EmbalagemMarca 173

Page 1

n ci ad o ra do App gr ui at to

Ano XV • Nº 173 • Janeiro 2014 • R$ 15,00

o tr Pa

entrevista

Rodrigo Silva, da Sika, fala do cuidado com embalagens no mercado de materiais de construção

alimentos

Novas tecnologias aumentam a proteção de produtos frescos e facilitam o preparo de refeições semiprontas

Bons vinhos no horizonte Inovação e ênfase na sustentabilidade, palavras de ordem na produção vinícola mundial, tendem a se impor no Brasil, contribuindo para a melhoria do produto nacional e abrindo oportunidades para o setor de embalagem



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Nem mundo rosa nem naufrágio Provavelmente como fazem todas as pessoas e empresas, andamos tecendo planos e alimentando expectativas para este ano, já mais agitado que de costume em começos de períodos. Como convém no Brasil, na ocasião evitamos tomar emprestados os óculos do Doutor Pangloss, por cujas lentes aquele personagem de Voltaire via o melhor dos mundos nas misérias que o cercavam. enxergamos o mundo como se fosse rosa, mas não chegamos ao extremo de considerar, como parece querer fazer crer o noticiário do dia-a-dia, que o País está rumando para o naufrágio. Preferimos acreditar que o futuro próximo, mais especificamente o ano em andamento, abre boas perspectivas para os negócios. Nota-se, por exemplo, que o principal evento esportivo do ano, a Copa do Mundo de Futebol, já estimulou grande variedade de iniciativas, a começar por promoções virtuais. No que se refere ao campo de nossa atuação, a cadeia de valor da embalagem, vislumbra-se forte potencial de intensificação de novidades, para não se dizer de inovações, para os dias que vão de agora até quando a bola começar e continuar a rolar. Temos informações, que terão de ser preservadas até que os donos das iniciativas liberem sua divulgação, de que nas mais variadas categorias de produtos de consumo haverá notável número de lançamentos. Por ora podemos dizer que serão vistas coisas realmente criativas. Apesar de haver setores que atravessam momentos difíceis, há indicadores – e resultados – positivos em vários

outros, e seria enfadonho lembrar o exemplo da área de perfumaria, cosméticos e artigos de cuidados pessoais, que há vários anos avança no ritmo dos dois dígitos. Ou o segmento de iogurtes, praticamente uma comodity que no entanto se renova sem parar. Entre tantos outros exemplos que poderiam ser citados, tivemos oportunidade de observar, durante cobertura de uma feira voltada para o universo vinícola no exterior, que no Brasil esse setor vem aprimorando a qualidade de sua produção e procurando aprofundar seus conhecimentos, além de investir mais em equipamentos e em embalagens. O fato é que se prevê uma contínua elevação do consumo interno e até das exportações da bebida. E veja-se o que acontece no quadro das embalagens para a construção civil, retratado em entrevista concedida por Rodrigo Silva, coordenador de marketing da empresa suíça Sika Brasil, ao editor executivo Guilherme Kamio (pág. 22). Isso tudo diz respeito mais diretamente à banda do consumo, cuja intensificação é sempre bem vinda. Mas o ano começou também com o surgimento de uma ou outra notícia positiva no lado dos investimentos, privados e estatais, que não cabe aqui analisar. Basta registrar que, se se concretizarem, 2014 poderá ser um ano muito bom. Até fevereiro.

WILSON PALHARES

“A Copa do Mundo já estimulou grande variedade de iniciativas. Na área da embalagem, vislumbra-se forte potencial de intensificação de novidades, para não dizer de inovações”

Janeiro 2014 |

3


Edição 173 • Janeiro 2014

Sumário

Reportagem de capa:

3 Editorial Com a Copa do Mundo, vislumbra-se forte potencial de intensificação de novidades na área de embalagens

Interesse do setor vinícola por inovação cresce no mundo e também no Brasil, onde crescem as vendas de vinhos. Setor de embalagens responde à demanda com novas soluções

6 Painel Pela primeira vez, uso de tampas plásticas supera o de fechamentos metálicos no mercado global de bebidas • Recipiente termoformado é alternativa para blisters • Entidade de classe faz campanha para valorizar atributos do vidro

Compasso de evolução

Por Wilson Palhares

21 Cachaças Pitú entra no mercado premium com a cachaça Vitoriosa, oferecida em garrafa trazida da França

10 6

21

22 Entrevista Rodrigo Silva, coordenador de marketing da Silka Brasil, diz que o cuidado com a apresentação dos produtos é uma das chaves do sucesso da empresa no mercado de aditivos para concreto e impermeabilizantes

26 Artigo Duas novidades em embalagens de vanguarda, capazes de melhorar a experiência de consumo dos alimentos Por Pat Reynolds 28 Sucos Sucos brasileiros comercializados na Alemanha exibem garrafas especiais, inspiradas no formato de frutas

22 29

26 34

29 Display Laboratório Baldacci altera layout e dimensão de embalagens • Mondelez apresenta Big Bis • Panvel lança embalagens “verdes” • Dado Bier aposta no superlatão • Corinthians estampa embalagem de café 34 Almanaque Biscoitos Globo, um dos símbolos do Rio de Janeiro, nunca mudaram de embalagem • A primeira embalagem a vácuo de café • Toddynho, símbolo de achocolatado pronto • Soda, champagne que virou limonada

Empresas que anunciam nesta edição Baumgarten...............................................................18 e 19 Catuaí.................................................................................. 25 Cerviflan.................................................................... 4ª capa Congraf..................................................................................7 Grandes Cases.................................................................. 33 Indexflex.................................................................................5

Interpack..............................................................................17 MLC.......................................................................................31 Novelprint........................................................................... 23 Owens-Illinois.....................................................................13 Prakolar......................................................................2ª capa Rigesa...................................................................................15

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br • Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: Karin Trojan | karin@embalagemmarca.com.br • Wagner Ferreira | wagner@embalagemmarca. com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br • Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br • Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas (assinatura anual R$ 150): assinaturas@embalagemmarca.com.br

Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Carneiro da Cunha, 1192 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br

Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

FECHAMENTOS

Supremacia quebrada Pela primeira vez, uso de tampas de plástico supera o de fechamentos de metal no mercado mundial de bebidas

6 | Janeiro 2014

disso com suas propriedades intrínsecas de aliviamento de peso e seu forte potencial para inovação. Além de proporcionarem poupanças em matéria-prima e energia, eles também atendem ao clamor por produtos mais sustentáveis.” O contexto tem favorecido o desenvolvimento de inovações como as tampas plásticas para latas. Elas permitem a resselagem da embalagem e, com isso, o consumo paulatino do conteúdo – conveniência não oferecida pelos fechamentos metálicos tradicionais, ba-

Queda e ascensão Participação de tipos de tampa no mercado mundial de bebidas oscilou nos últimos anos 2007

2013

Metal

51%

48%

Plástico

46%

49%

Fonte: Canadean | janeiro 2014

Uma hegemonia histórica no campo da embalagem acaba de ser quebrada. Segundo um levantamento da consultoria Canadean, o ano de 2013 foi o primeiro em que se registrou, no mercado mundial de bebidas, um uso de tampas de plástico maior do que o de tampas metálicas. Estas teriam registrado no período 48% de participação no consumo global de fechamentos para bebidas, enquanto aquelas teriam abocanhado 49% do market share no mesmo exercício. Cinco anos atrás, os vedantes de metal, como tampas crown e tampas de rosca feitas de alumínio, respondiam por 51% do mercado. Para a Canadean, o avanço das soluções de plástico deve-se fundamentalmente ao maior interesse dos engarrafadores por embalagens mais leves, baratas e de apelo inovador. “Nos últimos anos, o revés econômico estimulou um foco na economia de materiais e de custos na indústria de bebidas, incentivando a adoção de fechamentos que exijam adaptações mínimas em tecnologias instaladas”, afirma a consultoria. “Fechamentos plásticos beneficiaram-se

seados em anéis para alavancar linguetas. Uma solução do tipo, desenvolvida na Alemanha, foi adotada no final do ano passado, no Brasil, pelo energético Vulcano Energy Drink (ver EmbalagemMarca nº 171, novembro de 2013). A Canadean aposta que a mudança de cenáInovações, como a rio veio para ficar. A em- adotada pelo Vulcano, presa prevê que a parti- podem consolidar mudança de cenário cipação das tampas de plástico na indústria de bebidas alcance 52% em 2017, e que a distância pode aumentar dali em diante. “É a grande flexibilidade dos plásticos de se adaptar às novas exigências do mercado de fechamentos que lhe dá essa vantagem em curso”, afirma Dominic Cakebread, diretor de serviços de embalagem na Canadean.



