EmbalagemMarca 200

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Ano XVII • Nº 200 • Abril 2016 • R$ 15,00

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O que dificulta o maior uso das membranas de alumínio para a vedação de recipientes

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FECHAMENTOS

Ganho com diversidade Novos conceitos e formatos de embalagem podem viabilizar e ampliar ainda mais o consumo de leites no Brasil



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

A pior crise é sempre a atual Com esta

edição, chegamos ao número 200 de EmbalagemMarca. Como acontece em relação a eventos que atingem números “redondos”, isso nos estimula a festejar. Mas, independentemente do simbolismo ou de eventuais significados místicos que alguém possa ver naquele 200, nossa comemoração se dá antes de tudo por estarmos firmes, ainda que em plena tempestade que atinge o País. De qualquer forma, atravessamos incólumes o oceano de dificuldades que é a economia brasileira, no qual tantos empreendimentos naufragam ainda jovens (e muitas vezes quando bem maduros). Esta edição bicentenária traz-nos também à lembrança o fato de estar vindo à luz pouco antes do mês que antecede o 17º aniversário da revista, em junho próximo. E, indo um pouco mais longe, este ano a Bloco de Comunicação, editora de EmbalagemMarca, chega à véspera de seus trinta anos de fundação. Não nos faltaram tormentas nesse tempo relativamente longo. No que se poderia chamar de “educação pela pedra”, enfrentamos várias crises que, a cada vez, foram generalizadamente qualificadas como “a pior já vista no Brasil”. Para não citar todas, lembramos as mais marcantes em nosso calendário: a de 1987 (“da Dívida”), ano em que a empresa foi fundada; a de 1999 (da “Desvalorização do Real”) e a atual (que tem todos os nomes possíveis e imagináveis). Tive-

mos a ousadia (ou seria melhor dizer temeridade) de enfrentá-las, e nessa trajetória aprendemos na prática que todas as crises são superadas, e quem as atravessa sai delas mais forte. Claro que estamos sujeitos às ameaças contidas neste momento tão complicado que o Brasil atravessa. Como possivelmente se dá com a maioria das pessoas e das empresas, padecemos das restrições ditadas pela cautela orçamentária de potenciais anunciantes. Ao mesmo tempo, somos submetidos a renitentes tentativas de empresas que tentam obter espaço editorial “grátis” para divulgação de seus produtos e suas marcas. Tal assédio egoísta, aético e sem critérios por parte de quem se diz “parceiro” também nos ensinou a sermos um pouco mais seletivos ante a verdadeira enxurrada de comunicados de imprensa (em grande parte muito mal escritos) que nos engolfa crescentemente. Não quer dizer que adotaremos a política do toma lá dá cá que permeia o ethos brasileiro. Continuaremos trabalhando para oferecer à cadeia de valor de embalagem informação e conhecimento de primeira qualidade – sempre lembrando que a atual crise, como todas as anteriores, será superada. Certamente chegaremos lá, em companhia de bons parceiros. Até maio.

Wilson Palhares

“Somos submetidos a renitentes tentativas de empresas que tentam obter espaço editorial ‘grátis’ para divulgação de seus produtos e suas marcas. Tal assédio por parte de quem se diz parceiro nos ensinou a sermos um pouco mais seletivos ante a enxurrada de press releases que nos engolfa”




Edição 200 • Abril 2016

Sumário

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Reportagem de capa

foto de capa: carlos gustavo curado

Garrafa de PET sinaliza às grandes marcas de leite UHT uma oportunidade de inovação sem riscos de refluxo; vidro e plástico ficam em compasso de espera na área de leite pasteurizado Por Guilherme Kamio

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3 Editorial A pior crise da economia e dos negócios é sempre a atual – e como todas as anteriores é sempre superada 8 Painel Uma “embalagem” que agrupa garrafas de água sem adesão • Água mineral japonesa adota tampa plástica feita de I’m Green, polietileno da Braskem feito à base de etanol da cana-de-açúcar • Embalagem do McDonald’s na Suécia se transforma em óculos de realidade virtual • Ibema apresenta sete novas opções de papel cartão • Logoplaste reestrutura divisão de pesquisa e desenvolvimento 12 Fechamentos Alto custo de equipamentos para aplicação dificulta disseminação de selos de alumínio na vedação de latas 14 Entrevista Diretor comercial da Queensberry, Cristiano Moraes, fala da evolução das embalagens da marca, que completa 30 anos no mercado 20 Integração Nova campanha do Prêmio Grandes Cases de Embalagem enfatiza valor do conhecimento compartilhado 30 Equipamentos HP apresenta impressora digital que afirma ter a maior produtividade do mercado Por Flávio Palhares, de Israel

32 Artigo A importância de definir critérios na condução

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e avaliação de ensaios e teste de embalagem

Por Jorge Maquita, gerente global de embalagens da Pepsico

34 Display Tapioca em embalagens a vácuo • Cervejaria Dádiva comemora dois anos com lançamento de cerveja tipo ale em garrafas com rolha, tipo vinho frisante • Superbom estreia na área de snacks recheados 37 Almanaque Cachaça da guerra paulista gorou • Reminiscências em rações para cães e gatos • Vergonha presente em rótulos de aguardente

Empresas que anunciam nesta edição Avery Dennison.........................37 Baumgarten..........................4 e 5 CBA....................................2ª capa Designful.................................... 35

Grandes Cases.................18 e 19 Indexlabel.....................................9 Innovia Films................................ 7 Optima........................................15

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br

Publicação mensal da Bloco Comunicação Ltda. Rua Carneiro da Cunha, 1192 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

marketing

Multipacks por adesão Apresentada na Europa, nova “embalagem” agrupa garrafas de água sem envolvê-las. União é feita apenas por meio de poucas gotas de cola À primeira vista é difícil notar a novidade adotada pela Danone Waters, na Europa, para a venda conjugada de quatro garrafas de PET da água mineral Evian. A solução, chamada Nature MultiPack, consiste na união dos recipientes por meio de gotas de um adesivo especial – resistente às movimentações durante a distribuição, mas que permitiria ao consumidor destacar facilmente cada unidade

do conjunto. Uma tira de filme plástico serve de alça, oferecendo conveniência para o transporte do pack. O novo método de agrupamento foi idealizado pela NMP Systems, companhia alemã dedicada à criação de embalagens inovadoras a partir de tecnologias de sua controladora, a KHS. Em comunicado sobre a novidade, as fornecedoras afirmam que o Nature MultiPa-

ck “consome muito menos material” que os sistemas multipack mais populares, como os fardos de filme termoencolhível (shrinks), as caixas de papel cartão e os anéis de união feitos de plástico rígido. Seria possível trabalhar com cada garrafa do conjunto orientada de maneira específica, de modo a permitir composições visualmente mais atraentes no ponto de venda ou para viabilizar a divulgação de mensagens promocionais. Inicialmente, a Nature MultiPack está sendo utilizada para agrupar garrafas de 1,25 litro da água Evian Prestige, comercializada na França e na Bélgica. O preparo da introdução da novidade consumiu 24 meses. “Quando soubemos da ideia, comprometemo-nos imediatamente com os parceiros. Agora, usufruiremos a vantagem do pioneirismo no mercado”, afirma Frederic Maetz, vice-presidente global de engenharia da Danone Waters. Matthias Niemeyer, presidente do conselho de administração da KHS, não poupa louvores à solução. “A Nature MultiPack mudará o futuro da embalagem”, diz. “Com essa inovação, reinventamos as multipacks. Após apresentar ao mundo os shrinks, quase cinquenta anos atrás, lançamos agora um conceito que promete ser um hit de mercado.” Assista a um vídeo sobre a Nature MultiPack (em inglês): emb.bz/200nature

Danone é a primeira a adotar a Nature MultiPack. Tira de filme plástico facilita o transporte do pack

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

MARKETING

PAPEL CARTÃO

Felicidade virtual

Sete acréscimos

Numa nova ação de marketing, realizada na Suécia, o McDonald’s permite que uma de suas embalagens icônicas, a caixa do McLanche Feliz (Happy Meal), seja transformada em óculos de realidade virtual. Basta o consumidor abrir a “lancheira” de papel cartão e proceder com algumas dobras e picotes, além do encaixe de lentes fornecidas com o produto, para montar o dispositivo.

Para utilizar o recurso, o usuário deve acessar algum jogo ou vídeo de realidade virtual por meio de um smartphone e depositar o telefone no interior dos óculos – o aparelho fica encaixado numa moldura (frame). Para acompanhar a oferta da embalagem especial, o McDonald’s lançou na internet um game de esqui com realidade virtual. Saiba mais: emb.bz/200mclanche

A Ibema agrega ao seu portfólio sete novas opções em papéis cartão. São elas: Envolthor, Extrakot, Art Blister Tech, Art Premium Tech, Art Premium PCR, Royal Quartz e Royal Tech. “São produtos para diferentes nichos de mercado, como acoplamentos em micro-ondulados, embalagens para alimentos, para farmacêuticos, para artigos de higiene pessoal, para cigarros e usos editoriais, entre outros”, comenta Joel Americano Mendes Rodrigues, gerente de processos e desenvolvimento de produtos da companhia. Um destaque da leva de lançamentos é o Art Premium PCR. “É um papel cartão triplex que utiliza na sua composição aparas pós-consumo, sem perder em nada para outros triplex nacionais e internacionais”, afirma o gerente comercial Lucas Avelino. Os produtos são fabricados pela unidade de Embu das Artes (SP), incorporada em janeiro deste ano em decorrência de uma associação entre a Ibema e a Suzano.

