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Ano XVII • Nº 202 • Junho 2016 • R$ 15,00

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ENTREVISTA

EQUIPAMENTOS

Cristina Ferreira, da Superbom, conta como embalagens contribuem para o êxito da empresa

Automatizar finais de linhas de produção é um caminho para aumentar a competitividade

O filão do natural Demanda por produtos saudáveis abre oportunidades para embalagens com apelo a menor uso de recursos artificiais INFORME PUBLICITÁRIO

Mais informações na página 7

Edição de Aniversário

17 ANOS



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Em sintonia com os avanços da tecnologia Esta edição, que sinaliza dezessete anos de lançamento de EmbalagemMarca, nos traz à lembrança, junto com o inevitável balanço do que conseguimos nesse tempo, o panorama do País em junho de 1999, quando a revista veio à luz. Não era muito diferente do quadro econômico e de negócios de hoje, embora sem a agravante do atual clima político e social, exacerbado por forte divisão. Há quem ache que tudo ficou pior. Pensamos diferente, em parte. Não obstante o desânimo que transparece nas mais diferentes manifestações quanto às imediatas perspectivas para a economia brasileira, não perdemos nossas esperanças, pelo menos no que particularmente nos toca. Refiro-me à certeza de que a mídia impressa especializada, assim como acontecia naquele distante ano, tem e terá ainda bom espaço garantido no futuro. Não acreditamos nas profecias de que a informação colocada em papel será totalmente substituída pela virtual. É possível que isso venha a ocorrer com jornais e revistas semanais, que funcionam progressivamente como “especialistas em generalidades”. No Brasil, há alguns anos esses veículos vêm orientando seus jornalistas a escrever textos cada vez mais curtos, com parágrafos de escassas linhas. O argumento é de que “a leitura é mais fácil” – mas assim informações e análise não entram. A fórmula se replica na internet, terra de ninguém onde, além dos veículos tradicionais, todo mundo tem opinião e a manifesta para públicos progressivamente numerosos. Porém, na maioria das vezes, tanto a emissão quanto a recepção das mensagens são feitas com mínima ou nenhuma reflexão, e sem fundamento algum. Há quem interprete isso como demo-

cratização da informação. Seria uma conquista impecável, não contivesse em si o péssimo efeito da disseminação de bobagens, vulgaridades e inutilidades, ou, como está em voga dizer, de bullshit, no jargão dos americanos. Mas, por serem “de graça”, as pepitas são consumidas vorazmente por quem não exige critério seletivo. Evidentemente EmbalagemMarca não se limita a defender o meio impresso como único instrumento de comunicação e conhecimento. Sintonizada com os avanços da tecnologia, esta revista trabalha para levar aqueles atributos para sua atuação nos meios eletrônicos, onde sua presença avança paulatinamente. Em reiterada demonstração disso, neste mês de aniversário estamos apresentando nosso site, totalmente reformulado, mais ágil e mais confortável para consulta (ver pág. 38). E tanto não menosprezamos a mídia eletrônica que, paulatinamente utilizamos – sem abusos e com muito critério – as mídias sociais, indiscutível conquista tecnológica da comunicação. Não viramos as costas, porém, para a área da comunicação impressa, sobretudo a direcionada a públicos selecionados, como o desta revista. Trata-se de um modelo extremamente bem sucedido nos Estados Unidos, país muito mais conectado à web do que o Brasil e onde revistas segmentadas – várias delas dirigidas à cadeia de valor de embalagem – vão de vento em popa. A razão dessa força reside na excelência do conteúdo. É a mesma bússola que nos orienta e que, seja em que meio for, nos permite ser brindados pela credibilidade que temos junto a nossos leitores e anunciantes. Até julho.

Wilson Palhares

“EmbalagemMarca não se limita a defender o meio impresso como único instrumento de comunicação e conhecimento. Sintonizada com os avanços da tecnologia, esta revista trabalha para levar aqueles atributos para sua atuação nos meios eletrônicos, onde sua presença avança paulatinamente”




Sumário

Edição 202 • Junho 2016

3 Editorial EmbalagemMarca não se limita a defender o meio impresso como único instrumento de comunicação e conhecimento. Sintonizada com os avanços da tecnologia, esta revista trabalha para levar aqueles atributos para sua atuação nos meios eletrônicos

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8 Especial PET Lácteos em garrafas assépticas e garrafa de óleo mais

foto de capa: © La Fabrika Pixel S.l. | Dreamstime.com

Reportagem de capa

leve do mundo são novidades no mercado brasileiro

10 Painel Referência em rolhas de cortiça anuncia tecnologia que

Natural e saudável

reduz risco de contaminação por TCA a níveis mínimos • Nova garrafa de vidro é desenvolvida especialmente para cervejas artesanais • Abiplast lança cartilha para reciclagem • Bemis apresenta bisnagas com alto brilho e forte barreira a luz • Natura passa a comercializar linha SOU em vending machines

Demanda por melhor nutrição faz a indústria alimentícia pensar menos em recursos artificiais e valorizar artifícios para comunicar apelos naturais dos produtos

16 Equipamentos Para ser competitiva, inclusive frente à concorrência internacional, indústria de bens de consumo precisa investir na automação das operações anteriores e posteriores à produção Por Wilson Palhares

Por Guilherme Kamio

18 Entrevista Cristina Ferreira, gerente industrial da Superbom, fala da importância da embalagem para o crescimento dos negócios da empresa 30 Artigo Traduzir materialmente aspirações intangíveis é o caminho para encantar o consumidor do mercado de luxo em busca de experiências agrafáveis Por Marc Rosen

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32 Reformulação Ao completar dezessete anos, EmbalagemMarca apresenta novo site, mais moderno e dinâmico

34 DuPont Awards Dois projetos brasileiros estão entre os ganhadores de premiação internacional de inovação em embalagens 36 Artigo A maior e mais influente geração da história – os Millenials –

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está exigindo inovações que estão mudando a estratégia das marcas em relação a suas embalagens Por Briana Long

38 Display Salton entre no mercado de vodcas • Embalagens da Piracanjuba têm novo design gráfico • Rótulos de Itaipava são redesenhados • Coca-Cola tem latinhas promocionais para Olimpíadas • Universo Tintas redesenha embalagens

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43 Almanaque CRS Brands completa 90 anos • Alpargatas e o sapato de sete vidas • Cibazol, remédio que ganhou fama com gravações de políticos

Empresas que anunciam nesta edição Agfa..............................................7 Baumgarten...................22 e 23 Congraf....................................39 CT Pack....................................29 Designful.................................... 2

Grandes Cases.................. 4 e 5 Indexlabel................................. 11 Krones...................................... 19 PE Latina...................................13

Diretor de redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Editor executivo: Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Redação: Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Diretor de arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br

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especial pet » lácteos

Garrafinhas coloridas

foto: carlos curado

Com novo lançamento da Jussara, aumentam opções de produtos lácteos em PET asséptico

O envase asséptico em recipientes de PET, já bastante utilizado na Europa e que ainda engatinha no Brasil, ganha mais um impulso por aqui. A Usina de Laticínios Jussara, que em 2014 entrou no mercado de leite UHT em garrafas de PET, amplia sua linha de embalagens assépticas com novos produtos lácteos. A empresa apresenta ao mercado Jussara Jump, uma linha de bebidas lácteas saborizadas longa vida, prontas para consumo, com um mix de sabores. Os produtos foram desenvolvidos para consumo em movimento, ‘on the go’. A bebida é acondicionada em garrafa de PET de 250 mililitros. As embalagens, assim como as do leite longa-vida, são monocamada, em tecnologia desenvolvida pela Sidel. A Plastipak fornece as preformas. O processo

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de produção é o de injeção dupla de preforma (overmolding). Segundo a Plastipak, essa tecnologia resulta em barreira à luz superior a 99,9% nos comprimentos de onda, importantes para a preservação do leite. Cada garrafa tem uma cor diferente, dependendo do sabor (branca para cereais e cereais com polpa de mamão e maçã, azul para morango, marrom para chocolate e chocolate sem lactose). De fácil manuseio, com design exclusivo, as garrafas têm boca mais larga, de 3 centímetros, que facilita o ato de beber. A tampa de polietileno de alta densidade (PEAD), produzida pela Bericap, tem abertura one step, de apenas um giro, sem selo de alumínio, o que permite abrir com menos esforço. A novidade pode ser consumida onde

estiver e pode ser armazenada dentro e fora da geladeira, com shelf life de 180 dias. De acordo com Laércio Barbosa, diretor comercial da Jussara, “todo projeto envolveu muita troca de experiências. Neste caso, a Sidel foi fundamental no desenvolvimento do melhor design do frasco e da tecnologia de envase asséptica. A expertise da Plastipak ajudou na escolha dos pigmentos e barreira de luz das garrafas monocamada, também através de seu centro de desenvolvimento localizado nos Estados Unidos. A Bericap forneceu as tampas one-step também em diversas opções de cores e adequadas ao envase asséptico”. Os rótulos foram desenhados pela Red Oxy e são impressos pela Camargo Embalagens.

As garrafas “longa vida” injetadas da linha Jump são monocamada


especial pet » Óleos

Leveza na cozinha Garrafa de PET para óleo comestível mais leve do mundo é desenvolvida no Brasil

Estreia no Brasil a garrafa de PET de óleo comestível mais leve do mercado global. A garrafa de 900 mililitros do óleo de soja ABC, da Algar Agro, teve o peso reduzido em 22%, de 18 para 14 gramas. A empresa trabalhou em conjunto com a Sidel no desenvolvimento da embalagem. A garrafa foi reprojetada sem quaisquer alterações perceptíveis para o consumidor em sua aparência externa. No entanto, com a redução de peso, a Algar Agro pôde alcançar uma economia significativa na matéria-prima utilizada. Segundo a empresa, houve também impacto substancial na minimização do custo para produzir, acondicionar e transportar o produto acabado. As propostas para otimização da embalagem foram apresentadas pela Sidel, que também realizou testes de viabilidade para o novo design no seu Centro de Embalagem e Ferramentaria em Guadalajara, no Méxi-

co. Com a aquisição de duas sopradoras Sidel Matrix, uma para cada unidade de produção (Uberlândia, MG e Porto Franco, MA), a Algar Agro afirma ser o primeiro produtor de óleo comestível no Brasil com injeção e sopro integrados de PET no seu processo de produção. As máquinas foram instaladas em linhas de engarrafamento produzindo 25 000 garrafas PET de óleo vegetal por hora. A instalação é resultado de um estudo de dois anos para investigar e avaliar a viabilidade do processo de integração da produção e acondicionamento de óleos vegetais. Segundo a Sidel, sua sopradora Matrix é um sistema de moldagem por sopro modular que permite tempos mais rápidos de troca, menor impacto ambiental, maior eficiência do forno e maior tempo de atividade, tudo isso contribuindo para um menor TCO (custo total de posse).

