinte da revista Packaging World.

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De certa forma, comparar impressão digital com flexografia, por exemplo, é como comparar maçãs com laranjas. Contudo, uma análise cuidadosa de todos os números revela onde reduções de custos podem ser alcançadas. Verifique primeiro o custo dos materiais, e depois compare os custos totais. Desperdícios, como já mencionado, são um fator importante na avaliação de custos de impressão em longo prazo. Tiragens excedentes normalmente ocorrem menos com o digital, e, com as exigências dos consumidores e varejistas em constante mudança, rótulos estocados podem se tornar obsoletos, gerando perdas substanciais para serem absorvidas.

A equação de custo de tempo, tanto de curto prazo quanto de longo prazo, é cada vez mais determinante. O fator limitante em qualquer cadeia produtiva pode congestionar os processos de design e gerenciamento de forma imperceptível. É difícil se concentrar intensamente no próximo projeto quando o atual está em espera ou entalado na pré-impressão.


5) Variabilidade de SKUs

6) Presença internacional

7) Oportunidades de promoção

Empresas de bebidas com muitas variedades de sabor, opções diet e linhas com atributos funcionais podem sentir os benefícios da impressão localizada, sob demanda. Mas, mesmo sem muitos SKUs, muitos proprietários de marcas emergentes estão introduzindo múltiplos designs para um mesmo SKU. Um fabricante de vinhos, por exemplo, colocou no mercado uma caixa com doze garrafas decoradas com doze diferentes modelos de rótulo, ainda que alinhados a um mesmo tema.

Mesmo que expansões internacionais estejam apenas no horizonte, vale a pena refletir sobre planos de impressão de longo prazo. Requisitos de línguas estrangeiras nas embalagens continuam a avançar e a se tornar mais específicos. O digital é uma solução conveniente para quaisquer marcas nacionais em expansão para mercados internacionais, porque até mesmo grandes players por vezes têm de começar com pequenos volumes. Embalagens multilíngues bem desenhadas e bem produzidas passam a sensação de comprometimento com o mercado.

Dois exemplos mostram como a impressão digital tem sido utilizada em projetos de interação com o consumidor. Na Europa, a Heineken executou diversas campanhas que permitem aos consumidores encomendar seis caixas de cerveja, através do correio, que chegam com seus próprios designs pessoais. Nos Estados Unidos, a Jones Soda utiliza em seus produtos somente designs de rótulos apresentados por consumidores. Fãs enviam fotos, e a Jones decide qual usar em ampla distribuição.

9) Conforto com o seu fornecedor de impressão Certifique-se que o seu fornecedor de impressão é experiente em tintas de impressão digital. A química das tintas digitais pode ser complicada por causa da maneira que as tintas aderem ao substrato. Substratos diferentes têm diferentes “tensões superficiais” quanto à energia da transferência da tinta, a adesão do material e o tratamento pós-impressão.

10) Flexibilidade do convertedor

11) Correspondência de cores entre substratos

Planeje com antecedência. Tornou-se comum começar a imprimir em digital e, com o aumento dos volumes, migrar para a impressão flexográfica. Às vezes o digital é utilizado em tiragens para testes, em provas ou como um suplemento contínuo para flexografia. Informe ao convertedor qual é sua expectativa sobre as práticas dele. Certifique-se de que ele garanta uma substituição perfeita com cópias de prova e amostras de corrida de produção.

Esteja ciente de que nem sempre é fácil combinar o que foi produzido digitalmente com um processo diferente em diferentes substratos, como filmes flexíveis ou papel cartão. É por isso que alguns convertedores farão um teste “suavizado” em digital para mostrar o que é possível em outras impressoras. O digital em substratos flexíveis tem limitações que incluem larguras de banda limitadas, prazos para laminação (24 horas) e tiragens mínimas maiores.

8) Efeitos high-end A impressão digital não permite tanta capacidade de expansão para o acréscimo de efeitos, relevos ou cortes especiais em linha. No entanto, mais e mais proprietários de marcas estão testando a eficiência de custos das “impressões combinadas”, que submetem o substrato da embalagem a dois ciclos de impressão distintos.