INOVAÇÂO Caixa do McLanche Feliz sueco pode ser transformado em óculos para conteúdo especial de smartphones

BIOPLÁSTICOS

Viável para alimentos processados Utilizado já há alguns anos em envoltórios de alimentos frescos, o Ingeo, bioplástico da NatureWorks, passa a poder ser utilizado em embalagens flexíveis de alimentos processados shelf stable (distribuídos em temperatura ambiente). A novidade decorre do uso de uma tecnologia de revestimento à base de água (Oxaqua), desenvolvida pela italiana Metalvuoto. O coating proporcionaria a filmes feitos de Ingeo alta barreira e propensão à selagem. A ideia das empresas é que o material revestido, batizado de Ingeo Propylester, substitua as camadas de proteção e de selagem empregadas nos laminados tradicionais de alimentos processados. Isso permitiria o trabalho com estruturas mais simples (duas camadas em vez de três) e de menor impacto ambiental. A camada

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externa poderia ser feita de papel, originando embalagens de base totalmente biológica – o Ingeo é uma resina do tipo PLA (ácido polilático), produzida a partir de açúcar do milho e de outros vegetais. Segundo a Metalvuoto, o Ingeo Propylester seria mais eficiente do que os filmes de BOPP metalizados, largamente utilizados como agente de barreira nas flexíveis de alimentos processados. O novo material seria compatível com linhas de acondicionamento form-fill-seal horizontais e verticais. Testes em máquinas formadoras de pouches verificaram a viabilidade da produção de trinta a quarenta unidades por minuto de bolsas plásticas, de variados formatos e diferentes tipos de papel adotados na parte externa.

Laboratório remanejado Nome de peso no fornecimento de embalagens plásticas rígidas, a Logoplaste iniciou no final de 2015 uma reestruturação de sua divisão de pesquisa e desenvolvimento, a Logoplaste Innovation Lab. O objetivo é concentrar as atividades nos Estados Unidos e na Europa, decisão que, de acordo com a empresa, visa aproveitar um esperado crescimento da demanda naqueles mercados. Em função disso, a equipe que atuava no Brasil foi remanejada. Alguns integrantes foram transferidos para Portugal e Estados Unidos no início deste ano. Os restantes seriam alocados em Portugal, matriz da empresa, até o final de março. A Logoplaste Innovation Lab continuará atendendo a Logoplaste do Brasil e os demais clientes brasileiros a partir da base portuguesa.


RÓTULOS

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CCL vai às compras O grupo canadense CCL, de forte atuação nos mercados de rótulos e embalagens, anunciou a aquisição da Powerpress Rótulos e Etiquetas Adesivas. A transação é estimada em 10,25 Rótulo em produção na Powerpress, adquirida por US$ 10 milhões

milhões de dólares. Sediada em São Paulo, a Powerpress se destaca pela produção de rótulos dos tipos bula e multipáginas para indústrias dos setores farmacêutico e agroquímico. “Nossa operação no Brasil, iniciada há dez anos (com a compra da antiga Prodesmaq), é uma de nossas unidades de negócios de melhor desempenho. Apesar da mudança do clima econômico do País, acreditamos que é uma boa hora para fazer investimentos estratégicos para ampliar nossa presença no mercado”, afirma George T. Martin, presidente e diretor geral da CCL. A CCL também divulgou ter chegado a um acordo para adquirir a americana Checkpoint Systems, num negócio de aproximadamente 556 milhões de dólares. Importante fornecedora de soluções em etiquetas e tecnologias de segurança para a distribuição de produtos, a Checkpoint possui operações em 29 países, incluindo o Brasil. A expectativa é de que a aquisição seja concluída ainda em meados deste ano.

BIOPLÁSTICOS

Uso inédito no Japão A Suntory, fabricante japonesa de bebidas, acaba de anunciar a adoção do I’m green, polietileno fabricado pela Braskem a partir do etanol da cana-de-açúcar, nas tampas das garrafas de sua água mineral Suntory Aso Tennensui. O plástico “verde” responderá por 30% do material utilizado para a fabricação de cada tampinha. O restante será de polietileno convencional, derivado do petróleo. De acordo com a Braskem, a empresa japonesa é a primeira no mundo a adotar o I’m green em fechamentos para garrafas de PET. Inicialmente, a tampa especial será aplicada na

garrafa de 550 mililitros da água mineral, cuja produção anual é estimada em 26 milhões de unidades. A resina de origem renovável já fora adotada no mercado japonês para a produção de outras embalagens, entre elas frascos de cosméticos da Shiseido. A distribuição de I’m green naquele país é feita pela Toyota Tsusho Corporation.

Água da Suntory é o primeiro produto no mundo a ter tampa de I’m green em garrafa de PET

1,2%

Foi o crescimento das vendas de latas de alumínio para bebidas no Brasil em 2015. O total das vendas alcançou 24,1 bilhões de unidades. Para este ano, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) projeta um incremento de até 1%, mesmo diante do quadro recessivo da economia.

70 milhões de reais

É o valor estimado de um novo aporte que a BRF fará em seu complexo produtivo e de distribuição localizado em Vitória de Santo Antão (PE). A fabricante de alimentos diz que a expansão das instalações visa atender à crescente demanda de consumo no Nordeste.

8,7%

Foi a retração da produção da indústria brasileira de transformados plásticos em 2015. A produção total foi de 6,1 milhões de toneladas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a queda é a maior desde 2009, quando, influenciada pela crise mundial, deflagrada no ano anterior, a produção do setor recuou 13,3%.

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FECHAMENTOS

Por que os discos não giram mais Alto custo de equipamentos para aplicação dificulta o uso de selagem de latas e outras embalagens com alumínio

A crescente busca, por parte dos consumidores, de embalagens que ofereçam conveniência de uso, incluída a fácil abertura de recipientes, parece descortinar boas oportunidades de negócios a fornecedores, entre outros aqueles que atuam na área de discos de vedação feitos de alumínio. Fernando Gomes, diretor da Delgo Metalúrgica, de Cotia (SP), que produz e supre sistemas de envase e aplicação para variados tipos de embalagens, além de oferecer aqueles complementos e lacres metálicos, pré-cortados ou em bobinas, descreve: “As indústrias de alimentos estão cada vez mais reduzindo porções, individualizando-as, para atender o mercado de consumidores single e famílias compostas de poucos integrantes”. É uma informação fácil de constatar até mesmo numa simples visita a pontos de venda, onde proliferam embalagens plásticas rígidas (copos, potes, garrafas, tubos) acondicionando alimentos sólidos (como batatas “reconstituídas”), líquidos, pastosos e em pó cujo fechamento se limita, muitas vezes, a um disco de alumínio aplicado por indução (termoaderência, ou processo “quente”) ou com uso de adesivo (“frio”). Mas a utilização não se esgota nesse uso singular e tampouco na área alimentícia. Os discos funcionam muitas vezes complementarmente, como elementos de vedação em recipientes que usam tampas de rosca ou sobretampas aplicáveis por simples pressão,

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Selos com diâmetros de 10 e de 16 centímetros, como os de Nescau e os das coleiras antipragas para cães da Ourofino são exceções frente aos de menores dimensões, aplicados em incontáveis produtos

por exemplo. E indústrias de alimentos, cosméticos, químicos e farmacêuticos são também usuárias importantes do sistema, motivadas pela oferta de outro benefício que os consumidores esperam e exigem cada vez mais ao adquirir produtos – segurança. “O selo”, diz o executivo da Delgo, “é uma garantia ao consumidor de que o produto está chegando a suas mãos da mesma forma que saiu da fábrica.”

De fato, o alumínio de que são feitos os discos oferece a inigualável propriedade, em termos de selagem, de barreira total, o que minimiza a absorção de umidade pelos produtos acondicionados, reduzindo o risco de deterioração decorrente do aumento de atividade da água. É essa propriedade que explica o uso daquele tipo

de barreira sobretudo em produtos em pó, higroscópicos, como café solúvel e achocolatados. Mas esse é um tipo de atributo que independe da ação dos fornecedores dos discos à indústria usuária mas sim aos fabricantes das folhas da quais eles são feitos. A disseminação mais ampla de uso, segundo Luiz Ranchin, consultor comercial no segmento de embalagens da Votorantim Metais – CBA, importante fornecedora de folhas de alumínio, é no entanto prejudicada pela busca premente dos usuários por baixas nos custos. “Muitos procuram isso eliminando o disco de alumínio, porém têm de compensar a eliminação da barreira com o uso de conservantes, isto é, oferecendo ao consumidor um produtos menos natural”, ele obvserva. No que compete ainda à indústria usuária, ela em geral se esmera antes


no aspecto da conveniência de uso, vale dizer, na abertura das embalagens simplesmente com a remoção completa do selo, sem necessidade de uso de instrumentos cortantes e sem que sobrem rebarbas. “Tudo que vier substituir o abridor de lata por operações que facilitem o acesso ao conteúdo da embalagem é sempre muito bem recebido pelos consumidores”, diz o diretor da Delgo, empresa de pequeno porte mas que se caracteriza por buscar soluções a seus clientes. Conta, em seu portfólio, com mais de 300 formatos diferentes de selos, todos de dimensões reduzidas, predominantes no mercado brasileiro. Citando um exemplo em que o protagonista é sua empresa, ele conta que a Delgo desenvolveu um sistema – ou, mais exatamente, um equipamento – para aplicação de selo abertura tipo spin off (com aba para remoção), em

parceria com a Metalgráfica Renda, do Nordeste, destinado a uma indústria de castanhas de caju. A limitação de diâmetros dos selos, ao que explica Luiz Fachin, pode ser atribuída ao elevado preço das máquinas para aplicação, fornecidas unicamente pela fabricante suíça Canpac. No Brasil, uma das poucas empresas que dispõem dessas máquinas – três ou quatro delas – é a Nestlé, em sua fábrica de Araras (SP), onde são envasados produtos em latas com diâmetro de 10 centímetros, como Nescau, entre outros. Os selos são fornecidos pela Sonoco, que montou sua fábrica naquela cidade, ao lado de outros motivos logísticos, pela proximidade com o cliente que faz largo uso do insumo. Também fornecidos pela Sonoco são os discos de 16 centímetros de diâmetro aplicados nas latas de aço da Metalgrá-

fica Princípia utilizados pela Ourofino Saúde Animal, de Cravinhos (SP), para acondicionar coleiras antipragas para cães e que, segundo a empresa, tem bom desempenho de vendas desde seu lançamento, há mais de um ano. Mas essa é uma solução inviável para o acondicionamento de alimentos. “O custo seria muito alto”, concordam Fernando Gomes, da Delgo, e Luiz Ranchin, da Votorantim Metais-CBA. O recurso a máquinas asiáticas de aplicação de selos, na opinião de ambos, pode ser descartado, embora se estime que seu preço seja 20% a 25% inferior ao do equipamento europeu. Em tempo: Procuradas, as empresas fornecedoras de selos de alumínio Bemis, Geraldiscos, Okra Embalagens e Selmpack não se pronunciaram até o fechamento desta edição.


entrevista

A Kiviks Marknad,

mais conhecida pela sua marca de geleias premium Queensberry, completa trinta anos de atividades em 2016. Fundada em 1986 em Alphaville (SP), a empresa hoje é líder no mercado de geleias de frutas no Brasil e produz cerca de cinquenta sabores de geleias, smoothies e coberturas para sobremesas em sua planta, inaugurada em 2012 na cidade de Itatiba (SP). O diretor comercial Cristiano Moraes conta como foi a trajetória da empresa nessas três décadas e fala sobre a importância da embalagem na história da Kiviks Marknad.

