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Ano XVI • Nº 193 • Setembro 2015 • R$ 15,00
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ENTREVISTA
PROCESSAMENTO
Maria Isabel Lopez de Heredia, da Ultrapan, conta como a ex-distribuidora se transformou em indústria de bebidas
Novas tecnologias de esterilização prometem viabilizar a oferta de produtos perecíveis mais nobres
Veja vários meios para contornar os problemas do consumo reduzido e atrair compradores
Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR
Abrem-se portas Pode soar como lugar comum, “mais do mesmo”, “repeteco”, mas o fato é que crises trazem oportunidades, como acontece no atual quadro recessivo que o País atravessa – abrindo amplas portas para as empresas usarem embalagens de forma mais eficaz do que sempre fazem, a fim de que ajudem a atrair para as marcas de seus produtos compradores com orçamentos apertados. Ao que se prevê, o panorama vai se agravar, mas pode-se também afirmar que ainda não será o fim do mundo. Às vésperas do fechamento desta edição, um novo exemplar do boletim Focus, do Banco Central do Brasil, revelou que analistas de mercado mais uma vez corrigiram a projeção para o Produto Interno Bruto brasileiro deste ano. A aposta, agora, é de que o PIB caia 2,26% em 2015. Como uma semana antes a previsão era de um recuo de 2,06%, após seis sucessivas revisões para baixo, pode ser que o prognóstico seja ainda pior no momento da leitura destas linhas. Para os luminares consultados pelo BC, o Brasil fatalmente registrará em 2015 a maior retração do PIB em 25 anos. A notícia teve amplo destaque na grande imprensa, municiando ainda mais as leituras de que o País vive uma crise séria, capaz de alcançar contornos dramáticos. Há, porém, quem acredite estarmos atravessando um período de retração previsível após anos de expansão, particularmente complicado pelas tensões políticas. Seria exagero, por exemplo, o alarme ante “ondas de demissões”, quando a taxa de desemprego do País – de 8,3%, conforme divulgado em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE) – é bem menor que a de muitos países. Na Grécia e na Espanha, para citar apenas dois casos, o índice de desocupação alcança, respectivamente, 25% e 22%, enquanto a média nos 27 países que formam a União Europeia ultrapassa 11%. Opiniões à parte, preocupa o setor de bens não duráveis, principal público-alvo de EmbalagemMarca, um fato concreto: o recuo no consumo, que não acontecia no Brasil havia doze anos. Segundo o IBGE, o gasto das famílias no segundo trimestre deste ano foi 2,7% menor que o do mesmo período de 2014, a maior queda desde 1997. Nos primeiros três meses do ano a diminuição foi de 0,9% (-1,5% em relação ao trimestre anterior). O desaquecimento da economia, a inflação, as incertezas e os desacertos do Governo têm tornado a população mais cautelosa e criteriosa na hora das compras. No Brasil, turbulências são habituais e novidade somente para os muito novos, os alienados e os sediciosos. Isso não significa, logicamente, que as empresas não devam se precaver como os consumidores e pensar em maneiras de minimizar os efeitos da crise. É o que vêm fazendo várias delas, como mostram exemplos escolhidos para ilustrar a reportagem de capa desta edição. Em todos, a embalagem é protagonista primordial, demonstrando, embora pareça repetitivo, o fato de que esse é um extraordinário instrumento vendedor, de maneira destacada em momentos de recessão. Até outubro.
Wilson Palhares
“Várias empresas usam embalagens de produtos de suas marcas como recurso para ajudar a contornar o atual quadro recessivo, atraindo compradores das mais variadas maneiras, o que mais uma vez confirma a força desse instrumento”
Sumário
Edição 193 • Setembro 2015
3 Editorial Várias empresas usam embalagens de produtos de suas marcas como recurso para ajudar a contornar o atual quadro recessivo, atraindo compradores das mais variadas maneiras
Reportagem de capa:
6 Prêmio Motivos não faltam para comparecer à cerimônia de entrega dos troféus do Prêmio Grandes Cases de Embalagem
Como a escolha da embalagem certa pode ser estratégica para escapar da crise
8 Painel Itambé e Logoplaste inauguram nova fábrica de embalagens para iogurtes premium em Minas Gerais • RPC, fabricante de embalagens plásticas rígidas europeia, pode investir em planta no Brasil • Baumgarten Gráfica apresenta novo plano de relacionamento com clientes
21 Destilados (capa) Solução de papel cartão valoriza promoção 24 Entrevista Com parcerias e investimentos em fábrica de embalagens, ex-distribuidora cresce como indústria de bebidas. Maria Isabel Lopez de Heredia, superintendente de operações da Ultrapan, fala sobre os caminhos tomados pelo negócio
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28 Processamento Novas tecnologias de esterilização prometem preservar melhor as propriedades de perecíveis, viabilizando a oferta de produtos mais nobres
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30 Internacional Tecnologia inovadora de impressão digital direta em garrafas de PET é combinada com realidade aumentada em ação de cervejaria belga
32 Massas Líder em pratos prontos na França traz ao Brasil macarrão pronto em embalagens práticas
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34 Cervejas SABMiller adota primeira garrafa incolor, de 600 mililitros, do mercado regular de cervejas do Brasil
36 Display Salton amplia linha de vinhos “Gerações” • Aurora leva suco de uva premium para cartonada asséptica • Molhos à base de cerveja são envasados em garrafas de bebidas • Blondine lança cerveja com café
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42 Almanaque Futebol Cards, as figurinhas que marcaram época • A evolução das embalagens da Farinha Láctea Nestlé • A latinha cilíndrica do unguento Springer, de Novo Hamburgo (RS)
Empresas que anunciam nesta edição Avery Dennison.............................................42 Baumgarten..........................................22 e 23 Blowplus.........................................................39 Center Fix....................................................... 27 Congraf........................................................... 41 Designful......................................................... 19
Grandes Cases.............................. 33, 35 e 37 Indexlabel..........................................................7 MD Papéis............................................ 4ª capa Novelprint............................................. 3ª capa Owens-Illinois.................................................. 9 Packpoint.......................................................... 5
PE Latina......................................................... 25 Plastipak................................................ 2ª capa Prakolar............................................................17 Tetra Pak..........................................................13 Vidro Porto..................................................... 27
Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br
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prêmio
O início, o fim e o meio
O FUTURO A GENTE FAZ!
A cerimônia de entrega dos troféus do Prêmio Grandes Cases de Embalagem e seus significados O Prêmio
Grandes Cases de Embalagem é um ciclo que, em teoria, se inicia com o processo de inscrições, em março, e que se encerra com a cerimônia de entrega dos troféus -- a deste ano está marcada para 5 de novembro. Na prática, contudo, os significados e as implicações da premiação vão muito além disso. Desde que foi lançada, em 2007, a iniciativa tem como objetivos principais a disseminação de boas práticas, a valorização do profissional de embalagem e a integração da cadeia produtiva. Dessa concepção nasceu a estrutura do Prêmio, cujos alicerces estão na necessidade de que as inscrições tragam defesas objetivas dos projetos e demonstrem resultados na prática. Ao fazer isso, imaginam os organizadores, as equipes envolvidas no desenvolvimento das embalagens concorrentes fazem reflexões sobre seus projetos passados e os avaliam à luz dos resultados obtidos no mercado. Também na maneira de dar reconhecimento aos ganhadores estão embutidos os princípios da premiação. Independentemente de quem seja a empresa responsável pela inscrição vencedora, o brand owner e todos os fornecedores citados na ficha de inscrição ganham troféu e certificado. É uma forma de destacar que projetos de embalagem dependem do envolvimento de diferentes empresas, e um estímulo à aproximação desses agentes. Um resultado prático desse esforço são as cada vez mais comuns inscrições feitas a quatro, seis (ou até mais) mãos. Na festa de entrega dos troféus, por sua vez, é recorrente a presença de representantes de boa parte das empresas que foram mencionadas no
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processo de inscrição -- com participação destacada de importantes brand owners. E essa diversidade no público, altamente qualificado, contribui para outro elemento importante do processo de integração da cadeia produtiva: a troca de cartões de visita. Por isso, pode-se afirmar que o ciclo do Prêmio Grandes Cases de Embalagem não tem fim no momento em que se apagam as luzes da festa. É a partir dela que alguns projetos começam a nascer. A cerimônia de premiação, nesse sentido, é apenas um meio para concretizar novos negócios.
