ENS - Carta Mensal 323 - Novembro 1996

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Carta Mensal Equipes de Nossa Senhora

CôN. CAFFAREL

Nosso INTERCESSOR REUNIÃO DE BALANÇO DA EQUIPE VIDA CoNSAGRADA E o CASAL CRISTÃO COMUNHÃO DOS SANTOS

Ano XXXVI - Nº 323 - Novembro /96


EQUIPES DE NossA SENHORA CARTA MENSAL N º323 NovEMBRO /1996 , INDICE Editorial ............................................... 01 A ECI R Conversa com Vocês

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Especial ........ .......... .. ........... .. ........... .. . 1 O Formação ....................... .. ................ ... 1 8 Vida do Movimento ........... ..... .... .. ..... .. 24 Notícias e Informações ....................... 2 7 Opinião do Leitor ............................... 31

Carta Mensal é uma publicaçâo das Equipes de Nossa Senhora Edição: Equipe da Carta Mensal Fone: (011) 256. 121 2 M. Thereza e Carlos Heitor Seabra (responsúveis) 8/anche e Lauro F. Mendonça Maria do Carmo e José Maria Whitaker Neto Rita e Gilberto Canto Pe. Flávio Cavalcct de Castro, CSsR (Cons. Espiritual)

Maria ................................................... 32 Dia do Lei go ........................ .. ..... ..... ... 36 Cristo Rei ........... ............. ... ..... ......... .... 38 Pastoral Fami liar .................................. 40

Jornalista Responsável: Catherine .Eiisabeth Nadas (MTb /9835) Diagramação e Ilustrações: M. Alice e fvahy Barcellos Capa: Eros Lagrotta/ Igar Fehr

Nossa Biblioteca ......... .......... .... ..... ...... 44 Finados ................................................ 46 Todos os Santos ..... .. ... ... ....... .. ...... ....... 48 Reflexão .............................................. 5 1

Composição e Fotolitos: F & V Editora Lida. R. Venâncio Ayres, 93 1 São Paulo Fone: (011) 263.6433 Impressão e Acabamento: Edições Loyola Rua 1822, 347 Fone: (0 11 ) 9 14.1 922

Oração ..... ......................................... .. 53 Última Página .. .. ................................. 56

Tiragem desta edição: 10.000 exemp la res


.,

"E TEMPO

DE BALANÇO"

...... .....s ~

\,

Q

ueridos Casais Equipistas, Paz e Bem! Mais um ano começa a chegar ao fim. Um ano cheio de avanços, recuos e realizações, e este é o momento propício para f s um balanço, uma reflexão mais séria e profunda daquilo que avançamos ou recuamos. Todas as vezes que paramos para refletir, temos a indagação a fazer: "Onde, em que e como tenho que progredir?"Tudo o que temos recebido de Deus convida-nos a aprofundar nossa opção pelo matrimônio e pela família. Contra toda e qualquer forma de manifestar a "falência" do matrimônio e da família, está a nossa certeza de que o matrimônio e a família nunca acabarão, pois " NÓS NÃO VAMOS DEIXAR"! Através do testemunho de vida é que vamos buscar mostrar ao mundo que o matrimônio e a família continuam firmes e sólidos. Através do anCmcio de que Jesus é quem nos revela a verdadeira face de Deus que é Pai , existindo um real e conjugal encontro com Deus, podemos ressaltar nossa crença na família e no matrimônio. Através de nosso serviço, em inúmeras ações pastorais é que valorizamos o matrimônio e a família. Através do diálogo todos podem amadurecer na própria fé assumida com sinceridade, sem proselitismos, e ação pastoral não é só dentro do Movimento mas no mundo. Sendo assim, pergunto como estamos: TESTEMUNHANDO; ANUNCIANDO; SERVINDO e DIALOGANDO com o mundo sobre o matrimônio e a família . Essas são as exigências da ação evangelizadora. Como evangelizar? . Para Jesus é a pregação do Reino de Deus o objetivo primordial. "Convertei-vos porque está próximo o Reino de Deus" (Mt 3,2). Jesus envia os seus apóstolos para pregarem: "Está próximo o Reino dos Céus" (Mt 10,7). O Reino de Deus significa a soberania de Deus, ou melhor, a ação divina que sa lva, na medida em que o ser humano dá sua resposta pela conversão, pela fé, e começa a mudar sua vida. Vamos mudar as nossas vidas?

a

Um abraço + orações .

Pe. Mário José EC/ R

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A

MISSÃO DAS

EQUIPES DE NossA SENHORA

A

portante ressaltar que nenhuma dessas dimensões é particularmente mais importante do que as demais- todas são fundamentais.

missão de todo casal equipista é decorrente de seu próprio batismo: "ide por todo

o mundo e anunciai a boa nova a toda a humanidade" (Me 16,15). Entretanto, nós casais equipistas, temos uma particularidade em nossa missão, como amplamente anunciado inclusive por ocasião do Encontro Internacional de Fátima: é a de levarmos adiante a nossa missão em casal e como casal- a espiritualidade conjugal. Como conseqüência do carisma fundacional do nosso Movimento e não somente da espiritual idade do indivíduo batizado, somos casais que trabalham por uma espiritualidade própria, não separadamente, mas a dois. A nossa missão reveste-se igualmente de uma particularidade, isto é, sermos missionários e evangelizadores da cultura do casamento, ·dentro da realidade, mostrando que esse casamento-matrimônio é lugar de realização, amor e santidade. As Equipes de Nossa Senhora, em função de seu carisma, identificam alguns aspectos específicos: primeiramente temos a evangelização do próprio casal, numa ajuda recíproca; segundo, temos o aspecto comunitário, isto é, a evangelização dentro da própria comunidade: família, equipe, Movimento e Igreja; o terceiro aspecto da nossa missão é aque le direcionado para a evangelização do mundo. É im-

Evangelizar Nosso Movimento só é Igreja de Deus quando coloca no centro de suas preocupações, não a si mesmo, mas o Reino. As nossas equipes, igualmente, só serão Igrej a se colocadas nessa mesma perspectiva. A missão da Igreja é evangelizar, e evangelizar é continuar a missão de Jesus Cristo. Essa missão exige que a Igreja seja discípula vi v a do Evangelho, seguindo o modo de Jesus agir e estando sempre atenta aos apelos do mundo, indo ao encontro de situações humanas. Nosso primeiro encontro é com nosso próprio cônjuge; o segundo, com nossa família, nossa equipe, nossa comunidade paroquial; e o terceiro encontro é com o mundo. É lógico que esta colocação tem apenas uma intenção didática, pois na vida do dia a dia esses encontros estão intimamente entrelaçados, não se podendo distinguir onde se encerra um e começa o outro, pois são interdependentes. Assim a evangelização não será apenas anúncio do Evangelho por palavras, por vivência dos sacramentos, participações nas celebrações da comunidade, enfim, um acontecimento interno da Igreja no 2


mundo. É a promoção da justiça e plexo que tem analogia com a enda liberdade do Homem. É uma carnação- o Filho de Deus vem ação que parte de dentro da Igreja desde o Pai e se insere na História e que vai ao encontro do mundo. humana. Este processo, como já mencionaO casal evangelizador é aquele mos anteriormente, no caso espe- que irá inserir o Evangelho na culcífico das Equipes de Nossa Senha- tura da comunidade, especificara, deverá ser em casal, vivendo e mente do matrimônio e da família, testemunhando a alegria da conju- sem que esta perca suas raízes. A galidade perante o mundo. comunicação do Evangelho se dá Não haverá nunno interior de um dica evangelização se o álogo intercultural e o nome, a doutrina, a Jnculturação que se transmite é a vida, as promessas, o "' fé. Não uma idéia mistério de Jesus e o e 0 processo abstrata, mas acerteReino não forem de za de que Deus está anunciados. penetração presente e atua em A evangelização do Evangelho cada criatura em parno dia a dia ticular e ao mesmo é a maneira da Igreja continuar hoje a mistempo em cada casal, de um povo, em cada família e em são de Jesus. É viver concretamente o de forma que cada comunidade. amor para com todos, ele possa O Documento no em especial para com expressar sua 54 da CNBB, o qual já tivemos amplamenos pequenos, os mais necessitados e desexperiência te a oportunidade de prezados de nossa sode fé em sua estudar e refletir, inciedade, injusta e exprópria dica-nos que são quacultura. tro as exigências para cludente. Só uma comuniesse processo de dade evangelizada evangelização. Como pode tornar-se evangelizadora. ver essas exigências nas Equipes de Esse processo de evangelização dá- Nossa Senhora? Sem pretenderesse no diálogo entre o evangeliza- gotar a questão, apontaremos algudor e uma comunidade. Esta já é mas possibilidades. portadora de uma cultura própria. A primeira exigência da evanChama-se inculturação o pro- gelização é o testemunho: é a vicesso de penetração do Evangelho vência da fé como casal, como fano dia a dia de um povo, de forma mília e como comunidade-equipe, que ele possa ~xpressar sua expe- de modo que sejamos sinais da preriência de fé em sua própria cultu- sença divina do mundo. "Vede ra. É um processo global e com- como se amam". Lembremo-nos 3


que o testemunho de vida é primor- onando-nos se ainda estamos totaldia!, pois não poderemos conven- mente voltados para dentro de nós cer os outros de nossa fé se nós mesmos, ou se estamos procuraomesmos não a vivemos. Precisamos do ser mais generosos em relação ser o espelho de Jesus Cristo. Re- aos dons recebidos, propondo-nos lembramos aqui nossos estudos so- a um engajamento mais eficaz denbre coerência entre fé e vida. Como tro da nossa realidade comunitária Movimento, devemos continuar a e social . A terceira exigência refere-se caminhar junto e como Igreja. Perao diálogo: para isso precisamos recebe-se aqui o valor das prioridaconhecer que o outro, des Vida de Equipe e a começar pelo nosFormação. Com relaso próprio cônjuge, é ção aos Pontos ConO casal diferente de nós, mas cretos de Esforço poevangelizador participante dos valoderíamos nos lembrar é aquele que res humanos que do valor dos Retiros, irá inserir o Deus implantou. momentos fortes de Lembremo-nos igualEvangelho na interiorização e quesmente do diálogo com tionamento no que diz cultura da outros movimentos e respeito à nossa coecomunidade, pastorais da Igreja (e rência entre fé e vida. especificamesmo com outras A segunda exiigrejas), diálogo com mente do gência da evangelizaas realidades do munção é o serviço: um matrimônio do (interpelar e deitestemunho de amor e da família, xar-se interpelar pela gratuito de Deus para sem que esta realidade). Dentro cada pessoa, para das prioridades resperca suas cada casal, cada faComunisaltamos a mília, cada equipe e raízes. cação. Em relação assim por diante. aos Pontos ConcreDentro das nossas tos, lembramos aqueles dois que seprioridades lembramo-nos imediariam talvez os mais fundamentais tamente das Experiências Comunipara a nossa vida conjugal: a Oratárias e da Pastoral Familiar. Lembramo-nos igualmente de ou- ção Conjugal e o Diálogo Conjutros serviços que estão se alastran- gal (dever de sentar-se). No endo no meio das equipes como o tanto, verificamos que grande paratendimento às famílias carentes e te dos casais tem maior dificuldao S.O.S. Família. Com relação aos de em vivenciá-los. Finalmente, a quarta exigência Pontos Concretos de Esforço poderíamos fazer uma boa reflexão so- refe re-se ao anúncio: trata-se do bre a nossa Regra de Vida, questi- anúncio de Jesus Cristo e de seu

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Evangelho. Dentro das nossas prioridades, um meio que vem se mostrando deveras eficaz, são as Experiências Comunitárias. Para bem levar adiante esse desafio do anúncio, o Movimento da Equipes de N assa Senhora nos proporciona dois Pontos Concretos muito importantes, a saber: a Escuta da Palavra, que nos leva a sermos missionários e a evangelizar com novo ardor, e a Meditação, que à luz da evangélica opção nos leva a ser presença para os pobres . Enfim, o grande desafio para a Igreja talvez, e para nós de maneira particular, venha a ser a vivência do Evangelho, para que sua mensagem seja atraente para nossos fi I h os, outros casais, outros homens e mulheres. Que·essa mensagem seja autêntica, fiel à doutrina e responda às grandes interrogações suscitadas pelo anúncio do Evangelho e, principalmente, fundamentada na vivência e testemunho de fé, fazendo "tudo o que Ele vos disser".