Qualidade elevada Líder em geleias de frutas, Queensberry completa trinta anos. Cristiano Moraes, diretor comercial da Kiviks Marknad, dona da marca, fala da importância da embalagem na evolução da empresa

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A Queensberry completa trinta anos em 2016. O senhor pode contar como foi a evolução da empresa nesse período? Fazendo um histórico da marca nesses trinta anos de mercado, cabe registrar que a Queensberry foi concebida num contexto em que o mercado nacional era fechado a qualquer tipo de produto importado de fora. A abertura veio em 1990, com o Collor. Naquela época não havia fácil acesso a produtos importados. A ideia da marca foi criar justamente um produto, na categoria de geleias de frutas, que viesse trazer o conceito de um produto europeu para a mesa do brasileiro, com um preço competitivo no Brasil e poder levar ao mercado externo um produto à altura do que havia lá fora. Eu conto esse início porque isso acabou direcionando toda a história da companhia. A empresa nasceu com a proposta de ter um produto diferenciado: ter uma geleia com padrão internacional, numa época em que não havia importação. Ela começou como um case muito bem sucedido. Na época, geleia era um produto de baixíssima penetração no mercado, quase insignificante. A marca começou a ser vendida em lojas especiais. Apesar de o Collor ter aberto o mercado, ele quebrou muita empresa. O Plano Collor foi muito difícil para as empresas, e com a Kiviks Marknad, com a marca Queensberry, não foi diferente. Em 1991 a empresa mudou de gestão, e foi quando os atuais controladores assumiram. Inicialmente o quadro societário era tocado pelos senhores Eduardo Moraes e Moisés Aguiar, e isso foi até 1997, com a saída do Moisés e a profissionalização da empresa,


com a minha entrada e a de outro sócio, que está com a gente até hoje, o senhor Gerto de Rooji. Nessa alteração, em 1997, nós fizemos a mudança de planta, para uma planta maior em Alphaville, onde a fábrica antiga já era localizada. Essa planta funcionou até 2012, quando mudamos para uma nova fábrica em Itatiba. De 2000 em diante foi feito um plano forte de nacionalização da marca, onde houve um ganho de mercado e a marca se tornou disponível no Brasil inteiro. Hoje ela é líder na categoria de geleias de frutas. Nós focamos no mercado interno, acabamos dando menos ênfase ao mercado externo, porque o Brasil é um país de oportunidades, que acabam sendo muito pouco aproveitadas. A Kiviks Marknad utiliza desde o lançamento praticamente a mesma embalagem, que já se tornou um componente inconfundível da marca Queensberry. Qual a importância da embalagem como fator que contribuiu para o sucesso da marca? Em relação à embalagem, realmente o conceito do produto foi criado com um padrão internacional, e a embalagem faz parte desse conceito de produto. Algo que a gente repete constantemente é que alguns produtos vão à mesa do consumidor na própria embalagem, outros não. Se você compra uma manteiga, por exemplo, você tem uma manteigueira em casa, e a apresentação da embalagem não é tão importante. Um leite, você põe numa leiteira ou numa garrafa térmica. No caso de uma geleia, assim como de um azeite e de outros produtos que vão diretamente à mesa do consumidor, ter uma embalagem bonita faz a diferença na hora da escolha. A Queensberry já nasceu com o conceito de ter uma embalagem diferenciada da concorrência. O mercado era padronizado, não tinha produtos importados, e o nível de qualidade no Brasil, em termos de embalagens, era muito baixo. A seu ver, a apresentação das geleias Queensberry em embalagem diferenciada, sobretudo no ano em que chegou ao mercado, influiu de alguma forma em mudanças nas embalagens por parte de concorrentes?

Embalagens da Queensberry praticamente não mudaram em trinta anos e já foram copiadas


Bastante. A categoria foi se desenvolvendo, foi se aprimorando. O case de sucesso na categoria sempre foi Queensberry. Então, se você tem um case de sucesso ele serve de inspiração aos concorrentes. Uns se inspiram para fazer algo diferente. Alguns se inspiram mais do que devem e copiam. Esse case de sucesso, de ter um produto de qualidade em uma embalagem diferenciada, sem dúvida nenhuma inspirou aqueles que queriam ter um produto diferenciado no ponto de venda. Recentemente, a Queensberry venceu na Justiça uma empresa concorrente por cópia de suas embalagens. O senhor pode explicar o que houve? Nós tivemos um processo com uma empresa do Sul do Brasil, a Ritter, por plágio de embalagem. A nossa embalagem é patenteada, registrada no INPI com seu formato tridimensional como propriedade. Nesse caso específico houve uma cópia muito fiel à nossa embalagem, e achamos por bem mover uma ação contra o concorrente, que precisou tirar o produto do mercado, e relançou agora com outra embalagem. Quem são os fornecedores de embalagens da Queensberry? Nós não temos um fornecedor único. Trabalhamos por categoria. Essa embalagem, especificamente, é da Verallia. Certos produtos da empresa, como as geleias Wellness e os Smoothies, têm embalagens completamente envolvidas

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por rótulos termoencolhíveis. A impossibilidade de se ver o conteúdo não afeta a percepção de naturalidade, que supomos ser apelo importante para os produtos? Nós nos posicionamos na categoria de geleias de frutas com um produto premium. Essa linha de smoothies e geleias 100% frutas também tem a nossa marca, mas é um posicionamento na categoria de geleias em produtos de saudabilidade. A intenção nossa é fazer um produto com foco em saudabilidade. Então ele pede uma embalagem que converse com esse consumidor saudável. Nós escolhemos um pote com formato de silhueta, que remete à saúde, a um corpo bem cuidado. Foi uma embalagem adaptada ao público-alvo. É um produto voltado para esse consumidor saudável, para o dia-a-dia dele. Não é um consumidor

focado num produto gourmet. A gente optou por uma nova embalagem, com um novo conceito. Esse é um mercado novo para a gente. No caso do smoothie, metade do rótulo é transparente, e metade é impresso. Ele dá uma boa visão do produto. A geleia 100% tem a embalagem totalmente envolvida pelo rótulo, e realmente não dá para ver o produto. Nós fizemos duas apostas nessa embalagem: uma foi na credibilidade da marca, ou seja, se é Queensberry, tem um produto de qualidade dentro da embalagem. A gente ancorou muito o produto na história e na qualidade da marca. Outro ponto é a questão visual. Como é um produto sem açúcar, ele é sensível à alteração de cor em contato direto com a luz, por oxidação. Não que esse rótulo tenha uma barreira específica contra a luz, mas ele

Rótulos dos smoothies têm áreas transparentes para que conteúdo da embalagem possa ser visto

Rótulo termoencolhível encobre todo o frasco e evita alterações de cores nas prateleiras


ajuda na proteção contra a luz e mantém o visual do produto na prateleira. O visual fica mais bonito com a embalagem colorida no ponto de venda em relação a uma possível alteração de cor. Mas se a gente não acreditasse na força da marca não faria isso. A Queensberry ingressou na categoria de coberturas para sobremesas, em que predominam frascos plásticos, com produtos apresentados em potes de vidro. Essa ruptura com o padrão do mercado foi bem aceito pelos consumidores? O produto ainda está muito recente no mercado. A gente não tem um feedback de aceitação ou não aceitação pelo consumidor. Não são nem dois meses de distribuição mais massiva ainda. As grandes contas, que nos servem de termômetros, como Pão de Açúcar e St. Marché, aqui em São Paulo, e em outras praças contas mais regionais, ainda não estão com a distribuição do jeito que se possa tirar alguma conclusão. Mas a decisão por pote de vidro teve alguns aspectos que foram levados em conta. O primeiro ponto é a qualidade de um produto acondicionado em vidro e de um acondicionado em plástico. Dentro da Queensberry o vidro é quase que uma premissa para o lançamento de produtos. Um segundo ponto foi diferenciar da concorrência. Uma vez que você tem um mercado tradicionalmente de plástico, entrando em vidro você mostra que é um produto diferente dos demais. O terceiro aspecto é justamente pela característica física do produto, por ser uma cobertura de fruta, feita com pedaços de fruta. Ele não pode ser servido em uma bisnaga, porque aí você não pode ter pedaços de frutas. Nossa cobertura precisa ser servida com uma colher. A gente apostou muito nessa gourmetização dos sorvetes. O mercado está aceitando e começando a consumir, de uns dois anos prá cá, sorvetes de um nível maior de qualidade do que ele tradicionalmente vinha consumindo. O complemento, que são as coberturas, não acompanhou essa melhora de qualidade dos sorvetes. Hoje há sorvetes muito melhores, com um nível de coberturas ainda no padrão antigo. Não havia nenhum produto que acompanhasse essa evolução. E a gente

