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Recife I 10 de março de 2014 I segunda-feira Editores: Saulo Moreira smoreira@jc.com.br Bianca Negromonte bianca@jc.com.br Mona Lisa Dourado mldourado@jc.com.br Fale conosco: (81) 3413-6186 Twitter: @jc_economia Diego Nigro/JC Imagem
Seu empregador é machista? Reclame
CARREIRA Mercado reproduz cultura da sociedade e ainda discrimina profissionais por questões ligadas ao gênero. Mulher não precisa aceitar situação, dizem especialistas Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Emídia Felipe
emidiafelipe@jc.com.br
Q
uando lançou o livro Faça Acontecer, no ano passado, a vicepresidente de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, foi criticada por atribuir às próprias mulheres parte da culpa da opressão do mercado do trabalho sobre elas. Sheryl teve que se explicar: a cultura machista tem que ser combatida, dentro e fora das empresas, mas essa luta começa com a mulher levantando-se e fazendo-se respeitar. Em um cenário em que elas ganham pouco mais do que 80% do que é pago aos homens, executivas de Recursos Humanos ouvidas pelo Jornal do Commercio repetem a mensagem de Sheryl: para fazer justiça, é preciso que as mulheres mostrem que estão insatisfeitas com essa situação. Mesmo com ganhos ao longo das décadas, a situação da mulher no mercado de trabalho ainda é desprivilegiada em relação aos homens, desde à escassez de mulheres acupando cargos de diretoria e presidência até o preconceito contra grávidas e mães. “O mercado de trabalho materializa a dinâmica das relações sociais e, nelas, as mulheres são discriminadas”, comenta a pesquisadora do Dieese em Pernambuco Milena Prado. “Precisamos mudar essa cultura e educar as pessoas, para que elas compartilhem as tarefas em sociedade, independentemente do gênero, para que, ao chegarem no mercado, essa segregação não se perpetue”. A sócia e consultora da Ágilis RH Eline Nascimento acrescenta que, mesmo com uma presença feminina cada vez mais marcante no orçamento doméstico, a cultura que se espalha pelas empresas é do homem como arrimo de família. “Talvez ainda exista uma imagem culturalmente ativa de que o homem precisa ganhar mais como principal ou único mantenedor, o que hoje não é mais uma realidade.” Um dos principais reflexos da extensão da cultura machista para dentro das empresas é a remuneração menor para mulheres. Dados recentes do Dieese mostram que a média
REMUNERAÇÃO Eline: “critérios devem ser bem definidos”
de rendimento das mulheres na Região Metropolitana do Recife é quase 30% menor do que o dos homens. É verdade que eles trabalham cerca de cinco horas a mais por semana do que elas – o que, para a Milena Prado, pode ser atribuído principalmente à opção feminina por horários mais flexíveis, para cuidar da casa e da família. Porém, quando a remuneração é isolada por hora, extinguindo a diferença de carga horária, a diferença entre os salários feminino e masculino tem oscilado entre 26% e 29% nos últimos anos (ver quadro). “A culpa é da mulher também”, dispara a gerente executiva da divisão de RH da consultoria Michael Page, Renata Wright. Ela explica que a mulher deve exigir que sua remuneração seja pautada por sua competência e seus resultados, não porque tem um útero. “Se ela está dentro de uma organização onde há esse tipo de discriminação, essa não é a empresa certa para ela estar”, diz a executiva. Renata esclarece que os resultados, a “entrega” e a produtividade são as variáveis que devem ser comparadas na hora de analisar se está havendo preconceito de gênero. “Se ela sabe que as metas acordadas são atingidas, ou até superadas, como também é comum entre as mulheres, ela precisa reivindicar”, afirma a especialista. Eline Nascimento complementa orientando que a profissional precisa estar consciente de quanto o mercado está pagando pela função que ela exerce. Com essas informações e certa de que está fazendo um bom trabalho, é hora de procurar o gestor quando se percebe que colegas homens em situação semelhante estão ganhando mais ou que ela não está ganhando o suficiente. “Em uma conversa franca e em particular, é preciso perguntar quais critérios a empresa está usando para remunerar as pessoas. Se esses critérios não são claros, se a empresa não se preocupa em valorizála como profissional, talvez seja hora de mudar de empregador”, aconselha. “A postura deve ser assertiva e a prioridade tem que ser: estar numa empresa que lhe reconheça”, diz Eline.
