EmbalagemMarca 197

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Ano XVII • Nº 197 • Janeiro 2016 • R$ 15,00

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ENTREVISTA Marici Ferreira, da Associação Brasileira de Licenciamento, fala sobre o uso de personagens famosos nas embalagens

EFEITOS Queda de custos, avanços tecnológicos e salto em requinte favorecem o uso de pigmentos especiais em recipientes plásticos

O potencial da recarga Queda nas vendas, consumidor com menos dinheiro e crescente apelo à sustentabilidade abrem para os refis oportunidades que não são aproveitadas



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Conteúdo e embalagem vazia OS INTERESSADOS em discutir os destinos da comunicação têm-se dedicado, com crescente afinco, a afirmar que se registra notável crescimento da produção de conteúdo no meio tradicional e online. Não é o que temos notado, pelo menos no que se refere a conteúdo de qualidade. Pelo que observamos, aquilo que definem como “old mídia”, ou “mídia antiga” (quando não “velha”) – ou seja, jornais, revistas de assuntos gerais, rádio e televisão – oferece a seus públicos uma queda generalizada de qualidade. Já nos veículos online e na chamada “rede social” reinam ruidosa cacofonia e poluída cacografia, no mais das vezes não fundamentadas ou, pior, comprometidas com sabe-se lá que interesses. Ante tal quadro, é natural que arrefeça o desempenho comercial dos veículos, alimentando o ciclo do “fresquinho porque é crocante, crocante porque é fresquinho”. Ou, usando uma frase dos americanos, bem ao gosto

dos brasileiros, aos políticos que cobravam melhor desempenho na conquista espacial aos cientistas da NASA: “No bucks, no Buck Rogers”. (Quem já leu gibi antigo entenderá. . .). Em outras e sintéticas palavras, o que aqui se quer dizer é que, independentemente da plataforma em que as informações são transmitidas, o que realmente importa é que elas sejam fundamentadas, corretas e adicionem conhecimento a seu público. Quer-se dizer também que conteúdo tem custo, sejam lá quais forem seus meios de veiculação. Quer-se afirmar, por fim, que se o conteúdo não for confiável, descomprometido e valioso, por mais “high tech” que seja, o veículo que o transmite não passará – para ficarmos nos limites de nosso terreno – de uma embalagem vazia. Ou, pior, cheia de coisas inúteis. Até fevereiro.

WILSON PALHARES

“Se o conteúdo da Informação não for descomprometido, confiável e valioso, por mais “high tech” que seja, o veículo que o transmite não passará de uma embalagem cheia de coisas inúteis”


Edição 197 • Janeiro 2016

Sumário 3 Editorial Se o conteúdo da informação não for descomprometido, confiável e valioso, o veículo que o transmite não passará de uma embalagem cheia de coisas inúteis 6 Painel Lata de plástico retortable mira mercado de alimentos • Dow e DuPont anunciam fusão • smurfit Kappa passa a operar no Brasil • avery Dennison desenvolve filmes de plástico ”verde” para autoadesivos

10 Imagem três anos após último redesign, mcDonald’s adota embalagens com visual mais clean Reportagem de capa

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18 Entrevista marici Ferreira, presidente da associação Brasileira de Licenciamento, fala das oportunidades que as embalagens trazem ao vincular produtos a personagens famosos

Uso de refis de produtos ainda é modesto no Brasil, indicando boas oportunidades para a cadeia de embalagem

22 Insumos Queda do custo, avanços tecnológicos e sofisticação dos mercados favorecem o uso de pigmentos especiais em recipientes plásticos

Por Wilson Palhares

24 Evento PRÊMIO GRANDES CASES DE EMBALAGEM completa dez anos e promete novidades

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25 PME Para consultor, resolução de gargalos pode ajudar pequenas e médias indústrias no cenário de retração da economia

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26 Artigo Rótulos autoadesivos são os meios de decoração

mais usados em embalagens de bens de consumo. adotá-los ou mantê-los deve ser uma questão cercada de critério Por Sterling Anthony

28 Artigo Ser engenheiro de embalagem não é fácil, mas

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a profissão é prazerosa quando contribui para o avanço da empresa

Por Jorge Maquita, gerente global de embalagem da PepsiCo

29 Display sadia entra no mercado de snakcs • metais para

banheiros têm embalagens inspiradas nos incas • ambev adota latas sleek para Pepsi e Guaraná antarctica

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32 Almanaque aspirina surgiu como medicamento em pó • Para onde olham os personagens das caixas de cereais? • a origem da Pepsi-Cola • Como surgiu o nome suvinil

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

IDEIAS

Solução de verdade Novo recipiente procura acabar com o mito da lata plástica autoclavável e mudar a paisagem dos supermercados recém-lançada

nos Estados Unidos, a TrueVue tornaria realidade aquilo que a Sonoco, sua inventora, diz ser uma lenda perpetuada por anos no mercado de embalagens: uma lata de plástico transparente retortable, capaz de proporcionar a alimentos ampla vida de prateleira. Seria o primeiro recipiente do gênero a realmente suportar o processamento retort (esterilização em autoclave, sob altas temperaturas e alta pressão) ao qual latas de aço são submetidas, não exigindo modificações em equipamentos para sua adoção. A nova lata plástica é na verdade um recipiente híbrido de três peças, em que uma base e um topo de metal são selados, por meio de uma tecnologia denominada FUSION Freshlock, a um corpo de laminado plástico translúcido. Detalhes dos componentes e do processo de fabricação não são revelados pela Sonoco. A tampa do conjunto incorpora o mecanismo de abertura fácil típico das latas metálicas, comandado por um anel (pull ring). Comparada a latas de mesmo formato, a TrueVue asseguraria aquecimento mais uniforme do conteúdo, ciclos de esterilização mais rápidos e melhor desempenho em resistência ao longo da cadeia de abastecimento. A embalagem seria isenta de BPA (bisfenol-A, substância alegadamente nociva à saúde). “Ao mesmo tempo em que é compatível com linhas já existentes, dispensando aportes de capital, o novo recipiente propicia uma vantagem mercadológica e de marketing para as indústrias de alimentos enlatados”, afirma a Sonoco. Presidente da Sonoco, Jack Sanders confia na TrueVue para rejuvenescer a imagem de alimentos processados. “São produtos habitualmente vendidos em latas metálicas nos

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centros dos supermercados, áreas que estão perdendo espaço para o perímetro, onde ficam os produtos frescos. A nova solução cria múltiplas oportunidades de exposição, inclusive nas franjas das lojas”, diz o executivo. Sopas, molhos, frutas e vegetais em conserva e rações úmidas são apontados como alvos potenciais da novidade.

A primeira adoção da lata híbrida, por um cliente americano, deve ocorrer no final do segundo trimestre de 2016. “A ideia é de que o produto se torne disponível globalmente, mas ainda não há uma definição de quando ele estará ao alcance de empresas brasileiras”, informa Brian Risinger, do departamento de comunicação da Sonoco.

Constituída por topo e base de metal selados a um laminado translúcido, lata TrueVue mira adesões por diversos alimentos


Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

númeroS

Maior retorno No final de novembro último, governo, na figura da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e indústria, representada pelo Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem) e por 24 associações empresariais, assinaram um acordo para promover a reciclagem de embalagens no País. A ação, que se insere na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tem pela frente os seguintes objetivos e desafios:

22%

É a meta para a redução, até 2017, da quantidade de embalagens pós-consumo destinadas a aterros. A queda desejada compreende embalagens de todos os tipos

28

milhões

METÁLICAS

Investimento em baldes A Litografia Valença, importante fornecedora de embalagens de aço para alimentos e produtos químicos, investiu valor não divulgado na instalação de uma nova linha totalmente automatizada para a fabricação de baldes metálicos. Os recipientes serão dedicados aos segmentos de derivados do petróleo e defensivos agrícolas, atendendo às exigências da norma ANTT 420 para o transporte terrestre

Fonte: Cempre | dezembro 2015

Foi a quantidade de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) instalados por empresas nacionais entre 2012 e 2014. O número já superaria em 255% as previsões para 2015 feitas quatro anos atrás

de produtos perigosos. Entre outros modelos, a linha fará baldes de 14 litros, 18 litros, 20 litros e 24 litros para óleos lubrificantes, baldes cônicos de 18 litros e de 20 litros para tintas e um balde sextavado de 23 litros brandido pela Valença como de produção exclusiva. Petrobras, Ipiranga e Petronas já fecharam acordos de compra das novas embalagens para uso em óleos lubrificantes.

RÓTULOS

Duas opções “verdes” Em seus esforços para atender a exigência de indústrias usuárias por soluções de menor impacto ambiental, a Avery Dennison criou duas opções de filmes baseados em plástico “verde” para a confecção de rótulos autoadesivos. Oferecidos nas versões transparente e branca, os novos materiais são produzidos com o I’m green, polietileno obtido pela petroquímica brasileira Braskem a partir do etanol da cana-de-açúcar. A convertedora belga Desmedt Labels participou do desenvolvimento nas etapas de testes e elaboração de protótipos. De acordo com a Avery Dennison, os novos filmes garantem frontais com 80% de conteúdo renovável e se comportam como aqueles feitos de polietileno convencional, não exigindo ajustes em equipamentos de rotulagem. Um maior cuidado com processos de corte seria requerido na etapa de conversão.

