N Ci AD O RA DO AP P GR Ui AT TO
Ano XVI • Nº 195 • Novembro 2015 • R$ 15,00
O TR PA
ENTREVISTA
LUxE PACK
Marcelo Cereser, da Castelo Alimentos, conta como a líder em vinagre no Brasil teve sucesso ao inovar em embalagens
Exclusivo: o renomado designer mundial de embalagens Marc Rosen apresenta as novidades da feira de Mônaco
A cozinha ganha status Crescente interesse dos brasileiros por culinária agita o setor de embalagens, onde surgem cada vez mais soluções sofisticadas e se abrem possibilidades para novas ações criativas. Veja algumas receitas nesta edição
Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR
Conceito e fórmula triunfantes GOSTARÍAMOS
de compartilhar com os leitores um fato que nos traz grande satisfação, na medida em que reflete a constatação do acerto de uma de nossas estratégias e, ao mesmo tempo, o da sintonia do público com os objetivos almejados. Trata-se de uma iniciativa relacionada ao Prêmio Gra��e� Ca�e� �e Embalagem, que acaba de ter realizada sua nona edição e cuja cobertura será oferecida em EmbalagemMarca de dezembro próximo – aliás, uma oportunidade para ganhadores anunciarem suas conquistas. Temos a convicção de que o critério diferenciado (de total abrangência) de julgamento dessa ação em relação a congêneres explica em boa parte o crescente apoio de patrocinadores, a melhora da qualidade de inscrições à iniciativa e a expressiva afluência de público à cerimônia de premiação. Mas o aspecto que pretendemos ressaltar se refere à campanha iniciada há quatro anos para promover o Prêmio, com foco principal na indústria usuária de embalagens. Em sintonia com a criatividade da agência Designful, a campanha publicitária, ao centrar-se com precisão naquele público alvo, foi plenamente exitosa. A comprovação disso é que, a cada ano, nas inscrições concorrentes vem
se tornando cada vez mais expressiva a presença de cases apresentados por brand owners. Igualmente passaram a participar crescentemente das inscrições, em trabalhos conjugados, fornecedores de insumos e prestadores de serviços às empresas donas de marcas, que constituem o eixo indispensável, a razão de ser de toda a movimentação do packaging. Essa desejada integração materializa-se mais e mais, também, na cerimônia e festa de revelação dos cases vencedores, quando representantes dos diferentes elos da cadeia, com destaque para usuários, mantêm intenso relacionamento profissional, em clima ao mesmo tempo solene e festivo. A satisfação com o resultado de nosso trabalho trazida pela campanha é ainda maior por constituir-se também em poderosa demonstração de que a comunicação sistemática e continuada na revista EmbalagemMarca e nos veículos eletrônicos de sua chancela é de fato eficaz e traz resultados. Esperamos que a realidade dessa fórmula vencedora seja levada em conta por quem decide os rumos da comunicação dentro de suas empresas. Até dezembro.
WILSON PALHARES
“Além de diferenciado pela abrangência, o Prêmio GRANDES CASES DE EMBALAGEM deve seu crescente êxito à precisão de campanha publicitária cujo foco principal são os brand owners. O sucesso dessa estratégia comprova também a eficácia de se anunciar continuamente”
Edição 195 • Novembro 2015
Sumário Reportagem de capa:
FOTO DE CAPA: © NICK FREUND | DREAMSTIME.COM
Cozinha em alta
10
Gastronomia caseira cresce e estimula adição de valor às embalagens de ingredientes. Valorização de rótulos, incremento na apresentação e praticidade das embalagens são estratégias que ajudam a valorizar produtos nas gôndolas
3 Editorial Além de diferenciado pela abrangência, Prêmio
GRANDES CASES DE EMBALAGEM deve seu crescente êxito à precisão da campanha publicitária, cujo foco principal são os brand owners
5 Painel Solução linerless promete ganhos ambientais e
financeiros para usuários de rótulos autoadesivos • Verallia é vendida pela Saint-Gobain a fundos de investimento • DuPont inicia comercialização de nova linha de chapas Cyrel EASY para flexografia • UPM Raflatac disponibiliza análise de mercado de rótulos e embalagens transparentes
16 Entrevista Marcelo Cereser, diretor superintendente da Castelo Alimentos, fala das iniciativas em inovação de embalagens da empresa 20 Rotulagem Tecnologia de impressão digital de rótulo e
embalagens avança mais rápido que a mentalidade do mercado Por Marcos Palhares
22 Impressão Impressão direta em embalagens plásticas
rígidas e de vidro abre novas possibilidades de decoração 24 Internacional Perfume se destaca por apresentação que simula limpa-vidros
5
16
22
26
33
38
26 Internacional Na Costa Rica, inventor canadense cria garrafa de PET que pode ser reutilizada como telha 28 Jovens Talentos Aluna do Istituto Europeo de di Design recebe Prêmio Novelis por projeto de embalagem 30 Artigo Luxe Pack Monaco apresentou novidades para embalagens de cosméticos Por Marc Rosen, exclusivo para EMBALAGEMMARCA
33 Display Stival apresenta tapioca acondicionada a vácuo •
Nutella leva cidades brasileiras para os rótulos • Catupiry lança pratos prontos • Mentos tem lata decorada por artista plástico • Batata palha da Elma Chips de cara nova • Cervejas: novidades no mercado 38 Almanaque Chocolate Surpresa e as figurinhas surpresa • A origem do ketchup • Leite de Colônia, para limpeza da pele
Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br
Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Carneiro da Cunha, 1192 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br
Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.
Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS
Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br
rótulos
Ganhos sem suporte Desenvolvida localmente, solução linerless promete vantagens ambientais e financeiras a empresas usuárias de rótulos autoadesivos Do ponto de vista ambiental, o liner já representou um embaraço para empresas usuárias de autoadesivos. O elemento virava resíduo sem valor após desempenhar sua função – a de suporte provisório para rótulos e etiquetas, até a aplicação final em embalagens. Como resposta ao problema, a cadeia de valor de pressure sensitive labels tem investido na reciclagem e numa saída ainda mais engenhosa: a criação de rótulos e etiquetas linerless, desprovidos do componente tradicionalmente descartado. No Brasil, a Novelprint é uma das fornecedoras confiantes no potencial do linerless. A companhia desenvolveu e patenteou um método para a produção desse tipo de rótulo a partir de um material autoadesivo normal-
mente encontrado no mercado, com liner de filme de BOPP siliconado. Nele, o substrato autoadesivo é impresso e o seu próprio liner é delaminado, transposto e relaminado de modo permanente sobre a impressão, com adesivo aplicado na própria máquina, mantendo o lado siliconado do liner na face frontal do rótulo. A fita de rótulos é rebobinada sobre ela mesma, ficando pronta para aplicação sem necessidade do suporte.
A eliminação do passivo ambiental não seria o único benefício dos rótulos sem liner. Bobinas comportariam cerca de 40% a mais de etiquetas, resultando em menos trocas e maior produtividade das rotuladoras. O rendimento na armazenagem também aumentaria, redu-
zindo gastos com logística. “O sistema linerless não apenas garante rótulos com custo unitário menor, mas também outras vantagens”, observa Guido Raccah, gerente nacional de vendas da Novelprint. Além de rótulos decorativos em geral e etiquetas para marcação de dados variáveis, a Novelprint destaca que seu invento pode ser empregado até no que seria um pioneirismo mundial em sistemas linerless: a produção de rótulos-bula, com folhas de papel protegidas com filme de BOPP transparente. Os rótulos sem suporte necessitam de equipamentos especiais para aplicação. “Temos exemplares adequados em nossa linha de rotuladoras Noveltech e podemos avaliar a possibilidade de ajustes em modelos de outras marcas”, diz Raccah.
Rótulos sem suporte garantiriam benefícios ambientais e financeiros. Nesse gênero, Novelprint diz ser pioneira mundial na produção de rótulo-bula (à esq.)
5 | Novembro 2015
Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS
EMBALAGENS E DAS MARCAS
VIDRO
Em novas mãos Agora é oficial: a Verallia não é mais da Saint-Gobain. O grupo francês confirmou, no final de outubro, a venda da fabricante de embalagens de vidro. Os novos donos são o fundo de investimento em participações Apollo Global Management, dos Estados Unidos, e o fundo de capital Bpifrance, da França. Eles passam a deter, respectivamente, 90% e 10% do controle da empresa. O valor do negócio não foi divulgado, mas especula-se que seja cerca de 3 milhões de euros. A sede da Verallia permanecerá na França. Fundada em 1827, a vidraria conta com 10 000 funcionários. Atende a mais de 10 000 clientes por meio de centros de produção em treze países. No Brasil, a empresa conta com fábricas em São Paulo, Porto Ferreira (SP) e Campo Bom (RS). Para o final deste ano está prevista a conclusão da construção de uma quarta unidade industrial, em Estância (SE).
Garrafas produzidas pela Verallia. Empresa agora é independente da Saint-Gobain
IMPRESSÃO
Para simplificar processos Por meio de sua divisão Packaging Graphics, a DuPont iniciou em outubro a comercialização de sua nova linha de chapas Cyrel EASY para flexografia. Voltada à impressão de embalagens flexíveis, rótulos e etiquetas, a novidade baseia-se numa tecnologia inédita de polímero que aprimoraria a transferência de tinta, a saturação de cor e a resolução. A construção de pontos digitais de topo plano diretamente na placa simplificaria o processo de pré-impressão, melhorando produtividade e consistência. “Nos testes realizados nos clientes notou-se uma alta significativa em densidade de tinta nas áreas de sólido, aliado a excepcionais áreas de altas luzes”, relata a DuPont. A empresa prepara o lançamento de versões para a impressão de embalagens de papelão ondulado e papel cartão, incluindo caixinhas para bebidas.