A necessidade de coragem feminina no mercado de trabalho vai muito além de questionar o chefe sobre os critérios de remuneração. É preciso ter fôlego para provar que que é competente. No livro de Sheryl, são relatados diversos estudos acerca desse tema. Um deles é um relatório da consultoria McKinsey de 2011, que destacou que os homens são promovidos com base em seu potencial, enquanto as mulheres são promovidas com base no que já realizaram. As dificuldades existem tanto para executivas de grandes empresas, quanto para mulheres em funções de nível fundamental e médio. Levantamento recente da consultoria Salários BR, focado em atividades ligadas à venda de ovos de chocolate para a Páscoa, mostra que, entre cinco cargos – embalador, confeiteiro, auxiliar de con-
Renato Spencer/JC Imagem/05-11-2008
Mulher é avaliada pelo que faz
LABOR Profissões mais qualificadas, discriminação menor feiteiro, doceiro e vendedor –, quatro pagam mais para os homens que para as mulheres. “Em geral, nas áreas de comércio e serviço, onde há flexibilidade para pagamento de comissões e outros extras, a diferença é maior do que na indústria, por exemplo, que tem nível de formalização maior e jornada
de trabalho bem definida”, analisa Milena Prado. Porém, as executivas de RH consultadas pelo JC estão otimistas quanto à mudança do mercado. “A diferença salarial existe. Mas vemos que essa discriminação está se reduzindo aos poucos, especialmente nas novas contratações”, afirma a
gerente de HR Solutions na Randstad Professionals, Ana Flávia Stella. Para ela, a disparidade é mais comum entre quem já está há mais tempo no mercado. “Hoje, quando as vagas são abertas, os salários são os mesmos”, destaca Ana Flávia, que atua com recrutamento para cargos de média e alta gerência. Para Eline Nascimento, a evolução da gestão nas companhias é aliada na luta feminina pelo respeito salarial. “Quando a empresa implanta um plano de carreiras, não há margem para fazer uma diferenciação de gênero”. Ela avalia ainda que o enfraquecimento da discriminação é mais significativo entre as profissões com maior nível de qualificação, pela pressão do mercado: “As empresas estão sendentas por mão de obra qualificada e precisam priorizar a competência”.
FACILIDADE Peppe diz que ferramenta é grátis e simples
Banco de talentos para executivos
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e médias e grandes empresas estão procurando executivos qualificados, não será por falta de candidatos que ficarão com vagas abertas. A escola de negócios Cedepe vai abrir na próxima quarta-feira um banco de talentos para alunos e ex-alunos ficarem à disposição de companhias que precisam de gerentes, diretores e outros cargos de média e alta gestão. Com um universo de 10 mil profissionais em 23 anos de atividades, entre estudantes e ex-alunos, o Cedepe vinha montando seu sistema online de currículos há alguns meses e havia planejado o lançamento para abril. No entanto, pesquisa apresentada pela representação local da Câmara Americana de Comércio (Amcham Recife) adiantou o projeto. Feito com 94 gestores de recursos humanos de médias e grandes empresas de diversos segmentos, o levantamento apontou que todos se consideravam em plena “guerra de talentos” e estavam investindo para captar e manter bons profissionais em seus quadros. As primeiras parcerias já foram fechadas. Cerca de 30 empresas já têm acesso livre ao sistema, que vai receber currículos dos alunos formados no
Cedepe. “Será uma ótima oportunidade, não apenas para aqueles que, por algum motivo não estão vinculados a uma empresa, mas também para os que buscam novas oportunidades”, comenta o diretor acadêmico do Cedepe, Caio Peppe. A ferramenta, estará disponível no endereço www.cedepe.com.br/talentos e terá utilização gratuita tanto para o que Caio chama de “Comunidade Cedepe” quanto para as companhias em busca de profissionais. Peppe ressalta que a maior vantagem do recurso será a simplicidade. “Queremos criar um ambiente de encontro, sem burocratizar o processo. Por isso, a empresa pode contatar o aluno diretamente, sem necessidade de nossa intermediação”. Atualmente, a demanda do banco é de cargos em nível de coordenação supervisão e gerência, com exigência entre seis e oito anos de experiência, em segmentos como automotivo, energia, logística e comércio exterior. No cadastro das vagas, a empresa não precisa informar o salário ofertado. “O que mostraremos são onde estão as boas vagas”, destaca o diretor da instituição.
k rápidas Óleo e gás vai precisar de 250 mil profissionais
Inpe lança dois concursos com total de 68 vagas
Pesquisa da consultoria de carreira e recrutamento Hays aponta que o mercado de petróleo e gás no Brasil vai precisar de 250 mil profissionais nesta década. Entre as áreas mais carentes estarão engenharia de águas profundas, gestão de projetos, segurança e meio ambiente. Como há escassez desse tipo de mão de obra, a Hays aponta que entre cinco mil e 10 mil dessas vagas sejam ocupadas por estrangeiros, ao ano.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicou dois editais abrindo 68 vagas, sendo 14 para pesquisador e 54 para tecnologista júnior. Os salários podem chegar a R$ 9.828. O candidato deverá preencher a ficha disponível no site www.inpe.br e entregá-la pessoalmente, ou por meio de procuração, na sede do Inpe, em São José dos Campos (SP); ou na unidade de Cachoeira Paulista (SP).
PRF deverá lançar edital ainda este mês
PGE do Piauí seleciona 10 procuradores
A empresa que vai organizar o próximo concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) deverá ser anunciada dentro de alguns dias e o edital publicado ainda este mês, segundo informações de membros da comissão organizadora da seleção. O certame foi autorizado em dezembro, com 216 vagas de de agente administrativo (ensino médio) e remuneração inicial de R$ 3.689,77.