quer trabalhar esse produto não só na categoria de sorvetes, mas como uma cobertura para sobremesas, seja para iogurte, para bolo, para torta, para qualquer tipo de aplicação em que se precise de uma calda ou como recheio. O acondicionamento de alimentos em vidro naturalmente exige cuidados na movimentação das embalagens na fábrica e no transporte. Que medidas a Queensberry toma para minimizar riscos de avarias, paradas de produção (downtime) e perdas? Hoje, para nós, o vidro é uma solução, não um problema. O problema é trabalhar com plástico, porque a gente não sabe trabalhar. Todo o nosso processo é dimensionado e planejado para trabalhar com embalagem de vidro. Hoje eu não tenho a menor condição de envasar em PET. Eu teria que investir em uma nova linha de produção para poder oferecer o PET ao mercado. Claro que todo o processo produtivo exige alguns cuidados, e esses cuidados são planejados, já estão considerados na nossa linha de produção. Nosso processo de envase hoje é todo automatizado, desde a despaletizadora até a encaixotadeira, tudo foi desenvolvido com o cuidado que o vidro precisa. Internamente não tem nenhum problema, pelo contrário. No transporte idem, todas as nossas caixas de envio são testadas. Fazemos vários testes antes de aprovar o fornecedor da embalagem de transporte. Ocorrências de avarias em pontos de vendas são muito raras, porque os supermercados trabalham com muitas embalagens de vidro, e existe um cuidado no dia-a-dia deles. Isso não é um problema. E você tem uma qualidade melhor. O único fator negativo do vidro é o custo. É uma embalagem mais cara, desde a compra até o transporte final. A embalagem de vidro dá um padrão de qualidade maior no produto final, e o consumidor reconhece isso. Todas as tentativas de geleias em plástico não deram certo. Pode ser que daqui prá frente isso mude, mas elas não tiveram sucesso até hoje. Como são geralmente definidos os formatos e o design gráfico das embalagens da empresa? Existe um departamento

interno de desenvolvimento de embalagens? Nós trabalhamos de duas formas: em parceria com nossos fornecedores e com uma agência de design, com a qual já trabalhamos há bastante tempo, que é a Knoll Design. A gente trabalha com os dois em conjunto, junto com o nosso marketing. Hoje os fornecedores estão muito evoluídos em termos de design de embalagens. O que eles precisam é de um direcionamento do marketing. É parceria que vem dando certo. No final do ano passado, a Kiviks Marknad firmou uma joint venture com o grupo suíço Hero. Houve mudanças na produção da Queensberry após isso? Há planos de lançamentos de novos produtos? A Hero é um grupo muito respeitado, é uma multinacional suíça. É muito recente prá gente falar que teve mudanças na produção. É uma parceria que foi firmada em dezembro, faz cerca de noventa dias. É muito cedo para qualquer implementação de mudanças, mas um dos pontos principais dessa parceria é a troca de know-how. Essa troca entra em todas as áreas da companhia, entra na produção. Teremos alguma evolução em termos de produção, de qualidade, de tecnologia, e também no desenvolvimento de produtos. Nós devemos ter, não digo em breve, porque esse ano estamos estudando quais são as sinergias, mas é bem provável que a partir do ano que vem a gente tenha novos produtos e melhorias em processos produtivos.

A Queensberry em números 120 funcionários Produção mensal de 300 toneladas 50 sabores de geleias de frutas

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integração

A importância da troca de informações Nova campanha do Prêmio Grandes Cases de Embalagem enfatiza valor do conhecimento compartilhado

Chegando à sua décima edição, o Prêmio Grandes Cases de Embalagem adotou, em sua campanha de comunicação, um mote explicitado em seus objetivos desde o primeiro rascunho de regulamento: o estímulo à integração da cadeia produtiva. “Compartilhando conhecimento com a cadeia de embalagem” é o slogan incorporado aos anúncios deste ano, estrelados por profissionais da indústria usuária, estratégia usada pelos organizadores a partir de 2012 para evidenciar que são os brand owners o ponto focal do desenvolvimento de embalagens, destaque que se repete na premiação. Giulio Peron, da Feito Brasil Cosméticos, inaugura a nova série (veja na página 22), que se estenderá pelos próximos meses. A ideia por trás da frase é mostrar que o sucesso dos projetos depende da troca de informações entre os diferentes elos da cadeia produtiva, e também que a ampla divulgação dos cases vencedores é uma forma de promover boas práticas a um público mais amplo. São, ambos, conceitos que permeiam o Prêmio Grandes Cases de Embalagem desde a sua concepção. Nos tempos difíceis por que passa o mercado de consumo no Brasil, desperdiçar recursos é um erro que poucos podem cometer sem pagar um preço elevado. Por isso, aproveitar ao máximo o conhecimento dos diferentes fornecedores, colocando-os nos projetos desde as fases iniciais, é o caminho mais seguro para se reduzir o time to market e minimizar a possibilidade de insucesso. Dar aos parceiros o devido reconhecimento, por sua vez, é um passo

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para que se construa uma relação duradoura e sustentável. Envolvê-los no processo de inscrição do Prêmio Grandes Cases de Embalagem (veja abaixo) é uma das formas de mostrar ao mercado essa virtude.

Inscrições abertas

Patrocínio Prata

Mídia Oficial

Organização

Apoio Educacional

A submissão de projetos para avaliação do júri do Prêmio Grandes Cases de Embalagem pode ser feita pelo site grandescases.com.br desde o dia 15 de março. Não deixe para a última hora, pois a pressão para entregar tudo no prazo geralmente joga contra a qualidade da inscrição, elemento fundamental no processo de julgamento. Os benefícios para quem se antecipar são também financeiros, já que há descontos para inscrições e compras de convite para a cerimônia (marcada para 27 de outubro, em São Paulo) feitos com antecedência. Informações: premio@grandescases.com.br ou (11) 5181-6533, com Marcella.


reportagem de capa

A influência no leite fluido Momento aparentemente desfavorável não torna inoportunos investimentos da indústria leiteira em embalagem. Eles talvez possam viabilizar e ampliar ainda mais o consumo do produto no Brasil O Brasil registra um dos maiores consumos de leite no mundo. Apesar de verdadeiro, o enunciado não traz o detalhe de que o feito é mais fruto das dimensões geográficas e demográficas do País do que propriamente da alta ingestão per capita – situação que coloca o mercado nacional em posição de destaque em rankings de vendas de diversos produtos. De acordo com a Euromonitor, o mercado brasileiro movimentou 6,5 bilhões de litros de leite de vaca em 2015, quarto maior índice mundial no período. Mas o volume está longe de triscar o que foi escoado no ano passado na Índia (15 bilhões de litros), nos Estados Unidos (13,7 bilhões de litros) e na China (10,6 bilhões de litros), países com maior consumo de leite no planeta, conforme leitura do instituto de pesquisas de mercado. A discrepância aceita justificativas variadas, entre elas menor hábito de consumo do brasileiro e fatias da população sem condições de compra. Mas e a apresentação dos produtos? Teria ela alguma influência no desempenho teoricamente aquém do potencial do mercado local de leites? Sem querer estabelecer como certeza o que se coloca aqui como hipótese, o fato é que embalagens sempre demonstraram papel determinante para a venda de leites no Brasil. Basta lembrarmo-nos do impacto do saquinho de polietileno (“barriga mole”) para a venda de leite fresco pasteurizado, solução consolidada durante a década de 1970 por ser um veículo conveniente e sobretudo mais econômico do que a até então predominante garrafa de vidro. Depois, da difusão avassaladora da embalagem cartonada asséptica. A grande adesão pela indústria leiteira nos anos 90, quando a participação da

embalagem no mercado saltou de 5% para 70%, popularizou o leite longa vida (ultrapasteurizado, ou UHT). Ao facilitar a distribuição, garantindo soluções mais adequadas às vias de transporte ruins do País e independentes da geralmente problemática cadeia do frio, mas com a vantajosa substituição de poucos dias por meses de shelf life, os usos de novos sistemas de embalagem tornaram o leite acessível a um número maior de pessoas. É devido a esse histórico que decorre a especulação: novas propostas de acondicionamento não poderiam ampliar ainda mais a viabilidade – e o apelo – do

consumo do produto? Não se trata de sugerir ou lamentar a falta de novas migrações em massa do mercado, como as já citadas. O que se imagina é que embalagens inovadoras, mesmo desprovidas de caráter revolucionário, possam causar efeito positivo para os players do chamado setor de leite fluido formal, caracterizado pela alta concorrência. Frente à situação preocupante da economia, pode soar inoportuno falar em inovação. Mas essa tende ser a melhor saída para marcas de leite não amargarem tombos e até vender mais, sem sacrificar violentamente suas margens.

