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Recife I 24 de junho de 2012 I domingo
economia
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Quando o crédito está em casa FAMÍLIA É cada vez mais comum o devedor ser financiado por um amigo ou pai, mãe ou irmão. Mas a operação exige muito cuidado emidiafelipe@gmail.com
U
m ruidoso e provavelmente milionário mercado de crédito informal se movimenta à margem de estatísticas e controle de instituições financeiras. São parentes, amigos e conhecidos, de todas as classes sociais, que emprestam e pegam dinheiro e cartões de crédito emprestados entre si. Diferentemente das lucrativas operações feitas pelos bancos, as “soluções caseiras” têm como principal moeda a confiança – um bem que deve ficar em primeiro lugar quando é preciso lançar mão desse recurso. O funcionário público Eduardo Lins de Azevedo, 34 anos, acaba de vender um carro para comprar outro. Para isso, contou com o apoio do pai, que comprou o veículo usado e emprestou R$ 10 mil para a aquisição do novo bem. Eduardo e a esposa já pagaram R$ 5 mil. “Meu pai me deixa muito à vontade para pagar como eu puder, porque existe uma relação forte de confiança e ele sabe que se eu ainda não paguei é porque eu realmente não pude”, explica Eduardo. Para ele, a opção de pegar – e pagar – o dinheiro do pai é melhor do que contratar o mesmo valor nos bancos, correndo o risco de comprometer a renda da família e entrar no cheque especial. “Eu fico tranquilo de pegar porque sei que esse dinheiro não faz falta pra ele. Se fizesse falta, eu me sentiria constrangido”, comenta. “Embora ninguém possa dimensionar, essas soluções caseiras são extremamente comuns”, avalia o consultor econômico da Federação do Comércio de Bens e Serviços de Pernambuco (Fecomércio-PE), Luiz Kehrle. Contudo, justamente por não haver uma regulação ou métodos neste mercado, muitas vezes as pessoas não sabem como se portar. O consultor, autor de livros e palestrante de finanças pessoais Gustavo Cerbasi assegura que a prática “é algo comum em todas as classes sociais”, mas que deve ser vista com cuidado. “É muito comum um relacionamento que
se deteriora depois de um empréstimo”, lembra o consultor. “O ‘pedir emprestado’ é muito delicado. Quem está precisando deve primeiro avaliar as oportunidades no mercado: consignado, refinanciamento de automóvel e até usar a casa como garantia”. Porém, Cerbasi admite que nem sempre isso é possível e há casos em que amigos e parentes são a única forma de alguém que já não tem acesso a créditos bancários resolver um sério problema financeiro. Nessas situações, extremamente baseadas na confiança, ele orienta que tudo se alinhe para que a relação pessoal não seja danificada. Para isso, uma conversa franca sobre a situação financeira de ambos é um bom começo. Nesse “olho no olho”, Luiz Kehrle complementa que é importante o credor analisar a capacidade financeira de quem vai receber o valor. Cerbasi lembra também que o credor deve ficar atento para não humilhar, mesmo que inconscientemente, quem está ajudando, tratando o valor como se fosse “um troco” ou algo insignificante para ele.
Analistas são unânimes: é preciso transparência para preservar a relação Do lado de quem está pedindo, Cerbasi orienta que deve partir do tomador do empréstimo uma formalização, como um contrato simples ou uma nota promissória, para mostrar que ele valoriza a atitude de quem vai ceder o dinheiro por algum tempo. Outra postura proativa do devedor é uma prestação de contas frequente, avisando dias antes do dia acertado que já está providenciando o dinheiro; e alertando sobre possíveis atrasos. “Demonstrar vontade de pagar significa demonstrar valor pelo relacionamento”, pontua Cerbasi.
É possível aplicar juros sobre o valor O publicitário David Cantídio, 26 anos, vê nos empréstimos uma poupança. “Como eu confio nas pessoas pra quem eu empresto, sei que vou receber, e é uma forma de eu não gastar esse dinheiro”. Ele não obriga seus devedores a pagarem juros, mas recebe ofertas, muitas vezes até exageradas. “Uma vez um amigo pediu R$ 2 mil para pagar R$ 3 mil, porque ele disse que assim ele se sentiria melhor, já que eu estava fazendo um favor e esse era um valor que não conseguiria num banco. Mas eu não aceitei, era fora da realidade”, conta. Atualmente, ele tem R$ 2,6 mil emprestados com duas pessoas. Para o consultor Luiz Kehrle, aliados à redução das taxas de juros nos bancos, os empréstimos entre amigos, familiares e conhecidos enfraquece a figura do agiota, aquele que geralmente é um desconhecido que empresta dinheiro a juros exorbitantes e geralmente usa constrangimento e até agressividade para cobrar o dinheiro. Fora do mercado financeiro regulado pelo Banco Central, a cobrança de juros para empréstimos está limitada à correção monetária (que pode ser feita usando um índice oficial de inflação) somada à taxa básica de juros, a Selic, limitando-se a 1% ao mês. Acima disso, a operação pode ser considerada agiotagem, que pode ser enquadrada como
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crime contra a economia popular, com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
REMUNERAÇÃO
No entanto, Kehrle e o consultor Gustavo Cerbasi concordam que remunerar o credor, dentro da lei, diminui o peso do “favor”, especialmente se o dinheiro emprestado tiver saído da poupança - para a professora de Economia Doméstica Fátima Macena, esse é um dos raros casos em que cabe a cobrança de juros. “Quando você empresta sem nenhum juros, pode estar deixando de ganhar com aquele dinheiro. É como se você estivesse dando esse valor que você deixou de ganhar”, observa Kehrle. “Se o tomador oferece essa remuneração, mesmo que seja pouca, mostra que valoriza o que o credor está fazendo. E pode acabar sendo uma oportunidade para os dois lados”, complementa Cerbasi. Fátima Macena pondera ainda que os juros cabem também em casos mais extremos, em que o credor usaria recurso do empréstimo para pagar uma conta e vai ter que atrasar. “Aí caberia o tomador compensá-lo. Mas amigo é amigo. Juros fora dessas situações não são corretos”, ratifica. Vale lembrar que esses tipos de empréstimos devem ser declarados, por ambas as partes, para a Receita Federal.
