EmbalagemMarca 205

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Ano XVII • Nº 205 • Setembro 2016 • R$ 15,00

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Proteção melhorada Novos materiais e especiarias plásticas elevam a eficácia de barreiras, possibilitando processos avançados na produção de embalagens

entrevista Rodrigo Bressan, da Heineken, conta como a empresa avançou na esteira do bom momento das cervejas premium e qual o papel das embalagens

IMPRESSÃO Uma análise sobre o avanço da tecnologia digital de impressão direta de embalagens rígidas



Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR

Por que remar contra a corrente Possivelmente

seremos considerados ingênuos por alguns ao insistirmos em remar contra a corrente no quadro pouco animador que muitas pessoas pintam ao referir-se ao rumo dos negócios no Brasil e no mundo. Fique claro, antes de mais nada, que não temos ilusões quanto a mudanças positivas que outra expressiva parcela de brasileiros talvez acredite que se seguiriam imediatamente à posse do vice-presidente em substituição à que foi destituída pelo Congresso Nacional no último dia do mês passado. Em nosso radar realista, o que antevemos para o futuro próximo é uma avalanche de medidas duras, que, esperamos, não tenham apenas o efeito de piorar as coisas. Isso, convenhamos, exigiria muito esforço. Em nosso entendimento, quem quiser ir em frente terá de continuar fazendo aquilo em que os brasileiros já se tornaram mestres, pela prática prolongada a que seguidos desgovernos sempre os obrigaram: não esperar milagres de mercado nem benesses caídas do céu, e confiar sobretudo em seus próprios esforços. É o que muitas empresas situadas na cadeia de valor da embalagem fizeram durante meses recentes, nos quais o País esteve praticamente estagnado em termos negociais e econômicos e sob verdadeira borrasca política. Essa constatação animadora nos foi possibilitada ao final dos preparativos da décima

edição do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, cuja cerimônia de entrega de troféus aos vencedores ocorrerá dia 27 de outubro próximo, em São Paulo. No período que antecedeu a data final das inscrições, era comum ouvir lamentos de que a relativa retração do consumo forçava a restrição de despesas, com retração no lançamento de produtos e na inovação de embalagens. No entanto, contrariando nossas expectativas ante tais alegações, o número de cases concorrentes manteve-se o mesmo da edição anterior do Prêmio. Em nossa interpretação, isso demonstra que a iniciativa continua desfrutando de alta credibilidade junto aos brand owners, cuja adesão à premiação aumenta ano a ano, e junto a seus fornecedores e prestadores de serviços. Mais importante, porém, é que revela a disposição das empresas de enfrentar “a crise” com criatividade e investimento pesado em tecnologia e qualidade. São, essas, atitudes comprovadas materialmente nas descrições feitas nas fichas de inscrição dos cases concorrentes e nas amostras enviadas para exame dos jurados que os julgarão. Dado o alto nível dos cases, suas decisões, a ser tomadas quando esta edição de EmbalagemMarca já estiver sendo impressa, não será das mais fáceis. Até outubro.

Wilson Palhares

“Pode-se antever para o futuro próximo uma avalanche de medidas duras. Quem quiser ir em frente terá de continuar fazendo aquilo em que os brasileiros já se tornaram mestres, pela prática: não esperar milagres de mercado nem benesses caídas do céu, e confiar em seus próprios esforços”


Sumário

Edição 205 • Setembro 2016

3 Editorial Do novo governo dode-se prever uma avalanche de medidas duras. Os quem quiserem ir em frente não devem esperar milagres; como sempre fizeram, devem confiar apenas em seus próprios esforços

Reportagem de capa:

foto de capa: © Macrovector | Dreamstime.com

NOVOS MATERIAIS, MAIOR PROTEÇÃO

5 Painel Filme comestível e biodegradável, um achado promissor para o acondicionamento de alimentos • JBS Embalagens Metálicas entra na produção de tubos de aço para aerossois • Fareva recebe nova linha de envase de perfumes em PET • Gigantes multinacionais fabricantes e usuários de embalagens se associam para revolucionar acondicionamento de bebidas • Henkel e Tetra Pak oferecem em conjunto solução para complementos de embalagens assépticas • Braskem amplia portfólio de resinas, com ênfase nas destinadas a embalagens sopradas • Vem aí a ConverExpo, feira de conversão de flexíveis, corrugados e rótulos

Especiarias plásticas possibilitam processos avançados na produção de embalagens, elevando a eficácia de barreiras. Veja em • Filmes de ficção • Bisnagas, outro foco • Um lugar ao sol (para potes) • Resistência a gases (em garrafas PET) • Artigo: Barreira, eis a questão

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20 Entrevista Rodrigo Bressan, diretor industrial da Cervejaria Heineken de Ponta Grossa, conta o que muda na estrutura da empresa no Brasil e quais os planos da cervejaria para continuar crescendo, na esteira do bom momento das cervejas premium 24 Premiação Júri independente e regras claras reduzem subjetividade do Prêmio Grandes Cases de Embalagem 26 Design Destilaria britânica usa conceito de obra de arte para posicionar série limitada de uísque

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27 Logística Novo filme stretch acena com ganhos em série para os processos de paletização

28 Bebidas Dispositivo inovador permite posicionamento de torneira na parte superior de bag-in-box para vinho 32 Artigo Uma análise sobre o avanço da tecnologia digital de

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impressão direta de embalagens rígidas Por Marcos Palhares

34 Display Cervejaria artesanal Blondine lança refrigerantes • Regina agora é também queijo processado • Conservas Bonare em pouches com janela • Cerveja Eisnbahn está em lata sleek • Amway simplifica embalagens de xampu • Chega ao mercadoo o primeiro London Dry Gin produzido no Brasil • Café Pelé também em versão solúvel 38 Almanaque Refrigerante sabor chapéu de couro faz 70 anos • De onde vem a inspiração para o rótulo da Catuaba Selvagem • Ascensão, glória e fim da São Caetano

Empresas que anunciam nesta edição Almanaque.................................21

Designful..................................... 11

Baumgarten......................18 e 19

Grandes Cases................ 30 e 31

Bomix................................2ª capa

Indexlabel.....................................9

Congraf.......................................15

Krones........................................ 23

Redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br

CIÊNCIA

De fonte orgânica Filme comestível e biodegradável, à base de proteína do leite, é um achado promissor (mas não tão novo) para o acondicionamento de alimentos No dia 22 de agosto, a agência de notícias Bloomberg publicou em seu site relato de um estudo promissor para o campo das embalagens. Pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) teriam descoberto “que uma proteína do leite, chamada caseína, pode ser utilizada para desenvolver um filme de embalagem comestível e biodegradável”. O portal UOL colocou no ar uma versão em português da história, motivando tweets, retweets e outros sinais de comoção de brasileiros nas redes sociais da internet. Diz a reportagem: “O filme à base de caseína é até 500 vezes melhor do que o filme plástico em isolar o oxigênio da comida. Isso porque as proteínas formam uma rede mais fechada quando se polimerizam. A descoberta também é mais eficaz do que as atuais emba-

lagens comestíveis à base de amido e protege alimentos sensíveis à luz”. A Bloomberg detalha que os pesquisadores americanos adicionaram glicerol e pectina cítrica ao filme de caseína, feito a partir de uma mistura de água e pó de caseína já disponível comercialmente. “O glicerol torna o filme de proteína mais macio e a pectina cítrica proporciona mais estrutura, garantindo maior resistência à umidade e a temperaturas elevadas.”

O achado não é exatamente uma novidade. No começo de 2010, a Packaging World, revista americana com a qual EmbalagemMarca mantém acordo editorial, registrou a existência de estudos sobre o assunto, feitos pela mesma equipe do USDA. A notícia da Bloomberg (emb.bz/205comestivel) se refere a um novo projeto, iniciado em

SUSTENTABILIDADE

Alimento também fora Em agosto, a rede britânica de supermercados Waitrose lançou uma linha de massas acondicionada em embalagens parcialmente feitas de resíduos de alimentos. São cartuchos cujo papel cartão seria formulado em 15% com ervilhas e lentilhas descartadas na produção das próprias massas –

duas opções de fusili isentas de glúten. A composição especial reduziria em 20% as emissões de gases de efeito estufa na confecção das embalagens. Segundo a Waitrose, o material pode ficar em contato com os alimentos e é reciclável. A iniciativa seria a primeira do gênero no Reino Unido.