É o total de brasileiros atendidos pelo serviço de coleta seletiva. O número corresponderia a apenas 13% da população do País

1 646

Novas embalagens visam ao acondicionamento de lubrificantes e químicos

Novos filmes para rótulos levam plástico da Braskem derivado da cana-de-açúcar

MERCADO

Metalização globalizada Especializada na produção de papéis e filmes metalizados, atividade em que diz ser líder mundial, a AR Metallizing anunciou a aquisição da Málaga Produtos Metalizados, referência brasileira no mesmo setor. O valor da transação não foi divulgado. Os produtos de ambas as empresas têm como principal destino a fabricação de embalagens e rótulos – aplicados com cola, autoadesivos ou in-mold. Segun-

do comunicado, não haverá impacto no atual quadro de funcionários da firma brasileira (164 pessoas). A família Málaga continuará ativa no negócio que fundou em 1963, hoje baseado numa fábrica em Osasco (SP). A AR Metallizing originou-se em 2009 após a belga Alupa comprar a italiana Rotoflex. Desde meados de 2015, a companhia integra o grupo japonês Nissha, de atuação diversificada na seara da impressão.

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MERCADO

CELULÓSICAS

Ciência com superpotência

Player de peso chega ao Brasil

Duas potências do setor químico, influentes no campo das embalagens, confirmaram planos para integrar suas operações. As diretorias das americanas Dow e DuPont deram aval a um acordo de fusão em bases igualitárias para a formação de uma nova companhia, a DowDuPont. Caso seja aprovada por órgãos reguladores e pelos conselhos das empresas, a manobra criará o maior player mundial do segmento, à frente da alemã BASF. A expectativa é que a união seja sacramentada já em meados de 2016. A ideia das empresas, após o sinal verde à fusão, é a separação da nova entidade em três unidades distintas, com ações cotadas de forma independente na Bolsa: uma dedicada à agricultura, uma a especialidades químicas e outra à ciência dos materiais – esta englobaria o desenvolvimento e a oferta de resinas e insumos para a indústria de embalagens. A estru-

turação das novas entidades ocorreria em até dois anos. “Cada uma das empresas será capaz de alocar capital de forma mais eficaz, aplicar inovação de forma mais produtiva e estender seus produtos e soluções de valor agregado para mais clientes em todo o mundo”, declara o diretor geral da DuPont, Edward D. Breen, que será o CEO da DowDuPont. Segundo nota, a fusão se dará por meio de uma troca de ações, sem aporte de dinheiro. A nova entidade teria um volume de negócios total de 83 bilhões de dólares. A ação prevê uma capitalização de mercado de 130 bilhões de dólares, e a geração de sinergias avaliadas em 3 bilhões de dólares. “A fusão melhora significativamente o perfil de crescimento de ambas as companhias, entregando valor aos shareholders e clientes”, afirma o diretor geral da Dow, Andrew N. Liveris, nomeado diretor executivo da DowDuPont.

GENTE

Uma das principais fabricantes mundiais de embalagens à base de papel, a irlandesa Smurfit Kappa anunciou sua entrada no mercado brasileiro. A chegada ocorre por meio das aquisições da Inpa Embalagens (Indústria de Embalagens Santana) e da Paema Embalagens, por um valor total de 186 milhões de euros. “O investimento estenderá nosso alcance a um mercado estrategicamente importante e nos consolidará como principal operador na América Latina”, declarou o diretor geral da Smurfit Kappa, Tony Smurfit. Com o negócio, o grupo irlandês absorve três usinas de reciclagem de papel, com capacidade total de 210 000 toneladas anuais, e quatro fábricas de embalagens de papelão ondulado. Em setembro último, Inpa e Paema registravam, respectivamente, ativos líquidos de 30 milhões de euros e de 6 milhões de euros. Combinadas, as empresas brasileiras empregam aproximadamente 1 700 pessoas. Fundada em 1934, a Smurfit Kappa afirma ser a maior produtora de embalagens de papelão ondulado e similares na Europa, além de brandir a segunda posição no mercado mundial (atrás somente da americana International Paper). Sem contar o recente aporte no Brasil, a companhia atua em 33 países, possui 350 plantas fabris e tem algo próximo a 43 000 funcionários. Em 2014, faturou 8,1 bilhões de euros.

Rotação na Ibema Grande fabricante brasileira de papel cartão, a Ibema tem novo presidente. É Giuseppe Musella (foto). O executivo substitui Nei Senter Martins, que, após seis anos no cargo, passa a se dedicar ao Conselho de Administração da empresa. Italiano, Musella é radicado no Brasil há anos. Formado em Engenharia de Materiais, atuou em diversos postos em companhias como Procter & Gamble, Philip Morris-Kraft Foods, S.C. Johnson, Shell, SHV Gás e, nos últimos dez anos, foi diretor executivo de operações do Grupo Boticário. Caixas de frutas estão entre as especialidades da Smurfit Kappa

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EQUIPAMENTOS

Cerveja em menos de um ano A Krones desenvolveu um conceito de cervejaria pré-fabricada, de montagem rápida, que soa interessante para novos empreendimentos ou para engarrafadores já estabelecidos à procura de flexibilidade. Trata-se do One2Brew, linha completa para produção e envase de cervejas, de dimensões compactas, cuja instalação exige apenas onze meses. Projetos tradicionais levam pelo menos dezoito meses até ser entregues. A solução é indicada para empresas com capacidade produtiva de até 300 000 hectolitros de cerveja por ano, podendo processar malte, milho ou

arroz. Além de reduzir o time to market e os investimentos para construção e operação, o One2Brew se destaca pela mobilidade. “É possível desmontar sem problemas toda a cervejaria, carregá-la em um meio de transporte apropriado e voltar a montá-la em outro local”, ressalta a Krones. Saiba mais: emb.bz/197cerveja

Projeção estilizada da One2Brew: solução agiliza a instalação e permite a movimentação de linhas de produção de cervejas


Imagem

Limpeza visual Com vendas em queda, McDonald’s reformula todas as embalagens e adota layout minimalista

A maior rede de fast food do mundo vai mudar de cara, pelo menos na apresentação das embalagens. O McDonald’s, com mais de 36 mil lojas em 119 países, apresentou em janeiro deste ano seu novo padrão de embalagens que deve ser adotado em todos os pontos de venda ao redor do mundo. A cadeia de lanchonetes atende diariamente cerca de 68 milhões de clientes no planeta. O novo layout apresenta um estilo minimalista. Os sacos de papel branco dão lugar a papel kraft, e o excesso de informações das embalagens atuais – desenhos, frases e QR Codes – são substituídos por letras grandes, acompanhadas dos famosos arcos dourados

que compõem o logotipo da companhia. Sacos, copos e caixas passarão a ter a tipografia em Helvética em cores chamativas, denominadas pelo McDonald’s como roxo apaixonado, laranja otimista, azul oceânico fresco, lima revigorante e magenta mágica. O amarelo e o vermelho, assinaturas da marca, permanecem. As cores vibrantes ainda têm outro propósito: ter contraste na nova tonalidade dos sacos de papel kraft. As embalagens estampam em letras garrafais as palavras McDonald’s e os nomes dos produtos, como Big Mac e McNuggets. A decisão de trocar todas as embalagens – as atuais estão no mercado desde 2013 – foi tomada no início de 2015. Pressionado pela queda nas vendas

Novas embalagens têm cores chamativas e letras grandes. Sacos agora são de papel kraft

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no mundo todo e pelo crescimento da concorrência, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, o McDonald’s anunciou no ano passado a reorganização de suas operações internacionais, com a venda de mais de 3500 restaurantes administrados pela empresa para franquias, até 2018. Inicialmente foram feitas mudanças na estrutura da empresa, com a divisão em quatro segmentos: Estados Unidos, que representam 40% do lucro operacional mundial; “mercados internacionais” (Austrália, Canadá, França, Alemanha e Reino Unido), que representam outros 40%; “mercados com forte crescimento” (China, Itália, Polônia, Rússia, Coreia do Sul, Espanha, Suíça e Holanda), com


10% do lucro; e os outros países, que completam os 100%. O passo seguinte, implantado agora, é a mudança de imagem, com a troca do layout de todas as embalagens. Matt Biespiel, diretor sênior global de desenvolvimento de marca da empresa, deu os créditos pelo que ele chama de “design dinâmico” das novas embalagens a uma equipe multinacional.

Há cerca de um ano o McDonald’s selecionou designers das suas sete principais agências, os enviou para Londres e os colocou para fazer brainstorm por uma semana. Participaram do processo as agências TBWA (Estados Unidos), DDB (Hong Kong), Leo Burnett (Alemanha), Boxer (Reino Unido), Forpeople (Reino Unido), Landini (Austrália) e Creata (Austrália). O briefing para a reunião, segundo Biespiel, foi criar um design de embalagens que fosse “verdadeiro, ousado,

simples, e funcionasse com as atualizações de design nos restaurantes do McDonald’s e em outras áreas, como a digital”. A liderança de marketing da empresa começou a discutir como as embalagens poderiam ser mais atrativas. “Os sacos e os copos são como mini outdoors que pessoas carregam para fora dos nossos restaurantes, andando pelas ruas, pelo metrô” explica Biespiel. Após uma semana de trabalho, os designers chegaram a três ideias finalistas. Depois disso, a agência Boxer, responsável final pelas embalagens do McDonald’s, trabalhou para aperfeiçoar o design final. “É difícil dizer quem deve ficar com os créditos pelo design final, porque todo mundo deu uma mãozinha na forma da ideia”, conta Biespiel. As novas embalagens começam a aparecer nos Estados Unidos, mas estarão presentes em todas as lojas da rede

ao redor do mundo até o final do ano. O fato é que as novas embalagens são mais legíveis e destacam mais a marca que as anteriores, mas a pergunta que fica é: será que a mudança das embalagens pode reverter a queda de vendas de fast food quando cada vez mais pessoas – no mundo todo – procuram por alternativas mais saudáveis de alimentação? O tempo responderá...