SOLUÇÃO E ORIENTAÇÃO Na imagem mais acima, Geyson Araújo, que empresta seus cartões para as compras de amigos. Na outra, Gustavo Cerbasi: “O ‘pedir emprestado’ é complicado”
Tem gente que empresta até o cartão Outra ferramenta financeira doméstica que circula de mão em mão é o cartão de crédito. O funcionário público Geyson Araújo, 27 anos, tem três e rotineiramente preenche seus limites com compras de parentes e amigos. “Tem gente que não tem cartão e precisa fazer uma compra parcelada. Alguns pedem porque não conseguem crédito nos bancos porque estão ‘negativados’”, relata. Geyson já teve que cobrir parcelas de compras de outras pessoas em seus cartões, mas não guarda mágoas tampouco exclui o devedor. “Contanto que eu tenha o dinheiro para cobrir, não tem problema porque eu conheço o motivo desses atrasos e entendo porque a pessoa está demorando”. Mas não é preciso ter uma amizade de longa data ou um parentesco tão próximo para que o dinheiro circule. A empregada doméstica Simone Lima, 39 anos, contou com a patroa para quitar uma dívida junto a uma grande loja de departamentos. Os mais de R$ 1 mil foram pagos e estão sendo descontados do salário de Simone, sem custos extras. Ela não se lembra ao certo quanto era a dívida, fruto de pequenos empréstimos que ela deixou de pagar no ano passado. Mas sabe que economizou quase R$ 1 mil que pagaria somente de juros, mesmo depois de uma negociação. A patroa se ofereceu para quitar à vista. “Minha patroa me ouviu falando da dívida no telefone e se ofereceu. Se eu tivesse pedido a ela antes, teria pago menos, mas tive vergonha”, conta Simone, que fica quite com a empregadora em julho. Para o consultor Luiz Kehrle, casos como o de Simone podem ser uma boa saída para empregadores que veem seus funcionários envolvidos em problemas financeiros. Se é de comum acordo e bem planejada, a atitude pode evitar que o empregado se afunde ainda mais em dívidas, comprometendo a produtividade dele. É importante que seja documentado, para evitar problemas futuros entre o funcionário e a empresa. “Tem que se considerar se o tomador vai ter capacidade de pagar. Por isso é necessário avaliar bem a renda e as despesas dele, para ver se a dívida cabe.”
OUTRAS SAÍDAS
A professora de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Fátima Macena diz que outra saída é multiplicar os credores. Ela conta um caso que acompanhou em um dos grupos que orientou. A pessoa precisava de R$ 300 para sair do vermelho, mas não tinha, entre parentes e amigos, quem lhe conseguisse o valor. Então, ela falou com três pessoas e pegou R$ 100 com cada uma. “É preciso deixar a vergonha de lado e buscar as soluções, especialmente entre as pessoas que se tem amizade”. Fátima aconselha também que se negociem prazos.“Combine 30 dias com um, 60 com outro. Tente fazer de um modo que você não se surpreenda sem dinheiro para honrar seus compromissos”. Por outro lado, ela lembra que o devedor tem que se organizar para não dever mais, o que será a maior prova de sua credibilidade. “Estar devendo não é bom para ninguém. As pessoas precisam entender que não podem gastar além de sua renda”, conclui.
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Empreenda na sua carreira MERCADO DE TRABALHO Trate sua carreira como uma empresa que precisa de investimentos e de metas para evoluir no emprego Guga Matos/JC Imagem
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er criativo e persistente, propor inovações, gerir custos, planejar as ações e investimentos e, principalmente, definir onde quer chegar. Esse conjunto de atitudes geralmente acompanha as orientações para quem quer criar o próprio negócio. Mas ser empreendedor não se restringe a ter uma empresa. É uma postura que pode fazer de você um profissional mais bem sucedido e satisfeito mesmo não tendo um título de empresário. “As pessoas não têm o hábito de pensar na carreira como um negócio e muitas vezes entregam seu futuro profissional nas mãos da empresa em que trabalham”, analisa a consultora Georgia Santos, sócia da TGI e da ÁgilisRH. Ela destaca que inovação, definição de estratégia, investimento e reinvestimento estão entre os principais desafios de quem quer empreender na própria carreira. Georgina exemplifica os erros que os empregados costumam cometer com a capacitação. “Há quem não faça um curso que está precisando se a empresa não custear. Essa pessoa não está investindo em si mesma”. Para a consultora Sílvia Gusmão, sócia da Trajeto Consultoria, o ritmo acelerado de novos negócios e novas demandas que surgem fazem com que as pessoas, em geral, fiquem menos estáticas, o que inclui o tempo que elas passam em uma empresa. Pode ser longo, porém cada vez mais tende a encurtar. Nos dois
CRESCIMENTO
CAPACITAÇÃO Alexandre fez vários cursos para melhorar
casos, ter as rédeas da própria carreira é fundamental para ter um crescimento mais dinâmico e consistente. A preocupação em empreender na carreira é um pensamen-
empreendedor, o CEO de si mesmo”. Para ele, o profissional precisa “assumir riscos inteligentes, ter uma rede de relacionamentos, pensar nas informações necessárias para fazer seu trabalho de forma mais eficiente e solucionar problemas específicos”. Hoffman defende também a atenção ao mercado: “(...) tem de prestar mais atenção a seu fluxo pessoal de oportunidades e buscar novas formas de se informar sobre o que está acontecendo em seu campo profissional.”
to global. Em entrevista recente à revista Época, o fundador da rede virtual de relacionamentos profissionais LinkedIn, Reid Hoffman, foi taxativo: “Agora, você tem de agir como se fosse um
Georgina Santos tem nela mesma um exemplo de boa gestão da carreira. Quando entrou na TGI, há 16 anos, era estagiária e, para ir para a consultoria, saiu de outro estágio, onde ganhava mais. “Mas eu via que na TGI eu tinha mais possibilidade de crescimento profissional. Todas as minhas expectativas foram correspondidas e hoje sou sócia”, conta. Quem também apostou anos a fio no crescimento dentro da empresa foi o diretor executivo da CRT, Alexandre Barros. Quando entrou na companhia, em 1993, ele era um jovem de 19 anos cheio de planos para o futuro. Era auxiliar de tráfego. Desde então, vem ganhando espaços e não pretende parar. Alexandre, que já fez vários cursos de qualificação por conta própria ao longo desses anos, se vê como um empreendedor – tanto pelo seu esforço pessoal como pela pressão do mercado. “A organização exige que nós estejamos sempre inovando”.
Correios abrem 2,8 mil vagas O
Não ter um objetivo profissional claro é como abrir uma loja e não saber o que vai vender nem onde estão os clientes. Não é à toa que os especialistas destacam a pergunta “onde você quer chegar?” como a base para todo o planejamento e ações em torno da carreira. Georgina Santos, sócia da TGI, resume que definir um alvo e buscar alternativas para aquilo acontecer devem ser as principais preocupações de um profissional que quer se destacar na empresa. “E não ficar esperando e deixar que seu futuro seja de responsabilidade de outros”. Tanto a meta quanto as estratégias devem fazer parte do dia a dia do profissional. “É preciso que se reflita sobre isso o tempo inteiro. E, claro, agir”. Para chegar nesse objetivo, é necessário conhecer-se bem, como orienta Sílvia Gusmão, sócia da Trajeto Consultoria. “Você tem que se situar melhor sobre sua carreira, sobre quem você é, quais suas expectativas, quais suas forças e suas fraquezas”. Esta é uma das fases em que a ajuda de um consultor mais pesa. Sílvia, que também é psicanalista, diz que esta é uma tarefa “mais complexa do que se pensa”: “Muitas vezes temos uma imagem de nós mesmos diferente do que os outros têm e até mesmo do que realmente somos”. Além desse conhecimento “in-
terno”, o profissional deve prestar atenção aos mesmos pontos em relação à empresa e ao mercado em que atua. Com essas informações claras, fica mais fácil seguir na estratégia. Mas, como alertam as especialistas, “não existe receita de bolo”´, é preciso estar atento e agir sempre, aprendendo consigo mesmo e com os exemplos alheios. “Crescer na carreira não é aceitar todas as oportunidades que aparecem. A oportunidade pode ser boa, mas pode se tornar uma ameaça, dependendo dos seus objetivos”, comenta Georgina.