GENTE
Esko tem novo líder Leonardo Cruz (foto) foi nomeado diretor geral da Esko para a América Latina. No novo posto, terá como desafio a criação de estratégias para ampliar vendas e suporte a clientes da produtora de software e hardware para desenvolvimento de embalagens. Formado em Administração de Empresas, Cruz trabalhou por treze anos na Gilbarco Veeder-Root, fabricante de bombas de combustível que, assim como a Esko, é controlada pelo grupo americano Danaher.
EQUIPAMENTOS
Aposta grande no digital
Amostra de impressão com Cyrel EASY. Nova chapa garantiria alta densidade de tinta e altas luzes
6 | Novembro 2015
O grupo alemão Rako, especializado na produção de rótulos e embalagens, fechou a maior compra já registrada de impressoras digitais da HP Indigo. O pedido compreende duas unidades do modelo HP Indigo 20000 e nove exemplares da HP Indigo WS6800. Com
negócios na Europa, na Ásia e na África do Sul, a Rako trabalha com impressão digital há mais de uma década. “Confiamos que as novas aquisições nos ajudarão a continuar inovando e crescendo”, declarou Adrian Tippenhauer, diretor executivo da companhia gráfica.
LIVROS
PLÁSTICAS
Catecismo em papel cartão
Avaliação positiva
Papelcartão de A a Z – Um mundo de possibilidades é o manual que a Ibema acaba de lançar para mostrar a designers e a outros profissionais os atributos e o potencial de uso do papel cartão na criação de embalagens. A publicação foi coordenada por Fabiane Staschower, executiva de relacionamento com o mercado da fabricante de papéis, com colaborações de Fabio Mestriner, professor coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem da ESPM; Sérgio Rossi Filho, engenheiro químico; Reinaldo Almeida, consultor em tecnologia gráfica; e Joel Americano, gerente de desenvolvimento de produtos e de controle de qualidade da Ibema. Uma versão eletrônica da obra pode ser baixada gratuitamente no site da Ibema (www.ibema.com.br).
Na Abrafati 2015, feira de negócios organizada pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas em outubro, em São Paulo, a Braskem apresentou resultados de um estudo que comprovaria vantagens técnicas e ambientais das embalagens de polipropileno (PP) em relação às latas de folha de flandres (laminado composto por ferro e aço e revestido com estanho) no acondicionamento de tintas. Segundo Avaliação de Ciclo de Vida enco-
mendada pela fabricante de resinas à consultoria ACV Brasil e revisada pela KPMG, a troca de latas de 3,6 litros por recipientes de PP de mesmo volume, para o envase de 1 milhão de litros de tinta, é capaz de evitar a emissão de 58 toneladas de CO2, além de um volume de chuva ácida suficiente para encher 1 262 piscinas olímpicas. O relatório integra uma coleção de ACVs iniciada pela Braskem há dez anos e que já conta com 58 análises.
Embalagens de PP ofereceriam vantagens ambientais frente às latas
CODIFICAÇÃO
Rastreamento e proteção Um anúncio abre perspectiva de redução de perdas para as cadeias de suprimentos adeptas do Sistema GS1 – entidade global responsável pelos padrões de identificação de produtos e pela comunicação no supply chain. O EPCIS (sigla em inglês para Eletronic Product Code Information Services) e o Vocabulário Core Business (CBV), ferramentas que facilitam a troca de informações normatizadas, foram ratificadas pelo Comitê Técnico Conjunto em
Tecnologia da Informação, criado pela Organização Internacional de Normalização (ISO) e pela Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC). A nova designação internacional ISO/ IEC permitirá a adoção de uma norma oficial de rastreabilidade e combate à pirataria em todo o mundo, em especial por agências governamentais e setores reguladores. O sistema, se amplamente adotado, poderá eliminar erros humanos na coleta de dados,
reduzir estoques, diminuir perdas e desperdício e aumentar a segurança. Isso é possível graças ao padrão aberto e voluntário do EPCIS, que permite às empresas, após a obtenção de informações, compartilhar dados sobre o movimento e o status de produtos e unidades logísticas na cadeia de abastecimento. Leia mais no site emb.bz/195codificacao
Novembro 2015 |
7
Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS
EMBALAGENS E DAS MARCAS
RÓTULOS
númeroS
Contato seguro
Muito a melhorar
Para a produção de rótulos autoadesivos, a Innovia Films desenvolveu o que afirma ser a primeira gama de filmes de BOPP com topcoating aprovados para contato com alimentos. Os materiais atenderiam às regulamentações dessa ordem estabelecidas pela União Europeia e pelo FDA (agência de vigilância sanitária americana). “Cada vez mais, varejistas, gestores de marcas e consumidores esperam que os rótulos cumpram as mesmas normas de higiene e segurança que as embalagens de alimentos”, diz a Innovia Films, justificando o lançamento. Sob a marca Ultrafoil, os novos filmes têm versões transparentes e brancas, com espessuras de 51 ou 59 micra.
A REDS, empresa de pesquisas de mercado, divulgou os resultados do Pack Soul, uma avaliação das embalagens brasileiras feita no início deste ano por mil consumidores de grandes cidades brasileiras. Eis alguns dos dados do relatório:
8º
lugar Foi o posto obtido pela embalagem entre os itens que os entrevistados disseram considerar durante as compras. O primeiro lugar ficou com marca (18%); o segundo, com preço (16%)
32%
dos participantes do estudo apontaram perfumes como a categoria com embalagens mais bonitas e interessantes. Já os materiais de limpeza doméstica foram avaliados como segmento que mais pode aprimorar apresentações
50%
das pessoas ouvidas disseram que costumam reaproveitar embalagens. Mas apenas 19% afirmaram estar satisfeitas com a forma como a indústria facilita o processo de reuso
8 | Novembro 2015
Novos filmes para rótulos, aprovados para interagir com alimentos, atenderiam a uma demanda do mercado
PROTOTIPAGEM
Independência e mudança A 3be Seaprotótipos inaugurou novo escritório, situado em São Bernardo do Campo (SP). Com a mudança de endereço, a empresa consolida sua independência da Seacam, anunciada em meados de 2014, ampliando
o fornecimento de produtos e serviços relacionados às tecnologias de prototipagem rápida da 3D Systems, além de insumos da Argyle Bolson utilizados em equipamentos da Stratasys.
EQUIPAMENTOS
Resposta ultrarrápida A Balluff começa a oferecer no mercado brasileiro sua linha de sensores de contraste. Os dispositivos são utilizados em linhas de acondicionamento de produtos em embalagens flexíveis, detectando as chamadas zonas de silêncio nas bobinas, que determinam as áreas corretas de corte e solda para a formação das unidades. Eduardo Lopes, gerente de produto da Balluff, diz que os sensores oferecidos oferecem resposta ultrarrápida, sendo ideais para linhas de produção de alta velocidade.
Sensor da Balluff: para corte de flexíveis
RÓTULOS
Transparência em alta A UPM Raflatac coloca à disposição de interessados uma análise de mercado sobre o impacto do uso de rótulos e embalagens transparentes nas vendas de alimentos nas Américas. Entre outros assuntos, o relatório aborda a ascensão dos rótulos ultrafinos de PET como solução para a rotulagem de alimentos frescos. Traz, ainda, uma entrevista com R. Andrew
Hurley, professor assistente de Ciência da Embalagem na Universidade Clemson e pesquisador associado no Instituto Sonoco Packaging Design e Graphics. O profissional utiliza um método inovador de pesquisa biométrica para avaliar as reações de consumidores a embalagens. O documento, em português, pode ser acessado em: http://emb.bz/195upm.
LIVROS
Os segredos das cores Nelson Bavaresco, diretor do Cecor Sistema de Cores, acaba de lançar o livro Harmonia das Cores, importante passo adicional a outro importante trabalho de sua criação, a primeira carta cromática brasileira. Destinado a profissionais e estudantes das áreas de arquitetura, decoração, moda, design e artes gráficas, o livro, desenvolvido pela agência Gerart Design, oferece, segundo o autor, “todos os segredos das combinações de cores e apresenta uma metodologia única para a elaboração de projetos cromáticos destinados a uma infinidade de propósitos”. O volume vem acompanhado do que Bavaresco descreve como “revolucionária ferramenta de harmonização”, contida em duas lâminas extras. Ele se refere ao ArmColor de Tiras, dispositivo composto por catorze tiras do Sistema de Cores Cecor a ser montado por quem adquirir a obra. Acondicionado numa embalagem também do tipo faça-você-mesmo, o ArmColor de Tiras permite visualizar mais de 190 000 combinações de cores. Informações: (11) 3288-8517 ou gerart@cordesign.com.br
Antes…
ANTES E DEPOIS
Em dia com o futuro A Merck revelou nova identidade. O logotipo, assim como outros elementos de comunicação da marca, ganharam cores vivas e contornos mais orgânicos, num trabalho assinado pela FutureBrand. Embora seja mais conhecida pelos produtos farmacêuticos e químicos, a Merck atua também com pigmentos industriais, direcionados, entre outros fins, para a indústria de embalagens.