Refugo de grãos dá origem a parte do cartucho

Adição de glicerol e pectina cítrica à caseína permitiu a produção de filme para envolvimento

abril de 2015 e previsto para durar até abril de 2020. O estudo do USDA é considerado auspicioso não somente pela chance de criação de um material acessível e de fonte renovável capaz de substituir recursos finitos (plásticos). De acordo com os pesquisadores, a comestibilidade das embalagens abre perspectiva para a oferta de produtos mais atraentes e benéficos à saúde. “Sabores, vitaminas e outros aditivos

podem ser acrescentados para tornar a embalagem e o alimento acondicionado mais apetitosos e nutritivos”, diz a reportagem da Bloomberg. Embora os estudos venham avançando, pode levar anos até que o novo material ganhe viabilidade técnica e autorização de autoridades sanitárias para uso comercial. Saiba mais (em inglês): emb.bz/205usda


Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

PLÁSTICAS

Revolução ganha corpo A LiquiForm, tecnologia promissora para o envase de bebidas, ganhou um apoio de peso para irromper no mercado. A multinacional alemã Krones, nome influente em equipamentos de embalagem, anunciou ter chegado a um acordo para participar do

desenvolvimento e da comercialização da solução, revolucionária por combinar moldagem e enchimento de garrafas plásticas num único processo. A inovação proposta é o “sopro” de pré-formas de PET por meio do envase a quen-

te do líquido a ser acondicionado, e não por meio de ar comprimido, como ocorre em sistemas blow and fill convencionais. A simplificação geraria operações mais eficientes e sustentáveis. “A ideia é unir a nova tecnologia e nosso know-how para melhorar ainda mais o custo total de propriedade de nossos clientes”, diz Christian Compera, diretor de tecnologia de engarrafamento da Krones. Uma reunião de pesos-pesados da cadeia de embalagem está por trás da novidade. Os responsáveis pela tecnologia são o LiquiForm Group, controlado pela multinacional australiana Amcor, e a DISCMA, joint venture entre a Amcor e a fabricante francesa de máquinas Sidel que conta com participações da Yoshino, maior fabricante de garrafas plásticas do Japão, e a Nestlé. A ideia das empresas é que a LiquiForm seja utilizada não apenas em bebidas, mas também para o acondicionamento de alimentos, materiais de limpeza e artigos de cuidados pessoais. A previsão é de que a solução comece a ser utilizada para valer em 2018.

Krones irá apoiar LiquiForm. Embalagens são moldadas pelo próprio líquido a ser acondicionado

ADESIVOS

RESINAS

Mais caixas para caixinhas

Novidade para sopro

Como resultado de uma parceria firmada há cinco anos com a Henkel, nome forte em adesivos, a Tetra Pak passa a oferecer novas soluções para fixação de tampas, canudos e caixas de embarque em suas operações de embalagens cartonadas assépticas. Um dos destaques é o novo Tetra Pak TrayFix, adesivo hot melt transparente, à base de poliolefina amorfa. O insumo, compatível com equipamentos aplicadores de baixa e alta velocidade, garantiria rendimento até 25% superior quando comparado ao adesivo convencional. Também reduziria a necessidade de limpeza das máquinas, aumentando a durabilidade dos componentes e o volume da produção. “A diminuição do custo de manutenção pode chegar a 40%, dependendo do tipo da operação”, assegura André Baron, líder da divisão de Adesivos Industriais da Henkel.

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Novo adesivo aumentaria rendimento na produção de embalagens secundárias

A Braskem amplia seu portfólio de resinas para o mercado de embalagens sopradas com o lançamento do HD7000C. Trata-se de um polietileno de alta densidade homopolímero para uso tanto em extrusão-sopro (EBM) quanto em injeção-sopro (IBM), possibilitando, segundo a companhia petroquímica, resistência e qualidade no acabamento final do moldado. Aplicada em recipientes para alimentos, garantiria, entre outros benefícios, melhor preservação dos atributos de sabor e odor de derivados lácteos. O material também pode ser empregado em embalagens para fármacos. “A nova resina vem nos proporcionando excelente estabilidade de processo e confere resistência à compressão elevada”, relata José Euzébio da Silveira Júnior, gerente industrial da Globalpack. “São variadas as possibilidades de aplicação quando se deseja ganhos de peso sem grande perda da resistência mecânica.”


METÁLICAS

Ampliação com aerossóis Negócio de embalagens de aço da indústria de alimentos JBS, a JBS Embalagens Metálicas amplia sua atuação com a produção de latas de aço (tubos) para aerossois. A empresa inaugurou em Lins (SP) uma linha capaz de produzir mais de 70 milhões daqueles recipientes por ano. O valor do investimento não é informado, assim como as fontes dos equipamentos adquiridos. A manobra diversifica o portfólio da operação, antes restrita à produção de latas para alimentos. “É um aporte alinhado com nossa estratégia de crescimento”, afirma Marcelo Jorcovix, diretor da JBS Embalagens Metálicas. A linha de latas para aerossóis será dedicada ao atendimento da indústria química – fabricantes de materiais de limpeza, cosméticos, inseticidas, artigos veterinários, produtos automotivos, para construção civil e manutenção industrial. Segundo a JBS, a linha instalada em Lins é uma das mais modernas do mundo, sendo a única no Brasil a oferecer proteção da solda interna das latas com pó eletrostático. Atenderia, também, às mais exigentes regulamentações ambientais, inclusive aquelas que começam a vigorar a partir de 2020 conforme acordo firmado pela União Europeia. Todas as embalagens seriam 100% testadas contra vazamento e processadas em sistemas robotizados de final de linha (paletização, arqueamento e envolvimento com filme plástico).

GENTE

Apoio ao offset Rogério Castilho (foto) é o novo gerente comercial da divisão gráfica do Grupo Furnax. A contratação faz parte de um programa para ampliar as vendas de equipamentos para acabamento e fortalecer no mercado brasileiro a representada Komori, marca japonesa de impressoras offset. Castilho possui mais de vinte anos de experiência no setor gráfico, tendo se especializado no negócio de offset.

Inseticida será um dos alvos das latas da JBS para aerossóis

CO-PACKING

Serviços incrementados A Fareva, multinacional francesa especializada em produção e acondicionamento de artigos de higiene e beleza, investiu em aprimoramentos de sua operação brasileira, sediada em Itupeva (SP). A fábrica recebeu uma nova linha para o envase de perfumes em frascos de PET, capitaneada por uma envasadora da alemã Rationator. O equipamento, avaliado em 800 000 euros, é capaz de processar 100 unidades por minuto, estando inicialmente apto ao enchimento de reci-

Fareva investiu alto em nova linha para envase de perfumes em frascos plásticos

pientes de 150 mililitros e 300 mililitros. Ajustes permitem trabalhos com outros volumes. Completam a linha uma posicionadora de frascos da Prómáquina, uma rotuladora da P.E. Latina, uma aplicadora de redutores da Promáquina e uma tampadora da Ronchi. A plataforma, com 30 metros de extensão, demanda apenas um operador e três auxiliares. Ela já viria operando em regime estável num patamar de OEE superior a 70%. Com a nova linha, a ca-

pacidade instalada para fragrâncias alcança 185 milhões de unidades anuais. A Fareva também fez aportes numa de suas três linhas de envase de aerossóis. Foram adquiridas uma armadora de caixas e uma paletizadora robotizada, ambas da italiana Bergami. Com os dois equipamentos, a prestadora de serviços espera aumentar a produtividade em envase de aerossóis, que antes do investimento estava na casa das 100 milhões de unidades por ano.

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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS

EMBALAGENS E DAS MARCAS

EVENTOS

númeroS

Conversão agregada Uma nova mostra de produtos e serviços relacionados à produção de embalagens será realizada no Brasil. A Abflexo/FTA-Brasil (Associação Brasileira Técnica de Flexografia) anunciou a criação da ConverExpo, feira dedicada à indústria de conversão de flexíveis, corrugados e rótulos. A primeira edição do evento está programada para ocorrer em março de 2018, em São Paulo, em conjunto com a ExpoPrint Latin Ame-

rica, feira de impressão organizada pela APS Feiras com o apoio da Afeigraf (Associação dos Agentes de Fornecedores de Equipamentos e Insumos para a Indústria Gráfica). “O visitante poderá conhecer a inovação em seu segmento de interesse e vislumbrar possibilidades de outros setores da impressão, tendo um panorama completo da indústria”, declarou Eduardo Sousa, presidente da Afeigraf.

6,8 bilhões de reais

É quanto a indústria brasileira deve investir neste ano em pesquisa e desenvolvimento (P&D), de acordo com a Pesquisa Fiesp de Intenção de Investimento em Inovação 2016. O valor supera em 4,9% o montante aplicado em 2015. O levantamento foi realizado entre março e abril com a participação de 1 120 empresas. A projeção nacional foi calculada com base na Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE).