Ter em mente quais são as suas expectativas sobre o emprego é muito importante Sílvia orienta ainda que quando você tem clareza sobre o seu potencial, você consegue enxergar não só o que você ganha com a empresa, mas o que ela ganha com você. “Isso facilita a escolha de que atitudes você vai tomar na sua carreira”, conclui.
Treinamento para executivos E
com novidades: a inclusão de critérios sociais para a seleção dos candidatos. Quem for oriundo de família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, participantes do Projeto Vira Vida/Sesi ou que estiver
cumprindo medida sócio-educativa terá pontuação adicional. O jovem será contratado por um período de doze meses, com jornada de 20 horas semanais. O curso de aprendizagem terá parte teórica nas escolas
do Senai e as atividades práticas nas unidades da ECT. Após a conclusão do curso, os alunos receberão certificado de Auxiliar Administrativo expedido pelo Senai. O aprendiz terá direito ainda a um salário de R$ 292,43, valetransporte (de acordo com a legislação vigente), vale-alimentação ou refeição, uniforme (camiseta) e atendimento médico e odontológico em ambulatórios internos da empresa, onde houver este serviço. A seleção será feita por meio de análise curricular (classificatória), comprovação de requisitos (eliminatório) e exames pré-admissionais (eliminatório). O edital completo está disponível na internet, no endereço www.correios.com.br/institucional/concursos/correios, onde os interessados poderão verificar requisitos, salários, benefícios, localidades e quantidade de vagas.
Empetur irá abrir seleção para intérprete
Setur-Recife seleciona estagiários
USP lança primeira pós em sustentabilidade
Fast Soluções procura bug hunters
Inpi vai abrir concurso em breve
Telefônica/Vivo oferece programa de trainee
A Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) está se preparando para lançar edital de convocação de 40 profissionais intérpretes bilingues. O comunicado deve ser oficializado amanhã, no Diário Oficial do Estado. É quando devem ser repassadas as informações gerais, como idiomas, salários, carga horária, locais de atuação e calendário de inscrição.
A Secretaria de Turismo do Recife está selecionando estagiários para as centrais de atendimento. Os interessados devem enviar currículo com foto para posto.sede@gmail.com até 6 de julho colocando “Estágio” no campo assunto. É preciso estar matriculado no ensino superior nos cursos de turismo ou hotelaria, a partir do 2˚ período, ou ser estudante técnico de turismo. É necessário dominar inglês.
A Universidade de São Paulo (USP) lançou o Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade. É o primeiro stricto sensu do gênero no Brasil e o primeiro doutorado da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). A proposta é apoiada em duas linhas de pesquisa: Ciência e Tecnologia Ambiental e Gestão Ambiental.
A Fast Soluções abriu vagas para bug hunters, pessoas responsáveis por testar os softwares da empresa. Para se inscrever, os interessados precisam ter experiência com programação. A empresa garante contratação CLT (salário a combinar). É preciso enviar currículo para curriculos@fastsolucoes.com. br. Outras informações: www.fastsolucoes.com.br.
O Ministério do Planejamento autorizou concurso para 250 cargos no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). São oito vagas para especialista em propriedade intelectual, 70 para pesquisador em propriedade industrial, 17 para tecnologista em propriedade industrial e 86 para analista em planejamento, gestão e infraestrutura em propriedade industrial (nível superior). Para nível técnico, haverá mais mais 69 vagas.
A Telefônica/Vivo abriu vagas para trainees. A empresa irá selecionar 30 jovens para participar do programa por 12 meses. O trainee terá oportunidade de cursar pós-graduação de gestão de negócios com ênfase em telecom pela ESPM. As vagas são para São Paulo e Rio de Janeiro, dependendo da área. Inscrições e mais informações: www.traineetelefonicavivo. com.br.
Rodrigo Lobo/JC Imagem/14-10-2011
s Correios abriram inscrições para o 2.820 vagas do Programa Jovem Aprendiz em todo o País. Para Pernambuco, foram reservadas 96 oportunidades, além de cadastro de reserva: Abreu e Lima, Arcoverde, Barreiros, Belo Jardim, Bezerros, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Carpina, Caruaru, Escada, Garanhuns, Goiana, Gravatá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Limoeiro, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão. O local com mais vagas é a capital (44). As inscrições podem ser feitas de hoje até 4 de julho no www.correios.com.br. O candidato deve ter idade entre 14 e 20 anos e, caso não tenha concluído o ensino médio, deve estar matriculado e frequentando a escola, além de ter obtido média mínima de cinco pontos nas disciplinas do último ano cursado. Este ano, o programa está
Conhecer a si mesmo é base da estratégia
OPORTUNIDADE Foco da seleção é programa Jovem Aprendiz
stão abertas as inscrições para dois workshops de capacitação para executivos realizados pela Câmara Americana de Comércio (Amcham-Recife). Com os temas “Estratégias para dar um show de atendimento e relacionamento” e “Seis passos para um negócio de sucesso”, os eventos acontecem na próxima quinta-feira, dia 28, na ABA dos Aflitos. Os treinamentos são voltados para executivos, empresários e profissionais liberais interessados em aplicar nos negócios novas estratégias comerciais. David Montenegro, que possui mais de 20 anos de experiência em gestão comercial e marketing, será o palestrante no encontro sobre estratégias de atendimento e relacionamento. Temas como a era dos clientes, a importância da opinião pública, análi-
ses transacionais e a percepção interpessoal estão na programação do curso, que possui oito horas de carga horária. O investimento é de R$ 250 (sócios da Amcham) e R$ 450 (não sócios). Já o workshop dos seis passos será ministrado por Manuela Coelho, especialista em gestão empresarial. A especialista abordará aspectos da gestão empresarial como técnicas para determinar quais os rumos do negócio, como gerenciar o tempo, analisar como os clientes vêem a empresa e como padronizar os serviços da companhia. O curso possui carga horária de duas horas. As inscrições custam R$ 50 (sócios) e R$ 100 (não sócios). A inscrição pode ser realizadas pelo site www.amcham.com. br/eventos ou pelo (81) 3221-4764.