Embalagens antigas, que saem de cena


reportagem de capa

Lacuna a ser (re)enchida Uso de recipientes de recarga de produtos ainda é modesto no Brasil, indicando boas oportunidades para a cadeia de embalagem Por Wilson Palhares

Este artigo propõe a discussão (pelo menos uma reflexão) sobre mais uma carência, ou oportunidade mal aproveitada, quanto ao uso de embalagens no mercado brasileiro de bens de consumo. A pergunta para isso é: “Por que no Brasil não se generalizou até hoje o uso de embalagens de recarga?”. Chamados mais comumente de refis, esses recipientes – em geral feitos de diferentes tipos de plástico, nos formatos de frascos e majoritariamente de stand-up pouches (SUPs) – são usados em ampla gama de produtos na

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Europa, no Japão e nos Estados Unidos, mas têm presença modesta no mercado local de artigos de massa. Parecem não comover as empresas locais os potenciais benefícios dos refis para elas, para os consumidores e para o planeta (veja quadro). Por outro lado, possíveis desvantagens, ou no mínimo complicações técnicas, como algumas listadas no mesmo quadro, determinariam cuidados que pesam na indecisão. Dados exatos, especificamente números e percentagens, sobre o assunto, se existirem, são difíceis de ser

encontrados. Mas não faltam notícias e evidências concretas do crescente, mas lento, uso local desse recurso que se adequa perfeitamente aos efeitos da crise econômica (com queda geral do consumo) e à manifesta preocupação das pessoas com o tema da sustentabilidade. Dentre as empresas usuárias destacam-se gigantes das áreas de cuidados pessoais e beleza, de home care e de alimentos, como Natura (pioneira desde 1983 no uso do sistema no Brasil e hoje com um portfólio de aproximadamen-


te 150 itens que utilizam embalagens refiláveis), Unilever, Avon, Davene, O Boticário, P&G, Farmax, Nestlé. . . Não é inexpressivo, porém pode-se dizer que “ainda é pouco”, em palavras de profissionais de diferentes empresas adeptas da refilagem. Justamente pelo fato de o País estar atravessando uma quadra de dinheiro curto no bolso dos consumidores e consciência ambiental ampliada, com forte apelo à sustentabilidade, a tímida adoção de refis por fabricantes de produtos é de certa forma surpreendente. “A bem da verdade, nota-se certo crescimento do uso dessa ferramenta”, constata Tiago Inforzato, gerente corporativo de P & D de Embalagens da Davene/Casa KM, importante fabricante de produtos de

higiene pessoal e home care e usuária de embalagens de recarga (SUPs para sabonete líquido; frascos de PET com tampas simples, do limpa-vidros Casa & Perfume, para suprir os dotados de gatilhos). “No entanto”, ele observa, “poderia ir muito melhor, se o conceito fosse mais bem divulgado.” O executivo considera que o uso relativamente modesto do sistema, não obstante as vantagens que oferece, poderia ser atribuído à resistência do consumidor a embalagens de recarga basicamente por falta de conhecimento e familiaridade com seu uso.

Seria sobretudo uma “questão cultural”, como coloca o consultor em design e mercado de embalagens

Lincoln Seragini, da Seragini Consulting, defensor e pregador da adoção de refis pelas empresas. Ele reconhece que fabricantes importantes de produtos de alto consumo e de valor unitário de venda relativamente baixo, como materiais de limpeza, artigos de higiene pessoal, alimentos e até maquiagem, têm utilizado essa ferramenta, mas entende que a modesta adesão a ela significa “uma enorme oportunidade perdida”. Seragini acha mesmo “incrível” a demora do Brasil em adotar mais amplamente essa poderosa ferramenta de marketing e de redução de custos, que “existe há décadas é já é corriqueira em outras partes”. A seu ver, a “lacuna cultural” quanto aos refis se deveria em boa parte à indiferença, quando não à

Limpa vidros da Casa KM economiza na substituição da tampa com gatilho por uma simples; no caso do sabonete líquido (Davene), o SUP tem dosagem 100 mililitros menos que o frasco, para evitar vazamentos no ato de encher

Para o frasco do hidrante Encanto, da Avon, o refil tem bico, para facilitar a reposição do conteúdo

Sachê simples de Mentos é, simplesmente, mais econômicos do que a embalagem rígida de linha

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“inexplicável resistência”, das empresas, mesmo as maiores usuárias, em investir em marketing direcionado à educação em larga escala dos consumidores quanto aos benefícios propiciados pela refilagem. Pesa ainda, na questão, um “entrave adicional”, de caráter técnico. Na opinião do consultor, deveria haver a preocupação da indústria também em oferecer ao público o máximo de funcionalidade no ato de transferência do conteúdo

Stand-up pouches e stand packs são opções muito frequentes de emblagens de recarga para produtos matinais

dos refis para as embalagens de linha. Como ressalta Tiago Inforzato, da Davene/Casa KM, “o manuseio do stand-up pouch para a recarga pelo consumidor não é muito fácil“. E como se resolveria tal problema? Seragini aponta o que diz ser o caminho: “Investindo em design focado na conveniência e na praticidade. Como tudo o que é produzido, é preciso sempre aperfeiçoar”. Pode-se de fato supor que, por menos que o refil custe do que a emba-

lagem de linha e por mais que seja ecologicamente correto, o consumidor não o comprará se a transferência do conteúdo não for amigável. É uma questão que o Grupo Kao, do Japão, gigante do setor de produtos de beleza, saúde e cuidados pessoais para adultos e crianças, entre outros, resolveu com total eficácia e cujos exemplos concretos Seragini sugere que sejam, se não imitados, pelo menos estudados (veja o quadro).

Os produtos de O Boticário formam verdadeiro portfólio de formatos e de materiais de embalagens refiláveis, abrangendo desde flexíveis a rígidas e semirrígidas

Os refis da linha Ekos, da Natura, reforçam o apelo de sustentabilidade, por serem feitos de PET reciclado

Na recém-lançada linha de refis para suas linhas Omo, Surf e Brilhante, a unilever aposta no fator econômico, com dosagens de 1 litro de conteúdo

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Convém ou não?

Sintonia total

Pontos positivos e dúvidas sobre o uso de refis

Do Japão, exemplos de uso eficaz de refis

No rol de considerações a respeito da adoção de embalagens de refilagem enquanto estratégia de marketing e de ganhos de custos na produção e na distribuição, os adeptos do sistema costumam acenar basicamente com suas vantagens. No entanto, antes de optar pela inclusão desse tipo de operação em seu negócio, os interessados talvez devam ponderar sobre possíveis complicações que poderão advir.

Alguns prós Economia para o fabricante dos produtos e para os consumidores São confeccionados com menos material ou material menos nobre do que os recipientes de linha. O peso de um pouch, para citar-se um caso, não chega a um terço do peso do frasco que substitui. A proporção aumenta quando a substituição é de embalagens de vidro ou de aço Permitem a reutilização da embalagem original (sempre mais caras) por muito mais vezes Têm custo e preço final de venda menor do que os originais. Um fechamento de frasco com gatilho, por exemplo, custa cinco vezes mais que uma tampa convencional Ganhos ambientais Pelas razões acima, são aliadas na redução dos volumes de lixo e, portanto, do impacto ambiental; segundo o Ministério do Meio Ambiente, a utilização de refis pode diminuir de 15% a 20% na produção de lixo Também por isso diminuem as emissões de gases e outros resíduos voláteis nocivos à atmosfera, ao solo e à água Fidelização à marca (discutível) Ganhos logísticos Poupa espaço na estocagem, no transporte, nas gôndolas e na despensa do consumidor

Alguns contras Resistência do consumidor ao uso Divulgação escassa do sistema Exceto em algumas categorias de produtos, o uso de stand-up pouches ainda não decolou no Brasil Para o usuário, possível necessidade de aumento de operações industriais e de equipamentos

Presente com

produtos nos cinco continentes e vendas anuais superiores a 2 bilhões de unidades por ano, o Grupo Kao, do Japão, utiliza amplamente embalagens de refilagem, destacando-se pela inovação e pela preocupação em oferecer o máximo em facilidade de uso pelos consumidores e em contribuir para a sustentabilidade. Partindo do fato de que cerca de 40% do descarte doméstico de resíduos é composto por recipientes plásticos, segundo informa o site da empresa, a empresa se empenha em reduzir continuamente a quantidade de resinas utilizadas em sua fabricação. Nesse sentido, desenvolve as embalagens sob três diferentes perspectivas: 1) fabricar cada vez mais produtos concentrados, acondicionando-os em recipientes menores; 2) utilizar embalagens mais finas; 3) ampliar o uso de refis. Graças à prática deste último tópico, em 2008 conseguiu reduzir em 46 000 toneladas as emissões de gás carbônico. A excelente receptividade do consumidor japonês às embalagens de recarga devem-se sem dúvida ao hábito de utilização, mas os laboratórios de P&D do Grupo Kao trabalham intensamente para obter tecnologias que facilitem ao máximo seu manuseio. Veja a descrição de alguns casos selecionados. As embalagens do amaciante (concentrado) de roupas Humming e do branqueador Wide Haiterline trazem indicação para o corte exato dos pouches, permitindo que os conteúdos sejam vertidos rapidamente, mesmo em grandes quantidades, sem vazamento algum.