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reportagem de capa

Foco na diversidade Novos formatos e maior flexibilidade de linhas continuam como apostas do setor de cartonadas assépticas para fazer o consumo de leite UHT crescer ainda mais

A consagração das cartonadas assépticas no mercado brasileiro de leite fluido, marcada pelo uso daquelas embalagens em aproximadamente 85% da produção escoada no varejo, não deixa os fornecedores de braços cruzados nem com os pés sobre as mesas. Confiantes de que a diversificação das caixinhas pode ajudar a ampliar o consumo de leite UHT no Brasil, as duas principais fontes de soluções do gênero – Tetra Pak e SIG Combibloc – têm estimulado clientes do setor a testar novos formatos e tamanhos. A Tetra Pak tem conseguido emplacar novos conceitos com aparente sucesso. Lançada mundialmente em 2011, a Tetra Brik Aseptic Edge, cujo topo inclinado promove uma revisitação da clássica caixinha com formato de “tijolo”, tem ganhado espaço em leites nacionais. Após ser adotada cerca de quatro anos atrás, com pioneirismo local, pela Batavo, a embalagem ganhou novas adesões para leites de 1 litro, entre elas da Italac. Recentemente, a Tetra Pak anunciou a disponibilidade de uma versão de 500 litros do formato (emb.bz/200tetra). Entre outras ações, a flexibilidade das plataformas de produção da Tetra Pak também tem permitido a marcas de leites o trabalho com formatos maiores. A Paulista (Danone), por exemplo, tem apostado na venda

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de leite UHT em caixinha Tetra Brik de 1,5 litro, com evidente apelo de maior rendimento. Outra aposta para o setor é a Tetra Evero Aseptic, cartonada asséptica em formato de garrafa. A solução foi adotada em meados de 2013 como

apresentação dos leites especiais Zymil, da Parmalat. A iniciativa foi aparentemente abortada com a mudança na gestão da marca italiana no Brasil – a multinacional francesa Lactalis assumiu

Cartonada tamanho-família e Tetra Brik com topo inclinado são opções da Tetra Pak para marcas de leites testar novos tamanhos e formatos


SIG Combibloc oferece modelos clássicos, como o combiblocMidi utilizado pela Languiru, e acaba de anunciar versão para lácteos da garrafa cartonada combidome

a operação, que vinha sendo tocada desde 2010 pela LBR Lácteos Brasil. A reportagem não havia obtido informações solicitadas à Tetra Pak até o fechamento desta edição. Após conquistar prestígio na indústria de lácteos com a oferta das embalagens cartonadas assépticas combibloc e combifit, passíveis de trabalho em diferentes volumes e formatos e com as tampas combiSwift e combiSmart, a SIG Combibloc acaba de anunciar o lançamento global de uma nova solução de valor agregado para o setor. A combidome, embalagem cartonada com formato de garrafa lançada em meados de 2013 (ver emb.bz/200sig) e disponível inicialmente para o envase de néctares, sucos e outros soft drinks, passa a estar disponível para o acondicionamento de leites e derivados. A nova embalagem conta com uma tampa especial, a domeTwist Lightproof, projetada para proteger lácteos contra a ação da luz e do oxigênio, preservando as propriedades sensoriais e nutricionais dos produtos. Luciana Galvão, diretora de marketing da SIG Combibloc para as Américas, explica

que a maior barreira à luz se deve a características do flange e do plástico da tampa. “Os componentes ganharam coloração mais escura”, afirma. Já o sistema de esterilização da embalagem foi aprimorado para garantir a conservação adequada do leite durante todo o shelf life. Luciana esclarece que a nova combidome utiliza a mesma plataforma tecnológica da SIG Combibloc que garante flexibilidade de volumes e capaz de ser utilizada para lançar produtos para diferentes públicos-alvo. Adicionalmente, a SIG Combibloc lançará em 2017 a solução que associa o formato combidome à tecnologia drinksplus, que permite o envase de bebidas com pedaços. No Brasil, a Latco já utilizou a tecnologia para introduzir no mercado, em embalagem combiblocSmall de 250 mililitros, a ChocoLatco+ – primeira bebida láctea de sabor achocolatado com raspas de coco ralado (ver emb.bz/200latco). “A drinskplus traz ainda mais flexibilidade ao viabilizar o envase de um amplo range de produtos diferenciados e inovadores, que são valorizados pelo consumidor”, define Luciana.

Tetra Evero Aseptic permanece como oportunidade de inovação para indústrias de leite

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“Uma questão de tempo” Vidro, polietileno e polipropileno esperam retomar avanços na área de leite pasteurizado “assim que a crise passar” Por Wilson Palhares

Na disputa pelo acondicionamento de leite no Brasil, três tipos de material – o vidro, o polietileno (PE) e o polipropileno (PP) – “correm por fora”, isto é, não atuam no segmento das embalagens assépticas, ocupado predominantemente pelas cartonadas, que detêm uma fatia de aproximadamente 85% do segmento (*). O campo dessa corrida lateral é o mercado de leite fresco pasteurizado, cuja conservação, ao contrário do que ocorre com o produto processado em sistema de ultrapasteurização (UHT), necessita de refrigeração. Destina-se, basicamente, a consumidores que preferem leite em seu entendimento mais saudável e se dispõem a pagar mais por isso. Naturalmente, essa faixa de consumo está um tanto retraída, devido ao atual marasmo da economia, segundo dizem fornecedores de diferentes marcas. De qualquer forma, nesse embate as garrafas plásticas parecem estar consolidadas, ainda que não haja cifras e números disponíveis para atestar. Mas é fácil notar a presença de diferentes marcas, com destaque para Fazenda Bela Vista e Xandô, destacando-se nas áreas refrigeradas de supermercados e padarias. Frente à comodidade oferecida pelas embalagens assépticas cartonadas e de PET, as de PE e PP sofrem a desvantagem de ter vida de prateleira menor (de três a cinco dias, ante quatro meses ou mais daquelas) e portanto precisarem ser conservadas 24 | Abril 2016

em baixas temperaturas. A questão foi parcialmente amenizada em meados do ano passado, quando o Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), em parceria com a Nanox Tecnologia, desenvolveu uma garrafa de polietileno que amplia para quinze dias o prazo de validade do leite fresco pasteurizado. Numa descrição sintética, foram incorporadas micropartículas à base de prata, com propriedades bactericida,

Bela Vista e Xandô, exemplos de consolidação de garrafas plásticas para o segmento de leite fresco pasteurizado

antimicrobiana e antiesterilizante, no plástico rígido das garrafas. Na ocasião, Luiz Pagotto Simões, diretor da Nanox, avaliou que “ao dobrar o shelf life do leite pasteurizado é possível obter ganhos, na logística, na qualidade e na segurança do produto”. O certo é que a embalagem foi colocada no mercado pela Agrindus, empresa agropecuária de São Carlos que comercializava a marca Letti em 45 cidades do Estado de São Paulo. O material vinha

Recipiente plástico do Letti, da Agrindus, incorpora tecnologia que amplia o shelf life do produto de cinco para quinze dias


Leite Cooper em garrafa de vidro retornável/descartávelreciclável: boa acolhida por consumidores de bom poder aquisitivo arrefeceu em função da crise

sendo testado por outras duas indústrias de laticínios atuantes também em São Paulo e em Minas Gerais, mas não há informações atuais a respeito. Afora essas iniciativas, novas ações com uso de garrafas plásticas deixaram de ser noticiadas nos meses mais agudos da situação de consumo no País, que se retraiu.

É o mesmo problema que atinge a comercialização de leite fresco pasteurizado acondicionado em garrafas de vidro, como o da Cooper, de São José dos Campos, lançado em 2013. “Embora seja direcionado a um público de bom poder aquisitivo, por ter maior valor agregado e portanto ser mais caro do que o leite esterilizado das caixinhas, as pessoas estão hesitando em gastar um pouco mais, ainda que seja 1 real por litro”, diz Benedito Vieira Pereira, presidente da Cooper, cooperativa de laticínios de São José dos Campos (SP). Com essa marca, a Cooper lançou no ano passado um leite premium integral em garrafa de vidro. Trata-se de um

recipiente desenvolvido pela Owens-Illinois, com formato que remete ao das garrafas de leite habitualmente utilizadas no Brasil até a década de 1970. Diferentemente daquelas, as do leite Cooper não são reutilizáveis, embora sejam retornáveis. Foram concebidas para ser retornáveis e reutilizáveis (daí serem decorados com serigrafia), mas isso ficou subordinado ao aumento do consumo. Para incentivar a devolução, a Cooper firmou acordo com a Owens-Illinois em cujos termos a vidraria compra o vasilhame devolvido, para reciclá-lo. A renda é revertida à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de São José dos Campos. A tampa, desenvolvida pela Silgan White Cap, é inédita para a categoria no mercado nacional. Baseada em sistema de rosca, ela oferece a possibilidade de fechar a garrafa após a abertura, permitindo o consumo paulatino do leite. O projeto conquistou um troféu na edição de 2013 – do Prêmio Grandes Cases de Embalagem. O lançamento foi bem sucedido no início, superando as expectativas do laticínio, a ponto de terem sido elaborados projetos para colocar outros tipos de leite e derivados, além do tipo A, em garrafas de vidro. Todavia, conta o executivo, esses planos foram frustrados por conta da crise. Não foi diferente do que aconteceu com o leite lançado em vidro pela Vitalatte, do Rio de Janeiro, em parceria com a Verallia. Na esteira do êxito do lançamento no mercado fluminense, a empresa chegou a levar o produto para São Paulo, no ano passado. O projeto todo, porém, foi descontinuado. Segundo Alexandre Mendes de Oliveira, diretor comercial da vidraria, isso se deveu à demanda insuficiente, que não justificava a manutenção da produção. “Para envasar leite em vidro é necessário investir em equipamentos de que os laticínios não dispõem”, ele diz. “E falar em investimento hoje em dia é uma

coisa de que ninguém quer ouvir falar.” “É uma questão de tempo”, confia Benedito Vieira Pereira, da Cooper. “Quando a crise passar – e vai passar – os consumidores retornarão.” (*) Grosso modo, o mercado brasileiro de leite se divide entre produto pasteurizado (16%), longa vida, ou UHT (57%) e em pó e condensado (27%); por tipo de embalagem, o pasteurizado ainda utiliza em boa proporção (sem dados disponíveis) sacos flexíveis, popularmente chamados de “barriga mole”

Vitalatte em vidro, apesar de bem recebido pelo público fluminense e tendo avançado para São Paulo, foi descontinuado devido a demanda insuficiente

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reportagem de capa

Diferença sem dissabor Garrafa de PET sinaliza às grandes marcas de leite UHT uma oportunidade de inovação sem o risco de tiro no pé Por Guilherme Kamio