12) Custos ocultos potenciais Um dos benefícios comumente atribuídos à impressão digital é a economia com investimentos iniciais muitas vezes necessários em outros métodos. Espere sempre e exija uma extensa análise de cada projeto, comparações entre maçãs e laranjas e, sobretudo, transparência dos processos de seu convertedor.

Conteúdo publicado originalmente em Packaging World (www.packworld.com). Todos os direitos reservados.

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

SNACKS

Milho chique Pipoca pronta e com apelo gourmet. É essa a proposta da Pipó, marca criada pelos empresários Adriana Lotaif e Fernando Nazareth. O produto chega ao mercado em seis sabores (Lemon Pepper; Trufa Branca; Curry & Mostarda; Canela Cristalizada; Caramelo & Flor de Sal; e Caramelo, Coco & Noz Pecan), em porções variadas acondicionadas em latas de aço cilíndricas. As embalagens têm tampa plástica e são envolvidas por rótulos autoadesivos impressos digitalmente, em que se destacam estampas coloridas. “O produto é charmoso e pode até ser usado como elemento de decoração”, afirma Fernando Nazareth. emb.bz/170pipoca

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Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br



Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

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PANIFICADOS

CERVEJAS

Lanche renovado

Pioneira em Megalata 2

1

Os pães para lanches Pullman, do Grupo Bimbo, ganharam novas fórmulas e embalagens. Já cortados ao meio, para comodidade do consumidor, os pães Hot Dog, Hambúrguer e Hambúrguer com Gergelim são oferecidos em sacos de polietileno contendo oito unidades. emb.bz/170pullman 2

A cerveja Germânia 55 é a primeira do Brasil a ser oferecida em latas de alumínio com capacidade para 710 mililitros. O lançamento é fruto de uma parceria. A fabricante de chope Germânia produz a bebida, enquanto a New Age cuida do envase e da distribuição. emb.bz/170germania

Antes . . .

REFRESCOS

Agora com tampinha A Ducoco incrementou a caixinha de 330 mililitros de sua água de coco. A embalagem ganhou tampa de rosca, em substituição a um selo-tampa. O novo fechamento garantiria conforto e melhor fluxo de vazão, evitando que o líquido espirre e derrame durante o consumo. emb.bz/170ducoco

. . . e depois

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CAFÉS

ÁGUAS

Para tomar sentado 3

água da petrópolis

A cafeteria Sofá Café lança sua linha de marca própria “Cafés de Sofá”. As cinco variedades – Conforto, Ventura, Melado, Cult e Super Especial – são acondicionadas em cartuchos de papel cartão iguais. O que muda é a decoração: rótulos e lacres têm cores diferentes em cada versão. emb.bz/170sofa

Mais conhecido pela atuação em cervejas, detendo marcas como Itaipava e Crystal, o Grupo Petrópolis ingressa no mercado de águas com Petra. O produto está disponível em versões com e sem gás, em garrafas de 330 mililitros, 510 mililitros e 1,5 litro. emb.bz/170petra

4

4


5

7 6

ATOMATADOS

BEBIDAS

Aniversário do elefante

Força da soja

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Para celebrar os 70 anos do extrato de tomate Elefante, a Cargill lançou duas opções de estampas comemorativas para as embalagens do produto. As artes podem ser vistas em latas de aço de 340 gramas e de 130 gramas. emb.bz/170elefante

Bebidas 6

As bebidas à base de soja AdeS, da Unilever, ganharam nova identidade visual. Uma novidade é o selo Soy Force, que procura transmitir o valor nutricional do produto e aumentar o valor percebido. emb.bz/170ades

Novo fogo e ice com cana

7

Signature é a nova versão do licor Fogo Paulista, da Dubar. Acrescida de açaí e guaraná, a bebida é acondicionada em garrafa de vidro com 960 mililitros. Outra novidade da empresa é o Absinto Lautrec Ice. As garrafas de vidro de 275 mililitros são acondicionadas em caixas de papelão produzidas com fibras de bagaço de cana. emb.bz/170dubar