30% ConverExpo irá ampliar repertório da ExpoPrint em 2018. Na foto, detalhe da edição 2014 da feira de impressão

CARTONADAS ASSÉPTICAS

MATERIAIS

Agora com blog

Atenção a poliésteres

A SIG Combibloc inaugurou um novo blog corporativo, o SIGnals – jogo com o nome da empresa que forma a palavra “sinais”, em inglês. Por meio dessa plataforma na internet a empresa, uma das principais fornecedoras mundiais de embalagens cartonadas e máquinas de envase para alimentos e bebidas, pretende compartilhar conteúdo sobre tecnologia e cases de clientes, além de histórias sobre suas operações. Serão publicados textos e conteúdo multimídia elaborados por profissionais da empresa, tendo-se o inglês como idioma oficial. SIGnals.sig.biz

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De olho em movimentações no mercado de embalagens, a Evonik confirmou que irá reformar sua unidade de produção de resinas poliéster especiais localizada nos Estados Unidos (em Mobile, Alabama). A reabertura da planta está prevista para 2018. Segundo a multinacional alemã, a operação será capaz de produzir “milhares de toneladas por ano” de poliésteres voltados à produção de adesivos hot melt e ao revestimento interno e externo de latas para alimentos, entre outras aplicações. Um dos objetivos é atender à demanda crescente por resinas que permitam produzir coatings para latas isentos de bisfenol A (BPA).

Foi o crescimento no primeiro semestre das vendas de embalagens maiores, com apelo de economia, registrado pela rede de supermercados Bretas (Cencosud). Um ano atrás, a participação dos itens do gênero na arrecadação da empresa era de 2,7%. Hoje, é de 5%.

74%

Foi o índice de participantes de uma pesquisa que disseram conferir informações dos rótulos de produtos durante as compras. O levantamento foi feito no início do ano junto a 2 358 internautas brasileiros pelo Instituto QualiBest. Sódio, gordura trans, açúcar e calorias são as principais preocupações dos consumidores.



reportagem de capa

Novos materiais tornam embalagens mais protetoras Especiarias plásticas elevam a eficácia de barreiras, possibilitando processos avançados na produção de recipientes flexíveis e rígidos Por Guilherme Kamio

mismo do negócio de embalagens deve se impressionar com certos achados do mercado fornecedor. Entre eles estão materiais plásticos especiais, sofisticadíssimos, frutos de processos de laminação, coextrusão ou revestimento. Os inventos em questão procuram garantir a conservação de produtos como alimentos e bebidas dentro dos parâmetros esperados de qualidade. Suas formulações, na maioria das vezes, visam atenuar a porosidade característica dos derivados mais simples das resinas petroquímicas. Embora pareçam ser impermeáveis, as superfícies das embalagens plásticas convencionais contêm espaços microscópicos por onde podem passar moléculas de oxigênio, aromas e vapor d’água – elementos capazes de prejudicar propriedades organolépticas (cor, sabor, textura), depreciar o teor nutritivo e abreviar a vida de prateleira dos perecíveis acondicionados. Mais densas, latas e embalagens de vidro acabaram se consagrando para a venda dos produtos mais suscetíveis aos “ataques” dos agentes nocivos. O objetivo das estruturas multicamadas ou revestidas é justamente concor-

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© Macrovector | Dreamstime.com

Mesmo quem conhece o dina-

rer com as opções clássicas no quesito proteção, oferecendo ainda traços apreciados nos plásticos: facilidade de trabalho, apelo de modernidade e, sobretudo, custo acessível. Nesta reportagem, EmbalagemMarca aborda algumas das propostas

mais avançadas nesse campo de especiarias. São soluções ainda pouco testadas no mercado brasileiro – e que, por isso mesmo, podem ser oportunas para as empresas que buscam saídas diferentes para alavancar seus produtos.



reportagem de capa » flexíveis

Filmes de ficção

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comprometendo a barreira. Esse risco pode ser afastado com a substituição do alumínio por filmes metalizados, troca já possível em muitos fornecedores. Mesmo assim, certas limitações não são solucionadas. O alumínio e os filmes metalizados não deixam embalagens ir ao forno de micro-ondas; impedem a detecção de metais por sistemas de

inspeção da produção; e inviabilizam trabalhos com a transparência. Livres dessas restrições funcionais e translúcidos, o EVOH (copolímero de etileno e álcool vinílico) e o PVDC (policloreto de vinilideno) ganharam nos últimos anos notoriedade como agentes de barreira em laminados para flexíveis. O óxido de alumínio e o óxido © divulgação TORAY

A adesão cada vez maior dos fabricantes de alimentos às embalagens flexíveis, fomentada especialmente pelo anseio em reduzir custos, tem inspirado o surgimento de novas propostas de materiais de alta barreira. Dessa movimentação, convém destacar os frutos da aplicação em filmes plásticos de insumos como óxido de alumínio (AlOx), óxido de silício (SiOx) e até mesmo de compostos de base nanotecnológica. Especiarias como essas, depositadas em substratos como filmes de PET e de nylon (poliamida) por meio de revestimentos (coatings), ofereceriam vantagens de desempenho frente aos expedientes tradicionalmente empregados para impedir a passagem de oxigênio, umidade e aromas através das flexíveis. O procedimento mais comum para conferir bloqueio a gases e ao vapor d’água em flexíveis é o uso de laminados contendo uma camada de alumínio. No entanto, flexões da embalagem podem provocar fraturas na película metálica,

© Robbiverte | Dreamstime.com

Especiarias e tecnologias avançadas de revestimento abrem novas perspectivas para as flexíveis de alta barreira

Novas soluções, raras no Brasil, são comuns em mercados de fora


Pelo que se sabe, ainda não há, também, disponibilidade local de revestimentos com SiOx. Dessa vertente, um exemplo é o Ceramis, da Amcor. Por meio do uso de feixe de elétrons (electron beam), óxido de silício é evaporado para em seguida se condensar na forma de uma camada finíssima e cristalina em filmes de PET, OPA ou polipropileno biorientado (BOPP). Como o óxido de silício, ou quartzo, é a matéria-prima do vidro, pode-se dizer que o Ceramis provoca uma espécie de envidraçamento do plástico. O coating, porém, tem certa maleabilidade e é capaz de suportar movimentos do filme. Para o uso em embalagens, o filme revestido deve ser integrado a um laminado, para proteção contra danos mecânicos durante o processamento adicional. Entre os usos potenciais para o filme SiOx, a Amcor aponta filmes-tampa e flexíveis de variados formatos, inclusive exemplares para

Bisnagas, outro foco A produção de bisnagas (tubos) também é palco para avanços em materiais de alta barreira. Lançado recentemente pela Bemis, o tubo SilverGlam (foto) é fruto da aplicação de um laminado de bloqueio elevado à luz, ao oxigênio e ao vapor d’água. “Trata-se da primeira bisnaga de alto brilho, de PET laminado, feita no País”, diz Andreísa Rodrigues, especialista de marketing da Bemis. Segundo a profissional, as propriedades de barreira são fornecidas por uma camada de polietileno especial. Laminados para aplicações ainda severas em bisnagas estariam sendo estudados pela empresa, como um destinado ao acondicionamento de tinturas para cabelos, de fórmulas altamente suscetíveis à oxidação.

envase com atmosfera modificada e aplicações retort. Outro candidato a aplicações em flexíveis de alta barreira é o SunBar, da Sun Chemical. Trata-se de um verniz de composição não revelada para revestimento de filmes. Com alto bloqueio ao oxigênio, o insumo é destacado principalmente pela capacidade de simplificar estruturas laminadas ao substituir a camada de EVOH e o adesivo para sua laminação. Desse modo, descomplicaria operações industriais, reduziria custos e facilitaria a reciclagem das embalagens. A simplificação é um apelo importante das novas soluções. Com o Ceramis, por exemplo, seria possível trabalhar com laminados de duas a quatro camadas, dependendo da aplicação. É uma diferença expressiva frente às estruturas com sete ou nove camadas das abordagens tradicionais em flexíveis de alta barreira. Das novas soluções, cabe ainda registrar a oferta do Kurarister pela japo-

nesa Kuraray (representada pela Intermarketing Brasil). Consiste numa linha de filmes de alta barreira dedicados à confecção de envoltórios transparentes para aplicações retort. Os materiais consistem de substratos de PET ou de nylon biorientado (BOPA) revestidos por um material cristalino obtido da nanotecnologia. Detalhes da especiaria não são divulgados. O Kurarister e as demais soluções de última geração pavimentam o caminho para uma possível popularização das flexíveis transparentes de alta barreira. “Acreditamos que esse tipo de embalagem pode fazer muito sucesso no Brasil”, diz Karla Barrios, especialista de marketing da Bemis. A multinacional americana, player de peso do mercado nacional de embalagens, já estaria preparando a oferta da solução. Karla evita dar detalhes do projeto, mas garante que a tecnologia “poderá ser utilizada em diversos produtos shelf stable (para gôndola seca)”. © divulgação KURARAY

de silício, porém, acenam com uma conveniência ainda maior. Os coatings de AlOx e SiOx, de alta transparência, assegurariam barreira mais elevada que a dos materiais de barreira de uso corrente. Também não conteriam cloro, objeto de restrições ao PVDC, e não implicariam perda de eficiência após o contato intenso com água, como ocorreria com o EVOH. Essa queda de performance, a propósito, seria motivo de apreensão para o uso do EVOH em alimentos retort – aqueles esterilizados em equipamento de autoclave após o acondicionamento em suas embalagens primárias, ganhando shelf life amplo em gôndola seca (sem refrigeração). A reportagem não conseguiu encontrar produtores nacionais de filmes revestidos com AlOx. Pela via da importação, a Trading Marks, de São Paulo, diz ser capaz de fornecê-los. “Esse é um foco muito forte no nosso trabalho”, afirma Roberto Hinrichsen, diretor executivo da empresa. Segundo ele, estão disponíveis tanto filmes de PET quanto de poliamida orientada (OPA) dotados do coating especial. A oferta de uma variedade à base de PLA, resina derivada de fontes vegetais, é cogitada.