jubileu dos 2000 anos de Jesus Cristo "Rumo ao Novo Milênio" A grande celebração pretendida é o oferecimento de um mundo que viva mais segundo a vontade do Pai. Para tanto, propõe-se uma renovação da Igreja e do mundo, através de uma intensa evangelização. Nesta perspectiva, a CNBB lança seu projeto de evangelização no documento "Rumo ao Novo Mi5

lênio", que tem, como bases principais, a, carta apostólica "Tertio Millenio Adveniente", as "Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil" e as conclusões do COM LA V. Este documento quer "suscitar em todos novo ardor e coragem para a missão de evangelizar, capazes de criar novas expressões para que a mensagem salvífica de Jesus Cristo seja mais conhecida e, conseqüentemente, seguida com amor e generosidade, especialmente pelos }ovens". Compreender o sentido da vinda de Jesus, de sua encarnação na história humana, e aceitá-Lo pela fé, como nosso Salvador, traz-nos uma grande alegria: um grande júbilo. Jesus tinha consciência da grandeza de sua missão, quando Ele comentou na Sinagoga de Belém: "O Espírito do Senhor está sobre núm porque Ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres, enviou-me para proclamar a libertação dos presos e aos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graça ao Senhor". Depois, de sentado, concluiu: "Hoje se cumpriu essa passagem da escritura, que vocês acabam de ouvir", fazendo compreender que Ele próprio era o Messias anunciado por Isaías e que nele tinha chegado o dia da Salvação, a plenitude do tempo. Todos os jubileus referem- e a este tempo e dizem respeito à mis-


são messiânica de Cristo. Sabemos que no Antigo Testamento o jubileu era um tempo dedicado de modo particular a Deus. Realizava-se.de 7 em 7 anos. O 7° ano era o ano sabático, durante o qual deixava-se repousar a terra e eram libertados todos os escravos. A lei previa também o perdão de todas as dívidas e tudo era feito em honra de Deus. Tudo isso valia também para o ano jubileu, que ocorria no qüinquagésimo ano. Nesse ano, tudo o que ocorria no sabático era ampliado e celebrado mais solenemente. Em Levítico lê-se:

"Santificareis o 50° ano, proclamando no país a liberdade de todos os que o habitam. Cada um recobrará sua propriedade e voltará para sua família." Todo israelita voltava à posse da terra de seus pais, se a tivesse vendido ou perdido. O ano jubilar devia restabelecer a igualdade entre todos os filhos de Israel. Aos ricos, o ano jubilar recordava que chegaria o tempo em que os escravos, tornandose iguais a eles, haveriam de poder reivindicar os seus direitos. Se Deus, na sua providência tinha entregue a Terra aos homens, logo a teria dado à humanidade inteira: quem possuía esses bens, era, na verdade, seu administrador. O ano jubilar devia servir também para o restabelecimento dessa justiça social. Salientando o que Isaías disse :

remissão dos pecados e de reconciliação entre os desavindos; ano de conversão e de penitência sacramental e extra-sacramental. Os 2000 anos do nascimento de Cristo representam um jubileu extraordinariamente grande, não somente para os cristãos, mas para toda a humanidade. E, para nós das Equipes de Nossa Senhora, agraciados por Deus, estaremos celebrando concomitantemente o jubileu de ouro dos 50 anos de existência das equipes no Brasil. Jubileu indica júbilo, alegria: interior e exterior. E justo que toda a demonstração de alegria por essa vinda tenha a sua manifestação exterior, mostrando que a Igreja rejub ila pela salvação . Quanto ao conteúdo, ele será, em determinado sentido, como qualquer outro, mas todas as medidas deverão estar permeadas da presença de Deus e da sua ação salvífica. Nesse espírito a Igreja rejubila, dá graças, pede perdão e, entre as súplicas mais ardentes, implora ao Senhor que cresça a unidade entre todos os cristãos das diversas confissões até a obtenção da plena comunhão . Da mesma forma, nós equipistas, pedimos pela unidade dentro do nosso Movimento bem como pela nossa coerência de fé e de vida.

Como devemos celebrar o jubileu? 1. Devemos olhar para Cristo de modo renovado e deixar que a riqueza de sua luz ilumine nosso

"pregar um ano de graça ao Senhor", para a Igreja, jubileu é exatamente esse "ano de graça", de 6


com a natureza, e fazer que à luz de Cristo, reconheçamos nossos pecados e omissões, e testemunhemos com novo ardor a nossa fé.

A primeira exigência da evangelização é o testemunho, a vivência da fé como casal, como família e como comunidadeequipe, de modo que sejamos sinais da presença divina do mundo. A segunda exigência da evangelização é o serviço. A terceira exigência referese ao diálogo. A quarta exigência refere-se ao anúncio.

3. Devemos olhar para as nossas equipes, para nós mesmos, e verificarmos se ainda estamos "fechados dentro do nosso mundinho", e propormo-nos seriamente a nos abrirmos à realidade do mundo. A Igreja e cada um de nós, como casal, como equipe, como Movimento, se quisermos evangelizar, devemos renovar-nos permanentemente, buscando incessantemente nossa conversão, começando por evangelizar-nos f1 nós mesmos: Devemos buscar na evangelização novo ardor, novos métodos e novas expressões, em diálogo com a própria época, atentos aos sinais dos tempos . Nós, casais cristãos de hoje, devemos ter a fé no Deus que se revelou em Cristo, sustentar a sua esperança projetada na expectativa da vida eterna e reavivar a sua caridade no serviço aos irmãos , em especial às famílias. Para tanto, o Movimento das Equipes de Nossa Senhora nos proporciona meios excepcionais que são a vivência dos Pontos Concretos de Esforço à luz das três atitudes da busca da Vontade e do Amor de Deus, a busca da Verdade e o Encontro e Comunhão. O jubileu é sempre um tempo particular de graça- e como tal o ano 2000 pretende ser uma grande

·tempo e que essa luz traga-nos o desejo de comunicar nossa fé, desejo de oferecer a todos a palavra do Evangelho . 2. Devemos olhar para nós, para nossas atitudes para com Deus, para com o próximo e para 7


oração de louvor e agradecimento pelo dom da encarnação do Filho de Deus e da redenção por Ele operada. A alegria de cada jubileu é uma alegria pela remissão das culpas, alegria da conversão. Por isso precisamos solicitar a penitência e a reconciliação - pensando em todos os momentos em que nós, no passado, nos afastamos do Espírito de Cristo e do seu Evangelhodando ao mundo, ao invés do testemunho de vida baseado na fé, forma de antitestemunho, escândalo e omissões. Entre os pecados que requerem mais empenho de penitência e conversão estão: 1º. Os que prejudicaram a unidade querida por Deus a seu povo. Por isso devemos dirigir preces ao Espírito Santo, implorando a graça da unidade dos cristãos, incitando todos a um exame de consciência e a oportunas iniciativas ecumênicas, de tal modo que possamos apresentar-nos ao grande Jubileu mais perto de superar as divisões do 3° milênio; para isso precisamos nos empenhar mais na oração ecumênica dentro das nossas orações COnjugaiS.

senão pela sua própria força, que penetra nos espíritos de modo ao mesmo tempo suave e forte". Essa verdade vai sendo revelada a cada Dever de Sentar-se vivenciado. 3°. Não nos colocarmos humildemente diante do Senhor interrogando-nos sobre as responsabilidades que nos cabem também nos males do nosso tempo como a indiferença religiosa, falta de discernimento, formas graves de injustiça e marginalização social, que emergem de nossa Meditação e Regras de Vida. Enfim, o ano 2000 deverá ressoar, com renovada intensidade a proclamação da verdade: "Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Sua vontade. Eis que nos nasceu o Salvador do Mundo". Por sermos Igreja, introjetando as orientações da CNBB expressas no Projeto Rumo ao Novo Milênio, dentro do carisma do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, com nossos instrumentos (Pontos Concretos de Esforço e vida de equipe), viveremos nossa preparação rumo ao terceiro milênio conforme o quadro a seguir.

2º. A condescendência manifestada para com a intolerância ou mesmo para com violência no serviço à verdade. Todo cristão deve manter-se bem firme sobre a regra ditada pelo concílio: "A verdade não se impõe de outro modo

Veja o quadro ao lado. ~

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CNBB: PROJETO RUMO AO NOVO MILÊNIO

ENS: RUMO AO NOVO MILÊNIO

1996 Ano de Sensibilização

Ano de sensibilização: divulgação e assimilação do documento; preparação.

1997 Tema Central:

Vivêr]cia da fé e sua aplicação à vida: coerência entre fé e vida. PCEs como instrumentos que desenvolvem a maturidade da personalidade cristã. Ênfase: Escuta da Palavra; Meditação; Oração Conjugal e Retiro.

Jesus Cristo e a fé Sacramento do batismo Evangelho de São Marcos

1998 Tema Central:

Prática do crescimento espiritual

Espírito Santo e a esperança

~ atitudes concretas ~ ascese

(para a maturidade da personalidade cristã). Ênfase: Regra de Vida como esforço e esperança de conversão pessoal, conjugal, familiar, de equipe e de igreja.

Sacramento da confirmação (crisma) Evangelho de São Lucas

1999 Tema Central:

Esforço para construção de re!ações novas, baseadas na caridade ~ capacitar para viver o projeto de amor, felicidade e santidade. Ênfase: Dever de Sentar-se como espaço para exercer a caridade em casal, família, equipe, Igreja e mundo.

Deus Pai e a caridade Sacramento da reconci Iiação Evangelho de São Mateus

2000 Tema Central: Santíssima Trindade

Viver e celebrar a conjugalidade nova imagem do casal, do ser família, do ser equipe, do ser Movimento, do ser Igreja, no mundo. Q

Sacramento da Eucaristia

ECIR - setembro/96 (Documento apresentado e estudado no Encontro do Colegiado Nacional) 9


CôNEGO ·HENRI CAFFAREL

Nosso

~

INTERCESSOR

abrirem-se os trabalhos do

tão sendo prestadas pelos equipisltimo Encontro do Colegia- tas de todas as Regiões e Setores o Nacional das ENS (ECIR do Brasil. Ao fecharmos esse nC1mero já + Casais Responsáveis Regionais) em 20 de setembro passado, toma- tomamos conhecimento de inúmos conhecimento do falecimen- meras missas em sua homenagem to do Pe. Henri Caffarel, através da e em sufrágio da sua alma realizaleitura de um fax recebido da Fran- das pelos equipistas em muitas loça, naquele mesmo dia por Maria cal idades bras i lei ras. Regina e Carlos Eduardo Heise, CR A Equipe da Carta Mensal ECIR. O fundador do nosso Movimento voltou ao Pai, no dia 18 de setembro de 1996, na Casa de Oração em Troussures, França, por ele fundada há mais de 20 anos, e onde viveu por todo esse tempo, em recolhimento e oração, desde que passou a missão de Conselheiro Espiritual Internacional das ENS ao seu sucessor. Ao recebermos a notícia, a presente edição (novembro I 96) da Carta Mensal já se enco ntrava praticamente "fechada", mas não poderíamos deixar de dedicar espaço à memória daquele a ·quem tanto deve o nosso Movimento e de modo muito particular os equipistas brasileiros, dado o relevante papel por ele desempenhado sobretudo nos primeiros anos da existência do Movimento em nosso país. Por certo, os próximos números da nossa Carta Mensal estarão publicando matérias dedicadas ao Pe. Caffarel, mas desde já desejamos associar-nos às várias homenagens à sua memória que es-