Motivos para ir não faltam Para quem ainda não garantiu convite para a cerimônia de entrega do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, que ocorre no dia 5 de novembro, em São Paulo, é bom não deixar para a última hora. Nas duas edições anteriores do evento, os lugares se esgotaram. Os motivos para ir são muitos, e não se restringem a conhecer, em primeira mão, as embalagens vencedoras. Trata-se de uma grande oportunidade para estreitar relacionamentos com diferentes agentes do setor. Para quem precisa fugir do rodízio ou quer evitar o trânsito mais pesado, será exibida uma sessão especial do filme “A história da embalagem no Brasil”, a partir das 17 horas. Mais informações em www.grandescases.com.br.
SERVIÇO Prêmio Grandes Cases de Embalagem Data 5 de novembro Local Centro Universitário Senac - Santo Amaro Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 823 São Paulo, SP Programação 17h-18h Projeção do filme “A história da embalagem no Brasil” 18h-20h Coquetel 20h-21h Entrega dos troféus 21h-23h30 Jantar Convites e informações (11) 5181-6533 grandescases.com.br
Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS
Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br
produção
Aposta em maior valor Em Minas, Itambé e Logoplaste inauguram nova fábrica de embalagens para iogurtes premium Player importante do mercado brasileiro de laticínios, a Itambé inaugurou em agosto, em sua central de Pará de Minas (MG), uma nova fábrica de garrafas plásticas para iogurtes. As instalações foram idealizadas em conjunto com a fornecedora de embalagens Logoplaste, e integram a estratégia da Itambé de ampliar participação de mercado em produtos de alto valor agregado. Para construção da fábrica de embalagens e aquisição de equipamentos e máquinas com tecnologia de ponta, Itambé e Logoplaste destinaram 18,5 milhões de reais. A iniciativa permitirá a conversão de cerca de 2 000 toneladas/ano de resina em frascos de versões de 900 gramas, 600 gramas, 170 gramas e 75 gramas. A fábrica de embalagens conta com um moderno fluxo de produção que minimiza o contato humano com as garrafas, que, depois de prontas, são
armazenadas em silos e transportadas via “frascodutos” até a linha de produção de iogurtes. “Sempre buscamos as melhores práticas e as mais eficientes tecnologias disponíveis no mundo para atender às necessidades dos nossos clientes”, afirma Fábio Salik, diretor da Logoplaste. Com a inauguração, a Itambé conclui aportes de 100 milhões de reais realizados nos últimos quatro anos. Parte desse montante foi destinada, em 2012, à construção de um Centro de Distribuição, que passou a concentrar o armazenamento do estoque e gerou o aumento de espaço disponível na fábrica. “Isso nos permitiu focar no projeto de modernização das linhas de UHT e na ampliação, em mais de 80%, da capacidade produtiva de iogurtes”, diz Alexandre Almeida, CEO da Itambé. “A parceria com a Logoplaste nos permitirá produzir embalagens ainda mais modernas”, completa.
Planta é capaz de transformar cerca de 2 000 toneladas/ano de resina em frascos
Desodorantes no Brasil No dia 19 de agosto, a Unilever inaugurou oficialmente sua 15ª unidade industrial no Brasil. Situada em Aguaí (SP), ela é dedicada à produção de artigos de cuidados pessoais e do lar. Destaca-se o fato de ser a primeira fábrica da multinacional anglo-holandesa no País a produzir desodorantes em aerossol – as ofertas locais da Unilever vinham sendo importadas, predominantemente, da Argentina.
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A planta de Aguaí começa a operar com área construída de 25 000 metros quadrados e terá, já em 2016, três linhas de produção de desodorantes das marcas Rexona e Dove. A fábrica integra um plano de investimentos de 1,1 bilhão de reais em novas instalações no Brasil, que engloba outros projetos até 2017. A Unilever não deu retorno aos pedidos de informações sobre as operações de embalagem da nova fábrica.
Fábrica de Aguaí: três linhas para aerossóis
Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS
EMBALAGENS E DAS MARCAS
MERCADO
PAPÉIS
Em estudos, instalação no Brasil
Atestado de boas práticas
Uma das maiores produtoras de embalagens plásticas rígidas da Europa, a RPC pode investir numa fábrica no Brasil. Pim Vervaat, diretor geral da companhia, afirmou ao site Plastic News que houve conversas com um potencial parceiro no País, mas elas não avançaram. Outras sondagens estariam em curso, além da procura de terrenos disponíveis numa região não revelada do território nacional.
Segundo a reportagem do PN, o interesse no Brasil faria parte de um plano de globalização dos negócios. A Europa responderia por 86% das vendas da RPC, que alcançaram 2,67 bilhões de dólares em 2014. No ano passado, a empresa investiu 430 milhões de dólares na aquisição da chinesa Ace Corporation, fabricante de moldes e recipientes injetados.
A Ibema conquistou a certificação internacional ISO 14001, que atesta a conformidade e o bom desempenho do seu Sistema de Gestão Ambiental. Todas as instalações da fabricante de papel cartão, no Paraná, passaram por auditorias internas e externas, cuja última etapa foi finalizada com êxito nos dias 10 a 14 de agosto. A empresa investiu mais de 3 milhões de reais no aprimoramento da estrutura e de processos internos para a obtenção do título, válido por três anos.
EQUIPAMENTOS
RPC já teria tentado acordos para produzir potes como estes no País
GENTE
Santa Cruz no timão A Bemis Latin America (antiga Dixie Toga) terá novo presidente em 2016. O peruano Carlos Santa Cruz (foto) assumirá o timão da fornecedora de embalagens no lugar de Nelson Fazenda, que se aposentará no início do próximo ano. Santa Cruz já ocupou posições relevantes na 3M e presidiu os negócios da PPG Industries na América Latina. Até a transição, ocupará na Bemis o cargo de vice-presidente executivo.
Pronto atendimento O ServiceLine é a novidade da Krones do Brasil para aprimorar a qualidade de seus serviços de pós-venda. Trata-se de um serviço que recebe os primeiros telefonemas dos clientes e encaminha as chamadas para os profissionais adequados do quadro da fornecedora de equipamentos. Em caso de problemas técnicos, é aberto uma espécie de protocolo para facilitar o acompanhamento dos processos pelos solicitantes. O atendimento é feito todos os dias, das 8 às 20 horas, pelos números (11) 9 8519-2241 ou (11) 4075-9740 e pelo e-mail: serviceline@krones.com.br.
ENVASE
Gigante em Coca-Cola Anunciada no início de agosto, uma fusão tripla criou na Europa a maior engarrafadora mundial do sistema Coca-Cola. A Coca-Cola Enterprises, maior engarrafadora independente de produtos da marca no Velho Continente, uniu-se à Coca-Cola Iberian Partners, engarrafadora também autônoma que atende
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Portugal e Espanha, e à Coca-Cola Erfrischungsgetränke AG, engarrafadora controlada pela The Coca-Cola Company (TCCC) na Alemanha. A nova companhia se chamará Coca-Cola European Partners LLC, e terá 18% de participação acionária da TCCC. Saiba mais em emb.bz/193cocaeuro Maior engarrafadora de Coca-Cola surge na Europa, a partir de fusão tripla
RÓTULOS
Em prol da melhoria
númeroS
Print the Future é o nome do novo programa de relacionamento com fornecedores lançado pela Baumgarten. Com a ação, a produtora de rótulos e embalagens quer promover planos de ação conjuntos com suas fontes de materiais, de modo a promover a melhoria contínua de ambas as partes. Os fornecedores passarão por avaliações periódicas de desempenho, fundamentadas nos pilares Qualidade, Supply Chain e Serviços, Inovação, Sustentabilidade e Competitividade.
Perdas e ganhos
ADESIVOS
Em rótulos de papel ou filme A Dow apresenta em toda América Latina a nova família de adesivos sensíveis à pressão ROBOND PS9100, para rótulos de filme e papel. Entre os diferenciais técnicos da nova linha estariam a alta tecnologia de processamento e a velocidade de aplicação, que proporcionariam aumento direto de produtivida-
de e ganho na redução da energia empregada. Destacam-se também a resistência ao branqueamento do adesivo depois de submerso ou em contato com a água; a resistência a óleo; boa capacidade de reposicionamento; e a alta transparência. Saiba mais em: emb.bz/193dow
RECICLAGEM
Também para Android O Rota da Reciclagem, aplicativo que indica locais para entrega de embalagens e outros materiais recicláveis, passa a estar disponível para o sistema Android. O programa, lançado inicialmente para iPhones e iPads, deriva de uma plataforma digital desenvolvida pela Tetra Pak em 2008. O site Rota da Reciclagem já atingiu a marca de um milhão de visitas e conta com mais de 5 000 pontos de recebimento de recicláveis cadastrados, distribuídos por todas as regiões do Brasil. Baixe o aplicativo em emb.bz/193rota
GENTE
Tarimba na Mondelez Eduardo Yugue (foto) é o mais novo reforço para a equipe de pesquisa e desenvolvimento de embalagens da Mondelez. O profissional tem vinte e cinco anos de experiência em packaging, acumulando passagens destacadas por multinacionais como Pepsico e Nestlé.