Fabricantes de especiarias apostam em usos em flexíveis transparentes

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reportagem de capa » rígidos

Resistência a gases

Um lugar ao sol Potes de alta barreira, prestigiados no exterior, ainda buscam indústrias usuárias no mercado brasileiro Quando

lançou com declarado pioneirismo no Brasil sua linha PolyLife de potes plásticos de alta barreira, em 2005, a Poly-Vac acreditava numa receptividade efusiva por fabricantes de alimentos processados. A expectativa não se concretizou. Atualmente, apenas dois clientes prestigiam a solução (Fugini e Nutribaby). “Nossa cultura de mercado é diferente da de países mais desenvolvidos”, lamenta Antonio Carlos Silva Junior, gerente comercial da transformadora paulistana. “Muitas soluções consagradas lá fora ainda não têm grande espaço por aqui”. De fato, a embalagem proposta pela Poly-Vac é cada vez mais utilizada mundo afora para o acondicionamento de conservas, atomatados, papinhas para bebês e outros alimentos sensíveis. Os recipientes são feitos a partir da termoformagem de chapas constituídas por três camadas, sendo as exteriores de polipropileno (PP) e a central de EVOH (copo-

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límero de etileno e álcool vinílico), substância de notória propriedade isolante contra gases e vapor d’água. Esse “sanduíche” é utilizado em outros mercados há quase trinta anos. Comparados ao vidro e à lata, os potes plásticos de alta barreira ofereceriam vantagens de custo. Também permitiriam a simplificação das operações logísticas, pelo fato de as embalagens serem leves e telescopáveis (aninháveis umas nas outras quando vazias). A Bemis, outra fonte de potes multicamadas de alta barreira, confirma que o recurso permanece como promessa para o cenário brasileiro. Karla Barrios, especialista de marketing da fornecedora, relata: “Várias indústrias alimentícias nos têm consultado a respeito desse tipo de embalagem e estão avaliando o uso. O mercado tem demandado, mas a implementação está em fase de desenvolvimento.” Potes de alta barreira capazes de suportar esterilização

em autoclave (retort) também integram o portfólio da Bemis desde o final de 2015, em decorrência da aquisição da Emplal. Mas embalagens do gênero igualmente viriam tendo pouca saída. Das poucas adesões locais, a maioria decidiu se apoiar em soluções importadas. Foi o que fez, por exemplo, a Nestlé, no lançamento de uma nova linha de papinhas infantis em 2014. A gigante em alimentos adotou potes plásticos de alta barreira produzidos na Espanha pela EDV Packaging. Após disparar e permanecer em patamar elevado por meses, a cotação do dólar vem caindo. O recuo tem renovado o ânimo de importadoras que têm potes de alta barreira em seus catálogos. “Vem ocorrendo uma retomada do interesse”, comenta Roberto Hinrichsen, diretor executivo da Trading Marks, empresa capaz de fornecer no Brasil recipientes de PP-EVOH-PP moldados no exterior. “O câmbio na atual faixa já melhora a competitividade dos importados”, diz.

Para evitar oxidação ou perda de gaseificação de bebidas de alto giro, a cadeia de valor das garrafas de PET já oferece tecnologias interessantes para aprimoramento de barreiras. São dois os enfoques principais: o acréscimo de especiarias à resina e o revestimento das embalagens com materiais de menor permeabilidade. Da primeira vertente, um destaque é o uso dos insumos conhecidos como sequestradores de oxigênio (oxygen scavengers). “Esses materiais ampliam a vida das bebidas oxidáveis ao absorver o oxigênio existente no headspace (espaço vazio no interior das embalagens), bem como o oxigênio que porventura possa atravessar as paredes da garrafa”, explica Rodolfo Salles, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Amcor Rigid Plastics. A empresa atualmente forneceria recipientes de PET com esse diferencial a dois clientes no Brasil. Os nomes não são revelados. No caso dos revestimentos (coatings), um exemplo de solução é a Actis, da Sidel: uma fina camada de carbono amorfo é depositada no lado interno das garrafas. Já na tecnologia Plasmax, da KHS, o coating é de óxido de silício (SiOx). Soluções como essas são oferecidas desde a década de 1990 e já contam com diversos usuários no exterior. “Ainda não temos aplicação no mercado brasileiro, mas o potencial é muito grande, principalmente para cerveja em PET e para garrafas pequenas de refrigerantes, em que a perda de CO2 é elevada”, afirma Roberto Giampietro, diretor da KHS no Brasil. A Krones já apostou no revestimento externo das garrafas com óxido de silício, mas a tecnologia foi descontinuada. O foco, hoje, é auxiliar o desenvolvimento de barreiras principalmente com base nos aditivos para a resina PET. Ayrton Irokawa, gerente comercial da Krones do Brasil, ressalta que a diversidade de soluções e características dos produtos impõe estudos caso a caso. “Para proteger o leite, sensível à luz, os clientes sempre nos questionam: monocamada, multicamada ou rótulo sleeve com barreira?”, diz. “Sempre procuramos entender todas as variáveis do projeto para aplicar a melhor solução.”



REPORTAGEM DE CAPA/ARTIGO

Barreira, eis a questão Desenvolvimento de embalagens com propriedades de vedação ajudam a tornar industrial a fabricação de alimentos artesanais e expandir mercado Por Wilson Palhares

A crescente

expectativa dos consumidores urbanos por conveniência no consumo abre vasto panorama de oportunidades para a industrialização de itens tradicionalmente produzidos de forma artesanal e, em consequência, para o setor de embalagens. É um quadro especialmente favorável no campo dos alimentos, em que o toque caseiro é mais evidente e se traduz na produção de pequenas quantidades.

16 | Setembro 2016

Uma antiga barreira a avanços, que está sendo superada, é – deixando-se de lado o jogo de palavras – uma questão de barreira. Veja-se, entre outros, o caso da pamonha de milho verde, quitute brasileiro acondicionado nos típicos invólucros feitos da palha das espigas e comum nas regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste, sobretudo em Minas Gerais, São Paulo e Goiás. Trata-se

de um mercado em franca expansão e muito promissor, segundo diferentes projeções. Isso se deve não só a que o gosto dos consumidores parece inclinar-se progressivamente para a diversificação e o endosso à culinária brasileira. Acontece também porque o produto, em seus variados sabores e temperos – doce, salgado, com queijo, com carne ou linguiça, com coco, com pimenta etc. – pode fazer as vezes


Divina Pamonha, de Brasília, foi uma das primeiras fabricantes artesanais a utilizar embalagens industrialiazadas

de snacks, para consumo rápido entre refeições ou mesmo para substituí-las. É um alimento de alto teor nutritivo. Paralelamente a essa tendência, impulsiona o consumo de pamonhas a possibilidade de substituir eficazmente as tradicionais embalagens de palha por recipientes feitos com tecnologia moderna e que permitem transformar o método artesanal de produção, geralmente familiar, em processo industrial, com escala. “Um dos problemas da pamonha é sua durabilidade”, observa Anderson Assis Xavier, representante comercial da Lamine Tecnologia em Laminados, de Guarulhos (SP), fornecedora de embalagens para esse segmento. “Na tradicional embalagem de palha, o shelf life da pamonha é de no máximo quatro dias”, ele explica. “O maior vilão nesse problema é a palha, que além de ser ácida é suscetível à migração de água e ar.” Em outras palavras, a fabricação de pamonhas vem subindo de patamar, tanto em quantidade quanto em termos de segurança alimentar, tempo de vida de prateleira (shelf-life) e alargamento das possibilidades de distribuição. Existem hoje diferentes marcas apresentadas em recipientes plásticos coextrudados, praticamente todos com 200 gramas de conteúdo, peso médio aproximado das pamonhas caseiras.

São, majoritariamente, stand-up pouches (SUPs), recipientes flexíveis que têm a propriedade de ficar em pé e que tomam cada vez mais espaço das embalagens de palha e de flow-packs feitos de filmes monocamada, de uso bem menor. Diferentemente destes, os SUPs são laminados multicamadas, atóxicos e com alta propriedade de barreira, comportando pasteurização.