HENRI CAFFAREL MoDELo, MESTRE E AMIGO

A

notícia do falecimento do to e no seu coração os casais das Cônego Henri Caffarel, no Equipes que fundara e dirigira com dia 18 de setembro, colheu- o carinho de um pai e o zelo de um nos, dolorosamente, em pleno En- mestre. contro do Colegiado Ao saber de sua Nacional. Estávamos morte, o coração de tona Missa de Abertura e, dos os que o conheceSempre de repente, envolveuram e o admiravam fez voltado para surgir, atropelando-se nos aquele imenso vazio- nunca mais o vea procura de em nossa memória, a ríamos. Com seus 93 lembrança dos dias que Deus e o anos, debi I itado, sabípassou entre nós, das anúncio do amos que não o teríapalavras que dele ouviseu mos por muito mais mos, do exemplo que tempo conosco. Evangelho, nos deu, dos conselhos

No entanto, que e ensinamentos que nos tinha falta, que saudades! presente no marcaram. "Foi ele quem toEsteve no Brasil seu espírito e por três vezes. A primou a iniciativa, há mais de 50 anos, de no seu meira em 1957. No direunir alguns casais, zer de Pedro "foi um coração os para refletir com eles Pentecostes". Éramos casais das sobre o Sacramento do 13 equipes, quase todas Equipes que formadas Matrimônio e sobre a por casais jofundara e vida conjugal. Foi ele vens. O entusiasmo quem acompanhou o dirigira com com que esses casais desenvolvimento da o carinho de aderiram ao novo camipequena semente, nho de vida cristã que um pai e o quem carregou no seu ele nos dava a conhezelo de um espírito, no seu coracer mais amplamente, ção e nas suas oramestre. levou-os a sair dali disções, as preocupações postos a difundir essa com o seu crescimenmensagem, sem medir to e quem, atento às orientações esforços. E o Movimento cresceu. do Espírito, balizou suas grandes Esse entusiasmo contagiou o Pe. etapas. "[I] Caffarel que, ao retornar à França, Sempre voltado para a procu- referia-se com muita esperança às ra de Deus e o anúncio do seu Evan- equipes que conhecera no "outro gelho, tinha presente no seu espíri- lado do mundo". Naquela época o li


Em 1950 escrevia a Pedro: Movimento desenvolvia-se apenas "Permita -me, entretanto, que o na França e na Bélgica. aconselhe a não iniciar senão com "Era um alimento forte que o Pe. Cajfarel nos dava. Um ideal casais muito desejosos de compreender as exigências de vigoroso que nos sua fé e de vivê-las propunha. Um ideal melhor. Vale mais ter alicerçado na luta e Um ideal menos Equipes em na coragem, na disvigoroso que uma Região, mas que ponibilidade e na elas sejam portadoras nos propunha. oração. Esse ideal de uma imagem m.uito foi aceito e vivido. E Um ideal pura". com esse continua a ser aceialicerçado na mesmo É, espírito que, to e a ser vivido por luta e na em sua mensagem aos um número cada vez coragem, na Casais Responsáveis maior de casais pelo Brasil afora." [2] disponibilidade de Equipe no EACRE de 1958 diz: ... "o deEm sua longa e na oração. senvolvimento em excorrespondência Esse ideal foi tensão pode ser um pecom Pedro, desde aceito e rigo se a ele não cor1949 até 1965, semresponder um aprovivido. E pre procurou transmitir-nos o espírito, continua a ser fundamento . Peçam ao Senhor que o Moa "alma" do Moviaceito e a ser vimento seja fiel à sua mento: Uma procuvivido por um vocação, que os dirira constante de Deus gentes saibam ver clanúmero cada e a realização de sua ro e querer com firmeVontade na vida convez maior de za." [3]. E é esse espíjugal e familiar, na casais pelo rito de um amor exivida da Igreja e do Brasil afora. gente tão ensinado e mundo.Pe. Caffarel vivido por ele, que norfoi a personificação teia, até hoje, nossos do AMOR EXIGENTE, consigo mesmo e com a men- esforços e nossas mensagens .... "é de uma tal importância que sagem que transmitia. Em uma de suas palestras, falou-nos sobre uma a Igreja não cesse de se construir "quadrinha" da qual me lembro pelo alto, refiro-me aos sacerdotes, e pela base, os fiéis." [4] apenas de dois versos: Em 1951 faz um apelo aos casais para que se unam, para que to"Tua exigência sem mem consciência de suas responamor me diminui sabil idades e se inqüietem pelo ReiTeu amor exigente no de Cristo. [5] me engrandece" 12


Os ensinamentos do Cônego Caffarel são preciosos. Sua palavra escrita é tão poderosa como o foi sua palavra falada. São inúmeros os seus escritos e livros publicados. Dentre eles, três foram traduzidos e editados no Brasil. Em 1995, quatro números de nossa Carta Mensal publicaram trechos de sua correspondência com Pedro. Voltemos aos seus escritos e às suas mensagens. Como o Evangelho, suas palavras têm o poder de transformar a vida. Não podemos cultuar sua memória e agradecer tudo o que nos deu senão procurando viver seus ensinamentos que nos revelam com inteira fidelidade os ensinamentos de Cristo . Temos junto a Deus um intercessor poderoso. E agradeçamos ao Senhor, com muita humildade e muita fé, por ter dado à sua 13

Igreja um homem, um sacerdote que O serviu com todas as suas forças, toda a sua inteligência, todo o seu coração até o fim de sua vida e que ajudou os cristãos de nossa época, especialmente os casais, a encontrar o Senhor e a prosseguir nos seus caminhos.

Nancy Cajado Moncau [1] "A Missão do 11 [2] 0 Sentido de 11 [3] 0 Sentido de 11 [4 ] 0 Sentido de [5] "0 Sentido de

Casal Cristão"- pg. 5 uma Vida" - pg. 141 uma Vida" - pg. 141 uma Vida"- pg. 131 uma Vida"- pg. 134

Livros doPe. Caffarel editados no Brasil: • Amor e a Graça • Presença de Deus - 100 Cartas sobre a Oração • A Missão do Casal Cristão


UM APAIXONADO

DE DEUS

OSenhor chamou para Ele, em 18 de Setembro, o padre Henri Caffarel. Quem foi o Padre Caffarel? Nasceu em Lyon, na França, em 1903 e foi ordenado padre na diocese de Paris em 1930. Ele com.eçou seu ministério na Secretaria da Juventude Cristã Operária, em seguida na Ação Católica antes de ser nomeado Vigário em Saint Augustin no outono de 1940. Mas, desde 1938, foi solicitado por alguns jovens casats que começaram com ele uma reflexão sobre o casamento e a família. Em fevereiro de 1939 esses quatro casais resolveram formar uma equipe e encontraram-se com ele para uma primeira reunião. De 1940 a 1945 outras equipes de casais se formaram. Paralelamente foi solicitado por jovens viúvas de guerra para iniciarem uma reflexão sobre a viuvez, e sobre "o amor mais forte do que a morte", uma reflexão que se concretizou em dois novos movimentos, "Nossa Senhora e a Ressurreição" em 1943, e "Grupo de Espiritual idade de Viúvas", em 1946. O fim da guerra chegou. Ele é destacado pelo cardeal Suhard para se dedicar inteiramente à esses grupos de viúvas e de casais que se multiplicavam. Ele lança em 1945

a "Lánneau d'Or", revista de espiritualidade conjugal e familiar. E em 1946 lança o "Offertoire", revista de espiritualidade da viuvez. Em 1947 os grupos de casais adotaram o nome de Equipes de Nossa Senhora. Nessa inspiração as Equipes de Nossa Senhora vão se desenvolvendo muito rapidamente nos cinco continentes. Hoje existem cerca de 7200 equipes, de cinco a sete casais, em 53 países. Elas propõe a seus membros a ajuda para descobrir Cristo presente no amor humano. Paralelamente ao seu apostolado com os casais e viúvas, elas 1ançamem 1957umarevista única no seu gênero "Cadernos sobre Orações"; em 1969 um curso de oração por correspondência e em 1978 "Escolas de Oração". E ao mesmo tempo ele publicou numerosos escritos sobre o casamento e a oração, que são muito di fundidos na França e no estrangetro. Enfim, em 1973, ele disse "A Deus" às Equipes de Nossa Senhora, para se consagrar inteiramente à casa de orações de Troussures, onde ele animou até 1995 numerosas "semanas de oração". 14


Se Padre Caffarel pôde realizar esse imenso trabalho apostólico foi porque era um apaixonado de Deus. Como São Paulo ele foi ;',/atraído por Cristo". E, ele consagrou toda a sua vida a aprofundar esse mistério de Deusamor e a fazer com que outras pessoas também O descobrissem.

Se Padre Caffarel pôde realizar esse imenso trabalho apostólico foi porque era um apaixonado de Deus . Como São Paulo ele foi "atraído por Cristo". E, ele consagrou toda a sua vida a aprofundar esse mistério de Deus-amor e a fazer com que outras pessoas também O descobrissem.

Louis e Marie Damonville N. da R.: Texto da mensagem lida na missa em intenção do Pe. Caffarel realizada, em 27 de setembro, na Igreja de Madeleine, em Paris. Este texto foi enviado para todos os Casais Responsáveis das Regiões das ENS do Brasil para ser também lido nas missas realizadas em memória do nosso fundador.

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PARIS,

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DE FEVEREIRO DE

ma senhora procura Pe . Henri Caffarel para consultá-lo a respeito da sua vida espiritual. Em seguida, passa a conhecer também seu marido. Após uma conversa com o Padre, o casal convida três outros jovens casais amigos, também desejosos, como eles, de viver uma vida cristã integral. Surge daí a idéia de se fazer um estudo sobre o casamento cristão. É marcada uma ~eunião na casa de um dos casais para o dia 25 de fevere iro de 1939, sábado, onde iriam conversar juntamente com o Pe. Caffarel. O tema que seria discutido ou melhor, conversado: "O Casamento Cristão", mas qual seria a expectativa dos casais? De que forma iriam tratar o tema? O que Pe. Caffarel po"deria transmitir para eles? (talvez assim eles pensassem, pois na época o casamento já estava em crise). Por outro lado, Pe. Caffarel, poderia estar até preocupado: como receberão a minha mensagem? Será que entenderão? É uma situação que envolve ambos os lados em uma expectativa. Sábado, sempre após uma semana de trabalho, de cansaço, de preocupações rotineiras e ter de suportar uma reunião com tema sobre casamento. Acredito que o inicio da reunião, à vista dos casais em expectativa, foi feita pelo próprio Pe. Caffarel, colocando um momento de espiritual ida-

U

1939

de, para que o ambiente fosse p róprio a se discutir o tema proposto, que seria coordenado pelo Padre e dirigido pelo Espírito Santo. Embora houvesse o tema, quais seriam as idéias? Após um emaranhado delas, chegou-se a um ponto comum: o Amor, principalmente no matrimônio. Esse amor hoje tão desgastado, dilapidado, corrompido e deturpado pela sociedade, onde qualquer relacionamento epidérmico entre um homem e uma mulher já é amor. Faltando assim o respeito até com a própria palavra que escrita ao contrário indica nosso ponto de unidade cristã: Roma. Se não houver amor no matrimônio, não haverá sacramento, pois não se solidificará a unidade dos cônjuges. Fonte de Santidade e de Fecundidade. Imagem do amor trinitário. Com essas idéias chegou-se ao que chamamos de "Espiritual idade Conjugal", porque todos nós, casados, somos vocacionados à santificação no/e pelo matrimônio. Com essa reunião, nasce a Equipe que recebe o nome de "Grupo de Nossa Senhora de todas as Alegrias", hoje transformada no Movimento das Equipes de Nossa Senhora, expandida pelos cinco Continentes. Para que o Movimento progredisse e tivesse resultados positivos, houve necessidade de regras, normas e disciplinas, hoje, esquecidas na nossa vida civil. As pessoas pouca importância dão para isso. Se não

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Não poderemos esquecer que somos continuadores da obra do Pe. Caffarel e não simples seguidores do Movimento.

existisse uma organização, considerada para a época "muito exigente", as ENS não sobreviveriam aos percalços da caminhada, como outros Movimentos que se esfacelaram nos trilhos do Concílio Vaticano II, pois se tinham regras não eram cumpridas. Meditemos o que São Mateus nos diz (7, 24-27): "Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado, todo aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os 17

ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua mína!" Portanto, as ENS foram constituídas sobre a rocha, vencendo todas as intempéries do tempo e do homem, com a nossa adesão firme e consciente, com a proteção de nossa eterna Mãe, poderemos conservá-las fortes e acolhedoras até o final dos tempos, pois não poderemos esquecer que somos continuadores da obra doPe. Caffarel e não simples seguidores do Movimento.