Garrafa da Algar Agro é a primeira na categoria feita com injeção e sopro integrados

Nova resina para garrafas de PET disponível no Brasil A M&G (Gruppo Mossi & Ghisolfi) traz para o Brasil uma nova resina de PET especial para atender ao mercado de bebidas sensíveis ao oxigênio, como vinhos, e carbonatadas, como cervejas, águas gaseificadas e vitaminadas, além de lácteos (leite, soja, Ômega 3), bebidas energéticas e água de coco. Segundo a empresa, a resina PET PoliProtect prolonga a vida dos produtos acondicionados em embalagens monocamada

produzidas com essa resina. A PoliProtect da M&G já está sendo utilizada em garrafas na Europa, no mercado de cervejas. Segundo a empresa, o custo total de produção de uma garrafa de PET de 500 mililitros para cerveja, na comparação com embalagem de vidro com o mesmo volume, é de 36%, incluindo redução de custo de frete e diminuição de perdas com quebras durante o enchimento e o transporte.

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

FECHAMENTOS

Uma gota em 800 piscinas Referência em rolhas de cortiça anuncia tecnologia que reduz o risco de “vinhos rolhados” a níveis mínimos Maior fabricante mundial de rolhas de cortiça, a Corticeira Amorim, de Portugal, iniciou o uso de uma tecnologia que a tornaria capaz de fornecer rolhas isentas de TCA – ou tricloroanisol, composto derivado da ação eventual de fungos e que provoca nos vinhos o famigerado gosto de rolha (bouchonée). O risco desse efeito indesejável é uma das causas do uso crescente, no mercado vinícola, de rolhas sintéticas e outros tipos de fechamentos para garrafas. A solução adotada pela Amorim se chama NDtech. Trata-se de um sistema automatizado de análise e triagem de rolhas em nível individual que não teria paralelo no setor corticeiro. A solução não garantiria isenção total de TCA, mas sim rolhas com

traços indetectáveis da substância, inferiores ao limiar de detecção de 0,5 nanograma por litro – o equivalente a uma gota de água em 800 piscinas olímpicas. O desempenho é validado por dois centros de pesquisa independentes do ramo vinícola, a Universidade Hochschule Geisenheim, da Alemanha, e o Instituto Australiano de Pesquisa de Vinhos (AWRI).

O desenvolvimento do sistema levou cinco anos e um investimento de 10 milhões de euros. O segredo é uma abreviação significativa do exame de rolhas por meio da cromatografia gasosa. Segundo a Amorim, o NDtech permite examinar uma rolha em segundos, contra uma média de catorze minutos

do método de cromatografia gasosa convencional. “Isso nos permitiu implantar a verificação diretamente em nossa linha de produção”, diz Miguel Cabral, diretor de P&D da corticeira. Carlos de Jesus, diretor de marketing da Amorim, explica que os primeiros lotes de rolhas selecionadas pelo NDtech estão sendo direcionadas a vinhos de alta nobreza de vinícolas de seis países: França, Estados Unidos, Itália, Espanha, Alemanha e Portugal. “A aceitação tem sido bastante positiva, especialmente pelo papel importante que a embalagem premium tem para as exportações de vinhos para mercados cruciais, como os Estados Unidos e a China”, relata o executivo. Ainda não há previsão de quando a solução estará disponível a marcas brasileiras.

Dispostos a pagar mais por ela Sistema automatizado de triagem diminui chance de contaminação das rolhas por TCA

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Uma pesquisa feita pela Ibope Inteligência junto a consumidores de São Paulo apontou uma influência do tipo do fechamento na percepção de qualidade dos vinhos. Segundo o levantamento, vinhos em garrafas vedadas por rolhas de cortiça são considerados como de qualidade superior à daqueles associados a rolhas sintéticas (plásticas) ou de tampas de rosca (screw caps) feitas de alumínio. “O consumidor está disposto a pagar entre 13 e 15 reais a mais por um vinho cuja rolha seja de cortiça natural”, diz nota sobre o levantamento. Metade dos entrevistados ainda indicou como relevante a sustentabilidade da cortiça – um recurso natural, obtido da casca do sobreiro, árvore abundante em Portugal e no sul da Europa. Apesar dos resultados divulgados recentemente, a pesquisa foi realizada em 2014. Foram consultados 407 internautas paulistanos, homens e mulheres, de 18 anos ou mais e das classes A, B e C.



Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

VIDRO

LITERATURA

Para artesanais, pescoço bojudo

Cartilha para a reciclagem

A Thick Neck, garrafa de vidro com capacidade de 300 mililitros e pescoço bojudo, é o novo modelo de embalagem oferecido pela Owens-Illinois ao mercado de cervejas artesanais e especiais. Antonio Melo, gerente de produtos da vidraria, assinala que o design visa garantir destaque no ponto de venda aos produtos acondiciona-

dos, sobressaindo ante as long necks convencionais, geralmente de gargalo longo e fino e conteúdo maior (355 mililitros). “A ideia foi sair do lugar comum”, diz o executivo. A Cervejaria von Borstel, de Londrina (PR), é uma das primeiras usuárias da nova garrafa. Ela foi adotada para a Kaffee Bier, cerveja com adição de café.

Garrafa de 300 mililitros foi criada especialmente para cervejas artesanais

FEIRAS

Eventos em guarda-chuva A Messe Düsseldorf, promotora alemã de feiras de negócios, anunciou uma mudança na condução de suas mostras de processamento e

embalagem. Todas elas passam a abrigar-se sob uma marca guarda-chuva, a Interpack Alliance. Além da própria Interpack, feira de embalagem realizada trienalmente na Alemanha, a família compõe-se da Upakovka (Rússia), Food Pex (China), China Pharm, Bulk Pex (China), Pacpro Asia (China), Packtech/Food Pex India, Components (Alemanha), Food Processing & Packaging Exposyum (Quênia), Indopack (Indonésia) e Process Expo (Estados Unidos). Todos os eventos exibirão o logotipo criado para a marca matriz, e deverão no futuro ter identidades seguindo o estilo e as cores da Interpack.

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) lançou a Cartilha de Reciclabilidade de Materiais Plásticos Pós-consumo. A ideia é instituir um novo padrão ambiental às embalagens, contemplando todo seu ciclo de vida, desde o desenvolvimento até a sua reutilização. Entre outros temas, o documento aborda uma grande dificuldade enfrentada pela indústria de reciclagem, que é o recebimento de materiais contaminados. “Algumas embalagens têm misturas que dificultam o aproveitamento”, observa Ricardo Hajaj, coordenador da Câmara Nacional dos Recicladores de Materiais Plásticos (CNRMP). “A cartilha trata desse e de outros temas. O objetivo é que as novas embalagens sejam projetadas e pensadas no ciclo de vida total, desde a sua concepção até a sua reciclagem, agregando benefícios e valor para toda a cadeia produtiva.” A publicação pode ser acessada no link: emb.bz/202abiplast ou no aplicativo institucional da Abiplast.

GENTE

Gestão prolongada Em assembleia realizada em abril, Eduardo Sousa (foto) foi eleito presidente da Associação dos Agentes de Fornecedores de Equipamentos e Insumos para a Indústria Gráfica (Afeigraf). Sousa, gerente de marketing da Agfa Graphics na América Latina, vinha ocupando interinamente a presidência da entidade desde novembro de 2015, após licenciamento de Klaus Tiedemann.

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Cartilha da Abiplast visa instituir novo padrão ambiental às embalagens


GENTE

Troca no topo A Braskem anunciou a indicação de Fernando Musa (foto) para ser seu novo presidente. Ele substituirá Carlos Fadigas, que em cinco anos liderou uma estratégia de internacionalização da companhia brasileira e a consolidou como sexta maior produtora mundial de resinas plásticas. Musa é engenheiro mecânico e atuou em empresas como McKinsey, Editora Abril e Monitor Group. Ingressou na Braskem em 2010, sendo responsável pela integração da Quattor. Desde 2012 ocupava a presidência da Braskem America, unidade responsável pelos negócios da petroquímica nacional nos Estados Unidos e na Europa.

LITERATURA

Catecismo dos despachos A Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO) informa estar pronta a terceira edição do Manual de Transporte, Movimentação e Armazenamento de Materiais – Papelão Ondulado. Trata-se de um guia para fabricantes e usuários sobre como transportar de forma correta produtos contidos em embalagens feitas daquele material. Segundo a introdução do Manual, na produção e na distribuição física devem-se levar em conta os fatores embalamento, manuseio, armazenagem, movimentação e distribuição, já que “a competitividade dos produtos é garantida por controles na formação de custos”. O custo “será menor quando a embalagem de transporte for especificada e utilizada de forma correta”. Com oitenta páginas, o volume é fartamente ilustrado com gráficos e diagramas de orientação aos usuários, além de reproduzir um cartaz orientativo. Informações sobre aquisição: emb.bz/202abpo Guia mostra como transportar produtos contidos em embalagens de papelão ondulado


Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

MARKETING

BEMIS

Percepção mais eficaz

Brilho e barreira

Especializada em neuromarketing, uso de técnicas da neurociência para o desenvolvimento de produtos e serviços, a Forebrain, do Rio de Janeiro, produziu um e-book específico sobre a aplicação daquela ferramenta na definição de embalagens. O documento, disponível em www.forebrain.com.br/ebook/embalagem, aprofunda a abordagem sobre oito caminhos para o trabalho com apresentações de produtos eficientes, aqui resumidos:

SilverGlam é o nome dado pela Bemis ao seu mais novo modelo de bisnaga (tubo) laminado. Os diferenciais da embalagem são o altíssimo brilho e a barreira à luz, ao oxigênio e ao vapor d’água. A novidade é indicada para utilização em produtos dos mercados de higiene pessoal e cosméticos. “A embalagem promete chamar a atenção dos consumidores nas gôndolas por causa da funcionalidade e do visual cintilante”, acredita Marcus Vinícius Correa, gerente de marketing de Produtos de Consumo da Bemis. O tubo está disponível nos diâmetros 16, 22, 25, 28, 35, 40 e 50 mílímetros.

1. Menos é mais: embalagens com menos informações costumam ser processadas mais facilmente pelo cérebro dos consumidores; 2. Abuse da repetição: quando padrões visuais são repetidos, o esforço necessário para que uma imagem seja formada na mente dos consumidores é menor, facilitando o processamento; 3. Atente-se à simetria: embalagens simétricas costumam gerar emoções mais positivas; 4. Saliência = atenção: o contraste de uma embalagem com o seu entorno pode facilitar sua percepção e impactar a sua atratividade;

5. Nitidez: linhas nítidas facilitam a percepção e o processamento da informação que as embalagens querem transmitir; 6. Apele para motivações inconscientes: sinais das embalagens podem despertar desejos – que nem sempre são conscientes – nos consumidores. Entender quais são as necessidades e desejos mais profundos do seu público alvo e alinhar a sua embalagem a esses desejos pode funcionar muito bem; 7. Lembre-se da relação novidade/familiaridade: produtos muito familiares costumam chamar menos atenção, mas contam com o apoio emocional de experiências passadas. Produtos muito inovadores podem chamar mais atenção dos consumidores, mas costumam gerar sensações de estranheza e desconforto; 8. Analise os valores da categoria: é muito importante conhecer os valores que estão associados à categoria do seu produto. Alinhar os valores do seu produto com os da categoria, ou não, é uma questão estratégica.