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

CELULÓSICAS

Alternativa aos blisters O hangpack é um novo modelo de embalagem que a Baumgarten passa a oferecer no Brasil para o acondicionamento de produtos secos. Trata-se, basicamente, de um recipiente termoformado de papel cartão que incorpora, numa aba prolongada, uma furação para expo-

sição em gancheiras. Segundo a fornecedora, a novidade é uma alternativa de menor impacto ambiental aos blisters de plástico, por ser composta por matérias-primas de fontes renováveis certificadas, além de biodegradáveis. Os hangpacks apresentariam resistência ao rasgo e proporcionariam resultado visual diferenciado, graças à possibilidade de impressão sobre toda a sua extensão.

GENTE

Na direção executiva

Solução de papel cartão incorpora furação para exposição em gancheiras

A Novatack, empresa de rótulos autoadesivos sediada em Mogi Mirim (SP), contratou Mauro Alves para ocupar o recém-criado posto de diretor executivo. O profissional tem vasta experiência no setor, registrando passagens por empresas como Baumgarten, CCL Label, Avery Dennison e Flexcoat. Trabalhou também na Amortecedores Monroe e na Eletrometal Metais Especiais. Na nova empresa, será responsável pela operação comercial e pelo planejamento estratégico.

VIDRO

Campanha em cartaz Em cartaz na tevê aberta brasileira desde o final de novembro, um novo comercial fala sobre atributos do vidro e o uso adequado das embalagens feitas do material. O filme, de 30 segundos, é estrelado pela atriz Débora Bloch. Criado pela agência Ogilvy Rio, ele integra uma nova campanha educativa da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), batizada de “Vidro. Use certo. Use sempre”. A iniciativa também conta com uma página na internet (www.epuroevidro.com.br), que reúne informações sobre as características do vidro e o descarte adequado do material. emb.bz/173vidro

8 | Janeiro 2014

PAPÉIS

Fusão consolidada No início de dezembro último, a finlandesa Ahlstrom anunciou a conclusão do processo de incorporação de sua área de negócios Label and Processing - Coated Specialties (papéis especiais para rótulos) pela sueca Munksjö. A ação, que abrange a transferência para a Munksjö de todos os ativos da fábrica que a Ahlstrom possui em Jacareí (SP), foi o último passo no processo de junção mundial de negócios em papéis para rótulos entre as companhias. As implicações para o Brasil haviam sido aprovadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em maio de 2013.


Antes… númeroS

1,5 milhão de toneladas

Ajuste na identidade A Litografia Bandeirantes adotou novo nome: Litoband Indústria Gráfica. A mudança visa facilitar a identificação da empresa em mídias impressas e eletrônicas. Em atividade há quase cinquenta anos, a Litoband é dona de um parque gráfico com mais de 8 000 metros quadrados em Jundiaí (SP). Seus principais produtos são cartuchos e caixas de papel cartão e rótulos de papel, para aplicação com cola. O ajuste do logotipo foi feito pelo próprio departamento de marketing da empresa.

Foi o consumo de placas e chapas de alumínio para o uso em construção civil, embalagens e transporte no Brasil em 2013. Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), as vendas de chapas, utilizadas para a produção de embalagens, registrou crescimento de 9,2% ante o desempenho de 2012.

100

É o número de empresas e instituições em geral que já participam do Save Food – programa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) que visa combater o desperdício mundial de alimentos por meio da comunicação e do aprimoramento de processos, entre eles os de acondicionamento. A marca foi obtida com o ingresso da Nestlé.

…e depois FLEXÍVEIS

União de atividades Duas importantes provedoras de soluções em embalagem, a americana Scholle Corporation e a holandesa IPN (Innovative Packaging Network), anunciaram ter chegado a um acordo para combinar suas atividades. A fusão formará uma nova empresa de competências variadas, empregando mais de 2 000 pessoas distribuídas por fábricas e escritórios localizados na América do Norte, Europa, Austrália, América La-

tina, China e Índia. A IPN é conhecida pela produção de componentes para embalagens flexíveis, entre eles conectores, bicos e válvulas diversas para pouches e bag-in-box (bolsa plástica com bocal envolvida por uma caixa de papelão ondulado). A Scholle, por sua vez, é referência no fornecimento de sistemas para bag-in-box, incluindo embalagens e máquinas de envase. A empresa possui filial no Brasil, situada em Vinhedo (SP).

Janeiro 2014 |

9


Reportagem de capa

Perspectivas de melhoria O interesse por inovação e sustentabilidade no setor vinícola se intensifica nos países produtores e estimula a inovação tecnológica, como mostrado na Simei. No Brasil, onde o consumo vem crescendo, enquanto melhora a qualidade dos vinhos, podem se abrir boas oportunidades para a cadeia da embalagem Por Wilson Palhares, de Milão

Confirmando o

lugar-comum de que dificuldades de mercado costumam estimular a criatividade, uma das características mais destacadas da Simei-Enovitis 2013, realizada no espaço Fiera Milano Rho, em Milão, na Itália, em novembro último, foi a inovação tecnológica, com expectativa de que sua intensificação resulte em bons resultados mercadológicos para o mundo do vinho. Entre brasileiros ouvidos por EmbalagemMarca presentes à feira, voltada para a produção, o processamento de uva e de azeitona e o envase e rotulagem de vinhos e azeites, foi consensual uma opinião: parte das inovações apresentadas terá de ser introduzida no Brasil com mais

Equipamentos automáticos predominaram na exposição

Destaques na feira Dentre as várias inovações significativas apresentadas na Simei, EmbalagemMarca destaca aqui as que considerou mais interessantes do ponto de vista restrito ao processo de embalagem. Mesmo assim, praticamente não são consideradas nesta cobertura apresentações de rotulagem, por exemplo, já que a maioria dos muitos estandes que expunham produtos e máquinas para aplicação não ofereciam o que se diferenciasse de forma notável daquilo que está disponível no Brasil.

10 | Janeiro 2014

COM UM PÉ NO BRASIL – Na parte de fechamentos, a americana Normacorc destacou-se com a rolha sintética Select Bio, alardeada como “a primeira tampa de vinho no mundo sem pegada de carbono”. Obtida a partir de cana-de-açúcar, mais precisamente do vegetal cultivado no Brasil – “de forma socialmente responsável” – e transformado em polímero “verde” pela Braskem, foi uma das vedetes do evento, graças a seus apelos de neutralidade organoléptica, de total reciclabilidade e por ser produzida com matéria-prima vinda de fonte 100% renovável


O avanço do produto nacional 2009

2010

2011

2012

2013 (até nov)

De mesa

203.257.042

195.157.938

210.995.819

189.398.352

194.439.145

Viníferas

18.413.826

16.861.047

17.292.783

17.809.486

18.959.289

Espumantes

26.456.302

28.177.606

29.940.781

30.827.885

32.982.575

intensidade do que já ocorre. Nesse panorama, podem ser vislumbradas boas oportunidades de negócios para o setor vinícola brasileiro, que reconhecidamente vem se aprimorando. Consequentemente, abrem-se boas perspectivas para fornecedores locais de equipamentos, embalagens e insumos em geral direcionados àquele setor.

