EmbalagemMarca 201

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Ano XVII • Nº 201 • Maio 2016 • R$ 15,00

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Marketing

Entrevista

Ação com embalagem flexível impressa digitalmente prova que café é envasado diariamente

Emerson Cação, da BIC, fala sobre importância da embalagem para a marca

Decisão sobre encomenda de ferramentas é fundamental nas indústrias de bens de consumo, e pode determinar o sucesso de um projeto de embalagem – ou seu fracasso



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Estaremos livres do PC? Pensei à primeira vista referir-se ao Brasil um resumo de notícias sobre um único dia na política da Itália, que li recentemente num jornal daquele país. A lista abre com a demissão de uma ministra por ter favorecido o namorado empresário num negócio de petróleo. Em meio a muitas outras cita a extorsão de dinheiro de um industrial por um sindicalista. Vai por aí: lavagem de dinheiro, desvios de verbas públicas, arreglos. Dei-me conta de que se tratava da própria Itália ao ler qual era a cereja do bolo: a abertura de inquérito no Vaticano a respeito de um apartamento de 600 metros quadrados de monsenhor Bertone, braço direito do Papa, que se justificou dizendo haver “trinta cardeais com moradias muito maiores”. Para resumir, o jornal informava que, no mesmo dia, a organização Transparência Internacional classificara a Itália em penúltimo lugar entre países europeus no quesito moralidade pública, apenas à frente da Bulgária. A ideia de fazer neste espaço um resumo semelhante sobre o Brasil esbarrou em nosso insuficiente poder de síntese para descrever em duas curtas colunas tudo o que diariamente se vê de ruim na política local. Se quiséssemos ficar, como fez o jornal italiano, num único dia, bastaria lembrar quantas vezes o presidente da Câmara Federal, condutor do processo de impeachment da presidente da República, foi chamado de ladrão (como se não fosse com ele) na votação de 17 de abril. Aliás, seria suficiente assistir ao BBB dantesco que foi aquela sessão, com deputados declarando votos de fundo religioso e em honra da “minha” (deles) família, de filhos ainda não nascidos, esposas, avós, cartorários e padeiros e mandando recados eleitoreiros para seus currais. Ante espetáculo tão deprimente, pedimos desculpas a nossos leitores por nos desviarmos de nossas costumeiras abordagens sobre embalagem, para falar de nossa preocupação com o quadro político.

Dada a falta de espaço para resumir aqui as extensas “capivaras” de malfeitos de boa parte daqueles votantes e dos incontáveis desmandos de nossos políticos em geral (ressalvadas as raras exceções de sempre), temos de reconhecer, como fez o jornal italiano, que afinal a culpa não é “toda deles”, como se costuma fazer. A verdade é que, mesmo envolvidos muitos deles em processos por corrupção e desvio de dinheiro público, haveria imperdoável tolerância aos crimes dos “maus políticos” por parte dos eleitores, que votam neles. Segundo o jornal da Itália, os votantes daquele país repetem sempre o erro por serem “moralmente preguiçosos”. A movimentação das ruas antes da votação de 17 de abril não permite que se diga serem indolentes os brasileiros. Pelo menos se mexem, e pode-se deduzir que o grosso deles, independentemente do lado em que estavam, se manifestavam sinceramente nas ruas para ver os rumos do País mais bem direcionados. Mas a impressão que se tem é de que, do jeito que as coisas foram encaminhadas, todos acabamos perdendo, e muitos já manifestaram sua vergonha nas redes sociais. Quem se interessou em saber do envolvimento de grande parte de nossos “juízes” políticos em falcatruas certamente concluiria que merece estar mais bem representado. Como nenhum dos atuais partidos detém maioria parlamentar, nosso bagunçado sistema político corria o risco de ser comandado pela única força hegemônica, o PC – isto é, o Partido do Cunha. Em boa hora o Supremo Tribunal Federal o afastou. Mas será que, dos bastidores, ele não continuará “mexendo os pauzinhos”? O novo governo conseguirá livrar-se de negociações com seus paus mandados? Esperemos que sim. De todas as maneiras, futuramente convém usar melhor o voto. Até junho.

Wilson Palhares

“A movimentação das ruas antes da votação de 17 de abril não permite que se diga serem indolentes os brasileiros. A maioria deles se manifestava para ver os rumos do País mais bem direcionados. Mas do jeito que as coisas foram encaminhadas parece que todos acabamos perdendo”




Sumário

Edição 201 • Maio 2016

3 Editorial A movimentação das ruas antes da votação do

16 Reportagem de capa

Na origem de tudo Cuidados básicos no projeto, na encomenda e na conservação de moldes de embalagem podem garantir bom desempenho industrial, comercial e de imagem; do contrário, na certa haverá problemas Por Wilson Palhares

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processo de impeachment não permite dizer que o brasileiro é indolente. A maioria se manifestava para ver os rumos do País mais bem direcionados, mas do jeito que as coisas foram encaminhadas, parece que todos acabamos perdendo 8 Painel Ardagh entra no negócio de latas para bebidas • Amcor adquire a Alusa • RPC confirma a aquisição da Global Closure Systems • Indústria Vidreira do Nordeste (IVN) começa a operar em Sergipe 14 Destilados Kalvelage é a primeira vodca brasileira acondicionada em bag-in-box 22 Entrevista Emerson Cação, diretor de marketing da BIC, diz que força da marca não reduz a importância das embalagens para os artigos de papelaria e demais itens da empresa 26 Marketing Com impressão digital, embalagens do Café Pelé conseguem levar capa do jornal do dia para as gôndolas 28 Flexíveis Indústria de alimentos deve se precaver de interações perigosas entre embalagens flexíveis e produtos acondicionados 30 Internacional Sopas para micro-ondas da Campbell’s usam transparência para atrair consumidor 32 Observatório da embalagem Tendências internacionais em cosméticos para homens podem ser inspiradoras para marcas que atuam no Brasil 33 Internacional Empresa turca é a primeira no mundo a produzir embalagens a partir de bobinas com impressão direta, no sistema de termoformagem vertical 34 Design Prestar atenção a inovações de outros mercados pode ser valioso para o setor de perfumes e cosméticos 35 Display Sucos Nosliw adota nova garrafa de PET • Vedacit lança impermeabilizantes em spray • Coco do Vale apresenta leite de coco saborizado • Santa Fé usa garrafas coloridas para água mineral 40 Almanaque Zé do Caixão em rótulos de cachaça • Sabonete Sallus evitava a “axilose” • O HIV acabou com a Ayds

Empresas que anunciam nesta edição Baumgarten..................................20 e 21 BW Papersystems..................................31 Coim.........................................................17 Congraf...................................................39 Designful..................................................15

Grandes Cases................................. 4 e 5 Indexlabel..................................................7 Innovapack............................................... 9 Krones..................................................... 23 Serac........................................................ 37

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

METÁLICAS

Mais um player de peso Ao comprar ativos da Rexam e da Ball, Ardagh entra no negócio de latas para bebidas. E chega com força ao mercado brasileiro a produção de latas para bebidas terá

© Radomír Režný | Dreamstime.com

em breve uma nova ordem mundial. O Ardagh Group anunciou ter chegado a um acordo para a aquisição de ativos daquelas embalagens junto à Ball e à Rexam. A transação, da ordem de 3,42 bilhões de dólares, compreende complexos em diversas localidades. São dez fábricas de latas e duas fábricas de tampas para latas na Europa, sete fábricas de latas e uma de tampas nos Estados Unidos e duas fábricas de latas no Brasil – as plantas fabris da Latapack-Ball situadas em Alagoinhas (BA) e Jacareí (SP). Também serão incorporadas pela

Ardagh instalações operacionais e de inovação na Alemanha, no Reino Unido, na Suíça e nos Estados Unidos. A venda visa atender a condições impostas por autoridades regulatórias para aprovar a compra da Rexam pela Ball, anunciada no início de 2015 e que criaria uma superpotência em latas para bebidas. O resultado, agora, será o surgimento de dois players influentes no setor. Com atuação expressiva no mercado internacional de embalagens de vidro, a Ardagh estreará em latas como terceira maior fabricante mundial, atrás da Ball-Rexam e da Crown.

Prevê-se que as movimentações sejam concluídas em junho próximo. Desse modo, será concretizada a chegada de mais uma gigante do setor de embalagens ao mercado brasileiro. Com a compra dos ativos da Ball e da Rexam, a Ardagh, sediada em Luxemburgo, comandará 110 fábricas em 22 países, empregará mais de 23 000 pessoas e terá vendas globais superiores a 8,8 bilhões de dólares/ano. “Estamos contentes em expandir as atividades”, declarou Paul Coulson, chairman da Ardagh. “Os ativos adquiridos complementam nossas competências em embalagens.”

Surgimento de novo player no mercado de latinhas é mais um efeito da fusão entre potências do setor

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

FLEXÍVEIS

Expansão nas Américas A Amcor, multinacional australiana de atuação diversificada em embalagens, anunciou ter chegado a um acordo para adquirir a Alusa, um dos principais players em embalagens flexíveis na América do Sul. O valor do negócio deve alcançar 435 milhões de dólares. De origem chilena, a Alusa possui quatro fábricas, sendo capacitada para extrusão de filmes, laminação e impressão por meio de flexografia e rotogravura. É a maior fabricante de embalagens flexíveis do Chile e do Peru, onde atua por meio da Peruplast. Detém, ainda, participação expressiva na Argentina e na Colômbia, países em que controla, respectivamente, a Aluflex e a Flexa. No Brasil, tem escritório comercial em São Paulo. A tacada integra um plano da Amcor de ampliar as atividades em flexíveis nas Américas. Recentemente, a companhia australiana concluiu a compra da Deluxe Packages, dos Es-

tados Unidos. Com as aquisições, a previsão é de que as vendas na região atinjam 1 bilhão de dólares já em 2017. “A Alusa tem uma equipe de gestão forte e proporciona uma plataforma única numa região de crescimento importante”, afirma Ron Delia, diretor geral da Amcor. “Um grande número de nossos clientes multinacionais opera na América do Sul, e a aquisi-

ção aprimora significativamente nossa condição de apoiar suas necessidades.” A aquisição está sujeita à aprovação dos acionistas da Techpack, empresa dona da Alusa ao lado do fundo de capital privado Nexus Private Equity, bem como à aprovação pelas autoridades reguladoras competentes. A conclusão está prevista para os próximos meses. Amostras de embalagens produzidas pela Alusa, agora pertencente à australiana Amcor

VIDRO

IVN dá a partida em Sergipe

GENTE

Rotação na Heidelberg A Heidelberg tem novo comandante no Brasil. Danilo D. Alves (foto) assume a presidência do negócio no lugar de José Luis Gutiérrez, destacado para assumir as operações da fornecedora alemã de equipamentos de impressão na Espanha, sua terra natal. Alves tem passagens por empresas nacionais e multinacionais de grande porte nas áreas de mineração, metalurgia, energia elétrica, varejo, química, alimentos e logística. Pela primeira vez atua no setor gráfico.