Bisnagas têm altíssimo brilho e barreiras à luz e ao oxigênio

IMPRESSÃO

Maior abertura para provas A alemã GMG, desenvolvedora e fornecedora de soluções para gerenciamento de cores, anuncia uma nova atualização do OpenColor, seu premiado software de criação de perfis multicanais. A nova versão permite criar perfis de separação de cores de alta precisão, que eliminariam problemas com comportamento dos overprints (impressão de uma tinta sobre outra). Um destaque é que agora os perfis não são mais unicamente compatíveis com o GMG ColorProof para a confecção de provas, podendo ser exportados para o Adobe Photoshop e para softwares de produção de embalagens. Em breve, o OpenColor oferecerá perfis reticulados para as soluções de prova da GMG.

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MARKETING

Canal único já era

númeroS

Restrito à venda direta por quase três anos desde seu lançamento, no início de 2013, a linha de higiene pessoal e beleza SOU, da Natura, estreou em novos canais de venda. Os produtos passaram a ser oferecidos em farmácias e, mais recentemente, através de um serviço de assinaturas e em vending machines. Seis máquinas de venda automática disponibilizarão os artigos da marca por tempo limitado em pontos da cidade de São Paulo. A família Natura SOU tem nas embalagens – stand-up pouches (bolsas plásticas que ficam em pé) com bico – um importante apelo comercial: alega-se que a solução é ecológica pelo menor consumo de resinas em relação aos frascos. O projeto foi um dos vencedores da edição de 2013 do Prêmio Grandes Cases de Embalagem (ver http://emb.bz/naturasou).

6,6%

Foi o crescimento registrado pela Brasilata em 2015. Apesar da crise e da estabilidade do volume físico de vendas, a fabricante de embalagens de aço obteve bom resultado graças ao maior giro de produtos de melhor margem às exportações, que avançaram 45% no período. Linha SOU agora está disponível em vending machines

FECHAMENTOS

Oportunidade de reversão

GENTE

Mudança na direção A Dow tem no Brasil um novo diretor de vendas para o negócio de Embalagens & Plásticos de Especialidades. É Eide Garcia (foto). O profissional, formado em engenharia química pela Universidade de São Paulo (USP), acumula catorze anos na multinacional americana, tendo passagens por cargos diversos na filial brasileira e no exterior. Garcia substitui Letícia Jensen, promovida a diretora de vendas da mesma divisão para o sul da Europa (Itália, Espanha, Portugal e França).

A e-smoCap é uma das mais novas tampas desenvolvidas na Europa pela Bericap. Voltado à aplicação em frascos de líquidos para recarga de cigarros eletrônicos, o fechamento é resultado de seis meses de pesquisas de mercado junto a fabricantes franceses do produto. “A ideia é tomar participação das 700 milhões de tampas importadas da China a cada ano”, diz a empresa. O componente incorpora banda antiviolação, gotejador integrado para aplicação em passo único e bico longo e esguio, compatível com qualquer tipo de cigarro eletrônico. Produtores de polietileno e de PET já teriam projetado diversos modelos de frasco adequados para a solução.

Com nova tampa, Bericap quer tomar participação de empresas chinesas

772,1 milhões de euros

Foi a receita alcançada pela Krones no primeiro trimestre de 2016. O resultado representa um aumento de 4,5% em comparação com o faturamento registrado no mesmo período do ano passado pela companhia alemã, referência em equipamentos para envase de bebidas.

10,6% Foi a elevação da venda de medicamentos no Estado de São Paulo no primeiro quadrimestre. O total comercializado saltou de 13,9 bilhões de reais, nos quatro primeiros meses de 2015, para 15,3 bilhões de reais. A produção de unidades também aumentou no período: 7,2%, de acordo com o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma).

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equipamentos

Garantia contra o “7 a 1” Para ser competitiva, inclusive frente à concorrência internacional, indústria de bens de consumo precisa investir na automação das operações anteriores e posteriores à produção Por wilson palhares

Moldes e operações industriais posteriores aos finais de linhas de produção – eis o alfa e o ômega na corrente da embalagem. Assim como a primeira e a última letra do alfabeto grego simbolizam sua inteireza, os cuidados com as etapas que antecedem e que se seguem à produção e ao acondicionamento de bens de consumo são fundamentais para o êxito de todo o processo, tanto quanto as fases intermediárias. Ou seja: da mesma forma que aquelas ferramentas representam o elo primordial indispensável dos sistemas de embalagem (tema abordado na matéria de capa da edição anterior de EmbalagemMarca), as operações de pré-expedição, ponto derradeiro do processo e objeto desta reportagem, são essenciais. Sem sua total eficácia pode-se dizer que é impossível alcançar os objetivos de redução de custos, aumento da produtividade e maior competitividade, necessidades mais que prementes para a própria sobrevivência da indústria brasileira ante o desempenho “7 a 1” da concorrência internacional. Ocorre que nessa fase posterior ao processo, em que tradicionalmente predominava o emprego de mão de obra barata, não especializada, tal fator parece não mais ser compensador. A elevação da remuneração desse nivel de recursos humanos registrada em anos recentes, aliada a outros gravames, como alta incidência de encargos, taxas, impostos e juros elevados, contribuiu fortemente para abater a competitividade dos produtos. A solução logicamente proposta por fornecedores e largamente adotada em países de economias mais eficientes seria auto16 | Junho 2016

matizar ao máximo essas operações, incluídas as de pós-produção. “A automatização de finais de linhas traz inúmeras vantagens, dentre as quais padronização e confiabilidade da operação, previsibilidade do ponto de vista de custos, planejamento de recursos e de produção, otimização do sistema de produção, melhoria da qualidade do produto final e redução de retrabalhos”, defende José Priante, diretor geral da Gebo Cermex do Brasil, uma empresa fruto da fusão da fortes marcas Gebo e Cermex, referências mundiais em engenharia de linhas de envase e embalagem para os mais diversos segmentos de mercado, como bebidas, alimentos,produtos de higiene pessoal e do lar e farmacêuticos, entre outros. No entanto, essa providência recomendada pelo executivo “é vista por boa parte das indústrias apenas como custo imediato, não como investimento, como aumento do patrimônio e melhora da eficiência”, nas palavras

de Marcus Kurle, gerente geral/América do Sul da concorrente CT Pack do Brasil, escritório local da italiana CT Pack, fornecedora de sistemas completos de acondicionamento e finalização de embalagens, principalmente para a indústria de alimentos. Kurle considera a automatização um caminho inevitável para qualquer economia que busque se desenvolver nas próximas décadas. “Basta olharmos para economias desenvolvidas e analisarmos quantas pessoas realizam trabalhos manuais”, ele sugere. E descreve, sem citar nomes das empresas: “As grandes multinacionais de consumo presentes no Brasil estão quase todas já 100% automatizadas, e as que ainda não terminaram estudam datas e deadlines para terminar este processo”. Mas também empresas de capital nacional notoriamente bem sucedidas procedem assim, como, para citar um exemplo, fez a M. Dias Branco. Ao implantar um sistema de transporta-


dores contínuos que movimenta caixas e paletes, aquela indústria do setor de alimentos aumentou a eficiência de sua planta de biscoitos em Aratu (BA), conforme relatado recentemente pela revista Mundo Logística. Aquelas três empresas oferecem, cada uma com características específicas, ampla gama de soluções em final de linha, seja para a operação de encaixotamento e empacotamento, seja para a operação de paletização. “Nossas soluções”, diz o diretor geral da Gebo Cermex, José Priante, “vão desde sistemas padronizados e dedicados a uma única linha de produção até sistemas customizados que podem atender diversas linhas de produção, como é o caso das centrais de paletização.” Ele observa que, com o avanço tecnológico que possibilitou aumento expressivo da confiabilidade dos equipamentos, e da automatização de subtarefas antes realizadas de forma manual ou semiautomática, “é possível oferecer sistemas para embalagem e paletização que associam: alta velocidade, alta flexibilidade operacional, baixo consumo energético, baixo custo de propriedade e ergonomia”. Uma dessas soluções é o sistema VersaBloc, novo conceito em otimização da parte seca das linhas produtivas. Descrito pela empresa como “surpreendentemente simples e inovador”. Segundo o fabricante, o sistema oferece ao mesmo tempo as funções de embalagem secundária por filme termoencolhível e paletização. (ver em emb.bz/202gebo). Por sua vez, Marcus Kurle, da CT Pack, embora ressalvando que o payback de investimentos em sistemas de automatização obviamente não é rápido, pondera que a decisão de adotá-los deve orientar-se “pelo olhar estratégico, além da mera análise da economia na folha de pagamentos”. Mesmo sob este prisma, o executivo lembra que “máquinas mais modernas, automáticas, produzirão mais com o mesmo número de funcionários, enquanto outras empresas que precisam alocar muitos empregados para pagar impostos ou resolver questões burocráticas, terão toda a infraestrutura que vem por trás,

O sistema VersaBloc, da Gebo Cermex associa funções de embalagem secundária por filme termoencolhível e paletização

como departamentos jurídico, financeiro, de recursos humanos e outros, geralmente dimensionados de acordo com a quantidade de colaboradores”. Nessa linha, ele informa que sua empresa oferece ao mercado a máquina Raptor, uma encaixotadora standard com capacidade de entrada para 300 produtos por minuto. Tem integrada a abertura da caixa de papelão, a colocação do produto dentro dela e seu fechamento, tudo dentro do mesmo chassis. Segundo o executivo, pode ser chamada também de “all in one”. Outra importante provedora do segmento, a Optima do Brasil, estabelecida em Vinhedo (SP) e representante do Optima Group, da Alemanha, para o mercado latino-americano, oferece amplo porfolio de equipamentos dedicados à fase focada nesta reportagem e que podem ser fornecidos sob demanda. Dentre outras máquinas, a empresa destaca a Encaixotadora Optima CP4, disponível na versão por carregamento vertical (ver em emb.bz/202optima).

No consenso das opiniões dos profissionais ouvidos para esta reportagem, o que se conclui é que um sistema de embalagem não se limita ao envase, à rotulagem e ao acondicionamento em recipientes secundários. Para ser completo e eficaz ele exige o máximo cuidado também nas fases pré e pós do processo produtivo. Na pior das hipóteses, o jogo fica empatado, mas as chances de vencer aumentam.