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) emitiu um balanço do desempenho do setor no primeiro semestre de 2015. Eis alguns dos índices divulgados:
10,9 bilhões
Foi a quantidade de latas de alumínio para bebidas vendidas no Brasil no primeiro semestre de 2015. O número é 5,7% inferior ao registrado no mesmo período de 2014.
4,4%
Foi a queda da produção de cerveja em lata no País nos primeiros seis meses do ano. No entanto, a participação da lata no mercado de cervejas subiu 0,7%, atingindo 46,1% da produção total da bebida no primeiro semestre de 2015
700
milhões de litros de refrigerantes foram envasados em latas no primeiro semestre de 2015. O volume equivaleu a 10,1% do total produzido no período
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reportagem de capa
Para contornar crises Quando os consumidores compram menos, como vem ocorrendo, mais do que nunca as embalagens comprovam ser um recurso eficaz para ganhar sua preferência
Dois homens descansam na savana. Um leão se aproxima. Um deles começa a calçar apressadamente os tênis. “Você acha que, de tênis, vai conseguir correr mais do que o leão e escapar?”, pergunta o amigo. “Não”, responde o outro. “Só preciso correr mais do que você.”
No atual
quadro recessivo da economia brasileira, a anedota acima lembra de certa forma providências que empresas podem tomar com o objetivo de atrair consumidores à compra de produtos de suas marcas, não aos de concorrentes. Mais do que em outras ocasiões, é nas crises que as embalagens podem cumprir funções “de salvação”, utilizadas das mais diferentes maneiras, como aliás vem acontecendo intensamente e como é mostrado, com prós e contras, neste serviço de EmbalagemMarca. Na proliferação de estratégias para desvio da crise, observa-se hoje o uso de recursos que não chegam a ser novos, mas que se multiplicam como instrumentos de estímulo às vendas, com destaque para brindes e promoções, uma das mais tradicionais técnicas do chamado marketing promocional. Como bons remédios para driblar a crise, contudo, essas armas devem ser utilizadas com parcimônia. Em excesso, “viciam” o consumidor, que passa a considerar o benefício como parte integrante do produto e se torna imune ao estímulo. Quando aplicadas de forma constante, as ofertas tornam-se mais parecidas com anabolizantes do que
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com vitaminas – e o organismo exposto ao risco, no caso, é a marca. Outro apelo costumeiro é oferecer embalagens “econômicas” – que tanto podem ser menores ou maiores que as habituais – mas que nem sempre trazem vantagens financeiras para o consumidor, como em casos nos quais o preço da unidade de medida (grama ou centilitro, por exemplo) resulta em custo maior do que em outras opções de conteúdo. É quando o “menos por mais” acaba virando “mais por menos”. Quando o consumidor constata na prática que “o barato sai caro”, a manobra esperta sai fatalmente cara – para a marca. Transparência e lisura no relacionamento comercial, enfim, são as pedras de toque para que as coisas corram bem para todos os agentes da cadeia, desde o fabricante e o comerciante até o consumidor final. Nos casos de ações oportunas aqui lembradas, é fundamental a participação das embalagens. Alguns ocorrem no exterior, mas as variantes em nosso País são igualmente adequadas, reforçando o entendimento de que a embalagem tem, somada a suas funções de proteção e transporte, a de minimizar os efeitos de crises. Boa leitura.
© Jason Prince | Dreamstime.com
Por Wilson Palhares
Tamanhos e quantidades O que é: Apostar no dimensionamento adequado de embalagens de acordo com o perfil do varejo e do consumidor-alvo. Embalagens menores atendem o público com comportamento single, reduzem o risco da experimentação de novos produtos ou marcas e ainda permitem a redução do tíquete de compra. Embalagens “tamanho família”, por outro lado, ajudam a vender quantidades maiores de produto e têm apelo a consumidores heavy-users. Prós: A produção de formatos apropriados a diferentes perfis de consumo agrada não apenas ao consumidor, mas também ao varejo. Contras: Maior complexidade na produção, na distribuição e na gestão de estoques e de fornecedores.
Opções de tamanho, como as oferecidas pela Kellogg’s, e multipacks, como o de Club Social, oferecem boa equação custo-benefício a diferentes perfis de consumo
“Leve mais por menos” O que é: Entrega de quantidade maior de produto ao preço da embalagem regular. Pode ser materializada na forma de desconto no conteúdo, mantendo-se a embalagem original, com a adoção de uma embalagem maior ou pelo agrupamento de itens adicionais. Prós: Explicita a vantagem econômica, e geralmente tem baixo custo adicional de embalagem. Contras: Em alguns casos, é necessário recorrer ao trabalho de co-packers, e pode ter efeito negativo se o desconto oferecido for anulado pelo varejo. Descontos podem ser entregues sem alteração no tamanho da embalagem, como no caso de Omo, com novos tamanhos, a exemplo do que faz o Leite Paulista, ou com embalagem secundária, forma adotada pelo sabonete Dove
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Licenciamento O que é: Uso de personagens ou marcas de grande aceitação entre o público-alvo do produto a ser embalado. Apesar de ser largamente usado em linhas voltadas ao público infantil, a estratégia é eficaz também entre os adultos. Prós: Ganho de visibilidade imediato, reduzindo a necessidade de investimentos em divulgação, e carona nos atributos da marca licenciada. Contras: Menor flexibilidade na criação, que precisa seguir guidelines rigorosos impostos pelos licenciadores, e riscos não controlados de eventuais problemas de imagem das marcas licenciadas. Pegar carona na popularidade, na visibilidade e nos atributos de marcas e personagens relevantes para o público-alvo é um caminho com muitos adeptos, especialmente em segmentos voltados ao público infantil
Promoções on-pack O que é: Aproveitamento da embalagem como meio de divulgação de promoções, normalmente por meio de gravação de códigos únicos disponíveis para o consumidor após a compra do produto. A ativação, em geral, depende de uma ação de cadastramento a ser tomada pelo consumidor, e se restringe a um número específico de ganhadores, escolhidos por sorteio. Prós: Benefício agregado ao consumidor ajuda a turbinar as vendas, cria banco de dados valioso para ações futuras e tem potencial de ganhar visibilidade na ação boca-a-boca do consumidor. Contras: Etapa adicional na produção (a marcação do código), “desvalorização” nas gôndolas das embalagens que não trazem a promoção e validade determinada do lote de embalagem, que não pode ser usado após o fim da promoção.
Oferecer prêmios com valor mensurável, como os ingressos para o Rock in Rio sorteados pela Pepsico, ou que sejam experiências, como mostram os exemplos de Coca-Cola e Kellogg’s, sempre tem apelo, e é uma excelente estratégia para construir bancos de dados
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O pote oferecido pelo açúcar light Magro é um exemplo clássico de brinde entregue de imediato. Já a ação de Heineken que oferece download de filmes, viabilizada pela marcação de códigos únicos no interior dos multipacks, demanda interação online do consumidor, e propicia a construção de cadastros
Brindes on-pack O que é: Trata-se da agregação de um presente para o consumidor similar à estratégia de promoção on-pack, mas que beneficia todos os consumidores e dispensa a ação de cadastramento (salvo em ações online). Pode vir na parte interna da embalagem, estar agrupado ao pro-
duto com uma embalagem adicional ou ser entregue pelo varejo no check-out. Prós: O brinde é um estímulo à compra, e ajuda a criar uma experiência de relacionamento do consumidor com a marca – que, em alguns casos, permanece por longo período à vista
do consumidor. Contras: Maior complexidade industrial, eventualmente requerendo o envolvimento de um co-packer, e risco de se tornar parte integrante da proposta de valor para o consumidor, perdendo assim a eficácia (por isso deve ser feita em séries limitadas).