Essa alternativa representa forte possibilidade de expansão de mercado para o produto, na medida em que amplia seu tempo de vida para dez dias, em versão resfriada, e para seis meses e até um ano em apresentação para congelamento. Suas vendas não mais se limitam aos locais em que o alimento acondicionado na palha é tradicionalmente produzido, em geral batizados como “ranchos”. Em SUPs ganham possibilidades de comercialização em outros pontos de venda, como restaurantes e lanchonetes, para consumo imediato, e supermercados, para preparo nas casas. Em outras palavras, trazem oportunidades de negócios tanto para o comércio alimentício quanto para o varejo, além de possível campo para o food service. São produtos prontos para cozimento, em forno de micro-ondas ou em água fervente, após o que basta abrir a embalagem e consumir.

Ao contrário de acondicionamento a vácuo e em flow-packs, o desenvolvimento de stand-up pouches para pamonha é relativamente novo. Usuários e fornecedores não revelam de que materiais é feita a embalagem. Eugenio Giacomelli, diretor técnico comercial e de P&D da Lamine, limita-se a contar que a empresa gastou seis anos em testes, com assessoria de órgãos técnicos como o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), para desenvolvê-la. O processamento do produto, segundo descreve o executivo, consiste em aumentar a temperatura e em seguida reduzi-la e congelar na temperatura de 30 graus negativos. Do ponto de vista comercial, a Lamine afirma ter solucionado uma questão que em geral emperra o desenvolvimento de negócios de porte mais modesto, que é a exigência de fornecedores de pedidos apenas de grandes lotes de embalagens. A empresa contornou esse entrave com a aceitação de pagamentos de encomendas com cartão do BNDES, que a empresa titular pode quitar em prestações. Dentre as pamonharias que utilizam esse recurso Giacomelli cita a DJ, de Antonio Carlos (SC), a Mineira, de Belo Horizonte, e a Divina Pamonha, de Brasília. Esta foi uma das primeiras fabricantes a adotar a nova embalagem. Setembro 2016 |

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entrevista

De olho nas alternativas Rodrigo Bressan, diretor industrial da Cervejaria Heineken de Ponta Grossa, conta o que muda na estrutura da empresa no Brasil, quais os planos da cervejaria para continuar aproveitando o bom momento das cervejas premium e qual o papel das embalagens nesse movimento

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Na contramão do mercado de cervejas, que registrou queda de 2,1% em 2015, a venda de cervejas premium teve alta expressiva no ano passado, de 13%. Aproveitando o bom momento desse mercado, a Heineken ampliou sua fábrica de Ponta Grossa, no Paraná, que antes produzia apenas as marcas Kaiser e Bavaria, e passa a fabricar na planta também os rótulos considerados premium Heineken, Sol, Desperados, além de Amstel. A unidade paranaense da cervejaria de origem holandesa passou por um processo de ampliação, que começou em janeiro do ano passado, com investimento de mais de 400 milhões de reais. A nova linha entrou em operação no início de agosto deste ano. A capacidade de produção na unidade aumentou cerca de 40%, para 460 milhões de hectolitros por ano. Além disso, a fábrica, que antes operava com linhas de envase de garrafas de 600 mililitros, long necks, garrafas shot (250 mililitros) e latas de 355 mililitros, passou a acondicionar as bebidas também em latas de 269 mililitros, 473 mililitros e 250 mililitros, além dos barris. O número de SKUs passou para 250. A grande aposta da Heineken é a nacionalização do envase da cerveja em barris (kegs) no Brasil. Até então, os kegs de 5 litros eram importados da Holanda. O envase é feito no Brasil, mas o barril continua sendo importado, devido à complexa tecnologia envolvida na fabricação da embalagem. A unidade ampliada agora é responsável por 32% da produção da empresa no Brasil. O diretor industrial da Cervejaria Heineken de Ponta Grossa, Rodrigo Bressan, conta o que muda na estrutura da empresa no Brasil e quais os planos da cervejaria. A Heineken investiu 400 milhões de reais na ampliação da fábrica de Ponta Grossa. O que mudou na nova planta? Hoje, Ponta Grossa é a 12ª maior planta da Heineken no mundo. Foi uma grande ampliação que aumentou sua capacidade produtiva em mais de


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40%. Todas as áreas da cervejaria passaram por mudanças. Levamos novas linhas de produção de marcas como Heineken, Sol, Desperados e Amstel, incluindo a primeira linha de DraughtKegs (barris) de Heineken fora da Holanda. Também instalamos novas linhas de envase que vão nos fornecer quatro vezes mais possibilidades de embalagens: passamos a produzir latas de 250 mililitros, 269 mililitros e 473 mililitros, por exemplo. Ainda instalamos novos tanques de fermentação, implantamos um sistema de automação e aumentamos a área de armazenagem, que passou a ter 17 mil metros quadrados. Com a ampliação da fábrica de Ponta Grossa, o número de SKUs foi ampliado. Quais eram produzidos antes e quais são produzidos agora? A cervejaria já contava com as linhas de Kaiser, Bavaria e Kaiser Radler. Com a expansão, passamos a produzir também Heineken, Sol Premium, Desperados e Amstel.

Envase de cervejas em barris foi nacionalizado. À esquerda, cilindro de CO2 no interior das embalagem

Quantas linhas de envase havia e quantas novas linhas foram implementadas? A cervejaria já possuía cinco linhas. Agora instalamos mais duas. O Brasil é o primeiro país a envasar cerveja Heineken em barris fora da Holanda, na nova fábrica. Por que o País foi escolhido? O DraughtKeg é um produto que caiu no gosto dos consumidores brasileiros em pouquíssimo tempo e em proporções muito grandes. O País mostrou que tem muito potencial para a expansão desse SKU. A tecnologia do barril é exclusiva da Heineken. Qual a diferença em relação a outras cervejas de barril que existem no mercado? É uma tecnologia patenteada pela Heinekan. Seu sistema funciona por meio de um cartucho interno com CO2 que tira a cerveja sob pressão, até o último copo, e deixa o líquido mais cremoso.

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Acima, lata de 350 mililitros tradicional (à direita), e a nova embalagem, de 250 mililitros. Abaixo, final de linha da fábrica de Ponta Grossa (PR)


Os barris são importados da Holanda. Há alguma possibilidade de se nacionalizar a produção dessas embalagens? A empresa sempre busca as melhores alternativas para suas atividades e avalia constantemente oportunidades de melhoria em seus processos. Porém, não podemos afirmar hoje que essa produção será operacionalizada. Essas embalagens serão vendidas apenas no mercado nacional ou serão exportadas? Os DraughtKegs produzidos aqui serão exclusivamente destinados ao mercado nacional e seremos autossuficientes. Com a tecnologia de envase de barris trazida da Holanda para o Brasil, também será possível envasar cerveja em barris de PET – embalagem que a Kaiser utiliza, mas também é importada? Não. A linha é exclusivamente de Heineken. Houve também houve em finais de linha? A Heineken vai colocar no mercado packs com novos formatos, além dos tradicionais com 6 ou 12 latas? Sim! O diferencial dessa expansão é uma linha de envase altamente flexível que pode atender diferentes tipos de SKU, chegando a 250 tipos de produtos e embalagens diferentes! Em outros mercados, a empresa trabalha com latas de alumínio. A Heineken tem planos de envasar cerveja nessas embalagens no Brasil? A Heineken já trabalha com latas de alumínio no Brasil. O portfólio da marca oferece shot de vidro de 250 mililitros, long neck de vidro de 330 mililitros, garrafa de vidro de 600 mililitros, lata de alumínio de 350 mililitros e o draughtkeg de 5 litros. A Heineken sempre está na vanguarda em design de embalagens. Há planos de lançamentos de outros formatos nos próximos meses? Sim. Agora o portfólio da marca tam-

bém ganhará a lata slim com 250 mililitros. Ela estará no mercado ainda neste mês. A Heineken também fez há pouco tempo um grande aporte na fábrica de Jacareí. Quantas fábricas a cervejaria tem no Brasil hoje e qual a capacidade de produção de cada uma delas? A Heineken Brasil hoje possui cinco fábricas no País: Jacareí (SP), Arara-

quara (SP), Gravataí (RS), Ponta Grossa (PR) e Pacatuba (CE). Ao todo, a companhia tem a capacidade instalada de 19 milhões de hectolitros por ano. Haverá novos investimentos em ampliação ou construção de outras plantas no Brasil? Sim, em outubro do ano passado, anunciamos investimentos no estado de Goiás.


premiação

Isenção e critérios claros Com júri independente e regras de avaliação, premiação reduz subjetividade no julgamento