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Dona da Dragão quer elevar faturamento
NEGÓCIOS Com tecnologia exclusiva e mais sustentável, pernambucana Interlândia investe forte para crescer. Entre seus planos, uma fábrica maior e mais moderna
q Mais na web Veja entrevista com o diretor Ângelo de Abreu e Lima em www.jconline.com.br
Fotos: Guga Matos/JC Imagem
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ona da água sanitária Dragão, a Interlândia está com planos ousados. Detentora de uma tecnologia única no mundo, o PET resistente ao hipoclorito de sódio, a empresa quer que seu faturamento cresça quase 50% até 2013, chegando perto dos R$ 120 milhões anuais. Para isso, pretende mudar o endereço e ampliar a fábrica de Pernambuco, comprar máquinas novas e ganhar mercado na Região Norte. Do alto dos seus 64 anos, a Interlândia é uma empresa familiar que mantém, no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, uma fábrica de equipamentos modernos e aparência modesta. De certa forma, reflete um pouco do espírito da indústria. O produto carro-chefe é simples: solução aquosa com mínimo de 2% e máximo de 2,5% de hipoclorito de sódio. Mas os níveis de tecnologia e solidez de gestão são altos. A fórmula do PET resistente à água sanitária foi patenteada há três anos e chama a atenção de industriais do Brasil e do exterior. O diretor comercial Ângelo de Abreu e Lima explica que, além de 20% mais barato e 30% mais leve do que o polietileno, usado nas garrafas de outras marcas, o PET que embala a água sanitária Dragão é reciclado e reciclável. Outra vantagem é a aparência final, que apresenta menos falhas no acabamento. Entretanto, não é só ecologicamente que a empresa tem que ser sustentável. Financeiramente também. Atualmente, o faturamento da indústria fica em torno de R$ 80 milhões, mas os diretores querem ver essa cifra saltar até 15% até dezembro. E não titubeiam quando falam de 2013: a meta é incrementar as vendas totais em 30%. A expansão é um dos caminhos para atingir esse alvo. Hoje, além da fábrica pernambucana, a indústria mantém uma planta em Maceió, de onde sai a maior parte dos 8 milhões de litros de produtos de limpeza fabricados mensalmente. O portfólio inclui água sanitária perfumada e desinfetante. A planta de Alagoas é quase três vezes maior do que a de Pernambuco. Em Maceió, onde está há seis anos, a Interlândia encontrou condições sedutoras, como isenção de ICMS para compras dentro do estado e fornecedores próximos. Para a nova unidade de Pernambuco, o gerente industrial Godofredo Júnior, diz que o ideal é que fosse em Abreu e Lima, às margens da BR-101. Outro Estado que eles visam para o crescimento orgânico é o Ceará, que os deixaria mais próximos do mercado da Região Norte. Hoje, fora do Nordeste, apenas o Pará compra da Interlândia. Dentro dessas novas paredes, serão postas máquinas mais avançadas, importadas do Canadá, que vão dar mais celeridade à produção.
PRODUÇÃO Ângelo Abreu e Lima comenta as vantagens da embalagem PET para água sanitária
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Preparados para a paixão Guga Matos/JC Imagem
SERVIÇO Às vésperas do Dia dos Namorados, motéis programam surpresas e promoções e, claro, esperam um movimento intenso de clientes
SOLUÇÃO Diretor do Eros, Via Norte, Rhodes e Nexos, Carlos Melo está pagando horas-extras e contratou pessoal temporário
A hora dos pequenos mimos Segundo pesquisa da Serasa Experian, no Brasil o gasto médio com o Dia dos Namorados vai ficar principalmente entre R$ 51 e R$ 100, faixa de preço escolhida por 40% dos entrevistados. Roupas, sapatos e acessórios; celulares e smartphones; e perfumaria e cosméticos são as principais intenções de compra, com 67% da preferência. No entanto, pequenos mimos e lingeries também estão sendo procurados, como mostra outro levantamento da empresa. Dados da ferramenta Experian Hitwise mostram que, das palavras associadas ao Dia dos Namorados buscadas na internet no Brasil nas últimas 12 semanas, estão em destaque “presente”, “mensagem”, “imagem” e “convite”; seguidas de “lingerie”, “lembrancinhas”, “frases”, “mensagem”,
“cupcake”, “cesta” e “poemas”. Quem trabalha nesses segmentos está atento para o faturamento com a data. “Para nós essa é uma época muita boa, melhor até que o Natal”, conta a empresária Thaís Almeida, da Thai Lingerie. Ela espera um aumento de 20% nas vendas, vindo principalmente das mulheres que querem caprichar no visual para os parceiros. Os homens também aparecem entre os clientes nos dias mais próximos à data, mas ainda são minoria. Outro produto da Thai que também tem salto nas vendas neste período são os itens eróticos, como cremes de massagem. “Fechamos todos os nossos pedidos em fevereiro para não ter problemas de estoque”, conta Thaís. Na Pavlova, especializada em
cupcakes e doces finos, foram feitos produtos especiais (a partir de R$ 10), para os apaixonados presentearem com a delícia ou incrementarem um presente maior. São caixas com um, quatro e seis cupcakes; cupcakes gigantes; caixas de chocolate; e minibolos. A empresária Sandra Massa prevê que, entre vendas para consumidores finais e empresas, serão comercializados até 12 mil unidades nesta semana, 30% a mais do que o registrado no ano passado. Outra opção de até R$ 100 são as flores. Na Maria Fulô, um cachepot (vaso quadrado) de vidro com seis rosas importadas, alstroemérias e lírio sai por R$ 79; um minibuquê misto, com minimargaridas coloridas e alstroemérias, é vendido a R$ 65. Para gérberas vermelhas em cachepot
de cerâmica, o valor é R$ 95. Mas a maior procura é mesmo pelas rosas vermelhas, compradas a R$ 5 por unidade. Márcia Longman, diretora da floricultura, avalia que o Dia dos Namorados faz o movimento aumentar 40% em relação a dias normais. Para o consultor do programa Consumidor Consciente da MasterCard, Conrado Navarro, agradar no Dia dos Namorados não precisa sair caro. “Pesquise preços, condições comerciais e planeje-se de forma a manter-se dentro dos limites de seu planejamento financeiro”, orienta o especialista, que também não recomenda parcelamentos muitos longos, especialmente acima de seis meses. “Seu amor não vai ficar feliz se souber que você se endividou para comprar o presente”.