Uma cerimônia realizada no dia 4 de abril marcou a inauguração oficial da Indústria Vidreira do Nordeste (IVN). Localizada em Estância (SE), a vidraria será voltada à produção de garrafas e potes para indústrias de bebidas e alimentos, posicionando-se como quarta fábrica no Brasil da Verallia – a multinacional francesa é sócia minoritária da iniciativa, que tem como principal artífice a Ipiaram Empreendimentos e Participações, de Sergipe. As outras três fábricas da Verallia no Brasil estão situadas em Campo Bom (RS), Porto Ferreira (SP) e São Paulo.

Com 30 000 metros de área construída, a IVN contaria com os mais modernos equipamentos e alto nível de automação. Sua operação mobilizará 195 funcionários, além da construção de um polo vidreiro na região, com usina de areia e serviços de transporte. “Em breve, os potes e garrafas produzidos pela fábrica farão o Nordeste deixar de importá-los de outras regiões, gerando não só eficiência e competitividade para as empresas aqui instaladas, mas, principalmente, emprego e renda para a nossa gente”, afirma Ruy Campos Vieira, diretor executivo da Ipiaram.

Detalhe das instalações da IVN. Complexo em Sergipe é a quarta vidraria da Verallia

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FECHAMENTOS

MERCADO

GCS é da RPC

Parceria em fitas

A inglesa RPC, peso-pesado no mercado europeu de embalagens plásticas rígidas, confirmou a aquisição da Global Closure Systems (GCS), especializada em tampas e válvulas. O negócio foi fechado por 650 milhões de euros. Fundada em 2005 pelo fundo de private equity francês PAI Partners, após a compra dos ativos em fechamentos da americana Crown Cork e sua integração a outras companhias controladas do mesmo setor, entre elas a alemã Zeller Plastik, a GCS possui 21 fábricas distribuídas por treze países. Tem soluções oferecidas no Brasil pela América Tampas, graças a um acordo de licenciamento tecnológico.

O grupo francês Saint-Gobain anunciou a compra de 51% do capital da Poli Tape, fabricante de fitas adesivas sediada em Canoas (RS). A transação, de valor não revelado, cria uma joint venture entre as empresas. A Poli Tape produz fitas para fechamentos de embalagens e para canais como o automotivo, o médico e de uso geral.

Tampa da GCS: agora no portfólio da RPC

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BIOPLÁSTICOS

Pegada negativa com aval O I’m green, polietileno produzido pela Braskem a partir do etanol da cana-de-açúcar, é o primeiro produto da indústria petroquímica brasileira a receber a certificação da pegada de carbono – iniciativa lançada pelo Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio (MDIC) no âmbito de ações para implantar em setores prioritários a Política Nacional de Mudanças Climáticas.

O certificado decorre de uma avaliação feita pela Carbon Trust e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que verificou que o plástico “verde” tem pegada de emissões negativa (-2,11 quilos de CO2 por quilo de produto). Comprovou-se, portanto, que a fabricação do material ajuda a “sequestrar” gás poluente da atmosfera. Saiba mais em: emb.bz/201bioplastico

DECORAÇÃO

Mais rotulagem sem rótulo Após lançar uma edição especial de cerveja em garrafa de PET sem rótulo, com decoração feita por uma tecnologia inovadora de impressão digital, a cervejaria belga Martens volta a adotar a solução, agora num produto de venda regular. A empresa anunciou que sua cerveja Martens Pils não terá mais rótulos de papel em suas long necks de plástico, e sim gravação direta da arte. Assim como no primeiro uso da decoração direta, ocorrido em meados de 2015 numa ação

temporária com a cerveja Dagschotel, em que o rótulo inclusive funcionou como “gatilho” para uma brincadeira com realidade virtual (ver emb.bz/193rv), a tecnologia de impressão digital empregada pela Martens é a Direct Print, desenvolvida pela fabricante alemã de equipamentos KHS. A solução foi implantada por meio da NMP Systems, subsidiária da KHS. O processo utiliza tintas UV LED de baixa migração e certificadas para uso em embalagens de alimentos. Martens passa a usar com regularidade decoração direta em garrafa de PET

112,4

bilhões de dólares deverá ser a receita obtida pelo mercado mundial de embalagens de bebidas em 2016. A consultoria inglesa Visiongain prevê que o crescimento modesto projetado para o atual exercício (inferior a 3%) deverá continuar nos próximos dez anos “devido à maior austeridade financeira, à diminuição dos preços das commodities e à desaceleração da economia chinesa”.

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bilhões de unidades foi a produção mundial de latas de alumínio para aerossóis em 2015. O índice repetiu o resultado recorde do ano anterior, de acordo com a Aerobal (Organização Internacional dos Fabricantes de Recipientes de Alumínio para Aerossóis). Segundo a entidade, 80% do volume foram escoados para o acondicionamento de desodorantes.

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

PLÁSTICOS GENTE

Aditivo contra insetos

Liderança ambiental

Especialista em especiarias químicas, a inglesa Symphony afirma ter desenvolvido um aditivo anti-inseto para plásticos. Os componentes ativos funcionariam inclusive para matar e repelir o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da febre chikungunya e do vírus zika. Entre as aplicações potenciais da novidade estão embalagens e produtos como calhas, telas mosquiteiras, artigos de vestuário, filmes agrícolas e vasos para plantas. “É uma tecnologia atóxica, testada e aprovada por órgãos fiscalizadores do mundo inteiro”, diz Eduardo Van Roost, diretor da RES Brasil – empresa credenciada para comercializar as tecnologias e aditivos da Symphony no Brasil.

A Tetra Pak tem nova diretora na área de meio ambiente. É Valéria Michel (foto). A executiva atua na fornecedora de soluções em embalagem há quinze anos, e vinha ocupando a gerência do mesmo departamento – liderado de 2002 até o final de 2015 por Fernando Von Zuben, agora consultor independente em questões ambientais. Formada em Engenharia Química pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI/SP), Valéria é especializada em Gestão Ambiental pela Unicamp/SP. Antes de ingressar na Tetra Pak, trabalhou em empresas como General Motors e Crosfield, uma filial brasileira do grupo ICI.

BIOPLÁSTICOS

Joint venture promissora Uma nova parceria promete acelerar o desenvolvimento e a oferta em grande escala do polietileno furanoato (PEF), material promissor para a produção de embalagens. A BASF anunciou estar negociando a criação de uma joint venture com a holandesa Avantium para fabricação e venda de ácido furanodicarboxílico (FDCA), substância química essencial para a produção do PEF. O acordo contemplaria o apoio da BASF para o aprimoramento de tec-

nologia desenvolvida pela Avantium, além da construção de um parque capaz de processar 50 000 toneladas por ano de FDCA numa fábrica da gigante alemã situada em Antuérpia, na Bélgica. Em nota, as empresas afirmam que a meta é consolidar uma posição de liderança mundial na matéria e licenciar a tecnologia para aplicações em escala industrial. O PEF é promovido como opção “verde” e até superior em desempenho técnico ao PET.

Obtida a partir de fontes vegetais, a resina apresentaria maior barreira a gases, permitindo ampliar a vida de prateleira de produtos. Também teria maior resistência mecânica, viabilizando a produção de embalagens mais leves. Segundo a Avantium, os principais nichos de aplicação serão garrafas de bebidas carbonatadas e filmes para envoltórios e rótulos. O material seria reciclável.

DATAS

FECHAMENTOS

Trinta anos de atividades

Em seringas de vidro ou de polímero

Em março, a Alphaprint completou 30 anos. A empresa, estabelecida em 1986 com a venda de impressoras offset para jornais, foi ao longo dos anos diversificando atividades no mercado gráfico. Hoje, fornece equipamentos, insumos e softwares para os segmentos editorial, promocional, comercial, de sinalização e de embalagens, na área de cartonagem. Recentemente, a Alphaprint anunciou a inclusão em seu portfólio de soluções para a impressão de rótulos e etiquetas.

A Schott acrescentou novos sistemas de fechamento ao seu portfólio de seringas preenchidas (PFS). As novidades são as tampas Rigid Cap disponíveis para as seringas syriQ, feitas de vidro, e TopPac, feitas de copolímero olefínico cíclico (COC). Segundo a fabricante, os componentes, do tipo twist-off, garantem vedação extrema ao mesmo tempo em que proporcionam abertura fácil e intuitiva. A solução para syriQ (SRC), disponível desde janeiro último, combina tampa de borracha tip cap com uma tampa rígida para conexão a um adaptador Luer Lock por meio de rosca. O sistema é entregue pré-montado com as seringas de vidro, em conjuntos esterilizados. A solução para seringas preenchidas de polímero será lançada no decorrer do ano.

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Tampa tem sistema de rosca e é entregue montada


PET

Achado promissor De acordo com a revista Science, uma equipe de pesquisadores japoneses do Instituto de Tecnologia de Kyoto e da Universidade de Keio descobriu uma espécie de bactéria que pode fragmentar e metabolizar o PET – e de possível emprego no tratamento de embalagens descartadas inadequadamente. Segundo a reportagem, os cientistas verificaram que a Ideonella sakaiensis 201F6 é capaz de “comer” o PET, utilizando-o como fonte principal de energia e carbono. Através da

produção de duas enzimas, o micro-organismo converteria o material plástico em seus dois monômeros ambientalmente benignos, o ácido tereftálico e o etileno-glicol. “Acreditamos que a biodegradação por bactérias especializadas possa ser uma estratégia de remediação viável para as toneladas de plásticos jogadas no ambiente”, dizem os autores do estudo. Saiba mais sobre o estudo (em inglês): emb.bz/201bacteria

FILMES

Venda de celofanes A Innovia anunciou a venda de sua unidade de negócios Cellophane, baseada na produção de filmes de celulose regenerada, para a japonesaFutamura Chemicals. O valor da transação não foi revelado. De acordo com a Innovia, a manobra lhe permitirá concentrar foco nas atividades de produção de papel-moeda polimérico – no qual afirma deter 99% de participação no

mercado mundial – e de filmes de polipropileno biorientado (BOPP). Em 2015, a divisão de celofanes, que inclui a linha NatureFlex de filmes para a produção de embalagens, gerou à multinacional britânica receita de 118 milhões de euros. Por sua vez, a Futamura é líder do mercado japonês de filmes plásticos para alimentos, sejam de matriz sintética ou natural.