Parabéns ENS, pelos 57 anos de vida e caminhada. Nossa Senhora de Todas as Equipes - Rogai por nós!

Marlene e Acir Equipe 5/A - Sorocaba - SP


PARTILHA E PONTOS CoNCRETOS DE EsFoRço 8. Mensalmente fazer um Diálogo Conjugal esses anos todos de acompanhamentos das ENS, achei sempre muito curioso que alguns casais tivessem tanta dificuldade com o "dever de sentar-se". Não se amam? não gostam de estar juntos: já não têm nada a se dizer? Em parte ainda não consegui resposta para a questão. Continuo curioso.

N

1. Para que sentar O "dever de sentar-se" é um dos meios que a espiritual idade das ENS oferece para a santificação do casal enquanto casal e mediante a vida de casal. A santidade de vida não é uma abstrata nem uma realidade atingida por todos nos mesmos moldes. Cada pessoa, cada casal tem o seu jeito de ser santo, tem o seu chamado especial para uma santidade especial, sua própria característica.

A fábrica dos santos de Deus não funciona como cadeia de montagem das modernas indústrias. Cada pessoa, cada casal deve escutar o seu, claramente definido, a ser conquistado mediante esforços sistemáticos e graduais. S.Paulo, que entendia do assunto, escreveu: "vou correndo, não como quem não sabe para onde; vou lutando, não como quem dá golpes no ar" (lCor 9, 26). A primeira vantagem do "dever de sentar-se" é exatamente essa: ajudar o casal a encontrar uma santidade à sua medida, à medida do chamamento que Deus lhe faz. Juntos, escutando a Deus que se manifesta no outro, conhecendo sua própria realidade, suas qualidades e defeitos, poderão traçar um plano conjugal de santidade. No diálogo mensal do "dever de sentar-se" o casal tem a oportunidade de fazer um controle da caminhada no caminho da santidade. Um poderá amorosamente avali ar os avanços e recuos do outro na prática das virtudes; poderá apoiar, aconse lhar, sugerir novos caminhos. De modo gera l, será mais útil enfocar principalmente os aspectos positivos. A alegria que nasce da posse do bem, da vida virtuosa e


do convívio no amor será o melhor estímulo para o esforço exigido na correção dos defeitos e na vitória sobre o pecado. Talvez o que torna desagradável o "dever de sentarse" seja exatamente o contínuo roçar nos mesmos pontos negativos, a atenção sempre focalizada sobre reclamações e problemas, que não permite a cicatrização de mágoas. O planejamento do futuro é sempre mais frutuoso e agradável do que a volta contínua às falhas do passado.

2. Como sentar

dúvidas, peçam e ofereçam conselhos. Planejam os próximos passos no caminho da santificação. Depois falem de outros assuntos referentes à vida de cada um dos dois, do casal e da família, da equipe, da paróquia e de seus comprometimentos pastorais, tornando as decisões necessárias quanto a metas e meios para as atingir. • Às vezes o casal pode ter a impressão de estar girando sem sair do lugar; isso por lhe faltarem pontos de referência. Imagino que a caminhada poderia ser mais fácil e o controle da rota poderia ser mais exato se o casal mantivesse um "diário de bordo". É simples: um livro ou caderno onde fossem anotadas as datas dos principais fatos, os problemas, as soluções tentadas, as metas estabelecidas, os meios escolhidos, os resultados obtidos, as descobertas, as alegrias, as vitórias, toda essa vida que passa afinal pelo "dever de sentar-se".

• Comecem colocando-se diante de Deus, renovando sua certeza da presença de Jesus entre vocês. E, já que é um encontro a três, procurem imediatamente a reconciliação. Façam logo um "ato penitenciai", como na missa, dizendo-se mutuamente palavras de perdão e de reconciliação . De tal maneira que nenhuma palavra, nem mesmo uma palavra de correção fraterna, possa ser interpretada como acusaAinda não descobri por que alção, cobrança ou reclamação. guns casais encontram tanta dificuldade no "dever de sentar-se". Fico • Não contem com o acaso; si- a me perguntar se não seria por dois gam um roteiro previamente esta- motivos: o medo de se revelar dianbelecido, que poderia ser este ou ou- te do outro (e de si mesmo!) e o tro que preferirem. Comecem por medo de ser melhor, de se ver obrium ponto que jamais poderá faltar: gado a tornar-se adulto em Cristo. "como estamos indo em nossa santidade matrimonial?" Façam uma partilha de sua vida espiritual matrimonial: as dificuldades, as desPe. Flávio Cavalca de Castro, cobertas, as inspirações recebidas CSsR de Deus, as vitórias e derrotas, as C.E. da Carta Mensal 19


A

MISSÃO E A ESPIRITUAUDADE

DOS LEIGOS

(CHRISTIFIDELES LAICI, PARTE

5)

PE. LUÍS KIRCHNER, CSsR

Jesus chama cada um de nós papa João Paulo li é conspelo nosso próprio nome. Não é um ciente do fato de qu: o .leiconvite qualquer. Ele acompanha go tem uma vocaçao Imos seus. Cristo quer que os seus portante e um papel na renovasejam bem treinados. Não basta ção da sociedade. Para isso, ele/ saber o que o Mestre espera; deela tem que ser preparado e treibem aquilo que Ele vemos fazer nado para desempenhar e cumquer. "Façam o que ele mandar" prir esta missão. E uma das prioridades de qualquer diocese ou (Jo 2, 5). A vontade do Pai é que os seus paróquia.

O

O dono de uma vinha quer que a boa produção de vinho continue crescendo cada vez mais em qualidade. O Pai é o dono, Cristo a videira, nós os ramos. "Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada" (J o 15,5).

Cristo quer que os seus sejam bem treinados. Não basta saber o que o Mestre espera; devemos fazer bem aquilo que Ele quer.

Operários sejam preparados e qualificados. É uma coisa nascer na fé; outra, crescer nela. Ao ser incompetente no processo de evangelização e de santificação, o cristão está estragando o trabalho do Senhor. A primeira tarefa é viver na unidade, sinal de ser membro da Igreja e de ser um bom cidadão. Há uma necessidade de viver a fé e a vida juntos, o Evangelho e a cultura. Ser bom profissional, competente e honesto, é uma ótima maneira de dar testemunho de coerência de vida. (Cf. GS. no 43) Enquanto um leigo é membro de uma família unida, o mundo vê a união vivida; torna-se um modelo para a grande comunidade humana. Para alcançar os requisitos de uma Formação Integral, o leigo precisa ser treinado: a) na Doutrina da Igreja e na Catequese. Assim, pode evangeli-

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zar o mundo e a sociedade porque tem uma boa base. Fala em nome do Mestre, não somente em nome próprio. Estudar faz parte do treinamento do apóstolo. b) na Doutrina Social da Igreja, a fim de participar eficazmente na vida pública. É mais um modo de vi ver uma vocação missionária, porque o leigo cresce nos valores humanos.

Na maturridade de urna síntese orgânica de sua vida, c@rn uma ação eficaz na sua miss·ãQJ, o leigo será guiado interiormente pelo Espírito Santo. Quem faz o trabalhorde formação? Depois de Deus. O'S bispos, os párocos, os religiosos e outros leigos já formados contribuem para este processo, cada um conforme o seu carisma. A Palavnuie Deus, os Sacramentos, a vivência da caridade, o bom exemplo: to.dos são meios que f01jam o leigo qualificado. Serão formados pela Igreja, na Igreja. Existe também a Família, Igreja Doméstica, que exerce uma função indispensável na formação das pessoas. A escola e a universidade católicas são instrumentos de grande valor que devem ser engajados no processo de formação do leigo. E quando o Papa fala sobre a importância dos grupos, movimentos e associações, cada um com o seu método próprio, por que não podemos incluir o nome das Equi21

Ao ser incompetente no processo de evangelização e de santificação, o cristão está eslr~ando

o tral!Jalho do Senhor.

pes de Nossa Senhora como um dos muitos instrumentos úteis que a Igreja tem ao seu dispor? Quantos leigos dedicados aprenderam como servir na Vinha do Senhor através da formação que as Equipes lhes ofereceram. O papa João Paulo II termina esta grande obra sobre o papel dos leigos na Igreja, lembrando a importância e o valor da oração na vida do missionário. Maria, nossa Mãe, leiga que era, em comunhão e em oração com os Apóstolos, serve como modelo que inspira todos os leigos e leigas a assumir a sua vocação e missão.


A

UNÇÃO DOS ENFERMOS "Pois se o berço, onde a boca pequenina Abre o infante a sorrir, é a miniatura, A vaga imagem de uma Sepultura, O germem vivo de uma atroz ruína". Versos de um soneto de Bilac, "Sarças de Fogo: Pomba e Chacal"

xclamarão os leitores: "Que coisa tétrica e horrível!" No entanto, o poeta nos lembra, nesta poesia, que o homem, a partir de seu nascimento, já se coloca na perspectiva de um de seus novíssimos, isto é, de uma de suas últimas realidades: a morte. A ela seguem-se os outros novíssimos: o juízo, o inferno, o paraíso. Não convém esquecer dos novíssimos; de nenhum deles . No entanto, a vontade de Deus não é a morte, nem do corpo, nem da alma; não é a "atroz ruína", mencionada pelo poeta. A morte está na perspectiva do homem, desde seu nascimento. Mas, se ele adere à vontade de Deus, a ela seguir-se-á a Vida. A enfermidade é um aceno da morte. A enfermidade grave é um aceno veemente da morte. Nesta situação, é que o enfermo deve receber o seu sacramento: o Sacramento dos Enfermos. E deve recebê-lo em estado de consciência, antecedendo o Sacramento da Penitência e fazendo-o seguir-se da Eucaristia.

E

De qualquer forma, a Unção dos Enfermos é sacramento de vida. O texto fundamental sobre ele é deSãoTiago(5, 14-15): "Alguém, entre vós, está enfermo? Chame presbíteros da Igreja e eles orem sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará e, se estiver em pecado, ser-lhe-ão perdoados".

"A oração da fé salvará o en" . ermo 1 Salva-lo-á, restituindo-lhe a saúde, se esta for a vontade de Deus, de forma a lhe prolongar o tempo nesta vida. Mas, "o tempo é breve" e "a figura deste mundo passa" (1Cor. 7, 29.31). O Sacramento dos Enfermos pode vir a ser, e oxalá o seja, em nosso último dia, nossa extrema unção, seguindo-se-lhe a Eucaristia, como viático, como provisão de viagem para a Vida. Assim, a Unção dos Enfermos, recebido como extrema unção, será, .f

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ainda mais, sacramento de vida. Quem pede a vida ao Senhor a obtém, aplicando-se-lhe o Salmo 20,5: "Pediu-te a vida e tu lhe deste longos dias, pelos séculos dos séculos". Assim é nosso bom Pai-Deus, que nos dá sempre mais do que lhe pedimos. Este é o consolo daqueles que, dolorosamente, tiveram de se despedir, para sempre, neste mundo, de pessoas queridas, para as quais pediram a vida. Deus lhes deu a Vida, "pelos séculos dos séculos".

Nadyr e Mário Eq. 08-B, São Paulo - SP 23


PREPARANDO A REUNIÃO DE BAlANÇO nforme o "calendário" das ENS no Brasil, em novemro, todas as equipes devem fazer a chamada reunião de balanço, que se destina a um exame consciencioso da vida da equipe no decorrer do ano. Além do exame pessoal de cada um de nós, confrontemos a vida da própria equipe com relação às grandes orientações do Movimento, e com relação aos objetivos que nos propusemos atingir, estabelecidos no início do ano-equipista que ora se finda . Focalizemos também os esforços que precisamos fazer em relação à vivência dos Pontos Concretos de Esforço, à prática da caridade fraterna, etc .. .. Transcrevemos, a seguir, uma "carta aberta" de um Conselheiro Espiritual à sua equipe. Poderá ajudar alguns de nós- como ajudou os casais de sua própria equipe- aretomar consciência dos pontos essenciais . Mas, na reunião de balanço, uma parte mais concreta não pode ser esquecida: procurar juntos o que devemos fazer, praticamente, no próximo ano, para que a vida de equipe, as suas reuniões, sejam cada vez melhores e possam ser mais proveitosas para cada um de nós. Vários fatores devem ser aqui focalizados; a atuação a ser desenvolvida pelo Casal Responsável, os contatos com o Conselheiro Espiritual, a organização das reuniões , a escolha do tema de estudo, etc.