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A
opção de apimentar a noite do Dia dos Namorados em um motel reserva surpresas para os apaixonados da Região Metropolitana do Recife. Apesar de a Federação do Comércio de Bens e Serviços (Fecomércio-PE) ter apontado em pesquisa que apenas 17% dos casais pretendem comemorar “fora de casa”, os motéis passam a data em constante “overbooking”. Em geral, os motéis esperam ter entre seis e sete entradas por quarto na noite do próximo dia 12. As opções para a data são muitas, com preços para todos os bolsos. Há opções de centenas de reais, mas entre os motéis consultados pelo JC, o custo pela permanência de duas horas é a partir de R$ 38,90. Na pesquisa da Fecomércio, entre os 17% dos pesquisados que vão para motéis, hotéis e pousadas, a expectativa de gastos, em média, é de R$ 200. Na busca pela diferenciação, o motel Turquesa, em Dois Irmãos (Zona Norte do Recife), foi de encontro a uma prática desse mercado. Em geral, como há muita procura, as pernoites são cortadas do serviço. Mas o empresário Tony Hsu Chuncki resolveu não só permitir a estada alongada, como abriu para reservas. O custo, que inclui decoração especial, jantar e café da manhã, é de R$ 275. E o pagamento pode ser via depósito bancário ou cartão de crédito. “Tenho recebido muitas ligações de outras pessoas do ramo, reclamando e perguntando o porquê da minha decisão”, comenta Chuncki, “e eu digo que a gente quer um diferencial para fidelizar o cliente”. Segundo ele, os cálculos da empresa mostram que o preço garante um valor justo ao consumidor e não dá prejuízo ao motel. Das 59 suítes do Turquesa, 38 estão destinadas às reservas. Já no motel Ninja (Várzea), também de propriedade de Chuncki, são esperados 372 casais no dia 12. O empresário explica que espera um incremento de 50% no tíquete médio, já que nesta época os clientes costumam gastar mais com os serviços de copa, frigobar e sex shop. No geral, a expectativa dele é um aumento 100% no faturamento dos seus motéis em relação a uma terça-feira normal.
Quem também aposta nas reservas é o empresário Carlos Rique, do motel Lemon. Mas, neste caso, o serviço é a diária completa, com decoração romântica na suíte. Os pacotes variam de R$ 230 a R$ 420. Além disso, os clientes que aguardam nos carros serão servidos por garçons vestidos à caráter, com petiscos e bebidas. As mulheres são um público especial nesse dia e serão agraciadas com uma “surpresa”. Carlos Rique explica que o público feminino é o principal alvo das ações do Lemon, porque a empresa vê nas parceiras o peso maior pela escolha do motel. “Elas são nossa principal inspiração e a elaboração das nossas ações têm participação especial das nossas funcionárias”, conta Rique. Das 200 pessoas que trabalham na empresa, 180 são mulheres. Ele espera receber mais de 400 casais em suas três unidades – Jaboatão dos Guararapes, Recife e Caruaru. Dirigindo as redes de motéis Eros, Via Norte, Rhodes e o recém-inaugurado Nexos, o empresário Carlos Melo está pagando hora-extra à equipe, que também foi incrementada com algumas contratações temporárias para o período.
Saxofonista tocará para aqueles que esperam a vez “O movimento cresce cerca 30% e precisamos continuar atendendo bem”, diz o empresário. Mas ele revela ter dificuldade de achar pessoal capacitado. Entre as funções necessárias para um bom funcionamento do motel, estão as de camareira, manutenção geral, telefonista, recepcionista, e algumas que só são encontradas em hotéis de luxo, como cozinheiros para os três turnos, já que a cozinha trabalha 24 horas. Com o quadro completo e pronto para receber os apaixonados nas quase 240 acomodações do grupo Melo Empreendimentos, Carlos conta que seus motéis também terão atrativos especiais para os clientes, como “surpresas” na hora de saída e um saxofonista tocando para quem ainda aguarda a vez. No Rhodes, haverá também bebidas e snacks serviços na área de espera.
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MERCADO Dados do Conselho mostram que só no Recife existem 196 academias registradas atuando. O total é 300% superior ao contabilizado em 2005
Malhação e lucro
ACADEMIAS Melhora na renda do trabalhador e maior preocupação com qualidade de vida alavancam setor Guga Matos/JC Imagem
ara além do culto ao corpo, a busca por uma vida longa e saudável está abrindo novas oportunidades de empregos e negócios em Pernambuco, através do crescente mercado de academias de ginástica e musculação. Este ano, somente quatro dos novos empreendimentos deste segmento envolvem cerca de R$ 21 milhões em investimentos. Mas este é um crescimento financeiramente democrático: distante dos bairros nobres, o movimento também é ascendente, puxado principalmente pelo aumento de renda das classes menos favorecidas. Dados do Conselho Regional de Educação Física da 12ª Região, responsável por Pernambuco e Alagoas, mostram que existem 531 academias registradas em cidades pernambucanas, sendo 196 (36%) no Recife. A atuação da entidade começou em 2000 e seu trabalho de fiscalização vem sendo intensificado, o que aumenta a pressão por registro das empresas. No entanto, o crescimento no número de cadastros reflete uma realidade confirmada por empresários e consultores da área: este é um mercado em plena expansão. Entre 2005 e 2011, a quantidade de academias cadastradas no CREF12 aumentou mais de 300% (veja arte nesta página). “O mundo hoje enfrenta uma crise de sedentarismo e obesidade. Quanto mais isso for combatido junto à população, junto com o governo, melhor para todos. São menos despesas médicohospitalares, mais produtividade e mais qualidade de vida”, resume o empresário Richard Bilton, presidente da Companhia Athlética. Sua justificativa para o bom momento deste setor é o que também inspira todos os empresários entrevistados.
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A Cia Athlética é um grupo com 33,5 mil alunos no País e que vai abrir sua primeira unidade no Nordeste no Recife, no RioMar Shopping. Serão R$ 10 milhões aplicados em estrutura de serviços para clientes de todas as idades, com previsão de abertura em outubro, junto com o novo centro de compras. Bilton ainda não escolheu um dos pernambucanos que se candidataram a sócio no empreendimento. Ele não revela os nomes, mas afirma que o interesse é grande. O encanto do destaque que este mercado está ganhando faz com que empresários locais se movimentem também em outras frentes. Valdejane Moraes, que prospera há quase 15 anos no segmento de prestação de serviços de cobranças, aproveitou o fechamento de uma academia conhecida na Zona Sul da capital para realizar um sonho de anos: montar a própria academia. A Performance saiu de cena para gerar novos investimentos pelos antigos donos, mas a pujança da atividade permitiu que Valdejane comprasse os equipamentos, atendesse os alunos “órfãos” e conquistasse novos clientes. Com R$ 3 milhões, a empreendedora abriu a Santé Club, em fevereiro passado, em Boa Viagem. “Ainda não chegou ao meu ponto de equilíbrio mas já superou minhas expectativas”, comemora Valdejane, ratificando que o espaço para novas academias permanece aberto no Recife, dentro da importância que o bem-estar vem ganhando entre as famílias. A margem de expansão e conquista de novos alunos também chama a atenção de quem já faz sucesso nesse mercado, como a R2. Até o fim do ano, o grupo duplicará suas unidades, abrindo uma nas imediações do Parque da Jaqueira (Zona Norte do Recife); e outra em Caruaru. Serão cerca de R$ 8 milhões aplicados. “Quando começamos, em 2004, havia pouca oferta, e hoje aumentou muito, mas ainda há espaço”, comenta o empresário Rodrigo Longman, um dos sócios da R2. Além dos negócios próprios, que predominam entre as empresas existentes, outros formatos aproveitam o fluxo promissor do setor de academias. A rede norte-americana Curves, que tem 230 unidades no Brasil e é especializada no atendimento para mulheres, tem duas franquias no Recife. Sem revelar o prazo, a empresa informa que está com uma nova loja sendo implantada na cidade e mais três em processo de avaliação. Para ser um franqueado da Curves, o investimento fica em torno de R$ 140 mil.