DATAS

Norman Knowlton King (1925-2016) Faleceu em 21 de março último Norman Knowlton King, um dos pioneiros da indústria de rótulos autoadesivos no Brasil. Antigos amigos referem-se a ele como um importante protagonista da “fase do pré-autoadesivo” no País. Foi sócio e primeiro presidente da Shellmar Embalagem Moderna, constituída em 1947, em São Bernardo do Campo (SP), pela Continental Can, dos Estados Unidos. De certa forma, foi dali que brotou em solo brasileiro um dos ramos da hoje frondosa árvore dos autoadesivos. Acontece que King era muito amigo do presidente da 3M (americano como ele), empresa da qual adquiria as fitas adesivas em branco – que só ela fabricava, em Campinas (SP) – e que imprimia com marcas. Foi uma revolução. O produto veio substituir, com vantagens como economia de tempo e de mão de obra, os barbantes amarrados a pacotes de artigos de consumo e os arcos de fechamento envolvendo caixas de papelão para despacho. Contemporâneos contam que num determinado dia o presidente da 3M fez uma visita à

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Shellmar, e King não se eximiu de mostrar-lhe todas as instalações da fábrica. Contudo, quando solicitou permissão para retribuir a visita o amigo negou. Na base do “amigos, amigos, negócios à parte”, King não teve dúvidas: decidiu começar a fabricar o material. Dos quadros da própria empresa convocou o engenheiro Tibor Ferencz Monar para montar uma laminadora no recinto da fábrica. O engenheiro enfrentou o desafio com total êxito, e em menos de um ano a Shellmar estava produzindo as próprias fitas que imprimia e que fornecia também em branco para a rede distribuidora na época: lojas de ferramentas, concentradas na rua Florêncio de Abreu, secularmente especializada nesse tipo de comércio na cidade de São Paulo. Logo começaram a multiplicar-se na cidade e depois em outros estados fora de São Paulo as gráficas convertedoras de etiquetas autoadesivas propriamente ditas. Várias se tornaram gigantes e estão no mercado até hoje, algumas com filiais no exterior. A Shellmar fechou há cerca de quatro anos.

GENTE

Gerente para a AL A tna, multinacional australiana especializada em equipamentos de embalagem, nomeou Thiago Roriz (foto) gerente geral para a América Latina. O profissional ingressou na companhia há quatro anos, como gerente de projetos, e foi responsável pela abertura do escritório brasileiro, em 2013. Ele ficará baseado no México.

CORREÇÕES

Vitalatte permanece; rótulo da Shefa, não Em EmbalagemMarca nº 200, de fevereiro último, na reportagem “Uma questão de tempo”, a informação de que a Vitalatte, do Rio de Janeiro, teria descontinuado o acondicionamento do leite de sua marca em garrafas de vidro, devido à “demanda insuficiente”, levou o gerente de marketing e inovação da Owens-Illinois (O-I), Daniel Amaral, a enviar-nos mensagem em que informa que “o produto continua sendo comercializada em garrafas fornecidas pela O-I – inclusive registrando aumento em vendas, diferentemente do que é comentado na revista”. A informação divulgada naquela edição foi dada pela Verallia, que anteriormente fornecia as garrafas de vidro ao laticínio fluminense. ••• Na mesma edição, a reportagem “Diferença sem dissabor” estampou imagem das garrafas de leite da Shefa com rótulo desatualizado. Aquele em uso corrente é o mostrado na imagem ao lado.


Destilados

Doses na caixa Vodca inova com bag-in-box no segmento de destilados

Vodcas

alterações de sabor ou de cor após a embalagem ser aberta. “Quando pensamos em aderir ao bag-in-box, avaliamos primeiramente se a qualidade seria a mesma da bebida engarrafada. Comprovado isso, apostamos nela por ser mais econômica, causar uma pegada de carbono menor e proporcionar maior facilidade no manuseio, inovando e criando mais uma opção para os nossos consumidores”, destacam. Por razões estratégicas, a empresa prefere não informar quem são os fornecedores dos componentes da embalagem. O design gráfico foi desenvolvido internamente.

nacionais e importadas chamam a atenção pelo esmero na apresentação de suas embalagens. O design leva as garrafas a ser consideradas objetos de desejo por quem as vê em prateleiras. Por esse apelo ao design, é incomum ver o uso de outros tipos de embalagem para acondicionar a bebida. Mas a Indústria e Comércio de Bebidas Kalmae, de Botuverá (SC), acaba de quebrar esse paradigma no Brasil, com o lançamento de sua vodca Kalvelage em embalagens bag-in-box (BIB). A embalagem tem uma torneira plástica acoplada para facilitar o manuseio. A bebida está disponível em BIBs de 5 litros. Segundo os irmãos Marcos e Maurício Kalvelage, fundadores da marca, um dos motivos que os levou a optar pela nova embalagem foi a redução de custo em cerca de 30%, além da conservação da bebida, que não sofre

Kalvelage é a primeira vodca brasileira a aderir ao bag-in-box

Novidade também no exterior O uso do bag-in-box para vodcas também não é muito comum no exterior. Alguns lançamentos pontuais chamam a atenção, como o feito recentemente pelo grupo norte-americano The Aristocrat, que apresentou ao mercado a Big Box Vodka, uma das primeiras bebidas destiladas do mundo a ser acondicionada em bag-in-box de 1,75 litro. Outra novidade recente, dessa vez apresentada por uma gigante – a Diageo – na África do Sul, é a vodca saborizada Smirnoff Box. A bebida é vendida em BIBs de 1,5 litro em vários sabores.

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Sistema de embalagem bag-in-box para vodcas começa a aparecer no exterior



reportagem de capa

Na origem de tudo Cuidados básicos no projeto, na encomenda e na conservação de moldes de embalagem garantem bom desempenho industrial, comercial e de imagem Por Wilson Palhares

Se há um exemplo de que “o barato sai caro” pode-se afirmar que o dos moldes de embalagens é perfeito. Fundamental na fabricação de frascos, garrafas e recipientes em geral, bem como de outros incontáveis objetos do cotidiano, essa peça pode ser a mãe de todas as virtudes – ou de todos os defeitos. Justamente por isso, a decisão de encomenda de moldes nas indústrias de bens de consumo é uma das que costumam gerar muitas dúvidas. As principais incertezas se referem à qualidade da peça, à sua vida útil, à assistência pós-venda, aos prazos de fornecimento do molde e de componentes de substituição, à conveniência ou não de comprar na China e, claro, ao custo. Em geral é este o fator preponderante nas decisões, sem que muitas vezes se considere eventuais incertezas quanto à segurança do processo e à garantia de qualidade das embalagens produzidas. E à natural pergunta que daí emerge (“Por onde começar?”) a resposta é: “Pelo começo”. É sobre a fase prévia da encomenda que Vinicius Zagato, coordenador técnico comercial da Qualinjet, empresa de Taboão da Serra (SP) voltada para a fabricação de embalagens plásticas por processo de injeção, e demais especialistas no assunto fazem uma recomendação básica. A de que, nos limites dos orçamentos, não se deve poupar recursos, inclusive financeiros, para obter um bom molde. Para o desenvolvimento do projeto é preciso ter em mente que se trata de muito mais do que um bloco de duas placas de cuja junção se formam uma ou mais cavidades (macho e fêmea) em que serão formatados os objetos (ver, no quadro, mais “Recomendações básicas”). Por trás dessa ferramenta fundamental existem complexos trabalhos de engenharia e incontáveis outros cuidados que não se pode ignorar. Trata-se de conhecimentos técnicos que os integrantes dos departamentos de marketing das empresas, geralmente investidos de poder de decisão no desenvolvimento de embalagens, nem sempre detêm em nível suficiente para definir se o recipiente será factível ou não. Assim, dominar detalhes minuciosos de raios, ângulos, gavetas, pontos de injeção, extração e outros aspectos é muito importante para que se possa obter uma ferramenta bem dimensionada e eficiente. Quando não se tem esse domínio, só há uma saída: buscar apoio técnico junto a fornecedores dotados de know-how e

16 | Maio 2016

Tomar as decisões corretas na escolha dos moldes usados na transformação de embalagens (sem olhar apenas preço) é fator decisivo para o sucesso ou fracasso de um projeto


equipamentos para executar a ferramenta. Perfeitamente habilitadas para isso, existem em abundância no País, como as há muitas que não o são. Neste caso, é desnecessário sugerir que se busque referências de mercado. Feito isso, há alguns passos básicos para encomendar um molde. Para começar, é primordial definir a escolha do material de que será feita a peça e também aqueles a ser utilizados para nela moldar os objetos, seja por sopro, seja por injeção (estes, sempre mais caros, dado serem mais complexos). Ferramentarias normalmente projetam o molde de acordo com a resina das embalagens a ser produzidas (PP, PE, PET, PC, PS etc.), já que suas contrações durante o processo são diferentes umas das outras.