Clube de vantagens O que é: Programa que visa ganhar assiduidade de clientes na aquisição de marcas, recompensando-os com descontos em novas compras ou concedendo-lhes outros prêmios. Ao contrário de ações promocionais, a modalidade não tem limitação de prazo. Um exemplo clássico, usado basicamente por companhias aéreas, de telefonia e de cartões de crédito, mas já com tentativas em bens não duráveis, é o da concessão de milhas para viagem ou compras de bens duráveis. Prós: Além de estimular a fidelização às marcas, tais programas permitem aprofundar o relacionamento com os clientes e conhecer melhor seus hábitos e anseios de consumo. Contras: Os benefícios para a marca não costumam ser imediatos. O sucesso da relação com o cliente se constrói em longo prazo, vale dizer que é necessário investir e persistir.
Os códigos marcados na parte interna das embalagens das cápsulas de café Dolce Gusto transformam-se em descontos em compras futuras, premiando a lealdade do consumidor, em mecanismo similar ao de programas de milhagem que proliferam em diferentes mercados
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Embalagens múltiplas servem para estimular a venda de maiores volumes de um mesmo produto, como mostra o pacote de Lay’s, ou para promover lançamentos, a exemplo do que faz Veja, que ainda aproveita o verso da embalagem secundária como mídia
Kit promocional O que é: Técnica em que as vantagens oferecidas vêm atreladas à oferta de produtos complementares, como xampus e condicionadores, ou materializadas em pacotes presenteáveis em datas festivas (Dia dos Namorados, Natal, Dia das Mães), corriqueira no setor de cosméticos. Também pode ser adotada para estimular
a experimentação de novos produtos, aproveitando-se a popularidade do item principal. Prós: Além do natural apelo de economia, facilitam a experimentação num panorama não muito propício para lançamentos, e estimulam a venda de produtos complementares.
Contras: Geralmente produzidos em co-packers, os kits, quando usados de forma constante, tendem a “acostumar mal” o consumidor, que resistirá a futuras compras se o produto não for acompanhado de seu “complemento”, como um condicionador de cabelos a um xampu ou uma escova de dentes a um enxaguatório bucal.
Refil O que é: Estratégia que permite ao consumidor reaproveitar a embalagem original do produto, completando-a com o conteúdo disponibilizado em versão mais barata do recipiente. O mais comum é o uso de embalagens flexíveis como complemento de frascos rígidos, mas há casos de reaproveitamento de itens mais complexos, como o sistema de válvulas. Prós: Redução do valor de compra para o consumidor, e estímulo à fidelização. Contras: Aumenta a complexidade da distribuição e da gestão de estoques e de fornecedores, além de trazer riscos de má utilização (ou de uso da embalagem primária com produtos de outra marca).
Possibilidades infinitas Embalagens flexíveis são a forma mais comum de refilagem, estratégia usada para reduzir o valor do desembolso pelo consumidor e para estimular a lealdade à marca
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Muito mais do que os exemplos aqui apresentados, pode-se afirmar que as possibilidades de uso de recursos a embalagens vendedoras frente a quadros recessivos são praticamente infi-
nitas. Basta observar o que acontece em supermercados e em farmácias. E veja no site de EmbalagemMarca outras formas para atrair o consumidor. emb.bz/193crise
reportagem de capa
Uma força da tecnologia
A primeira no Brasil
Flexibilidade em impressão e internet facilitam promoções e interação com os consumidores
Camargo instala HP Indigo 20000 de olho não apenas em pequenas tiragens Ferramenta importante para o desenvolvimento de
Aposta clássica
para estimular compras com auxílio das embalagens, a realização de concursos é beneficiada pela evolução das tecnologias de impressão, que hoje permitem a gravação de códigos promocionais em invólucros dos mais variados substratos. Além disso, a internet caiu do céu para os brand owners, facilitando a implantação das ações e a participação dos consumidores. Não surpreende que o artifício seja cada vez mais utilizado na Europa, enredada há anos num quadro de economia anêmica. É o que acaba de ocorrer no Reino Unido com a Yeo Valley. Essa fabricante de laticínios adotou uma nova solução da fornecedora de embalagens flexíveis Clondalkin, o UniXcode, para lançar um amplo clube de vantagens, o Yeokens. Por meio de impressão inkjet de alta velocidade, códigos únicos são gravados nos filmes-tampa ou nos rótulos termoencolhíveis dos produtos da Yeo Valley – leites, iogurtes, creme de leite, manteiga e compotas de frutas. O código fica encoberto pelo design e somente é revelado quando os componentes são removidos. A aplicação não compromete a qualidade ou a funcionalidade dos adereços ou dos selos. Também não há risco de contaminação, uma vez que a tinta não fica em contato direto com o conteúdo. Ao registrar os códigos na internet, o consumidor recebe uma moeda virtual que pode ser trocada por produtos da marca, viagens, visitas à fábrica ou doações a entidades filantrópicas. “Temos certeza de que a iniciativa será recompensadora para nosso público e para nosso negócio”, afirma Dan Rusga, diretor de marketing da Yeo Valley.
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ações promocionais que tenham a embalagem como protagonista, a impressão digital vem ganhando espaço no mundo todo. Um bom exemplo é o da recente campanha da cerveja Kampioenen, da Bélgica (veja na página 30). No Brasil, contudo, essa tecnologia – já amplamente disponível na área de rótulos – vem sendo usada mais como alternativa às pequenas tiragens do que como instrumento de marketing. Uma nova instalação, contudo, promete mudar esse cenário. A Camargo Companhia de Embalagens, de Tietê (SP), adquiriu uma HP Indigo 20000 (a primeira no Brasil), impressora desenvolvida para atender ao mercado de embalagens flexíveis, com a proposta de explorar não apenas a demanda por lotes economicamente desinteressantes para a tecnologia convencional. “Temos grande tradição em pesquisa e desenvolvimento de embalagens flexíveis laminadas para todos os segmentos do mercado, e investimos nesse equipamento para aumentar as possibilidades à disposição dos nossos clientes”, diz Ricardo Toledo, diretor executivo da Camargo. “Obviamente, trata-se de uma alternativa para quem precisa de pequenas quantidades, mas também queremos ajudar a revolucionar o mercado de embalagens flexíveis, viabilizando ações de personalização, uso de dados variáveis, lotes exclusivos e o que mais os profissionais de marketing resolverem inventar, já que, tecnicamente, podemos atendê-los”, completa o empresário. A máquina começará a operar ainda em 2015. A HP Indigo 20000 (foto) imprime bobinas com até 76cm de largura, em sete cores (que, combinadas, atendem cerca de 97% da escala Pantone), com qualidade gráfica similar à da rotogravura.
reportagem de capa
Robustez e impacto Solução de papel cartão dá segurança e enobrece promoção de uísque
O uísque
The Famous Grouse ganhou uma embalagem secundária especial para sua venda no Brasil. Trata-se de um estojo contendo uma garrafa do scotch e um copo de vidro, oferecido como brinde. O pack conseguiu incorporar a resistência e o impacto visual requisitados pela Aurora Fine Brands, importadora oficial da bebida. Para garantir a proteção adequada do conteúdo, a Congraf Embalagens projetou um berço com reforço, proporcionando estabilidade ao copo. “Partimos de um desenho de berço e posição do copo desenhado pelo marketing global, mas o Brasil seria responsável por todo o novo desenho”, conta Mauricio Leme, gerente da marca na Aurora Fine Brands. “Nos primeiros mock-ups já encontramos a solução rapidamente.”
de obra altamente qualificada”, diz o profissional. “O resultado é uma embalagem mais rígida.” Na parte visual, o pack foi concebido conjuntamente pela Aurora Fine Brands e pela Tupi Comunicação. A arte baseia-se na nova identidade da marca, que prioriza o roxo e o vermelho. A embalagem é impressa em seis
cores e, como apelo premium, recebe acabamentos como relevo seco, verniz UV de alto brilho localizado e verniz de proteção. Outro toque especial, viabilizado pela gráfica parceira, é a presença de uma janela, que revela parte do copo. Através da área vazada é possível visualizar e tocar o brinde, mas não removê-lo do estojo.