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CLASSE A
Mensalidade mais em conta atrai Mesmo com benefícios como salas especiais para determinados exercícios, equipamentos de ponta e ampla estrutura, pagar entre R$ 200 e R$ 350 não é para todos os bolsos. Esse é a faixa de valor da maioria das academias destinadas às classes A e B. O analista do Sebrae Valdir Cavalcanti, especialista em academias, orienta que quem tem empresas menores, ou em bairros menos prestigiados financeiramente, precisa suar mais para encontrar um equilíbrio entre o que oferecer e quanto cobrar. Empresas de pequeno porte apostam em valores mais baixos, a partir de R$ 70, e na proximidade do cliente para conquistar mercado. Há um ano, Consuelo Leicht, Felipe Neiva e Angélica Pontual, abriram a Fit Club nos Aflitos (Zona Norte) e já podem contar com a tranquilidade de o negócio “se pagar”. Felipe destaca o atendimento para conquistar o cliente. O funcionário público federal Adalberto Pereira, 43 anos, é um deles. “A academia veio num momento em que minha saúde estava extremamente prejudicada pelo meu sedentarismo”, conta Adalberto, hoje 31 quilos mais magro e com a saúde estabilizada, dez meses depois de chegar aos 113 quilos e ter crises de diabetes e hipertensão. Fora dos bairros nobres, o mercado também é pulsante. No Cordeiro (Zona Oeste da capital), a Gilsan amplia sua atuação há oito anos. Sandro Fernando, que é sócio da esposa, Gildênia, explica que antes mantinha a academia em dois clubes esportivos nas áreas centrais da cidade, mas os problemas de relacionamento com as constantes mudanças nas diretorias voltaram as atenções deles para o bairro onde Sandro nasceu. Na Região Metropolitana do Recife (RMR) o movimento é o mesmo. Alexandre Ferreira e o sócio Eduardo viram uma lacuna em Olinda: uma academia de qualidade superior às que havia e com preço acessível. Investindo em conforto, qualidade dos equipamentos e atendimento, em abril, eles abriram a 12 por 8 Fitness Club. Já Antonio Aritan mantém a Saúde em Movimento há dois anos, no bairro Caetés, em Abreu e Lima. Para ele, além da qualidade dos serviços e do atendimento, o foco é a educação das pessoas para o cuidado com a saúde, desde as crianças até os idosos.
q Mais na web FAIXAS No alto, Felipe Neiva destaca o atendimento da Fit Club. Na sequência, R2 planeja nova unidade. Abaixo, a Gilsan cresce no Cordeiro
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6 jornal do commercio
Recife I 30 de junho de 2012 I sábado
economia
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Rede social ajuda nas vendas Emídia Felipe
emidiafelipe@gmail.com
A
umento de 18% nas vendas é algo que qualquer empresa cobiça. E a Santa Dose conseguiu apostando quase toda sua verba de publicidade e propaganda no Facebook. Ela é a prova de que usar a internet para reforçar o relacionamento com clientes e aumentar o faturamento não é privilégio de médias e grandes empresas, que geralmente contam com recursos específicos para contratação de pessoal e consultorias especializadas. Com um misto de sócios do Recife e de São Paulo, a Santa Dose fabrica um tipo especial de cachaça, com teor menor de álcool (17,5%) e já misturada ao mel e ao limão. Atualmente, são aplicados cerca de R$ 2,5 mil mensais em anúncios na rede social, além de manter uma fan page. “Usamos o Twitter mais como uma espécie de Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e no Facebook nos relacionamos com os clientes”, explica o sócio-diretor Bruno Siqueira. A diretora da assessoria especializada em redes sociais Le Fil e consultora do Sebrae Pernambuco, Socorro Macêdo, orienta que micro e pequenos empresários podem recorrer a ferramentas gratuitas – ou de baixo custo – para ver seu negócio influenciar cada vez mais consumidores. “Nas redes sociais, eles têm a oportunidade de conversar diretamente com o cliente, sem intermediários. E não só vendendo seu produto, mas fornecendo informações, oferecendo promo-
ções, tirando dúvidas e fazendo esclarecimentos. Tudo isso sem intermediários”, comenta Socorro. O gerente da Unidade de Acesso ao Mercado e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional, Paulo Alvim, complementa que o trabalho junto às redes sociais pode ser paralelo à propaganda, tanto dentro da própria rede quanto fora, através de anúncios pagos. “Estar conectado à rede e usar essas ferramentas é um caminho sem volta. Tem que fazer”, orienta Alvim.
Antes de investir, empresário precisa conhecer os seus clientes e como eles usam a internet Contudo, tanto ele quanto Socorro, ressaltam que o empresário primeiro tem que conhecer bem seus clientes – e seus potenciais clientes – para definir o quanto e como investir em tempo e dinheiro na presença online. É preciso investigar se o consumidor usa internet e como usa; em que redes sociais está e o que mais interessa a ele na empresa. Depois de perceber que muitas clientes estavam pedindo a senha da internet sem fio do salão para usar as redes sociais, o cabeleireiro Edson Sandes come-
çou a investigar o que elas acessavam e resolveu entrar no Facebook, há dois anos. Com uma década de atuação, o salão de beleza que leva o seu nome, até então só usava o e-mail para divulgar promoções e novidades para a clientela. “Na página, a gente posta promoções e fotos dos cortes e penteados que fazemos”, conta Edson, que está avaliando anunciar na rede também. Socorro Macêdo orienta que fotos e vídeos são as melhores apostas para o conteúdo de relacionamento com o cliente, já que têm maior poder de atração e, estatisticamente, são os mais compartilhados nos diversos sites disponíveis. Em todos os casos, planejamento é primordial. “Se não tiver um planejamento mínimo, um diagnóstico, não vai adiantar, o empresário vai estar perdendo tempo, que neste caso é ainda mais precioso”, alerta Socorro, frisando que, tanto para redes sociais quanto para anúncios, o custo mais significativo é o tempo que o empreendedor vai dedicar ao trabalho. Seja para planejar, produzir conteúdo ou aprender a fazer isso da melhor maneira. Socorro estima que sejam necessárias entre uma e uma hora e meia diária para isso. E o retorno não é automático. “Embora seja algo que precise de uma atenção diária e atualização constante, o retorno pode ser de médio e longo prazo”.