Independentemente dessa particularidade, para a confecção de um molde 100% eficaz e duradouro jamais se poderá excluir a escolha de metal (aço) da mais alta qualidade. E cabe reiterar que os custos diferem entre peças destinadas a moldagens por injeção ou por sopro. Ferramentas de injeção são mais caras por necessitarem de dimensionamento mais preciso das cavidades e, principalmente, do sistema de refrigeração, para que se obtenha um baixo ciclo de produção, resultando em alta produtividade. E é sempre bom ter em conta que, basicamente, existem dois tipos de fornecedores – os que oferecem o menor preço possível (graças ao uso do aço e de implementos o mais baratos possível) e os focados em qualidade (baseada em matéria-prima e componentes para confecção top de linha). Essas considerações e providências a ter em mente na hora da encomenda são tão essenciais quanto aquela necessária para a elaboração do projeto de construção da ferramenta. Guardadas as diferenças, encomendar um molde é como pedir a um empreiteiro de obras para construir uma casa com três dormitórios, sala de estar, quatro banheiros e garagem para cinco veículos. Numa encomenda feita dessa maneira, obviamente faltam muitas informações essenciais. “Assim como um construtor pedirá ao interessado não só uma planta elaborada por um arquiteto ou por um engenheiro civil, para executar uma ferramenta que não traga problemas durante seu uso e para fazer um orçamento correto um fornecedor de moldes precisará de uma lista minuciosa do que dela se espera”, compara Zagato. “Há muitos fatores de custos na construção de um molde, como o número de peças que se pretende produzir com ele ao longo do tempo. Quanto mais clara a descrição, mais exata será a cotação de preços.” A esse cuidado preliminar, deve-se adicionar alguns, complementares mas também essenciais, como os destinados a manutenção e a um estoque mínimo de peças de reposição. “Já presenciei casos em que, por não investir em cuidados com seus moldes, empresas tiveram bons motivos para se arrepender”, conta o executivo. Num exemplo mais ou menos recente de indústria autoprejudicada, cujo nome aquele profissional não abre, ocorreu prejuízo estimado em cerca de 1 milhão de reais devido à recusa em investir algo próximo a 30 000 reais em peças de substituição de um molde. “O equipamento ficou parado por aproximadamente


dez dias, enquanto eram confeccionados os componentes gastos daquela peça ”, recorda. “Foi um terço do mês sem produzir e sem colocar produto no mercado.” Numa lista de cuidados básicos a tomar quando da encomenda de moldes, o coordenador técnico da Qualinjet insiste na necessidade de investir-se em peças de reserva (spare parts), para, em casos de quebras ou defeitos, o transformador ter sempre garantida a continuidade da produção. Nas paradas, ele ressalta, “o prejuízo não é só financeiro, o impacto é direto também na imagem da empresa, pois na maioria das vezes os produtos já estão vendidos – e não são entregues”. Ou seja: considerando-se o alto custo de um molde, uma das palavras de ordem para dele se obter o máximo benefício é manutenção. “Já vi moldes com mais de quinze anos de vida produzindo e em perfeitas condições de produção, devido a sua boa manutenção”, relata. Zagato faz uma ressalva: deve-se avaliar até que ponto é viável manter um molde por tanto tempo, já que a tecnologia avança rapidamente e faz surgir novidades que ajudam a reduzir ciclos, otimizar setups e economizar energia e gastos em refrigeração. De qualquer forma, a importância de se fazer manutenções preventivas é essencial. Em geral, finalizadas as produções, os moldes devem passar por uma vistoria e eventualmente por algum reparo, de modo a não falhar quando solicitados para uma nova produção.

Nesse sentido, é indispensável fazer o acompanhamento (controle) da vida útil de cada molde. O mais recomendável, na opinião consensual de consultores ouvidos para a elaboração deste serviço, é fazer-se anualmente uma auditoria dos moldes junto ao convertedor. “Ninguém melhor do que ele para expor onde estão os problemas de cada peça, de modo que se possa saber onde é preciso investir para garantir a produção sem interrupções”, diz um desses profissionais. Quanto a suprir-se localmente ou importar, Vinicius Zagato considera que a diferença não chega a ser expressiva, mesmo com a agravante dos impostos de importação na segunda alternativa. Ainda assim, devido à alta taxa do dólar, os valores

18 | Maio 2016

Considerações básicas Com moldes de embalagens bem projetados, bem executados e bem conservados, dificilmente as empresas que os utilizam terão problemas. Para tanto, seguem abaixo algumas sugestões de cuidados básicos que não têm custos altos e, prolongam a vida útil dos moldes. Detalhes como refrigeração intensiva para redução de ciclos (consequentemente, aumento de produtividade), inclusão de materiais alternativos (exemplo: cobre-berílio) que permitem troca eficiente de calor, sistemas de extração simples, engates rápidos etc. contribuem muito para a produtividade, a redução de tempos de setups, a facilidade de manutenção, lubrificação e limpeza Para obter bons resultados em embalagens sopradas, é importante dimensionar com precisão os chamados ferramentais periféricos (pinos de sopro, ponteiras, bucha, trafilas); considerados acessórios, normalmente não são fornecidos com os moldes por seus fabricantes Para ferramentais de injeção, há pontos em comuns também com os de sopro, mas devido à complexidade maior do processo por injeção os cuidados devem ser redobrados Abaixo, algumas peças de reposição que devem sempre ser mantidas em estoque e alguns cuidados básicos, que sem representar custos altos prolongam a vida útil dos moldes: Moldes de sopro Anéis de cortes, pinos de sopro, ponteiras de sopro, buchas de corte, buchas e colunas (guias). Ao finalizar uma produção, uma limpeza geral no molde é obrigatória. Idem lubrificação de buchas e colunas, limpeza das cavidades e posterior aplicação de produtos protetivos. A eliminação da água industrial também é fundamental, pois normalmente ficam dentro dos moldes, e o sistema de refrigeração pode ser atacado pela corrosão com a água armazenada dentro dos moldes. Moldes de injeção Alguns cuidados mudam em relação aos sugeridos acima. Recomenda-se ter pelo menos 10% do número de cavidades do molde de peças de reserva. São cavidades, buchas extratoras, machos, gavetas, componentes de IMC (quando fechamento de tampas flip-tops dentro do molde) etc. Estas peças, que exigem considerável tempo de construção, são as que sofrem maior desgaste, e as ferramentarias normalmente não as têm para pronta entrega. Não tê-las à mãos quando necessário é prejuízo inevitável. O procedimento de limpeza é semelhante ao de moldes de sopro e deve ocorrer sempre ao final de uma produção. São itens obrigatórios: limpeza geral no molde; lubrificação de buchas, colunas e peças que sofrem maior atrito (cremalheiras); limpeza das cavidades e posterior aplicação de produtos protetores; eliminação da água industrial

Fonte: Vinicius Zagato, Qualinjet

Detalhe de molde de injeção usado na produção de tampas de rosca


acabam não sendo tão viáveis, mas isso deve ser colocado na balança, e a relação custo-benefício deve ser avaliada caso a caso. Problemas de pós-venda já não seriam tão acentuados como costumava ocorrer no início da onda de importações de moldes da China, de custos invariavelmente menores que os nacionais. Ao que diz o executivo, isso teria mudado, e ainda que estejam do outro lado do mundo hoje as assistências técnicas, quando solicitadas, seriam bem eficientes. “Na maioria das vezes”, explica, “os try-outs de moldes importados são realizados no Brasil com acompanhamento do fabricante do molde até sua aprovação em máquina.” Referindo-se especificamente a importações da China, Zagato entende que fornecedores daquele país operam sem muita margem extra de vida útil para os moldes. “Se o pedido for feito para um molde de injeção capaz de produzir 1 milhão de peças, a China é uma boa alternativa, tanto de prazos de fornecimento quanto de preço”, ele acredita. “Mas o molde possivelmente vai durar só até produzir 1 milhão de peças. . .” Finalmente, embora haja amplo campo para ponderar em relação à encomenda de moldes, é recomendável adotar uma cautela que certamente eliminará possíveis dores de cabeça: a de que, se as vantagens verbais de qualidade, atendimento e de preço forem grandes demais, é melhor não aceitá-las. Exemplo de ferramenta empregada no sopro de garrafas PET




entrevista

O ocaso

da caneta-tinteiro tem como um dos principais responsáveis o francês Marcel Bich (1914-1994). Após atuar por alguns anos na fabricação de peças para aquele instrumento clássico de escrita, Bich desenvolveu e lançou em 1950 uma caneta esferográfica boa e barata. O sucesso retumbante da BIC Cristal abriu caminho para a BIC se tornar uma potência em material de papelaria e gerar outras inovações, firmando-se como fonte de artigos confiáveis e acessíveis. É uma reputação que, não obstante ajude muito os negócios, depende bastante da forma com que os produtos são apresentados, conforme explica nesta entrevista Emerson Cação, diretor de marketing da operação brasileira da companhia, que em 2015 completa sessenta anos. “Nossas atividades não comportam altos investimentos em mídia de massa”, observa o executivo. “A embalagem, portanto, acaba sendo nossa principal ferramenta de interação com o público”.

Força da marca não reduz a importância das embalagens para os artigos de papelaria e demais produtos de gigante francesa. Emerson Cação, diretor de marketing da BIC, explica as razões e detalha medidas tomadas para atendê-las

22 | Maio 2016

foto: Sendi Moraes

“Uma escrita na companhia”

Como a embalagem influencia as vendas de artigos de papelaria e escritório, principais produtos da BIC? A influência é enorme. A embalagem é a principal ferramenta de comunicação da BIC. Até porque você não vê grandes investimentos de mídia de massa para material de papelaria. São produtos mais acessíveis e que não suportam grandes investimentos em publicidade. Os aportes em mídia se concentram no período de volta às aulas, mas os produtos estão disponíveis o ano todo. Por isso, a embalagem é fundamental na interação com o público, divulgando novidades, benefícios, preços e promoções, além de colocar a marca em evidência. Para nós, embalagem é mais importante do que mídia, do que redes sociais, do que tudo. Existe uma preocupação constante de melhorar as embalagens, de fazê-las evoluir, embora não possamos ser extremamente ativos. Não dá para termos a mesma dinâmica de alimentos ou bebidas, por exemplo, porque o timing de giro dos nossos produtos é longo, mais espaçado. Se fizéssemos muitas alterações, criaríamos uma esquizofrenia no mercado. Os movimentos são programados.