…e depois
reportagem de capa
A cozinha ganha status Gastronomia caseira cresce e estimula adição de valor às PELA EQUIPE DE EMBALAGEMMARCA
Movidos pela redução
de suas rendas, por modismo ou por questões de segurança, os brasileiros vêm demonstrando crescente inclinação para eliminar de suas atividades de lazer o hábito de comer fora de casa, dedicando-se, em troca, a preparar refeições em suas próprias cozinhas, sempre que possível com “um toque de classe”. Para o setor de embalagem, esse interesse pela culinária requintada (ou não), elaborada por pessoas que decidem arvorar-se em chefs de cuisine empenhados em economizar ou em demonstrar suas habilidades em forno e fogão, pode ser visto como uma atraente janela de oportunidades. Na esteira dessa tendência, pode-se observar, nos pontos de venda, visível aumento da oferta de recipientes mais práticos, mais seguros e mais bonitos – enfim, com maior valor agregado – para ingredientes, temperos, condimentos, especiarias e alimentos semiprontos. Na verdade, parecem ser muito mais amplas do que as já existentes as chances de embalagens criativas e oportunas ganharem fatias de mercado com foco em consumidores interessados em alta (e nem tanto) gastronomia. Público é o que não falta para elas e para os produtos que podem acondicionar. Basta observar a movimentação que se dá em torno do tema. A segunda temporada de MasterChef Brasil, encerrada em meados de setembro último, repetiu o sucesso da primeira, levada ao ar no final de 2014. Exibido pela Rede Bandeirantes de Televisão, o show de talentos tornou-se trending topic em redes sociais e um dos assuntos prediletos nas conversas de elevador. Não se trata de fenômeno isolado. A audiência de programas sobre culinária vem crescendo em outros canais de tevê, sugerindo um maior interesse do brasileiro pelos segredos da cozinha. Até séries para mestres-cucas mirins já existem, como o MasterChef Junior, lançado pela mesma Rede Bandeirantes em outubro, e o Tem Criança na Cozinha, no MundoGloob, da Globo. O roldão culinário se completa com sites, linkedins, blogs, posts no facebook e com verdadeira enxurrada de livros dirigidos
10 | Novembro 2015
embalagens de ingredientes
tanto a adultos quanto a meninas e meninos que procuram se dar bem na cozinha. Em tempos de crise essa disposição não surpreende. O consumidor está preocupado em economizar nas refeições, tendência a que se atribui a queda da alimentação fora do lar. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o faturamento do setor caiu 6,34% no segundo trimestre, em comparação com os primeiros três meses do ano – período no qual o desempenho já ficara 8,39% abaixo do último quarto de 2014. “Um terço das empresas deve estar operando com prejuízo”, declarou o presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci Jr., ao jornal O Estado de S. Paulo. Mas não se culpe por isso apenas a economia emperrada, pois a opção de cada vez mais brasileiros por cozinhar parece preceder a turbulência econômica. Nas cidades, principalmente nas grandes, cabe lembrar como motivos para isso também a violência recorrente em restaurantes e casas noturnas, com arrastões e assaltos a mão armada, além de gastos correlatos, como estacionamento, pagamento a manobristas (valets) e extorsão por flanelinhas – geleia essa arrematada pela vigência da Lei Seca, que não alcança quem consome bebidas alcoólicas em casa e assim não precisa dirigir carro com riscos de ser submetido a testes de dosagem alcoólica no sangue. E há ainda, sobrepondo-se a tudo isso, um contingente crescente de pessoas que se deliciam simplesmente por exercitar suas habilidades em alta gastronomia e que são consumidoras contumazes de produtos e embalagens que levam requinte à cozinha. Para atender a todos esses públicos, sejam quais forem os motivos que os levam cada vez mais a ir das mesas de bares, lanchonetes e restaurantes para os fogões de suas casas, são apresentadas a seguir algumas receitas já experimentadas com sucesso ou a experimentar. Como no ato de cozinhar, o tão desejado “toque de classe” que faz a diferença de um prato muitas vezes está no uso criativo de algum ingrediente – neste caso, a embalagem.
Novembro 2015 |
11
reportagem de capa » receitas
Sugestões são benvindas Há ainda muito campo a explorar na utilização de recursos de rotulagem e decoração para comunicar-se com os consumidores
Oferecer embalagens com receitas é apropriado frente à maior inclinação do consumidor para o preparo de refeições. Ante a diminuição das tiragens mínimas de impressão e a simplificação de outros aspectos da fabricação de invólucros, o que pode restar como dificuldade para aproveitar o expediente é a falta de espaço nos contrarrótulos, geralmente já apinhados de informação. O contexto reforça a pertinência de soluções conhecidas há tempos, mas com pouca adesão no mercado de alimentos: rótulos dos tipos bula e booklet (ou leaflet), que se desdobram em folhas com amplo espaço para mensagens. São recursos mais utilizados no Brasil para o cumprimento de encargos normativos, como instruções de uso e descarte de produtos perigosos, mas que parecem merecer maior apreço enquanto instrumento de marketing. Diversos fornecedores nacionais de rótulos alegam ter know-how para produzir esses adereços. A aplicação não costuma exigir investimentos nem ajustes complicados em linhas operantes de rotulagem com autoadesivos. Bulas
Realidade aumentada já fez rótulo de ketchup se transformar em livro de receitas virtual assista o vídeo em emb.bz/195heinz
No Reino Unido, tempero em pó distribuiu receitas em rótulo multipáginas aplicado na tampa de seu pote
12 | Novembro 2015
e booklets não precisam substituir ou sobrepor-se a decorações vigentes. Podem ser afixados em bases, gargalos ou fechamentos de embalagens. Há ainda os recursos virtuais para abonar receitas ao público. A adoção de embalagens com QR codes, para o consumidor lê-los com smartphones e ser direcionado a páginas da internet com receitas, soa oportuna. É uma ação de pouco prejuízo visual aos rótulos, que se vale de um repositório com espaço ilimitado para informações e que conta com um contexto propício: no Brasil, faz quatro anos que o acesso móvel à web supera o acesso por banda larga fixa. A Nestlé é uma das apostadoras nos códigos. A atual lata do Leite Moça, lançada em 2014, traz receitas no verso de seu rótulo de papel, além de um QR code que, escaneado, dá acesso a um site com dicas culinárias e instruções para o preparo de iguarias com leite condensado. Em outros países, a leitura de QR codes de certas embalagens de alimentos oferece um extra além das sugestões de uso: listas de compras com os demais ingredientes necessários. Com isso, empresas têm chance de des-
tacar produtos correlatos de seu próprio portfólio ou mesmo de realizar ações de cross-selling. Outro meio high-tech para brindar o público com informação é a realidade aumentada. Quatro anos atrás, a Heinz testou a tecnologia com esse objetivo. Ao iniciar o aplicativo Blippar e apontar a câmera do smartphone para frascos de ketchup, o consumidor via rótulos se transformarem num livro de receitas virtual. Cada vez que o consumidor aciona essa tecnologia, descobre algum “ingrediente secreto” da marca, em geral algum benefício oferecido pela embalagem, como a praticidade. Com a disseminação crescente do Smartphone e da tecnologia Blippar, esse recurso vem se ampliando, sobretudo em mercados mais maduros. Além da oferta de “livros de receitas” virtuais, é comum a oferta de brindes em compras efetuadas, entre eles a gratuidade do produto consultado no ponto de venda, no velho estilo do “Leve 2 Pague 1”.
Real e virtual: Leite Moça oferece sugestão de uso no verso do rótulo e QR code que dá acesso a site com receitas
reportagem de capa » SOFISTICAÇÃO
Especiaria em vez de commodity O diferencial de apresentação pode tornar temperos e outros ingredientes mais atraentes do que se ofertados como itens corriqueiros
Mais propenso a cozinhar, o brasileiro tende a testar produtos que antes ignorava e a ser mais criterioso no consumo. A situação reforça o cabimento de melhorias na apresentação de alimentos. É um ensejo para aprimorar, por exemplo, a oferta de temperos e condimentos, categoria em que resistem muitas embalagens pobres, de pouco apelo vendedor. As exceções geralmente são as especiarias importadas e acondicionadas na origem, de presença crescente no varejo – mas cujo avanço deve ser prejudicado pelo dólar nas alturas, abrindo oportunidade para iniciativas nacionais. Algumas ações de players locais têm ajudado a tornar a seção de temperos menos feia. Recentemente, a Kitano (General Mills) reformulou o design gráfico das bolsinhas plásticas de seus condimentos. Foram implantadas cores
Cartucho da Knorr: visual e formato garantem destaque na seção de temperos
14 | Novembro 2015
Nomu, da África do Sul, faz sucesso mundial com especiarias apresentadas como cosméticos
mais vivas e as informações ganharam mais destaque e melhor hierarquização. A Knorr (Unilever), por sua vez, consegue imprimir imagem de qualidade aos temperos Meu (Meu Bife, Meu Frango, Meu Arroz, Meu Peixe) graças ao uso de cartuchos de papel cartão de visual moderno e maiores que os normalmente utilizados no segmento. A Nomu, surgida há quinze anos na África do Sul, mostra que é possível ousar ainda mais. A marca faz sucesso mundial com temperos e ingredientes apresentados em embalagens sofisticadas e que rompem com padrões do setor, assemelhando-se muitas vezes às de cosméticos.