A máquina Raptor, da CT Pack, é do tipo “all in one”: suas operações são integradas

A Encaixotadora Optima CP4 contempla desde as funções de armação até a de agrupamento de caixas, em alta velocidade

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17


entrevista

O momento vivido pela Superbom talvez seja bem definido por seu próprio nome. A adesão crescente dos brasileiros a hábitos mais saudáveis tem feito o faturamento dessa nonagenária fabricante de alimentos naturais, fundada em São Paulo, evoluir nos últimos anos a taxas de dois dígitos. Em 2015, a receita aumentou 17,5%. Ante a situação favorável, a aposta em inovação se intensifica. Produtos clássicos da marca, como sucos, geleias, méis e carnes vegetais, vêm ganhando a companhia de novidades como queijos e cream cheese veganos. Não obstante ofereça produtos especiais, para a marca a embalagem é tão importante quanto para o mercado mainstream, em termos de marketing, e um componente até mais crítico em sentido técnico, pelo fato de as iguarias não conterem aditivos químicos. Os cuidados nessas duas frentes são comentados nesta entrevista por Cristina Ferreira, gerente industrial da Superbom. São frequentes as notícias de fabricantes de alimentos suspendendo lançamentos. A Superbom, contudo, tem ampliado seu portfólio de produtos e acaba de anunciar 22 novidades. A empresa vive uma situação privilegiada? Os lançamentos são projetos que já vínhamos desenvolvendo há um ano e meio, há dois anos. Optamos por introduzi-los no mercado mesmo com a crise, porque são propostas muito diferenciadas. É inegável que o momento econômico não é bom, que isso sempre traz impactos, mas a circunstância não teve grande interferência no giro de nossos produtos. Pelo menos não ainda. Crescemos 17,5% em 2015 e as vendas não recuaram expressivamente neste primeiro semestre. Apesar da crise, entendemos que o momento é da “saudabilidade”. Existem lacunas nesse mercado de produtos saudáveis, oportunidades de inovação. Por isso acabamos fazendo os lançamentos.

Tradicional fabricante de produtos para vegetarianos e veganos atravessa uma etapa especial em sua história. Cristina Ferreira, gerente industrial da Superbom, fala da contribuição das embalagens para o crescimento dos negócios

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foto: Sendi Moraes

Na raiz da boa fase

Um dos destaques entre os lançamentos é a linha de queijos cremosos Superbom Vegan Cream Cheese. Os produtos são oferecidos em potes de vidro, diferentemente dos cream cheeses tradicionais,


geralmente apresentados em potes plásticos. O que motivou essa escolha? Exibimos o produto pela primeira vez na Apas 2016 (feira da Associação Paulista de Supermercados ocorrida no início de maio em São Paulo) e a embalagem fez enorme sucesso. É um pote de vidro novo, desenvolvido pela Nadir Figueiredo com exclusividade para nós e para uma indústria parceira, que o utilizará em outro segmento. O formato é muito bonito. A tampa, de aço, também é diferenciada. É um modelo ainda inédito no Brasil, trazido da Polônia pela Silgan. A linha de cream cheese começará a ser produzida a partir de junho e estará disponível para venda a partir de julho. Estamos confiantes de que será um sucesso, como vem sendo a linha de queijos veganos lançada no ano passado. Mas por que o vidro? Por dois fatores. Primeiro, porque o produto tem apelo premium. Entendemos que o vidro agrega mais ao produto do que uma embalagem plástica, o enobrece. Em segundo lugar, é uma embalagem que garante propriedades exclusivas de conservação do produto. Preserva melhor aroma, textura, cor, sabor. O cream cheese, à base de batata, não contém nenhum aditivo químico, nenhum conservante – como, aliás, todos os nossos produtos. Se eu trabalhasse com uma embalagem plástica, dificilmente conseguiria ter o mesmo shelf life que tenho no vidro sem o uso de substâncias químicas. Cabe acrescentar que o vidro, por ser 100% reciclável, tem tudo a ver com a filosofia do bem-estar. O consumidor de produtos como os nossos costuma apreciar a embalagem de vidro.

Linha de cream cheese tem pote de vidro e tampa de uso inédito no mercado brasileiro


Existem outros exemplos de contrastes flagrantes entre padrões de apresentação de alimentos e bebidas convencionais e soluções adotadas pela Superbom? A diferença existe até nos nossos produtos mais tradicionais, os sucos. Os sucos integrais e os sucos prontos para beber são oferecidos em garrafa de vidro, enquanto a maioria do mercado trabalha com cartonadas assépticas e com embalagens plásticas, que são soluções um pouco mais baratas. Novamente, o objetivo é conferir apelo premium aos produtos, diferenciá-los, porque eles também não têm nenhum tipo de conservante químico. São conservados por pasteurização e envase a quente. Em outra embalagem não conseguiríamos fazer esse processamento sem a adição de alguma substância química. É uma filosofia. A orientação é optar por um recurso que imprima mais saudabilidade e mais sustentabilidade mesmo que o custo seja maior. Acreditamos que o mercado está mais maduro e sabe reconhecer as diferenças. Produtos como os recém-lançados snacks, porém, seguem o paradigma de apresentação da categoria, ou seja, embalagens plásticas flexíveis... É verdade. Foi opção nossa. Decidimos adotar embalagens laminadas, com uma camada interna metalizada, por questão de barreira. É uma solução que mantém a crocância do produto por mais tempo, que garante ao produto um shelf life extenso. Até poderíamos colocar os snacks em embalagens flexíveis feitas somente de polietileno. Mas preferimos seguir o conceito do mercado por questão de conservação do produto e para não fugir muito do arquétipo da categoria. É importante ressaltar que nem sempre os quesitos valor e sustentabilidade são incondicionais. Um exemplo é o nosso mel, que já tem mais de cinquenta anos no mercado. Ele é tradicionalmente vendido em embalagem de vidro, porém conta com uma versão em bisnaga de PET. Ocorre que uma parcela de consumidores gosta dessa embalagem, pois ela dá praticidade para aplicação do produto. A vida de prateleira dos produtos da

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Em snacks, flexíveis laminadas, típicas da categoria, garantem conservação

Superbom costuma ser menor que o de alimentos e bebidas convencionais? Nosso objetivo é que o shelf life de nossos produtos seja similar e se possível até maior que o dos alimentos convencionais. Daí a escolha de algumas soluções diferenciadas. Nos sucos integrais em vidro, por exemplo, consigo um shelf life de até dois anos. Num suco pronto para beber, dependendo da fruta conseguimos um shelf life de doze meses, de dezoito meses, coisa que em outra embalagem eu não conseguiria. Isso facilita a distribuição. Como o País é muito grande, nossa logística é um tanto complicada para que os produtos cheguem ao extremo Sul, ao extremo Norte, ao Nordeste. Um produto com shelf life abreviado acaba dificultando essa logística. É um dos problemas que enfrentaremos nessa linha nova de cream cheese. O produto tem noventa dias de shelf life. Haverá dificuldade de trabalhar essa linha em algumas regiões do País. A tendência é que seja um

produto mais restrito a São Paulo, Rio e provavelmente Paraná. A empresa costuma utilizar processos especiais para prolongar a vida útil dos produtos além da pasteurização e do envase a quente? Que eu me lembre, não... Já pensamos no uso do envase com atmosfera modificada. Temos projeto, por exemplo, em nossa linha de queijos veganos. Provavelmente trabalharemos com essa tecnologia. Outra novidade da empresa é o início da oferta de néctares em lata. Houve investimento numa linha própria de envase ou a produção é terceirizada, dada a conhecida exigência de alta escala para o trabalho com tal embalagem? Decidimos iniciar com um projeto piloto. Não fizemos investimento na nossa fábrica. Buscamos um parceiro. A formulação foi desenvolvida por nós, e contratamos um terceiro para enva-


Sucos em lata têm envase terceirizado e rótulos termoencolhíveis

quanto a parte de dinamismo, de estabelecimento de uma competência própria. Todos os projetos visuais de embalagem são tocados a partir de briefings que montamos, e depois avaliados por uma comissão de produto. Já a parte de sistema, de estrutura da embalagem, é definida com apoio do nosso Centro de Pesquisa & Desenvolvimento. Temos uma tecnóloga dedicada ao estudo dessa matéria.

Sabemos que a Superbom desenvolve internamente projetos gráficos de embalagens. Isso ocorre em todos os lançamentos e atualizações? Ou a empresa também recorre a agências de design? Hoje, fazemos toda essa parte de desenvolvimento gráfico internamente. Todos os layouts das embalagens e todos os rótulos são projetados por uma equipe de criação abrigada dentro do departamento de marketing. Não terceirizamos mais, há algum tempo. Depois que internalizamos, percebemos que melhorou muito tanto a parte de sigilo, de não vazar informações,

Opinião de Getúlio

O público atendido pela Superbom sempre foi considerado uma minoria, um nicho. Há perspectiva de crescimento expressivo desse mercado consumidor no Brasil? A previsão é de que o mercado de ali-

Por mais de uma década desde sua fundação, em 1925, a Superbom não teve nome. A empresa consistia numa produção de suco de uva iniciada por Adolpho Bergold no porão de uma casa situada no terreno do Colégio Adventista Brasileiro (CAB), atualmente Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). A marca surgiria em 1936. Quando perguntado sobre o que achara do suco de uva da empresa, que acabara de provar, o então Presidente da República, Getúlio Vargas, teria dito: “É super bom!”.

mentos e bebidas mais saudáveis mantenha um crescimento de dois dígitos pelo menos até 2020. Não temos números precisos, mas sabemos que o Brasil já tem uma população vegetariana e vegana muito grande, que tende a crescer ainda mais e que procura produtos diferenciados como os nossos. Além disso, pessoas não assíduas cada vez mais experimentam e consomem eventualmente os produtos. Estamos menos dependentes de um nicho, mas o próprio nicho não deixa de representar um ponto positivo. Por mais que haja crise, os consumidores que adquirem nossos alimentos e bebidas por gosto, necessidade ou convicção permanecem conosco. Temos um público fiel.

Números da Superbom 90 anos em atividade Cerca de 100 SKUs Presença em 25 000 pontos de venda no Brasil

Fonte: Superbom | maio de 2016

sar os produtos, sob nossa supervisão. Apenas alugamos a linha de envase, porque o investimento seria muito alto. Queremos primeiro sentir o mercado, a recepção pelo público. Tanto as matérias-primas das bebidas quanto o material de embalagem são comprados e gerenciados por nós. As latas são da Crown e os rótulos são da Uniflexo. As embalagens são decoradas com sleeve (rótulo termoencolhível) porque, se quiséssemos litografia, teríamos de entrar com volume mínimo de 220 000 latas, 250 000 latas por sabor. Por ser um piloto, esses volumes nos pareceram inviáveis. Curiosamente, os rótulos ficaram tão bem feitos que algumas pessoas não os notam, acham que as latas são litografadas.

Mais de 3 milhões de litros de sucos produzidos por ano Mais de 300 toneladas de proteína vegetal processada por ano

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reportagem de capa

Saudabilidade com criatividade Demanda por melhor nutrição faz a indústria alimentícia pensar menos em recursos artificiais e valorizar artifícios para comunicar apelos naturais dos produtos Por Guilherme Kamio

Apontada

como a maior do mundo em seu gênero, a feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas) tornou-se uma das ocasiões prediletas da indústria para o anúncio de novidades. A conduta proporciona um visor das intenções das marcas e dos rumos dos mercados. E a 32ª edição do evento, realizada no início de maio em São Paulo, deixou clara a grande aposta do setor de alimentos e bebidas em produtos que prometem benefícios à saúde. A maioria das embalagens dos lançamentos da Apas 2016 trazia com destaque dizeres como “natural”, “integral” e “zero”. Essa oferta de produtos mais puros atenderia à crescente adesão dos brasileiros à “saudabilidade”. O neologismo, presente em quase todos os informes sobre as novidades da feira, exprime a preocupação crescente das pessoas em abraçar melhores hábitos de consumo. A perspectiva é de que essa tendência se acentue no Brasil. Segundo dados da Euromonitor International, no ano passado as vendas de alimentos processados de apelo saudável (com redução de sal, açúcar ou gordura, isentos de glúten ou lactose, funcionais ou livres de ingredientes artificiais) movimentaram o equivalente a 27,5 bilhões de dólares no mercado nacional. O número parece expressivo,

24 | Junho 2016


38%

dos consumidores se interessam por alimentos naturais e integrais

mas é seis vezes menor do que o computado no mesmo período nos Estados Unidos e quatro vezes menor do que o registrado na China. A oportunidade para os brand owners é a da entrega de atributos que influiriam nas decisões de compra de 38% dos consumidores, de acordo com um estudo da Nielsen. Conforme estimativa da empresa de pesquisas, shoppers se dispõem a pagar até 73% a mais por esses alimentos e bebidas

recomendáveis. É uma chance de rentabilidade maior que não pode passar em brancas nuvens para a indústria alimentícia – e nem para o trade.

