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Recife I 10 de março de 2014 I segunda-feira Editores: Saulo Moreira smoreira@jc.com.br Bianca Negromonte bianca@jc.com.br Mona Lisa Dourado mldourado@jc.com.br Fale conosco: (81) 3413-6186 Twitter: @jc_economia Diego Nigro/JC Imagem
Seu empregador é machista? Reclame
CARREIRA Mercado reproduz cultura da sociedade e ainda discrimina profissionais por questões ligadas ao gênero. Mulher não precisa aceitar situação, dizem especialistas Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Emídia Felipe
emidiafelipe@jc.com.br
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uando lançou o livro Faça Acontecer, no ano passado, a vicepresidente de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, foi criticada por atribuir às próprias mulheres parte da culpa da opressão do mercado do trabalho sobre elas. Sheryl teve que se explicar: a cultura machista tem que ser combatida, dentro e fora das empresas, mas essa luta começa com a mulher levantando-se e fazendo-se respeitar. Em um cenário em que elas ganham pouco mais do que 80% do que é pago aos homens, executivas de Recursos Humanos ouvidas pelo Jornal do Commercio repetem a mensagem de Sheryl: para fazer justiça, é preciso que as mulheres mostrem que estão insatisfeitas com essa situação. Mesmo com ganhos ao longo das décadas, a situação da mulher no mercado de trabalho ainda é desprivilegiada em relação aos homens, desde à escassez de mulheres acupando cargos de diretoria e presidência até o preconceito contra grávidas e mães. “O mercado de trabalho materializa a dinâmica das relações sociais e, nelas, as mulheres são discriminadas”, comenta a pesquisadora do Dieese em Pernambuco Milena Prado. “Precisamos mudar essa cultura e educar as pessoas, para que elas compartilhem as tarefas em sociedade, independentemente do gênero, para que, ao chegarem no mercado, essa segregação não se perpetue”. A sócia e consultora da Ágilis RH Eline Nascimento acrescenta que, mesmo com uma presença feminina cada vez mais marcante no orçamento doméstico, a cultura que se espalha pelas empresas é do homem como arrimo de família. “Talvez ainda exista uma imagem culturalmente ativa de que o homem precisa ganhar mais como principal ou único mantenedor, o que hoje não é mais uma realidade.” Um dos principais reflexos da extensão da cultura machista para dentro das empresas é a remuneração menor para mulheres. Dados recentes do Dieese mostram que a média
REMUNERAÇÃO Eline: “critérios devem ser bem definidos”
de rendimento das mulheres na Região Metropolitana do Recife é quase 30% menor do que o dos homens. É verdade que eles trabalham cerca de cinco horas a mais por semana do que elas – o que, para a Milena Prado, pode ser atribuído principalmente à opção feminina por horários mais flexíveis, para cuidar da casa e da família. Porém, quando a remuneração é isolada por hora, extinguindo a diferença de carga horária, a diferença entre os salários feminino e masculino tem oscilado entre 26% e 29% nos últimos anos (ver quadro). “A culpa é da mulher também”, dispara a gerente executiva da divisão de RH da consultoria Michael Page, Renata Wright. Ela explica que a mulher deve exigir que sua remuneração seja pautada por sua competência e seus resultados, não porque tem um útero. “Se ela está dentro de uma organização onde há esse tipo de discriminação, essa não é a empresa certa para ela estar”, diz a executiva. Renata esclarece que os resultados, a “entrega” e a produtividade são as variáveis que devem ser comparadas na hora de analisar se está havendo preconceito de gênero. “Se ela sabe que as metas acordadas são atingidas, ou até superadas, como também é comum entre as mulheres, ela precisa reivindicar”, afirma a especialista. Eline Nascimento complementa orientando que a profissional precisa estar consciente de quanto o mercado está pagando pela função que ela exerce. Com essas informações e certa de que está fazendo um bom trabalho, é hora de procurar o gestor quando se percebe que colegas homens em situação semelhante estão ganhando mais ou que ela não está ganhando o suficiente. “Em uma conversa franca e em particular, é preciso perguntar quais critérios a empresa está usando para remunerar as pessoas. Se esses critérios não são claros, se a empresa não se preocupa em valorizála como profissional, talvez seja hora de mudar de empregador”, aconselha. “A postura deve ser assertiva e a prioridade tem que ser: estar numa empresa que lhe reconheça”, diz Eline.