Ao comemorar seu cinquentenário de fundação com esta que foi sua 25ª edição bienal da feira, considerada a maior do mundo na área, sua organizadora, a Unione Italiana Vini, focou o evento na sustentabilidade. Segundo Domenico Zonin, presidente da entidade, “os consumidores estão

cada vez mais atentos ao meio ambiente e à sustentabilidade, e isso se reflete em maior rigor na escolha dos produtos e na necessidade de aperfeiçoamento dos processos, dos equipamentos e dos complementos utilizados ao longo de toda a cadeia produtiva, do solo à mesa”. A propósito, a afirmação de Zonin pôde ser comprovada na cerimônia de entrega dos troféus a 23 trabalhos ganhadores do prêmio Innovation Challenge Lucio Mastroberardino, título dado em homenagem ao presidente anterior da UVI, falecido no ano que passou. Em harmonia com o panorama de retração por que passa a economia global – no qual registra-se paradoxal aumento do consumo de vinho em

ADEUS ÀS GAIOLAS – Na mesma área, porém com foco em espumantes, as italianas Nortan e Ametrin apresentaram o sistema String, para aplicação de uma tampa de cortiça desenvolvida em conjunto e que visa à substituição das tradicionais rolhas protuberantes, presas com gaiolas de arame às garrafas. Em tese mais econômico, o sistema consiste num anel de polietileno de baixa densidade (PEBD) e de dois cordões de poliestireno trançados. O anel é dotado de um sistema que permite sua adaptação perfeita à garrafa, deixando firmes os cordões que prendem a rolha e garantindo fechamento seguro. Para abrir é necessário o uso de saca-rolhas.

Fonte: Ibravin/MAPA/Seappa-RS – dez/2013

Comercialização por tipos de vinho produzidos no Rio Grande do Sul; em litros

anos recentes, sobretudo nos Estados Unidos e na China – boa parte dos produtos, equipamentos e complementos, como sistemas de rotulagem e de fechamento, se destacou, na premiação e nos estandes da feira, por atender necessidades cada vez mais prementes da indústria vinícola. As palavras-chaves dessa tendência são de certa

UMA IMPRESSÃO DIGITAL – Contra violações e falsificações, o sistema Idcork, da Brentapack, baseia-se na utilização das rolhas de cortiça, cada uma das quais tem características únicas e não reproduzíveis – sua “impressão digital”. Antes de ser colocada na garrafa cada rolha é impressa com um código correspondente a suas particularidades e cadastrada num site (www.idcork.com). Com um aplicativo de Smartphone é possível obter informações específicas sobre a rolha (autenticidade, área e procedência, características técnicas, confecção) e sobre o vinho, como suas propriedades e dados de origem. Janeiro 2014 |

11


Acompanhamento garrafa a garrafa

forma complementares entre si: sustentabilidade, segurança, rastreabilidade e automação de processos.

Para quem produz no Brasil, onde o consumo também cresce expressivamente, tanto em vinhos de mesa quanto em finos e espumantes, as novidades sem dúvida soam atraentes. No entanto, numa queixa generalizada dos que foram ouvidos durante a Simei, elas esbarram na discrepância entre os valores de compra e a disponibilidade de capital, além do pesado ônus – isto é, taxas e impostos – da internação de equipamentos e de produtos. Em conversas informais, produtores brasileiros consideravam a hipótese de o abastecimento com artigos nacionais vir a se tornar mais convidativo ante a cotação do real em patamar mais elevado do que naquele momento. “O pessoal está esperando para ver”, disse a EmbalagemMarca o dono de uma vinícola de porte médio situada no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, que prefere não abrir sua identidade. “Até chegar ao

PRESSÃO NO SMARTPHONE – O também italiano grupo AEB mostrou uma tecnologia voltada para o acompanhamento de pressão de fermentação de vinhos nas garrafas. Batisado de WiFi-Cork, o aparato detecta a pressão interna do recipiente sem necessidade de retirar a cápsula. Segundo o fabricante, o processo pode ser monitorado constantemente e administrado por meio de um computador pessoal, de um tablete ou mesmo de um Smartphone, graças a um servidor dedicado, em computação em nuvem.

12 | Janeiro 2014

Brasil muita coisa pode mudar.” Essa espera se dá num quadro favorável para o setor, pois vêm crescendo expressivamente no País a produção (concentrada praticamente no Rio Grande do Sul, que responde por cerca de 90% do total, estimado em 500 milhões de litros por ano) e o consumo de vinhos, de mesa, finos e, mais ainda, de espumantes (ver tabela). Ainda assim, parece estar distante, em curto prazo, a possibilidade de aqueles obtidos de uvas viníferas virem a substituir o consumo de vinhos de mesa. Estes respondem hoje por 80% do volume comercializado e ganham novos adeptos, na esteira de perceptível mudança dos hábitos de beber dos brasileiros. Seu consumo é estimulado também pela incorporação de contingentes de novos consumidores, pertencentes à chamada nova classe média. Vale dizer que as perspectivas parecem ser boas para todos, já que, se o bolo cresce, as fatias podem crescer em alguma proporção. Segundo previsão do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibra-

Nas cada vez mais intensas referências à sustentabilidade, para a indústria do vinho o tema se insere sobretudo na cadeia de distribuição. “A tendência atual é apostar na identificação por radiofrequência como forma de acompanhar e controlar o produto desde a produção até a chegada à mesa do consumidor”, diz João Carlos de Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Automação – GS1 Brasil. Segundo ele, devido ao constante crescimento de produção local da bebida, não deve demorar a chegar ao Brasil projeto-piloto naquele sentido, atualmente sendo desenvolvido pelas GS1

Itália e GS1 Hong Kong. No sistema em desenvolvimento, as garrafas de vinho serão identificadas com um EPC, sigla em inglês para Código Eletrônico de Produto, também chamado de etiqueta inteligente. “Com o aumento da apreciação do vinho, o mercado mundial de vinho mudou muito, inclusive no Brasil, e é cada vez mais indispensável ter visibilidade em toda a cadeia de abastecimento, para melhorar a eficiência e melhorar a qualidade do produto”, destaca Oliveira. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o GS1 informa que o sistema está em fase de implantação em “algumas vinícolas”.

vin), até 2016 o consumo da bebida deve aumentar em torno de 30%, fortalecendo um mercado que movimenta mais de 1,2 bilhão de reais somente em rótulos nacionais. Isso apesar de os vinhos nacionais finos competirem em desvantagem de preço com importados da Argentina, do Chile e, em quantidades menores, porém não menos significativas, da África do Sul e da Austrália. Mas, para contrabalançar as queixas dos produtores quanto à alta carga tributária e aos elevados custos



financeiros e de insumos, o setor vinícola festejou a recente alta da cotação do dólar. Ao agravar as importações de vinhos, que recuaram 9,14% de janeiro a outubro, o câmbio favorável permitiu ao Ibravin prever um crescimento de 10% nas vendas do produto nacional no último trimestre do ano – o mais representativo para o setor. O destaque ficou para os espumantes, que tiveram 54% do seu volume vendidos no período, e para os de mesa (31%) e os finos (27%). A alta na cotação do dólar, que vem girando em torno de R$ 2,40, beneficiou o produto nacional especialmente neste último segmento, onde os importados ainda prevalecem. A fatia brasileira no mercado, até outubro, saltou para 23,33%, frente a 20,85% do mesmo período do ano anterior. Nessa batida, o Ibravin estabeleceu como meta elevar o consumo de

vinho no Brasil do atual patamar de 1,8 litro/1,9 litro por pessoa para até seis litros em 2025 – volume ainda assim irrisório em comparação com o que toma cada habitante de países de tradição enológica(*). Para 2016, o objetivo é fazer o número chegar a 2,5 litros per capita, o que já representaria mais 100 milhões de litros da bebida. Isso beneficia também as exportações do setor, que apesar de ainda representarem um volume pequeno no total de produção dos vinhos finos, tinham previsão de crescimento entre 12% e 15% em 2013. Com o câmbio favorável e a previsível projeção internacional do Brasil, com destaque para a Copa do Mundo este ano, o Ibravin estima um crescimento ainda maior para 2014. Os vinicultores, segundo o Ibravin, vêm se esforçando para melhorar a qualidade de seus vinhos finos, aos poucos substituindo vinhedos comuns

(*) Um argentino consome em média 26 litros por ano; um uruguaio, 22; um chileno, 16. Na Europa, países como Portugal, onde a bebida é tributada como alimento, o consumo chega a 50 litros por habitante/ano, e a 60 litros na França.

TERMOENCOLHÍVEL AUTOMÁTICO – Em parceria com a Schneider Electric, a P. E. Labellers apresentou uma aplicadora de rótulos termoencolhíveis que em breve poderá ser internalizada por sua subsidiária brasileira, a P. E. Latina Labelers. É a Maya, equipamento compacto que o fabricante afirma ter capacidade para aplicar até 30 000 rótulos/hora em recipientes de qualquer formato, dimensão ou material. O túnel de encolhimento é disponibilizado em duas versões: para área quente ou a vapor. O atributo mais destacado na apresentação foi a total automação do sistema.