Designer da Congraf, Cesar Costa destaca que foi possível dotar a embalagem de grande robustez graças ao empastamento, em que há a conjugação de papéis cartão – neste caso, de cartões duplex de 260 g/m2 e 240 g/m2 “É um recurso conhecido, porém pouco aplicado no mercado gráfico devido à sua alta complexidade, que exige tanto equipamentos apropriados quanto mão
Empastamento gerou estrutura com maior rigidez. Janela permite visualização do copo, dado como brinde
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entrevista
Questão de aproveitar Com visão, parcerias e investimentos em parque de embalagem, ex-distribuidora progride como indústria de bebidas. Maria Isabel Lopez de Heredia, superintendente de operações da Ultrapan, comenta os caminhos tomados pelo negócio
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Aos 25 anos, a Ultrapan (UP) tem uma trajetória com duas fases distintas. A primeira, no ramo da distribuição de alimentos e bebidas, durou quase uma década. Sobreveio uma guinada. De olho numa licença para produzir no Brasil os refrescos Tampico, a empresa transformou-se em indústria. O negócio com a marca americana deu certo, estimulando voos mais recentes: produtos próprios, como néctares, energéticos e isotônicos, e a prestação de serviços fabris, entre eles de acondicionamento (co-packing), a outros players em bebidas. A embalagem tornou-se um alicerce das atividades da Ultrapan, determinando desafios e oportunidades comentados nesta entrevista pela superintendente de operações da companhia, Maria Isabel Lopez de Heredia. Em que condição a Ultrapan chega aos 25 anos de atividades? Prefiro não falar em receita e outros valores, mas posso dizer que estamos bem. Hoje, entre néctares, energéticos, chás, isotônicos e bebidas mistas, produzimos 72 SKUs. Destes, 26 são de nossas próprias marcas; 25 são de produtos licenciados, entre eles Tampico, do qual somos responsáveis pelo abastecimento dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (outras oito licenciadas atendem as demais regiões brasileiras); e 21 são de produtos para terceiros. Nossa fábrica em Valinhos (SP) abriga tecnologias de ponta para produção e acondicionamento. Somos capazes de envasar cerca de 6 milhões de litros por mês. Quais embalagens são utilizadas nos produtos da Ultrapan? Trabalhamos com garrafas de PET de vários tamanhos e formatos, garrafas de PEAD (polietileno de alta densidade) com selo indutivo e latas de alumínio de 355 mililitros e 269 mililitros. Temos cinco linhas de envase: três para PET, uma para PEAD e uma para latas. Alguns produtos, como os néctares Frutaria e Frutaria Light, são também oferecidos em embalagens cartonadas assépticas, adotadas através de co-packers. Na parte de decoração, estamos equipados para a rotulagem com sleeves (termoencolhíveis) e com
cola quente, para rótulos de BOPP ou de papel. Quais os desafios para administrar tantas operações de envase e o uso de diferentes tipos de embalagens? Qualquer operação que conta com muitos SKUs é complexa. Temos que coordenar as entregas de materiais just-in-time para as diferentes produções, tanto para minimizar o estoque de insumos parados – que representam custos operacionais e, por consequência, impactam no fluxo de caixa – quanto por questões de espaço, que também podem representar mais custos. Nossa área de logística trabalha em conjunto com a área comercial adequando semanalmente os volumes a ser produzidos e nossa área de PCP trabalha com os diversos clientes da terceirização para ajustar a programação de produção e a entrega de insumos. Ajustes diários com os diversos atores do processo são necessários, desde o envio de documentação fiscal que sustente a operação quanto a movimentação de fretes e descarga de insumos. Todo esse
Operações na fábrica da Ultrapan em Valinhos (SP). Empresa diz ter aparelhamento de ponta para bebidas
Produzimos 72 SKUs. Destes, 26 são de nossas marcas; 25 são de produtos licenciados; e 21 são de produtos para terceiros. É uma operação complexa trabalho é possível devido à parceria que existe com os setores envolvidos dos nossos clientes que frequentemente nos visitam, ajustando a operação e treinando novos participantes no processo. E os fornecedores de embalagens? Eles também participam desse processo, atuando de forma coordenada nas entregas e adequando-se rapidamente às possíveis contingências da produção. Trabalhando de forma avançada com os fornecedores conseguimos evitar rupturas nas entregas de materiais e por consequência conseguimos manter as campanhas de produção sem paradas desnecessárias. Aliás, o estabelecimento de campanhas de produção, em que o produto é produzido de forma contínua durante um período do mês ou do ano, minimizando os setups, contribui para a estabilidade do processo. Parceiros de qualidade comprovada são fundamentais para o sucesso da operação. Entre os que trabalham conosco estão Plastipak, Unicaplast, Soproval, Latapack-Ball, Rexam, Igaratiba, Tetra Pak, Greco & Guerreiro e CSI Closures. A produção de garrafas de PET é verticalizada ou a empresa adquire embalagens prontas? Adquirimos garrafas prontas, através de parceria. Como temos múltiplos tamanhos e formatos, verticalizar a operação não é justificável, considerando a ociosidade existente no mercado de sopro. O que a senhora destacaria em termos de aprimoramentos recentes nos processos de embalagem da Ultrapan? Posso destacar duas transformações. A primeira foi a evolução do acomodamento de produtos em caixas de papelão para o envolvimento dos produtos em filme plástico. Isso se deu naturalmente através da modificação gradual do próprio mercado. A segunda mudança foi
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a migração do rótulo de papel ou BOPP do tipo wrap-around para o sleeve. Isso foi provocado pelo desejo da Ultrapan de oferecer ao mercado produtos com maior valor agregado, com a imagem adequada ao conteúdo. A Ultrapan costuma decorar latas de alumínio de suas bebidas com rótulos termoencolhíveis. Isso é reflexo de dificuldade para obter latas próprias impressas ou é algo proposital? As duas coisas. Como parte dos clientes que atendemos como co-packers na linha de latas é de empresas em início de operação, ou com alcance regional, existe a dificuldade da compra dos lotes mínimos solicitados pelos fabricantes de latas. Por outro lado, alguns efeitos e cores ficam diferentes na forma de rótulo plástico termoencolhível numa comparação com a litografia. Desse modo, alguns clientes e também a própria Ultrapan preferem em alguns casos manter a arte em plástico.
Dr. UP: bebida contra a ressaca apresentada em lata com sleeve
Néctares Frutaria são vendidos em latas e em caixinhas fornecidas envasadas por terceiros
Sobre latas decoradas com rótulo termoencolhível, a Ultrapan utilizou esse recurso para lançar em 2014 uma bebida inusitada: a Dr.UP, de alegada ação antirressaca. O produto tem sido bem aceito no mercado? Como o conceito do produto é inovador, acreditamos que o consumidor precisa ser informado sobre as potencialidades do líquido através da embalagem. Estamos em processo de testar campanhas piloto de informação aos consumidores sobre o momento do consumo e as funcionalidades do Dr.UP. Por enquanto o desempenho é satisfatório para um produto de nicho. A linha de néctares Ken Up, lançada ao final de 2014, é apontada como inovadora em termos de embalagem. Qual é a inovação? O mercado brasileiro, de maneira ligeiramente diferente de outros grandes mercados, adquiriu grande simpatia pela embalagem cartonada, associando o produto envasado nesse tipo de embalagem com uma qualidade superior. A Ultrapan tem a visão de oferecer produtos de qualidade em qualquer tipo de embalagem. Consideramos que a opção cartonada é preferencial para o consumo em casa, mas consideramos prática a embalagem de PET, especialmente para um produto do tipo néctar de fruta. Ela atende ao consumo adulto on-the-go e também oferece opções familiares de litro e 2 litros. Está a caminho uma
Sinergia com afiliadas A Ultrapan (UP) não é um empreendimento isolado. Faz parte do Grupo Kairós, composto por dez empresas nacionais que atuam nos segmentos de alimentos, bebidas e ingredientes. O conglomerado possui nove fábricas e três centros de pesquisa e desenvolvimento espalhados pelo Brasil, empregando mais de mil pessoas. “Há sinergias na área de P&D e na industrialização de produtos no grupo de afiliadas”, explica Maria Isabel Lopez de Heredia, superintendente de operações da UP. A profissional, formada em Nutrição, é esposa e sócia do fundador do Grupo, Humberto Salvador Afonso.