Uma expectativa de adesão fervorosa surge sempre que a garrafa de PET desponta em alguma categoria de produto. Não foi diferente quando marcas como Shefa e Leitíssimo adotaram a solução para a venda de leites, quase quatro anos atrás. A iniciativa até inspirou outros lançamentos, mas a acolhida pela indústria leiteira nacional não repetiu a movimentação causada em negócios como os de refrigerantes e óleos de cozinha. A dificuldade já era esperada pelo mercado fornecedor. Sucesso por garantir vida de prateleira ampla e dispensar distribuição refrigerada, o leite longa vida não é tão simples de engarrafar em PET. O recurso também não oferece a economia gritante verificada em outras aplicações. Tendo-se em vista a hegemonia da cartonada asséptica no segmento (quase 85% da produção nacional), a esperança do setor de PET se volta às ampliações ou renovações de parques. Especialmente dos maiores fabricantes. “Estou convicto de que os grandes players do mercado de leites terão pelo menos parte da produção em PET”, diz Ayrton Irokawa, gerente de vendas de máquinas da Krones do Brasil – uma das provedoras de equipamentos capazes de realizar o envase asséptico necessário para o trabalho com leites shelf stable e de shelf life extenso engarrafados em PET. O executivo acredita numa maior percepção de atributos valorizados por muitos produtores internacionais, principalmente europeus. Um deles é a possibilidade de se destacar no ponto de venda. “O PET garante diferenciação do produto e o trabalho com diversos formatos na mesma linha, com baixo tempo de setup”, diz. 26 | Abril 2016

Shefa relata sucesso da oferta de leites em garrafa multicamadas. Linha de produção estaria toda ocupada

Para as principais marcas de leites, o PET também soaria interessante por não implicar o risco do estímulo à proliferação de marcas regionais, nos moldes do que ficou conhecido como “tubainização” do mercado de refrigerantes. “O custo para a aquisição das máquinas (CAPEX) pode representar uma barreira de entrada para concorrentes menores”, assinala Irokawa. O executivo repassa que a Krones disponibiliza soluções para rendimentos a partir de 12 000 garra-

fas por hora, cujo custo total de posse (TCO) – equação do desembolso para aquisição das máquinas e dos custos de operação e manutenção (OPEX) – asseguraria aos grandes usuários retorno rápido do investimento.

A Shefa, que desde 2012 utiliza a garrafa de PET em parte de sua produção, faz um balanço positivo da adoção. Pedro Ribeiro, diretor comercial da companhia, classifica o recipiente como


evolução na categoria. “A tampa bem maior evita derramar produto quando a embalagem está cheia e o lacre interno de alumínio evita a violação e garante a qualidade do leite”, afirma. Segundo ele, o plano inicial era limitar a distribuição do produto a um raio de até 200 quilômetros da fábrica, situada em Amparo (SP). “Mas clientes de outros Estados exigiram a novidade para suas lojas. Hoje, o produto pode ser encontrado do Rio Grande do Sul ao Amazonas”, relata. Agraciado com um dos troféus do prêmio Grandes Cases de Embalagem 2012, o leite UHT em PET da Shefa é acondicionado em linha de envase asséptico da holandesa Stork, abrigada num parque de embalagem gerido pela Logoplaste, multinacional portuguesa de forte atuação no suprimento de embalagens rígidas. Ribeiro lembra que, antes da iniciativa da Shefa, a Parmalat chegou a comercializar leite UHT em garrafas de polietileno multicamadas. “Aquela embalagem pesava aproximadamente 35 gramas. A nossa, de PET, pesa 26 gramas”, compara o dirigente. (Em tempo: lançadas em 2002, as garrafas da Parmalat foram retiradas do mercado em data desconhecida, após mudanças no controle da marca). Descontadas diferenças de peso e variações de formato, as garrafas da Shefa, da Parmalat e as demais utilizadas para a venda de leite longa vida têm um ponto em comum: incorporam uma barreira à luz para evitar a deteriora-

ção de propriedades organolépticas do produto – especialmente da riboflavina (vitamina B2). No caso da Shefa, a garrafa tem duas camadas, sendo a interna de coloração negra para evitar a foto-oxidação do conteúdo. A construção é fruto de um processo de injeção dupla da pré-forma (overmolding), viabilizado por uma máquina da suíça Netstal. “As garrafas feitas com essa tecnologia conseguem uma barreira à luz superior a 99,9% nos comprimentos de onda importantes para a preservação do leite”, detalha Fabio Salik, diretor da operação brasileira da Logoplaste. A camada externa branca, presente na maioria das garrafas do produto, tem finalidade estética. A mesma solução foi adotada no leite Paulista, produzido na linha da Shefa e lançado em meados de 2013 graças a uma parceria com a Danone. A Shefa diz não ter condições de prestar serviço de terceirização a outras marcas, pelo fato de a operação estar tomada. “Seis meses após o início do trabalho nossa linha já trabalhava a todo vapor”, conta Pedro Ribeiro, que evita revelar números da produção. “Desde o início programamos toda fábrica com a possibilidade de dobrar a linha por meio da instalação de mais uma máquina de envase. Ainda não o fizemos, apesar da grande demanda, pois o custo do investimento é alto.” Para o lançamento de seu leite em PET, concretizado em novembro de

2014, a Jussara decidiu seguir outra senda: o uso de garrafas monocamada, brancas por dentro e por fora, com barreira proporcionada por um aditivo fotobloqueador incorporado à resina. “É o que existe de mais moderno no mercado mundial”, assinala Messias Castro, gerente de marketing da Jussara. “A tecnologia é mais simples e mais eficiente na produção.” A solução monolayer baseia-se em pré-formas fornecidas pela Plastipak. A reportagem não conseguiu apurar se a propriedade de barreira é obtida através do acréscimo à resina de um masterbatch (aditivo) à base de titânio, como normalmente ocorre em garrafas do gênero utilizadas no exterior. O parque de envase asséptico adquirido pela Jussara, instalado em sua fábrica situada em Patrocínio Paulista (SP), é da Sidel. A empresa brasileira diz ter sido a primeira na América Latina a instalar uma linha do gênero com a tecnologia Predis, desenvolvida pela fornecedora francesa. “Os processos de sopro e envase são feitos num único equipamento, permitindo economia de espaço e otimização do uso de insumos e agentes esterilizantes”, explica Messias Castro.

Brandindo o pioneirismo no fornecimento de embalagens de PET para laticínios, a Plastipak alega que a garrafa de camada única assegura 99,5% de barreira à luz e elimina os riscos de delaminação, que podem levar a conta-

Decoração faz o bloqueio Além de camadas internas protetoras e resinas aditivadas, outra maneira de garantir que garrafas de PET protejam leites da ação degradante da luz é o envolvimento por completo das embalagens com rótulos termoencolhíveis especiais – geralmente dotados de um verso revestido com tinta ou pigmento escuros. É o caminho trilhado pela Leitíssimo, marca de leite UHT calcada numa atividade agropecuária aberta na Bahia por imigrantes neozelandeses. Dave Broad, diretor da empresa, diz que a garrafa ajuda no bloqueio à luz, mas evita dar detalhes. Confirma, porém, que a operação abarca uma linha de envase asséptico da Xenos, da Nova

Zelândia, e uma sopradora da japonesa Aoki. Ambas as fontes são representadas no Brasil pela Plusmach. Rótulos também cumprem o papel protetor nas garrafas de PET das bebidas lácteas lançadas no Brasil por Nestlé e PepsiCo (Toddynho). Embora não sejam apenas leite, são derivados também propícios para o emprego da tecnologia de envase asséptico de embalagens de PET. A linha da Nestlé, por exemplo, incorpora uma linha completa da Krones capaz de processar 25 200 garrafas por hora. Sediada em Araçatuba (SP), a operação produz achocolatados e vitaminas de frutas da linha Nestlé Fast, que completa em 2016 seu sexto ano no mercado.

Na embalagem do Leitíssimo, produzido na Bahia, revestimento com rótulos confere barreira à luz

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Jussara aposta em garrafa monocamada, “mais simples e mais eficiente”

Controle preciso da barreira

minações de produtos. Sustenta, também, que o artifício é vantajoso em termos competitivos e operacionais, por não demandar novos investimentos em maquinário para a produção da embalagem. “No quesito sustentabilidade, a solução possibilita a produção de uma embalagem 100% reciclável, com processo de reciclagem mais fácil que o das soluções multilayer e cartonadas”, diz a empresa, em nota. Fabio Salik rebate os argumentos favoráveis à solução monolayer. “As embalagens monocamada necessitam de uma quantidade muito grande de pigmento e carga para conseguir chegar ao mínimo necessário de proteção à luz. Essa quantidade massiva de aditivo altera as propriedades do material, dificultando bastante o sopro”, diz. O profissional da Logoplaste é taxativo ao dizer que a solução multicamadas é mais barata e mais eficaz em barreira. “A única vantagem do processo monocamada é que o mesmo permite utilizar máquinas de injeção de PET convencionais e moldes já existentes.

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Para volumes mais baixos pode ser uma alternativa”, pondera. À parte discussões sobre a estrutura da embalagem, o fato é que a garrafa de PET é cada vez mais vista como um veículo oportuno pelos fabricantes brasileiros de leites. “Verificamos que o leite em garrafa plástica tem uma percepção de valor superior por parte do consumidor”, afirma Messias Castro, da Jussara. Assim como a Shefa, a Jussara não abdicou do uso das cartonadas assépticas – na verdade, até investiu paralelamente em ampliação da capacidade das linhas de leites em caixinhas. O gerente de marketing, porém, não hesita em atribuir ao leite em PET mérito no bom momento vivido pela companhia. “O produto tem tido excelente aceitação tanto pelo consumidor quanto pelo varejista, garantindo nosso crescimento em volume e faturamento”, diz. “No ano passado, em que as pesquisas indicaram uma pequena queda no consumo de leite UHT no Brasil, a Jussara teve um avanço de 8% em seu volume de vendas. Estamos extremamente satisfeitos.”