Vale assinalar outro fator que pode ser proveitoso para a indústria alimentícia. Ante o aumento do preparo de pratos para reuniões de amigos e familiares, embalagens bonitas podem fazer diferença na venda de temperos de mesa. Não obstante produtos como sais, azeites e vinagres também venham sendo aquinhoados com apresentações requintadas, o espaço para conceitos mais arrojados existe. Confirmam esse potencial, por exemplo, os cremes de balsâmico da Casa Madeira. A apresentação lembra a de perfumes, o que tem explicação: os frascos são da Wheaton, referência na produção de recipientes de vidro para fragrâncias.
Lembrando um frasco de perfume, embalagem de creme de balsâmico não faz feio ao ir à mesa
reportagem de capa » CONVENIÊNCIA
Praticidade para os chefs diletantes Facilitar a vida dos adeptos do forno e fogão é uma chance de agregar valor aos produtos por meio de recipientes práticos e com funções especiais
O fato de mais pessoas estarem dispostas a desenvolver dotes culinários representa uma oportunidade para a indústria agregar valor a produtos, comercializando ingredientes de receitas em embalagens mais práticas e com funções especiais. Tal oportunidade vem sendo assimilada, por exemplo, pelas empresas que oferecem temperos em frascos dotados de moedores. São produtos que transmitem as sensações de naturalidade, frescor e requinte para os cozinheiros diletantes, sendo ainda mais interessantes quando possibilitam recargas, substituindo efetivamente utensílios que sairiam mais caro para o consumidor. Entre as marcas que exploram esse artifício no mercado nacional estão D’Cheff, Mr. Man e Kook. Supõe-se que a oferta desse tipo de produto pudesse ser maior não fosse um problema: a escassez de embalagens nacionais. Assim como muitas das espe-
Ofertas de embalagens especiais podem fazer multiplicar produtos como temperos em frascos com moedores
A Kook, da Mercato, é uma das marcas que utilizam potes de boca com fácil acesso ao conteúdo
ciarias neles acondicionados, os frascos com moedores exibidos no varejo nacional geralmente provêm de outros países. Logo, a situação propícia para o produto revela também uma oportunidade para a indústria de embalagens. Tampas dosadoras também não seriam soluções com potencial? A embalagem ainda pode ajudar chefs diletantes num outro aspecto. Tecnologias avançadas de acondicionamento podem garantir porções e cortes adequados de alimentos frescos ou minimamente processados para os consumidores com receio (ou falta de vontade, mesmo) de efetuar procedimentos que exigem alguma destreza. Parecem antenados a essa circunstância os mercados de carnes Swift. Nessas lojas, que marcam a investida da JBS no varejo, carnes vermelhas limpas e cortadas na origem são oferecidas ao público congeladas e embaladas a vácuo, em embalagens bonitas, projetadas pela 100% Design. Apostar numa opção tão diferente dos tradicionais açougues pode parecer
uma manobra arriscada. Os resultados até aqui, porém, parecem promissores. Após implantar quase cem unidades das casas de carnes Swift em variadas cidades brasileiras, a JBS pretenderia abrir outras 100 ainda em 2016.
Corte de carne, da Swift, em embalagem a vácuo: apelos de segurança e atratividade
Novembro 2015 |
15
ENTREVISTA
EM 1905, no bairro do Brás, em São Paulo, a Destillaria Ypiranga fabricava e comercializava bebidas, groselhas e licores. Mas o principal produto da empresa era o vinagre com a marca Castelo. A fábrica de vinagre e a marca foram compradas pela família Cereser na década de 1960, e a empresa passou a se chamar Vinagre Castelo. A produção foi transferida para Jundiaí (SP). A primeira planta na cidade era pequena. Tinha cerca de 500 metros quadrados e trinta funcionários. Em 1973 uma nova fábrica foi inaugurada, com estrutura muito melhor e trazendo uma inovação para o segmento de vinagre à época: a primeira embalagem plástica para vinagres do Brasil, feita de polipropileno. Até então, os vinagres eram vendidos em garrafas de vidro. Rebatizada em 2004 como Castelo Alimentos, a empresa chega aos 111 anos como líder do mercado brasileiro de vinagres, com mais de 35% do mercado. Desde 2003, dobrou seu faturamento, que chegou a 101 milhões de reais em 2014 e projeta alta de 12% em 2015. Entre outros quesitos, como o rigoroso controle de qualidade, a inovação em embalagens é um dos alicerces do crescimento da Castelo Alimentos, como explica o diretor superintendente Marcelo Cereser na entrevista a seguir.
Adição contínua de valor Além de rigoroso controle de qualidade de seus produtos, a Castelo Alimentos, líder do mercado brasileiro de vinagres, tem na inovação em embalagens um dos alicerces de seu sucesso, como explica Marcelo Cereser, diretor superintendente da empresa
16 | Novembro 2015
É possível notar progressiva adição de valor aos produtos da Castelo Alimentos – nome que ao substituir a Vinagre Castelo parece indicar a intenção de diversificar o leque de produtos da empresa – e a ampliação do portfólio com a presença de itens premium. O que determina essa política? Castelo é uma marca que transmite ao consumidor confiança e tradição. Quando fizemos 100 anos, decidimos lançar outros produtos. Pegamos nosso expertise em saladas, temperos e entramos nesse caminho. Entramos em azeites, molhos, conservas. O brasileiro segue os hábitos de consumo dos Estados Unidos, apesar da colonização europeia. Nos Estados Unidos, o mercado de vinagres representa 350 milhões de dólares por ano, e o de molhos prontos passa de 1 bilhão de dólares. Então é uma tendência natural
o crescimento dos molhos para saladas. Começamos devagarinho, produzimos aqui, com fórmula própria. Nossa escala é pequena, na comparação com o vinagre, então compramos as embalagens de terceiros. Também temos os balsâmicos. A Castelo foi a primeira empresa a produzir vinagre balsâmico no Brasil. Temos molhos cremosos à base de balsâmicos, que nós chamamos de creme balsâmico, vendido a preço superior. Temos o vinagre de vinho cabernet sauvignon, um produto de alta qualidade, de vinho fino, acondicionado em garrafas de vidro. É um produto caro, mas é sofisticado. É para o consumidor que sente o aroma, tem um paladar diferenciado. Houve incremento também nas linhas de envase? Já tínhamos feito investimentos na linha de envase em 2011, de cerca de 6 milhões de reais. Compramos uma linha inteira nova, desde posicionador e transferidor, que leva as garrafas vazias pelo gargalo e posiciona na linha de enchimento. Também adotamos uma novidade, uma inovação aqui da Castelo. Pode acontecer de uma garrafa amassar quando está no silo de armazenagem, que comporta até 50 000 unidades. A legislação do Ministério da Agricultura exige que se lave a garrafa antes do envase, mesmo que ela tenha acabado de ser produzida. Normalmente as enchedoras são triblocos: lavam, enchem e tampam, tudo no mesmo processo. Nós inovamos, e colocamos um sopro antes da etapa do rinser (lavagem), exatamente para eliminar qualquer microamassamento. Então as máquinas sopram ar estéril, Depois de tampadas, as embalagens passam por sensores de nível e são rotuladas, com rótulo termoencolhível, no caso da marca Castelo, ou rótulo de papel, no caso de outras marcas (ver quadro). Nossa linha de envase é a mais veloz do mundo para vinagres em PET, com 24 000 garrafas por hora. O aprimoramento das embalagens dos produtos da marca contribui em que nível para o desempenho de vendas? É possível citar exemplos, de preferência
com números ou índices percentuais? Vou dar um exemplo que é emblemático, da garrafa antiga da Castelo. Era um design nosso, que foi copiado por muitos concorrentes. Em 2007, começamos a querer nos diferenciar da concorrência, que estava se aproximando muito da gente, em termos de embalagens. Aí contratamos o Lincoln Seragini, que nos recomendou fazer uma pesquisa qualitativa. A ideia era entender como
a consumidora via a embalagem. A pergunta era: “A que esta garrafa remete você?”. A resposta, que sintetizamos: “A uma senhora com quadril largo, que passa confiança, passa tradição”. Outra pergunta era: “O que é ruim nessa embalagem?”. A resposta unânime foi que tinha o corpo muito grande, era difícil de pegar, porque era maior que a mão da consumidora. Então a pessoa pegava pelo pescoço, o que era descon-
fortável, pois a base era muito pesada. Outra reclamação foi quanto ao rótulo, que era de papel. Ele se desfazia quando a garrafa era manuseada com mãos molhadas, era pouco higiênico. Aí foram feitos muitos estudos, e chegamos a um novo formato. A resposta passou a ser que a “jovem senhora” estava mais enxuta, fez uma lipoaspiração e colocou silicone. E também adotamos o rótulo termoencolhível de plástico. Aí demos um pulo tecnológico, que a aplicação do termoencolhível exige. O ângulo de leitura na gôndola melhorou, o rótulo plástico remete a mais assepsia, a pega da garrafa ficou melhor, na medida média da mão da consumidora brasileira. Agora lançamos a nova versão, que apesar de ser quase um centímetro mais baixa dá a impressão de que tem mais conteúdo, embora o volume seja o mesmo. Então ela aparenta ter mais produto e ficou mais moderna aos olhos do consumidor. A base é bem diferente, é um formato que está sendo usado nos frascos na Europa. Não posso dizer que crescemos por causa da troca da embalagem, mas estamos crescendo desde então em volume e em faturamento acima do mercado de vinagres. Em sua trajetória, a Castelo Alimentos registra, em 1978, como grande inovação, o uso de garrafas plásticas para vinagre. Foi um marco importante na