Ainda que dê margem ao trabalho com embalagens mais incrementadas, a suposta propensão das pessoas a gastar mais com produtos salutares não tem estimulado entre os fabricantes esbanjamentos na apresentação. “Temos como principal missão a

Vendas de alimentos de apelo saudável* em 2015 (em bilhões de dólares) Estados Unidos

158,2

China

116,5

Japão

43,8

Reino Unido

29,9

Brasil

27,4

Fonte: Euromonitor International

Na recém-lançada linha de bolos da Mãe Terra, os cartuchos de papel cartão trazem incrementos como resselagem, enquanto os standup pouches da linha de grãos têm janelas para visualização

Fonte: Nielsen

73%

é o quanto estariam dispostos a pagar mais por esses produtos

democratização do consumo de alimentos naturais e orgânicos. Não é mais um nicho, é um caminho sem volta”, explica Thiago Palhas, designer da Mãe Terra, empresa que há 36 anos atua nesse mercado. “Pensando nisso, sempre utilizamos embalagens viáveis financeiramente.” A filosofia de pés no chão não implica menosprezo no acondicionamento. Adquirida recentemente por valor não divulgado, uma encartuchaJunho 2016 |

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dora Fabrima deu à Mãe Terra mais velocidade no acondicionamento e condições de materializar novas ideias em embalagens de papel cartão. Palhas destaca as caixas criadas para a recém-lançada linha de produtos assinada pela culinarista e apresentadora Bela Gil. Desenvolvidas em parceria com a Congraf, elas têm tira de abertura desenhada em curva e com trava, permitindo ao consumidor resselar as embalagens. A base incorpora reforço para evitar rompimentos e garantir

Para bebidas à base de purê de frutas a Jasmine utiliza cheer packs, derivação dos já corriqueiros flexíveis que ficam em pé

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segurança no envase automático. Já os modelos adotados para o painço e o Trato MPB (mix de castanhas e cacau) exibem janelas integradas ao design gráfico. “São recortes em harmonia com a arte”, observa Cesar Costa, designer de embalagens da Congraf.

Dois itens da linha Bela Gil são personificados por um tipo de embalagem flexível em ascensão no mercado de alimentos convencionais: o stand-up pouch (SUP), bolsa plástica capaz de repousar em pé. A solução vem sendo prestigiada por diversos players em produtos naturais, integrais e orgânicos. Entre eles está a paranaense Jasmine Alimentos, ativa há 26 anos. A empresa oferece grãos integrais e superfrutas (frutas desidratadas com alta concentração de nutrientes) em SUPs dotados de fecho (“zíper”) que permite lacrá-los após a abertura. “Essas embalagens garantem uma melhor visibilidade aos produtos no ponto de venda e praticidade para o consumidor”, considera Liza Schefer, gerente de marketing da Jasmine. O recurso foi também adotado para a venda de smoothies (bebidas à base de purês de frutas), porém numa derivação especial: o cheer pack, constituído de um laminado que permite a pasteurização e dotado de bico dosador com tampa. Liza diz que os smoothies são exceções entre os projetos da Jasmine, por

serem importados (da Espanha) já acondicionados. Trazer produtos prontos de fora tem sido saída frequente entre as empresas que adotam o cheer pack no Brasil, por falta de fornecedores locais. Para preencher tal lacuna, a Tradbor, especialista em SUPs, acaba de anunciar a disponibilidade da solução no País. O anúncio decorre da entrada da italiana Gualapack como sócia do negócio. A conservação é um ponto forte dos cheer packs pasteurizáveis. A embalagem garante o trabalho com purês de frutas isentos de conservantes e com shelf life amplo (de até quinze meses) em gôndola seca. É uma solução que, nesse particular, resolve o desafio inerente às empresas do setor: o uso de invólucros capazes de preservar adequadamente produtos delicados, aos quais a ajuda de aditivos químicos não pega bem. Em linhas como as de snacks, frutas crocantes e cookies, a Jasmine responde ao problema por meio do uso de flow packs de alta barreira, feitas predominantemente de filme de BOPP por fornecedores como Santa Rosa, Converplast e Finepack. “O objetivo é preservar produtos por meios físicos, não por meios químicos”, comenta Cristina Ferreira, gerente industrial da Superbom, empresa nonagenária que é hoje uma das principais fabricantes nacionais de produtos para o público vegetariano e vegano. Conforme detalha a profissional na Entrevista desta edição (ver

Os apelos da praticidade e da visibilidade dos stand-up pouches com janela são usados também pela Jasmine Alimentos para seus produtos


pág. 22), a dispensa de conservantes tem favorecido o emprego do vidro. Recipientes feitos do material são utilizados em carros-chefes da marca como méis, geleias e sucos. “Sem o uso de substâncias químicas nós dificilmente conseguiríamos o mesmo shelf life em outras embalagens”, justifica Cristina. Garrafas de vidro assegurariam à Superbom, por exemplo, vida de prateleira de até dezoito meses a certas variedades de sucos. Cada caso é um caso, contudo. No caso dos queijos cremosos (cream cheese), recém-lançados em pote exclusivo da Nadir Figueiredo, a empresa conseguiu alcançar shelf life de noventa dias. “Provavelmente será difícil levar o produto para praças além de São Paulo e Rio”, admite a gerente industrial. Cristina Ferreira esclarece que o uso do vidro não atende somente a questões técnicas, mas também de marketing. “O material tem apelo premium e, por ser 100% reciclável, tem tudo a ver com a filosofia do bem-estar”, diz. Tal anseio de oferecer alimentos naturais em apresentações também mais naturais – ou, em outras palavras, de associar saudabilidade a sustentabilidade – tem levado as indústrias do setor a estudar, entre outras ações, o uso de embalagens feitas de bioplástico. “Já cogitamos o uso em flexíveis. É uma mudança que está no nosso radar e para a qual estamos realizando uma análise de viabilidade”, revela Thiago Palhas, da Mãe Terra.

Embalagens feitas de plásticos de origem renovável e/ou biodegradáveis também já chamaram a atenção da Jasmine. “Temos intenção de utilizá-los”, diz Liza Schefer, “porém a pouca demanda nos fornecedores e os custos altos ainda são pontos a considerar”. Fabricante do I’m green, polietileno derivado do etanol da cana-de-açúcar e produzido localmente, a Braskem afiança que a especialidade está ao alcance de todo o mercado. “Os canais de distribuição englobam uma rede com grande capilaridade e capacidade para atender clientes de diferentes tamanhos”, declara a empresa.

Entre as mais de oitenta marcas que já utilizam o plástico “verde” da petroquímica brasileira, pelo menos duas o adotaram em embalagens para alimentos com apelo saudável. Na América do Norte, o Grupo Bimbo o fez nos sacos dos pães da linha Eureka Organic; no Brasil, a Pilecco Nobre o fez no pacote do arroz Pró-Integral. O cuidado para que as embalagens funcionem como extensão do apelo dos alimentos naturais e para que se alinhem ao suposto ethos de sua massa consumidora pode chegar a níveis rigorosos. Para lançar a Cuida Bem, família de produtos variados focados na saudabilidade, a Santa Helena fez questão de que os fornecedores das flexíveis, utilizadas como embalagem primária das barrinhas e mixes de castanhas, fossem

comprometidos com questões sociais e ambientais. Selecionou a Converplast e a Camargo. “Ambas as empresas utilizam equipamentos que recuperam o solvente que, no passado, era disperso na atmosfera por meio de exaustão”, comenta Bruno Curbani, gerente de produtos da nova marca. “Desse modo, sabemos que nossas embalagens não contribuem com aquela emissão de poluentes.” Curbani acrescenta que a mesma preocupação pautou a escolha da empresa provedora de caixas-display de papel cartão, utilizadas como embalagens secundárias. Nesse caso, a gráfica pinçada foi a Cosgraf. “A empresa trabalha com 100% de reciclagem de resíduos, utiliza tintas atóxicas e é certificada pelo selo FSC (Conselho de Manejo Florestal)”, elogia o profissional da Santa Helena.

No pacote flexível do arroz PróIntegral da Pilecco Nobre, plástico “verde”da Braskem é chamariz

O apelo da resina I’m Green é utilizado na América do Norte pela Bimbo, para sua linha de pães Eureka Organic

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reportagem de capa

Esforços pela percepção adequada Na criação de embalagens, fabricantes de produtos naturais têm como baliza transmitir a ideia de que não é preciso abrir mão de sabor e prazer

Os cartuchos de papel cartão dos snacks Remix são destaques entre os desenvolvimentos recentes da Mãe Terra. “São embalagens lúdicas, coloridas, com imagens de personagens compostas por cereais e outros ingredientes do conteúdo”, descreve Thiago Palhas, designer daquela indústria de alimentos. “O apelo visual é forte, quebrando a barreira do consumo de produtos naturais, vistos no passado, por muita gente, como sem graça.” Convencer o consumidor de que a escolha de alimentos favoráveis à saúde não significa abrir mão de sabor e prazer tem sido um ponto de atenção entre os fabricantes. E uma baliza na criação de embalagens. Para a Cuida Bem, sua nova linha de doces e snacks de apelo natural, a Santa Helena decidiu fugir da linguagem diet/light e utilizar uma expressão de marca “urbana, ativa e jovem”, nas palavras do gerente de produtos Bruno Curbani. “O grande objetivo é mostrar

Na Superbom, o natural não é caseiro, daí as embalagens não terem “apelo fazenda”

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que é possível ser saudável sem perder sabor. Adotamos uma tipografia cheia de personalidade, que reforça a sensação de uma marca irreverente, e uma cor impactante de fundo, que remete a sabor e garante destaque no ponto de venda”, relata o profissional. O design é de autoria da Team Créatif. Transmitir sensação de rusticidade tem sido uma aposta compreensível de muitas marcas de alimentos naturais. O mercado fornecedor de embalagens tem oferecido soluções criativas para isso, como filmes plásticos com aparência similar à do papel kraft (ver emb.bz/202kraft). Nota-se em empresas usuárias, porém, uma inclinação a abdicar desse expediente. “Não utilizados o ‘apelo de fazenda’ porque nossos produtos são naturais, mas não são artesanais, caseiros”, comenta Cristina Ferreira, gerente industrial da Superbom. “São feitos em escala industrial e por meio de tecnologias avançadas, inclusive de acondicionamento. Isso garante segurança ao consumo.” O princípio da comunicação adequada tem estimulado outros procedimentos. Thiago Palhas diz que a Mãe Terra não retoca as fotos de produtos estampadas nas embalagens. “Somos transparentes na nossa comunicação”, afirma o designer. A Superbom segue cuidado parecido. “Procuramos não trabalhar com bancos de imagens, mas com fotos reais dos nossos alimentos”, revela Cristina Ferreira. “Decidimos também priorizar designs mais leves, despojados. Hoje, no mercado, percebemos rótulos muito ‘poluídos’, com muita informação. Isso deixa os consumidores confusos.”