Carta Aberta de um Conselheiro Espiritual à sua Eqwpe

O

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Meus caros amigos, ... Grãos de areia nas engrenagens? Vamos ser francos! Alguns de vocês estão saturados .. . Alguns falam em retirar-se da equipe, outros chegam a pensar em dissolvêla . À boca pequena fala-se em decepção ... Mas a decepção vem do que e de quem? Seria preciso apurar. Vem da equipe? Do cônjuge? De todas as atividades que se opõem, como obstáculos, à vida de família, ou à vida de equipe, à vida que sonhávamos? Ou vem de mim mesmo? A estória é velha, tão antiga quanto o pecado original. "Não fui eu, foi minha mulher"; e a mulher: " Não fui eu, foi a serpente". E ela renova sempre: os garotos, na escola, acusam o vizinho; os paroquianos culpam o próximo da falta apontada, ou o próprio Vigário. Na equipe, a culpa é lançada sobre o Conselheiro Espiritual ou sobre um dos equipistas. Mas eu? Certamente não .... que fiz eu? O que vocês fizeram ... é antes de tudo um assunto a resolver entre Deus e a própria consciência. Mas de certo modo, isto interessa à equipe; sejamos então honestos e antes de tudo conos-

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co mesmos. Vocês tinham dificuldades? Mas quem não as tem? Quer se trate da pessoa, ou da famí lia, ou da profissão, da sociedade ou da Igreja, em toda a parte há comp licações, grãos de are ia nas engrenagens . Se vocês não tivessem abo rrecimentos, aí sim é que a se ria preciso inquietar-se . O trabalho do Demônio é justamente semear a sizânia . Vocês cooperam com ele. Covard ia ou traição? Cabe a vocês verificar. Quanto a mim, a minha covardia

//Não fui eu, foi minha mulher"; e a mulher: //Não fui eu, foi a serpente". E ela renova sempre: os garotos, na escola, acusam o vizinho; os paroquianos culpam o próximo da falta apontada, ou o próprio Vigário. Na equipe, a culpa é lançada sobre o Conselheiro Espiritual ou sobre un1 dos equipistas.

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é talvez a de ter deixado passar cinco anos sem alertá-los. Se não houve traição da minha parte, cabe a vocês dizê-lo. Alguns de.vocês consideramse indignos, e acham que não lhes cabe mais permanecer na equipe, porque têm falhas, porque não vivem todos os Pontos Concretos de Esforço. Será isto motivo para ir embora? Honestamente, não poderia eu dizer o mesmo em relação ao meu ministério de sacerdote e de Conselheiro Espiritual da equipe? Pensam talvez que eu estou pessoalmente satisfeito com a minha atuação em re lação a vocês? Então retifiquem o seu pensamento ... e estou certo, aliás, que vocês têm queixas a me apresentar. Será preciso então que eu parta, porque não faço tudo o que seria preciso, porque não mantenho todos os contatos pessoais que deveria ter com cada um de vocês? Tenham crises de humildade, mas não de desânimo, de abdicação. A Igreja tem necessidade de todas as forças, tem então uma razão de ser para vocês. Com um sorriso ... releiam o episódio da Samaritana e nele reflitam. Junto ao poço de Jacó, Cristo deteve-se porque estava cansado. Cansado em sua natureza humana, sim, mas certamente não na sua natureza divina. Quando se aproxima a Samaritana, Jesus não sente a fadiga . Que vocês estejam cansados na sua

natureza humana estou de acordo! Mas, por favor! Que o homem novo, que o filho, a filha de Deus retomem a iniciativa. Ac redito que vocês não vão censurar Deus por lhes ter feito conhecer as Equipes de Nossa Senhora?! Vocês encontraram nelas o próprio bem, durante algum tempo. Depois, repentinamente, vocês irão queimar tudo o que apreciaram, tudo o que lhes deu tantos motivos de progressos? Vocês irão esquecer, num instante, todos os frutos de um trabalho em conjunto? Já falei bastante, mas eu considero a situação muito séria. O que afirmei na última reunião de equipe eu mantenho: O que Deus espera de nós, por intermédio da equipe, o que Ele quer ao mesmo tempo nos dar: • É um novo surto de vida espiritual: • É uma visão mais clara da ajuda mútua que deve se exercer entre nós; • É uma consciência mais nítida de nossa missão dentro da Igreja e do mundo. Que Deus nos perdoe se fraquejamos involuntariamente e que nos ajude a ver claro e a querer com retidão".

Extraído e adaptado da Carta Mensal de novembro de 1963.

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Semana da Família Rio de janeiro - RI Novas Equipes

Sob a presidência de D. Eugênio Salles, realizou-se na Catedral do Rio de Janeiro a solenidade de encerramento da Semana da Família. Na ocasião, os casais das ENS da Região Rio 111 e com apoio da região Rio I, encenaram os Autos das Bodas de Caná. Houve comparecimento maciço dos casais equipistas e a apresentação foi muito apreciada pelo grande público presente.

juiz de Fora - MG Equipe 42-C- N. S. do Santíssimo Sacramento Casal Piloto: Terezinha e José Antônio F. Furtado Rio de janeiro - RJ - setor I Equipe 9-D N. S. das Graças Origem: Experiência Comunitária Casal Piloto: Marília e Marcelo CE: Pe. Queiroz São José dos Campos - SP Equipe 16 - N. S. de Fátima Casal Piloto: Yara e Paulo

Mutirão Equipista Com a presença de Márcia e Luiz Carlos, CRR - Nordeste I e Maria e Amancio CRS-A, as equipes de Barreiros- PE realizaram um grande mutirão de estudo e formação.

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Trabalho com menores na Comemoração de 20 anos A Equipe de Nossa Senhora das Graças, de Porto AlegreRS comemora 20 anos de participação no Movimento. Pilotados por Eunice e João Garcia, os casais Maira Geni e Delsi Dutra, Andrelina e Celso Cardoso, Iracema e Veriato da Silva, Selma e Odone Silveira e Marilza e Celso Garcia tiveram a sua primeira reunião em abril de 1976. Hoje, tendo como conselheiro espiritual o Pe. Vitor Edesio Borges, além de viver o movimento, a equipe desenvolve excelente trabalho com crianças care ntes, iniciado há dois anos. Com a participação de todos os equipistas e obtido o apoio da Prefeitura e do Governo Federal, conseguiram construir um prédio, onde mantém 47 crianças, de 6 a 14 anos, funcionando, à tarde, como reforço esco lar e fornecendo merenda, roupa e calçados.

Encontro com Seminaristas - Manaus A Equipe 20, N. S. dos Humildes, de Manaus- AM aproveitando a comemoração do aniversário do seu Conselheiro Espiritual, Pe. Antônio de Assis Ribeiro, o "Pe. Bira", realizou um interessante encontro dos casais equipistas, seus filhos e os semi naristas salesianos. A reunião proporcionou um excelente convívio, de grande proveito para os seminaristas, que ficaram conhecendo o movimento das ENS e a vida das famílias equipistas. Os filhos dos casais, por sua vez, puderam conhecer o ideal e a maneira de encarar a vida dos jovens seminaristas e o sentido da sua vocação.

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30 anos Ordenação Sacerdotal Frei José Maria da Silva, conselheiro espiritual das equipes 22-A, N. S. das Mercês e 13-B, N.S. da Salete, de Curitiba- PR comemorou 30 anos de sua ordenação sacerdotal. Vigário da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, Frei José Maria é também responsável pela pastoral vocacional, acompanhando a formação de mais de quarenta jovens de Botiatuva, Ponta Grossa, e Joinvile, que se preparam para o sacerdócio.

Expansão Mudanças nos Quadros Maria Inês e Antônio (Tonhô) Castro despediram-se da missão de Casal Responsável pela Região São Paulo-Oeste que foi desdobrada em três Regiões, a saber: São Paulo-Oeste I, composta pelos setores de Assis, Baurú, Garça, Marília e Pederneiras, cujos novos Responsáveis são Teresinha e J. Agostinho Garzim; São Paulo-Oeste 11, cuja responsabilidade é assumida por Maria Teresa e Laerte Espósito, abrangendo as cidades de Araçatuba, Lins, Valparaiso e Bento de Abreu; e a Região Mato Grosso do Sul reunindo as equipes de Três Lagoas, Campo Grande, Maracaju e Penápolis, cujos responsáveis são Maria do Carmo e Herson Ferreira. Foi criada a Região Nordeste 111, abrangendo os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, sob responsabilidade de Maria Aparecida e Raimundo Araujo. A Região Rio Grande do Sul, Graça e Roberto substituem Maria da Graça e Eduardo Barbosa. As respectivas "posses" aconteceram por ocasião do último Encontro do Colegiado Nacional, em São Paulo, de 20 a 22.09.96.

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Ordenação Sacerdotal Manaus -AM Em solenidade presidida pelo Arcebispo de Manaus, O. Luiz Soares Vieira, e com a presença de todos os casais equipistas, foi ordenado sacerdote o Pe. Z~nildo, atual Conselheiro Espiritual da Equipe 23, do Setor B, de Manaus AM.

Uma Grande Comemoração A Equipe 04-B de São Paulo - SP, fundada em 08.09 .1971, comemorou condignamente o seu jubileu de Prata. Como preparação, os casais peregrinaram à Igreja de N. S. de Schoenstadt, em Rio das Pedras, interior de São Paulo, que foi construída por um dos membros da equipe. Em 5, 6, 7 e 8 de junho viajaram, todos juntos a Curitiba-PR, cidade onde reside, há 1 7 anos, Frei Eduardo Quirino de Oliveira, primeiro e único Conselheiro Espiritual da equipe e que todos os meses desloca-se a São Pau lo para participar da reunião da equipe. O elo que os uniu por todos esses anos em que estão juntos foi "a Graça de Deus que os escolheu e fê-los dirigir-se sempre para a busca dos ideais cristãos." Apesar dos tropeços e limitações, foram sempre dóceis e acreditam na mística do Movimento como caminho de santidade conjugal.

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Missão de Pai

Inúmeras Dicas

A oração "Ajuda-me, Senhor, na missão de pai" da última carta mensal (nº 320 - Agosto 96 - pg 94), que me conste, o texto é de Máximo Benvegnu, divulgado pelas Edições Paulinas.

Gostaríamos de destacar da Carta Mensal de setembro/96 o assunto Formação, tão bem colocado pelo pe. Flavio Cavalca, sobre Partilha e Pontos concretos de Esforço. Ele nos dá inúmeras dicas para fazermos a meditação.

Célia e Walter Porto Marília- SP

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Cristina e Paulo Cagliari Equipe 12 - N. S. de Fátima São Caetano do Sul - SP

Engraçado e Criativo Venho felicitar Pe. Paulo pela colaboração na Carta Mensal nº 320 (pg 51), onde fala em versos, de forma engraçada, porém séria, do "porque os padres não se casam". Muito criativo. Adilson Tadeu Ferreira, Seminarista Pesqueira - PE

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Opinião Valiosa Sua opinião é muito importante!!! Diga o que apreciou ou não na CARTA MENSAL. Envie sua crítica ou sugestão para que possamos publicá-la.

Inestimável Ajuda As estatísticas e a organização do Movimento publicadas nas últimas Cartas Mensais foram de inestimável ajuda na pilotagem da equipe 2, N. S. das Graças, de Barreiros neste Estado, que estamos· terminando.