opção infantil, de 250 mililitros. O fato de o Ken Up ser apresentado de maneira shelf stable também contribui para o consumo on-the-go, pois as opções atuais de néctares em PET precisam de refrigeração. Qual é o escopo do negócio de co-packing da Ultrapan? Atualmente, atendemos seis grandes clientes que comercializam suas bebidas em lata e em PET, em diversos volumes. Oferecemos industrialização de bebidas para clientes que exigem níveis altos de controle e qualidade, garantidos por programas rígidos de auditoria. O co-packing é uma modalidade bastante prestigiada nos Estados Unidos e em outros países. A oportunidade é aproveitada satisfatoriamente no mercado brasileiro? A empresa que se especializa em co-packing deve ter foco total na performance com vistas ao ganho de escala e à eficiência de linha, mantendo, portanto, altos volumes em linhas dedicadas. É esse o modelo das indústrias nos Estados Unidos, na Europa e em outros mercados. Embora invista continuamente em seus processos industriais para melhoria de desempenho e ganhos na produtividade, a Ultrapan não tem o co-packing como atividade-fim. Ele ocupa a ociosidade, permitindo prestações de serviços a clientes considerados especiais e estratégicos. O negócio não é definido por volumes e faturamento. Néctar Ken Up: oferta em PET para diferenciação no mercado e praticidade para o consumo em movimento
processamento
Conservação sem perdas Tecnologias emergentes de esterilização prometem preservar melhor as propriedades de perecíveis, viabilizando a oferta de produtos de maior nobreza
A pasteurização e outros meios de esterilização por calor contribuíram imensamente para o desenvolvimento da indústria de alimentos. Facilitaram a distribuição, reduziram perdas e garantiram mais segurança ao consumidor. Jamais foi segredo, porém, um efeito colateral dos processamentos térmicos: eles reduzem o teor nutritivo e modificam atributos como sabor, cor e textura originais dos produtos. Evitar esse inconveniente é uma promessa de tecnologias emergentes como o HPP. Sigla para a expressão inglesa High Pressure Processing, o HPP consiste num método de desinfecção a frio, através de alta pressão. Num equipamento específico, alimentos ou bebidas já acondicionados em suas embalagens
primárias são depositados em urnas (ou cestas), que seguem para uma câmara. Esta é fechada e preenchida com água até seu interior alcançar níveis de pressão de até 6 000 bar (87 000 PSI). Após um período de um a três minutos, que varia de acordo com o tipo de alimento, o conteúdo é despressurizado e os perecíveis estão prontos para venda – isentos de microrganismos nocivos, sem conservantes e com suas principais qualidades intactas, segundo os fornecedores da tecnologia. O HPP poderia processar produtos à base de carne, frutas e vegetais, sucos, pescados, frutos do mar e derivados lácteos. Seria até mesmo aplicável a fármacos e cosméticos. No caso de alimentos e bebidas, a distribuição depende de
Pasteurização a frio
ilustração: da Matta estúdio 3D
Como funciona um equipamento HPP, para esterilização por alta pressão
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Equipamento HPP da Hiperbaric. Os elementos azuis são as cestas onde os produtos são depositados
refrigeração e a vida de prateleira normalmente é de um ou dois meses. “O shelf life de um produto HPP não será maior que o de produtos pasteurizados ou submetidos a outros tipos de esterilização”, esclarece Marta Onrubio, da área de vendas da Hiperbaric, fabricante espanhola de equipamentos para o novo artifício. “O objetivo do HPP é permitir a oferta de produtos premium, que apresentem as melhores características dos produtos frescos, incluindo vitaminas e componentes benéficos à saúde que podem ser comprometidos por outros métodos.” No Brasil, onde é representada pela Zametal, de Concórdia (SC), a Hiperbaric já conquistou um cliente importante para seu processo HPP. A BRF utiliza a solução no processamento do presunto cozido fatiado da linha Sadia Soltíssimo. A companhia alimentícia não respondeu a pedidos de informação sobre a iniciativa. Outra referência em aparelhos para HPP, a sueca Avure Technologies, agenciada no País pela Pavax, emplacou a tecnologia na fabri-
cante de sucos Natural One (ver EmbalagemMarca nº 175, março de 2014) e em mais uma indústria usuária, cuja identidade é mantida em sigilo. O processamento molhado e sob alta pressão exige que os produtos tenham embalagens impermeáveis e maleáveis, como as termoformadas com filme-tampa do presunto Soltíssimo e as garrafas de PET utilizadas pela Natural One. Marta Onrubio ressalta que os invólucros devem ter o mínimo possível de ar em seu interior, porque isso implica risco de deformações e avarias com a pressurização. “Nesse sentido”, diz a profissional da Hiperbaric, “o veículo mais adequado é a flexível do tipo vacuum skin”. Para evitar problemas, recipientes podem receber injeção de nitrogênio no headspace ou nas áreas vazias.
Outra promessa em esterilização, também empenhada em preservar características inatas de alimentos, é o processamento asséptico assistido por micro-ondas. Como o nome denuncia, a solução propõe o uso da desinfecção por ondas eletromagnéticas no lugar de processos de pasteurização rápida (flash) a que produtos costumam ser submetidos em sistemas de envase asséptico. Sob o nome Aseptiwave, o expediente foi desenvolvido pela Aseptia Technnologies, empresa fundada por cientistas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. A ideia do Aseptiwave é um uso
Uma máquina da Avure em ação. No Brasil, Natural One utiliza a tecnologia em sucos em PET
abreviado e mais eficiente do calor, denominado aquecimento volumétrico avançado. Combinado ao envase asséptico, a técnica proporcionaria alimentos mais puros e passíveis de distribuição em temperatura ambiente, com vida de prateleira de um ano ou mais. Segundo Amanda Vargochik, vice-presidente de inovação da Aseptia, a obtenção de produtos shelf stable, que dispensam a cadeia do frio, não é a única diferença do Aseptiwave para o HPP. “Nosso processo é contínuo e automático, enquanto o HPP funciona por turnos e exige operações manuais de inserção e remoção dos produtos no equipamento”, diz. “Ademais, o capital de investimento e o custo de manutenção do processamento asséptico assistido por micro-ondas são menores.” A empresa americana prefere não dar detalhes do funcionamento do equipamento. O que se sabe é que, previamente ao envase, os alimentos passam por tubulações de aço inox até chegar a tubos transparentes alojados dentro de aplicadores de micro-ondas. O controle do processo seria rigoroso e os produtos não travariam contato com superfícies quentes, o que poderia ser prejudicial a produtos sensíveis
e de viscosidade elevada. De acordo com a Aseptia, os sistemas Aseptiwave são compatíveis com variados tipos de linha de enchimento e podem ser projetados para processar mais de 300 litros por minuto. Seriam aplicáveis a produtos líquidos, viscosos ou sólidos, de baixa ou alta acidez – leites, sopas, molhos, frutas e vegetais, entre outros. Para introduzir a solução ao mercado norte-americano, a Aseptia criou a subsidiária Wright Foods. A empresa
BRF utiliza sistema HPP da Hiperbaric para tratamento de presunto cozido
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internacional
Garrafas que conversam Na Bélgica, tecnologia inovadora de impressão digital direta em PET é combinada com realidade aumentada em ação de cervejaria Faz quase dez anos que um time Dole utiliza o Aseptiwave para envasar sopas em caixinhas da SIG Combibloc
presta serviços de envase com Aseptiwave a terceiros, valendo-se de embalagens cartonadas assépticas (da SIG Combibloc), pouches (da UltraClean) e bag-in-box (da Sealed Air). Entre seus clientes está a Dole. Graças è esterilização por micro-ondas, a marca utiliza o “natural” como apelo de marketing de purês de frutas vendidos em pouches e de sopas vendidas em caixinhas. Em março último a Aseptia anunciou que equipamentos Aseptiwave estão disponíveis para aquisição por outros “terceiristas”. “Temos unidades em escalas de bancada, piloto e comercial que podem ser vendidas mundialmente”, diz Amanda Vargochik. Cooptar co-packers parece fazer todo sentido para dar notoriedade às novas tecnologias de esterilização, sobretudo em países que vivem momentos econômicos complicados. Marcos Vinicius Xavier Silveira, diretor da Pavax, relata que o câmbio tem afugentado clientes potenciais da solução HPP da Avure Technologies. “Temos muitas empresas interessadas, porém sem volume individual para justificar o investimento”, diz o executivo. “Mas também há quem cogite adquirir o equipamento para prestar serviços a terceiros. Esse é o futuro, pois tornará a tecnologia acessível a muitos.”