Nos cartuchos da Remix a ideia é quebrar a barreira antes vista como “sem graça”

Nas embalagens da Cuida Bem, esforço para fugir da linguagem diet/light



artigo

A materialização do conceito de premium Traduzir materialmente aspirações intangíveis é o caminho para encantar o consumidor do mercado de luxo em busca de experiências agradáveis Por Marc Rosen *

Desenvolvido pelo estúdio Marc Rosen Associates, de Nova York, frasco do perfume Exhale, a ser lançado em 2017, busca a essência do luxo

Luxo, prestígio, premium. Palavras que parecem sinônimos, mas que possuem significados diferentes. Em comum, há o fato de estarem relacionadas a um segmento de mercado que, sem dúvida, é um dos mais pujantes hoje em dia. Premium significa “melhor”? Luxo é qualidade, estilo? Prestígio é o mesmo que “status”? Gostaria de destacar as nuances desses termos, bem como a relação que o consumidor tem com eles. Pelo dicionário, premium é “algo de qualidade maior ou superior”. Mas uma marca é considerada premium apenas quando acreditamos que ela vale o preço adicional que por ela se cobra, pois isso indica que estamos dispostos a pagar um excedente por produtos que possuem aquele “algo a mais” que os fazem únicos. 30 | Junho 2016

Uma marca premium é construída sobre atributos específicos, tangíveis e intangíveis, que lhe dão um senso de valor. A tradução dos aspectos materiais em sentimentos imateriais, pilar dessa construção, deve incorporar os seguintes conceitos:

Sensualidade, como forma de despertar os sentidos e o senso de indulgência do consumidor, de estimular o desejo de se tocar o objeto e de se ter prazer ao olhar para ele. Um exemplo clássico é a obsessão de Steve Jobs pelos detalhes sobre como um iPhone deveria ser sentido na mão do usuário.

Mistério, para evocar sentimentos mais profundos, propiciando ao consumidor novas revelações com o passar do tempo. As pessoas gostam de

Obsessão de Steve Jobs pelos detalhes está por trás do design do iPhone


Tiffany traz o luxo até para as embalagens mais simples

buscar significados na história passada da marca. O cultivo, pela Land Rover, de sua imagem como “global trekker” é uma forma de destacá-la da imensa massa de SUV’s disponível no mercado.

Obsessão por qualidade, para transmitir, de forma consistente, uma incansável preocupação com os detalhes, como faz a Tiffany com uma simples fita branca numa caixa azul.

Raridade, a fim de agregar discernimento à escolha do consumidor, exaltando o produto porque ele é incomum. Nesse aspecto, a Audi faz um trabalho particularmente interessante para separar a marca das concorrentes BMW e Mercedes.

Confiança, como meio de projetar um sentimento de valor intrínseco. A Burberry, por exemplo, não solicitou permissão para expandir suas fronteiras, antes restritas à trincheira dos casacos clássicos, e levar sua conhecida padronagem xadrez, com altivez e autoridade, para um vasto portfólio de produtos. Autenticidade, com o objetivo de deixar claro que a marca conhece seu “real valor” e permanece comprometida com esse ideal. Tome como exemplo a experiência premium do Ritz Carlton, resultado direto de sua missão: “Damas e cavalheiros servindo damas e cavalheiros”. Baseados nessa ética simples, os funcionários do hotel sabem exatamente o negócio em que estão inseridos e como devem servir os clientes.

Cultura corporativa dá autenticidade à proposta de valor dos hotéis Ritz Carlton

Esses pontos evidenciam a importância de explorar a experiência acima de tudo, o que se torna mais verdadeiro no mercado de luxo. “Quando compramos experiências ficamos mais felizes do que quando compramos coisas”, destacou Joseph Pine [co-autor do livro “The Experience Economy”], citando um estudo de 2014 do Boston Consulting Group que revela que dos cerca de 1,8 trilhão de dólares gastos com “luxo” em 2013, quase 1 trilhão, ou 55%, foi gasto com experiências de luxo. “Uma grande parte desse trilhão foi investida em transformações de luxo: pessoas querendo recarregar as energias, se revitalizar ou melhorar seu bem-estar de alguma forma.” Como trazer esses recursos para o universo dos produtos? Trabalhar o marketing de uma marca premium demanda que pensemos em cada faceta da experiência de marca. São os 3 P’s que o fundador da

Revlon e meu primeiro chefe, Charles Revson, me ensinou. O sucesso de uma marca depende do acerto no packaging, no produto e na promoção. A qualidade da experiência de ver e tocar um frasco de perfume ou um batom pode criar um vínculo sensual entre o produto e o consumidor. Eu chamo isso de comunicação tátil, a qualidade subliminar de falar para o gosto, o estilo e as aspirações do consumidor. A embalagem é importante. O frasco correto para o perfume, a embalagem para a maquiagem ou para o creme de cuidados com a pele que traga a conotação de produto premium, a seleção das cores e dos materiais, e até mesmo a iluminação nas lojas são fatores determinantes. O serviço cuidadoso ao consumidor é outro ponto fundamental no desenvolvimento de marcas premium, assim como o é a própria cultura corporativa. A cultura, aliás, frequentemente é o alfa e o ômega das marcas de sucesso -- particularmente quando se fala em marcas premium. Qual a definição de premium, então? A minha receita especial é: uma pitada de luxo, uma colher de prestígio e muito estilo. * O americano Marc Rosen é um dos mais famosos designers de embalagens para perfumes e cosméticos. É vencedor de sete prêmios FiFi, e recebeu o título honorário de doutor do Pratt Institute Graduate School, em Nova York, onde dá aulas e tem uma bolsa de estudos com seu nome.

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reformulaçao

Transformações indicadoras do que não muda Evolução da tecnologia e crescimento da internet reforçam a importância de fontes de informação confiáveis

Há dezessete anos, quando a revista EmbalagemMarca foi lançada, a internet dava seus primeiros passos no Brasil. Era o tempo (acreditem aqueles que são novos o suficiente para não ter vivenciado isso) em que os acessos eram feitos por linha discada, muitas vezes com modems externos e via BBS (Bulletin Board System, uma espécie de etapa intermediária para que o usuário se conectasse à grande rede mundial). Nesse tempo nem tão distante, mas que parece uma outra era, EmbalagemMarca dava seus primeiros passos no mundo online, com um site simples, mas que já se destacava pela agilidade com que as informações eram atualizadas – quase diariamente. De lá para cá, a tecnologia avançou muito, e os hábitos de consumo de conteúdo online evoluíram radicalmente. As pessoas pararam de “entrar na internet” (como se falava em 1999) e se tornaram diuturnamente conectadas. Os sites deixaram de ser exibidos nos monitores de tubo e invadiram os smartphones, fazendo com que os acessos saíssem do espaço restrito dos escritórios e casas para qualquer lugar – e a qualquer hora. As conexões discadas perderam espaço para a banda larga, e a velocidade de acesso teve um crescimento exponencial. Nesse contexto em constante mutação, o volume de informações disponíveis explodiu. Hoje, encontram-se referências sobre quase todos os assuntos na internet, com maciço crescimento do uso de vídeos e algoritmos de busca cada vez mais inteligentes. Isso fez com que a habilidade de “saber buscar” se tornasse quase tão importante quanto o ato de “saber”. Essas mudanças todas tornaram evidente, contudo, o que não se alterou nesse período: a necessidade de se ter fontes confiáveis de informação. Quando há um sem-número de resultados para uma simples busca e pouco tempo para se separar o joio do trigo, existem basicamente duas opções: confiar na fonte da informação ou dar uma olhada nos primeiros resultados do Google (cujo algoritmo, faça-se justiça, já realiza uma primeira e boa triagem). O site da revista EmbalagemMarca procurou, ao longo dos anos, acompanhar essas transformações. Foram algumas mudanças (umas mais profundas, outras mais alegóricas), mas sempre com a preocupação de dar aos nossos leitores a certeza de que o que se publicava em nosso site (e posteriormente nas redes sociais) tinha sido previamente analisado por profissionais que conhecem e entendem de embalagem. 32 | Junho 2016

Para comemorar o aniversário da publicação, uma nova mudança foi feita. Quando esta revista estiver sendo lida, o novo site de EmbalagemMarca já estará no ar. Mais ágil, mais organizada e mais fácil de navegar, a nova página da revista passará a priorizar, cada vez mais, conteúdo exclusivo. Novas possibilidades comerciais também estão sendo criadas, na trilha do que estão fazendo os grandes geradores de conteúdo ao redor do mundo. Tudo para facilitar a vida do profissional de embalagem. Na busca por informações, ter confiança na fonte é, sem dúvida, garantia de economia de tempo e de segurança na tomada de decisões.