14 | Janeiro 2014

por viníferas e aprimorando gradativamente até mesmo a qualidade de alguns vinhos de mesa. O panorama, enfim, se apresenta positivo em termos quantitativos e qualitativos, abrindo sólidas oportunidades de negócios para a cadeia de suprimento do setor. Não só a indústria vidreira de embalagens, que historicamente supre em massa os produtores, prevê chances de crescer mais do que já vem acontecendo na esteira do recente boom do vinho nacional. Já existe sensível movimentação entre fornecedores de soluções alternativas para acondicionar o produto, como bag-in-box, recipientes assépticos e mesmo stand-up pouches. Confirma-se, desse modo, também o lugar-comum de que “há oportunidades para todos” – desde quem atua nas áreas de equipamentos para processar e engarrafar até fornecedores de embalagens, sistemas de fechamento, rotulagem, logística e prestação de serviços.

Veja na reportagem seguinte as perspectivas e tendências de embalagens para o setor vinícola no Brasil

AUTOMAÇÃO NO FINAL – Em resposta à crescente escassez de mão de obra para trabalhos em finais de linha de produção – como o de acondicionamento de produtos prontos em caixas de embarque (ver EmbalagemMarca nº 170, outubro de 2013), a Baumer expôs, em funcionamento, uma encaixotadora dotada de exclusivo sistema de inserção de “colmeias” nas caixas de papelão. No processo, quando as garrafas, os potes ou outros objetos vão sendo colocados nas caixas, as folhas de papelão que as separam vão sendo armadas e inseridas simultaneamente. A velocidade de operação informada é de 65 caixas por minuto.



especial vinhos

Um panorama promissor Com o aumento do consumo de vinhos, embalagens tradicionais poderão fortalecer sua participação, enquanto alternativas têm mais chances

O bom desempenho registrado pelo setor vinícola em tempos recentes, bem como sólidas perspectivas de aumento da produção e do consumo de vinho no País em futuro próximo, podem trazer boas oportunidades de crescimento e de inovação para a cadeia de valor da embalagem orientada para suprir os produtores locais. A rigor, o panorama mostra-se promissor para os mais variados formatos e materiais de acondicionamento, bem como para diferentes tipos de rótulos, de fechamentos, de processos produtivos e de equipamentos. Dada a rigidez da cultura brasileira de consumo da bebida, fortemente ritualística, o proveito deverá ser maior para os fabricantes de recipientes de vidro (Owens-Illinois, Verallia e Vidroporto), cujas garrafas e cujos garrafões provavelmente continuarão, como hoje, respondendo pelo maior volume do acondicionamento da bebida destinada ao bebedor. Os números referentes ao vidro não são conhecidos com exatidão, mas é opinião unânime que são e deverão continuar sendo predominantes em relação a embalagens feitas de outros materiais. “O ano de 2013 foi especialmente positivo para o vidro na área de vinhos, sem incômodo de outros materiais, e a expectativa para 2014 e para os anos seguintes é de otimismo”, afirma Alexandre Mendes de Oliveira, gerente comercial da Verallia, uma das principais fornecedoras de embalagens de vidro do Brasil. Em cifras exatas, nos vinhos tranquilos a empresa cresceu 11% em volume de garrafas, e nos espumantes 7,7%.

16 | Janeiro 2014

com ênfase nos licorosos (“suaves”). A empresa tem atendido também crescente número de pedidos de garrafas de vinho com acabamento de rosca, para aplicação de tampas metálicas do tipo screw cap, que já predominam sobre as rolhas de cortiça e poliméricas na Austrália e avançam nos próprios países europeus de tradição vinícola. E, para não perder o passo na trilha da sustentabilidade, a Verallia ampliou sua linha ecológica Ecova de garrafas, que utilizam menos matéria-prima, ou seja, são mais leves. Segundo a empresa, há redução de 15% na emissão de gás carbônico de 4% no gasto de energia durante o processo produtivo dos recipientes.

Por também acreditar que os

Salton é uma das vinícolas a utilizar garrafas da linha Ecova, da Verallia

Segundo aquele executivo, a Verallia aposta no bom futuro do vinho no País. Por isso vem investindo fortemente em tecnologia e em diversificação de formatos das embalagens para o produto. Ele cita como exemplos a intensificação da produção de recipientes de 250 mililitros, de 500 mililitros e de 1,5 litro e de 2 litros, estas visando substituir progressivamente espaços hoje ocupados pelos garrafões de 3 litros e de 5 litros, usados sobretudo em vinhos de mesa,

vinhos não espumantes e espumantes nacionais continuarão conquistando a preferência do consumidor, a Owens-Illinois, maior fabricante de embalagens de vidro no Brasil e no mundo, vem intensificando a diferenciação de design e de capacidades de volumes em suas linhas de garrafas. “Nossa confiança e também a do consumidor na qualidade do vidro como o material mais adequado para acondicionar vinho nos deixa muito otimistas”, diz Daniel Amaral, gerente de marketing da vidraria. Da mesma forma que a Verallia, a Owens-Illinois tem diversificado a oferta em termos de capacidade de volume das garrafas, nos tipos de acabamento e na sustentabilidade. No primeiro caso, o gerente de marketing da vidraria destaca o aumento de produção (e de vendas) de recipientes de 250 mililitros, desti-


nados a promover o consumo individual de vinhos tranquilos e espumantes, “preservando o ritual e a tradição de abertura da garrafa no momento anterior ao consumo. No segundo exemplo ele lembra a linha “Leve Mais Verde”, composta por garrafas fabricadas com quantidade 30% menor de vidro do que os recipientes convencionais. E, em termos de acabamento, Amaral remete à linha de produtos terminados em rosca (screw cap) e, como grande inovação, o conceito Helix. Fruto de parceria entre a vidraria e a Amorim, líder mundial na produção de tampas de cortiça, trata-se de uma solução baseada numa rolha com ranhuras laterais diagonais que permitem o rosqueamento numa garrafa de vidro dotada de desenho similar no inte-

Vinícola Aurora aposta nas garrafas mais leves da Verallia




rior do gargalo (ver EmbalagemMarca nº 167, de julho de 2013). Mas a boa maré do vinho abre espaço, além do vidro, para outras alternativas de embalagem, dirigidas principalmente ao consumo em âmbito doméstico ou de forma porcionada, em bares e restaurantes. Uma delas é a dos bag-in-box (BiB), solução em que produtos líquidos ou cremosos são envasados primariamente numa bolsa plástica que, por sua vez, é acomodada numa caixa de papelão ondulado, ou microondulado. Aparentemente, os fabricantes miram em especial o mercado de vinho acondicionado em garrafões de vidro. “É uma embalagem que permite acabamentos diferenciados, como hot stamping, verniz UV, relevos e outros efeitos que agregam valor ao vinho”, argumenta Marcelo Steyer, da área comercial da Box Print, um dos fabricantes. Além de ser 100% reciclável, asséptica, resistente e prática, permite expor o vinho de forma organizada em prateleiras, algo impensável com garrafões.” Depois de dez anos de sua estréia no País, essa solução já foi adotada por cerca de cem diferentes rótulos de vinho. De acordo com o que se apurou entre os fornecedores Scholle, Embaquim e Box Print, as vinícolas e o público potencial já teriam incorporado a noção das vantagens relativas desse tipo de embalagem,

entre elas a de que permite o consumo em pequenas quantidades retiradas de um recipiente de grande volume (3 ou 5 litros) sem risco de oxidação, já que a bolsa se contrai e impede a entrada de ar. Todavia, essa solução não se expandiria mais expressivamente por uma razão básica: “Os produtores não conseguem atender a demanda”, diz Julio Petegrosso, gerente comercial da Scholle, fornecedora líder no País. Obviamente, para fazê-lo é necessário investir em equipamentos, e estes exigem aplicações financeiras nem sempre disponíveis. Outra razão para o lento avanço do BiB, esta apontada por Eduardo Casali, gerente comercial da Embaquim, é que, depois de colocar experimentalmente seus produtos nessas embalagens, várias vinícolas desistiram. “Com frequência ocorriam falhas no processo de envase, e aí as consequências apareciam nos pontos de venda”, ele relata. “Em geral o produtor não entende isso, e põe a ‘culpa’ na embalagem, não nos erros de processamento.” Não obstante entraves desse tipo, os fornecedores mantêm confiança do potencial de crescimento do uso de bag-in-box para vinho. Além dos três fabricantes citados anteriormente, estreou no segmento, através de sua unidade de negócios MWV Rigesa, a multinacional americana Mead Westvaco, com uma nova linha de bag-in-

-box (ver EmbalagemMarca nº 171, de novembro de 2013).