A Castelo Alimentos em números 35% do mercado brasileiro de vinagres 70 milhões de litros produzidos por ano R$ 101 milhões em faturamento (2014) 210 colaboradores história apenas da empresa ou na categoria vinagre em geral? Em 1978, foi a primeira vez que o vinagre saiu do vidro e migrou para o plástico, o que naquela época não era normal. Foi a primeira empresa do Brasil do setor de vinagres a fazer isso. As garrafas eram de polipropileno (PP). Foi quando começamos a produzir as embalagens internamente. Na época, olhávamos para o equipamento e perguntávamos: “Como isso pode produzir uma garrafa?”. Depois, em 1982, migramos para as garrafas de PVC. Aí vieram as evoluções dentro do PVC. A primeira garrafa de PVC que produzimos tinha 47 gramas. Em 1994 adotamos uma nova tecnologia de PVC, e baixamos esse peso para 34 gramas. Desde então vimos incorporando todos os avanços tecnológicos. Quando ocorreu a substituição dos recipientes de PVC por garrafas de PET,
Linha de envase da Castelo é a mais rápida do mundo para vinagres, com capacidade para 24 000 garrafas/hora
18 | Novembro 2015
produzidas internamente? Qual o significado da mudança no fornecimento e da troca de material de embalagem? A migração para o PET, hoje o plástico mais usado para bebidas – refrigerantes, águas e o vinagre, que entra na categoria de bebidas – se deu em 1998. Fomos a primeira empresa do setor de vinagres a utilizar essas garrafas, e vimos adotando o processo até hoje. Que tipo de ganhos a produção interna de embalagens traz? No mercado de refrigerantes e águas compra-se a pré-forma, que se aquece e sopra. Isso dá muito certo para bebidas padronizadas em relação a volumes. O que são esses padrões? Meio litro, 1 litro, 2 litros ou 330 mililitros. Nesses casos é vantajoso ir para o mundo das pré-formas e ter só um equipamento que sopra. Nós estamos no meio. Vinagre é 750 mililitros. Não é 1 litro nem meio litro. Tem outros volumes, mas o comum é 750 mililitros. Não me pergunte por quê, mas o mercado é assim. Então é mais vantajoso fazer uma pré-forma dimensionada para esse volume. Não se pode usar uma pré-forma de 500 mililitros porque ela é muito leve, e a garrafa não teria estrutura. Pode-se usar uma pré-forma de 1 litro, mas ela é muito pesada e aí é jogar dinheiro no lixo. Desde nosso primeiro processo de PET, já fizemos injeção e sopro no mesmo equipamento, que é o processo integrado. Compramos a resina, injetamos a pré-forma e, na mesma máquina, ela vai para uma área onde se dá o sopro de ar comprimido. Ela entra na câmara gelada, solidifica e a garrafa é formada. Com o uso pioneiro de garrafas de PET na indústria de vinagres, saímos dos 34 gramas de peso para 27 gramas. Já
era uma evolução. Essa redução versus milhões de embalagens por mês gerava uma economia significativa. E melhorou a qualidade da embalagem. Ficamos com as máquinas japonesas Aoki até 2007, quando compramos um equipamentos com maior capacidade, para mais volume, que é a Sipa italiana. Então a garrafa caiu de 27 gramas para 17 gramas. Foi uma queda importante. E qual foi o ganho de produtividade? Antes produzíamos 3 300 garrafas por hora. Saltamos para 10 500. Em 2014 adquirimos uma nova Sipa, versão do ano, e muita coisa foi alterada, de pneumática para eletrônica. Conseguimos produzir perto de 12 000 garrafas por hora – e com um grama a menos. Conseguimos essa redução de 17 para 16 gramas com a mudança da estrutura da garrafa. Ela agora é um pouco mais baixa e tem mais resistência vertical, mais estabilidade. Chegamos perto do limite para frascos de 750 mililitros para vinagre. A garrafa anterior tinha muito peso na parte de cima, perto do gargalo. Como essa linha que compramos é muito rápida – são seis frascos por segundo – a garrafa precisa ter estabilidade, senão cai. Isso acontecia com a garrafa anterior, agora não acontece mais. A nova máquina começou a operar imediatamente? Começou há um ano. A primeira garrafa produzida na nova linha ficou pronta em 3 de novembro de 2014. Nossa capacidade de produção dobrou. Hoje podemos produzir mais de 10 milhões de garrafas por mês. Nossa máquina antiga estava no limite, rodando direto. Agora podemos fazer as manutenções em ritmo normal. Quando surge algum problema podemos passar de uma linha para outra, e ainda temos capacidade para aumentar mais nossa produção. Que novidades a Castelo prepara em termos de embalagens? O equipamento novo nos permite sonhar um pouco mais. Temos a preocupação de estar sempre inovando, de nos diferenciarmos dos concorrentes.
Em 2016 vamos adotar uma nova garrafa para as linhas Fortaleza e Vitale, que são as mesmas garrafas utilizadas hoje pelas marcas que terceirizam a produção conosco. Temos de manter diferenças em relação à marca Castelo, que é o carro-chefe da companhia. Adotaremos uma nova garrafa, mais moderna, mas com rótulos de papel, como é hoje. Já temos o molde piloto, que ainda precisa de alguns ajustes, no momento sendo realizados na Itália. A empresa tem algum programa de logística reversa para suas embalagens? A Castelo participa do programa de logística reversa da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos). Estamos investindo em pontos de coleta, e acabamos de assinar um projeto de coleta seletiva com a prefeitura de Itatiba (SP), com apoio da associação dos catadores. Queremos ampliar isso. A empresa tem planos de utilizar PET reciclado? A M&G e outros fornecedores já nos ofereceram. Temos condições. A Coca-Cola já usa, a Ambev já usa. Precisamos fazer testes com os equipamentos para poder homologar a resina. Qual é a produção anual de vinagres e o faturamento da Castelo?
Em 2014 a receita líquida foi de 101 milhões de reais. A expectativa deste ano é termos um crescimento de 12%. Nossa produção está na ordem de 70 milhões de litros por ano de vinagre engarrafado, e temos em torno de 210 colaboradores.
Garrafa de vinagre é produzida em linha de alta velocidade. Em breve, poderá ser feita de PET reciclado
Outras marcas produzidas pela Castelo Alimentos: • Fortaleza • Vitale • Marcas próprias (quase todas as marca de vinagre de arroz são produzidas pela Castelo) • Marcas para exportação • Marcas terceirizadas
Mercados • América Latina: Argentina, Bolívia, Cuba, Paraguai • Europa: Bélgica, Inglaterra, Portugal • Ásia: Emirados Árabes Unidos, Japão • África: Angola, Cabo Verde, Moçambique
Novembro 2015 |
19
Rotulagem
Questão de alinhar expectativas Tecnologia de impressão digital de rótulos e embalagens avança mais rápido que mentalidade do mercado Por Marcos Palhares
Em minha
mais recente visita à Labelexpo Europe, realizada de 29 de setembro a 2 de outubro, em Bruxelas, fiquei impressionado com o crescimento na oferta de impressoras digitais voltadas para a conversão de rótulos e etiquetas – algumas delas focando também o mercado de embalagens flexíveis. Especialmente notável foi a multiplicação no número de fabricantes dos equipamentos inkjet (que começam a se espalhar também em processos de decoração direta de embalagens – ver página 26). A capilarização da tecnologia de impressão digital no mercado de conversão de rótulos e embalagens se dará, sem sombra de dúvidas, com as máquinas jato de tinta, o que está longe de significar que as impressoras com outro tipo de tinta, como as HP Indigo, estejam fora do jogo. Em meio a tantas ofertas, e inseridos num contexto dinâmico de mercado, muitos gráficos veem-se pressionados a analisar o caminho digital. Nisso, sentem dificuldades para escolher a rota a seguir, que inevitavelmente demandará novos investimentos em equipamentos periféricos e de acabamento, tornando eventuais erros irreversíveis. Há alguns anos acompanhando a (rápida) evolução dessa indústria, porém, entendo que o fator de decisão que deve preceder qualquer investi-
20 | Novembro 2015
mento em impressão digital é mercadológico, e não técnico. É preciso, primeiro, que os gráficos entendam o que querem fazer com suas novas impressoras. Se o desejo é simplesmente ter uma forma nova (presumivelmente mais econômica) para lidar com tiragens pequenas, a amplitude de ofertas de equipamentos é gigantesca. O que vai reduzi-la é o padrão de qualidade e de produtividade necessário para atender adequadamente os clientes com o perfil da gráfica, o que às vezes pode ser viabilizado com investimentos relativamente modestos. Mas se o objetivo é partir para o uso, cada vez mais comum no exterior, da tecnologia digital em ações de marketing, normalmente conduzidas pelas grandes marcas (produzindo embalagens únicas, que não podem ser feitas com equipamentos convencionais), as opções de impressoras se
reduzem a poucas, mais produtivas, com maior consistência de cores e com qualidade de impressão superior, o que naturalmente faz com que os valores envolvidos na decisão sejam significativamente maiores. Para que o mercado se beneficie das possibilidades trazidas pela solução digital (especialmente as desse segundo grupo), porém, é preciso que haja uma transformação na maneira de se enxergar a embalagem. Os gráficos precisam entender que é uma venda a ser feita primeiramente para a área de marketing de seus clientes. Os brand owners, por sua vez, têm de considerar algumas ações de embalagem como investimento em marca e em relacionamento com o consumidor. Enquanto isso não ocorrer, ambos continuarão presos em discussões sobre centavos, marcando passo. E a revista EmbalagemMarca permanecerá divulgando grandes ações realizadas no exterior…
MLC é adquirida pela Rotometrics Líder no mercado brasileiro de ferramentas rotativas de corte na indústria de conversão de materiais, a MLC foi adquirida pela americana Rotometrics, por valores não divulgados. O anúncio oficial foi feito durante a Labelexpo. Manoel Correa, co-fundador, e Robson Lopes Paula, filho do co-fundador
José Vicentino de Paula, continuarão na direção da empresa. “Com a combinação de nossa forte estrutura de produção com a tecnologia de ponta da Rotometrics, já nos próximos meses os convertedores terão acesso a um portfólio extenso de produtos feitos em São Paulo”, explica Manoel Correa.