de pesquisadores da KHS, fabricante de máquinas de embalagem sediada na Alemanha, trabalha numa tecnologia que possibilita a impressão digital direta em garrafas de bebidas. Agora, graças a uma cerveja em garrafa de PET de 330 mililitros, lançada na Bélgica, aqueles profissionais já podem ver a primeira aplicação comercial de seu trabalho. Com smartphones, podem até assistir a versões animadas de suas crias. Ocorre que na cerveja em questão, a Dagschotel, o processo inovador de decoração da embalagem foi combinado a um recurso interativo especial. A Martens, fabricante da bebida, fechou um acordo para estampar nas garrafas, por meio da impressão direta, os persona-
gens de F.C. Kampioenen, uma famosa sitcom local sobre as aventuras e desventuras de um time fictício de futebol. Ao instalar um aplicativo no smartphone ou no tablet e direcionar a câmera do aparelho à arte da embalagem, a tecnologia de realidade aumentada faz as figuras ganharem vida, movimentando-se e falando. A ação é ainda mais sofisticada. Quando duas garrafas com estampas diferentes são colocadas lado a lado, o aplicativo exibe diálogos entre os personagens. As embalagens “conversam” umas com as outras. Apresentada em 2014, a tecnologia Direct Print da KHS é oferecida em âmbito mundial pela NMP Systems, uma subsidiária da companhia alemã,
Por meio do KHS Direct Print, personagens de tevê são estampados nas garrafas. App de realidade aumentada dá vida às figuras. Veja o efeito em:
emb.bz/193cerveja
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e é capaz de produzir imagens com resolução ótica de 1080dpi associando branco, ciano, magenta, amarelo e preto. O recurso se ajusta ao lema da Martens: “Todo dia nossas ações devem se pautar por inovações em tecnologias, processos e produtos”. No que se refere à embalagem, um sinal do compromisso da cervejaria belga com a inovação é o interesse de longa data em garrafas de PET com revestimento de barreira. Hoje, a Martens possui cinco sistemas Sidel Actis para tratamento de interior de garrafas com carbono amorfo, bem como um sistema KHS Plasmax que reveste o interior de garrafas com óxido de silício. Ambos os coatings têm o mesmo propósito: dar às garrafas de PET propriedades de barreira a gases que conferem às cervejas, envasadas em garrafas de 500 mililitros, 660 mililitros e 1 litro, um shelf life de nove meses em temperatura ambiente. A Martens também é uma das pri-
meiras usuárias da PoliProtect, resina de PET com atributo de sequestro de oxigênio desenvolvida pela M&G (Gruppo Mossi & Ghisolfi). A única garrafa feita a partir desse material, por ora, é a de 330 mililitros. Com uma proporção superfície-volume menor que a dos outros três tamanhos, ela necessita desse componente extra de barreira.
Quanto ao sistema de impressão direta da KHS, ele está prestes a ser substituído. A máquina operada atualmente pela Martens em sua planta de Bocholt fez sua estreia em 2013. Muita coisa foi aprendida desde então, servindo de base para o desenvolvimento de uma versão 2.0. Ela deve estar operando na Martens no primeiro trimestre de 2016. Uma coisa que não mudará é o fornecedor da tinta digital: a Agfa. Phil Johnson, diretor de operações da NMP Systems, diz que o aspecto mais desafiador da impressão digital direta em PET
foi afastar riscos de migração da tinta. “Não se esqueça de que o PET é poroso. Se a tinta migrar para a bebida, você terá um problema”, diz Johnson. A Federação Belga de Indústria Química e Ciências Humanas ficou tão impressionada com essas tintas de baixa migração que concedeu à Agfa um prêmio de inovação em 2014. O próprio Jan Martens, diretor executivo da cervejaria belga, está bastante impressionado não apenas com as tintas, mas com a impressão digital direta em geral. “As maiores vantagens obtidas no uso desse recurso, em substituição aos rótulos, são velocidade e simplificação do inventário e da logística”, ele diz. “Com isso, racionalizamos operações e ganhamos agilidade para aproveitar oportunidades de mercado.” Adaptado de conteúdo publicado originalmente em Packaging World. Reproduzido sob permissão do PMMI Media Group.
Massas
Do refrigerador ao micro-ondas
“A PastaBox surgiu da vontade de unir duas coisas que pareciam impossíveis de estar presentes numa mesma refeição: qualidade e praticidade”, conta Anne-Charlotte Gouraud, da terceira geração da família fundadora da Sodebo e responsável pela área de marketing e comunicação da empresa no Brasil. Ela diz que o Brasil foi escolhido como nova base de operações da empresa devido à crescente tendência de consumo de refeições prontas e do alto consumo de massas no País. “O Brasil é o terceiro maior consumidor de massas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Itália”.
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fotos : car los cu
A Sodebo (Société Des Établissements Bougro), companhia familiar francesa especializada em alimentos prontos, anunciou o início de suas operações no Brasil, e colocou no mercado local a linha PastaBox de massas prontas refrigeradas, lançada em 2009 na França. São seis sabores de macarrão acondicionados em embalagens que têm como grande apelo a praticidade. As massas são comercializadas em copos selados de polipropileno de 310 gramas, protegidos por uma caixa de papel cartão e que trazem no seu interior uma colher-garfo (colher numa ponta, garfo na outra). Do jeito que o produto é comprado, com o estojo fechado e com o copo selado, vai direto do refrigerador ao forno de micro-ondas. Não é necessário acrescentar água, e bastam dois minutos de aquecimento para poder adicionar o molho, misturá-lo com a colher e consumir o produto na própria embalagem. As instruções de preparo e consumo estão impressas nas caixas, que tiveram o design adaptado ao Brasil pela agência Pande. Refrigerado, o produto tem shelf life de 45 dias. A linha PastaBox tem duas opções de macarrão: capeletti, nos sabores presunto com molho parmesão e ricota com espinafre ao molho parmesão, e pipe regate, nas versões carbonara, quatro queijos, parisiense e calabresa.
rado
Líder em pratos prontos na França chega ao Brasil com foco em embalagens práticas
PastaBox deve ser aquecida diretamente na embalagem, que já vem com talheres de plástico
Por enquanto, os produtos vêm da França, mas a Sodebo projeta construir uma fábrica no Brasil até 2017, e já procura fornecedores nacionais para suas embalagens. “Com a alta do dólar, os custos de importação aumentaram, e fica inviável trazer os produtos prontos do exterior”, destaca Arnaud Robidou, diretor de operações da Sodebo no Brasil. Aqui, inicialmente, a linha PastaBox será comercializada em empórios e supermercados da cidade de São Paulo, mas a empresa prevê expansão para outras capitais do Sul e Sudeste. “Nosso objetivo é tornar o Brasil maior operação da empresa”, adianta Anne-Charlotte. O momento turbulento por que passa a economia não assusta os empresários franceses. “Não temos medo de crise. Acreditamos que este é o momento de investir. Foi o que aconteceu quando lançamos a PastaBox na França, em 2009. Na
época, estávamos no auge da crise que atingiu a Europa, e hoje somos líderes de mercado no segmento de massas prontas”, ela recorda Fundada em 1973, a Sodebo produz linhas refrigeradas de pizzas, sanduíches, saladas, pratos prontos (com salada, carne, molho e sobremesa), e massas. Na França, de acordo com dados da consultoria IRI, a Sodebo lidera os segmentos de pizzas prontas refrigeradas, com 57% de participação de mercado; de saladas prontas, com 45% de participação; de sanduíches (28% do mercado) e de massas prontas (45%). Em 2014, a companhia faturou 410 milhões de euros (cerca de 1,6 bilhão de reais) com a venda de mais de 260 milhões de produtos. Em seu país de origem, a Sodebo vende por ano 89 milhões de unidades de pizzas prontas, 31 milhões de saladas, 85 milhões de sanduíches e 18 milhões de caixas de macarrão pronto.