Nessa senda de potenciais oportunidades, a Tetra Pak não deixa por menos. A multinacional sueca vem fazendo tratativas com várias vinícolas na expectativa de emplacar a adoção de embalagens assépticas de 250 mililitros para consumo individual. “Queremos desenvolver aqui um novo canal de distribuição para vinhos, que já é muito forte em outros países”, diz o diretor executivo de vendas para alimentos e vinho daquela empresa. Segundo ele, anualmente são vendidos na América Latina 460 milhões de embalagens cartonadas para vinho, sendo que na Argentina 44% da produção são acondicionados em caixinhas, e no Chile, 43%. E, por último, não se pode descartar a possibilidade de virem a surgir no mercado brasileiro versões de vinhos acondicionados em stand-up pouches (SUPs), as bolsas plásticas flexíveis de fundo sanfonado que ficam em pé. EmbalagemMarca não dispõe de informações de que haja iniciativas em andamento com esse objetivo. Mas, considerando que em outros países são incontáveis as variedades e marcas de vinhos apresentados nos saquinhos que ficam na vertical, não seria recomendável descartar a hipótese.

Fornecedores acreditam no potencial de crescimento das embalagens bag-in-box

20 | Janeiro 2014


Cachaças

Uma Pitú muito incrementada Tradicional marca pernambucana lança edição de luxo em garrafa premium

Para fechar as comemorações dos seus 75 anos, comemorados em 2013, a tradicional cachaça pernambucana Pitú apresentou uma edição de luxo: a Vitoriosa. A cachaça extrapremium foi lançada em edição limitada, e traz aos consumidores a reserva especial que as famílias Ferrer e Cândido Carneiro – proprietárias da marca – ofereciam a amigos e convidados que visitavam a Pitú. Segundo a fabricante, a produção da Vitoriosa teve início há mais de cinco anos. A produção e o envelhecimento da bebida seguem um longo processo, que se inicia com a escolha das cachaças que vão compor o blend. Em quantidade limitada, o primeiro lote, de 9 000 garrafas de 750 mililitros produzidas pela francesa Saverglass (modelo “Carafe Drop”, lançado em 2013), e fechadas com tampas de cortiça portuguesa da Corticeira Amorim, chega inicialmente aos estados do Nordeste. Os recipientes são feitos de vidro incolor, com paredes e fundo espessos, e apresentam em seu perfil linhas suaves, com superfície plana ideal para decoração. Para complementar o atributo de luxo, foi utilizada para o desenvolvimento da decoração a técnica de serigrafia inorgânica, com duas cores, no verso e na frente da garrafa, feita pela Premier Pack.

Com garrafa importada e cartucho que lembra um estojo de madeira, a pernambucana Pitú entra no segmento de cachaças premium

Com um nível de sofisticação que a Pitú ainda não havia oferecido ao mercado, a Vitoriosa foi lançada como “produto conceito” da marca pernambucana. “Em termos de cachaça, ela é totalmente diferenciada e vem para mostrar as várias maneiras de se produzir e consumir a bebida”, diz Alexandre Ferrer, diretor comercial e de marketing da destilaria pernambucana. O design da embalagem é assinado pela agência Hagua. Os cartuchos de papel cartão, que remetem a caixas de madeira, são produzidos pela Gráfica Flamar. Janeiro 2014 |

21


entrevista

Historicamente

avesso a caprichos em embalagem, o mercado de materiais de construção mais e mais se rende a aprimoramentos na apresentação de produtos. A mudança tem sido estimulada pelo aumento das disputas entre fabricantes e pelo maior afluxo de consumidores ao varejo especializado, muitos deles atraídos pela proposta do faça-você-mesmo. Para a Sika, a alteração do cenário não é penosa. A multinacional suíça, referência em aditivos para concreto, impermeabilizantes, selantes e adesivos, sempre dedicou às embalagens um cuidado especial. “Isso faz parte da cultura da corporação”, revela Rodrigo Vicente da Silva, coordenador de trade marketing da Sika Brasil – operação que, em janeiro de 2014, completa oitenta anos de atividades. O executivo conversou com EmbalagemMarca sobre as iniciativas em packaging que garantem à empresa sucesso e longevidade.

Um alicerce para o negócio Cuidado com a apresentação de produtos é uma das chaves do sucesso de multinacional suíça no mercado de aditivos para concreto e impermeabilizantes. Rodrigo Silva, coordenador de marketing da Sika Brasil, comenta iniciativas da empresa e fala das perspectivas para o desempenho do varejo da construção no País

22 | Janeiro 2014

Qual a importância da embalagem para os negócios da Sika Brasil? A relevância é enorme. As embalagens são tratadas como alta prioridade em nossa empresa. É uma visão difundida pela própria matriz suíça. Temos até boletins internos sobre o assunto. A matriz nos envia mensalmente ou bimestralmente periódicos com ideias de embalagem, mesmo de concorrentes e até de mercados com os quais não temos relação, como os de alimentos, bebidas, cosméticos. O objetivo é que estejamos atualizados com as tendências e que tenhamos estímulos para insights. Outra coisa bacana é que temos uma intranet, um portal, com todas as embalagens da empresa no mundo. É um grande banco de dados das embalagens da companhia. Isso nos ajuda porque temos, na operação brasileira, volume significativo de produtos importados. Quando vamos trazer algo de fora, entramos no site, baixamos a arte, fazemos as traduções e adaptações necessárias e a adicionamos ao sistema. Notificamos, então, os colegas na operação de origem. Quando o produto chega, já está com as alterações que fizemos.


O aumento do poder de compra da população, o filão do faça-você-mesmo e o acirramento da concorrência parecem vir contribuindo para uma sofisticação das embalagens de materiais de construção no Brasil. A Sika tem dedicado mais atenção à apresentação de seus produtos, para chamar a atenção nos pontos de venda? Com certeza. No passado, muitas de nossas embalagens plásticas eram decoradas por silk screen, o que limitava o número de cores, de imagens. Fizemos uma grande migração para o heat transfer e para o IML (in-mold labeling, método que consiste na “fusão” de um rótulo de filme plástico a um recipiente igualmente de plástico durante o processo de moldagem da embalagem). São métodos que garantem rótulos com qualidade fotográfica. No caso do faça-você-mesmo, tentamos ajudar o consumidor oferecendo embalagens menores, para que ele possa consumir somente o que precisa. Isso o isenta

de ter de adquirir um balde para uma pequena reforma, com consequente desperdício de produto.

pouco à frente dos concorrentes. Se não me engano, a Sika é a única empresa do segmento a adotar essa solução.

Existem produtos que sobressaiam em relação aos concorrentes pelo tipo de embalagem adotado? O stand-up pouch (bolsa plástica capaz de ficar em pé), que adotamos meses atrás em impermeabilizantes líquidos e aditivos líquidos para concreto, é uma inovação no mercado. Acho que é uma coisa nova até mesmo para o setor de alimentos, que está sempre na vanguarda quando o assunto é embalagem. Você vê algumas iniciativas em cosméticos, como uma recente da Natura... Mas a verdade é que o ramo da construção civil costuma andar a passos mais lentos. Em geral, outros mercados saem na frente, inovam primeiro para depois nós nos mexermos. Nesse sentido, acho que com a adoção de stand-up pouches estamos seguindo algo de vanguarda no mercado de consumo, nos posicionamos um

Como essa novidade foi recebida pelo consumidor?