IMPRESSÃO
Um passo avante num longo caminho Impressão direta em embalagens plásticas rígidas e, agora, de vidro, abrem novas possibilidades de rotulagem
Com a adaptação de seu processo de impressão digital direta DecoType também para recipientes de vidro – além dos feitos de PET, PE e PP – a Krones acaba de dar um importante passo no relativamente acelerado avanço de sistemas de identificação e decoração de embalagens rígidas, senda aliás trilhada por sua concorrente KHS, na seara do PET. Assim, por contemplar o vidro, o DecoType marca um diferencial no atendimento da necessidade de impressões mais personalizadas e com flexibilidade de aplicação. Caberia lembrar que durante longo tempo a decoração de embalagens limitou-se ao uso de rótulos de papel com cola, serigrafia (ou ACL, do inglês applied ceramic label) e, a partir de meados do século passado, entre outros, dos mais práticos sistemas de autoadesivos, termoencolhiveis, heat transfer, filme com cola (incluindo roll label), tampografia e in-mold label (IML), este ainda em fase de consolidação e aplicável somente em plástico. Excetuando-se o ACL, utilizado primordialmente em vidro, e a tampografia e o IML, todas essas técnicas não contemplavam a impressão direta. Mas é um campo ao qual a atenção de fabricantes parece estar se intensificando. Além da Krones, que apresentou o DecoType (então só para aplicação em 22 | Novembro 2015
Na sequência de fotos acima, a máquina DecoType vista por fora e por dentro, e garrafas plásticas com impressão direta. Na foto abaixo, garrafas de vidro impressas pelo mesmo sistema
Por meio do KHS Direct Print, personagens de tevê são estampados nas garrafas de PET. App de realidade aumentada dá vida às figuras. Veja o efeito em:
emb.bz/193cerveja
embalagens plásticas) na feira Drinktec 2013, no início deste ano sua concorrente KHS, com sede na Alemanha, anunciou o lançamento de uma cerveja (Dagschotel, da Martens) na Bélgica com decoração em tecnologia digital direta em garrafas de PET, numa primeira aplicação comercial do processo, também desenvolvido em 2013. No caso, a tecnologia, batizada como KHS Direct Print, incluiu um recurso interativo especial, em que aplicativos de realidade aumentada permitem movimentar os personagens do F. C. Kampioenen, um clube fictício de futebol (ver EmbalagemMarca nº 193, de setembro de 2015). Nisso, a aplicação não difere da tecnologia DecoType, já em uso por duas marcas alemãs de cerveja em que personagens do show business contam piadas ao ter suas imagens acessadas pelo Smartphone. Ambos os processos são ainda adequados apenas para tiragens limitadas, representando, como define um executivo de uma dessas empresas, “um passo importante, mas ainda distante do fim do caminho”. De qualquer forma, mesmo que em fase experimental, a iniciativa da Krones representa mais um passo nessa trilha. A empresa descreve assim o processo: “Com uma máquina de laboratório semiautomática, é possível carregar até
21 estações com recipientes. As estações imprimem quatro tipos de garrafas ao mesmo tempo, tanto de vidro como de plástico, com diferentes imagens. Isso permite processar manualmente até 120 embalagens por hora. Trata-se de um sistema altamente flexível, que recebe as ordens na linha a partir de um sistema SAP ou de outro sistema de gestão de mercadoria e decora as garrafas automaticamente. A máquina de laboratório DecoType é interessante para todos que desenvolvem um desenho novo para um produto ou que desejem fazer testes de mercado de um novo produto”.
Ainda segundo a Krones, “a decoração digital de embalagens permite imprimir texturas até agora impossíveis com as técnicas de rotulagem existentes. A tecnologia de decoração altamente flexível evita a superprodução de rótulos, não necessita de adesivos para esse complemento e reduz assim os custos de armazenagem. Em termos de aplicação, as mudanças de formato são executáveis em tempos breves”. Em sua descrição, diz a fabricante alemã: “Os resultados obtidos com a máquina de laboratório são aplicáveis diretamente ao equipamento de impressão para uma linha completa-
mente automática. Atualmente já está em fase de testes de campo uma máquina com rendimento de 12 000 recipientes por hora. A impressão digital em vidro já é comentada por toda a indústria de bebidas, mas certamente seu potencial se concretizará ainda mais nos próximos anos. Isso se deve em parte à tendência de crescente personalização das embalagens e do permanente avanço da técnica de impressão”. Através de sua assessoria de imprensa, a Krones local informa que a DecoType, fabricada na Alemanha, já está disponível para clientes de todo o mundo (inclusive no Brasil) e que, embora nenhuma máquina ainda esteja instalada, um exemplar está em fase final de testes para instalação. Para interessados brasileiros, o contato deve ser feito via Krones do Brasil. Além daqueles dois players alemães, convém voltar a atenção, como lembra Thomaz Caspary, diretor da Printconsult, consultoria de empresas gráficas, para a hipótese de outras tecnologias de impressão direta sobre vidro, embalagens plásticas e latas estarem a caminho. “Talvez ainda não seja um problema para os convertedores de rótulos neste momento, mas nunca é demais chamar a atenção para o progresso da tecnologia. Novembro 2015 |
23
internacional
Com visual “cleaner” Perfume se destaca por apresentação que simula a de um limpador de vidros
Um dos mais singulares perfumes já lançados. É assim que o Fresh Couture, lançamento da Moschino para o público feminino, vem sendo descrito por jornalistas e blogueiros. A originalidade não diz respeito à fragrância em si, que combina notas frutais e florais, mas ao visual do produto: ele simula uma embalagem de limpa-vidros. A inspiração no material de limpeza segue a inclinação da grife italiana em beber na irreverência e no universo pop, direcionamento reforçado nos últimos anos com a efetivação do americano Jeremy Scott como seu diretor de criação. “A ideia é justapor ironicamente um produto ordinário e trivial do
ambiente doméstico com uma fragrância preciosa e de luxo”, diz a Moschino. O frasco de vidro reproduz o formato típico dos recipientes plásticos de limpa-vidros. A imitação é complementada por um rótulo autoadesivo e por um aplicador do tipo gatilho – que, vale ressaltar, não funciona; trata-se de uma tampa que, removida, dá acesso à válvula spray do perfume. O tom azulado do conteúdo ajuda na composição. Até agora, a Moschino não revelou detalhes do desenvolvimento da embalagem e quem são os fornecedores de seus componentes. A nova eau de toilette começou a chegar ao varejo
em outubro, em três tamanhos – 30 mililitros, 50 mililitros e 100 mililitros. O lançamento é apoiado por uma campanha publicitária estrelada pela supermodelo Linda Evangelista.
Formato do frasco de vidro, rótulo e gatilho (não funcional) constroem imitação convincente de produto de limpeza doméstica. Campanha de lançamento é estrelada por Linda Evangelista (à esq.)
24 | Novembro 2015
internacional
Deu na telha Na Costa Rica, inventor canadense cria garrafa de PET capaz de ser reutilizada em coberturas de casas
Uma das mais curiosas garrafas de PET surgidas nos últimos tempos é a da água mineral ‘A’Gua, da Costa Rica. Achatada, lembrando um lingote, ela exibe perto do topo uma espécie de bolha que refrata a luz, criando um atraente “efeito lupa”. O destaque nos pontos de venda é certeiro, mesmo não sendo o principal objetivo da criação. Graças ao seu formato, a embalagem pode ser utilizada, após o consumo, como telha. A transformação em material de construção é feita com uma prensagem da garrafa, para que ela assuma o formato adequado. Depois, a embalagem é preenchida com uma mistura de concreto aerado e resíduo de papel. O recheio bloqueia a luz, funciona como isolante térmico e pode ser tingido para simular mármore, ardósia ou cerâmica. O autor da ideia é Donald Thomson, um empreiteiro canadense que se instalou há 25 anos na Costa Rica com o objetivo de desenvolver habitações e programas educacionais para a população de baixa renda. O estalo ter-lhe-ia ocorrido em 2010, num mutirão de limpeza de uma praia, ao observar gar-
26 | Novembro 2015
Formato atrai a atenção no ponto de venda e permite a transformação da embalagem em material de construção (abaixo)
Ideia similar, mas para paredes Propor a reutilização de embalagens como material de construção, como faz a água costarriquenha ‘A’Gua, não é algo inédito. Na década de 1960, a Heineken desenvolveu para sua cerveja uma garrafa de vidro capaz de virar bloco para erguer casas. Curiosamente, o insight teria ocorrido também na América Central, e com o mesmo propósito imaginado para a embalagem de água: a construção de moradias populares.
rafas de PET amassadas e dispostas em linhas. “Sempre tive aversão a embalagens plásticas”, declarou Thomson à revista de negócios Fast Company. “Mas percebi que poderia criar algo alinhado ao conceito de economia circular e capaz de ajudar a sociedade.”