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

5

1

COSMÉTICOS

CERVEJAS

BABY FOOD

Kit do Mickey

Limãozinho na cerveja 2

gostinho de iogurte

Cerveja com suco de limão. Essa é a aposta da Heineken com a Kaiser Radler. A bebida está disponível em latas de 350 mililitros e em garrafas long neck de vidro verde, contendo 355 mililitros. emb.bz/170limao

Potinhos de vidro com capacidade para 120 gramas apresentam uma novidade da Nestlé: Yogo, linha de papinhas para bebês com sabor de iogurte. A distribuição dispensa refrigeração. emb.bz/170yogo

1

Versões retrô de Mickey e Minnie estrelam novos produtos de higiene da Biotropic para o público infanto-juvenil. Xampu, condicionador e xampu 2 em 1 são acondicionados em frascos pretos de 250 mililitros cujo formato alude às orelhinhas do casal de ratinhos da Disney. Os produtos são vendidos somente em kits com duas unidades. emb.bz/170mickey

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LEITES

Premium da Crioulo

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3

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4

A indústria de alimentos Latco lança os leites premium Crioulo, acondicionados em embalagens longa vida de 1 litro com tampa de rosca. A novidade surge nas versões integral e desnatado. emb.bz/170crioulo

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CERVEJAS

PET care

Tributo à história 5

Contra infestações

SNACKS

A Brasil Kirin apresenta a edição especial da cerveja Eisenbahn. Trata-se da Coleção Eisenbahn Agradece, em lata de 473 mililitros. São seis rótulos que apresentam, de forma bem humorada e explicativa, momentos importantes na história da cerveja. emb.bz/170eisenbahn

A Merial apresenta Frontline Combo Solutions, produto para tratamento de infestações de pulgas e carrapatos em cães e gatos. São quatro soluções diferentes, baseadas na necessidade de cada animal. Os produtos são acondicionados em cartuchos de papel cartão. emb.bz/170pets

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6

Fantasmas à solta 7 Inspirada no Dia das Bruxas, comemorado em 31 de outubro, a Inspire (LA Food) lança o Chips Fantasminhas. O salgadinho, que tem formatos de fantasminhas e morceguinhos, é oferecido em flow packs de 19 gramas e de 40 gramas. emb.bz/170halloween


Almanaque Refrigerante restaurador “Tonico dos velhos e tonico dos moços. Bebida dos sãos e bebida dos convalescentes. Formula do eminente Chimico, Professor PEDRO BAPTISTA DE ANDRADE, analysada pelo Laboratorio do Estado e approvada pelo Serviço Sanitario.” Esse é um trecho de um reclame que circulava nos jornais do Brasil em 1921, anunciando a chegada ao mercado de um novo elixir, de superioridade patente por ser formulado com guaraná, pacová e fermiato de sódio. O remédio, anunciado pela Companhia Antarctica Paulista, era o Guaraná Champagne, “a última novidade em bebida sem álcool” – ou um mero refrigerante, como o produto mais tarde se consagraria.

Não era o Primavera Fundada em 1961 como produtora de papéis manilha e kraft para embalagens, a Manikraft viu os negócios crescerem após a entrada no negócio de papel higiênico. O Primavera, lançado em 1969, foi o primeiro no Brasil a ter comercial na tevê. O filme e seu jingle, com a “Menina Primavera”, mascote da marca, ficaram no ar por anos a fio. Outro pioneirismo foi o tom cor-de-rosa do produto, substituído nos anos 90 pelo branco. Segundo a Manikraft, “inúmeras empresas passaram a fabricar papel higiênico de péssima qualidade” naquela cor, prejudicando sua imagem. Para a fabricante, quem diz que Primavera róseo era ruim, “com certeza” o faz por confusão com outra marca. Veja a propaganda em emb.bz/170primavera

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Arte nas caixinhas Caixas de fósforo são todas iguais no formato. Só muda o rótulo. É aí que entra a criatividade. As caixinhas dos “fósforos de segurança”, entretanto, mostram costumes de locais e de épocas diferentes no mundo inteiro. Ilustrações e fotos

dos mais diversos estilos ganham status de obras de arte na parte frontal dessas pequenas embalagens. Aqui, alguns exemplos da arte estampada nos rótulos. Veja mais em emb.bz/170fosforos


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