Rua Luis Coelho, 308 conj. 53 CEP. 01309-000 São Paulo - SP ou pelo FAX: (011) 257.3599

Erenita e Attanazio Equipe 10-A - Recife - PE !":-· c·-··-~---/'1 r .... ~}'! ['''=:-11":'/'1 r-., 1\... .........i [.........., ,--7 ~---·: 1":/'1 !-i·] 1":---1,..- 'iii ~--J ~ l:::....-:::::,J L::=. I L~ ~ L:='::..J !L.:::.~ L..'=- . ~-~ :=':. . 1 lL.~ L. =-. [c.~ . .::=_.!

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INvocAçõEs DE NossA SENHORA númeras das invocações de Nossa Senhora, que a Carta Mensal vem apreciando mensalmente, tem a sua origem e demonstram o desejo e a necessidade de amparo, proteção e orientação que todo o filho tem com relação à sua mãe. Um exemplo dessa forma carinhosa de pedir à nossa Mãe a indicação do verdadeiro Caminho é a invocação de:

I

Nossa Senhora da Guia Ignora-se a origem histórica de ODIGITRIA, que significa condutora, guia, aquela que mostra ocaminho para chegar a Jesus. Alguns a situam no Mosteiro de Odos, perto de Constantinopla. Nesse lugar os monges se ofereciam para acompanhar os peregrinos que iam visitar a cidade da Mãe de Deus: Constantinopla. Outros afirmam

Os templos de Nossa Senhora da Guia, geralmente, se localizam em cidades litorâneas, porque ela era também invocada. comogu1a dos navegantes.

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que a imagem ODIGITRIA foi pintada pelo evangelista São Lucas (segundo o historiador bizantino Teodoro, século VI). O fato é que a imagem de Odigitria é venerada pelos cristãos da igreja grega e eslava. Uma das imagens mais antigas da Mãe de Deus, encontra-se na igreja de Kiev e data do século XI. Na Polônia, venera-se a Virgem Negra, Jasna Gora, Guia de Czestochowa. Na Rússia é célebre o Santuário da Virgem de Kazan. No Brasil é notável a Igreja de Nossa Senhora da Guia, edificada no local da primeira capela construída nos fins do século XVI pelos padres carmelitas, que chegaram ao Brasil com o capitão-mor Frutuoso Barbosa. Situada sobre um penhasco, junto ao Porto de Cabedelo, no litoral nordestino, próximo à foz do Rio Paraíba, essa igreja é uma manifestação artística da arquitetura religiosa do nordeste. Nossa Senhora da Guia é, também, padroeira de Mangaratiba, cidade do litoral fluminense, cuja festa é celebrada no dia 8 de setembro, quando a Igreja comemora a Natividade de Maria Santíssima. Os templos de Nossa Senhora da Guia, geralmente, se localizam em cidades litorâneas, porque ela era também invocada como guia dos navegantes. Nossa Senhora da Guia é representada em alguns ícones orientais que transmitem o valor do culto espiritual que se tributa à Mãe de Deus.

A imagem de Nossa Senhora da Guia apresenta a Mãe de Deus indicando-nos, com sua mão direita, seu divino Filho. Geralmente aparece de corpo inteiro, ou meio busto. O filho, no braço esquerdo, sentado, olhando sua Mãe, abençoando, com a mão direita; na mão esquerda segura um pergaminho, sinal da sabedoria divina revelada aos profetas. As cabeças da Mãe e do menino estão coroadas e existem monogramas nos lados das coroas.

+ Nossa Senhora dos Prazeres Assim, como são comemoradas as suas dores*, a Virgem Santíssima fez questão de que fossem também festejadas as sete maiores alegrias ou prazeres de sua vida. Conta a tradição que Nossa Senhora teria enumerado a um noviço franciscano, que costumava obsequiála com uma coroa de flores naturais, as suas alegrias: anunciação do anjo, saudação de Santa Isabel, nascimento de seu divino Filho, visita dos Reis Magos, encontro de Jesus no templo, primeira aparição de Cristo após a Ressurreição, e, finalmente, a sua coroação no céu, após a Assunção. Segundo o historiador Frei Agostinho de Santa Maria, a primeira nação católica a festejar as alegrias de Nossa Senhora foi Portugal. A origem de seu culto remonta ao século XIV.

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A Virgem Santíssima fez questão de que fossem também festejadas as sete . matores alegrias ou prazeres de sua vida.

Nossa Senhora dos Prazeres, também, invocada como Nossa Senhora da Alegria, é representada em pé, vestida com uma túnica de mangas largas e um manto que envolve o seu corpo. Tem sentado em seu braço esquerdo o Menino Jesus nu, com os braços abertos e segurando com a mão direita um cetro pequeno. Sua cabeça está semicoberta

por um véu curto. Em algumas imagens sob seus pés aparecem sete cabeças aladas de anjos, correspondentes aos sete grandes prazeres de sua vida. Em outras, as alegrias de Maria são simbolizadas po·r sete rosas. *Nossa Senhora das Dores, vide Carta Mensa l de Setembro 199S.

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Tu És

BELA

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aria, tu és bela e eu te amo! Sim, tu és bela, Virgem de Israel. Não é do teu semblante que eu falo, mas de ti. Tu és bela, simplesmente porque tu és feliz. Tu és bela, simplesmente porque permaneces escondida. Tu és bela, simplesmente, porque tu és forte ... Toda tua força vem do teu amor por Deus. Tua beleza está no teu coração, tua beleza é tua espera em Deus. Maria, tu és bela e eu te amo. por causa Dele, Jesus ... Deus te escolheu, pois Ele conhecia a retidão do teu coração, a força de tua alegria. Eu gosto de imaginar-te sentada, não muito afastada de Jesus, bastante perto para entender o que Ele pensa de nós, bastante distante por discrição. E bem baixinho, eu te ouço repetir: "Fazei tudo o que Ele vos disser". Esta discrição é ainda um ornamento da tua beleza. Sim, tu és bela, Maria, virgem de Israel, eu te amo.

Irmã Margarida Eq. 02 João Pessoa, PB

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A VI DA CoNSAGRADA E o CASAL CRISTÃO .~

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1-

i divulgada recentemente a arta Apostólica "Vita onsecrata", dirigida pelo Papa João Paulo II não só, como se poderia pensar, às Congregações Religiosas, mas a todos os fiéis. Logo na introdução, explica o Papa: "A vida consagrada não é uma realidade isolada e marginal, mas diz respeito a toda a Igreja" (VC 3). Esse importante documento nos leva a refletir não somente sobre a vida consagrada perfeita, característica dos religiosos, mas também sobre como alguns dos princípios que a inspiram podem se aplicar aos leigos casados, e muito especialmente aos membros das ENS, sendo para eles um poderoso auxílio na sua realização como casal, ou seja, no caminho para a santidade através do casamento. As vocações religiosas, sacerdotais ou leigas são três formas diferentes pelas quais somos chamados à "edificação do único corpo de Cristo, segundo a nossa própria vocação e o dom recebido do Espírito", e nas quais todos "compartilhamos a mesma dignidade" (VC 31 ), procurando seguir a nosso modo os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência. "A castidade, escreve o Papa, é "Justamente considerada a "porta" de toda a vida consagrada", e tem sido objeto do ensinamento constante da Igreja que, de resto, "também tributa grande estima à

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vocação para o matrimônio, que torna os esposos testemunhas e cooperadores da fecundidade da Igreja" (VC 32). Segundo o Catecismo da Igreja Católica, "todo batizado é chamado à castidade. Algumas pessoas, na virgindade ou no celibato consagrado, outras, da forma que determina para todos a lei moral, conforme sejam casados ou celibatários" (CIC 2349). Castidade não é sinônimo de continência, mas sim "a integração bem sucedida da sexual idade na pessoa, gerando a unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual. A sexualidade torna-se realmente humana quando é integrada na relação de pessoa a pessoa, no dom mútuo integral e temporalmente ilimitado do homem e da mulher" (CIC 2337). Dar-se totalmente um ao outro é, pois, a forma pela qual nós casais podemos e devemos viver o conselho evangélico da castidade, impulsionados pelo Espírito do Amor. É óbvio que a prática da castidade no casamento implica na sua indissolubilidade e na fidelidade até a morte, segundo o ensinamento clássico, mas também para toda a eternidade, na perspectiva mais profunda de tantos casais cristãos que se consideram, segundo a bela expressão do Pe. Carré, "companheiro de eternidade" e almejam estar um dia reunidos na glória do Senhor.

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A pobreza, segunda virtude evangélica, para os que são casados e possuem família, é antes de mais nada "testemunhar Deus como a verdadeira riqueza do coração humano; por isso mesmo, ela contesta vigorosamente a idolatria do dinheiro" (VC 90), estimulando-os a usar os bens materiais com sabedoria e moderação, tendo em vista assegurar aos seus as condições necessárias à sua formação, saúde e desabrochar para a vida e para o mundo fugindo ao luxo e à tentação do supérfluo e da corrida consumista, freqüentemente estimulada pela vaidade e pela inveja. A pobreza evangélica nos leva, também, a abrir-nos às necessidades de nossos irmãos- o nosso próximo - procurando sempre ajudálos conforme as nossas possibilidades e as circunstâncias que Deus coloca diante de nós. Devemos ainda ouvir a solicitação daqueles que "cientes do caráter limitado dos recursos da Terra, pedem o respeito e a salvaguarda da Criação, mediante a redução do consumo, a sobriedade, a imposição de um freio obrigatório aos próprios desejos" (VC 90). A terceira virtude evangélica, a obediência, é para nós casais, antes de mais nada, obediência à Palavra de Deus, a primeira fonte de toda vida espiritual cristã. Por isso, o Movimento nos recomenda a Leitura da Palavra, que pode ser feita de muitas maneiras, mas especialmente pela "lectio divina", método de leitura meditada, especialmente pro-

fícuo. Obediência também à Igreja, ao seu Magistério, personificado pelo Papa e pelos Bispos que permanentemente atualizam os ensinamentos evangélicos, adaptando-os às necessidades atuais. Assim percebemos como esses conselhos evangélicos, essenciais à vida consagrada, podem também ser vividos pelos casais e ajudá-los a atingir o seu ideal de santificação no e pelo matrimônio. Condição essencial, entretanto, para entendê-los, aprofundá-los e vivê-los é perceber que "a vocação à santidade só pode ser acolhida e cultivada no silêncio da adoração, na presença da transcendência infinita de Deus: precisamos todos desse silêncio repleto da presença adoradora" (VC 38). Daí a necessidade da oração diária, da meditação contemplativa, do retiro em silêncio. A vivência dos conselhos evangélicos que, como vimos, são o alimento do ideal dos cristãos casados e especialmente dos que buscam vivê-lo melhor no âmbito das Equipes de Nossa Senhora, tornase fecunda quando desabrocha no serviço ao outro e à comunidade, atendendo ao apelo renovado do Papa neste final de milênio. O Papa nos convida a estudar, a refletir, a ensinar, a dar testemunho, a evangelizar e dessa maneira a colaborar na instauração do Reino de Deus, a que todos são chamados.