Designer diletante, Thomson começou a busca por um formato propício construindo protótipos de papelão. Com ajuda do software Solidworks, modelou em 3D uma garrafa de 700 mililitros que imaginou funcionar, obtendo patente internacional sobre o desenho. Após diversos percalços na confecção dos moldes e em ensaios produtivos, conseguiu ajustar o projeto em novembro de 2013. A essa altura, o inventor já havia fundado um empreendimento dedicado ao desenvolvimento de telhados de garrafas de PET, o Centro para Design Regenerativo e Colaboração (CRDC, na sigla em inglês). Vencida a etapa de concepção da garrafa, sobreveio um ano de estudos para encontrar um meio de dobrar as embalagens da maneira desejada. Thomson buscou apoio de estudan-
tes de Engenharia da Universidade de Seattle, nos Estados Unidos. Eles criaram uma prensa manual, de pequenas dimensões, capaz de garantir amassamento uniforme dos recipientes. Todos ficam com uma borda frontal de 12 milímetros, o que garantiria telhados com visual harmonioso. O método de aplicação das telhas também foi patenteado. As garrafas dobradas são presas a armações de metal, formando placas de aproximadamente 1 metro de largura por 3,6 metros de comprimento. A atual produção é de 400 garrafas sopradas por hora, taxa que a CRDC afirma poder dobrar imediatamente em caso de aumento da demanda. Thomson quer emplacar o uso da solução em programas habitacionais na Costa Rica e em outros países latino-americanos. Também pleiteia financiamentos para outro projeto: construir casas modestas, utilizando 10 000 garrafas no telhado de cada uma delas, arrendá-las a famílias de baixa renda por três anos e, após esse período, recuperar o investimento por meio de hipotecas. “Seria como reciclar dinheiro”, avalia o empresário.
Saiba mais no site do Almanaque EmbalagemMarca: emb.bz/195heineken
Heineken já teve garrafa-tijolo
Novembro 2015 |
27
Jovens Talentos
Foto: Rafael Coelho Martinez
Início promissor e premiado Aluna do Istituto Europeo di Design recebe Prêmio Novelis por projeto de embalagem
Thais Behar
está cumprindo as últimas etapas de sua graduação em design de produto, no Istituto Europeo di Design (IED), em São Paulo. Estuda, em seu trabalho de conclusão de curso, o tema das embalagens como forma de reduzir o desperdício de alimentos, assunto que há tempos desperta seu interesse. Em meio a suas atividades acadêmicas, deparou-se com a oportunidade de participar do Prêmio Novelis de Sustentabilidade, promovido pela fabricante de laminados de alumínio com vistas a estimular a inovação com o material – inclusive (mas não apenas) no setor de embalagem. Thaís inscre-
Projeto vencedor propõe ação de realidade aumentada tendo a embalagem como gatilho
28 | Novembro 2015
veu o projeto Chá Mego na categoria Arte na Lata, voltada a estudantes de design. E venceu com um projeto sofisticado, desenvolvido ao longo de um workshop ministrado no IED por Marcos Palhares, um dos sócios da revista EmbalagemMarca. O tema proposto pela Novelis era explorar a flora e a fauna do Brasil para destacar o conceito de sustentabilidade. A estudante criou uma marca fictícia de chá e desenvolveu uma embalagem para o que seria a versão sabor laranja do produto. Sobre um galho de laranjeira, repousa uma mariquita, passarinho comum nas áreas de plantação de laranja da região de Campinas (SP).
A ilustração delicada feita a mão é combinada com uma moderna proposta de ação de realidade aumentada que usa a embalagem como gatilho. Com o uso de um smartphone, os consumidores poderiam saber detalhes sobre a ave e receber informações sobre preservação ambiental. A parte industrial não foi negligenciada. Thaís fez todo o desenvolvimento aproveitando as possibilidades e as limitações do processo de impressão em latas de alumínio, e entregou um projeto pronto para ser colocado em linha. Acesse www.premionovelis.com.br e saiba mais sobre o Prêmio Novelis de Sustentabilidade.
Thaís Behar, vencedora na categoria Arte na Lata
artigo
Inovação e inspiração Luxe Pack Monaco apresentou novidades para embalagens de cosméticos. Elas são comentadas por um dos maiores especialistas no assunto Por Marc Rosen*, exclusivo para EmbalagemMarca
A Luxe Pack,
realizada anualmente em Mônaco, tem se tornado maior e melhor ao longo dos anos, e é hoje a principal feira do mundo voltada para embalagens de cosméticos de alto luxo. Durante minha estada em Monte Carlo, rodeado por maravilhosos hotéis, iates e pessoas glamourosas, tive o prazer de visitar a mais recente edição desse evento sofisticado, no final de outubro último. Neste ano, a feira trouxe muitas novidades em embalagens e em técnicas produtivas, que fazem a cabeça dos profissionais de marketing e dos designers sonhar alto, em meio a ofertas de novos fabricantes e também dos já consolidados e tradicionais provedores dessa indústria. Fui em busca de inovações em vidro, metal, plástico e papel. E as encontrei. Novas formas para decorar frascos de vidro dos novos lançamentos de fragrâncias, produtos para cuidado com a pele e maquiagem serão disponibilizadas comercialmente em breve. Se o design é a nova moeda, como se diz hoje em dia, as incríveis novidades mostradas no estande da Neenah devem fazer qualquer um sentir-se rico. Após a compra da Fibermark, a empresa ampliou seu leque de ofertas em rótulos e em papel cartão com texturas únicas, disponíveis em inúmeras cores e padrões, dando aos designers poderosas ferramentas de trabalho. Observei também muitas possibilidades para inovar com frascos de vidro para perfumes. Bons exemplos são os novos formatos produzidos por empresas como a SGD, responsável pela fabricação da nova embalagem de
30 | Novembro 2015
1
2
4
3
5
8
6
Goldea, da Bulgari (foto 1), pelo frasco do perfume The Brilliant Game, da Davidoff (foto 2), que traz uma coluna preta texturizada com hot stamping dourado, e também pelas três cores de recipiente usadas na coleção da The Body Shop, feita com o vidro Neo Glass, que tem 90% de material reciclado em sua composição (foto 3). Fiquei impressionado com o desenvolvimento, pela Pochet, de um frasco de ombros completamente retos, com distribuição homogênea de peso nas paredes e no fundo, utilizado pela Guerlain para sua fragrância L’Homme Ideal (foto 4). Na Bormioli Luigi encontrei o Emozione, marca da Salvatore Ferragamo (foto 5), com seus chiques acessórios creme e dourados. Agradou-me muito, também, a garrafa facetada dotada de pulverizador felpudo branco do perfume Ari, vinculado à cantora Ariana Grande (foto 6).
Uma das mais interessantes apre-
9
7
sentações para fragrâncias que vi no evento foi o frasco de vidro verde sobreposto com faux lizard, da Marc Jacobs, em que sobressaía uma corrente dourada presa ao ombro por uma alça. O destaque fica por conta do maravilhoso cartucho flocado, produzido pela Multi Packaging Solutions (foto 7). Na área dos plásticos, a tampa da máscara Grandiôse, da Lancôme, mostrou-se muito elegante com a flor de sua assinatura encapsulada em uma tampa de Surlyn sobremoldada (foto 8), produzida pela Aptar. Neste campo, vale destacar a tampa Vision Luminescent, da DB, dotada de LED (foto 9), que se ilumina com um leve toque. De um provedor espanhol de Barcelona, chamado Faca, impressionou-me o frasco em formato de cubo de gelo (foto 10) feito de acrílico. O presidente da Qualipack americana, Eric Vanin, mostrou-me seus mais recentes desenvolvimentos. Extraordinários! Os batons Fantascene feitos para a The Steven Klein for Nars são Novembro 2015 |
31
absolutamente espetaculares. A tampa do perfume Miu Miu, feita de zamac (N. do T.: liga metálica contendo basicamente zinco, alumínio, magnésio e cobre) dourado unida a um disco vermelho de Surlyn, forma um lindo conjunto com o frasco azul (foto 12). Por fim, o “prato” dourado Art Déco acoplado à embalagem em formato de urna da Bulgari cria um aspecto muito glamouroso para essa edição limitada da marca, introduzida no ano passado (foto 13). Vivemos num mundo em constante mudança que tem dissipado as distinções de classe e alimentado os anseios do consumidor de descobrir sua própria identidade com um estilo pessoal que o defina. O design tem se tornado parte importante de seu DNA. Hoje, no ato de compra, o design tem se constituído em fator de decisão na escolha de um produto em detrimento de outro. A embalagem fornece o elemento mais importante para concretizar essa decisão. O produto contido ganha, com a embalagem, um mostruário para sua eficácia, qualidade e desempenho. Os consumidores sabem que estão comprando design, e assumem sua necessidade de se identificar com produtos que apoiem seu gosto, sofisticação e valor. Na indústria de cosméticos e perfumes, exaltamos a personalidade de nossas marcas com lindas e atraentes embalagens para atrair os consumidores. A Luxe Pack Monaco deste ano foi, nesse sentido, uma mina de ouro de grandes ideias, fonte de inovação e de inspiração. Mal consigo esperar para colocar esse novo repertório em prática. * O americano Marc Rosen é um dos mais famosos designers de embalagens para perfumes e cosméticos. É vencedor de sete prêmios FiFi, e recebeu o título honorário de doutor do Pratt Institute Graduate School, em Nova York, onde dá aulas e tem uma bolsa de estudos com seu nome.