Que aprimoramentos recentes o senhor destacaria? Nos últimos cinco anos nós instituímos um padrão de Pantone nas embalagens. Estabelecemos o background laranja como padrão, para criar um bloco tonal nas gôndolas e nas lojas. Sabemos, por pesquisas, que a cor é a primeira coisa identificada pelo consumidor na busca de um produto. Também aumentamos o tamanho do logotipo BIC, aumentamos sua proporção em relação aos demais elementos da embalagem. A ideia é evidenciar cor e marca e deixar a embalagem mais limpa, mais objetiva e marcante. Destacaria, também, uma curiosidade implantada nas embalagens das canetas, que são o principal ícone da companhia. O código de barras tem o formato de uma tampinha de caneta. É uma brincadeira para descontrair o back panel, tradicionalmente mais burocrático por ter dados técnicos e aqueles determinados por legislação. Ano após ano o noticiário fala de aumentos nos preços do material escolar. Ultimamente, porém, o poder de compra do brasileiro vem caindo. A crise tem influenciado o desenvolvimento de produtos e embalagens pela BIC? Tivemos muitos aumentos na cadeia de suprimentos. Os custos subiram. Principalmente os das matérias-primas importadas, devido à alta do dólar. Mesmo assim, nossos preços se elevaram bem abaixo da inflação. Diante da crise, conseguimos absorver parte dos custos e lançamos esforços para gerar o mínimo repasse possível aos consumidores. Temos procurado atenuar o impacto por meio de ações relacionadas ao acondicionamento dos produtos e à sua distribuição, mas não estou autorizado a dar detalhes. Convém lembrar que a oferta de produtos de qualidade a preços acessíveis está no DNA da BIC. A caneta mais famosa da marca traduz isso. E estamos encarando com muita dedicação o desafio de atender ao anseio dos consumidores por produtos mais adequados às suas necessidades – seja em preço, em tecnologia, em praticidade ou em beleza. Como marca de referência na maioria

A preocupação em melhorar as embalagens é constante, embora não possamos ser extremamente ativos. O timing de giro dos nossos produtos é mais espaçado. Se fizéssemos muitas alterações, criaríamos uma esquizofrenia no mercado


das frentes em que atua, a BIC deve ser um alvo constante de falsificadores. Qual o impacto da pirataria no faturamento da empresa? O problema existe, atrapalha todas as grandes marcas, mas felizmente temos conseguido controlá-lo. Isso porque temos uma atuação forte contra os falsificadores. Somos associados ao BPG (Brand Protection Group, ou Grupo de Proteção à Marca), órgão que trabalha na identificação de produtos no mercado, na comunicação com autoridades e até no relacionamento com comerciantes de produtos falsificados, porque existe muita gente de boa fé que vende pirataria sem saber. É um esforço, sobretudo, de informação. Há apoio de controle nas fronteiras, treinamento de pessoa da Receita e da Polícia Federal, para que eles saibam das diferenças entre produtos autênticos e ilegítimos.

Em suas embalagens, BIC prioriza o plano de fundo laranja. Outra ideia é fazer o logotipo sobressair cada vez mais

A empresa utiliza a embalagem como meio de coibir a pirataria? O uso de elementos distintivos, como a já citada cor laranja, além da priorização de embalagens de qualidade, acaba facilitando a distinção entre produtos originais e piratas. E temos um caso de sucesso que, mesmo não sendo exatamente de embalagem, tem a ver com apresentação do produto: o desenvolvimento junto ao Inmetro, em 1995, de um selo holográfico para isqueiros. A medida ajudou a coibir a circulação de produtos pirateados, que eram muitos, e teve outro efeito positivo. Muitos produtos sem qualidade ou condição técnica de existir, por implicar risco ao consumidor, tiveram de ser retirados do mercado ou se enquadrar a padrões de segurança.

mais a criatividade da imagem impressa em detrimento da visibilidade dos produtos. É uma pena, mas é uma necessidade para manter a segurança do negócio dos nossos clientes. Outra medida tomada foi a substituição dos blisters de muitos produtos por flow packs. Além de dificultar roubos, a nova embalagem é mais eficiente e bonita, a nosso ver. Por fim, nossos promotores são incumbidos de observar e tomar medidas. Quando tem muita ocorrência, a orientação é colocar produtos em lockers (confinados) ou aplicar fita nas embalagens, para dificultar o furto. Infelizmente, é um problema que ocorre todos os dias, em todas as lojas, em qualquer categoria. E não é exclusivo do Brasil. Estive recentemente no Canadá, onde lâminas de aparelhos de barbear, como as da BIC no Brasil, são alvos de roubos.

Assim como ocorre com outros produtos e marcas, não é raro depararmo-nos com embalagens da BIC violadas nos pontos de venda, com parte ou a totalidade do conteúdo furtado. A empresa procura combater esse problema por meio das embalagens? Também não é um problema enorme para o negócio, mas acontece e tem nossa atenção. Tentamos reduzir as janelas dos cartuchos e das nossas embalagens em geral para que não exista esse espaço para retirada de produto. A saída é usar

Blisters são muitas vezes motivos de queixas dos consumidores, pela dificuldade de abertura. A empresa recebe críticas desse gênero? Que eu saiba, não. Portanto, se houver esse tipo de reclamação, ele não deve ser representativo. Nossas embalagens são simples de abrir. Isso se encaixa na preocupação com acessibilidade, que não tem a ver somente com preço e disponibilidade, mas também com facilidade de uso. Nossas embalagens devem ser seguras, simples e fáceis de abrir. Mas a

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questão da facilidade de abertura não é tão importante quanto, por exemplo, em um sorvete, em que o consumidor tende a ficar irritado caso tenha de procurar por mais de alguns segundos pelo modo de abrir a embalagem. Supõe-se que a distribuição seja algo complexo para a BIC, pelo escoamento de produtos da marca em variados canais de venda. Como as embalagens ajudam essa operação? A distribuição é um fator fundamental para o sucesso de qualquer fabricante de bens de consumo. Ainda mais no Brasil, onde a operação torna-se mais complexa pelas dimensões do País, pela infraestrutura e pelas peculiaridades – cada Estado tem sua legislação, seus impostos, seus processos... A BIC desenvolveu uma capacidade muito boa de distribuição capilar, em todos os formatos e canais. Temos embalagens de transporte e de venda específicas para o atendimento de diferentes canais – atacado, cash & carry, distribuidores que fracionam para revender a lojas pequenas, supermercados, lojas de bairro. Trabalhamos com o conceito PDQ (pretty damn quick), isto é, caixas-display adequadas para cada


tipo de loja. Essa versatilidade em atendimento conta bastante para nossa liderança no mercado nacional de papelaria. A BIC vem ampliando a atuação na seara de produtos para barbear. O que tem sido priorizado na apresentação desses artigos? Um aspecto priorizado, como não poderia deixar de ser, é a boa visibilidade da marca BIC. Ela é um apoio óbvio, pois é reconhecida por ter produtos que não falham e que são acessíveis. Você coloca a marca BIC numa embalagem e o consumidor pode nem identificar de imediato o que é o produto, mas sabe que é algo bom, bonito e barato. Afora isso, toda embalagem de produto novo, para segmentos novos, tem que destacar o diferencial, um claim, deixar claro para o consumidor qual é o benefício oferecido. Se o diferencial é preço, muitas vezes a etiqueta de preço já indica. Nossos cremes, géis e bálsamos da linha de barbear prometem proteger e condicionar a pele. São atributos destacados nas embalagens. Como são geralmente definidas as embalagens adotadas pela BIC no Brasil? A empresa possui um departamento de desenvolvimento de embalagens ou costuma recorrer a agências de design? O processo é um tanto híbrido. Temos uma estrutura própria, com designers

Caixas de transporte: BIC teria modelos “para atender aos mais diferentes canais”

que trabalham na adaptação de embalagens para o portfólio, adaptações de SKUs, mas também capazes de desenvolver embalagens. Também temos embalagens primárias projetadas por agências de design na América Latina e por agências locais, especialmente para a concepção de embalagens diferenciadas, de linhas específicas ou lançamentos um pouco mais importantes ou peculiares. Todos os trabalhos baseiam-se num brand book e, depois, num guia de embalagem. Esse guideline dá o norte, estipula limites, mas não bloqueia oportunidades específicas. Não podemos sair fazendo coisas ao bel prazer, mas existe flexibilidade para adaptações e implantações de necessidades específicas. O azul BIC, o mesmo da cor da tinta da caneta esferográfica, é um célebre equity da companhia. Por que ele não é utilizado na apresentação de produtos? É uma cor muito particular de papelaria e, mais ainda, de caneta. Como já disse, o logotipo da BIC é laranja e preto. São as cores da marca. Laranja é uma cor moderna, jovem, dinâmica, unissex. O azul é mais masculino. Somente nós temos o laranja em nossas categorias. O azul poderia até cair bem em papelaria, mas na linha de barbear não, pois um concorrente global utiliza essa cor. Em isqueiros, também. Mas reconheço que o azul BIC é uma cor interessante, que todo mundo conhece. Ela tem sido usada em esmaltes, em artigos de vestuário, em variados produtos. Como não é registrada como marca, todo mundo pode usar.

BIC prioriza embalagens fáceis de abrir – até mesmo os blisters, amplamente utilizados pela empresa

Embalagens de canetas BIC Cristal exibem alusão ao produto no código de barras

Números da BIC Brasil 60 anos de atividades Aproximadamente 1 000 colaboradores 2 fábricas no Brasil: uma em Manaus (chamas, papelaria e barbeadores) e uma no Rio de Janeiro (Pimaco) 90% dos produtos trabalhados no País têm produção local 840 SKUs 20 produtos lançados em 2015; 26 lançamentos já feitos em 2016

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Marketing

Café fresco todo dia Com capa de jornal do dia na embalagem, Café Pelé mostra versatilidade da impressão digital

Embalagens de Café Pelé colocadas em gôndolas junto com exemplares do jornal o Estado de S. Paulo

Provar que o café é fresco e envasado diariamente. Com esse objetivo, o Café Pelé procurou sua agência de publicidade, a Lew’Lara\TBWA, para fazer uma ação de marketing que envolveu as suas embalagens. A ideia evoluiu, e chegou-se à conclusão de que levar a capa de um jornal do dia para as embalagens era a melhor maneira de se provar que o produto é fresco. “Capa de jornal sempre foi utilizada como a principal referência de tempo. Com base nessa tradição, mostramos de forma criativa e autêntica que o Café Pelé é, comprovadamente, fresco, pois é embalado diariamente”, afirma Felipe Luchi, CCO da Lew’Lara\TBWA. Depois de decidido que a ação seria feita com a capa do jornal O 26 | Maio 2016

Estado de S. Paulo, começou uma corrida contra o tempo. Uma semana depois do primeiro teste de impressão, as embalagens finais já estavam no mercado. Assim que a edição do jornal de sexta-feira, dia 8 de abril de 2016, foi fechada, por volta de meia-noite da quinta-feira, o arquivo digital com a capa foi enviado para a área de design da agência criar a embalagem, e então para a produção. Os invólucros foram impressos pela Camargo Embalagens, de Tietê (SP), em uma impressora digital HP Indigo 20000. Em seguida, as embalagens foram enviadas para a fábrica da Café Pelé, em Barueri, onde ocorreu o envase. Foram produzidos cinco mil pacotes de café a vácuo, que em poucas

horas chegaram às gôndolas nos principais supermercados de São Paulo. Para confirmar que as notícias reproduzidas na embalagem eram “frescas”, exemplares do jornal foram expostos nas prateleiras junto com o café. Quem comprou uma embalagem de café, levou um exemplar do Estadão de brinde. Mas a operação foi mais complexa do que pode parecer. Como a estrutura da embalagem é laminada, e a impressão precisava ocorrer pouco tempo antes do envase, sem tempo para a cura (secagem) da laminação, a produção foi feita de maneira pouco usual. Normalmente, em embalagens laminadas, a impressão é feita na parte interna do invólucro, antes da laminação, para evitar contato da tinta com o produto. Nesse caso,


Provas de impressão da embalagem do Café Pelé com a capa do Estadão

como o tempo era escasso, a bobina com o filme flexível laminado foi tratada alguns dias antes da impressão, que foi feita na parte externa da embalagem. Segundo André Rezende Costa, gerente de segmento de rótulos embalagens flexíveis da HP Indigo Brasil, a ação realizada pela Café Pelé mostra a viabilidade técnica da impressão digital com a mesma segurança de uma embalagem com impressão convencional (offset, rotogravura ou flexografia). “O case do Café Pelé mostra que a impressão digital tem o time to market, que a embalagem pode ser usada como mídia eficiente e barata e, nesse caso, fala diretamente com o consumidor na hora da compra, pois apresenta as notícias do jornal do dia”, diz Costa. Os resultados da campanha foram considerados excelentes pela Cia. Cacique, dona do Café Pelé, e pela Lew’Lara\ TBWA. “O engajamento médio de publicações da página com a notícia no Facebook foi 72% acima da média, com alcance médio da página 149% acima da média e mais de 100 mil interações em quatro dias, com mais de um milhão de fãs impactados”, comemora André Pallú, redator da agência Lew´Lara, que desenvolveu e coordenou a ação para a Café Pelé. Os números finais das vendas ainda não haviam sido apurados até o fechamento desta edição.