Para recarga do sabonete em espuma Atack e para o limpa-cozinha Kitchen Magiclean com Desodorante, o refil agrega um canudo. Destinam-se a abastecer as embalagens de linha, de aberturas estreitas. As embalagens de refilagem do xampu e do condicionador Asience são projetadas com relevos que facilitam fazer pressão para expelir o líquido de alta viscosidade. Para o sabão em pó Wide Haiter a boca do refil pode ser introduzida na embalagem de linha, sem risco de que extravase durante a transferência do produto. Em 2008, a Kao lançou um refil inovador para a linha de xampus e desodorantes Curél, com “design universal”. É um stand-up pouch em forma de garrafa que não perde facilmente o perfil. Graças e isso a pessoa pode recarregar o frasco de linha utilizando apenas uma das mãos. É direcionada a idosos e a quem tem dificuldade em fazer o reenchimento. A quantidade de resina utilizada é a mesma de uma embalagem de reposição (SUP) habitual, isto é, com 76% do exigido pelo frasco de linha. O impacto ambiental no descarte, em termos de volume cúbico, é 95% menor. É por essas – e por muitas outras – embalagens de baixo custo, baixo impacto ambiental e centradas em facilitar a vida do consumidor que a Kao é reconhecida e premiada globalmente. Para ver as imagens, acesse http://www.kao.com/jp/en/corp/eco/ together/06.html, de onde elas foram retiradas e de onde foram adaptadas as informações. Para saber mais: emb.bz/197refil

Idem na logística

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ENTREVISTA

A ENXURRADA de edições especiais de produtos alusivas ao mais novo episódio da saga Star Wars, O Despertar da Força, parece coroar um momento mágico para o licenciamento. Em que pese a falta de números, a sensação é de que nunca houve, como ultimamente, tanta adesão da indústria a essa ferramenta de marketing – fundamentada no uso de criações de terceiros, geralmente do mundo da ficção, mediante o pagamento de royalties. No varejo brasileiro, frutos desses acordos já movimentam 17 bilhões de reais por ano. A despeito da crise, o índice deve evoluir, aposta Marici Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), entidade que congrega empresas e agências responsáveis pelas outorgas. Além de explicar as razões da perspectiva positiva, a executiva fala nesta entrevista dos cuidados que as indústrias devem ter com a apresentação dos produtos derivados de licenças. “A embalagem é um componente crítico, pois muitas vezes é o veículo do licenciamento, podendo determinar maior ou menor sucesso da ação”, observa Marici.

Licenças para brilhar Vincular produtos a personagens famosos é um recurso crescente entre as indústrias. Marici Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), aponta oportunidades e atributos que as embalagens devem ter para garantir sucesso às ações

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Pelo que se vê nas prateleiras do grande varejo e no mercado em geral, os licenciamentos têm progredido no Brasil. A Abral confirma essa percepção? Sim. A procura pelo licenciamento aumentou muito nos últimos dez anos. Todos os associados confirmam uma alta muito forte. As vendas no varejo de produtos com licenciamento saltaram de 13,2 bilhões de reais, em 2014, para 17 bilhões de reais em 2015. Para este ano, prevemos um avanço de 5%. E o crescimento vai continuar, porque temos poucas indústrias licenciadas. São mais ou menos 600 por ano. Há potencial para termos, no mínimo, umas 3 000


empresas utilizando licenciamentos. Enquanto o licenciamento movimenta 17 bilhões de reais por ano no Brasil, nos Estados Unidos ele faz girar algo em torno de 130 bilhões de dólares por ano. É uma diferença enorme, que dá ideia do espaço que temos para evoluir. Qual o impacto da crise na atividade de licenciamento? A retração econômica é preocupante e atrapalha todo mundo, é óbvio, mas também evidencia o poder do licenciamento. É um recurso capaz até de atenuar a crise. Em períodos normais, ou melhor, menos turbulentos, observamos produtos com licenciamento girando duas ou três vezes mais do que concorrentes sem licenciamento. Mesmo com a queda de vendas ocasionada pela crise, essa diferença se mantém. Muita gente da indústria nos diz: “Ainda bem que fizemos o licenciamento, senão poderíamos estar vendendo nada”. O fato é que, mesmo num

isoladamente, o licenciamento não garante êxito a uma iniciativa. ele precisa estar associado a um produto de qualidade, a uma distribuição adequada e a uma embalagem atraente

ambiente adverso, o licenciamento não deixa de ser uma grande ferramenta de marketing. Claro que, isoladamente, o licenciamento não garante êxito a uma iniciativa. Ele precisa estar associado a um produto de qualidade, a uma distribuição adequada e a uma embalagem atraente. A embalagem é um componente crítico, pois muitas vezes é o veículo do licenciamento, podendo determinar maior ou menor sucesso da ação. A senhora pode citar exemplos de embalagens originadas de licenciamentos que

obtiveram destaque recente no mercado? Não faltam projetos interessantes. É até difícil pinçar um ou outro... A Biotropic, por exemplo, é um grande case de sucesso. A empresa desenvolve embalagens muito criativas, realmente inovadoras. Os frascos e potes têm silhuetas de personagens de filmes – Minions, Barbie, os carrinhos de Hot Wheels – que produzem um efeito muito bacana no ponto de venda. A Biotropic ganhou ponta de gôndola nas drogarias por causa dessas embalagens chamativas, que arrebatam não somente crianças,

Novo Star Wars inspirou diversos lançamentos nos EuA, com embalagens especiais. Mercado americano de licenciamento é bem maior e mais maduro que o brasileiro, diz Marici

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mas também seus pais. Não são apenas amostras de um aproveitamento muito rico do licenciamento, mas também de sintonia da empresa com a noção da importância da embalagem para um bom desempenho no varejo. A senhora vê diferenças entre as embalagens originadas de licenciamentos produzidas no Brasil e aquelas produzidas em outros países? Os Estados Unidos ainda estão um ou dois degraus à nossa frente, é inegável. Talvez por uma questão de estágio do mercado. Lá, o uso do licenciamento é muito maior, atinge mais categorias, além de ser mais frequente. A competição e a exigência maiores provavelmente obrigam as indústrias americanas a ser mais cuidadosas. Não acredito que a diferença se deva aos nossos designers, porque sabemos que o Brasil tem criativos muito bons. Uma coisa que percebo são diferenças de qualidade de material das embalagens. Você vê nos Estados Unidos embalagens com papelão e cartão mais rígidos, blisters mais fortes. Talvez sejam insumos caros para os nossos empresários. Talvez falte um pouco de mão de obra, de pessoas que

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Biotropic é case de sucesso na área: com embalagens criativas, ganhou ponta de gôndola nas drogarias

acreditem que aquilo é de bom gosto, de indústrias que queiram arriscar mais. Como geralmente licenciadores e licenciados se relacionam em desenvolvimentos de embalagens? Existe uma conduta habitual dos licenciadores quanto ao que uma licenciada pode ou não pode fazer? O licenciador geralmente tem um style guide (manual de estilo), para que as indústrias saibam o que podem ou não colocar nas embalagens. Varia caso a caso, mas todo licenciador tem um conjunto de padrões que devem ser seguidos à risca pelas indústrias contratantes, senão os produtos não são aprovados. O style guide não é, ou não deve ser, um instrumento de repressão, de cerceamento. É um apoio, uma ajuda maravilhosa. Licenciadores até costumam fazer uma apresentação para toda a equipe de criação da indústria usuária. Isso é feito anualmente ou até em períodos menores, como faz a Disney, por exemplo. O legal é que as indústrias cada vez mais percebem a importância do guia. Algumas pessoas reclamam: “Pôxa, tal empresa não renovou seu style guide”. A Mattel, por exemplo, renova o dela todo ano. Isso porque o style guide

tem de seguir tendências da moda, de comportamento de compra, de inclinações do consumidor. Mas, em geral, o relacionamento entre as partes para o desenvolvimento de produtos é muito dinâmico. Existe espaço para sugestões, ousadias, inovações. Licenciadores chegam a interagir com fabricantes de embalagens, para facilitar a conformação dos projetos a diretrizes e orientações de uso? Sim, isso é comum. Vemos licenciadores promovendo workshops em fabricantes de embalagens para a exposição de questões técnicas e até para o compartilhamento de conhecimento, de exemplos de projetos feitos em outros países. Acho que apenas uma porcentagem pequena dos associados não busca esse contato. Temos acompanhado manifestações de grupos da sociedade e até mesmo de órgãos do governo em prol da proibição de produtos associados a personagens de fantasia. As objeções provavelmente também se dirigem a embalagens lúdicas ou parecidas com brinquedos. O que a senhora pensa sobre essa questão? Vejo aí um grande equívoco. Os movi-