32 | Novembro 2015
10
11
13
12
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br
Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.
Alimentos
Tapioca a vácuo Geralmente oferecida em versões industrializadas com prazos de validade de poucos meses, a tapioca passa a ter uma opção longa vida, com shelf life de um ano. A novidade chega ao mercado graças à Stival Alimentos, que decidiu acondicionar o produto a vácuo, numa embalagem plástica flexível. Cada unidade oferece 500 gramas da fécula de mandioca. emb.bz/195tapioca
Novembro 2015 |
33
Display O QUE hÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
2
4
5
DOCES
LÁCTEOS
PADARIA
LATA ARTÍSTiCA
CiDADES NOS RÓTULOS 2
QUEiJO GREGO 3
APOSTAS iNTEGRAiS
Belo horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e são Paulo são homenageadas nas embalagens de Nutella. Os rótulos do creme de avelã estampam os nomes das cidades. As tampas trazem tags com desenhos de pontos conhecidos das mesmas. emb.bz/195nutella
A Polenghi apresenta Polenghi Grego, primeiro queijo cremoso com iogurte grego do mercado brasileiro. O produto é acondicionado em potes de polipropileno de 135 gramas, decorados com rótulos in-mold. emb.bz/195polenghi
O Grupo Bimbo tem duas novidades em pães integrais: o Pão sem Casca, com as marcas Pullman e Plus Vita, e o Bisnaguito Pullman. Os produtos chegam ao mercado em sacos do tipo wicketed e pacotes feitos de polietileno. emb.bz/195bimbo
1
Mentos by Murakami é uma edição limitada de pastilhas da Perfetti Van Melle vendidas em latinhas de aço desenhadas por Takashi Murakami, artista japonês famoso pelo estilo acid pop. Os recipientes têm cores vibrantes. emb.bz/195mentos
3
1
34 | Novembro 2015
hIGIENE PESSOAL 4
PARA DENTES SENSÍVEiS 5 Voltado ao branqueamento de dentes sensíveis, Sensodyne True White é o novo creme dental da GlaxoSmithKline. O produto, com 100 gramas, é acondicionado em bisnaga plástica laminada, vedada com tampa branca perolada. A venda é feita em cartucho de papel cartão. emb.bz/195sensodyne
6
Jogos
em novos formatos
Bebidas
duas opções de destilado
6
A Copag tem dois novos jogos de cartas: o Conecta, game de inovação desenvolvido em parceria com a empreendedora Bel Pesce, e a linha Copag Play, de brincadeiras com suplementos digitais. Os produtos chegam ao mercado em embalagens de papel cartão com formatos especiais. emb.bz/195copag
7
A Geribá surge no mercado de cachaças premium com duas opções: Série Ouro, armazenada em tonel de amburana, e Série Prata, armazenada em tonel de jequitibá rosa. As garrafas, importadas da França, são decoradas com rótulos autoadesivos de BOPP laminado, com acabamento fosco (aveludado). emb.bz/195geriba
7
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
1
3
Cervejas
das escarpas de minas 1
Itaipava no latão
Inspiração em deuses e na psicodelia americana
O Grupo Packfoods lança a cerveja artesanal Scarpas. O nome se deve à origem da bebida, produzida às margens escarpadas do lago de Furnas, no Sudoeste mineiro. São quatro sabores, oferecidos em garrafas de vidro de 600 mililitros. Os rótulos, que diferenciam as versões através de cores, têm arte que alude às grandes navegações. emb.bz/195scarpas
Lata de 550 mililitros é a mais nova opção da cerveja Itaipava. Segundo o Grupo Petrópolis, a nova embalagem chega para potencializar a atuação da marca em ocasiões de compartilhamento. emb.bz/195itaipava
2
A Ashby, microcervejaria de Amparo (SP), apresenta cinco novas cervejas. São duas fruit beers de trigo e três IPA (Indian Pale Ale), disponíveis em garrafas de vidro de 300 mililitros. Os rótulos das fruit beers têm arte inspi-
3
rada no psicodelismo da Califórnia na década de 1970. Já os rótulos das IPA têm projetos gráficos que fazem alusões a deuses e aspectos da cultura indiana. emb.bz/195ashby
2
Retorno ao passado 4
puro malte da dia 5
A Ambev relança a cerveja puro malte Adriática, surgida originalmente no Paraná no final do século 19. A marca estava fora do mercado desde 1943 e agora volta a ser comercializada sob o guarda-chuva da linha Original, em garrafa de vidro de 600 mililitros. emb.bz/195adriatica
Tag é a cerveja puro malte apadrinhada pela rede de varejo Dia. Surge em lata de alumínio de 350 mililitros. emb.bz/195tag
4
5
36 | Novembro 2015
7
9
8
CONGELADOS
SNACKS
FRUTAS
SORVETES
TRADiçãO EM SALGADOS 6
ViSUAL ATUALiZADO
POTES PARA REUSO 9
TRiO PREMiUM 10
A Uniagro apresenta novas embalagens para frutas secas. A empresa espera que consumidores reaproveitem os potes dos produtos, de capacidades diversas, como utensílios para o lar. Os recipientes, cônicos, permitem empilhamento. emb.bz/195uniagro
Em três sabores, Perfetto Speciale é a linha de sorvetes premium criada pela Sorvetes Perfetto. Os produtos estão disponíveis em potes plásticos de 900 mililitros (450 gramas), de formato cônico. emb.bz/195perfetto
A Catupiry lança salgados prontos. São quiches, tortinhas e empanadas que levam o tradicional requeijão da marca. Os produtos estão disponíveis em embalagens cartonadas de 420 gramas ou de 440 gramas, com quatro unidades de cada iguaria. emb.bz/195catupiry
EMBALAGEM PLASTiFiCADA A Cais do Atlântico, empresa de alimentos congelados de Laguna (SC), lança o filé de tilápia defumado. Segundo a empresa, a expectativa com o produto, inédito no mercado, é popularizar o consumo de pescados defumados no País. A embalagem de papel cartão precisou ser pensada com o objeti-
7
vo de agregar valor ao alimento, e para isso foi impressa em cinco cores, com alto padrão de definição para destacar o produto nas gôndolas e pontos de venda. O diferencial da caixa está na plastificação externa e interna, que protege a embalagem da umidade. emb.bz/195cais
8
As embalagens das batatas palha Elma Chips, da Pepsico, foram atualizadas. O design predominantemente vermelho, com imagens realísticas de pratos e de uma família em segundo plano, será aplicado nas versões de 140 gramas, 120 gramas (Extra Fina), 80 gramas e 300 gramas do produto. emb.bz/195palha
6
10
Novembro 2015 |
37
APOIO
Almanaque Surpresas de Surpresa O Chocolate Surpresa, da Nestlé, lançado originalmente na França, chegou ao Brasil em 1983. As embalagens traziam uma figurinha colorida de animais. O verso tinha uma ficha com detalhes dos bichos, como nome popular, família, nome científico, habitat e hábitos ali-
mentares. Para adquirir o álbum para colar os cromos bastava enviar uma carta à Nestlé com quatro embalagens vazias. Os textos e as fotos das figurinhas dos álbuns Amazônia, Campos e Cerrados, Os Sertões e Litoral e Ilhas Oceânicas ficaram sob
a responsabilidade do fotógrafo brasileiro Luiz Cláudio Marigo. As pinturas usadas nos álbuns sobre Cães de Raça e Dinossauros foram feitas por Brasílio Matsumoto. O produto ficou mais de quinze anos no mercado.
Chocolate Surpresa e as fichas com informações dos animais
Para limpeza da pele Em 1948, surgia no mercado brasileiro o Leite de Colônia, produto com fórmula criada pelo farmacêutico e médico Arthur Studart. As loções da marca foram desenvolvidas especialmente para a limpeza da pele. No início, as embalagens eram de vidro, protegidas por cartuchos de papel cartão. Com o passar dos anos, os frascos
de vidro foram substituídos por embalagens plásticas que mantiveram a tradicional cor verde utilizada nos cartuchos. Hoje, além das loções, a marca possui diversos outros produtos, em embalagens coloridas. O Leite de Colônia, que pertencia à Hypermarcas, foi comprado recentemente pela Coty.
Primeiros frascos de vidro foram substituúidos por embalagens plásticas, que hoje têm várias cores
38 | Novembro 2015
Da China, talvez... Qual a origem do nome ketchup? Muitos acreditam que é a palavra cantonesa keh tsup, ou sumo de tomate. Outra teoria é de que derivaria de kôe-chiap, que no dialeto do litoral sul chinês significaria salmoura de peixe (ou marisco) em conserva. Há ainda quem acredite se tratar de uma corruptela dos ingleses para escabeche, o prato de peixes ao molho popular nos países ibéricos.