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Gérará F. Duchêne Equipe OI-A São Paulo, SP


CRISTO REI TEM POR TRONO A CRUZ

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o término do Ano Litúrgico mático do Mistério da Salvação. Ali emos a Solenidade de Cristo brilha toda a força do Amor de autodoação de Deus por nós. A glória que Rei do Universo. Nos primeiros séculos do Cristi- não pode ser contemplada, o vulto anismo, não se representava Jesus radiante da divindade (diante do qual crucificado: a cruz era uma forma de nenhum ser pode continuar a viver), tortura tão horrenda (e na época a in- apareceu aos nossos olhos pelo avesda era usada pelos ro- r----so, como o negativo de 1 manos!) que apesar de uma foto. No Calvário, Jesus ter sido morto em Na Jesus faz-se servo de uma cruz, esta imagem solidariedade toda humana criatura, era chocante demais com os cura nossas chagas tosofrimentos mando-as sobre si mespara os seus seguidores. A os poucos, as coisas mo, os insultos devidos foram mudando e a cruz do mundo à nossa desobediência à foi sendo representada Jesus nos vontade do Pai, ele os 1 1 em pinturas e em ações mostra o sofre todos, aceitando 1.--J litúrgicas (via sacra em caminho mergulhar no abismo da Jerusalém). Como Jesus morte para nos abrir o aparecia crucificado? para a caminho para o Reino, As imagens mostravam salvação da fez-se ponte para nos Jesus vestido como um humanidade. salvar. Imperador, vestes preciAo lado da cruz enosas cobriam todo o seu centramos a Virgem corpo.Eie não demonstrava dor, ti- Maria. Ela que sempre esteve voltanha na cabeça uma fulgurante co- da para a vontade de Deus, que jaroa e, ao fundo, um céu todo doura- mais experimentou a amargura da do simbolizando o paraíso. Somente separação do Pai, sente e sofre a dor no século XIII (1200), começam a do inocente massacrado. representar Jesus sofrendo na cruz: Em Jesus e Maria vemos a dor antes se contemplava a ressurreição, dos seres humanos que a vida encuragora se contempla a paixão. Dois ralou no sofrimento de forma injusta mistérios do mesmo e único ato e muitas vezes premeditada pelos Salvífico de Cristo: a Encarnação. grandes desta terra. Observando atentamente as duas Jesus e Maria se tornam solidárepresentações: Cristo glorioso ou rios com as massas que nada conCristo sofredor, vemos que nelas res- tam, que tantas vezes são simplesplandece a Cruz. mente desconsideradas pelos sisteA Cruz, escândalo para os ju- mas econômicos e políticos que se deus e loucura para os gregos ( 1Cor mantêm à custa do sangue destes 1,23), torna-se o centro paradig- pobres para se sustentar no poder. 38


O poder do Rei do Universo não está a Rainha, coberta com os paé outro senão a cruz, a cruz que o nos da pobreza humana. torna próximo de todo sofredor, pois Na cruz da solidariedade está apoios sofrimentos do mundo são infini- ado o trono real de Nosso Senhor Jetamente maiores que os prazeres de sus Cristo e de sua Mãe Santíssima. poucos privilegiados. Na solidarieCampanha - OFM Conv. dade com os sofrimentos do mundo Frei João Aroldo Jesus nos mostra o caminho para a Transcrito de "O Mz1ite" salvação da humanidade, e a seu lado 39


FAMÍLIA, FONTE DE VIDA E DE AMOR sta frase, lida em faixas e cartazes, foi o lema do 7o congresso Nacional de Pastoral Familiar, realizado em Belém, PA, de 6 a 8 de setembro de 1996. O tema central, inserido nas atuais preocupaçQ_es da Igreja Católica, era a preparação do 3°Milênio: A Inculturação do Evangelho na Realidade Familiar Pós-Moderna. A sessão inaugural do Congresso, no Centro de Turismo do Estado do Pará, aberta ao público da capital paraense, contou na noite de sexta-feira, 6 de setembro, com uma presença que surpreendeu os seus próprios organizadores: mais de 1000 pessoas acotovelaram-se no auditório. Os coordena-

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-+ Fátima e Airton de boas vindos aos congressistas ~ D. Cláudio Humes, Cardeal Afonso Lopes Trujillo, Frei José luis Azcona

dores do Congresso, Airton e Fátima de Barros, dizem que este número ultrapassou de longe as suas expectativas. Dom Cláudio Hummes, arcebispo de Fortaleza, saudou os presentes em nome da CNBB, lembrando a decisiva importância da família no processo de evangelização . Em suas palavras de boas vindas aos congressistas, leigos, sacerdotes e religiosos, comparando-os à confluência dos rios Solimões e Negro para formar o majestoso rio Amazonas, Fátima de Barros citou os versos do poeta nordestino Quintino da Cunha: "Se esses dois rios fóssemos, amigos, todas as


centramos, que Amazoinculturação, esclarenas de amor não fluiria ceu, é a encarnação da A família, de mim, de ti, de todos revelação de Cristo "no ponderou, nós que nos amamos". fundo do coração das acha-se Na conferência diferentes culturas". que se seguiu à abertudiante do É neste processo, ra oficial, Dom Antônio disse dom Cheuíche, desafio de do Carmo Cheuíche, que se encontra o papel ser uma bispo auxiliar de Porto da família na nova comunidade evangelização. A famíAlegre, falou de "Nova onde as Evangelização, Evangelia, ponderou, acha-se lização da Cultura e os diante do desafio de ser pessoas Desafios da Inculturauma comunidade onde possam ção do Evangelho na as pessoas possam penpensar, viver, sar, viver, crescer e se Família". Enfatizou o crescer e se aperfeiçoar numa intersignificado da nova evangelização, conforrelação de amor, onde aperfeiçoar me definido pela Confese revele o projeto de numa interDeus. E isto, no meio de rência do Episcopado relação de Latino-americano em uma profunda crise culamor, onde se tural da humanidade, Santo Domingo, como uma necessidade de dar que não parece mais sarevele o novas respostas aos deber para onde vai. Enprojeto de tre todos os desafios que safios das profundas Deus. transformações havidas se apresentam num nos últimos anos na mundo dilacerado entre culturas em conflito, ser América Latina. Destacou Dom Cheuíche, entre uma Igreja doméstica significa não esses desafios, o divórcio que há en- viver apenas na superfície das detre fé e compromisso social, e que voções de uma fé tão somente "releva à necessidade de anunciar o cebida", mas preparar na família a Evangelho aos já batizados. Subli- opção por Jesus Cristo, apresentannhou que a cultura, vista como oca- do-o a todos como um membro ·vivo minho percorrido pelo ser humano na da comunidade familiar. busca de sua realização, para ser Durante todo o seu desenrolar, verdadeira, precisa ser impregnada no sábado, 7 de setembro e Domindo anúncio de Jesus Cristo, que veio go 8, o Congresso contou com a parrevelar a esse ser humano a sua real ticipação permanente de 600 pessoidentidade. Para tanto, acrescentou, as, entre os quais vários bispos e em imersos na cultura própria de seu torno de 60 sacerdotes, além de relipovo, todos são chamados a "pen- giosos e religiosas . As equipes de sar, julgar e agir como cristãos". A serviço, de acolhimento e de hospe-

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dagem contaram com perto de 400 casais da Pastoral Familiar de Belém e dos movimentos familiares. A manhã do sábado foi dedicada ao pronunciamento do presidente do Conselho Pontifício para a Família, o cardeal Alfonso López Trujillo. Retomando o tema da família, Igreja doméstica, dom Trujillo lembrou, conforme as palavras do Papa, que toda evangelização passa necessariamente pela comunidade familiar, santuário da vida. Em suas considerações, aprofundou a vivência dessas duas grandes "boas novas": o evangelho da família e o evangelho da vida. Lembrou o cardeal que, na visão da Igreja, a família é o maior patrimônio da humanidade que, pela sua própria subsistência, pode garantir o futuro dessa humanidade. Ao falar de casamento e de família, a Igreja não se refere apenas aos que são fundados sobre o sacramento do matrimônio, mas a todas as famílias e todos os casais de todas as proveniências. A família é uma boa nova, um reflexo do plano de Deus, que brilha desde o momento da Criação. A comunidade permanente de vida e de amor formada pelo homem e pela muI her está inscrita, desde a criação, na natureza do ser humano. O cardeal Trujillo recordou que a constituição pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano li, expressa claramente que a família é um bem para os esposos, para os filhos e para a sociedade. Não é um mal, como muitos meios de comunicação e autores desvinculados das raizes

culturais da humanidade querem fazer crer, acrescentou. A família é um bem, cujo objetivo é tornar felizes os membros da família. É a falta deresponsabilidade, de respeito pelo compromisso assumido, é a imagem negativa criada por certos meios de comunicação em torno da família, é a falta de compreensão da família como um bem e uma fonte de felicidade que estão na origem da infelicidade dos casais separados e de seus filhos, "órfãos de pais vivos", na palavra do Papa. Como é possível, perguntou o cardeal, desrespeitar o direito das crianças a um lar, a ponto de considerar as uniões consensuais sem qualquer garantia de estabilidade, nivelados com os casamentos estáveis, permanentes, fundados no compromisso de amor, abertos à vida e buscando a felicidade de todos os seus membros? É preciso que o clamor de todos aqueles que percebem que o futuro da sociedade passa pela verdadeira família seja ouvido pelos políticos que fazem as leis. O que está acontecendo é um verdadeiro "harakiri" social, promovido por aqueles que não entendem o que a família representa para a sociedade, exclamou o cardeal. Comentando a encíclica Evangelium Vitae do Papa João Paulo li, dom Trujillo alertou os congressistas que já não se trata mais de uma luta contra manifestações e atentados esporádicos contra a vida, mas uma verdadeira estrutura mundial montada por uma cultura da morte. Trata-se, disse, de uma conspiração

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muito eficaz organizada do que se faz às suas em poucos anos. Falarvidas, em nome de uma Entre todos se de legalização do falsa preocupação deos desafios aborto 30 ou 40 anos mográfica. Lembrou que se atrás provocaria um que Tertuliano, no iníenorme escândalo. Seapresentam cio do cristianismo, ria impensável que uma num mundo quase dois mil anos mudança de mentalidaatrás, já escrevia: "Não dilacerado de tão grande e grave cabemos mais na terentre ocorresse em tão poura!". Revelou dom culturas em Trujillo que o Vaticano co tempo de forma espontânea. conflito, ser tem elaborado alguns A primeira maniestudos de grande prouma Igreja festação dessa cultura fundidade sobre a quesdoméstica que não ama, mas teme tão demográfica, em significa não parceria com alguns a vida é a tentativa de transformar o delito, o viver apenas dos maiores especialiscrime, em direito. Os na superfície tas de Oxford, de Harmovimentos abortistas vard e da Sorbonne, das devoções que procuram, conforme chegaram à conde uma fé esclareceu o cardeal, clusão que tais preocuesconder-se atrás de rótão somente pações nada têm de tulos elegantes como sério ou de científico. //recebida" "pro-choice" ou "interCitou uma das conclumas preparar sões de alimentar uma rupção voluntária da na família a gravidez", mas na verpopulação cinco vezes dade trata-se sempre da opção por maior que o total atual eliminação voluntária da população mundial. Jesus Cristo de vidas inocentes. E Em função, portanperguntou ainda: "Coto, de estatísticas sem mo é possível que o lugar mais se- base científica, prega-se, segundo o guro do mundo, o útero da mãe, se cardeal Trujillo, o aborto, a esterilitenha transformado no lugar mais zação e métodos artificiais de toda perigoso?" Jamais a humanidade espécie, em lugar de uma conscienmanifestou um desrespeito tão gran- tização das famílias para a sexualide pela vida dos nascituros e dos dade. E alertou para o papel da Pasinocentes como em nossos dias. toral Familiar na educação para o A encíclica Evangelium Vitae, sexo orientado para o amor e para o segundo dom Trujillo, é o grande fortalecimento da comunidade famidocumento em defesa do pobres, dos liar. fracos, dos inocentes, daqueles que não têm como defender-se do atentaPeter Nadas

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FAMÍLIA E EDUCAÇÃO, Suely Rampazzo, Editora Santuário - 1996, 101 pg .

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Família é um fenômeno presente em todos os povos, em todas as épocas e por toda a extensão do planeta Terra. Fazê-la acontecer harmônica e equilibradamente é tarefa jamais concluída. Educação é um desafio constante. i1'l J Como ajudar seres livres a crescerem em comunhão sem 'J~~-~E~ sufocar personalidades e prevenindo quanto a desvios que llli não levam ao bom êxito da existência? Nesta obra a autora apresenta 12 artigos escolhidos sobre situações do dia-a-dia da família onde analisa o comportamento humano do ponto de vista da psicologia e da espiritual idade. É um material de grande ajuda para pais e formadores que se debatem com desafios na condução e na formação familiar. A autora é psicóloga, tendo trabalhado na área de Psicologia Clínica e, atualmente, exerce no Tribunal de Justiça a função de Psicóloga Judic iária, em Guaratinguetá, SP.

Faffilla eaca"o

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.EM NOME DOS PAIS E DOS FILHOS

Subsídios para uma catequese em família. José Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho, scj), Paulus - 1996, 202 pg.