Analisar embalagens não é tarefa fácil. Podem ser bem executadas do ponto de vista gráfico, mas trazer sérios problemas de engenharia. O contrário também é possível. Tirá-las do contexto para o qual foram criadas é outra armadilha difícil de evitar. Mesmo quando dirigidas a segmentos semelhantes, podem ter demandas distintas, como aumentar eficiência nas linhas produtivas ou auxiliar no processo de reposicionamento de marca. Foi pensando nisso que os organizadores do Prêmio Grandes Cases de Embalagem conceberam o formato de

avaliação consagrado nos estudos de caso, fugindo da tradicional divisão em categorias. Com a defesa do projeto em mãos, os jurados podem compreender o que estimulou o desenvolvimento, as soluções encontradas e, mais que isso, os benefícios gerados. Fazem isso, evidentemente, cotejando a história com amostras físicas das embalagens que estão julgando. Mas esse processo esbarra, ainda, no fator humano – elementos subjetivos que podem permear a análise dos jurados. Para contornar esse obstáculo, é preciso que haja procedimentos cla-

Escolhidos para escolher Veja a seguir quem são os profissionais que elegeram os vencedores da 10ª edição do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, a serem divulgados em cerimônia no dia 27 de outubro, no Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro. •

Auresnede Pires Stephan (Professor Eddy)

Claire Sarantópoulos, Pesquisadora do Ital

Guilherme Brammer, CEO da WiseWaste

Marco Antonio Périco, consultor de embalagens focado em processos e projetos de redução de custos

Myrna Nascimento, professora do Senac

Renato Larocca, da Larocca Embalagens, consultor de embalagens focado em projetos de desenvolvimento e engenharia

Sérgio Bianchini, profissional de embalagens

Cerimônia de premiação Dia 27 de outubro Garanta seu convite www.grandescases.com.br

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São avaliados desde a produção e o consumo até a sustentabilidade

ros e transparentes, algo que sempre foi motivo de estudo por parte dos organizadores do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, ao longo das dez edições que se completam agora. A primeira regra estabelecida foi buscar profissionais que conhecessem o assunto com visões distintas – desde aqueles com experiência no chão de fábrica até os mais acadêmicos (veja na página anterior quem são os jurados da edição de 2016). Mais que isso, definiu-se que essas pessoas não poderiam possuir vínculos comerciais com os projetos que iriam avaliar, para evitar que preferências ou antipatias pessoais pudessem interferir na escolha delas. Por isso, profissionais atuantes (no momento do julgamento) na cadeia produtiva de embalagens, como fornecedores ou usuários, estão automaticamente descartados – ainda que sejam grandes experts no tema. Por fim, optou-se por alinhar os critérios de julgamento, dando um entendimento comum aos jurados sobre como devem olhar os projetos submetidos ao crivo deles. Para tanto, foram criados parâmetros de balizamento, listados no quadro ao lado. Os organizadores acreditam, com isso, ter mitigado a influência das subjetividades no processo de escolha dos cases vencedores, e conferido a ele a transparência necessária para que o maior atributo da premiação – a credibilidade – possa se perpetuar.

Para avaliar os projetos concorrentes ao Prêmio Grandes Cases de Embalagem, os jurados receberam, após o encerramento das inscrições, uma apostila com as defesas preparadas no processo de inscrição. No dia 8 de setembro, o júri se reuniu para cotejar o que leram com as amostras de embalagem enviadas. Nesse momento, trocaram informações para tirar eventuais dúvidas e buscar a melhor compreensão dos casos, avaliando os benefícios auferidos pela empresa usuária (que, naturalmente, não se limitam àqueles mensurados dentro dos limites da empresa, como os ganhos de produtividade e as reduções de custo, e contemplam também os avanços ambientais e os ganhos do ponto de vista do consumidor final, objetivos importantes em qualquer projeto de embalagem). Os jurados atribuíram notas de 1 a 7 para cada projeto, seguindo os critérios abaixo.

1. [ABAIXO DA CRÍTICA] A descrição é insuficiente para formar uma opinião sobre os benefícios da embalagem para a empresa usuária. Jamais poderia ser premiado. 2. [PÉSSIMO] A defesa é fraca, e não evidencia a existência de benefícios consistentes para a empresa usuária. Jamais poderia ser premiado. 3. [RUIM] A defesa do projeto é boa, mas os benefícios apontados não são relevantes. Não merece ser premiado. 4. [REGULAR] A defesa é fraca, mas é possível identificar que a embalagem trouxe ganhos para a empresa usuária. É um case cuja premiação pode ser justificada. 5. [BOM] A defesa é boa, e mostra que a embalagem trouxe ganhos pontuais para a empresa usuária. É um case que merece ser discutido com os demais jurados, a fim de definir se uma eventual premiação poderia ser justificada. 6. [ÓTIMO] A descrição do case é objetiva e demonstra ganhos consistentes para a empresa usuária. Se estiver entre os premiados, será justo. 7. [EXCELENTE] O projeto é muito bem defendido na inscrição, que evidencia ganhos consistentes e relevantes para a empresa usuária. Não deveria ficar de fora, em hipótese alguma, da lista de vencedores. Os vencedores saíram da média das notas atribuídas pelos jurados, o que explica por que o número de ganhadores pode variar de um ano para o outro. Como há a possibilidade de que algumas embalagens terminem com média igual, os organizadores estabelecem onde será passada a nota de corte – em geral, em torno dos trinta mais bem classificados.

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DESIGN

Isso não é genial

Em 1929, o belga René Magritte pintou La trahison des images (A traição das imagens, em português), quadro que viria a ser uma de suas obras mais conhecidas. Nele, a imagem de um cachimbo é acompanhada pela frase “Ceci n’est pas une pipe” (“Isto não é um cachimbo”). O quadro, que integra o movimento surrealista, desafia a percepção de realidade das pessoas, e suscitou inúmeras discussões acadêmicas que provavelmente ajudaram a fazer a sua fama. No segundo semestre de 2015, a destilaria britânica Compass Box Whisky Co. lançou uma série limitada de um blend especial com a inusitada marca This is not a luxury whisky (Isto não é um uísque de luxo), que aludia à obra de Magritte. À época do lançamento, a empresa declarou que, seguindo ideia contida na provocação feita naquela pintura, queria avaliar como as pessoas reagiriam à colocação de uma bebida especial em uma embalagem claramente “não luxuosa”, e que, assim como em La trahison des images, negasse frontalmente o que se via. O objetivo era fazer com que os consumidores parassem para pensar no valor do conteúdo. O projeto foi entregue à agência londrina Strangers & Strangers, especializada no design de embalagens para bebidas alcoólicas de alto valor. O resultado foi primoroso -- simples, mas sofisticado. Uma garrafa âmbar de vidro, com o nome da destilaria em alto relevo, ganhou a aplicação da marca com uma caligrafia cuidadosamente desenhada em dourado, com um selo de papel sobre a rolha, em vez das tradicionais cápsulas. Equilibradas, bem distribuídas e bem posicionadas, as letras manuscritas aparecem também na caixa de papel cartão em que a garrafa vai inserida -- aqui impressas em verniz UV, contrastando com a palavra “luxury” aplicada em hot stamping dourado. Colocadas lado a lado, garrafa e embalagem secundária formam um elegante painel, em que a curiosa marca se destaca. O paradoxo do nome do uísque fica evidente diante da embalagem e de outros sinais de posicionamento, como o preço da bebida. As garrafas da série limitada de This is not a luxury whisky foram todas comercializadas, por cerca de 125 libras (aproximadamente 540 reais) cada. Isso não é um projeto genial. 26 | Setembro 2016

fotos: divulgação

Destilaria britânica usa conceito de obra de arte para posicionar série limitada de uísque

Projeto de branding da série limitada de uísque usou a embalagem e baseou-se em obra de René Magritte (abaixo) para levar consumidores a refletir sobre o valor do conteúdo


logística

Mais com menos Novo filme stretch acena com ganhos em série para os processos de paletização

© foto: carlos gustavo curado

Cintas de retenção (indicadas pelas setas) dariam firmeza ao envolvimento de cargas e permitiriam reduzir volume de material consumido

Habitual nos finais de linha das indústrias, o envolvimento de cargas com filme esticável (stretch), após a paletização, é o campo de aplicação de um novo material, projetado no Brasil pela AG Remy e comercializado pela Valgroup. O SPW garantiria aos usuários o sonhado fazer mais com menos, com vantagens de custo acompanhadas por ganhos em desempenho. O produto é um filme esticável, à base de polietileno linear, de espessura significativamente menor que a das soluções do gênero. Para compensar o aliviamento, a película incorpora reforços, na forma de três cintas de retenção paralelas, dispostas em sentido longitudinal. “Trata-se do único filme stretch para paletização, no mercado, com esse tipo de construção”, afirma Plínio Carvalho, da Carvalho Consultoria,

empresa que atua junto à Valgroup na prospecção da novidade. Outro atributo importante do SPW é a curvatura nas extremidades do filme. “Esse desenho assegura resistência à ruptura e à perfuração, aumentando a qualidade do revestimento”, diz Carvalho.

Graças à formulação especial, o SPW viabilizaria reduções significativas no volume de plástico empregado no envolvimento de paletes. Testes de substituição de filmes convencionais teriam comprovado diminuições de mais de um terço no emprego de material. Numa importante fabricante de alimentos, que pediu sigilo de seu nome, a adoção do material para a paletização de caixas de potes de um achocolatado em pó teria gerado queda de consumo de 35%.