Stand-up pouch (à esq.) e balde decorado com in-mold: duas adoções importantes da empresa


Como são desenvolvidas as embalagens utilizadas pela Sika Brasil? Os métodos de acondicionamento são geralmente definidos no País ou obedecem a padrões globais? Pela preocupação da matriz com a imagem da marca e com a consolidação de embalagens com uma identidade, temos um padrão bastante rígido de guidelines a seguir. Isso envolve padrões de cores, posições de nome, de imagens, de textos. Tudo é considerado: tipo de embalagem, material, formato. Existem regras de desenvolvimento que contemplam desde um cartucho pequeno até baldes e tambores de grandes dimensões. Em razão disso, os desenvolvimentos de embalagens são geralmente feitos internamente. Mesmo para um produto local, exclusi-

24 | Janeiro 2014

Pouch com tampa, capaz de ser secionado; acompanhado por espátula facilita o preparo e a aplicação de “cimentinho”

meabilizante que fica mais voltado à categoria de tintas imobiliárias. O restante migrou para o balde plástico. Em termos de impressão, a lata oferece mais condições para apresentarmos os produtos. Por outro lado, o acondicionamento em baldes plásticos favorece o transporte. Temos um ganho de competitividade importante, porque os baldes, quando vazios, podem ser colocados uns dentro dos outros. Isso facilita a movimentação e a armazenagem. Outra mudança ocorreu na área de vendas técnicas, para indústrias. Costumávamos utilizar tambores de 200 litros. De algum tempo para cá, essas embalagens vêm sendo substituídas por bombonas de polietileno de alta densidade. Compramos exemplares usados, que são lavados e passam por uma descontaminação completa antes do envase. Isso é bacana, porque antigamente o tambor metálico ia para a obra e ficava lá. Hoje, não. Temos como reaproveitar as embalagens, fazê-las retornar ao mercado.

vo do Brasil, temos de utilizar mais ou menos as imagens já utilizadas lá fora. Para isso, temos um banco de imagens global. Isso facilita a execução. A identidade visual utilizada aqui é a mesma vista na Suíça e em outros países. A ideia da empresa é que o consumidor reconheça a marca em qualquer local e situação. A Sika completa oitenta anos de atuação no Brasil. Que fatos importantes ocorreram ao longo dessa história em termos de acondicionamento de produtos? Nesses dez anos em que estou no departamento de marketing da Sika, uma mudança significativa que presenciei foi a substituição do sistema de embalagem dos produtos de 18 litros. As embalagens metálicas foram substituídas por embalagens plásticas. Hoje, somente um item é vendido em lata: o Igolflex Fachada, produto imper-

Números da Sika 104 anos de história 80 anos no Brasil Presença em 80 países 11 bilhões de reais de faturamento* 15 200 funcionários 1 fábrica no Brasil, em Osasco (SP)

Fonte: Sika | dezembro de 2013 | * Relativo a 2012

A iniciativa vai bem e vem sendo assimilada de forma positiva pelo consumidor. Tivemos um único contratempo. Um dos produtos do projeto, o (aditivo para concreto) Sikanol Alvenaria, ganhou um stand-up pouch de 1 litro. No entanto, em muitos casos o consumidor utilizava somente uma fração do conteúdo – 200 mililitros, por exemplo. Nessas ocasiões, o pouch ficava ruim, porque não permitia ser fechado novamente. Tivemos de readequar o produto à necessidade do cliente. Mudamos para frasco, com tampa, para permitir que o produto fosse guardado depois da abertura. Como os demais produtos levados ao stand-up pouch são normalmente consumidos de uma só vez, não tivemos esse problema.

Serão preparadas novidades para comemorar o aniversário? Campanhas de publicidade, por exemplo? Publicidade de massa, não. Estamos programando encontros com os principais clientes e festividades internas, para os funcionários. São eventos que provavelmente ficarão para o segundo semestre, porque estamos prestes a dar um grande passo. É um negócio que mexerá com o mercado. Infelizmente, ainda não posso comentar essa notícia.


A Sika trabalha com um número expressivo de SKUs. Como a empresa gerencia a produção desse portfólio? Na nossa fábrica de Osasco (SP) temos um parque próprio onde realizamos o envase de pós e líquidos, além da armazenagem das diversas embalagens que utilizamos. Entre elas estão baldes de 18 litros, bombonas de 4 litros, frascos de 1 litro e filmes para stand-up pouch. Não fazemos nossas embalagens, por isso temos adotado a metodologia da produção sob demanda. Encomendamos determinada quantidade de embalagens e pedimos entregas de frações que atendam nosso volume imediato de produção. Deixamos parte das embalagens estocada nos fabricantes, nos fornecedores, para requisitarmos de acordo com nossa necessidade. Já ocorreu alguma dificuldade de atendimento pelo mercado local de embalagens? Houve formatos ou soluções que a empresa quis adotar, mas não pôde por carência de fornecedores ou de qualidade da oferta? No exterior, a Sika lançou há alguns anos um produto, o Mix&Go, que ganhou diversos prêmios de embalagem. É uma proposta de do-it-yourself, um cimentinho para pequenos reparos. O produto, em pó, é oferecido em um stand-up pouch com tampinha. A tampa permite a introdução de água na embalagem, preenchendo-a até uma

O custo/benefício é importante, porque em nosso segmento o produto pode custar menos do que a embalagem

marca impressa. O consumidor coloca água na medida certa, recoloca a tampa, agita o conteúdo e destaca a parte superior da embalagem, em um local indicado. O pouch se transforma num pote, e a aplicação da massa é feita com uma espátula que acompanha o produto. Quisemos trazer esse conceito para o Brasil, mas não conseguimos porque não encontramos uma máquina de envase capaz de preencher o pouch com o pó. Também temos dificuldade para trabalhar com embalagens de dimensões diferentes. Fazer um ferramental novo, somente para nossa empresa, sai muito caro. Jamais nos esquecemos da questão custo/benefício para o consumidor, porque no nosso segmento algumas vezes o produto custa menos do que a embalagem. Por isso, temos de trabalhar bem o impacto do custo da embalagem. Quais as perspectivas da empresa para o desempenho do setor de materiais de construção em 2014? O Sinduscon (Sindicato da Indústria da

Construção Civil) de São Paulo prevê que, após um ano de ligeira retração, o setor de construção civil voltará a crescer acima da expansão do PIB brasileiro. A expectativa é de que o avanço seja de 2,8% em 2014, frente a uma projeção de evolução do PIB de 2%. Isso é animador. No nosso caso, não podemos reclamar. O balanço ainda não foi concluído, mas acredito que crescemos 13% em 2013. Neste ano, esperamos crescer 12%. Se não me engano, a Sika Brasil ocupa hoje o sexto lugar no ranking mundial de operações da empresa, presente em oitenta países. As oportunidades são enormes no Brasil. Temos, como se sabe, um tremendo déficit habitacional, de quase 8 milhões de moradias. Mas também existem os desafios. A mão de obra para construção civil está muito escassa. A insuficiência acaba elevando o custo dos serviços. Isso preocupa. É cada vez mais difícil encontrar terrenos nos grandes centros, o que “segura” um pouco o mercado. Isso tudo, porém, não abala nosso otimismo. Cresceremos.


artigo

Avanços em inteligência Duas novidades em embalagens de vanguarda, capazes de aprimorar a experiência de consumo de alimentos Por Pat Reynolds (*)

“Ativas”,

“inteligentes”, “funcionais”, “smart”. Os adjetivos são frequentemente utilizados para definir embalagens especiais, que incorporam tecnologias de vanguarda que prometem aprimorar sensivelmente a conservação do produto acondicionado, agregando-lhe valor e enriquecendo a experiência de consumo. Duas novidades nesse campo, direcionadas ao mercado de alimentos, chamaram minha atenção. Parece bastante promissora, por exemplo, uma tecnologia de blindagem a micro-ondas chamada Shieltron, desenvolvida pela holandesa Shieltronics. Aplicada a embalagens de refeições semiprontas, ela permitiria controlar a intensidade do cozimento de diferentes componentes do conteúdo, permitindo que eles sejam convenientemente preparados de maneira conjunta. Na Europa, algumas empresas da área de foodservice começaram a utilizar a solução da Shieltronics há cerca de um ano. Em breve, ela poderá estrear no canal do varejo graças a desenvolvimentos em curso na Conveni, empresa de alimentos sediada em Liessel, na Holanda. A Conveni adquiriu os negócios de pratos prontos e pizzas da conterrânea Qizini, e anunciou que começará a uti-

lizar o conceito Shieltron nesses produtos, que passarão a estampar sua marca. As refeições prontas Qizini já eram oferecidas numa embalagem inteligente. Trata-se de uma ideia originalmente desenvolvida e patenteada pela companhia holandesa de alimentos CH Food, que a batizou como Variable Heating Steaming. A Qizini, que licenciou a tecnologia da CH Food, refere-se à embalagem como Steam Cuisine. Trata-se de um recipiente de polipropileno compartimentado, moldado por injeção, que é preenchido por meio de processo semiautomático com legumes num compartimento e proteína crua ou parcialmente cozida (peixe, frango ou carne) em outro. Antes que um selo-tampa de polietileno de baixa densidade seja afixado por calor à embalagem numa máquina seladora da Sealpac, duas coisas importantes acontecem. Primeiro, um sistema de laser proprietário efetua microperfurações em três áreas do material de cobertura. Dois conjuntos de perfurações – chamemo-los de Área A e Área B – são projetados para ficar sobre o compartimento do vegetal. O outro conjunto – Área C – fica sobre o compartimento da proteína.