Novo site da revista EmbalagemMarca entra no ar em junho e prioriza conteúdo próprio para manter relevância



Du Pont Awards

Um grupo seleto e inovador Dois projetos brasileiros figuram entre os ganhadores de premiação internacional

Em maio, foram revelados os vencedores da 28ª Edição do DuPont Awards for Packaging Innovation, renomada premiação internacional promovida pela área de materiais de performance da DuPont. Entre o seleto grupo de 22 ganhadores, escolhidos entre as cerca de 200 inscrições do mundo todo submetidas ao crivo de um júri técnico independente, destacam-se dois projetos brasileiros: a embalagem coldform impressa de Doril Enxaqueca, inscrita pela Bemis, e as bisnagas de gel corporal Paixão Exótica, desenvolvidos pela Coty, em parceria com a C-Pack. Os prêmios são tradicionalmente divididos em três categorias (Diamante, Ouro e Prata), entregues a projetos que demonstrem excelência em, respectivamente, três, dois ou um dos eixos temáticos que norteiam a análise dos jurados (Avanço Tecnológico, Embalagens Responsáveis e Melhor Experiência do Usuário). Neste ano, contudo, o júri concedeu prêmios especiais para a empresa que, em sua análise, demonstrou Liderança em Inovação (a australiana MGI), e para homenagear os seis finalistas na categoria diamante, que é restrita a apenas um ganhador (nesta edição, a honra coube à americana Graham Packaging). O projeto da Bemis do Brasil foi um desses finalistas. A embalagem da Coty ganhou na categoria Prata. “Pela primeira vez na história de quase trinta anos da premiação temos uma empresa latinoamericana entre as finalistas da categoria Diamante”, celebrou Silvério Giesteira, diretor de negócios da DuPont Performance Materials América Latina, durante o jantar realizado em 18 de maio no badalado restaurante D.O.M., em São Paulo, 34 | Junho 2016

Embalagens ganhadoras da 28ª edição do DuPont Awards

Ganhadores da 28ª edição do DuPont Awards Veja mais detalhes sobre os projetos em emb.bz/28da. Para mais informações sobre a premiação, acesse www.packagingawards.dupont.com. Diamante • Graham Packaging, Estados Unidos, pelo projeto ThermaSet, uma embalagem PET para alimentos pasteurizados evasados a quente. Diamante - Finalistas • Aptar Food + Beverage, Estados Unidos • Adani Wilmar, Ltd., Índia • Coffeebrewer Nordic A/S, Dinamarca • Bemis Latin America, Brasil •Amcor Rigid Plastics, Estados Unidos • OIA Global, Estados Unidos Liderança em Inovação • MGI, Estados Unidos, pelo processo de decoração digital de embalagens MGI 3D

Ouro • Pulmuone Co., Ltd., Coreia • Mondi Jackson, Estados Unidos • Amcor Flexibles, Alemanha • PHD Skincare, Estados Unidos • Printpack, Estados Unidos Prata • Coca Cola, Bélgica • House Foods Group Inc., Japão • Go To Containers, Estados Unidos • TetraPak, Itália • Palladio Group, Itália • Coty, Brasil • HLP Klearfold, Estados Unidos • Sealed Air, Estados Unidos • TricorBraun, Estados Unidos


Priscila Vansetti, da DuPont: importância dos profissionais de embalagem

Finalista Diamante - Bemis Latin America Doril Enxaqueca foi o primeiro produto no Brasil a usar a embalagem coldform impressa com tecnologia local, desenvolvida pela Bemis. A decoração, que ocupa toda a área da embalagem laminada de PVC, alumínio e nylon, foi viabilizada por tintas especiais e por um trabalho de compensação gráfica que prevê a distorção no estiramento do material. O medicamento OTC (over-the-counter, comercializado sem receita médica) ganhou em comunicação nas gôndolas, e dispensou o uso do cartucho de papel cartão, reduzindo o consumo de material. Com a estrutura adotada, Doril Enxaqueca passou ainda a ter prazo mais longo de validade.

para a entrega dos prêmios da região. “Estamos orgulhosos por termos dois vencedores representando a América Latina, e especialmente o Brasil, em uma premiação desse porte, aberta a participantes do mundo inteiro.” Pouco antes, na abertura da cerimônia realizada em petit comité, a presidente da DuPont do Brasil, Priscila Vansetti, já havia enaltecido as conquistas de Bemis, Coty e C-Pack, únicos representantes da região entre os vencedores. “As empresas, cada vez mais, percebem que a embalagem é uma ferramenta estratégica para aumentar vendas”, disse a executiva em sua fala de boas vindas, onde fez questão de enfatizar o papel dos profissionais envolvidos nos projetos. “É difícil imaginar um mundo sem inovadores como vocês.” EmbalagemMarca cobriu com exclusividade a cerimônia de homenagem no Brasil e destaca a seguir os dois projetos brasileiros. No quadro ao lado está a lista com todos os vencedores.

A partir da esquerda, Lisandra Salgueiro (Bemis), Priscila Troian (Bemis), Silvério Giesteira (DuPont), Carlos Santa Cruz (Bemis), Márcia Rodrigues (Bemis), Priscila Vansetti (DuPont) e Marcus Vinícius Correia (Bemis)

Prata - Coty e C-Pack Os tubos flexíveis desenvolvidos pela Coty, em conjunto com a C-Pack, fornecedora da embalagem, para a sua linha de óleos esfoliantes Paixão Exótica, tiveram na transparência e no toque diferenciado apelos importantes para o consumidor. Produzidas com a resina especial Surlyn, as bisnagas trazem benefícios que transcendem a estética: o material é compatível com os óleos que compõem o produto.

A partir da esquerda, André Kehrwald, Rosvita Cirtoli e Vitor Bento (C-Pack), Silvério Giesteira (DuPont), Nicolas Fischer, Luciana Rios, Elisa Pizzolatti e Flavio Pesante (Coty), e Priscila Vansetti (DuPont)

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artigo

O fator milênio e a embalagem A maior e mais influente geração da história está exigindo inovação que está mudando a estratégia das marcas em relação a suas embalagens Por Briana Long*

A geração Y,

também conhecida como Millenials, ou geração do milênio (nascidos após a década de 1980 até cerca do ano 2000), superou a geração X para tornar-se a maior geração da América Latina. De acordo com o grupo de consultoria de mídia LatinLink, 30% da população da América Latina é composta por pessoas de 13 a 28 anos de idade. Assim, a geração do milênio tem uma influência significativa sobre as decisões tomadas pelos fabricantes de bens de consumo. Não apenas são a força motriz por trás da mudança do mix de produtos, como suas decisões de compra também estão levando os fabricantes a diferenciar suas marcas com embalagens criativas e exclusivas. É claro que essas demandas impõem desafios significativos sobre os proprietários de marca enquanto eles trabalham para se manterem na vanguarda, ativados por uma geração acostumada com gratificação instantânea.

Falando sério: O que essa marca diz sobre mim? A geração do milênio sente uma conexão pessoal com suas marcas preferidas. De acordo com uma pesquisa global do MSL Group, 68% dos integrantes dessa geração querem que as marcas sejam mais ativas em questões globais, e 74% teriam orgulho de estar associados a uma marca que eles acreditam estar agindo da maneira certa. Esses jovens buscam constantemente os melhores e mais novos produtos que despertam alguma coisa, como uma paixão por um hobby, um compromisso com o bem-estar ou uma promessa de sustentabilidade. Em resumo, a geração Y tem mais probabilidade de

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comprar um produto se ele fizer o indivíduo se sentir especial, seja por sua conexão pessoal, seja pela ideia de exclusividade. De acordo com relatório da Mintel, “lançamentos apenas por tempo limitado com embalagem personalizada têm a capacidade de criar conexões únicas com consumidores que podem estar cogitando de fazer uma compra”. Limitar a disponibilidade de um produto cria uma experiência de compra única em que as marcas efetivamente atendem o desejo acentuado da geração do milênio de ter os produtos mais recentes, melhores e mais exclusivos. Conforme observado nesse relatório da Mintel, “quase um quarto (24%) dos consumidores gosta de embalagens com design atraente, com edição limitada, lançamento sazonal ou especial”.

Essas ideias determinam como os fabricantes definem quais produtos irão ao mercado e de que maneira, conforme o artigo Millenial Mix: Premium Store Brands for Today’s Consumers (Mix do milênio: marcas de lojas de alto nível para os consumidores de hoje) publicado no relatório Supermarket News de outubro de 2015. “Millenials, com sua combinação sem precedentes de hábitos de compra, levaram supermercados selecionados a expandir suas linhas de marcas próprias para incluir mercadorias mais sofisticadas e exclusivas voltadas para clientes de 20 a 30 anos”, diz o relatório.

Não se restrinja ao básico: personalize De acordo com Supermarket News, “produtos especializados, como aqueles que alegam


não conter transgênicos, totalmente naturais, orgânicos ou sem glúten, são particularmente populares entre os integrantes da geração Y, porém, ingredientes de qualidade nem sempre são suficientes para impressionar esses compradores. No que se refere a essa geração, o que está no lado externo também faz diferença”. A ideia de embalagem personalizada inclui características que expandem o envolvimento do consumidor com o produto e a marca. A Mintel observa que a personalização está se tornando uma expectativa na embalagem, e não uma extravagância, afirmando que a tendência “surgiu porque os consumidores querem ter algum tipo de influência sobre o que eles compram em praticamente todos os setores e em todas as regiões do mundo”. Por exemplo, quando o Brasil sediou a Copa do Mundo da FIFA em 2014, a paixão pelo futebol motivou a inovação em alimentos acondicionados. A Garoto, marca da Nestlé, uma das patrocinadoras oficiais do evento, lançou um chocolate especial na forma de taça da Copa do Mundo. A marca criou uma embalagem dourada que apresentava o mascote oficial da Copa do Mundo. O produto ficou disponível no Brasil apenas de março a julho de 2014. O relatório também indica que a “embalagem personalizada foi uma ferramenta popular para ajudar as marcas a se destacarem no crescente mercado de bebidas alcoólicas”.

ACESSIBILIDADE E PREÇO A TODOS O gasto com alimentos acondicionados deve crescer globalmente 13% até 2019, de acordo com o relatório Millennials: Impact of their Behavior on Global Consumer Markets (Geração do milênio: impacto do seu comportamento sobre os mercados globais de consumo) do Euromonitor. Essa tendência está sendo liderada pela geração do milênio, elevando o nível para obter mais valor agregado e alimentos de marca. Embora o preço seja uma parte integral do processo de tomada de decisão, a geração Y está disposta a pagar mais por alimentos acondicionados quando eles oferecem benefícios à saúde e à nutrição, o que é um desvio dos hábitos de compra da geração baby-boom. Embora os Millenials estejam gastando

coletivamente cerca de 600 bilhões de dólares por ano, de acordo com a Oliver Russel Marketing, fatores econômicos desempenham um papel crucial em determinar quais produtos eles estão dispostos a comprar. A demanda crescente entre a geração do milênio por alimentos orgânicos, sem glúten, não transgênicos e naturais também está levando esses compradores a marcas de nível mais alto. A Mintel relata que muitos indivíduos da geração Y continuam morando com seus pais, mas ainda buscam produtos de alta qualidade e confiáveis que os ajudem a atingir suas metas de status socioeconômico.

A marca é valorizada a ntes de outros fatores Simplesmente ter um nome de marca forte não parece ser suficiente para capturar o interesse e a fidelidade da geração do milênio. Na verdade, esses consumidores mostram-se muito receptivos a itens caros de marca própria quando os varejistas experimentam suas novas linhas de produtos acessíveis, mas de alta qualidade, que são acondicionados como marcas exclusivas. A diversificação das linhas de produto cria oportunidades para os varejistas na América Latina. Em um estudo da Nielsen, 78% dos entrevistados na região afirmaram gostar quando as ofertas de marca própria de um varejista incluem itens valiosos/de menor preço, equivalentes a itens de marca e produtos especiais.

Marca na #EraDigital No relatório do Euromonitor sobre o comportamento do consumidor do milênio, 62% dos indivíduos afirmaram ter mais probabilidade de se tornarem clientes fiéis se a marca interagir com eles nas redes sociais. A proficiência em mídia social é essencial ao tentar capturar esse público. Para proprietários de marca, as ferramentas de mídia social oferecem canais para conectar e envolver os consumidores – mesmo quando o envolvimento é por meio de um feedback negativo sobre produtos e serviços. Enquanto isso, os consumidores podem considerar os canais de mídia social uma maneira conveniente de comunicar-se com as marcas e sobre elas.