A Procuradoria-Geral do Estado do Piauí lançou edital do concurso público para selecionar 10 procuradores substitutos, com salário de R$ 18.306,74. As inscrições começam no dia 18 deste mês e vão até 16 de abril, no site Cespe (www.cespe.unb.br), no valor de R$ 210. A seleção contará com quatro etapas: prova objetiva, subjetiva e prática, além da avaliação de títulos, todas com caráter eliminatório e classificatório.
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Hora de planejar a carreira VIRADA Avaliar os pontos fortes e os fracos e definir metas a serem atingidas são atitudes que aumentam as chances de sucesso Divulgação
Emídia Felipe
emidiafelipe@jc.com.br
N
o mundo empresarial, o planejamento estratégico é uma ferramenta importante para manter-se no mercado, antecipar tendências, proteger-se de crises e aproveitar oportunidades. Para os profissionais, o recurso também é válido, com os mesmos benefícios. Por isso, a orientação de especialistas é que o início do ano é um momento muito oportuno para avaliar o que passou e canalizar os esforços necessários para que a carreira avance em 2014. De acordo com uma pesquisa do Trabalhando.com feita com 187 profissionais, 56% deles disseram que, no ano novo, fazem alguma promessa relacionada à melhoria na carreira. O diretor-geral da empresa, Caio Infante, lembra que a qualidade desse compromisso depende da atitude de quem fez. “Promessas relacionadas à carreira, assim como as das dietas, exigem disciplina. Não adianta prometer e ficar sentado aguardando que algo aconteça. É preciso correr atrás dos objetivos para assim concretizar seus sonhos”. Para isso, ele e a sócia e consultora da Ágilis RH, Eline Nascimento, indicam que o melhor caminho é o planejamento combinado com o esforço. Eline explica que o planejamento é um guia importante e deve ser feito mesmo que de forma básica, uma vez que a profissão e o modo como ela se desenvolve são uma parte
META Caio diz que promessa é válida, mas exige disciplina muito importante da vida. “É como ganhamos dinheiro, como encontramos satisfação pessoal e onde nos relacionamos a maior parte do tempo com outras pessoas, então precisa ser pensado com cuidado para que renda melhores resultados”, ressalta a consultora. Ela explica que os conceitos de planejamento estratégico já utilizados rotineiramente pelas empresas podem ser simplificados para ajudar os profissionais a refletirem sobre os rumos de suas carreiras (veja quadro). Eline pontua que é imprescindível uma autoavaliação para considerar todos os aspectos, dos fracas-
sos às conquistas, das fraquezas aos pontos fortes. Infante complementa que a avaliação é pessoal: uns preferem pensar nos pontos positivos, focar neles e tentar melhorá-los ainda mais e outros levantam os negativos e tentam mudá-los. Tanto ele quanto Eline orientam que essa análise seja feita com ajuda de registros: seja escrevendo a mão em um papel ou digitando no computador. “Ver as respostas e ter isso guardado para consulta ajuda muito”, lembra Eline.
RESULTADOS
Com os resultados em mãos, eles ensinam que deve
ser traçado um plano simples com metas a serem atingidas e a partir daí definir quais serão os prazos para colocá-las em prática. Caio Infante desenha alguns cenários que podem aparecer dessa análise. No primeiro, o profissional descobre que está trabalhando numa empresa cujos objetivos não estão alinhados com os dele. “Essa é a hora de atualizar o currículo, acionar seu networking e buscar uma oportunidade que tenha mais a sua cara”. Outra possibilidade é entender que falta empenho da parte do profissional: “Se é isso, então respire e mude de atitude. Seja mais participativo, desenvolva sua criatividade, proponha, tente participar mais de atividades”. Entre as outras alternativas, está também a conclusão de que a área escolhida não está funcionando. “Nessa situação você tem dois longos caminhos”, diz Caio, “o primeiro é buscar uma especialização naquilo que você quer fazer e depois tentar uma transferência; o segundo é buscar em outra empresa uma oportunidade na área que você quer”. Eline Nascimento lembra que consultores e especialistas em coaching podem ajudar nesse processo. Quem não tem orçamento para esse serviço, pode procurar conselhos de pessoas que considere uma referência no mercado onde atua, além de se informar através da mídia e de livros. “O importante é não esperar estar estagnado ou enfrentar uma crise para fazer essa avaliação”.
O
ano da Copa deve ajudar a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Seccional Pernambuco (Abrasel-PE) a bater a meta de pessoas treinadas em 2014. A entidade promoveu cursos para 800 profissionais em 2013 e pretende chegar a mil alunos no próximo ano. Entre os cursos oferecidos este ano estão os de boas práticas, coquetelaria, gestão de salão, vinhos e atendimento,
Divulgação
Abrasel vai ampliar treinamento com investimento médio de R$ 50. Os mesmos treinamentos deverão ser ofertados em 2014 e a associação também está analisando a possibilidade de oferecer cursos de idiomas. Em geral, as capacitações têm carga horária de 14 horasaula, com exceção da de boas práticas, que, para ter reconhecimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), precisa ser ministra-
da em pelo menos 20 horasaula. Segundo o diretor da associação, Valter Jarocki, a participação nesses treinamentos proporciona a empresários e funcionários a oportunidade de implantar modelos mais avançados de gestão, ampliar rede de contatos e aderir a estratégias que estimulam a inovação. Dentro das atividades de capacitação, a Abrasel também oferece ainda consulto-
ria individualizada por empresa, workshops, capacitação, palestras e encontros. “Também realizamos parcerias com o Sebrae e escolas de gastronomia, participação em feiras voltadas para a área, entre outras ações, para estimular esse tipo de projeto”, lembra Jarocki . Inscrições e mais informações podem ser obtidas através do email relacionamentope@abrasel.com.br ou pelo telefone 3465-7570.