Fabricante ilustre de equipamentos para injeção de pré-formas, a Husky confia numa tecnologia de co-injeção, anunciada em 2015, para alavancar o uso de garrafas de PET multicamadas no mercado de leite UHT. “A solução, baseada na plataforma HyPET HPP5, foi concebida para atender às mais variadas aplicações, oferecendo barreiras a gases, ao oxigênio e à luz, a qual é requerimento básico para envase e proteção de leite longa vida”, diz Paulo Carmo, gerente de negócios da multinacional canadense. O sistema de produção de pré-formas trabalha em um processo de injeção simultânea de dois materiais, porém operando no mesmo ciclo de um equipamento convencional, de forma estável, repetitiva e uniforme. A máquina ocupa o mesmo espaço de um sistema convencional e é também capaz de operar em modo monocamada, sem compromisso de ciclo e eficiência. De acordo com Carmo, a adoção do PET e da tecnologia de injeção multicamadas permite total liberdade na criação do desenho da embalagem. “A flexibilidade da tecnologia permite que a dosagem do elemento de barreira, sua profundidade e até mesmo seu posicionamento em relação à espessura da pré-forma sejam controlados por processo”, detalha o executivo. “No caso de leite UHT, trabalha-se em um sistema totalmente integrado no qual é possível ajustar a posição e a quantidade do elemento de barreira à luz, controlando-se assim a opacidade da garrafa e, por conseguinte, a vida de prateleira do produto.”

Exemplo de pré-forma com camada de barreira. Husky confia no uso da tecnologia pelo setor de lácteos



equipamentos

Alta produtividade Nova impressora digital HP Indigo da HP tem maior produtividade do mercado Por Flávio Palhares, de Israel*

Nova HP Indigo 8000: impressora digital para rótulos mais rápida do mercado

A HP antecipou, no final de março, em evento exclusivo para jornalistas na sede da divisão de impressoras digitais Indigo, em Israel, as novidades que serão mostradas na próxima Drupa, maior feira do mercado gráfico mundial, a ser realizada na Alemanha a partir de 31 de maio. Entre as inovações está a nova impressora HP Indigo modelo 8000, impressora digital de banda estreita dirigida ao mercado de rótulos e etiquetas que oferece o dobro da velocidade dos equipamentos disponíveis no mercado (comparação com a HP Indigo 6800, impressora de etiquetas e rótulos mais rápida até agora no portfólio da HP). Estabelecendo um novo padrão de produtividade na impressão digital de banda estreita, a HP Indigo 8000 digital garante uma produção de etiquetas de alto volume em velocidades de até 80 metros por minuto. Trabalhando in-line ou off-line com uma unidade semi-rotativa ABG Fast Track, a impressora fornece um fluxo de trabalho totalmente digital, bem como a garantia de qualidade em tempo real, usando tecnologia de inspeção AVT. Na área de consumíveis, chega ao

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mercado uma nova tinta que ajuda os convertedores a fornecer uma variedade mais ampla de níveis de opacidade. Trata-se da Indigo ElectroInk Premium White, para as impressoras HP Indigo 8000 (rótulos e etiquetas), WS6800 (rótulos e etiquetas) e 20000 (embalagens flexíveis). Essas impressoras ganharam um novo pacote de automação que aperfeiçoa a precisão de cores, a consistência e a capacidade de repetição. A HP anunciou também atualizações para as impressoras digitais HP Indigo 20000 e 30000 (para embalagens de papel cartão), além de novas opções

de tintas e substratos, oferecendo aos convertedores e marcas possibilidades de aplicações incomparáveis em velocidades maiores. A impressora digital HP Indigo 20000 apresenta agora um pacote de atualização que possibilita compatibilidade com novos substratos, como polietileno, para uma variedade mais ampla de embalagens flexíveis, rótulos termoencolhíveis e aplicações de etiquetas adesivas e rótulos in-mold, incluindo tampas e tubos laminados; novos recursos de cores, permitindo correspondência e consistência de cores

Laminadora a jato A HP Indigo desenvolveu um equipamento que reduz a zero o tempo de cura da laminação de embalagens flexíveis. Denominada Pack Ready, a laminadora é acoplada à impressora digital HP Indigo 20000, e tem como principal benefício a rápida velocidade com que embalagens flexíveis laminadas, inclusive retortable, podem chegar ao mercado. A HP Indigo Pack Ready foi revelada pela HP durante o evento pré-Drupa realizado em Israel, no final de março, e traz um avanço radical no tempo de entrega ao mercado de embalagens flexíveis impressas. Segundo a HP, o segredo

da laminadora está no “adesivo inteligente” (à base de resina termoplástica) desenvolvido (e patenteado) pela HP, que não exige tempo de cura (secagem). Essa cura, normalmente, leva pelo menos dois dias, e esse prazo, dependendo dos materiais laminados e dos adesivos utilizados, pode chegar até a dez dias. A HP promete que o filme pode ser impresso imediatamente após a laminação. A Pack Ready será apresentada ao mercado na Drupa, mas só estará disponível comercialmente a partir da LabelExpo Americas 2016, que será realizada em setembro, em Chicago (EUA).


entre trabalhos, impressoras e locais; tempos de produção mais rápidos do que os possíveis anteriormente com o HP Indigo Pack Ready Lamination (ver quadro), o que elimina o tempo de cura, possibilitando lançamento imediato da embalagem no mercado; suporte para a nova HP Indigo ElectroInk Premium White em baldes de tinta de

Maior expositora da Drupa 2016 A área de impressão digital da HP Inc. vai ocupar um hall inteiro na Drupa 2016, maior feira mundial para impressão gráfica e industrial, além dos setores multimídia e multicanal. O evento será realizado de 31 de maio a 10 de junho, na cidade de Düsseldorf, na Alemanha. Por muitas edições, a Heildelberg ocupou uma posição de destaque na feira, mas foi ultrapassada pela HP Inc. neste ano.

alta concentração de 20 quilos. O pack de atualização da impressora digital Indigo 30000, segundo a HP, aumenta a produtividade em até 30%. O equipamento permite impressão em mídias sintéticas, além de placas metalizadas e materiais como polipropileno e PET. As novidades da HP Indigo estarão disponíveis comercialmente ainda em 2016. Todas as impressoras digitais HP Indigo oferecem conectividade HP PrintOS, permitindo que os clientes monitorem o status de impressão remotamente, além de controlar e aprimorar o desempenho da produção ao longo do tempo (ver quadro). Veja mais sobre a impressora HP Indigo 8000 no vídeo: emb.bz/200hp

* O jornalista visitou as plantas da HP Indigo em Kiryat Gat e em Nes Ziona, Israel, a convite da HP Inc.

Gerenciamento facilitado HP PrintOS é um sistema operacional de produção de impressão com aplicativos para dispositivos móveis e para a web que ajudam a aproveitar mais os recursos das impressoras HP e a simplificar a produção. O PrintOS facilita o gerenciamento de qualquer número de trabalhos, do recebimento ao transporte. A plataforma é aberta, baseada em nuvem e pode ser acessada a qualquer momento e de qualquer lugar. O HP PrintOS deve estar disponível para as impressoras digitais HP Indigo em 31 de maio deste ano. Para as impressoras HP PageWide, HP Scitex e HP Latex, a previsão é que o aplicativo esteja no mercado em 2017.


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Documentar ou complicar É preciso ter critérios definidos para conduzir e avaliar ensaios e testes. Isso ajuda o profissional de embalagem a obter dados, e não opiniões

Quero falar de um assunto que é crucial para a carreira dos engenheiros de embalagem: documentação. Especificamente a documentação de ensaios e testes. Grande parte do trabalho da Engenharia de Embalagem está associada ao desenvolvimento, a ensaios em laboratório, a testes na fábrica ou a testes de campo. Isso para: · Confirmar que, em termos sensoriais e físico-químicos, a embalagem proposta realmente seja eficaz, protegendo o produto durante o período exigido pela cadeia de distribuição; · Verificar objetivamente o benefício de uma mudança nas dimensões, nos materiais ou na estrutura de uma embalagem, com sua tradução em otimização de custos, aumento da eficiência, redução do desperdício ou impacto sobre as vendas; · Observar se um novo conceito funciona tanto na linha de produção quanto no campo; · Qualificar e certificar fornecedores de moldes e ferramentas, garantindo que estejam em conformidade com os parâmetros de funcionamento e de qualidade estabelecidos pela sua empresa; e · Avaliar a capacidade técnica de um novo fornecedor ou de um novo processo de conversão. Vale ressaltar que não convém efetuar ensaios de linha sem um objetivo, sem um método para avaliar os resultados ou sem uma ferramenta clara para analisar e ratificar os resultados, porque tudo pode variar de acordo com 32 | Abril 2016

© Tadamichi | Dreamstime.com

Por Jorge Maquita

o julgamento subjetivo dos envolvidos. Lembre-se: “muito”, “pouco”, “melhor” ou “pior” não são valores numéricos e não devem ser considerados como referenciais para nada, nem como valores para qualquer análise. Para termos um resultado tangível e confiável dos testes, é importante planejarmos com antecedência “o que”, “quem” e “como”, fatores que nos permitem visualizar e subdividir as tarefas individuais a serem realizadas. O planejamento de testes deve incluir: · Objetivo. O que espero atingir ou provar? · Variáveis. Quais variáveis são os fatores de sucesso dos testes? É a porcentagem X de eficiência da linha? É a redução de determinada porcentagem do desperdício? É a vida de prateleira e o perfil sensorial? É a porcentagem de produto ileso durante o transporte? · Definição de variáveis. O que consideramos uma anomalia? Qual é a especificação a ser cumprida, dimensionalmente, funcionalmente

e em outros quesitos? · Parâmetros de controle. Qual a velocidade da linha? Durante quanto tempo? Que condições processuais são necessárias? Quantas amostras devem ser produzidas? Questão importante a ser determinada é a duração do teste, uma vez que ele tem de processar uma série de amostras estatisticamente significativa para análise. · Que mudanças devem ser feitas na linha de produção em termos de ferramentas e equipamentos de movimentação para a execução do teste? É uma pergunta especialmente importante se o teste tratar de um novo material ou de novas dimensões. · Amostragem. Qual é o plano de amostragem durante o ensaio? Em que seção da linha de produção? O que irei medir nas amostras? Considere neste caso todas as variáveis que serão importantes para fazer a avaliação para defini-los como fatores de sucesso, bem como aqueles que permitem a você aprender e a ter uma melhor compre-


ensão do efeito das condições de produção ou transporte, bem como o efeito do ambiente, tais como temperatura, umidade, pressão, luz UV etc. · Equipe de trabalho. Quais departamentos da empresa devem estar envolvidos? Que tarefa será realizada durante o teste? Uma dica: apesar de a Engenharia de Embalagem ser responsável por coordenar o teste, é inadmissível planejar ou executar um teste sem ter presente o principal setor beneficiário da embalagem ou mudança que você está propondo.