Café Pelé anunciou a novidade através de posts no Facebook: engajamento na página disparou, atingindo mais de um milhão de pessoas

Ficha técnica da embalagem Impressão: Camargo Embalagens Impressora: HP Indigo 20000 / Impressão digital 7 cores Material: Laminado de alumínio e polietileno

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FLEXÍVEIS

De olho na migração Indústria de alimentos deve se precaver de interações perigosas entre embalagens flexíveis e produtos acondicionados

Em alta,

a venda de alimentos em embalagens flexíveis exige cuidados que vão além do atendimento a requisitos de produção, logística e marketing. Ante a preocupação cada vez maior com a segurança no consumo, convém às empresas usuárias, ainda, certificar-se de que os invólucros impedem contaminações. O risco não se limita ao eventual ingresso de agentes externos nocivos em exemplares mal selados. Procedimentos inadequados na conversão (fabricação das embalagens) também podem comprometer o conteúdo. O descuido na confecção das flexíveis pode levar à ocorrência de migrações. Componentes dos adesivos, vernizes e tintas de impressão aplicados nas embalagens podem interagir com o alimento acondicionado, prejudicando suas propriedades organolépticas ou causando danos à saúde do consumidor. “As substâncias migráveis compreendem monômeros, oligômeros, aceleradores, inibidores, aditivos e compostos de decomposição ou degradação”, enumera Aline Lemos, pesquisadora do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) do Instituto de Tecnologia de Alimentos do Estado de São Paulo (Ital-SP). Entre os estopins mais citados para as migrações está a cura (secagem) inadequada após laminações – em que filmes de diferentes funções são combinados. Monômeros residuais dos adesivos utilizados no processo podem formar aminas, substâncias alegadamente cancerígenas. Carlos Motta, gerente de desenvolvimento e aplicação de adesivos industriais da Henkel, referência em adesivos para laminação, explica que quanto maior a área de contato do alimento

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Materiais e processos inadequados podem ocasionar contaminações de produtos com aminas


com a parede do laminado mal curado, maior é a probabilidade de contaminação. “Alimentos secos implicam menor risco”, segundo o especialista, “porque não estimulam o elemento migrante a sair da embalagem”. Produtos com água e óleo, no entanto, são mais suscetíveis ao contato com as aminas. “Os líquidos podem penetrar na estrutura da embalagem e ‘buscar’ o contaminante.”

O envase a quente e a esteri-

Carlos Motta, da Henkel: “Empresa usuária não deve se precipitar e ‘queimar’ etapa de cura”

isenção de risco em muitas aplicações era alcançada após seis a oito dias de cura. “Hoje, muitos adesivos garantem segurança em um a três dias”, diz. Comparados aos tradicionais adesivos base solvente, as opções solventless garantiriam ganhos além do tempo de secagem abreviado e da consequente segurança maior. “O equipamento de laminação é mais acessível, consome menos energia, exige menor gramatura de adesivo e é mais eficiente. Esse melhor custo-benefício tende a se refletir nos preços das embalagens”, diz Motta. “Ademais, no solventless não há liberação de solventes, o que é positivo em termos ocupacionais e ambientais.”

A aposta dos fabricantes no solventless tem dado resultado. Entre 55% e 60% dos fabricantes de flexíveis laminadas atendidos pela COIM já utilizam esse gênero de adesivo. Diferentemente do que ocorria até alguns anos atrás, quando somente grandes convertedores utilizavam a tecnologia, companhias médias mais e mais engrossam a clientela. “Laminadoras sem solvente ou combinadas são cada vez mais adquiridas e o uso do adesivo sem solvente tem aumentado”, comenta Gandolphi. “Mas máquinas com solvente mais antigas e em bom estado de conservação são ainda muito utilizadas. Como funcionam, os convertedores as mantêm”. Mas o que as indústrias alimentícias podem fazer para minimizar o risco de migrações em seus produtos? Motta sugere às empresas verificar se

foto: Guilherme Gongra

lização em autoclave (retort) também representariam maior risco para interações entre alimentos e aminas. “Ácidos e essências são outros fatores agressivos, capazes de facilitar contaminações”, acrescenta Carlos Gandolphi, gerente de pesquisa e desenvolvimento da COIM, grande player do mercado de adesivos para laminação. “Nessas aplicações mais exigentes é imprescindível o uso de adesivos de desempenho superior, com maior resistência térmica e química. Mas o uso de materiais e insumos adequados de nada vale sem boas práticas de conversão”, adverte o executivo. No que tange a processos, a garantia de uma boa laminação depende basicamente da obediência a parâmetros para preparo do adesivo, dosagem na laminação e cura pelo tempo recomendado – que varia de acordo com as condições de temperatura e umidade. Cumpre alertar que o fato de a embalagem parecer estar pronta, ou seja, com as propriedades mecânicas desejadas após a laminação, não significa que ela esteja devidamente curada, isto é, com todos os monômeros polimerizados – e sem risco de migrar. “Por isso é importante que as empresas usuárias não se precipitem e usem os materiais somente após a espera necessária”, ressalta Carlos Motta. Para facilitar a vida de convertedores e end-users, ano após ano surgem adesivos para laminação que demandam tempo de cura cada vez menor. Os avanços se concentram principalmente na categoria dos adesivos livres de solventes (solventless). “Os mais recentes lançamentos permitem que a cura mecânica e a cura química ocorram quase simultaneamente e em períodos cada vez menores”, afirma Motta. Gandolphi, por sua vez, lembra que dez anos atrás a

os fornecedores utilizam estações de laminação com manutenção em dia, se empregam adesivos formulados segundo as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, claro, se cumprem com os tempos recomendados de cura das embalagens. Certificações obtidas pelos convertedores e relativas à segurança para os alimentos, como a FSSC 22.000, são avais apreciáveis. Mas é aconselhável realizar avaliações e ensaios para verificar o atendimento aos requisitos da legislação de materiais para contato com alimentos – trabalho que é um dos carros-chefes do Cetea, conforme explica Aline Lemos. Os testes simulam as circunstâncias reais de uso da embalagem. “As condições dos ensaios são padronizadas e definidas em regulamentos específicos”, diz a pesquisadora. Gandolphi acrescenta que COIM disponibiliza visitas e apresentações técnicas a convertedores para a determinação de faixas de uso e de parametrizações que diminuam expressivamente as chances de contaminação. “O trabalho integrado tende a reduzir bastante o surgimento de problemas”, pondera. Motta, por sua vez, considera fundamental avisar que as embalagens flexíveis laminadas não são perigosas. “É perfeitamente possível trabalhar com total segurança. Com boas práticas, o risco é zero”, diz. “Se o uso de embalagens modernas fosse algo arriscado, ainda estaríamos como no passado, embrulhando tudo em papel manilha.”

Carlos Gandolphi, da COIM: “O trabalho integrado tende a reduzir a aparição de problemas”

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internacional

Nada a esconder Sopas para micro-ondas da Campbell’s usam transparência para atrair consumidor

Ouvir o público é algo importante para a Campbell, fabricante das sopas mais conhecidas do mundo. Ao convocar consumidores para opinar sobre suas sopas em porção individual, aquecíveis em forno de micro-ondas, a empresa americana verificou um anseio por maior visibilidade do conteúdo das embalagens. Foi o estímulo para a substituição dos tradicionais potes brancos e opacos por potes translúcidos, lançados em meados de 2015 após um ano e meio de pesquisa e desenvolvimento. A nova embalagem continua a exibir quatro componentes, como a antiga. Mas a aparência mudou bastante. Antes obtido a partir da termoformagem de chapas de PP brancas, o pote passou a ser feito de chapas de polipropileno clarificado. Os moldes são os mesmos. O material também continua a ser laminado com copolímero de etileno e álcool vinílico (EVOH), com fins de barreira ao oxigênio. Houve também o advento de translucidez no sistema de fechamento da embalagem. O selo de alumínio, antes utilizado para vedação primária, foi trocado por um laminado transparente (de PET e PP), com barreira garantida por um revestimento com óxido de silício (SiOx). O filme flexível é soldado num anel metálico, o que mantém inalterado, em relação ao sistema anterior, o processo de selagem da terminação na embalagem. A sobretampa, antes vermelha e opaca, passou também a ser injetada em PP clarificado. A alteração da aparência, radical, também dispensou investimentos em novos moldes e mudanças de processos produtivos. Completava o antigo conjunto um rótulo wrap-around de poliestireno 30 | Maio 2016