“O novo filme tem maior elasticidade, resultando em carga mais bem presa. Mas não laceia durante o transporte, aumentando a segurança na distribuição”, diz um especialista em embalagens da empresa. O SPW pode ser dispensado manualmente ou em sistema automático. No uso manual, possibilitaria aplicação 20% mais rápida que a de filmes convencionais. Por ser fornecido em bobinas mais finas, ocuparia menos espaço em estoques. Diversas indústrias já teriam aderido ao novo filme desde seu lançamento, no início de 2015. Os nomes não são divulgados, a pedido dos clientes. “São empresas que não apenas melhoraram processos, mas que também diminuíram o impacto ambiental de suas atividades, pela diminuição no uso de stretch”, comenta Plínio Carvalho.

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bebidas

Contra a lei da gravidade

fotos: divulgação

Dispositivo inovador permite posicionamento de torneira na parte superior de bag-in-box

O mercado de vinhos é, há tempos, alvo de grande interesse dos fabricantes de embalagens bag-in-box – caixas (normalmente feitas de papelão ondulado) nas quais é inserida uma bolsa flexível dotada de torneira – dirigidas ao acondicionamento de produtos líquidos e pastosos. Ao ser dispensado o conteúdo (por gravidade, já que a torneira é posicionada na parte de baixo da embalagem), a bolsa vai se contraindo, impedindo que o ar entre, e retardando com isso a deterioração do produto. É um grande atributo para as vinícolas, especialmente aquelas que miram o consumo fracionado nos pontos de dose, ou as que almejam atrair consumidores que têm hábito de beber vinho com frequência, mas em pequenas quantidades. A localização da torneira, contudo, traz alguns inconvenientes na hora 28 | Setembro 2016

do consumo. No mercado de vinhos, um dos principais é, provavelmente, o limitado espaço deixado para a taça. Um desenvolvimento da Swedbrand (empresa criada por dois suecos, hoje com sede na China, e que se autodefine como “construtora de marcas através da embalagem”) quer dar um impulso para que a embalagem bag-in-box supere essa dificuldade e ganhe mais espaço nas vinícolas de todo o mundo. “Achamos que, se deslocássemos a torneira para a parte superior da caixa, facilitaríamos a vida das pessoas”, explica Chris Magnusson, diretor da empresa, ao descrever as vantagens potenciais do TopFlow, sistema patenteado que permite contrariar a lei da gravidade. “Além de ser mais fácil retirar a torneira da caixa quando ela está na parte de cima, por não haver riscos de a bolsa ficar sobre ela, essa mudança simples

possibilita ao consumidor apoiar a caixa no meio da mesa, pois há espaço suficiente para a colocação de uma taça. Nos casos dos vinhos brancos, as pessoas podem deixar a caixa na porta da geladeira e servir-se sem retirá-la de lá, o que é impossível quando a torneira está localizada na base da embalagem”, ele conclui. A ideia consiste em duas chapas de poliestireno que se encaixam “ensanduichando” molas, formando uma placa única, retangular. A peça é inserida na caixa antes da inclusão da bolsa flexível. Através de uma abertura na embalagem, é possível destravar as chapas, fazendo com que, pela ação das molas, a que está na parte superior vá comprimindo a bolsa à medida em que a bebida é consumida (veja imagens ao lado, e assista ao vídeo em emb. bz/205topflow). Segundo o fabricante,


Duas chapas de poliestireno unidas por uma mola são a “alma” da tecnologia TopFlow

Travadas, elas formam uma placa que é inserida na embalagem externa do bag-in-box

Sobre ela é colocada a embalagem flexível, com a torneira na parte superior

Uma abertura na parte superior da caixa permite destravar as chapas, de modo que a mola comprima a bolsa para cima

Pela mesma abertura a torneira, que se encontrava embutida, é projetada para fora do recipiente, facilitando o ato de servir o conteúdo

A localização da torneira no topo possibilita servir a bebida sem necessidade de apoio para o recipiente, como nos bag-in-box convencionais

com o sistema é possível extrair até 97% do conteúdo, “sem que se precise retirar a bolsa da caixa, como acontece com a embalagem convencional”. O dispositivo pode ser inserido manualmente, ou aplicado por um robô na linha de produção, quando os volumes são elevados. “Podemos atender pedidos pequenos, a partir de mil unidades, quando a operação manual é claramente vantajosa”, explica Magnusson. “Mas nos contatos que tivemos nessa fase inicial do projeto, vimos que, nas vinícolas onde a produção é muito grande, as análises já consideram linhas totalmente automatizadas, que se tornam financeiramente viáveis pelos ganhos de produtividade.” Patenteada no final de 2015, a tecnologia TopFlow passou, ao longo deste ano, por um processo de validação com vinícolas, para que o conceito fosse testado. “Estamos agora em fase de produção, e esperamos ter as primeiras entregas efetuadas em dezembro deste ano”, conta o diretor da Swedbrand. A versão atual do TopFlow é para embalagens de 3 litros, mas a empresa decla-

ra já ter tido consultas para volumes de 5 e 10 litros. “As vinícolas que quiserem adotar a tecnologia TopFlow precisarão fazer alguns ajustes, mas poderão continuar comprando dos seus fornecedores atuais, sem grandes alterações de projeto, bastando algumas peque-

nas modificações nas linhas de corte”, explica Magnusson. De acordo com o fabricante, os custos adicionais com o dispositivo são “facilmente compensados” pelo provável aumento nas vendas decorrente da maior conveniência ofertada ao consumidor.

Inserção automatizada do dispositivo na embalagem é alternativa para volumes elevados

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ARTIGO

O fim dos rótulos? Uma análise sobre o avanço da tecnologia digital de impressão direta de embalagens rígidas Por Marcos Palhares

Em 2013, Krones e KHS, duas gigantes da indústria de bens de capital, apresentaram conceitos de equipamentos dirigidos à impressão direta de embalagens plásticas rígidas em processo digital, sem gravação de matriz, com o uso de cabeçotes de jato de tinta (veja reportagem sobre o tema em EmbalagemMarca nº 195). Dois anos depois, essa iniciativa viu-se materializada na edição especial da cerveja belga Dagschotel (produto da Martens que serviu como piloto para o lançamento, no primeiro semestre de 2016, de um produto regular, a Marten Pils). O resultado visual já é muito bom, como se pode ver nas imagens ao lado.

Helix, apresentada na Drupa, mira mercado de impressão digital de embalagens rígidas

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Mas certamente ainda não atende às exigências de muitos departamentos de marketing. O número de empresas interessadas em abocanhar o promissor mercado de impressão digital de embalagens rígidas está crescendo, como se viu na mais recente edição da Drupa (feira de tecnologia de impressão realizada em Düsseldorf, na Alemanha, entre 31 de maio e 10 de junho deste ano), onde foi apresentada a inkjet rotativa Helix, da americana Inkcups Now, impressora com sistema de cura por LED UV para embalagens com paredes regulares. É mais um movimento na evolução da pulsante indústria da impressão digi-

Série limitada de Dagschotel (esq.) foi projeto piloto da cervejaria belga Martens na decoração direta em PET com tecnologia da KHS, adotada posteriormente em item regular

tal. Em breve surgirão outros players, que ajudarão a colocar nas prateleiras do varejo novos itens decorados com essa tecnologia. A massificação dessa alternativa de rotulagem, contudo, depende não apenas de avanços nos aspectos relativos à qualidade visual das embalagens – algo que inevitavelmente será superado, e em curto espaço de tempo. Está, acima de tudo, relacionada com a viabilidade econômica do sistema, derivada de fatores diretamente transferidos para o preço dos rótulos, como os custos com equipamentos e consumíveis e a velocidade de produção. O cenário me faz lembrar de quando surgiram as primeiras impressoras digitais com tecnologia jato de tinta dirigidas à conversão de rótulos, na década passada. Lentas e com resolução ruim, poucos atrativos traziam para os brand owners – excetuando-se, claro, aqueles para quem a pos-


sibilidade de imprimir lotes reduzidos tornava possível a produção de rótulos com custos convenientes. Mas a evolução foi rápida, o número de fabricantes multiplicou-se, e hoje há inúmeras alternativas de impressoras no mercado, variando das mais baratas e simples às ultrassofisticadas. Algumas delas têm elevadas velocidades de produção, ótima qualidade de impressão e custos competitivos. Com isso, as aplicações já não se restringem ao universo dos rótulos, e avançam para embalagens flexíveis e cartonadas.