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Rodrigo Capote/Divulgação
FACEBOOK Ferramentas gratuitas permitem que micros e pequenas empresas conquistem mais clientes e aumentem seus faturamentos
VENDAS Siqueira aumentou faturamento usando a rede
Empresário precisa superar medo “A inclusão digital de micro e pequenas empresas ainda é um desafio”, avalia Paulo Alvim, do Sebrae Nacional. Para ele, as principais barreiras, em geral, são a necessidade de disponibilidade de tempo – já que não há dinheiro disponível e o empreendedor tem que se dedicar mais – e a desinformação, uma vez que muitos têm “medo” das ferramentas ou simplesmente não sabem usá-las. “Mas muitos negócios novos estão sendo tocados por um pessoal mais jovem e que já tem intimidade com esses canais”, comenta Alvim. São empresas como a Santa Dose, em que a idade dos sócios gira em torno dos 30 anos e o conhecimento de internet é avançado. Criada há três anos e fabricada em Pernambuco pela Carvalheira (um dos sócios), a Santa Dose vende para São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Cuiabá, Porto Alegre e está exportando para Portugal. A produção de mais de nove mil litros mensais tem como alvo os consumidores da classe A, especialmente as mulheres. A aposta no Facebook começou há cinco meses. “É a mídia mais barata do universo”, diz Bruno, referindo-se ao retorno que teve. Antes, a divulgação era feita com ações localizadas em pontos de vendas, como degustações, e anúncios em revistas. Na fan page do Facebook, o conteúdo é bem humorado, com brincadeiras, informações interessantes, promoções e avisos de festas em que a cachaça estará sendo vendida. “Por outro lado você fica muito exposto. Se as pessoas começarem a xingar, tem que responder bem. Não pode apagar”, aconselha. O próximo passo, que deve se concretizar dentro de um mês, é vender dentro do Facebook, através de um aplicativo comprado de uma empresa especializada. O retorno da Santa Dose virou exemplo do Facebook para a ferramenta que a cachaçaria usa, o Rota de Sucesso, lançado este mês. Apesar de contar com clientes mais “conectados”, como Bruno, o programa também está preparado para atender aqueles que têm mais dificuldade com a internet, fornecendo, em tempo real, suporte de uma equipe especializada.
economia
Operadoras falham com a portabilidade
ERRO Casos de clientes que tiveram número mudado para outra operadora aumentaram. Só no Estado foram 399 desde março Emídia Felipe
emidiafelipe@gmail.com
“S
ua linha está na Claro”. A afirmação surpreendeu a operadora de marketing Dorilene da Silva Santos, 37 anos, que há 10 anos tem sua linha com a TIM e não solicitou a portabilidade. Ela não é um caso isolado. Segunda a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), somente em Pernambuco foram registradas 399 reclamações desta natureza entre março de 2011 e março deste ano. Para o Procon-PE, a migração não autorizada é criminosa, uma vez que esse procedimento envolve dados pessoais do cliente. Como não conseguia fazer nem receber ligações, esta semana Dorilene foi a um ponto de atendimento da TIM e soube da troca. Até ontem, ela ainda não conseguia usar a linha. A TIM orientou a buscar a Claro. Na agência da Claro, ela recebeu um prazo de cinco dias úteis – que se encerram na próxima quarta-feira – para análise do caso. A consumidora também ligou para a Anatel, que teria registrado o caso mas reforçado que a solução é com as operadoras. “Ficam um empurrando para o outro e eu fico sem linha”, reclama Doralice, que vai procurar o Procon. “Isso é um crime!”, exclama o coordenador do Procon Estadual, José Rangel, quando soube, pela reportagem do JC, do caso e das centenas de reclamações registradas na Anatel. Para ele, a portabilidade não autorizada é passível de uma pena muito mais séria. “Isso é se passar por outra pessoa”. Ele orienta que os consumidores que passarem pelo problema devem não só procurar o ProconPE mas também a Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon). Quando fala em “se passar por outra pessoa”, Rangel se refere aos documentos pessoais necessários no processo de portabilidade. De acordo com a ABR Telecom, empresa responsável no Brasil pelo gerenciamento dessas migrações, para que um número seja portado, a operadora que vai receber o novo cliente
deve informar número do RG e endereço, além de outras comprovações, como a titularidade da linha. “Precisamos dar publicidade a isso, para que chamemos a empresa e aplicar a multa”, frisa Rangel. Na Anatel, a reação é mais branda. De acordo com a agência, as reclamações são encaminhadas às operadoras para que tomem as providências necessárias. Caso a solução não satisfaça o consumidor, ele pode entrar em contato novamente com a Anatel e reabrir a reclamação em até 15 dias. Então a operadora é novamente contatada, desta vez obrigada a formalizar os procedimentos junto à entidade. Se ainda assim não resolver o problema, o caso é encaminhado à superintendência da Anatel responsável, que pode instaurar um processo administrativo, cujas penalidades podem ir de advertência à multa. A Claro foi questionada sobre a portabilidade não autorizada e restringiu a resposta a uma nota na qual afirma entender “que a portabilidade representa o verdadeiro direito de escolha dos usuários”. E assegura que “todas as solicitações de mudança de operadora passam por autorização prévia do cliente para confirmação dos dados pessoais”. Quanto à linha de Dorilene, a empresa informou que está apurando o caso. Quem também garantiu que só faz portabilidade autorizada foi a TIM. Segundo informações da operadora, repassadas por sua assessoria de imprensa, “casos pontuais de falha são analisados pela companhia e tratados da maneira devida”. A orientação da empresa é que “caso um cliente da empresa, por qualquer motivo, tenha sua linha portada para outra operadora e deseje cancelar a migração, basta entrar em contato com um de seus canais de atendimento e solicitar através da área de portabilidade o retorno da assinatura para a TIM”.