Embalagens para micro-ondas, de polipropileno ultraclarificado com camada de EVOH, permitem ao consumidor visualizar sopa da Campbell

expandido, que proporcionava conforto no manuseio do produto quente, por ser isolante térmico. Um rótulo inteiramente opaco atrapalharia a percepção da mudança da embalagem. Desse modo, a decoração passou a ser feita com um rótulo ROSO (Roll On Shrink On) de PET adicionado de glicol (PETG). Para que o grafismo ganhasse destaque sobre a embalagem translúcida, foi necessário que se aplicassem duas camadas de branco. Mas o maior desafio na rotulagem estava na escolha

do material. “O rótulo precisava ser robusto para aguentar o aquecimento no micro-ondas”, explica Linday Kohler, engenheira sênior de embalagem da Campbell. A mudança exigiu muitos testes até a definição da estrutura adequada – um filme de 50 micra com coeficiente de encolhimento relativamente baixo (45%). Uma das exigências da Campbell, contudo, era a de que o novo rótulo fosse aplicado usando-se a mesma base


de equipamentos instalada. Essa era uma tarefa complicada, uma vez que a sopa para micro-ondas é produzida em duas plantas diferentes, equipadas com máquinas de fabricantes diferentes. O trabalho integrado da equipe de embalagens da Campbell com os fornecedores das rotuladoras, do filme e dos rótulos viabilizou o processo com baixos investimentos, feitos basicamente em ferramentas como facas, já que o poliestireno expandido é mais macio do que o PETG. A mudança exigiu, também, alterações no processo de esterilização por autoclave (retort), para evitar a criação de pressão excessiva que pudesse expelir a sobretampa durante o aquecimento em micro-ondas. O tempo recomendado para o preparo do produto também foi alterado (reduzido em 15 segundos), o que, segundo Kohler, não impactou negativamente na percepção do consumidor. “A experiência de consumo e o conforto no manuseio do pote não foram afetados com essa mudança”, explica a especialista da Campbell. Com a introdução da nova embalagem passou a ser necessário aplicar nitrogênio no head space, na etapa imediatamente anterior à soldagem do anel e do selo, para expulsar o oxigênio residual. Isso porque a barreira proporcionada pelo laminado revestido com óxido de silício, apesar de boa, não é a mesma do metal. Com esse artifício, contudo, a Campbell conseguiu manter a mesma vida de prateleira (um ano) viabilizada pela solução anterior. Hoje, os novos potes acondicionam trinta variedades de sopas para micro-ondas, divididas em quatro linhas: Campbell’s Classic, Campbell’s Chunky, Campbell’s Healthy Request, e Campbell’s Homestyle. Uma comparação lado a lado (ver imagem) evidencia que a mudança visual foi significativa. Contudo, o impacto nos processos foi baixo e as alterações na estrutura industrial da fabricante foram pequenas. Tudo graças à sintonia entre a empresa e seus fornecedores de embalagem. Conteúdo publicado originalmente em Packaging World (www.packworld.com). Todos os direitos reservados.


observatório da embalagem

Apostas for him Tendências internacionais em cosméticos para homens podem ser inspiradoras para marcas que atuam no Brasil

As vendas de produtos de beleza para homens movimentaram 6,5 bilhões de dólares no Brasil em 2015, registrando uma alta de 10% sobre 2014. Os dados são da Euromonitor International. Segundo o instituto de pesquisas, essa quantia deverá crescer a uma taxa média anual de 4,7% até 2020. O avanço será até maior que o dos Estados Unidos, maior mercado mundial de cuidados pessoais masculinos, mantendo o Brasil na segunda posição desse ranking. Dada a perspectiva favorável, com os homens brasileiros cada vez mais inclinados a adquirir itens de personal care (de acordo com um estudo da Nielsen, o gênero já responde por 35% dos gastos no País com tais produtos), certas tendências observadas na praça norte-americana e em outras bandas podem ser inspiradoras para as marcas de atuação local. Um produto que começa a cair nas graças do público masculino lá fora é a escova elétrica para limpeza e massagem facial. Entre as principais expoentes da proposta está a americana Clarisonic, pertencente ao grupo L’Oréal. Após lançar aparelhos do gênero para mulheres em 2004 e vender mais de 10 milhões de unidades, a empresa colocou no mercado uma opção voltada a homens. O produto coleciona elogios na internet. Para o uso, o aparelho deve ter as cerdas molhadas e depois embebidas com uma dose de loção, oferecida numa bisnaga plástica. A aplicação promete remover suor, sujeira e oleosidade do rosto do usuário. O Luna for Men, da sueca Foreo, é outro expoente do conceito. Exige, porém, a aplicação de um creme – acondicionado num frasco com válvula espumadora (foamer). 32 | Maio 2016

As embalagens de loções e cremes não apresentam características extraordinárias, mas compõem uma estratégia interessante de fidelização. Isso porque acabam funcionando mais ou menos como cartuchos de impressoras de mesa ou cápsulas de máquinas de café, estimulando nos consumidores um hábito de (re)compra.

Se no passado poderia soar a loucura, maquiagem para homens é outra proposta em voga no cenário internacional. Diversas grifes, entre elas Tom Ford e Evolution Man, lançaram versões for men de corretivos faciais – dedicados a disfarçar manchas, cicatrizes e olheiras. A maioria dos produtos é oferecida na versão bastão, em aplicadores geralmente feitos de polipropileno injetado. O formato provavelmente visa facilitar a aplicação, dispensando o know-how de uso inerente aos corretivos vendidos em potes ou bisnagas. Outro artigo que se populariza na batida do maior envaidecimento masculino é o dissimulador de calvície feito a partir de fibras naturais de cabelos, como o Hair Illusion. Após escolher o tom desejado, basta o consumidor abrir o frasco e chacoalhá-lo sobre a área calva. Partículas caem e aderem à pele por eletricidade estática, alegadamente resistindo ao vento e ao suor. A remoção é feita somente por meio de lavagem com xampu. O produto soa animador para quem sofre de alopecia, mas o visual pobre da embalagem utilizada pode deixar os interessados com a pulga atrás da orelha. A quem quiser oferecer algo parecido no Brasil, não seria má ideia caprichar – ao menos um pouco – no design.

Aparelhos de limpeza facial permitem fidelizar compras de loções (acima). Corretivos para homens são apostas do setor de maquiagem (ao lado). Também em voga estão os dissimuladores de calvície à base de cabelo de verdade (abaixo)


internacional

Da bobina pré-impressa para a garrafa Empresa turca é a primeira no mundo a produzir embalagens a partir de bobinas com impresão direta, no sistema de termoformagem vertical Quando,

em março passado, a Eker lançou, na Turquia, o Ayran (bebida gelada salgada à base de iogurte, comum em países daquela região, como a Arábia Saudita e o Irã), uma nova possibilidade de embalagem para o mercado de lácteos tomava forma. Foi a primeira vez, no mundo, que garrafas de polipropileno formadas a partir de bobinas pré-impressas chegavam às gôndolas, um projeto cujo desenvolvimento levou cerca de um ano entre concepção e lançamento no mercado. A produção de embalagens para a indústria de lácteos a partir de bobinas já é comum em copos para iogurte, e começa a ser viável em outros formatos. Trata-se de uma evolução da tecnologia batizada de Roll N Blow, da fabricante francesa Serac, que já tinha adeptos em sua versão de formação de garrafas sem decoração. O processo, chamado pela empresa de termoformagem vertical, consiste em selar as laterais da bobina plástica (de PP ou PS, com a possibilidade de uso de EVOH) , transformando-a, por meio de uma solda, num tubo que posteriormente é aquecido, expandido por sopro e cortado (ver EmbalagemMarca 191). As embalagens saem diretamente da linha de transformação para a de envase. “Como o processo usa calor e as garrafas saem fechadas da etapa de sopro, sendo refiladas logo antes de irem para as envasadoras, não há contaminação na parte interna da embalagem, o que evita a necessidade de um processo de descontaminação química para acondicionamento de bebidas lácteas frescas”, explica Fabienne Chériaux, gerente de marketing da Serac na França. “O processo garante um ele-

vado nível de higiene para as garrafas.” Na fase de design, o único cuidado adicional em relação à criação de garrafas sopradas é o desenvolvimento de um pescoço adequado à transferência das embalagens para as máquinas de envase. “É possível fazer garrafas curvas ou com paredes planas, com aparência muito similar à das embalagens feitas em sopro convencional, mas com maior resistência mecânica.” Os produtos até então lançados nesse tipo de embalagem (iogurtes para beber, na Rússia, no Marrocos e na Bielorrússia, e leite fermentado na própria Turquia) tinham garrafas brancas, decoradas com rótulos termoencolhíveis. A novidade, no caso da Eker, é a eliminação da etapa de rotulagem. “O fato de não precisar incorporar uma operação para rotular as embalagens em sua linha foi importante na decisão do cliente de adotar a solução Roll N Blow”, defende Fabienne Chériaux. “Outro ponto que pesou foi a menor área a ser destinada para estocagem, já que as bobinas de PP ocupam menos espaço que garrafas já sopradas.” Segundo informações passadas para a reportagem de EmbalagemMarca, a Eker estaria lançando dois novos formatos de embalagem fabricados no equipamento da Serac.

Bebida à base de iogurte lançada pela turca Eker inaugura tecnologia de produção de garrafas a partir de bobinas de polipropileno pré-impressas

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DESIGN

Exercício do faro Prestar atenção a inovações de outros mercados pode ser valioso para o setor de perfumes e cosméticos

Designer, professor, palestrante e figura ativa na comunidade brasileira do packaging, Carlos Zardo não é um perito em embalagens de cosméticos e perfumes. E a Mais Packing, agência que dirige, tampouco atende com frequência a indústria da beleza. Alguém ciente disso tudo pode ter achado curiosa a escolha do profissional para comandar, no final de março, uma aula franca sobre inovação no Espaço Perfume Arte + História – complexo mantido em São Paulo através de uma parceria entre a Faculdade Santa Marcelina (FASM) e o Grupo Boticário. Na realidade, a aparente falta de credenciais do orador até ajudou reforçar um ponto importante de sua apresentação. “Falar de cosméticos e perfumes para quem milita no mundo dos cosméticos e perfumes é óbvio demais. Teoricamente as pessoas estão de olho no que acontece em sua atividade”, explica Zardo. Logo, a palestra procurou mostrar ações inusitadas, até mesmo de outros mercados, para deixar claro o potencial de valorização de marcas por meio da aplicação de “criatividade estratégica” a produtos e embalagens. Entre os cases destacados estiveram os dos perfumes desenvolvidos para ações promocionais das redes de lanchonetes Burger King, no Japão, e Pizza Hut, no Canadá e nos Estados Unidos. Os produtos tinham embalagens típicas de perfumes, embora exalassem cheiros típicos dos sanduíches e pizzas daquelas franquias. “Foram iniciativas com conotação de brincadeira, mas que deixam claro aos fabricantes de perfumes o potencial para inovações em parceria”, afirma Zardo. “Mesmo sem o exotismo daqueles projetos, é possível explorar mais, por exemplo, associações com o comércio de roupas, de utilidades domésticas, de artigos de cama, mesa e banho. Oferecer ao consumidor a mesma fragrância utilizada para perfumar produtos e lojas.” O palestrante também aventou a possibilidade de o setor de perfumaria pensar mais no chamado marketing one-to-one, em que

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embalagens personalizadas são utilizadas para comover o consumidor. “Tecnologias para isso vêm evoluindo e tornando-se cada vez mais acessíveis, como é o caso da impressão digital. Mas as marcas de perfumes parecem um tanto alheias a elas, em contraste com o que temos visto na apresentação de alimentos, bebidas e outros produtos”, observa Zardo. “Por que ninguém cogitou de fragrâncias com rótulos ou cartuchos exibindo imagens criadas por consumidores? Por que ninguém pensou em frascos de colônia com áreas para crianças colorir ou desenhar?”