CAPACITAÇÃO Maioria dos cursos custa em média R$ 50
Agência do Trabalho oferta 109 vagas
MP da Bahia vai abrir inscrições para concurso
KPMG busca jovens talentos para evento
Petrolina selecionará professores
Mato Grosso com bom salário para juízes
Biometria será exigida em saque de benefício
A Agência do Trabalho, da Secretaria Estadual de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo, tem 109 vagas abertas, sendo 12 exclusivas para portadores de necessidades especiais. As oportunidades são no Recife, Bezerros, Caruaru, Paulista, Santa Cruz do Capibaribe e São Lourenço da Mata. Na capital, a maioria dos postos é para atividades ligadas à área de construção civil. Para a função de eletricista de instalações, por exemplo, são 10 oportunidades, com exigência de nível médio incompleto, seis meses de experiência comprovados na Carteira de Trabalho e salário de R$ 1.266,21. Mais informações e endereços das unidades da Agência do Trabalho no site www.stqe.pe.gov.br.
Serão abertas no próximo dia 13, as inscrições para o concurso do Ministério Público da Bahia (MPBA). São oferecidas 80 vagas. Dentre elas, 60 são para o cargo de analista técnico, em que é exigido nível superior, e as demais para nível médio: 15 para assistente técnico-administrativo e cinco para motorista – para o qual é preciso ter carteira de habilitação na categoria D ou E. Os salários iniciais são de R$ 2.775,71 para os cargos de nível médio, e de R$ 5.000,29 para o de nível superior. A jornada de trabalho para todos os cargos é de 40 horas. Interessados devem se inscrever até 10 de fevereiro no www.institutoaocp.org.br. As taxas são de R$ 80 (nível médio) e R$ 120 (superior).
A multinacional KPMG está em busca de jovens para representar a empresa no Brasil durante o KPMG International Case Competition (KICC), uma disputa que está em sua 11ª edição e avalia a capacidade dos participantes de analisar, projetar, tomar decisões e apresentar recomendações na construção da melhor solução para um case de negócio. O evento, que serve de ferramenta de contratação para a empresa, será realizado entre os dias 1º e 4 de abril de 2014, em São Paulo, marcando a primeira edição do KICC na América Latina. As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de janeiro na área Carreira do site www.kpmg.com/br. Para participar, é preciso ter inglês avançado.
Interessados em trabalhar na área de educação em Petrolina já podem se inscrever na seleção simplificada que a Secretaria de Educação do Município está realizando. O objetivo é contratar professores de nível superior e nível médio (magistério), além de auxiliares de cozinha e de limpeza. De acordo com o edital, o cargo de professor tem vagas para cargas horárias de 100 e 200 horas mensais, enquanto as demais funções têm 40 horas semanais. Os salários para professores variam de R$ 783 a R$ 1.567. Para os auxiliares, a remuneração é de R$ 678. As inscrições podem ser feitas no site www.facape.br, onde também está disponível o edital, até as 20h do dia 9 de janeiro.
Formados em direito podem se inscrever no concurso do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). São 12 vagas para juízes substitutos, com salário de R$ 19,5 mil. Entre os requisitos estão ter mais de 25 anos de idade e pelo menos três anos de atividades jurídicas após a conclusão da graduação. As inscrições estão abertas até o dia 26 de janeiro, com taxa de R$ 195, através do site da FMP Concursos (www.concursosfmp.com.br). A concorrência será feita em etapas: prova objetiva, prova escrita, inscrição definitiva (sindicância da vida pregressa, investigação social, exame de sanidade física e mental e psicotécnico), entrevista, prova oral e avaliação de títulos.