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Reuniões da Anatel voltam a ser públicas
S
ÃO PAULO – A ação judicial que proibia a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de divulgar as discussões sobre multas às grandes operadoras foi retirada ontem. Normalmente, as reuniões do conselho podem ser assistidas pela internet ou presencialmente. Mas, desde a semana passada, a agência tinha de vedar o acesso público no momento em que eram discutidas as multas às companhias. A liminar que permitia as restrições foi concedida pela Justiça Federal do Rio em favor do Sinditelebrasil (sindicato das empresas de telefonia). O órgão representa em-
presas como Claro, Oi, Vivo TIM e Embratel. Ontem, o Sinditelebrasil comunicou em nota que retirou a ação. Na quinta ocorreu a primeira reunião do conselho após emissão da liminar. Em maio, o conselho da Anatel deliberou 447 processos – 110 tratavam de multas. Segundo o sindicato, a decisão de retirar a ação foi tomada em defesa da transparência. No comunicado, o Sinditelebrasil diz que a discussão dos processos envolve obrigações das teles no atendimento aos clientes. Em 2011, o valor das multas chegou a R$ 615 milhões, dos quais US$ 76,3 milhões foram pagos.
jornal do commercio 9 www.jconline.com.br/economia Bernardo Soares/JC Imagem
Recife I 30 de junho de 2012 I sábado
TROCA Dorilene reclamou com TIM, Claro e Anatel. “Fica um empurrando para o outro”, critica
4 jornal do commercio
Recife I 8 de julho de 2012 I domingo
economia
A melhor diversão...
Fotos: Guga Matos/JC Imagem
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...agora mais popular SERVIÇO Renda da classe C aumenta e leva cada vez mais brasileiros ao cinema. No Recife, ISS subiu 67% Emídia Felipe
emidiafelipe@gmail.com
“P
egar um cineminha” nunca foi tão comum no Recife. Com o aumento da renda favorecendo o consumo da classe C e a maior oferta de produtos atraentes - como os filmes em 3D -, o mercado cinematográfico local usufrui de um vertiginoso crescimento. A arrecadação do setor é o que registra esse cenário de modo mais assertivo: em valores nominais, a receita de Imposto Sobre Serviço (ISS) do segmento foi incrementada em 67% entre 2009 e 2011 (veja quadro). Esse fluxo fez, inclusive, que uma empresa de cinema subisse no ranking dos 50 maiores contribuintes. O UCI, única companhia de entretenimento da lista, ficou em 27º no ano passado, melhor posição desde 2005. A presença chamou a atenção da Secretaria Municipal de Finanças do Recife (Sefin). Quando os vencedores do 15º Prêmio ISS (parceria do JC com a Prefeitura do Recife), foram divulgados, o titular da pasta, Petrônio Magalhães, se mostrou surpreendido. Foi registrado um aumento real de 19% em relação a 2010. Para ele, esse salto não está ligado apenas à ampliação da indústria do lazer mas, principalmente, pelo surgimento da “nova classe média”. “Atribuímos esse crescimento à melhora do poder aquisitivo da classe C, que está usufruindo mais desse tipo de serviço”, declarou Magalhães. Entre os clientes que passaram a incluir o “cineminha” na sua programação de lazer está o motorista Heberth Viana Araújo, de 42 anos. “As coisas melhoraram mais de uns cinco anos pra cá, tanto pra mim quanto pra minha mulher”, conta Heberth, que, na última quinta-feira, levou o filho, Heberth, de 11 anos, para assistir O espetacular Homem-Aranha, no cinema do shopping Tacaruna. O
motorista arrisca que a renda da família aumentou cerca de 50% de 2008 até agora. “Gastar R$ 70 só pra ir ao cinema com meu filho estava totalmente fora do meu orçamento antigamente”, diz Heberth, que também tem outra filha e costuma sair com todos quando vai ao cinema. “As chamadas novas classes médias estão ampliando sua participação no consumo de bens materiais e também de bens simbólicos, como o cinema”, comenta a coordenadora do Grupo de Estudos do Consumo das Faculdades Aeso/Barros Melo, Izabela Domingues. Quem também ratifica este movimento é o sócio-diretor do Instituto DataPopular, Renato Meirelles. “Para as pessoas que estão tendo agora contato maior com esse tipo de produto, o cinema também é um reforço nos seus conhecimentos gerais, que são exigidos em sele-
CENAS Na foto maior, movimento no saguão do cinema do Shopping. Na outra Heberth, que levou o filho para ver o homem-aranha
UCI ficou entre as maiores arrecadadoras de tributos ções de empregos e vestibulares”, pontua o consultor. Não há um número que reúna todo o faturamento do setor em Pernambuco. Porém, segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine), somente com ingressos, a receita chegou a R$ 41,7 milhões no ano passado. Outro indicador, embora menos expressivo, é o número de salas em funcionamento. Segundo a Ancine, havia 53 espaços em 2009. No ano passado, eram 59. E, considerando as inaugurações deste ano, serão 72 até dezembro. Para os executivos, o maior acesso da classe C aos cinemas tem sido importante, porém eles destacam a variedade de produtos como principal fator de alavancagem. “Temos mais público no cinema em função de mais filmes em 3D de sucesso”, avalia a diretora de marketing da UCI Brasil, Monica Portella. O presidente da Cinépolis no Brasil, Eduardo Acuña, acrescenta que “a safra de filmes e a oferta de novas salas de cinema têm contribuído de forma relativamente boa”.
Mercado cresce atento às tendências O movimento do mercado de cinemas em Pernambuco é semelhante ao que ocorre em nível nacional. Segundo dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine), a venda de ingressos aumentou 27,7% nos últimos três anos, chegando a R$ 143,8 milhões no ano passado. Outra fonte de receita que, apesar de ainda pequena, é promissora, é a publicidade. Foram R$ 17,2 milhões movimentados em anúncios em “telonas” no País, somente no primeiro trimestre deste ano, 38,4% a mais do que no mesmo período de 2011. Todavia, os reflexos da expansão dos cinemas são mais socio-
culturais e financeiros do que de geração de empregos. A operação requer pouca mão de obra, em funções como assistentes de atendimento e pessoal de limpeza. Na UCI, maior rede do estado, por exemplo, são 120 postos de trabalho. Contudo, os interessados podem deixar currículos nos cinemas ou nas áreas de “Trabalhe Conosco” dos sites das empresas.
TENDÊNCIAS
Além da venda de ingressos para sessões regulares, alimentos na área de “conveniência” e publicidade antes dos filmes, atualmente os cinemas faturam
em locação das salas para empresas para treinamentos ou convenções de vendas. Outro uso comercial é o aluguel para festas infantis, incluindo sessão fechada, pipoca, bolo e refrigerante para os convidados. A “nova classe média” é um público que mais cresce ultimamente. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) revelam que, na Região Metropolitana do Recife, de 2003 a 2010, o percentual de pessoas que fazem parte da classe C passou de 27% para 51,2%. Mas o setor está atento a outros nichos. Para a gerente de marketing do Kinoplex, Patrícia
Cotta, a terceira idade é um segmento interessante. “Vem crescendo em todos os segmentos de lazer e no cinema não é diferente, eles já são maioria nas óperas e balés e merecem uma atenção especial aos seus anseios por conteúdos diferenciados”, observa Patrícia. Entre as perspectivas tecnológicas, estão projeção a laser e distribuição de filmes via satélite.
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