Aplicado ao compartimento do brócolis, Shieltron permite cozimento do vegetal em conjunto com carnes

Selo-tampa das refeições Qizini permite liberação de vapor durante aquecimento

26 | Janeiro 2014

Na linha de embalagem, a cavidade da proteína tem o ar esgotado e é preenchida com uma mistura de gases que prolonga a vida de prateleira refrigerada para os desejados oito ou nove dias. Em seguida, o material de cobertura é selado por calor no rebordo do perímetro do compartimento, bem como no topo da parede que separa os dois nichos de alimentos. O resultado final é um compartimento com atmosfera modificada para a proteína e um compartimento separado para vegetais.

É colocada em prática, então, outra pequena inovação. Duas etiquetas autoadesivas de polietileno de baixa densidade (PEBD), com cerca de 10 milímetros de diâmetro cada, são aplicadas sobre as áreas de perfuração B e C. Essas etiquetas são projetadas para abrir ligeiramente e liberar um pouco da pressão interna que se acumula quando o consumidor prepara a refeição no forno de micro-ondas. Sem esse recurso de ventilação, a embalagem explodiria durante o aquecimento. A etiqueta no lado da proteína também assegura que o ambiente de atmosfera modificada seja preservado. Quanto à Área perfurada A no lado dos vegetais, ela permanece descoberta. Seu papel é permitir que os produtos hortícolas frescos respirem: oxigênio entra, dióxido de carbono sai. Sem essa troca controlada de gases, os legumes estragariam em um ou dois dias.


Após a selagem, as bandejas tampadas são envolvidas por uma luva de papel cartão, aplicada manualmente. Com isso, as embalagens de 450 gramas vão para a distribuição refrigerada e podem ser compradas pelos consumidores por algo entre 4 a 5 euros. O preparo exige a remoção da peça de papel cartão e a colocação do recipiente bicompartimentado no forno de micro-ondas por quatro a seis minutos. O cozimento ocorre por meio de uma combinação de vapor e de pressão, e devido às perfurações de laser nas zonas A e B serem feitas tão precisamente o quanto são, a intensidade de vapor e pressão é maior no compartimento de proteína do que no compartimento dos vegetais. Resultado: produtos crus como brócolis e salmão, cujos requisitos de cozimento são bastante diferentes, podem ser convenientemente preparados juntos. Wiebe Visser, diretor da Conveni, diz que o sabor e a textura dos alimentos cozidos pela abordagem Steam Cuisine ficam melhores do que em qualquer outra opção de embalagem ativa para refeição semipronta existente no mercado. “Mas existe espaço para melhorias”, acrescenta o executivo. “Mesmo um maior controle do tempo e das temperaturas de cozimento pode ser alcançado através da tecnologia da Shieltronics que estamos prestes a adotar. Na sua forma mais extrema, podemos colocar água no compartimento blindado e sorvete no outro, e quando abrirmos o forno de micro-ondas a água estará fervendo e o sorvete, inalterado. Não que alguém quisesse adotar a tecnologia para tal resultado. Mas isso mostra do que ela é capaz.” O material de absorção de micro-ondas Shieltron, da Shieltronics, é incorporado aos recipientes por meio de in-mold labeling – método que afixa rótulos plásticos a embalagens plásticas rígidas durante a etapa de moldagem. A Shieltronics e a Conveni têm se aproveitado da transformadora Cups4You para seus testes de mercado. Mas do que é exatamente feito o Shieltron? Dick Geheniau, da Shieltronics, descreve-o como uma laminação de várias camadas de polipropileno (PP), de uma película que influencia

as micro-ondas e mais polipropileno. A camada externa de PP, segundo ele, é impressa antes da laminação. O material, observa Geheniau, pode ser formulado para permitir o máximo ou o mínimo de energia de micro-ondas, conforme desejado.

A segunda inovação interessante envolvendo uma embalagem ativa vem do Reino Unido. Lá, a cadeia de supermercados Asda começou a trabalhar com a Ultimate Packaging e a QV Foods para estender a vida de prateleira de suas batatas Extra Especial Cornish Crystal. Cultivados na região da Cornualha, na Inglaterra, esses tubérculos são famosos por sua carne tenra, cremosa e suave e por sua casca macia. Eles são colhidos cerca de duas semanas à frente de outros cultivares de batatas inglesas devido ao calor que a Cornualha recebe da Corrente do Golfo. A QV Foods começou a acondicionar as batatas com uma tecnologia que a Ultimate Packaging chama de Viridiflex. O material é posicionado como algo benéfico para o ambiente, por isso o nome é uma combinação do latim viridis, para “verde”, com “flex”, de embalagens flexíveis. A Ultimate Packaging não fornece especificações precisas sobre o material. Trata-se, pelo que pudemos apurar, de uma laminação adesiva constituída por uma camada de material especial, não especificado, que se une a uma camada de NatureFlex. Produzido pela Innovia Films, o NatureFlex é um bioplástico feito de polpa de madeira proveniente de plantações controladas. É certificado de acordo com normas europeias e americanas para embalagens compostáveis​​. O filme também é conhecido por ter alto brilho e por proporcionar permeabilidade à umidade. O Viridiflex atende ao fato fundamental de que produtos frescos, por estarem vivos, continuam a respirar. Ou seja, emitem gás carbônico e consomem oxigênio. As excelentes propriedades de barreira ao oxigênio do Viridiflex são manipuladas por meio da tecnologia de atmosfera modificada a laser Adapt, da Ultimate Packaging. Ela baseia-se em padrões de perfuração a laser que otimizam a transmissão de gás através do

filme. O resultado final é que os níveis de O2 e de CO2 são administrados de forma a reduzir o risco de que as batatas percam sua melhor condição. Jon Wynn, gerente técnico da categoria de produtos frescos da Asda, relata que o projeto gerou resultados positivos. “Nossos clientes se beneficiaram de um aumento significativo na vida útil do produto e da qualidade do final da vida do produto, o que é destacado por uma redução de 92% no número de queixas nas primeiras cinco semanas da temporada de vendas das batatas”, diz Wynn. “Estamos muito satisfeitos.” O material da Viridiflex é enviado para a QV Foods em rolos que abastecem uma máquina form-fill-seal vertical que produz os pacotes acabados das batatas. “Mais de 70% do nosso produto é entregue ao setor de alimentos frescos e refrigerados”, diz Chris Tonge, diretor de vendas e marketing da Ultimate Packaging. “A empresa tem feito grandes saltos técnicos para oferecer filmes inovadores para o mercado. A meta é estabelecer uma nova classe de embalagens ativas capaz de prolongar a vida de prateleira e promover um consumo mais racional de alimentos.”

Filme especial permite troca de gases em embalagem de batatas frescas

Copyright 2013 Summit Media Group, Inc. Todos os direitos reservados. * Pat Reynolds é editor da revista Packaging World e jornalista especializado em embalagem desde 1983. Janeiro 2014 |

27


sucos

Para deleite dos alemães Sucos nacionais dedicados ao mercado germânico exibem garrafas especiais, com visuais alusivos às frutas em que se baseiam

empresa

brasileira

com negócios direcionados à Alemanha, a Saft Sucos lançará, no início de 2014, a linha de sucos Kräftig Saft (em tradução literal, “Suco Forte”). A novidade pretende chamar a atenção pela excentricidade. Além dos sabores exóticos – pitanga, mirtilo, açaí e framboesa –, as embalagens exibem aparência incomum. As garrafas de 1 litro, feitas de polipropileno, são inspiradas nos formatos e nas texturas das frutas. Os recipientes têm alça e funcionam como uma jarra para servir a bebida. “Para criarmos essa linha, usamos a própria forma das frutas, que são exuberantes e extremamente exploráveis”, diz a designer Isabela Rodrigues, fundadora do estúdio de branding e design de embalagem que leva seu nome, localizado em Porto Alegre. Caixas de papel cartão, com janelas vazadas de formato circular, protegem as garrafas e trazem as informações nutricionais e legais sobre os sucos.