A falsificação deve ser uma grande preocupação para o mercado de licenciamentos. O que associação e associados têm feito para estancar esse problema? Alguns dizem que essa luta é como enxugar gelo. Mas penso que devemos enxugar o gelo até ele parar de derreter. Atualmente, a Abral conta com dois escritórios de advocacia que apoiam os associados no combate à pirataria. Para este ano, planejamos programar umas vinte apreensões e unir dez grandes players do mercado de licenciamento para fortalecer o setor, denunciar empresas nacionais fabricando produtos piratas. É muito bom usar licenciamento sem pagar royalties, e às vezes os produtos sem direito até são bons, mas não dá para aceitar. Os importados também são uma dor de cabeça. O governo tenta brecá-los nos portos, mas acho que não com a intensidade

a abral está tentando viabilizar um selo para os produtos oficiais. além da autenticidade, o elemento pode até realçar que o produto tem aval do inmetro, que foi testado e é seguro para a criança

adequada. Temos organizado palestras para agentes aduaneiros, a fim de ajudá-los a identificar as falsificações. Mas a questão, em si, é complexa. O cidadão poderia se conscientizar e não comprar pirataria. Mas essa ideia comove menos a classe de baixa renda, por exemplo. A embalagem não pode ajudar a combater a pirataria? Sem dúvida. Alguns produtos têm embalagens de reprodução complexa ou com dispositivos de segurança, mas elas custam caro. A Abral está tentando viabilizar um selo para os produtos adequados, corretos em termos de royalty. A Piticas, uma empresa que vende camisetas com estampas de diversos personagens em quiosques de shoppings, coloca nas embalagens uma etiqueta que diz “produto licenciado oficial”. É muito válida essa sinalização de que o produto é original, ajuda o consumidor a ter discernimento. Além da autenticidade, esse tipo de selo pode até realçar que o produto legítimo tem aval do Inmetro, que foi testado para garantir a segurança da criança. Que oportunidades existem para o avanço dos licenciamentos no Brasil?

Como já disse, ainda são poucos os negócios que aderem aos licenciamentos no País. Você vê muitas empresas líderes de mercado, grandes, mas poucas pequenas e médias. Essa possibilidade existe. Parece incrível, mas existem indústrias que não sabem da possibilidade do licenciamento. Outras sabem do recurso, mas não têm ideia exata de como acessá-lo. Expandir esse conhecimento é nossa tarefa. Existe um potencial muito grande para licenciamentos em produtos para adultos. Hoje, 70% dos negócios de nosso setor envolvem produtos infantis. Há potencial para mais licenciamentos de marcas corporativas e esportivas – UFC, times de futebol. Nos Estados Unidos, a proporção entre produtos licenciados para crianças e adultos é a mesma. Por fim, acreditamos numa oportunidade para mais marcas brasileiras. Das 600 licenças disponibilizadas por nossos associados, 75% são estrangeiras. De nacionais temos a Turma da Mônica, do Maurício de Sousa, a Red Nose... A Galinha Pintadinha, por exemplo, é um tremendo sucesso. Com poucos anos, já está entre as cem marcas mais procuradas no mundo. O licenciamento pode crescer no Brasil em todos os sentidos. Fonte: abral | dezembro 2015

mentos começaram defendendo a imposição de restrições ao comércio de alimentos associados a personagens, a alimentos com brindes, como medida para combater a obesidade infantil. Depois, passaram a malhar outros mercados e questões relacionadas a produtos lúdicos ou com licenciamentos. Volta e meia fala-se na ideia de proibir os produtos, o que é de um extremismo inaceitável. Já debatemos a questão com o Instituto Alana, por exemplo, mas eles são xiitas... O exagero em qualquer coisa faz mal, mas cabe aos pais regular o acesso de seus filhos a quaisquer produtos e objetos. Acreditamos em equilíbrio e ponderação como aspectos fundamentais nas relações entre pais e filhos, e é essa a bandeira de um projeto digital nosso, o Eduque com carinho, apresentado em site, no Facebook e no Instagram. É muito fácil culpar a indústria, alivia a consciência. Os produtos licenciados são mesmo responsáveis por problemas sociais ou de saúde pública? Por que essa execração não existe em países maduros, com altos índices de educação e cultura? Acho que esses grupos estão aí para querer impor regras, para pegar no pé da indústria, para procurar pelo em ovo. Existe muita coisa mais importante para discutirmos e resolvermos no Brasil.

Números do licenciamento no Brasil 500 empresas licenciadas 600 licenças disponíveis, das quais 75% são estrangeiras 1 300 empregos diretos gerados pelo setor 17 bilhões de reais movimentados no varejo pelos produtos licenciados 3% a 8% são as taxas de royalties que incidem sobre produtos não duráveis, como alimentos e cosméticos

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insumos

Efeitos em dispersão Queda do custo, avanços tecnológicos e sofisticação dos mercados favorecem o uso de pigmentos especiais em recipientes plásticos Por Guilherme Kamio

Perolados, metalizados, iridescentes, fluorescentes. Efeitos dessas naturezas tinham, até pouco tempo atrás, presença acanhada nas embalagens plásticas rígidas nacionais. Os usos geralmente se limitavam às apresentações dos artigos mais nobres de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. O quadro, hoje, é bem diferente. “As adesões se multiplicaram no mercado de cuidados pessoais, paralelamente ao surgimento de aplicações por setores como os de limpeza doméstica e lubrificantes automotivos”, descreve Roberto Herrero, coordenador do Laboratório de Desenvolvimento de Cores da Cromex, empresa que afirma ser líder do mercado brasileiro de concentrados de cores e aditivos (masterbatches). São os componentes que, acrescentados às resinas nos processos de moldagem, produzem os visuais especiais em garrafas, frascos e potes. A popularização não procederia da maior familiaridade dos brand owners com o recurso. Aditivos capazes de conferir aspecto perolado ou iridescente vêm sendo oferecidos há quase três décadas a indústrias usuárias de embalagens. Não se difundiram antes, contudo, por uma razão simples: custo. “Os pigmentos que adquirimos para a produção de agentes de efeitos ópticos diferenciados sempre foram caros. Os preços caíram graças à expiração de patentes na área e à oferta crescente de contratipos mais baratos por fornecedores alternativos, especialmente asiáticos”, comenta Sérgio Bianchini, gerente de desenvolvimento de negócios de outra referência no campo dos masterbatches, a americana Ampacet, na América do Sul. “Essa movimentação vem permitindo que mais produtos exibam aparências deslumbrantes restritas, no passado, aos produtos de luxo.” Afora a queda nos valores, um fator 22 | Janeiro 2016

que favorece o desenvolvimento de recipientes com efeitos especiais é a tendência mercadológica do mass prestige, ou luxo massificado. “Com apoio inegável dos frascos perolados e mais reluzentes, categorias como a de cuidados com os cabelos, por exemplo, sofisticaram-se bastante nos últimos anos”, observa Herrero. “Diversos produtos têm se apropriado de atributos visuais típicos dos itens de luxo. Até os artigos para limpeza do lar começam a ganhar design requintado e a exibir cores e outros atributos mais associados à nobreza”, aponta o profissional da Cromex.

Certos avanços de processo também colaborariam para a situação mais propícia para as especiarias. Num projeto capitaneado por sua filial brasileira, a suíça Clariant, mais um nome importante do setor, desenvolveu uma tecnologia para dar mais resistência aos masterbatches de efeitos perolescentes e iridescentes de sua linha Remafin Pearlfect. A proteção visa atenuar um Visuais perolados e fluorescentes estão cada vez mais presentes em frascos de artigos de cuidados pessoais, produtos de limpeza e óleos automotivos


conhecido percalço de processamento, capaz de gerar uma inconveniente reação em cadeia. Ocorre que os aditivos são formulados com partículas (pérolas) que costumam sofrer cisalhamentos na etapa de extrusão. Os fragmentos resultantes vão se acumulando no cabeçote das sopradoras ou nos bicos de injeção, podendo riscar as peças produzidas. Quando o nível de dano ao insumo é alto, é preciso parar a operação para limpeza das máquinas. Mais: não raro, transformadores aumentam a carga da especiaria, para compensar perdas de eficácia do efeito. Ao fim e ao cabo, o downtime e o incremento de material acabam onerando ainda mais as embalagens.

Segundo a Clariant, a redução das

© foto: carlos cur

ado

quebras permite diminuir o emprego de pérolas nos masterbatches, com impacto positivo nos preços, garantindo ao mesmo tempo resultados mais vívidos nas peças prontas. “Os efeitos ficam mais atraentes. O brilho superficial aumenta, e a aparência torna-se mais profunda e luxuosa”, diz Antonio Rollo, da Clariant, gerente de ColorWorks para a América Latina. Os demais players da seara dos concentrados de cores e aditivos dizem ter projetado soluções de mesma finalidade, mas, assim como a multinacional suíça, mantêm em sigilo os mecanismos dos refinamentos.