Saques em dinheiro do seguro-desemprego, pago pelo governo federal, terão que ser feitos através de biometria a partir de 2015. A decisão do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) foi divulgada recentemente e visa reduzir fraudes e aumentar a segurança no pagamento. A medida faz parte de um pacote de medidas adotado para equilibrar o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que registrou déficit nominal de R$ 222,3 milhões de janeiro a agosto deste ano, contra lucro de R$ 179,9 milhões no mesmo período de 2012. O rombo considera a parcela do FAT que financia o capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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Recife I 26 de janeiro de 2014 I domingo
economia
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Eles estão cada vez menores
MORADIA Tamanho médio dos apartamentos caiu 32% nos últimos dez anos e cresce oferta de unidades com dois quartos e até 46 m² Edmar Melo/JC Imagem
Emídia Felipe
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“A
pertamento” é uma palavra que definitivamente não faz parte do mundo das construtoras e imobiliárias, mas é muito popular entre quem não tem dinheiro suficiente para comprar um imóvel acima de 45 metros quadrados. O tamanho, quase que sempre distribuído em unidades de dois quartos, tem sido cada vez mais comum na Região Metropolitana do Recife (RMR) e reflete uma tendência que deve se fortalecer nos próximos anos: com o déficit habitacional das camadas mais populares, as moradias compactas têm sido a saída encontrada pelas construtoras para atender essa demanda. Os consumidores, por sua vez, precisam ficar atentos às medidas mínimas exigidas pelas prefeituras e avaliar bem a compra antes de fechar o negócio. Segundo fontes do mercado, os apartamentos pequenos são opção para quem está comprando o primeiro imóvel, especialmente do programa Minha Casa, Minha Vida, que tem limite máximo de preço de R$ 170 mil dentro do Recife e de R$ 145 mil nas cidades da região metropolitana. Mas, além desse perfil, há também quem está migrando de moradias maiores, como a assistente social Marylene Maymone, 58 anos. Com previsão de ficar pronto em abril, o novo apartamento dela tem 49 m², metade do tamanho do atual. “Agora nós moramos sozinhos e a casa ficou grande demais”, comenta Marylene, que está se preparando para a adaptação. Esse processo vai incluir a compra de novos móveis: “Não vou levar nada. Vai ter que ser tudo novo, porque os móveis que tenho hoje são muito grandes”. Os números do Índice de Velocidade de Vendas (IVV), medido pela Federação das Indústrias (Fiepe) para o mercado imobiliário e que traz diversas informações sobre a
COMPACTO Apartamento decorado do Candeias Ville, da QGDI, que aparece no vídeo desta matéria na web, tem 45 m² comercialização de imóveis novos na RMR, demonstram o movimento de diminuição dos apartamentos nos últimos 10 anos. A média de espaço por unidade, que era de 92,7 metros quadrados em 2003, está chegando a 60 m² (veja quadro). É verdade que o crescimento da oferta de moradias estilo home service/flat também contribuiu isso. Esses empreendimentos têm apartamentos de até 22 m² e, somente no ano passado, foram vendidas 1.030 unidades, 89,8% delas entre 22 e 40 m². Contudo, o peso das habitações de dois quartos ainda é bem mais significativo - em 2013, essa estrutura foi vendida em 4.642 apartamentos, 46,7% deles com até 46 m². Nessa categoria compacta de dois quartos, a influência do MCMV é forte. Segundo o IVV, o programa foi o maior canal de vendas em 2013, com 39,1% da origem dos recursos. Com custos maiores, unidades menores garantem preços
mais acessíveis ao consumidor, como lembra o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Gustavo de Miranda. Ele esclarece que atualmente o principal item na planilha de formação de preços é o terreno. Segundo o presidente, há alguns anos o índice de troca de apartamentos na permuta com o dono do terreno ficava entre 10% e 25% e hoje fica a partir de 55%. “Isso quer dizer que se você tiver um terreno onde é possível construir 20 unidades, 11 serão para pagar o terreno e os outros nove vão pagar toda a obra”. Todavia, ele reforça uma regra de mercado sobre o assunto: “No dia em que estiverem fazendo apartamentos que o mercado não absorva, tudo muda”.
q Mais na web Veja dicas de decoração para 45 m²: www.jconline.com.br/ economia
Não confunda dependência com depósito Responsáveis pela autorização dos empreendimentos imobiliários, as prefeituras definem tamanhos mínimos dos cômodos para que uma moradia seja habitável. No caso da Prefeitura do Recife, elas estão determinadas na Lei Municipal 16.292/97. Nessa legislação, está determinado o tamanho mínimo que o diâmetro de uma circunferência deve ter para cada espaço (veja quadro) - definindo dessa forma, e não com um limite por metro quadrado, a regra garante a circulação livre dentro do cômodo. Assim evita-se que sejam construídos quartos com paredes de tamanhos muito diferentes, deixando um lado muito curto e outro muito comprido, por exemplo. Dentre as medidas determinadas, está a de depósito, que, se a comunicação da construtora não for clara, pode ser confundido com dependência de empregada - isso ocorre quando a emprensa abrevia o rótulo para “dep.”. Enquanto o depósito tem que comportar o diâmetro de 80 centímetros, em um quarto o tamanho é 2,4 metros, além de ter regras de circulação de ar e iluminação. Preocupada em deixar claro para seus clientes que tinha uma acomodação correta para os empregados domésticos no empreendimento Espinheiro Family Class, a construtora Carrilho incluiu no anúncio a referência “dependência completa”, ressaltando o quarto próximo ao banheiro de serviço. “Como é um apartamento com perfil adequado a famílias com filhos, esse item faz diferença para o cliente”, explica a superintendente da Carrilho, Adriana Côrte Real. Coordenador do Procon Estadual, José Rangel esclarece que se o cliente se deparar com a palavra “dep.” sugerindo que ali é uma dependência de emprega e não deixando claro que, na verdade, é um depósito, deve denunciar o caso às entidades de defesa do consumidor. “Quando falta informação adequada e transparente, deixando margem para dupla interpretação, fere um dos direitos essenciais do consumidor”, alerta Rangel, que aconselha que a pessoa que se sentir prejudicada pode levar o caso à Justiça. “Só o fato de não estar claro já gera o motivo da denúncia ou da ação, não é necessário nem haver a compra”.