28 | Janeiro 2014

Embalagens, feitas de polipropileno, foram criadas no Brasil. Cartuchos serão usados nas vendas


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br

Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.

Medicamentos

Ano novo com renovação O Laboratório Baldacci inicia 2014 com novas embalagens e novo logotipo. Segundo a empresa, além do aspecto visual, a mudança deve-se a uma maior economia na impressão. O tamanho dos cartuchos foi reduzido, o que teria abatido 80% dos custos de impressão. Antecipando-se ao início do vigor da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre rastreabilidade, o laboratório passa a utilizar nas embalagens códigos DataMatrix, além de gravações em braile e um selo de qualidade do tipo “raspadinha”.

emb.bz/173baldacci

Janeiro 2014 |

29


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

1

3 5

Cafés

Chocolates

pet food

Informática

Refrigerantes

Timão na caixa

cacau funcional

atualização para gatos 3

Comunicação funcional 4

tubaína nostálgica

As rações para gatos TopCat Premium, da Guabi, exibem nova identidade visual. A modernização abrange as embalagens de 1, 2, 10,1 e 25 quilos, além da versão em lata (úmida). A linha foi ampliada com a opção Sensações – de salmão e vegetais com nuggets. emb.bz/173guabi

A Daten, fabricante de equipamentos de informática, reformula as embalagens da sua linha Zmax, dedicada ao varejo. O novo layout apresenta a letra “Z” em destaque, para facilitar a identificação da marca. emb.bz/173daten

À venda desde 1947, a Tubaina Funada, de Presidente Prudente (SP), ganha uma versão retrô, a Flashback. A lata de 350 mililitros destaca o logotipo utilizado pelo refrigerante nas décadas de 80 e 90. emb.bz/173funada

1

O Corinthians é tema de um novo café gourmet do Café Santa Mônica. O produto é acondicionado em embalagem a vácuo que é inserida em um cartucho de papel cartão. Em kits promocionais, um par de canecas, com brasões do clube de futebol, acompanha o lançamento. emb.bz/173cafe

2

Já estão no varejo os chocolates funcionais Beauty Care, da Chocolife. O Creme de Avelã com Cacau é oferecido em pote de vidro com tampa de aço. Já a barra de chocolate meio amargo Chocolife 40% e o Achocolatado em pó são vendidos em cartuchos de papel cartão. emb.bz/173choco

4

2

30 | Janeiro 2014

5


6

chocolates

big, o Bis em dobro

Cosméticos

vert fica mais “verde” 6

Bombom clássico da Lacta, o Bis ganha a versão Big. Criada especialmente para o consumo individual, ela traz duas unidades ligeiramente maiores do produto. A embalagem é um flow pack de laminado plástico. emb.bz/173bis

7

Embalagens mais amigáveis ao ambiente foram adotadas pela rede de farmácias Panvel em sua linha de higiene pessoal Panvel Vert. Os frascos são totalmente feitos de PET reciclado. A matéria-prima das bisnagas é o polietileno “verde”, obtido da cana-de-

7

-açúcar. As tampas contêm fibras de madeira de reflorestamento. Por fim, os cartuchos são confeccionados com papel cartão com 40% de papel reciclado. Os produtos são fabricados pelo Lifar, laboratório pertencente à Panvel. emb.bz/173vert


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

4 1

3

Chocolates

Lubrificantes

Cervejas

Perfumes

Nova Tortuguita

torcida no rótulo

Mais uma no latão

Beyoncé no Brasil

1

Cores vibrantes dão o tom das novas embalagens dos chocolates Tortuguita, da Arcor. Os flow packs ganharam mais brilho e elementos gráficos ondulados, que combinam com o traço mais arredondado do mascote da marca. emb.bz/173tortu

2

A Castrol lança uma edição especial, alusiva à Copa do Mundo, de seus óleos Magnatec. Os frascos levam rótulos termoencolhíveis que destacam as cores da bandeira brasileira. É possível combinar laterais dos recipientes para formar o nome do País. emb.bz/173castrol

3

A lata de alumínio com capacidade para 710 mililitros, conhecida como superlatão, é a mais nova personificação das cervejas da microcervejaria Dado Bier. A bebida é comercializada em São Paulo e no Rio de Janeiro. emb.bz/173dado

CHOCOLATES 4

A Jequiti traz ao Brasil a fragrância Heat, vinculada à cantora americana Beyoncé. O frasco exibe um degradê vermelho que procura aludir ao fogo. A embalagem primária é importada; o cartucho de papel cartão em que o produto é vendido é nacional. emb.bz/173beyonce

dois tipos de Arranjo

5

Canudinho de wafer recheado e coberto Buono é novidade da Bel Chocolates. Em quatro versões, o produto é vendido em um flow pack com duas unidades. Dezesseis flow packs são distribuídos numa caixa-display de papel cartão. emb.bz/173buono

2

5

32 | Janeiro 2014



Almanaque Sinônimo de achocolatado Em 1982, a PepsiCo inaugurou no Brasil, com o Toddynho, o segmento de leite aromatizado pronto para beber em embalagens cartonadas assépticas de 200 mililitros, fornecidas pela Tetra Pak. A novidade, somada à criação do personagem icônico – estampado nas caixi-

nhas –, logo ganhou a simpatia das crianças. A marca Toddynho acabou se tornando sinônimo de achocolatado pronto para beber. Ao longo dos anos, os layouts da embalagem e do personagem foram modernizados e hoje o produto tem diversos sabores.

primeiro achocolatado pronto em caixinha, toddynho criou personagem identificado com crianças

ao longo dos anos, personagem ganhou destaque nas embalagens e foi modernizado pela agência usina de desenho

Símbolo do Rio de Janeiro O biscoito Globo, tradicional produto vendido no Rio de Janeiro, tem a mesma embalagem desde que estreou no mercado, em 1954. O personagem que aparece nos saquinhos foi inspirado no desenho “O bonequinho viu”, que há quase setenta anos ilustra as críticas de cinema do jornal O Globo. São duas versões de embalagem: nas praias, sacos de papel, que garantem a proteção à luz solar; em padarias, invólucros plásticos fles xíveis transparentes. Os biscoito Globo se tornaram um sucesso nas praias, e hoje são um dos símbolos da Cidade Maravilhosa. Veja mais em emb.bz/173globo

34 | Janeiro 2014

Primeira embalagem a vácuo de cafés, produzida na Alemanha. Produto era indicado para coadores Melitta

Do filtro ao café A Melitta, criada em 1908 em Dresden, na Alemanha, só produzia coadores de café. Em 1954, a empresa lançou sua primeira linha de louças – bules, xícaras e porta-coadores. A Melitta começou a produzir café apenas em 1962. Foi também a primeira torrefadora de café na Alemanha a moer e acondicionar seus produtos em embalagens a vácuo.

Champagne virou Limonada Lançada em 1954 pela Cia. Antarctica Paulista, a Soda chegou ao mercado com o complemento “champagne”, assim como o Guaraná Antarctica. Mas, diferentemente deste, que só tirou a expressão “champagne” do nome devido a reclamações de vinicultores franceses da região de Champagne, a Soda permaneceu pouco tempo com o acessório em seu nome. Logo depois do lançamento, o refrigerante passou a se chamar Soda Limonada Antarctica, nome que ostenta até hoje, depois de passar alguns anos sem a palavra “limonada” nos rótulos.


Já está à venda o volume 2 do Almanaque EmbalagemMarca, edição especial que mostra o que de melhor foi publicado na seção mais lida da revista, e com notas inéditas. Peça o seu exemplar através do site:

almanaque.blog.br/edicaoespecial Para informações sobre como patrocinar as próximas edições do almanaque, entre em contato conosco: (11) 5181-6533 ou pelo e-mail comercial@ embalagemmarca.com.br

ou aponte seu smartphone para o QR code acima

Patrocínio:



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.