A necessidade de coragem feminina no mercado de trabalho vai muito além de questionar o chefe sobre os critérios de remuneração. É preciso ter fôlego para provar que que é competente. No livro de Sheryl, são relatados diversos estudos acerca desse tema. Um deles é um relatório da consultoria McKinsey de 2011, que destacou que os homens são promovidos com base em seu potencial, enquanto as mulheres são promovidas com base no que já realizaram. As dificuldades existem tanto para executivas de grandes empresas, quanto para mulheres em funções de nível fundamental e médio. Levantamento recente da consultoria Salários BR, focado em atividades ligadas à venda de ovos de chocolate para a Páscoa, mostra que, entre cinco cargos – embalador, confeiteiro, auxiliar de con-
Renato Spencer/JC Imagem/05-11-2008
Mulher é avaliada pelo que faz
LABOR Profissões mais qualificadas, discriminação menor feiteiro, doceiro e vendedor –, quatro pagam mais para os homens que para as mulheres. “Em geral, nas áreas de comércio e serviço, onde há flexibilidade para pagamento de comissões e outros extras, a diferença é maior do que na indústria, por exemplo, que tem nível de formalização maior e jornada
de trabalho bem definida”, analisa Milena Prado. Porém, as executivas de RH consultadas pelo JC estão otimistas quanto à mudança do mercado. “A diferença salarial existe. Mas vemos que essa discriminação está se reduzindo aos poucos, especialmente nas novas contratações”, afirma a
gerente de HR Solutions na Randstad Professionals, Ana Flávia Stella. Para ela, a disparidade é mais comum entre quem já está há mais tempo no mercado. “Hoje, quando as vagas são abertas, os salários são os mesmos”, destaca Ana Flávia, que atua com recrutamento para cargos de média e alta gerência. Para Eline Nascimento, a evolução da gestão nas companhias é aliada na luta feminina pelo respeito salarial. “Quando a empresa implanta um plano de carreiras, não há margem para fazer uma diferenciação de gênero”. Ela avalia ainda que o enfraquecimento da discriminação é mais significativo entre as profissões com maior nível de qualificação, pela pressão do mercado: “As empresas estão sendentas por mão de obra qualificada e precisam priorizar a competência”.
FACILIDADE Peppe diz que ferramenta é grátis e simples
Banco de talentos para executivos
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e médias e grandes empresas estão procurando executivos qualificados, não será por falta de candidatos que ficarão com vagas abertas. A escola de negócios Cedepe vai abrir na próxima quarta-feira um banco de talentos para alunos e ex-alunos ficarem à disposição de companhias que precisam de gerentes, diretores e outros cargos de média e alta gestão. Com um universo de 10 mil profissionais em 23 anos de atividades, entre estudantes e ex-alunos, o Cedepe vinha montando seu sistema online de currículos há alguns meses e havia planejado o lançamento para abril. No entanto, pesquisa apresentada pela representação local da Câmara Americana de Comércio (Amcham Recife) adiantou o projeto. Feito com 94 gestores de recursos humanos de médias e grandes empresas de diversos segmentos, o levantamento apontou que todos se consideravam em plena “guerra de talentos” e estavam investindo para captar e manter bons profissionais em seus quadros. As primeiras parcerias já foram fechadas. Cerca de 30 empresas já têm acesso livre ao sistema, que vai receber currículos dos alunos formados no
Cedepe. “Será uma ótima oportunidade, não apenas para aqueles que, por algum motivo não estão vinculados a uma empresa, mas também para os que buscam novas oportunidades”, comenta o diretor acadêmico do Cedepe, Caio Peppe. A ferramenta, estará disponível no endereço www.cedepe.com.br/talentos e terá utilização gratuita tanto para o que Caio chama de “Comunidade Cedepe” quanto para as companhias em busca de profissionais. Peppe ressalta que a maior vantagem do recurso será a simplicidade. “Queremos criar um ambiente de encontro, sem burocratizar o processo. Por isso, a empresa pode contatar o aluno diretamente, sem necessidade de nossa intermediação”. Atualmente, a demanda do banco é de cargos em nível de coordenação supervisão e gerência, com exigência entre seis e oito anos de experiência, em segmentos como automotivo, energia, logística e comércio exterior. No cadastro das vagas, a empresa não precisa informar o salário ofertado. “O que mostraremos são onde estão as boas vagas”, destaca o diretor da instituição.
k rápidas Óleo e gás vai precisar de 250 mil profissionais
Inpe lança dois concursos com total de 68 vagas
Pesquisa da consultoria de carreira e recrutamento Hays aponta que o mercado de petróleo e gás no Brasil vai precisar de 250 mil profissionais nesta década. Entre as áreas mais carentes estarão engenharia de águas profundas, gestão de projetos, segurança e meio ambiente. Como há escassez desse tipo de mão de obra, a Hays aponta que entre cinco mil e 10 mil dessas vagas sejam ocupadas por estrangeiros, ao ano.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicou dois editais abrindo 68 vagas, sendo 14 para pesquisador e 54 para tecnologista júnior. Os salários podem chegar a R$ 9.828. O candidato deverá preencher a ficha disponível no site www.inpe.br e entregá-la pessoalmente, ou por meio de procuração, na sede do Inpe, em São José dos Campos (SP); ou na unidade de Cachoeira Paulista (SP).
PRF deverá lançar edital ainda este mês
PGE do Piauí seleciona 10 procuradores
A empresa que vai organizar o próximo concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) deverá ser anunciada dentro de alguns dias e o edital publicado ainda este mês, segundo informações de membros da comissão organizadora da seleção. O certame foi autorizado em dezembro, com 216 vagas de de agente administrativo (ensino médio) e remuneração inicial de R$ 3.689,77.
A Procuradoria-Geral do Estado do Piauí lançou edital do concurso público para selecionar 10 procuradores substitutos, com salário de R$ 18.306,74. As inscrições começam no dia 18 deste mês e vão até 16 de abril, no site Cespe (www.cespe.unb.br), no valor de R$ 210. A seleção contará com quatro etapas: prova objetiva, subjetiva e prática, além da avaliação de títulos, todas com caráter eliminatório e classificatório.