O vento a favor inspira nos fornecedores de masterbatches a expectativa de novas utilizações de recipientes plásticos com efeitos especiais, inclusive em mercados avessos ao expediente. “Alimentos formam um campo de potencial imenso”, avalia Bianchini, da Ampacet. “Os fabricantes sempre preferiram embalagens com cores sólidas e, ultimamente, têm reforçado bastante a aposta na transparência. Mas a necessidade de fazer produtos sobressaírem nos pontos de venda, ante a grande concorrência, dá sentido ao uso de embalagens rígidas visualmente impactantes. São soluções capazes de atrair o olhar do consumidor e fazê-lo tocar o produto. Indústrias alimentícias provavelmente sabem que, quando isso acontece, a chance de compra do produto é de 80%.” Herrero, da Cromex, concorda que o setor de alimentos pode ser uma fronteira a ser desbravada por invólucros de plástico rígido com visuais diferenciados. Pondera, no entanto, que cumpre aos brand owners verificar se os masterbatches utilizados são aprovados para uso junto a gêneros alimentícios. “Existe uma preocupação de órgãos de vigilância sanitária quanto à existência de substâncias nocivas em pigmentos, com riscos de migrações para os alimentos”, esclarece o especialista. “Mesmo que o pigmento seja comprovadamente isento de metais pesados e outros componentes indesejáveis, ele pode não ser autorizado pela Anvisa. Um aval do FDA (órgão americano de vigilância sanitária) pode não bastar”. Francisco Veloso, gerente do negócio brasileiro de pigmentos da alemã Merck, peso-pesado no fornecimento de pérolas de efeito óptico, ressalta que os produtos da companhia “contam com certificados de segurança para uso em embalagens de alimentos e bebidas”. Quanto ao processamento, um cuidado oportuno dos end-users é conferir se a produção das embalagens comporta artifícios para a minimização das famigeradas linhas (ou marcas) de fluxo – sinais, como estrias, que se formam devido a características inerentes ao comportamento das partículas de efeito durante a moldagem das embalagens, e que podem prejudicar a apreciação das

Grânulos de masterbatch de efeito oferecido pela Clariant

peças. “É um fenômeno comum formulações perolizadas ou metalizadas”, afirma Francisco Veloso, que informa que as novas gerações de pigmentos da Merck incorporam propriedades funcionais para abrandar o inconveniente. Fabricantes de masterbatches, por seu turno, oferecem aditivos melhoradores de processo, que prometem reduzir tempos de ciclo e outras variáveis da transformação relacionadas à deflagração das marcas. Vale, também, aferir se a fabricação da embalagem atende a princípios que diminuem o risco das “cicatrizes”, como ajustes corretos dos equipamentos e dispersão cuidadosa dos agentes de efeito. Antes da largada da produção, porém, é fundamental a indústria usuária prever o impacto do diferencial óptico na embalagem. “É mais do que recomendável que o brand owner analise a aplicação do visual cogitado em modelos de embalagem similares ao que pretende adotar”, adverte Bianchini. “Convém avaliar se o resultado não pode ser mal traduzido, isto é, se o efeito não pode ser interpretado pelo consumidor como defeito. Isso não raro acontece, até porque o masterbatch acaba ressaltando imperfeições da moldagem. Se a indústria usuária da embalagem não tiver essa precaução, o tiro pode sair pela culatra.” Efeitos salpicados randômicos e pigmento termocrômico são apostas dos fabricantes de masterbatches Acesse: emb.bz/197salpicados Janeiro 2016 |

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eVento

Aos dez anos, em fase de crescimento prêmio GRANDES CASES DE EMBALAGEM completa uma década e promete novidades

DEZ ANOS se passaram desde que os editores da revista E��������M���� decidiram lançar uma premiação que reconhecesse o talento e a criatividade dos profissionais brasileiros de embalagem. A primeira edição, realizada no final de 2007, já traduzia o objetivo dos organizadores de ajudar a promover a integração da cadeia produtiva, avaliando os resultados que a adoção de determinada embalagem como um todo (e não de apenas algum de seus aspectos) traria para a indústria usuária. Essa análise holística dos projetos marcou um dos diferenciais da premiação em relação a iniciativas similares já existentes no mercado, e é o motivo pelo qual recebem trofeus, além dos brand owners, todos os fornecedores citados nas fichas de inscrição dos cases vencedores. O Prêmio G������ C���� �� E�������� também inovou ao adotar a metodologia de estudo de caso no processo de avaliação das inscrições, fugindo de outro lugar-comum em premiações: a divisão por categorias, que (na opinião dos organizadores) encara o dilema de multiplicar indefinidamente os subgrupos concorrentes (por material ou segmento de mercado) ou juntar produtos incomparáveis. Com isso, o que se avalia é a qualidade da solução de um problema ou a criatividade para 24 | Janeiro 2016

o aproveitamento de uma oportunidade de mercado, sempre tendo a embalagem como protagonista. Essa estrutura permite que se comparem, em pé de igualdade, empresas de portes diferentes e produtos de categorias distintas. Por fim, outra inovação introduzida pelo Prêmio G������ C���� �� E�������� foi a apresentação dos motivos que levaram o júri a escolher os vencedores, hoje consagrada com a produção de vídeos explicativos apresentados na cerimônia de premiação, e amplamente divulgada em uma edição especial da revista E��������M����, com apoio de outras ferramentas de mídia digital. Desde o seu lançamento, a iniciativa vem registrando uma trajetória ascendente – em número de patrocinadores, em quantidade de inscrições e em participação de profissionais na cerimônia de premiação –, sinal de que o caminho escolhido inicialmente estava correto. Mas em seu décimo aniversário o Prêmio G������ C���� �� E�������� não está maduro. Ao contrário, encontra-se em fase de crescimento. Para prosseguir nesse rumo, entendem os organizadores ser preciso continuar inovando e trabalhando para garantir a credibilidade dos resultados. E é isso que os participantes da 10ª edição da premiação, a ser realizada no dia 27 de outubro no Centro Universitário Senac, podem esperar.

Ainda dá tempo Submissão de projetos para premiação global encerra-se em fevereiro No dia 19 de fevereiro encerram-se as inscrições para o DuPont Awards for Packaging Innovation, premiação global da área de embalagens apoiada pela revista EmbalagemMarca. Projetos vindos do mundo todo procuram convencer os jurados (especialistas de embalagem de diferentes regiões do planeta) de que atingiram excelência ao menos num dos seguintes eixos: Sustentabilidade, Experiência do Usuário e Inovação Tecnológica. Para estimular empresas brasileiras a participar, a equipe da revista EmbalagemMarca oferece apoio no processo de inscrição – que é gratuito. Informações: premio@embalagemmarca.com.br - (11) 5181-6533


pme

Fluidez contra a crise Para consultor, resolução de gargalos pode ajudar pequenas e médias indústrias (PMIs) no cenário de retração econômica

Com a desaceleração da economia, é natural que empresas não apenas suspendam investimentos, mas procurem aliviar prejuízos redobrando cortes de gastos. No caso dos fabricantes de bens não duráveis, essa medida, se não for implantada com critério, pode afetar a percepção de qualidade dos produtos e trazer problemas de competitividade em longo prazo. Já outro esforço que soa prudente ante a crise e que não traria o risco de transformar-se em um tiro no pé é a busca por aumento da eficiência, com a identificação e a eliminação de gargalos fabris. A melhora do fluxo produtivo viria atraindo maior atenção das grandes empresas. “Muitas têm contratado especialistas para implantar técnicas de combate ao desperdício, como Lean e Six Sigma”, afirma Adrien Canel, da Overhaul Melhoria Contínua – consultoria especializada no aprimoramento de processos de pequenas e médias indústrias (PMIs), que geralmente não contam com departamentos de engenharia de produção e profissionais dedicados ao PCP (planejamento e controle da produção). De acordo com Canel, afinar a operação é ainda mais importante para as PMIs, uma vez que elas não possuem as reservas e as capacidades de compensação de deficiências das maiores corporações. “Os negócios menores precisam aproveitar sua flexibilidade, ou seja, a chance de detectar limitações, identificar gargalos e resolvê-los com rapidez, já que as operações são menores e menos complexas”, assinala o consultor. E onde costumam se concentrar os gargalos dessas empresas? Segundo Canel, nos processos de acondicionamento. Não seriam raras PMIs cujos par-

ques fabris abrigam equipamentos com falta de sincronismo, rodando com diferenças de velocidade que implicam usos inconvenientes de pulmões (buffers) e intervenções humanas que impedem a otimização da atividade. Seriam habituais compensações entre operações que gerariam sobrecarga em alguns equipamentos e ociosidade em outros. “Para harmonizar linhas, muitas vezes todos os equipamentos são regulados para baixo, funcionando muito abaixo de seus potenciais”, diz Canel. “Indústrias não percebem o quanto perdem com essa falta de eficiência, mas a perda é invariavelmente enorme.”

Uma causa frequente das linhas desajustadas seria a falta de um olhar mais técnico na fase de projeção da embalagem. “O marketing costuma preponderar. As indústrias pensam muito em atender à expectativa do consumidor e em desempenho no ponto de venda, mas não no comportamento da embalagem na fábrica e na distribuição”, observa o profissional da Overhaul. A visão predominantemente mercadológica acarretaria não só trabalhos aquém do potencial, mas também revisões e retrabalhos de impacto negativo óbvio na saúde das empresas. Para Canel, PMIs devem não apenas indagar-se sobre como vender mais que os concorrentes, mas como produzir melhor que eles. “É preciso avaliar se é o produto que tem de mudar ou se é a visão de marketing. O que prejudica mais o produto? Os trade-offs são inevitáveis, e uma visão externa pode garantir análises imparciais e tomadas de decisão mais criteriosas”, defende. Uma consultoria seria capaz de identificar, inclusive, problemas decor-

Adrien Canel, da Overhaul: “Empresas devem não apenas pensar em como vender mais, mas também em como produzir mais”

rentes da falta de uma visão mais lógica da operação. Canel cita o caso de um serviço prestado a um fabricante de sorvetes. O produto era acondicionado num pote envolvido com uma luva de papel cartão. A empresa realizava o envase a -15º C, fechava o pote, envolvia-o com a luva e, antes da expedição, submetia a embalagem a um túnel de congelamento. “Nesse processo”, rememora o consultor, “ocorria condensação e formação de água na superfície do recipiente plástico. O papel cartão absorvia a água e amolecia, rasgava e apresentava outros problemas de desempenho em mudanças de esteiras. Sugerimos uma mudança na ordem dos processos, com o congelamento ocorrendo antes do envolvimento com a cinta cartonada. O problema acabou.” Ivando Antunes dos Santos, da QPC Consultoria Industrial, e Fabio Caires, engenheiro de materiais da SmartTech, falam da importância do acondicionamento eficiente no cenário de crise. Acesse: emb.bz/197pme