Embalagem que inclui códigos de resposta rápida (Quick Response, ou QR Code) direto no rótulo dá aos consumidores acesso imediato a uma comunidade que também está participando e comprando o mesmo produto que eles. A era digital permitiu também que as marcas se conectem diretamente com consumidores que participam de campanhas de mídia social por meio de hashtags ou códigos QR. Esses recursos estão sendo colocados diretamente nas embalagens para envolver os consumidores e também oferecer um canal para fornecerem feedback direto às marcas. De acordo com a Mintel, a geração do milênio transformou a mídia social em uma esfera onde as empresas podem interagir diretamente com os seus consumidores. As empresas que estão participando desses tipos de atividades de mídia social têm maior probabilidade de atrair o consumidor da geração do milênio.

Mantendo-se à frente da curva do milênio As demandas em constante evolução do consumidor estão tornando mais difícil para as marcas acompanharem as últimas tendências em embalagem. A geração do milênio, que exige mais das marcas que compra, está definindo um precedente no que se refere a produtos e embalagens inovadoras. Ao entender sua influência – e aplicar as soluções de embalagem certas – as empresas podem acompanhar melhor o ritmo da mudança. Na Pack Expo International 2016, proprietários de marcas e fabricantes podem encontrar soluções para aprimorar a flexibilidade operacional na adaptação de execução mais curta de produtos, inovação de material e recipiente para criar embalagens artísticas e tecnologias de impressão para criar canais digitais de envolvimento do cliente. * Briana Long é gerente de Trade Show Marketing do PMMI - The Association for Packaging and Processing Technologies, organizadora da feira Pack Expo International - www. packexpointernational. com Junho 2016 |

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.

Bebidas

garrafa exclusiva A Vinícola Salton amplia sua linha de destilados com o lançamento da vodca Vorus. Destilada quatro vezes, tem duas versões: tradicional e a Vorus Red Berries, com infusão de frutas vermelhas, como morango, framboesa, mirtilo e amora. As garrafas têm formato exclusivo e são decoradas com rótulos autoadesivos. O rótulo frontal é no-label look (transparente), e o contrarrótulo traz desenhos na parte interna, formando um jogo de imagens. A tampa tem dispositivo antiviolação, que identifica

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se a garrafa foi aberta. A palavra Vorus é uma variação de vörös, que vem do termo úngaro véres, ou sangue. O conceito do produto é a representação da essência das tradições e histórias da região da Escandinávia, que historicamente é conhecida como agente de batalhas épicas, além das inúmeras demonstrações de coragem e honra. E esta referência está presente no rótulo da Vorus, que traz a imagem de geleiras e uma espada viking. emb.bz/202vorus

Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br



Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

3

4 1

Antes . . .

Medicamentos

Desodorantes

saúde intestinal

Axe branco 1

Tamarine, fabricante de fitoterápicos para a saúde intestinal, lança Tamarine Fibras um complemento diário de fibras prebióticas. O produto tem duas apresentações: potes decorados com rótulos termoencolhíveis e sachês, acondicionados em cartuchos de papel cartão. emb.bz/202tamarine

2

Cervejas 2

O desodorante AXE, da Unilever, apresenta as novas versões da linha de antitranspirantes masculinos Urban, Signature e Adrenaline. As novas embalagens são brancas, com rótulos coloridos, na versão aerossol. Os lançamentos fazem parte do novo posicionamento da marca, que adota o conceito “Find your magic” (encontre sua mágica), comunicado em campanha global. emb.bz/202axe

Novo visual

Refrigerantes

Agora em lata

3

A cerveja Itaipava Pilsen está de visual renovado. A tradicional lata branca deu espaço para novos grafismos e cores. O dourado, o branco e o vermelho foram mantidos, mas o dourado ganhou espaço, como a coroa, símbolo de uma cerveja que nasceu em Petrópolis, a Capital Imperial. emb.bz/202itaipava

Bebidas

Novo Presidente Há mais de sessenta anos no mercado, o Conhaque Presidente, destilado da Vinícola Salton, está com visual renovado. O redesenho do rótulo focou em cinco elementos principais: modernização e simplificação da tipografia “Presidente”; criação de uma estrutura gráfica que tivesse um “ponto focal”; adoção de uma tonalidade de amarelo mais vibrante; medalha de 5 estrelas foi simplificada e destacada; e moldura do rótulo mais simples e moderna, abandonando o pergaminho. A tampa bege deu lugar a uma amarela, mesma cor do rótulo. emb.bz/202presidente

… e depois

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4

H2OH!, bebida que está no mercado há dez anos apenas em garrafas de PET, ganha nova versão de embalagem. Os sabores limão e limoneto agora são envasados também em latas de 310 mililitros. emb.bz/202h2oh


6

Lácteos

Mais proteína

Nova marca 5

A Itambé apresenta as novas linhas Itambé PRO e Itambé PRO+ com alta dose de proteína e zero lactose. Os produtos são acondicionados em embalagens cartonadas assépticas de 1 litro e de 200 mililitros. emb.bz/202itambe

6

A Piracanjuba moderniza sua identidade visual, redesenhando todas as embalagens. O novo logotipo teve tipografia simplificada, com traços leves. Osímbolo gráfico e os raios internos foram mais bem encaixados. As letras do logotipo foram substituídas por letras mais contemporâneas. A estrutura gráfica foi simplificada, criando um padrão de uma onda reconhecível em todas as categorias em que a Piracanjuba está inserida. emb.bz/202piracanjuba

Caixa display

7

A Tirolez lança a caixa display para Queijo tipo Parmesão Ralado que acondiciona 20 unidades de 50 gramas (um quilo) e estará disponível para venda a partir do segundo semestre deste ano. A caixa proporciona mais agilidade ao lojista na montagem do ponto de venda (PDV). Basta destacar a parte pontilhada da embalagem para que o produto fique pronto para exposição. emb.bz/202tirolez

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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

2

4

Antes . . . Cervejas

Higiene pessoal

Refrigerantes

sorvetes

Homenagem ao Rio 1

Novos absorventes 2

Ouro olímpico

cume gelado

A cerveja Cerpa Tijuca lança uma lata em homenagem ao Rio de Janeiro, cidade sede das Olimpíadas. As latinhas de 269 mililitros estampam as calçadas de Copacabana e um desenho do estádio do Maracanã. emb.bz/202tijuca

A Mili investe no design de marca e de embalagem da sua linha de absorventes. As embalagens “conversam” com as consumidoras de forma direta. Os invólucros ganharam cores e traços que ajudam a informar o conceito do lançamento: “Mili para todos os seus ciclos”. A linha completa tem modelos em três tamanhos e mais um protetor diário. Os envelopes de cada tipo de absorvente têm layout individualizado. emb.bz/202mili

As latas de 250 mililitros de Coca-Cola e Coca-Cola Zero estão douradas. A ação faz parte de uma promoção da fabricante de refrigerantes para as Olimpíadas. As embalagens que remetem às medalhas de ouro olímpicas ficam no mercado até o término dos jogos, em setembro. emb.bz/202coca

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Tintas

universo redesenhado A Universo Tintas divulga suas novas embalagens das tintas Higiênica e Piso Premium. As alterações foram feitas para alcançar maior identificação do produto pelo consumidor. emb.bz/202universo

1

. . . e depois 3

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4

A recém-lançada Makalu Sorvetes, de Porto Alegre, aposta no design de suas embalagens para conquistar mercado. As embalagens, decoradas com rótulos in-mold, mostram fotos reais dos produtos. Os potes de 500 mililitros têm o branco como cor de fundo e a tampa preta. O nome foi inspirado em uma das montanhas mais altas do mundo, Makalu, situada entre o Nepal e a China, no Himalaia, cujo cume é coberto por neve eterna. emb.bz/202makalu


APOIO

Almanaque 90 anos de história A CRS Brands comemorou 90 anos em maio deste ano. A história começou em 1886, quando o italiano Santo Cereser imigrou para o Brasil. Ele se instalou na cidade de Jundiaí (SP), e dois anos depois iniciou o cultivo de uvas, no mesmo local onde hoje está a fábrica da CRS. Por muitos anos, a família, comandada por Humberto, um dos sete filhos de Santo, viveu do plantio e comércio de uvas. Em 1926, quando João Cereser, filho de Humberto, foi vender sua colheita, com duas carroças carregadas de uva, para uma indústria vinícola, o cliente desistiu do negócio. De volta ao sítio, João e sua família resolveram transformar toda a uva em vinho. A propriedade da família Cereser deu lugar à Fábrica

de Vinhos Humberto Cereser, que mais tarde passou a se chamar VitiVinícola Cereser e, desde 2014, atua como CRS Brands. Com o tempo, a fábrica de vinhos prosperou com os filhos de João, Pedro, Xisto e Bernadete, e criou a Sidra Cereser, produto inédito na época e que deu fama à empresa. Hoje, além de se manter na liderança na categoria sidra, com a linha Cereser, a CRS Brands se destaca com um amplo portfólio, que inclui o vinho Dom Bosco e a vodca Kadov, entre outras marcas. A unidade fabril de Jundiaí tem, hoje, a maior linha de envase de espumantes do mundo, com capacidade para produzir até 65 mil litros/hora. A empresa mantém ainda uma planta em Suape (PE).

o patriarca santo cereser (centro) com a família

joão cereser, fundador da viti-vinícola cereser, na primeira linha de envase

Cibazol no grampo Nas gravações tornadas públicas das conversas do (breve) ex-ministro do Planejamento de Michel Temer, Romero Jucá, com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, em que tramavam um pacto para barrar as investigações da operação Lava-Jato, aparece uma menção ao medicamento Cibazol (Machado afirma em um trecho da conversa que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, “não vale Cibazol”). Cibazol era um antibiótico receitado até a década de 1960 em pó ou em comprimido. Depois, foi descoberto que ele não funcionava

e ainda por cima era tóxico. Seu princípio ativo era o sulfatiazol, um composto de tiazol e sulfanilamida. Em 1970, o FDA, órgão que regula medicamentos nos Estados Unidos, relacionou o sulfatiazol com problemas hepáticos. Hoje, a substância é utilizada para limpar aquários. O nome Cibazol foi dado pelo fabricante, a indústria química suíça Ciba, que exportava o remédio para o Brasil. Em 1970, a Ciba se fundiu com a Geigy, formando a Ciba-Geigy. Em 1992, a empresa se juntou à Sandoz para formar a Novartis, uma das gigantes farmacêuticas globais. Na menção de Sérgio Machado ao Cibazol, ele quis dizer que o procurador Janot “não vale nada”, já que o Cibazol era um remédio bem barato.

atual linha de espumantes de jundiaí (SP), uma das mais modernas do mundo

O gato e o sapato Antes da chegada das sandálias Havaianas ao mercado, em 1962, um calçado popular de grande sucesso eram as Alpargatas, feitas de lona e corda. No final dos anos 1950, a São Paulo Alpargatas lançou Sete Vidas, um calçado moderno para a época. Era um tipo de alpargata, mas com uma grande novidade: solado de borracha. O símbolo da Sete Vidas era um gato, impresso nas embalagens de papelão, em referência direta às “sete vidas do gato”, sinônimo de que o calçado duraria bastante.

(Publicado originalmente no Almanaque Especial EmbalagemMarca nº 4)


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