Todo esse processo de planejamento deve ser declarado em um protocolo escrito, um documento que circule entre a equipe que irá participar do teste, e deve ser revista por todos para o esclarecimento de quaisquer dúvidas. A fase seguinte é a execução do teste. Para a aplicação efetiva, é importante: · Ter a linha de produção em condições de funcionamento com manutenção adequada, refletindo uma condição média padrão, e com um conjunto de ferramentas que permita executar o teste sem grandes ajustes; · Verificar se a calibração e a manutenção do equipamento de laboratório atendem às necessidades; · Verificar se o embarque é feito dentro de um veículo usado na operação atual, e se as práticas de manuseio asseguram que a carga não seja submetida a condições extremas que não correspondam à realidade; · Discutir o protocolo antes de testar com operadores, equipe de controle de qualidade, engenharia, produção, manutenção etc. para o esclarecimento, mas também para atribuir por nome os responsáveis por cada tarefa; · Garantir que o ensaio seja realizado no âmbito de funcionamento contínuo, capaz de ser utilizado para avaliar o desempenho da embalagem. Operação intermitente não garante dados confiáveis; · Garantir que os parâmetros do processo – velocidade, temperatura, tempo etc. – sejam atendidos conforme estabelecido no dia a dia; · Garantir que as operações de amostragem e o registro de variáveis e

defeitos sejam feitos; · Identificar cada palete ou caixa como teste de embalagem para evitar que ele vá ao mercado e para torná-los facilmente identificáveis no estoque; · Concluir o teste com uma reunião com o grupo de participantes, para receber feedback, reunir dados adicionais sobre o desempenho de embalagens e alinhar uma conclusão preliminar sobre o resultado do teste. A terceira fase é de análise dos resultados, para a chegada a conclusões e a definição dos passos a tomar. A análise dos resultados implica agrupar os dados de várias maneiras de acordo com o planejado: · Para avaliar se o resultado final satisfaz aos fatores de sucesso estabelecidos; · Para analisar e correlacionar variáveis diferentes para entender o comportamento da embalagem; · Para separar as condições externas ao teste que podem ter distorcido os resultados; · Para registrar o aprendizado obtido a partir do teste para referência futura, para adquirir mais conhecimento sobre a linha de produção etc. · Para definir as mudanças de embalagem necessárias, se a meta não foi atingida. A este respeito, quanto mais você souber sobre a linha de produção mais você poderá utilizar os dados obtidos em ações concretas; · Para escrever o relatório, com evidências, achados, conclusões e um plano de ação; e · Para definir as novas especificações, se os resultados dos testes forem bem-sucedidos. Eu sei que todo esse processo parece complicado e elaborado. Você pode pensar: “No final das contas, se eu testar apenas algumas amostras eu não preciso fazer tudo isso, certo?” Bem, como Deming* disse: “Se você não tem dados, você é apenas alguém com uma opinião”. Ou, de uma forma mais coloquial, “Em Deus nós confiamos; todos além dele devem fornecer dados.”

Evidentemente, nem todos os materiais devem ser submetidos a um processo dessa natureza, e existem

alterações que são transparentes para o equipamento de produção. No entanto, à medida que a velocidade das linhas de produção aumenta, assim como a a automação, as tolerâncias de especificações tornam-se mais apertadas e a demanda por melhores propriedades mecânicas e térmicas nos materiais que utilizamos também cresce, tornando essencial a realização de testes e sua documentação. É também evidente que as lições aprendidas durante os testes acelerem o tempo de desenvolvimento, porque você começa a conhecer melhor os fatores de projeto que influenciam o desempenho da embalagem nos equipamentos de produção. Também passa a compreender melhor limites, possibilidades e os ajustes a fazer. Como sempre digo, o engenheiro de embalagem tem de conhecer o equipamento de produção como se fosse seu operador. Uma última palavra, especialmente falando de situações em que se quer testar uma nova embalagem, um novo material ou uma estrutura diferente. É muito comum ouvir que “a embalagem deve se adaptar à máquina”. É uma afirmação equivocada. Embora existam certas especificações funcionais a serem cumpridas, não são raras as vezes que as embalagens sofrem overdesign, para cobrir a falta de precisão e controle de equipamentos, resultando em custos excedentes. Quanto mais eficiência é solicitada, taxas de produção mais elevadas ou uma maior otimização da embalagem, e à medida que emergem novas tecnologias que reduzem o consumo de materiais ou de energia, é necessário esquecer dogmas e buscar ajustes nos equipamentos que permitam a chegada a novos patamares. *Referência ao americano William Edwards Deming (1900/1993), professor e especialista em gestão de qualidade. O mexicano Jorge Maquita é gerente global de embalagem da PepsiCo. Acumula mais de 35 anos de experiência no campo do packaging, tendo passagens por Unilever, Gillette e Kraft Foods. Contato: jmaquita@prodigy.net.mx Abril 2016 |

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.

alimentos

Tapioca no vácuo A Casa Maní, que há quarenta anos atua na produção de alimentos à base de mandioca, apresenta a nova embalagem de sua linha Tapiocando a Vida. A massa pronta para tapioca é acondicionada em embalagens a vácuo em porções individuais. Com a mudança, a marca pretende aumentar sua presença no mercado. A identidade visual foi renovada.

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Segundo a fabricante, a embalagem a vácuo evita a desidratação superficial do produto, mantendo-o com a umidade necessária para o preparo e diminuindo o risco de contaminação por bactérias. As novas embalagens do produto têm duas versões: 340 gramas, com quatro sachês, e 495 gramas, com um sachê. emb.bz/200tapioca

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br



Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

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ingredientes

snacks

higiene pessoal

alimentos

cervejas

Pasta no pouch 1

Ingresso em snacks

Snoopy renovado

Açaí do Guga 4

Edição de aniversário

A Mix traz ao mercado a nova Pasta Americana Mix, com nova fórmula e nova embalagem. O produto é acondicionado em stand-up pouches. A pasta é utilizada para coberturas de bolos, cupcakes, confecções de flores e laços. emb.bz/200pastamix

Snack Kroc marca a estreia da Superbom em snacks recheados. Os cinco produtos da linha são acondicionados em flow packs de BOPP contendo 40 gramas. As embalagens, feitas na Argentina, exibem design gráfico criado pela própria Superbom. emb.bz/200superbom

A Frooty lança o Açaí Frooty com a imagem do ex-tenista Guga Kuerten nos rótulos. O Açaí Frooty Guga Kuerten tem as versões de 200 mililitros (mix de granola), 1 litro e 3,6 litros. Os potes são decorados com rótulos in-mold. emb.bz/200guga

A Cervejaria Dádiva, de Várzea Paulista (SP), comemora dois anos de atividades com o lançamento de uma cerveja Ale belga em garrafas de 375 mililitros, com rolha de cortiça. A edição é limitada a 3000 unidades. emb.bz/200dadiva

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A Fraldas Capricho renova a identidade visual da linha Bummis Snoopy. As embalagens das fraldas foram reestilizadas, com uma cor única (roxo) para todos os tamanhos, e ganharam um “frontal tape” com velcro. A linha ainda é composta por toalhas e lenços umedecidos, disponíveis em embalagens balde e refil de 400 unidades, pote e ziplock (refil). emb.bz/200snoopy

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APOIO

Almanaque Vitória que não veio Em 1932, a cervejaria Rio Claro, da cidade de mesmo nome no interior de São Paulo, preparou um rótulo comemorativo caso São Paulo saísse vitorioso na Revolução Constitucionalista, conflito que ocorreu entre julho e outubro de 1932 entre paulistas, que defendiam a Constituição de 1891, e as tropas leais ao presidente Getúlio Vargas, que tomou o poder graças a

um golpe de estado em 1930. A cerveja Victoria Paulista apresentava no rótulo os generais paulistas Isidoro Dias Lopes e Bertoldo Klinger (participantes da “Junta Revolucionária”) e Pedro de Toledo (governador paulista em 1932). Com a derrota dos constitucionalistas, o rótulo nunca foi colado em nenhuma garrafa.

Para cães... A Ralston Purina produz alimentos para cães nos Estados Unidos desde 1937. Chegou ao Brasil em 1967, atuando no ramo das rações agropecuárias. Em 1973, lançou a Kanina, seu primeiro alimento para cães, vendido para criadores. Somente em 1977 a Purina levou o produto ao varejo. Em 1978 foi lançada, em sacos de papel kraft, a ração da empresa que se tornou mais conhecida: Bonzo, com o slogan “Não é ração. É refeição”. Desde 2001 a Purina pertence à Nestlé.

...e para gatos Whiskas, da Mars, foi a primeira marca a oferecer rações industrializadas para gatos no Brasil. O lançamento foi em 1990.

Rótulos envergonhados

Cachaças regionais costumam ter rótulos que louvam seu conteúdo ou têm nomes baseados em brincadeiras e trocadilhos. Mas poucas se envergonham dos efeitos que a bebida pode trazer. Curiosamente, em meados do século 20, duas marcas – uma de Petrópolis (RJ) e outra de Ubaí (MG) – levavam a Vergonha nos rótulos.


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