Cervejas
Conteúdo à mostra Miller é a primeira cerveja no Brasil a utilizar regularmente garrafa incolor de 600 mililitros
O Grupo SABMiller, segunda maior cervejeira global, atrás apenas da AB InBev, amplia seu portfólio no Brasil e apresenta a primeira garrafa de 600 mililitros incolor entre as cervejas de linha produzidas no País. A novidade chega ao mercado com a Miller Genuine Draft, carro-chefe da cervejaria de origem sul-africana. A embalagem é fornecida pela Owens-Illinois. Normalmente, as garrafas de cerveja são produzidas com vidro âmbar, que protege a bebida da luz. De acordo com Christian Blanco, vice-presidente de marketing da SABMiller no Brasil, o uso da garrafa de vidro incolor é possível pois a Miller tem um processo de fabricação exclusivo, com quatro filtragens a frio e engarrafamento asséptico. O executivo explica que esse método de fabricação faz com que não haja necessidade de pasteurização ou adição
de conservantes ou antioxidantes no produto. Ele diz ainda que o fato de a Miller ser fabricada, agora, localmente, na fábrica do Grupo Petrópolis em Teresópolis, com equipamentos importados da Alemanha, também viabiliza o uso das garrafas de 600 mililitros incolores. “Como a fabricação é local, a bebida chega mais rápido ao mercado, com um líquido ainda mais fresco para os consumidores”, diz Blanco. A Miller começou a ser produzida no Brasil no primeiro semestre deste ano. Além da garrafa de 600 mililitros incolor, a cerveja é comercializada em garrafas long neck de 355 mililitros (também incolor) e em latas de alumínio de 269 mililitros e de 350 mililitros. “O objetivo é, em três anos, estar entre os três principais players premium internacionais do Brasil”, projeta Christian Blanco.
De acordo com a SABMiller, processo de produção diferenciado permite que a cerveja seja envasada em garrafa incolor
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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.
VINHOS
Homenagem aos pioneiros O projeto Salton Gerações, de edições limitadas de vinhos elaborados a partir de vinhedos de destaque, tem seu quarto movimento. Assim como os anteriores, o vinho Antônio “Nini” Salton presta homenagem a um integrante do clã Salton. “Nini” foi o primeiro enólogo da família. A figura das pipas nos rótulos simboliza experiência na área da enologia. As 13 000 garrafas da série são numeradas. emb.bz/193salton
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Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
2
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Cervejas
Snacks
Sucos
Cafés
Refrescos
Molhos
Rótulo alado 1
raízes com realismo 2
Uva na caixa 3
Cappuccino de volta 4
Coco de litro 5
Sabor de cerveja 6
O rótulo da Dádiva, cerveja produzida em Várzea Paulista (SP), foi renovado. O principal componente da decoração é uma libélula estilizada, cuja cauda forma o “i” do nome do produto. emb.bz/193dadiva
Feito de batata-doce e mandioquinha, o snack VEG é a novidade da Fhom Alimentos. Está disponível em flow pack contendo 45 gramas, impresso com imagem realista dos tubérculos. emb.bz/193fhom
Além de garrafas de vidro, o suco de uva integral da Vinícola Aurora passa a estar disponível em embalagens cartonadas assépticas. São duas opções: 1 litro e 200 mililitros. Esta traz, em seu verso, seis opções de jogos. emb.bz/193aurora
A Pilão relança sua linha de cappuccinos. Os produtos continuam sendo vendidos em potes de polietileno, decorados com rótulos termoencolhíveis. Cores e design gráfico, porém, sofreram alterações. emb.bz/193pilao
A água de coco Rio, da Beba Rio, tem nova apresentação: embalagem cartonada asséptica de 1 litro. Antes, a bebida era encontrada apenas em caixinhas de 200 mililitros. emb.bz/193rio
A Brewer Chef criou molhos que levam ingredientes típicos de cervejas, como lúpulo e malte. As quatro opções da linha são acondicionadas em garrafas projetadas originalmente para bebidas. Os rótulos de papel exibem ilustrações divertidas. emb.bz/193brewer
1 3
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Águas
CASTANHAS
Snacks
Garrafa rosa 7
Bolsa com um quilo 8
Inspiração em botecos
Para ganhar a simpatia do público feminino, a Bioleve lança uma água mineral sem gás envasada numa garrafa rosa. Feita de PET, a embalagem contém 510 mililitros da bebida. emb.bz/193bioleve
A La Rioja adotou o stand-up pouch (bolsa plástica que fica em pé) para lançar uma versão de 1 quilo de nozes sem casca. O produto é dirigido ao canal do food service. emb.bz/193larioja
A linha de snacks assados Crocantíssimo, do Grupo Bimbo, ganha uma edição limitada alusiva ao happy hour: Sabores de Boteco. Os três produtos da série especial (Azeitona Temperada, Salaminho com Limão e Picanha com Alho) são oferecidos em flow packs metalizadas. emb.bz/193crocant
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Cervejas 9
Lata personalizada 10 A cerveja Crystal, do grupo Petrópolis, lança uma embalagem especial em tiragem limitada para o Villa Mix, festival de música realizado em várias cidades brasileiras. A lata será encontrada nas regiões próximas às cidades que receberão as etapas do evento. emb.bz/193crystal
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
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Snacks
Biscoitos
Cervejas
Atomatados
para crianças
Rosquinha renovada 2
Café na loira 3
Visual gourmet
A Barbieri mudou o visual das embalagens das rosquinhas de leite e de coco de 400 gramas e aumentou seu portfólio com embalagens de 800 gramas. Ambas contêm imagens que caracterizam o sabor de cada produto. A janela transparente mostra o conteúdo dos invólucros. emb.bz/193barbieri
A Cervejaria Blondine apresenta a Volcano Coffee Stout, uma cerveja de estilo inglês com adição de grãos de café 100% arábica. A bebida é acondicionada em garrafas de vidro de 310 mililitros, decoradas com rótulos autoadesivos. emb.bz/193volcano
Para adequar o layout do rótulo à proposta real da linha de atomatados Toque do Chef, a Ekma apostou na criação de um visual gourmet. Cores fortes e imagens de ingredientes frescos procuram transmitir apelo de nobreza. emb.bz/193ekma
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O principal alvo do KID V!D, da Bauducco (Pandurata Alimentos) é a terceira infância. O biscoito recheado tem “picote” no meio, que possibilita o compartilhamento entre crianças, e gravações na casquinha que permitem o popular jogo do “Stop”. emb.bz/193kid
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PADARIA 4
Pacote com vitaminas 5 A bisnaguinha vitaminada Nutrellinhas Cenoura com Mandioquinha é a novidade da Nutrella, marca do Grupo Bimbo. O produto será vendido em São Paulo e no Sul do Brasil em pacotes plásticos de 300 gramas. emb.bz/193nutrella
APOIO
Almanaque Itens de coleção
Fundada pelo imigrante alemão Erhard Theodor Springer em 1913 em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, a Springer & Cia. Ltda. dedicava-se no início à industrialização de medicamentos e vinagre. No Laboratório Springer, que durante algumas décadas foi o único fabricante de medicamentos da cidade, destacava-se o Ungüento Springer, para tratamento de doenças
da pele e que se notabilizou pela embalagem, uma latinha cilíndrica estampada com a foto do fundador da empresa. Mas o sucesso maior da Springer se deu com a comercialização de água mineral, bebidas e cervejas, produzidas pela Polar, mais tarde Antarctica Polar. Hoje, tanto as latinhas da pomada quanto as garrafas da cerveja são itens de coleção.
Figurinhas que marcaram época No final da década de 1970 e começo dos anos 80, o chiclete Ping Pong, então pertencente à Kibon, lançou os Futebol Cards, que logo se tornaram mania entre os meninos. As embalagens dos chicletes traziam três figurinhas como brindes. A coleção tinha 486 figuras em formato de cartão, com jogadores de 22 times brasileiros. Na parte da frente era estampada a foto do atleta, e no verso, informações do clube e do jogador. O interesse das crianças (e de alguns adultos) era maior pelos Cards do que pelo confeito, o que fez as vendas do Ping Pong dispararem. Saiba mais sobre os Futebol Cards no Almanaque Especial nº 3.
Lata de unguento, com figura do fundador, tem valor histórico
o primeiro através dos tempos O lançamento da Farinha Láctea Nestlé, em 1867, marcou o início das atividades da Société Nestlé no mundo. O ninho, brasão da família de Henri Nestlé, foi utilizado como marca da empresa nascente. O produto foi resultado dos primeiros experimentos feitos pelo fundador da companhia, Henri Nestlé, que combinavam leite de vaca, farinha de trigo e açúcar, e começaram um ano antes. A Farinha Láctea chegou ao Brasil em 1876, nove anos após seu lançamento na Suíça. Na época, ainda era importada. A Produção no Brasil teve início em 1924, na fábrica da Nestlé em Araras (SP).
Veja abaixo a evolução das embalagens, desde a primeira até a atual. O mais recente redesign aconteceu em 2013.
tendo o ninho como marca, farinha láctea surgiu em 1867
futebol cards virou trunfo de goma de mascar
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