Recife I 18 de fevereiro de 2014 I terça-feira
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Afrouxe a corda do pescoço DÍVIDAS Sair do vermelho para o azul nas finanças pessoais pode ser difícil, mas é possível. Tudo começa com pequenas mudanças Emídia Felipe
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ompradores compulsivos, endividados em excesso e inadimplentes estão se tornando categorias cada vez mais comuns entre os consumidores. Apesar disso, quem tenta sair do vermelho pode se sentir solitário na hora de resolver os problemas trazidos pelas dívidas: enquanto o estímulo ao crédito e às compras vêm do governo e das empresas, a ajuda a quem precisa sair do vermelho é mais escassa. Mas especialistas garantem que, após assumir que precisa de ajuda, é possível driblar essas dificuldades, sair das armadilhas do consumo e passar a conviver bem com o dinheiro que ganha. Segundo dados da Fecomércio-PE, a inadimplência em Pernambuco – pessoas com débitos atrasados há mais de 90 dias – era de 23% em 2012 e chegou a 31,1% este ano. Consultor da Fecomércio-PE, Osmil Galindo avalia que esse número ainda não é alarmante, mas está bem próximo de ser: um índice de 40% a 50% é considerado grave. “Esse processo de endividamento em excesso (acima de 30% da renda, onde estão 46% dos pernambucanos) afeta a produtividade das pessoas, afeta o resultado delas nas empresas onde trabalham e a família”, diz o economista. Ele pondera que a falta educação financeira é uma falha da nossa sociedade e que o poder público deveria encarar isso com mais seriedade. Soma-se ao despreparo para lidar com dinheiro a imersão do consumidor em mensagens que incitam a compra – especialmente conectando esse ato ao bem-estar, ao status e autoestima. Não é à toa que uma equipe ideal de apoio a quem quer organizar as contas inclui psicólogos. “As bases dessas dificuldades estão principalmente na falta do autocontrole do consumo. As pessoas não controlam o desejo e ficam nessa busca por compensações através da compra, como um alívio para os sentimentos negativos”, pontua a especilalista em neurociência do consumidor Remédios Antunes. “Em geral, essas pessoas estão muito fragilizadas, envergonhadas, entendendo a situação como de fracasso; e ela não pode se impor esse tipo de barreira. Por isso, primeiro se pergunta qual relação dela com o dinheiro. Temos que perguntar: por que você está usando o dinheiro como o sentido da sua vida? O primeiro passo do tratamento é corrigir essa distorção”. Entre as principais orientações de Remédios e dos economistas Osmil Galindo e Amanda Aires, destaca-se uma pergunta que pode demarcar uma nova postura de quem está devendo: “Eu realmente preciso disso?”. Eles ressaltam que os primeiros passos rumo às contas “azuis” podem ser dolorosos, mas são suportáveis com a perspectiva de melhora em um futuro breve. Para isso, orientam foco na organização das receitas e das despesas; na conscientização da relação que se tem com o dinheiro; e na realização de sonhos – que podem ser metas grandes ou pequenas, para si mesmo ou para a família (veja jogo ao lado). “A maior dificuldade é ter consciência e aceitar que inevitavelmente vai baixar o padrão de vida”, comenta Amanda Aires, “isso não quer dizer que você vai cortar todos os seus gastos, mas é preciso cortar alguns e, se possível, aumentar a receita. É preciso entender que é um sacrifício temporário”.
Ir atrás de ajuda é o 1º passo Para a especialista Remédios Antunes, independentemente da causa, o endividamento em excesso exige que a pessoa busque ajuda, especialmente quando esse problema está comprometendo a sua qualidade de vida, as relações pessoais, familiares e profissionais. “Esse é o sinal vermelho. Tanto para tratar a angústia e depressão, o que é muito comum porque há preocupação excessiva, quanto as finanças.” Depois de mapear todas as dívidas, saber quanto ganha e quanto gasta por mês, é hora de partir para a negociação com os credores. Esses processos podem ser facilitados com ajuda de órgãos de defesa do consumidor e do programa Proendividados, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) – algumas das poucas instituições que ajudam quem está tentando negociar junto às empresas O coordenador do Procon Estadual, José Rangel, diz que o consumidor deve levar as propostas dos credores para análise do órgão, mesmo que elas pareçam vantajosas. Ele alerta que, em geral, as empresas aplicam juros e correções monetárias abusivas, além de já terem omitido informações importantes na hora da venda do produto ou da concessão do crédito.