Carlos Zardo, da Mais Packing: “Marcas de fragrâncias parecem alheias a certos recursos”

Fragrâncias de Pizza Hut e Burger King: “brincadeiras” que mostram potencial para inovações em parceria

Após 23 anos consecutivos de crescimento, as vendas do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC) registraram no ano passado queda de 8%. Zardo ressalta que o revés e o recuo no poder de compra dos brasileiros também devem ser assimilados pelo setor como ensejos para inovações. Ele lembra que na crise não ocorrem cortes imediatos de consumo, e sim ajustes, migrações. O consumidor procura produtos com valor mais baixo, mas sem grande prejuízo de qualidade. “Isso acaba gerando muita experimentação. Em perfumes e cosméticos, a alta do dólar representa uma oportunidade para marcas nacionais fortes demonstrarem ser boas opções aos importados. E embalagens caprichadas podem estimular os testes pelo consumidor.” Para Zardo, designs criativos e ousados tendem a consolar o consumidor, a não deixa-lo se sentir mal com a troca do objeto de desejo pela alternativa, o produto que cabe no orçamento. “Inovação também é um recurso para, num momento difícil, fidelizar um cliente que não era seu. Numa situação complicada, você o ajudou, estava com ele, tratou-o bem. O frasco, bonito, vai ficar bem na penteadeira, não o fará sentir vergonha quando alguém notar que ele está usando o produto”. Esse amparo, segundo Zardo, é valiosíssimo. “Dificilmente o consumidor não enxergará valor nessa atitude.”


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br

Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.

Sucos

Aposta no formato Localizada na cidade de Assaí, no interior do Paraná, a fabricante de sucos Nosliw aposta no design de suas embalagens para conquistar novos mercados. A empresa queria desenvolver uma garrafa de suco de laranja que fosse “bonita e única no mercado”. O desafio do projeto era, segundo o briefing enviado à agência

Designo Design, combinar a vida na fazenda com o dia-a-dia da cidade. Todos os detalhes tiveram uma composição única, começando pelo rótulo, que é divertido e colorido, contando toda história do produto. A nova garrafa de PET teve o formato desenvolvido para se encaixar na mão do consumi-

dor, ser fácil de abrir e servir. O conceito da embalagem foi inspirado em um espremedor de laranja. Frasco: Injeta Abucaplast Rótulo termoencolhível: Catuaí Print Design: Designo Design emb.bz/201nosliw

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

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2 5

SUPLEMENTOS

Lácteos

Bricolagem

Higiene pessoal

Refrescos

Alimentos

Barra “bombada”

Filme na caixa 2

spray que veda 3

desodorante com herós 4

leite de coco saborizado 5

Snack para fitness 6

A Piracanjuba apresenta o leite aromatizado Pirakids School. As embalagens cartonadas assépticas de 200 mililitros estampam super-heróis do filme Civil War (Guerra Civil), da Marvel. Nos sabores chocolate e baunilha, a bebida possui pouco açúcar (o equivalente a uma colher rasa de sobremesa) em sua composição, e não contém corantes nem conservantes. emb.bz/201pirakids

A Vedacit apresenta uma linha de produtos para a casa em spray, seguindo o conceito de “do it yourself” (“faça você mesmo”). São impermeabilizadores específicos para diferentes superfícies como tecidos, pedras e madeiras. Chamados de Vedaspray, os aerossóis protegem os objetos dos riscos de danos e os mantém em bom estado por mais tempo. emb.bz/201vedacit

A Bozzano apresenta sua nova linha de desodorantes, com os personagens Batman e Superman nas embalagens. A linha é composta por dois desodorantes na versão aerossol, comercializados em conjunto. Cada produto é inspirado em um dos heróis do filme Batman versus Superman. emb.bz/201bozzano

A Coco do Vale lança um produto inédito no país: leite de coco pronto para beber, no sabor chocolate. As embalagens cartonadas assépticas de 200 mililitros, que estampam os personagens da Looney Tunes, formam um painel colorido no ponto de venda. emb.bz/201coco

A Forno de Minas apresenta o Pão de Queijo Congelado Fit. O produto é integral, multigrãos, sem lactose, sem glúten, fonte de proteína, fonte de fibra e fonte de cálcio. O objetivo do lançamento é atender pessoas que buscam melhorar seus hábitos de consumo para uma vida mais saudável e, também, o mercado fitness. O produto está disponível no segmento de food service, em embalagens de 1 quilo, e para o varejo, em pacotes de300 gramas. emb.bz/201forno

1

Com 90 gramas, a Darkness Whey Bar é apontada pela Integralmédica como a maior barra proteica do mercado nacional. O produto estreia em três sabores, apresentados em flow packs de filme de BOPP preto fosco (matte) com detalhes brilhantes graças à aplicação de verniz com reserva. As barras são vendidas unitariamente ou em caixas de papel cartão contendo oito unidades. emb.bz/201integralmed

4

1

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6


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Amaciantes

Águas

baby soft de cara limpa 7

Garrafas coloridas

Bebidas

Os amaciantes Baby Soft, da Scarlat Química, ganharam novos rótulos, visando melhor visualização, identificação e destaque no ponto de venda. O objetivo foi deixar o rótulo mais “limpo”, equilibrado e aumentar a presença da marca Baby Soft nas embalagens, assim como enfatizar a perfumação do produto. A diferenciação entre as diversas opções de perfumes se deu através da escolha de cores “vivas” que destacam bem as versões entre si. emb.bz/201babysoft

Chega ao mercado em garrafas coloridas a água mineral Santa Fé Brasil. As embalagens de PET de 510 mililitros, nas cores amarela, azul, rosa, vermelha e verde, têm rótulos transparentes, com ilustrações que remetem a lazer, música, natureza, diversão e liberdade. emb.bz/201santafe

8

Novo design

9

A Wow! Nutrition relança as bebidas à base de soja Sufresh Soyos em nova embalagem. O design das embalagens cartonadas assépticas de 1 litro e de 200 mililitros trabalha o visual das frutas. emb.bz/201soyos

7

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Antes . . .

massas

Diferença com design

1

A Artes do Sabor, fabricante de massas pré-prontas, renovou a identidade visual das suas embalagens. Os invólucros anteriores eram simples e mostravam o produto através de janela. As novas embalagens têm fotos dos produtos prontos e fundo azul. emb.bz/200sabor

3

desodorantes

xampus

snacks

em vidro exclusivo

Bonecos no banho

Grãos saudáveis

1

A Mahogany, marca brasileira de produtos para cuidados especiais, apresenta Bitter Flower, sua nova fragrância desodorante. A essência feminina recebeu um frasco de vidro exclusivo de 100 mililitros, de formato retangular. A decoração da embalagem é feita em serigrafia. emb.bz/200mahogany

2

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2

A Betulla Cosméticos apresenta os itens Turma da Mônica Kids Em Bonecos, com personagens colecionáveis. Cada embalagem traz dois produtos: na cabeça do boneco está o xampu e no corpo o condicionador. As crianças podem colecionar as embalagens dos personagens Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. Os bonecos são empilháveis, podendo formar jogos. emb.bz/200monica

cafés

Novas cápsulas

3

A Grings Alimentos Saudáveis amplia sua linha de Grãos Especiais com o produto Quinoa + Painço Grings. Trata-se de um mix de Quinoa branca e vermelha e Painço. O produto é acondicionado em caixas de papel cartão de 200 gramas. emb.bz/200grings

4

O Grupo Catuay entra no mercado de cafés em cápsulas com o Café Brasil, nas versões tradicional e intenso. As cápsulas de plástico têm tampas de alumínio. Elas podem ser usadas em máquinas da Nespresso. emb.bz/200cafes

. . . e depois 4



APOIO

Almanaque Evite ser evitado

O HIV acabou com a Ayds

A propaganda do sabonete Salus, novidade da Gessy em 1943, alertava que a axilose poderia “arruinar o futuro” do leitor. Tratava-se do “cheiro desagradável, principalmente das axilas, provocado pela fermentação do suor”. A solução para o problema era usar o produto, que garantia uma “deliciosa sensação de asseio e bem-estar” após o banho. Acondicionado em caixas de papel cartão, o sabonete Salus tentava ser convincente com seu slogan: “Evite a axilose para não ser evitado”.

A marca americana de doces dietéticos Ayds tinha um nome comum até 1981, quando a Aids, (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, provocada pelo vírus HIV) foi descoberta. Os donos da marca Ayds não se importaram muito com o fato até 1987, quando a epidemia de Aids assolava o mundo e o nome da doença já era mundialmente conhecido. A empresa mudou o nome da marca para Diet Ayds, mas não adiantou. Ayds, ou Diet Ayds, desapareceu do mercado no início da década de 1990. (Nota publicada no Almanaque Especial EmbalagemMarca nº 4)

Cachaça macabra No início da década de 1970, um fabricante de cachaças resolveu criar o Marafo do Zé do Caixão, em homenagem ao personagem criado por José Mojica Marins. A ideia era aproveitar a popularidade do personagem de Zé do Caixão misturada com crenças religiosas. A bebida era comercializada pela Distribuidora de Bebidas Zé do Caixão. Na época, Mojica tinha um quadro no Programa Silvio Santos, que ao invés de receber cachê ganhava espaço para divulgar a cachaça. Mas a bebida era tão ruim que nem mesmo Mojica conseguia beber. “Era álcool puro”, afirmou em entrevistas. Em 2008 a cachaça foi relançada, mas novamente desapareceu depois de alguns meses. No final de 2015 Zé do Caixão fez nova tentativa, dessa vez em parceria com a cachaça Sapucaia. Por enquanto, a marca continua no mercado.

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Acima, o rótulo da década de 1970; abaixo, a versão modernizada, de 2015


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