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Autoadesivos em foco Rótulos sensíveis à pressão são os meios de decoração mais utilizados em bens de consumo embalados. Adotá-los ou mantê-los, contudo, deve ser uma decisão cercada de critério Por Sterling Anthony

Rótulos

atraem a atenção e influenciam as decisões de compra dos consumidores, ao mesmo tempo divulgando marca, tipo de produto, instruções e outras informações pertinentes. Além dessas funções tradicionais, rótulos cada vez mais integram estratégias de rastreamento e combate à falsificação. Um rótulo de qualquer gênero, como um sensível à pressão – ou autoadesivo, em sua designação mais popular – normalmente é o componente menos oneroso da embalagem. Entretanto, a eficácia de custo, assim como a adequação do uso, varia de aplicação a aplicação. Autoadesivos apresentam top coating (revestimento ou verniz) para proteger a superfície de impressão, e têm um adesivo na parte inferior. Os rótulos são aderidos a um liner (suporte) dotado de uma camada de silicone, permitindo que os adereços desgrudem do veículo temporário para a afixação às embalagens de destino. Rótulos e etiquetas autoadesivos são normalmente fornecidos em rolos, para aplicação contínua. Autoadesivos são versáteis, como atesta a diversidade de categorias de produtos usuárias: alimentos, bebidas, medicamentos, cuidados pessoais, cosméticos, limpeza doméstica, automotivos. Seja isoladamente ou em conjunto, o frontal do rótulo – isto é, o substrato que é aplicado nas embalagens – pode ser de papel, filme plástico ou película metálica, e maior versatilidade pode ser conferida com tintas e tratamentos especiais, como gravações em relevo e

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metalizações. Autoadesivos também não se limitam a retângulos ou outros formatos convencionais, uma vez que facas especiais podem ser desenvolvidas com facilidade. Os rótulos podem ser impressos por flexografia, mas se uma imagem mais nítida é desejada e se maiores tiragens justificarem o incremento, a rotogravura é uma opção. No geral, com rótulos sensíveis à pressão existe uma combinação de possibilidades capazes de render o impacto em gôndola desejado, seja com cores caleidoscópicas, com um visual limpo do tipo “no-label look” ou com qualquer coisa entre esses extremos. Autoadesivos são bastante aplicados a embalagens rígidas que contêm áreas planas convenientes à adesão. Contudo, são também compatíveis com superfícies irregulares ou com contornos, nelas podendo depositar-se harmoniosamente, sem enrugamentos ou dobras ao

longo das bordas. Rótulos autoadesivos também podem ter bom desempenho com recipientes squeezable (comprimíveis), já que podem suportar flexões repetidas sem efeitos nocivos. Afora a geometria, outro aspecto a ser considerado sobre a superfície de aplicação é a sua característica física, no que diz respeito a atributos como lisura e maciez. Vidro, metal, papel e plásticos diferem uns dos outros nesse sentido; logo, o adesivo do rótulo deve ser compatível. Outro ponto importante é o ambiente que o produto embalado vai encontrar durante a distribuição. Temperaturas de refrigeração e alta umidade, por exemplo, requerem um adesivo diferente daquele que pode ser suficiente em condições diferentes. Independentemente de quaisquer diferenciações que possam ser feitas entre autoadesivos e outras tecnologias em matéria de rotulagem, todas têm


de defender os seus méritos de sustentabilidade. A redução na fonte, em particular, desafia todos os sistemas de rotulagem, mas nenhum mais do que o autoadesivo. Isso porque rolos de autoadesivos consistem em não menos de cinco camadas: top coat, frontal, adesivo, revestimento de liberação (release coating) e liner. Mesmo em rolos “enxutos”, com aliviamento de emprego de material em todas as camadas, o liner e seu release coating costumam permanecer como resíduos a ser eliminados (por um custo atribuível), assim como acontece com as etiquetas autoadesivas de uso doméstico ou no escritório. O suporte revestido que acaba como resíduo tem impacto no custo de transporte. Na armazenagem, como o liner aumenta a largura dos rolos, a eficiência do aproveitamento de espaços é reduzida. (Indústrias de autoadesivos vêm desenvolvendo rótulos linerless, desprovidos de liner, para minimizar o passivo ambiental; esse, porém, é um assunto para outra ocasião.).

Sustentabilidade, no entanto, é uma medida dos trade-offs entre uma série de variáveis. Pode-se argumentar que rótulos autoadesivos exigem menos operações do que certas tecnologias concorrentes. Etiquetas aplicadas com cola exigem mais tempo de set-up, além de limpeza ao final de uma partida (e às vezes durante). Rótulos termoencolhíveis, após a aplicação, devem passar por um túnel de calor.

Rótulos in-mold costumam estar limitados a recipientes moldados por sopro ou por injeção e reduzem a velocidade de produção de ambos. Todos os argumentos anteriores, entretanto, são meramente acadêmicos, a menos que a preferência do consumidor seja consignada na equação. A relação entre a sustentabilidade e a preferência do consumidor é simples, no sentido de que, sem esta última, os recursos gastos na primeira terão sido desperdiçados. Mesmo se rótulos autoadesivos desfrutarem da preferência dos consumidores para um determinado produto, o proprietário da marca deve considerar melhorias de sustentabilidade como um esforço contínuo. Rótulos sensíveis à pressão são autoadesivos, mas não autoaplicáveis, um fator que introduz o tema do maquinário. O grau de automação desejado e sua integração nas operações da planta são os principais desafios. Fabricantes de máquinas são stakeholders indispensáveis para o avanço da tecnologia de rótulos autoadesivos, incumbidos de projetar equipamentos que ofereçam maior velocidade de linha, menor tempo de parada e, portanto, maior produtividade. Os desafios são crescentes, dada a demanda por etiquetas mais finas, que podem sofrer avarias sob as forças transmitidas por meio de máquinas. Operações de rotulagem devem também incorporar recursos de controle de qualidade – por exemplo, aparatos eletrônicos para detectar rótulos defeituosos, como aqueles afixados tortos e

aqueles onde faltam códigos de lote ou datas de vencimento. Assim como os brand owners se beneficiam de fabricantes de equipamentos com uma ampla gama de serviços, o mesmo vale no lado de fornecimento de material. Convertedores que operam com toda a variedade que caracteriza os rótulos autoadesivos são mais propensos a serem considerados por indústrias usuárias como parceiros valiosos. Isso implica ter fontes confiáveis para uma variedade de estruturações dos rótulos. Também implica na posse de impressoras capazes de lidar com bandas largas e que possam imprimir em grande número de cores. Implica, ainda, ter expertise em design gráfico. E nunca desanimar é um grande serviço ao cliente. É seguro prever que haverá avanços contínuos em todas as tecnologias envolvidas em etiquetas autoadesivas. Mas é igualmente seguro fazer a mesma previsão para outras tecnologias de rotulagem. A competição é a pressão definitiva, e os rótulos sensíveis à pressão vêm se provando sensíveis a ela. *Sterling Anthony é consultor especializado no uso estratégico de marketing, logística e embalagem. Seu site: www. pkgconsultant.com Conteúdo publicado originalmente em Packaging World (www.packworld.com). Todos os direitos reservados.

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Desafio fascinante Ser engenheiro de embalagem não é fácil. Faltam cursos e manuais. Mas a profissão é prazerosa quando contribui para o avanço da empresa Por Jorge Maquita

Em muitos países em desenvolvimento não há universidades que ofereçam um bacharelado em Embalagem, para não mencionar um mestrado de tal natureza. Muitos engenheiros de diferentes cursos, como Desenho Industrial, Engenharia de Alimentos, Engenharia Industrial e Engenharia Mecânica, acabam trabalhando como engenheiros de embalagem em pequenas, grandes e gigantescas empresas, com pouco ou nenhum conhecimento sobre a matéria, mas com um desejo grande de crescer nessa carreira emocionante, cheia de aventuras e promessas. Desde o primeiro dia você se depara com questões sobre as quais a universidade lhe deu pouco ou nenhum conhecimento. Você pode ser instado a resolver um problema antigo da empresa que pode ou não estar relacionado à embalagem – “Mas já que você está aqui, por favor, nos ajude a resolvê-lo”... À medida que passa o tempo, você percebe que se tornar um engenheiro de embalagem não é uma tarefa fácil, porque não existe um manual que lhe ensine como se comportar, que tipo de coisas você precisa saber e quão extenso pode ser o seu trabalho no campo e na linha de produção. Quanto mais você se aprofunda em sua função, surgem mais questões com as quais você precisa ter contato para prestar serviço, para fazer seu trabalho, assim como começam a pipocar surpresas ao longo do caminho sobre coisas que pareciam ser terra de ninguém, mas que todos passam a dizer ser sua responsabilidade. Inicio estes artigos na esperança de compartilhar minhas experiências, meu aprendizado e de alguma forma o “saber encapsulado em frases” capaz de forne28 | Janeiro 2016

cer alguns insights para quem quer se tornar um engenheiro de embalagem. A primeira coisa que eu gostaria de compartilhar é esta sentença: “Não é importante o quanto você sabe, o quão técnico e científico você seja. O que importa é o quanto você contribui concretamente para os resultados da empresa para a qual você trabalha”.