Perfis dos devedores são variados Em seu doutorado, dra. Remédios Antunes trabalhou com uma categoria cada vez mais encontrada entre quem está devendo: a dos compradores compulsivos. Eles são endividados, embora nem todo endividado seja, necessariamente, um comprador compulsivo. Apesar de ainda não ser reconhecida como uma doença, essa vontade descontrolada de comprar está subclassificada dentro dos transtornos do controle dos impulsos (assim como os por comida, sexo e internet) e já afetam de 5% a 8% da população de consumidores no mundo, o mesmo índice da depressão. Independentemente do tipo de problema com as dívidas, dra. Remédios comenta que o público de baixa renda é mais afetado pela falta de suporte para contornar a situação, especialmente por parte do poder público. “Infelizmente os mais pobres, os idosos e os jovens são bem mais vulneráveis”. Segundo a pesquisa da FecomércioPE, os maiores índices de inadimplência estão nas famílias com renda até cinco salários mínimos (R$ 3.620), com percentuais entre 31,9% e 36,4%. No entanto, as classes A e B também estão entre as que mantêm dívidas atrasadas, com índices de até 26,1%. A economista Amanda Ayres acompanhou o caso de um funcionário público que passou a andar de ônibus depois que seus dois carros novos foram apreendidos por falta de pagamento. “O salário dele gira em torno de R$ 15 mil, mas ele havia elevado a vida a um padrão insustentável. Depois de dois anos, ele conseguiu acertar as contas”, relata Amanda.
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DO SERTÃO
Se suco de uva integral é bom, o que vem do Vale do São Francisco é ainda melhor, como defende o doutor em engenharia de alimentos e professor do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), Marcos dos Santos Lima. O Vale tem uma vantagem importante sobre as demais áreas produtoras: duas safras por ano, devido ao clima ensolarado do Tropical Semiárido e a irrigação constante. Lima explica que essas características influenciam na composição química da uva. “Os sucos do Vale do São Francisco apresentam maiores concentrações de compostos bioativos, como procianidinas e transresveratrol, do que em sucos de outras regiões mundiais”, detalha o pesquisador. Independentemente da origem, cada vez mais consumidores aderem ao suco de uva. Segundo dados do Ibravin, em 2013 a produção aumentou 43,6% somente no Rio Grande do Sul, principal polo produtor do País, chegando a 72 milhões de litros. No Vale do São Francisco, o volume ainda é pequeno e não passa dos 300 mil litros anuais, mas deve triplicar nos próximos anos. Para continuar impulsionando esse mercado, o Ibravin desenvolveu a campanha Suco de uva 100% do Brasil (www.sucodeuvadobrasil.com.br) para divulgar os benefícios da bebida. Tom Cabral/JC Imagem
“Você vai sair pra padaria assim?”. Eu olhava o “assim” no espelho: sandálias, shorts que já haviam visto melhores dias, camiseta ganhada e não comprada, daquelas que você não sabe se passa à frente ou se guarda. Termina colocando na gaveta específica, o limbo das roupas sem importância, para ocasiões do “assim”. As que você usa sem sequer escolher, simplesmente porque não faz diferença esta ou aquela. Às interpelações maternas só restam duas alternativas: ignorá-las num rasgo de rebeldia (e sempre com a sensação de que alguma terrível profecia vai se concretizar) ou dar uma humilde meia volta rendendo-se ao inevitável: elas sempre têm razão. Sempre fui mais da primeira opção. Achava um exagero o nível de autoconsciência de la madre. Chegava ao ponto de pensar na roupa íntima em caso de assalto. “Você vai sair com essa calcinha e esser sutiã assim?”. O “assim” era com a lycra já cedendo (acho que a palavra mais adequada é uma que, aliás, eu adoro pela sua imensa graciosidade: “folote”) e o sutiã que ia no mesmo caminho: com um desastrado nó nas alças que já não mais tinham forças para segurar os peitos. Ficava só esperando o fim da frase, e lá vinha ele, bum: “E se assaltarem o ônibus e mandarem todo mundo tirar a roupa?”, questionava naquele tom de xeque-mate. Eu poderia pensar em várias coisas a temer durante um hipotético assalto e esta não aparecia nem no fim da lista. Fosse na padaria ou no ônibus assaltado – e só mais tarde acumulei maturidade suficiente para absorver a lição – o que deveria ser inferido das duas situações, em resumo, pode ser dividido em dois pontos: 1) Você nunca sabe o que lhe espera em cada esquina e 2) Quando todo controle é tirado de você, o mais acertado é se concentrar nas pequenas coisas sobre as quais você, efetivamente, tem domínio. São várias as forças desestabilizadoras que encontramos, quando menos esperamos, ao longo da vida. E todas elas podem ser abrigadas sob um único guarda-chuva: paixão. Eu sei que quando a gente menciona esta palavra automaticamente pensamos no arrebatamento entre duas pessoas, movido por desejo e verbos conjugados no imperativo, mas incluo aqui todas as situações em que as garras ficam afiadas e o ego surge todo desgrenhado: ele resolveu ir pra rua “assim”, desfigurado, fora de si, de qualquer jeito. Separação, injustiça, incompreensão, sem-vergonhice, cara-de-pau e, sim, a clássica paixão mal resolvida como costumamos entendê-la são motivos mais do que suficientes para lhe desarrumar, por fora, é claro, mas, ainda mais importante, por dentro. Naqueles dias em que você se sente tão triste que quer mandar a elegância às favas é bom lembrar que ser triste e deselegante, por fora, sim, mas principalmente por dentro, é mil vezes pior. O ritual de de ajeitar por fora é bem parecido com aquele que te arruma por dentro. É preciso, primeiro, vencer o desânimo que te puxa pra baixo: liga o chuveiro e esfrega o sabonete esfoliante, para limpar por fora, mas não esquece de se esvaziar por dentro: deixar os pensamentos correrem como naquela linha reta e uniforme do eletrocardiograma. Assenta os cabelos, sim, passa o reparador de pontas, mas não esquece de pentear a alma antes de ir pra rua.