Relato isso para manifestar minha crença de que, em poucos anos, falaremos da impressão digital de embalagens rígidas como algo corriqueiro. Conversando com alguns empresários e executivos atuantes na cadeia produtiva da rotulagem, percebo que esse é um assunto que (naturalmente) os aflige. Estariam, afinal, os rótulos com seus dias contados? Meu palpite é que isso não vai ocorrer. As embalagens decoradas diretamente sempre existiram, mas os rótulos ganharam força justamente por permitirem maior uso de recursos gráficos e por trazerem vantagens logísticas em determinadas situações produtivas. Em outras palavras, o uso de rótulos tem vantagens, na maior parte dos casos, em relação à decoração direta. Há aplicações, em contraparti-

da, em que a impressão digital de embalagens rígidas pode ganhar força, como as que demandam gravação de informações em diferentes idiomas, ou as que rodam longos turnos sem alterações de formatos (ocasiões, aliás, em que os rótulos autoadesivos linerless atualmente em desenvolvimento devem oferecer ótima equação de valor). Nesse caso, quem perderá espaço são outras formas de decoração direta. A substituição dos rótulos poderia fazer sentido se a impressão das embalagens se desse nas linhas de envase. Mas sempre é bom lembrar que, mesmo nessas situações, há outros fatores que pesam na decisão. O mais importante é que poucos brand owners se veem como impressores, e por isso preferem delegar essa responsabilidade a empresas especializadas. Em resumo, está muito, muito distante o tempo em que os rótulos deixarão de existir. * Marcos Palhares é diretor da revista EmbalagemMarca. Formado em Administração pela FGV e pós-graduado em Gestão Estratégica de Embalagem pela ESPM, é mestre em Administração pela FEA/USP e MSc em Pesquisa de Administração pela Universidade de Oxford (Inglaterra). É professor do Istituto Europeo di Design.

Amostras de embalagens impressas em equipamento da Krones


Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.

Refrigerantes

Blondine Be Bop A Blondine, conhecida por suas cervejas artesanais, lança a linha de refrigerantes Be Pop. São cinco sabores naturais: 2 Limões (tahiti e siciliano), Pink Lemonade (limão com framboesa), Laranja, Guaraná, e Tônica com Pepino. As garrafas de vidro de 355 mililitros têm visual retrô, tampas twist multicoloridas e rótulos de papel texturizado, ressaltando o toque artesanal. emb.bz/205blondine

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Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br



Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

5

3 1

Lácteos

nononon

Doces

Cervejas

Higiene pessoal

Queijos

No copo de vidro

Conservas em SUPs 2

Novo sabor

Eisenbahn em sleek 4

Premium para cabelos 5

Novidades mofadas 6

A Bonare leva seus produtos em conserva para embalagens flexíveis. Produtos como alcaparras, cebolinha, champignon e pimenta de biquinho são acondicionados em stand-up pouches (SUPs). As embalagens têm uma área transparente, que possibilita a visualização do produto. emb.bz/205conservas

O portfólio da marca de bombons Bon o Bom, da Arcor, ganhou novo sabor: Mousse Limão. Os produtos são acondicionados individualmente em filme flexível laminado metalizado de polipropileno biorientado (BOPP), agrupados em bolsas flexíveis de 750 gramas, laminadas de BOPP com polietileno (PE). emb.bz/205bonobon

A cerveja Eisenbahn, de Blumenau, marca da Brasil Kirin, apresenta nova embalagem: lata de 350 mililitros no formato sleek com textura. É a primeira vez que a marca envasa sua bebida em lata. As outras opções de embalagens são garrafas de vidro de 600 mililitros e long neck. emb.bz/205sleek

A Amway lança Satinique, linha premium de xampus, condicionadores e tratamento para os cabelos. Segundo a empresa, as embalagens foram criadas depois de pesquisa global feita pela Amway revelar que os consumidores da categoria premium de beleza e cuidados para os cabelos preferem um design simples, elegante e aerodinâmico. A decoração é feita diretamente nas embalagens. emb.bz/205amway

A Polenghi amplia sua linha de queijos de mofo branco Polenghi Sélection com duas novidades: Brie Supreme e Camembert Intense. As embalagens de papel cartão dos dois queijos possuem layout que remete a madeira. O Brie é apresentado em formato quadrado e envolto em papel vermelho. O Camembert possui formato redondo e é envolto em papel azul. emb.bz/205polenghi

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A Barbosa & Marques amplia seu portfólio com o Queijo Processado Cremoso Sabor Cheddar Regina. O produto é acondicionado em copo de vidro de 250 gramas fechado com tampas de aço. emb.bz/205cheddar

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Chás

Limpeza doméstica

Bebidas

Cervejas

Doces

Cafés

Frutas em destaque 7

Amaciantes renovados 8

Produzido no Brasil 9

Visual renovado

Chocolates animados 11

Solúvel em vidro

A Wow Nutrition moderniza as embalagens de linha de chás Feel Good. Agora, a identificação das frutas e dos demais ingredientes ganha destaque nas novas embalagens por meio de imagens maiores e mais realistas, combinadas ao uso de um splash. Os chás são acondicionados em embalagens cartonadas assépticas de 1 litro, latas de 330 mililitros e garrafas de PET asséptico de 450 mililitros. emb.bz/205feelgood

A linha de amaciantes Qboa, da Anhembi, teve as embalagens redesenhadas. São quatro versões, que remetem ao cuidado especial com a família: Carinho, Harmonia, Ternura e Alegria, em embalagens de 500 mililitros e de 2 litros. As embalagens de PEAD são decoradas com rótulos autoadesivos. emb.bz/205qboa

Chega ao mercado Arapuru, primeiro London Dry Gin produzido no Brasil. Para a decoração das garrafas de vidro, a marca buscou referências no movimento modernista brasileiro e também na Art Déco norte-americana e europeia. A definição do nome da bebida foi uma forma de valorizar a cultura brasileira. Arapuru é uma homenagem ao pássaro da Amazônia arapuru (uirapuru, em tupi-guarani) e ao poema “Uirapuru”, de Heitor Villa Lobos. As cores da ave serviram de inspiração para a arte da garrafa. emb.bz/205london

A Cervejaria Bamberg renovou a identidade visual da sua linha fixa de cervejas. São sete rótulos que ganharam cara nova. Os novos rótulos têm colagens fotográficas bem humoradas. As cervejas são acondicionadas em garrafas de vidro de 600 mililitros e em long necks de 355 mililitros. emb.bz/205bamberg

A Richester, marca da M. Dias Branco, aumenta seu portfólio lançando o Animados Zoo Chocowaffer. O produto está disponível em pacotes de 126 gramas, com 20 unidades. As embalagens individuais estampam os personagens da turma “Animados Zoo”. emb.bz/205zoo

A Cia Cacique amplia o portfólio da linha Café Pelé Graníssimo, que reúne produtos desenvolvidos com blends diferenciados, com a versão solúvel. O café é acondicionado em embalagem de vidro exclusiva. emb.bz/205granissimo

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APOIO

Almanaque Além do Padre Cícero

Sabor chapéu de couro, há 70 anos

Juazeiro, conhecida por ser a cidade onde Padre Cícero fez sua carreira religiosa (e política, já que foi prefeito de 1911 a 1926, quando a cidade ainda era Juazeiro do Norte), já teve uma das mais conhecidas indústrias do Ceará. A Indústria de Bebidas São Caetano foi fundada em 1944 por Antônio Ribeiro de Melo, nascido na cidade de São Caetano, em Pernambuco. Da fábrica saíam para abastecer o comércio da região e dos Estados vizinhos bebidas como cajuína, guaraná, vinagre, quinado, aguardente, vinho e cerveja preta. Antônio morreu em 1974, e a fábrica fechou alguns anos depois.

O refrigerante Mineirinho acaba de completar 70 anos. A empresa foi fundada em Minas Gerais, na cidade de Ubá, em 1940, e seis anos depois a fábrica foi transferida para Niterói (RJ). Ficou na cidade até 1979, quando foi transferida para o parque industrial de 24 mil m², instalado em São Gonçalo. O refrigerante caiu nas graças dos cariocas pelo sabor diferente e com uma fórmula de chapéu-de-couro, erva nativa de Minas Gerais que algumas pesquisas dizem trazer benefícios para a saúde. No início, a bebida era acondicionada em garrafas de vidro. Hoje é envasada apenas em recipientes de PET.

Arte nos rótulos O rótulo da Catuaba Selvagem, bebida da Arbor Brasil, foi criado pelo ilustrador José Luiz Benício, mais conhecido apenas por Benício. O desenho foi feito em 1992. A inspiração para o desenho foi o personagem Conan, o Bárbaro, segundo o ilustrador, “um homem supermásculo, acompanhado de uma supermulher”. Benício produziu

centenas de ilustrações a partir da década de 1950, entre elas, todos os pôsteres dos filmes dos Trapalhões e de outras produções nacionais, como Dona Flor e Seus Dois Maridos, entre outros. Além disso, fez inúmeros trabalhos para agências de publicidade, ilustrou capas de discos e publicou pocket books com ilustrações de pin ups. rótulos da indústria de bebidas são caetano e o fundador da empresa, antônio ribeiro de melo

o rótulo da Catuaba Selvagem e outros trabalhos do ilustrador Benício

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