Na minha carreira, encontrei muitas pessoas inteligentes adeptas de uma linguagem que soa muito técnica e sofisticada. Elas sempre explicam um fenômeno, uma tecnologia ou um problema de forma complexa, talvez para realçar seu alto e extenso conhecimento no campo da Embalagem. Só que para o empresário, para o CEO, a retórica não importa. O importante é como o conhecimento do engenheiro contribui para o negócio estar à frente da concorrência, para incrementar o market share, para melhorar as finanças, para colaborar com os valores da empresa, para obter economias. Para o pessoal de marketing, o importante é saber se uma ideia é ou não factível, se você pode lhes entregar um projeto que funciona, que pode traduzir as necessidades e expectativas do consumidor em especificações técnicas, exequíveis e significativas. Para o vendedor, é importante saber que o projeto vai se encaixar na prateleira, que o espaço utilizável máximo é aproveitado. Para o gerente de produção, é importante saber que design, materiais e funcionalidades do acondicionamento proposto terão desempenho eficiente, dentro das taxas esperadas, atendendo aos padrões de qualidade esperados no final da linha. Talvez para você tudo seja um con-

junto fascinante de polímeros, tipos de papel cartão e fibras, válvulas dosadoras incríveis, todos com propriedades fascinantes. Mas, no final, você terá de descer do palanque, percorrer o caminho junto com os demais departamentos da empresa para lançar uma embalagem e um produto de sucesso no mercado. Mas como fazer isso? Como desenvolver projetos em sintonia com os colegas de outras áreas? Eis dois princípios que eu uso o tempo todo: 1. Crie uma linguagem comum com eles, ensinando-lhes os princípios da embalagem, e levando-os a visitar alguns fornecedores, para que eles possam compreender as complexidades que você enfrenta e ter uma compreensão mútua do que pode ou não ser feito; 2. Faça uma imersão básica no negócio. Você tem de entender a atividade, o mundo do marketing, os consumidores, os canais de distribuição e as finanças a um grau que você possa apreender suas necessidades e traduzi-las em embalagens. Portanto, você tem de falar fluentemente a linguagem mercantil e compreender o que está em jogo em termos de marketing, produção e finanças. Este é o primeiro de alguns artigos contendo reflexões sobre a profissão de engenheiro de embalagem. Espero que eles sejam úteis para quem entrou por desejo nessa carreira, e também para quem nele ingressou acidentalmente e acabou se apaixonando, como eu. Sugestões e críticas são bem-vindas. O mexicano Jorge Maquita é gerente global de embalagem da PepsiCo. Acumula mais de 35 anos de experiência no campo do packaging, tendo passagens por Unilever, Gillette e Kraft Foods. Contato: jmaquita@prodigy.net.mx


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br

Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.

Salgadinhos

Duas opções de snack Salamitos Pocket é o lançamento que marca o ingresso da Sadia no mercado de snacks e salgadinhos. O produto consiste em uma porção de petiscos de salame oferecida em duas versões: um flow pack contendo 36 gramas, favorável ao consumo em movimento (on-the-go), e um pote termoformado com 120 gramas, que apela ao compartilhamento.

O flow pack e o filme-tampa do recipiente termoformado são feitos do mesmo material: um coextrudado de polietileno e EVOH (copolímero de etileno e álcool vinílico) laminado com PET brilhante. O produto é acondicionado sob atmosfera modificada, com emprego de nitrogênio, para melhor conservação. emb.bz/197salamitos

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Display O QUE hÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

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Antes . . .

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REFRIGERANTES

EM SLEEKS

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a ambev acaba de lançar as versões de Guaraná antárctica e Pepsi também em latas sleek de 269 mililitros. a novidade segue a tendência de latas especiais do mercado de bebidas brasileiro. emb.bz/197sleek

METAIS

SORVETES

REFRESCOS

INSPIrAçãO INCA 2

MASSA NO PALITO 3

MAçã SEM ÁLCOOL 4

a indústria gaúcha Jackwal criou duas linhas econômicas de metais para banheiros. a criação das embalagens buscou inspiração na cultura inca (civilização pré-colombiana que habitava a américa do sul, na região do Peru) para os nomes dos produtos e para suas embalagens, tanto na exploração de cores como nas ilustrações. Para a linha inti, que significa “sol” em quéchua (língua do antigo povo inca), os desenhos são geométricos. Para a linha tikai, ou “florescer”, os motivos são florais. emb.bz/197jackwal

a skioba sorvetes, de arapongas (Pr), apresenta os picolés de massa da linha Gourmet nos sabores Bolo de Chocolate, Frutas Vermelhas e trufa. o visual clean das embalagens diferencia a linha das demais oferecidas pela empresa. Foram utilizadas cores que remetem aos sabores e dourado em todos os invólucros, para requintar o visual. emb.bz/197skioba

Chega ao mercado a nova Cereser maçã Verde Sem Álcool, lançamento que integra a linha de sidras saborizadas e sem álcool da marca. Com o mesmo sabor da versão alcoólica, a bebida chega às gôndolas em garrafas incolores de 660 mililitros, decoradas com rótulos autoadesivos. emb.bz/197cereser

AChOCOLATADOS

NOVA FÓrMuLA, NOVA EMBALAGEM a indústria de alimentos stevita acaba de lançar uma nova geração do seu achocolatado. enriquecido com dez vitaminas e minerais, o produto tem colágeno, 54% menos de sódio e 66% menos de calorias do que a formulação anterior. a novidade também não contém lactose, glúten, nem açúcar, pois é adoçada com stevia, planta que a empresa cultiva em maringá, (Pr). emb.bz/197stevita

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. . . e depois

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Cachaças

Para o mercado de luxo Envelhecida doze anos em toneis de carvalho europeu, chega ao mercado a Cachaça Extra Premium Vale Verde 12 Anos. A bebida é acondicionada em garrafa de vidro de 700 mililitros, fechada com rolha de cortiça com acabamento de madeira no topo. A decoração é feita em serigrafia na frente e no verso. emb.bz/197valeverde

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A cachaça Carvalheira apresenta novas embalagens. A bebida passa a ser acondicionada em garrafas de luxo de 750 mililitros e de 350 mililitros, fechadas com rolhas de cortiça e decoradas com rótulos autoadesivos. emb.bz/197carvalheira

Latas para o Carnaval

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A cachaça Pitú colocou em circulação no comércio de toda a região Nordeste seis milhões de latas de 350 mililitros com layout especial de Carnaval. A embalagem tem o design inspirado na alegria dos músicos que compõem as tradicionais orquestras de frevo, com notas musicais, partituras e instrumentos de metal. emb.bz/197pitu

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APOIO

Almanaque No início, o pó

Aspirina surgiu como pó, distribuída em frascos de vidro

A primeira personificação da Aspirina, criada pela Bayer em 1897, foi um pó. O analgésico chegava às farmácias em frascos de vidro de 250 gramas para ser vendido por dose, em embalagens de papel contendo 1 grama. A novidade fez sucesso, mas tinha o inconveniente da difícil administração, por ser pouco solúvel em água. O problema foi resolvido em 1900, quando a Bayer criou os comprimidos de 500 miligramas. A Aspirina foi um dos primeiros medicamentos do mundo a ser padronizados. A formulação em comprimido tinha três grandes vantagens: assegurar que cada pílula tivesse uma dosagem exata do ingrediente ativo; acabar com a falsificação do produto; e reduzir os custos de produção.

OLHOS NOS OLHOS Por que personagens das caixas de cereais estão quase sempre olhando para baixo? A razão é simples: a direção do olhar é calculada para criar contato visual com os alvos dos produtos. Desse modo, tanto nos cereais para

crianças, que costumam ficar na prateleira do meio dos supermercados, quanto nos cereais para adultos, que ficam na parte mais alta, mascotes encaram suas “presas” no ângulo adequado.

Qual pode ser? Ao criar seu refrigerante de cola, no início da década de 1890, o farmacêutico americano Caleb Bradham batizou-o simplesmente de Brad’s Drink – ou “Bebida do Brad”. Em 1898, o produto foi renomeado como Pepsi-Cola, nome cuja origem comporta diversas teorias: • Combinaria referências a dois ingredientes da bebida: à enzima pepsina e à noz-de-cola; • outros dizem que “Pepsi” adviria de “dispepsia”, ou indigestão – um mal que a bebida combateria; • Bradham teria comprado o nome “Pep Kola” de um concorrente e o alterado levemente; • “Pepsi-Cola” seria um

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anagrama para “Episcopal”, inspirado por uma igreja situada em frente à farmácia de Bradham; e • o inventor teria chegado ao nome por acaso, e os clientes o aprovaram. Será?

VOCÊ SABIA?

Caleb Bradham lançou o nome Pepsi-Cola em 1898, mas não anotou o motivo. Acima, uma das primeiras embalagens da bebida

da famosa marca O nome Suvinil, as tas, deriva de du brasileira de tin o, dono 69, Olócio Buen palavras. Em 19 Super, tas automotivas da fábrica de tin árias à de tintas imobili criou uma linha góvinil. Nome do ne base de PVA – ou dos l foram combina cio e do materia acrônimo. numa espécie de


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