ma coisa que poucos sabem: o suco puro de uva, 100% integral, sem aditivos químicos, é exclusividade do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), além de concentrar sais minerais, antioxidantes e outros nutrientes, a bebida também atua na redução da gordura. Essas e outras vantagens estão empurrando as vendas do produto, que cresceram 43% somente no ano passado. A bebida não deve ser confundida com seus congêneres menos valorizados (veja no quadro). As propriedades do suco são obtidas a partir dos bioativos naturais da fruta, enriquecidos no processo de fabricação: o líquido é aquecido, aumentando as trocas químicas entre casca, polpa e sementes. Essa troca libera mais polifenóis, as grandes estrelas dos derivados da uva, que ficaram mais conhecidas através dos vinhos. Mas as propriedades benéficas ao organismo são vastas: nove minerais, alto teor de vitamina C, fibras, efeitos anti-inflamatório, melhoria cognitiva e da memória, inibição da formação de coágulos (trombos), entre outros. Segundo a doutora em biomedicina Caroline Dani, que desenvolve pesquisas com o produto desde 2004, um teste recente feito com 30 ratos submetidos a uma dieta hiperlipídica provou seu papel ativo na redução da gordura corporal. Os animais foram divididos em dois grupos e aqueles que não ingeriram suco de uva integral engordaram mais e tiveram aumento de pressão arterial. “Isso ocorre porque o suco de uva aumenta o metabolismo, impedindo o acúmulo de gordu-
ra”, explica. A dosagem diária recomendada pela especialista é de 7 ul por grama de peso, o que dá cerca de 7 ml para cada quilo. “Para as crianças de 10 kg seria mais ou menos 70 ml; e adultos de 70 kg, o equivalente a 400 ml”, esclarece. No caso de diabéticos, pode haver restrições devido ao açúcar natural da fruta.
TABELA DE BENEFÍCIOS Os polifenóis, que ficaram conhecidos através do vinho, são as grandes estrelas também do suco de uva
Versatilidade no uso é um trunfo Nas prateleiras dos supermercados, padarias e delicatessens, o suco de uva integral não é um item com preço popular. Garrafas de 300 ml podem custar de R$ 5 a R$ 7 e as de 1 litro podem chegar a quase R$ 17, embora rótulos pernambucanos como o Terra Sol sejam encontrados a R$ 9,50. O valor é explicado pelo custo de produção. O processo de fabricação da bebida, especialmente sem aditivos químicos, ainda é caro, agravado pelo fato de não haver embalagens mais em conta além do vidro. Há, também, o dificultador da logística, que aumenta o custo do frete da bebida que vem da região Sul para cá. E mesmo quando não há tanta distância, como é o caso de Petrolina e demais cidades do Vale do São Francisco, o custo dos insumos acaba pesando no valor de venda. Entre as alternativas à bebida estão o consumo in natura e o suco feito em casa, tanto a
partir da polpa congelada quanto da fruta, dos quais é possível obter parte dos bioativos da uva. Mas, nestes casos, além de o consumo ter que ser imediato, o resultado é mais pobre do que o produto fabricado nas vinícolas, uma vez que este envolve aquecimento, o que aumenta as trocas químicas entre a casca, a polpa e as sementes. “Não existem estudos científicos que comprovem a perda ou não de nutrientes no suco feito em casa com a uva. O que de fato pode trazer preocupação é a conservação, pois existe uma chance de fermentação caso não seja bem pasteurizado. Quanto às sementes, o maior cuidado está em não esmagá-las”, explica a doutora Caroline Dani. No caso do derivado a partir da polpa congeladas, também há perda de polifenóis, devido ao congelamento. Já os que aderirem ao suco de uva integral podem contar com outras formas de consu-
mo. A sommelière da Vinícola Salton, Monica Coletti, diz que é possível fazer inúmeras receitas, compondo drinques sem álcool ou em preparações alcoólicas. “Por seu sabor forte, mais intenso, as pessoas também adicionam um pouco de água ou algumas pedras de gelo, mas isso não diminui os benefícios”, destaca. A chef de gastronomia na Salton, Idana Spassini, acrescenta que o suco de uva pode entrar no preparo de sobremesas, incluindo caldas doces e sorvetes. “Dependendo da receita, também pode ser utilizado em pratos salgados, em molhos para carnes vermelhas”, complementa Idana.
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