O conhecido autor reúne nesta obra artigos que escreveu em várias revistas do país e acrescenta alguns inéditos. Fê-lo a pedido de casais seus amigos, casais com menos de 15 anos de caminhada, que queriam subsídios para uma catequese existencial. Os temas selecionados dizem respeito a assuntos do cotidiano desses casais. O autor deixa três perguntas e uma proposta de ação que um casal (ou grupo de casais) poderia fazer após a leitura de cada capítulo.

Lançamentos sobre a Família: • Ed. Paulus: Pe. Augusto César Pereira, PAPAl É DEMAIS! • Pe. Augusto César Pereira, O AMOR EXISTE! • Edições Ave-Maria: Charles Journet, O MATRIMÓNIO INDISSOLÜVEL.

• Jean Monbourquette, ABC DA COMUNICAÇÃO FAMILIAR, livros dos pais que não têm tempo de ler. • Edições Loyola: Raymond Misch, ALIMENTE O POTENCIAL DOS SEUS FILHOS.

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RUMO AO NOVO MILÊNIO - Caderno Popular para Grupos de Reflexão,CNBB, Editora Salesiana Dom Bosco, 1996, 40 pg.

Na programação do Projeto de Evangelização Rumo ao Novo Milênio, 1996 foi destacado como o ano da sensibilização. Dentre as muitas iniciativas já em andamento, desde o lançamento do Projeto, a CNBB editou este "'"""'"""""....~.w~ Caderno destinado, de modo particular, aos milhares de grupos de reflexão presentes em nosso país. Esses grupos são sementes fecundas de evangelização e espaços privilegiados no acolhimento do Evangelho como experiência de vida, de expressá-lo no cotidiano e de ajudar o cristão leigo no seu protagonismo de agente evangelizador. O Caderno consta de uma seqüência de roteiros para cinco reuniões mais uma Celebração de Encerramento.

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DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL, 1995-1998 (Documento 54 da CNBB em Linguagem Simplificada), Paulinas - 1996, 108 pg.

Desde a publicação do Documento 54 a CNBB não tem poupado esforços visando a implementação das Diretrizes a nível nacional. (As ENS, aliás, vêm se debrunt. çando sobre o Documento desde o Encontro Nacional ..__ _ _ __ _. de 1995). Esta versão simplificada não possui a autoridade do texto oficial , porém, procura conservar total fidelidade ao seu espírito . É criativa, dinâmica e, certamente, de mais fácil compreensão. Possa essa iniciativa servir para fomentar, ainda mais, o espírito criativo de tantos irmãos e irmãs empenhados no processo evangelizador do povo brasileiro.

Nota: Caso os nossos leitores não encontrem nas livrarias os livros sugeridos nesta seção, poderão solicitá-los, diretamente via reembolso postal (qualquer que seja a Editora) para: Santuário 1900, Caixa Postal 4, 12570-000, Aparecida, SP. Não precisa selar. No lugar do selo escreva: Taxa Paga. Se preferir, encomende pelo telefone (012) 565-2140.

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VIDA NA MORTE

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or que a morte, por que a morte, Senhor, Se puseste no coração do homem o desejo infinito da eternidade? Por que a morte, por que a morte, Senhor, quando da longa caminhada da vida apenas os primeiros passos foram trilhados? Por que a morte, por que a morte, Senhor, se ela magoa, violenta fere e destrói nossos sentimentos mais profundos? Por que a morte, por que a morte, Senhor, se também a choraste quando teu amigo Lázaro ela chamou? Por que a morte, por que a morte, Senhor, se nossos olhos choram lágrimas e nossa mente não entende o que se passou? E eu .ainda me questionava, assim sobre a morte quando me fizeste entender, Senhor, que ela não é o fim de tudo, mas apenas o começo da própria VIDA ! Desta VIDA verdadeira que nasce de TI e que conduz o homem ao seu pleno desabrochar ! Desta VIDA que não conhece derrota, que transborda de sua própria plenitude, e que dá sentido e objetivo às pegadas que deixamos pelos caminhos que percorremos !

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Desta VI DA que nos aguarda e para a qual nos dirigimos como as águas que deságuam no oceano que as envolve e acaricia ! Desta VIDA que não frustra e nem engana porque nascida dos valores que emanam da própria imortalidade de quem a criou. E é por isto, Senhor, que, embora magoado e ferido, meu coração te agradece a nova vida que a morte gerou ! Sei também que entendes as lágrimas choradas por que elas são apenas a saudade de uma amizade que não terminou ! Finalmente, Senhor, agora sei porque "todo aquele que crê em Ti,

ainda que esteja morto, VIVERÁ!" Ele vive, em Ti, a VIDA em PLENITUDE que reservas aos amigos que chamaste e que são TEUS!

João C. Mezomo (do livro "A Fonte das Águas Puras" - colaboração de Nancy Cajado Moncau)

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COMUNHÃO DOS SANTOS

epois de ter confessado "a Santa Igreja Católica", o Símbolo dos Apóstolos (Credo), acrescenta "a comunhão dos santos". Este artigo é, de certo modo, uma explicação do anterior: Que é a Igreja senão a assembléia do todos os Santos? Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros ... Assim, é preciso crer que existe uma comunhão dos bens da Igreja. Mas o membro mais importante é Cristo, por ser a cabeça ... Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz através dos sacramentos da Igreja. Como esta Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum. O termo "comunhão dos santos" tem, pois, dois significados, intimamente interligados: "comunhão nas coisas santas (sancta) e comunhão entre as pessoas santas (sancti)".

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enriquece ao ser compartilhado. A comunhão dos sacramentos: O fruto de todos os sacramentos pertence a todos os fiéis. Com efeito os sacramentos, e sobretudo oBatismo, que é a porta pela qual se entra na Igreja, são igualmente vínculos sagrados que os unem a todos e os incorporam a Jesus Cristo. A comunhão dos santos é a comunhão operada pelos sacramentos ... O nome de comunhão pode ser aplicado a cada sacramento, pois todos eles nos unem a Deus ... Contudo, mais do que a qualquer outro, este nome convém à Eucaristia, porque é principalmente ela que consuma esta comunhão.

Como esta Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum.

I. A comunhão dos bens espirituais

Na comunidade primitiva de Jerusalém, os discípulos "mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterA comunhão dos carismas. Na na, à fração do pão e às orações" comunhão da Igreja, o Espírito San(At 2, 42): to distribui também entre os fiéis A comunhão na fé. A fé dos fi- de todas as ordens as graças eséis é a fé da Igreja, recebida dos peciais para a edificação da IgreApóstolos, tesouro de vida que se ja. Ora, cada um recebe o dom de 48


manifestar o Espírito para a utilidade de todos. "Colocavam tudo em comum" (At 4, 32). Tudo o que o verdadeiro cristão possui, deve considerálo como um bem que lhe é comum com todos, e sempre deve estar pronto e disposto a ir ao encontro do indigente e da miséria do próximo. O cristão é um administrador dos bens do Senhor. A comunhão da caridade: Na "comunhão dos santos" "ninguém de nós vive e ninguém de nos morre para si mesmo" (Rm 14, 7). "Se um membro sofre, todos os membros compartilham o seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros compartilham a sua alegria. Ora, vós sois o Corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte" (1Cor 12, 2627). A caridade não procura o seu próprio interesse. O menor dos nossos atos praticado na caridade irradia em benefício de todos, nesta solidariedade com todos os homens, vivos ou mortos , que se funda na comunhão dos santos. Todo pecado prejudica esta comunhão.

Na //comunhão dos santos" //ninguém de nós vive e ninguém de n~s morre para SI mesmo".

te o próprio Deus trino e uno, assim como é'. A união dos que estão na terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo, de maneira alguma se interrompe; pelo contrário, segundo a fé perene da Igreja, vê-se fortalecida pela comunicação dos bens espirituais.

A intercessão dos santos:

Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e 11. A comunhão entre dos homens, Cristo Jesus. Por cona Igreja do Céu e a da Terra seguinte, pela fraterna solicitude Os três estados da Igreja. Até deles, a nossa fraqueza recebe o que o Senhor venha em sua majes- mais valioso auxílio. tade e com ele todos os anjos, e desA comunhão com os santos: truída a morte, todas as coisas lhe Veneramos a memória dos habitanforem sujeitas, ~lguns dentre os tes do céu não somente a título de seus discípulos peregrinam na ter- exemplo; fazemo-lo ainda mais ra, outros, terminada esta vida, são para corroborar a união de toda a purificados, enquanto que outros Igreja no espírito, pelo exercício da são glorificados, vendo 'claramen- caridade fraterna. Pois assim como 49


a comunhão entre os cristãos da terra nos aproxima de Cristo, da mesma forma o consórcio com os santos nos une a Cristo, do qual como de sua fonte e cabeça promana toda a graça e a vida do próprio Povo de Deus.

O menor dos nossos atos praticado na caridade irradia em benefício de todos, nesta solidariedade com todos os homens, vivos ou mortos, que se funda na comunhão dos santos. Todo pecado prejudica esta comunhão.

A comunhão com os falecidos: Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primeiros da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos ( ... ) e "já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados" (2Mc 12, 46), também ofereceu sufrágios em favor deles. A nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz a sua intercessão por nós .

... na lÍnica família de Deus. Todos os que somos filhos de Deus e constituímos uma: única família em Cristo, enquanto nos comunicamos uns com os outros em mútua caridade e num mesmo louvor à Santíssima Trindade, realizamos a vocação da própria Igreja.

Resumindo A Igreja é "comunhão dos santos": esta expressão designa primeiro as "coisas santas" (sancta), e antes de tudo a Eucaristia, pela qual "é representada e realizada a unidade dos fiéis que, em Cristo, formam um só corpo. Este termo designa também a comunhão das "pessoas santas"

(sancti) em Cristo que morreu por todos, de sorte que aquilo que cada um faz ou sofre em Cristo e por ele, produz fruto para todos. Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos defuntos que estão terminando a sua purificação, dos bem-aventurados do céu, formando todos juntos uma só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre à escuta das nossas orações.

Extraído do Catecismo da Igreja Católica (N° 946 a 957) 50


VIVER DE EsPERANÇA crise de nosso tempo é sobretudo de esperança, de onfiança. As guerras deixaram os homens sem futuro, inseguros, medrosos, ou desconfiados. Correm desabalados para o prazer, o dinheiro, a droga é a fuga. Não pensar, viver na Ilha da Fantasia, criar mil utopias e esquecer. Outros se firmam nos homens, em seus planos, programas, projetos, pensam ter adequado meios e fins e julgam poder descansar. É a parábola de Jesus. Deixam de lado o "fator" principal. Deus não entra nos planos dos homens e fracassam. As esperanças humanas muito cedo desiludem. Quando se perde a esperança, a vida mesma perde o sentido total. A esperança é a substância mesma da vida que sustenta seu vôo. O Evangelho é uma mensagem de esperança e não um sonho vago ou um delírio de poesia. Basta ler o cântico de Nossa Senhora e o de Zacarias. O povo Judeu vivia de esperança, embora tivesse "Esperanças Políticas". Também na "UTI" se vive de esperança. Esperam os médicos, as enfermeiras solícitas e os parentes que vigiam a noite inteira nos corredores. Esperam sobretudo os doentes, que jamais se curariam se não tivessem esperança. Seria trágico tirar de um doente a esperança. Mais não é trágico levantar o Espírito para um vôo maior que já não depende das condições do coração. Desejar a vida total em Deus.

O dia começa bem se algo se tem pela frente a realizar. Há tédio, amargura, ou preguiça em quem nada espera. Este, não projeta, não programa. Rotineiramente "Mata o tempo" e não constrói, falta motivação para o primeiro passo. Não vive, vegeta, vai para frente sem saber porque! Você planta porque espera colher, consciente de que depende do sol, da chuva, do solo e até da constância no trabalho começado. Se ensina espera que aprendam, se trabalha é porque sua família o solicita e a esperança de dar um pedaço de pão a seu filho sustenta a luta no calor do dia. O viajante espera o porto ou a cidade um dia. Está na rota ou na estrada e chegará lá. Os homens se alimentam de expectativas, recompensas que não duram horas. Trabalham em levantar castelos de areia junto ao mar bravio. Vivem na ilusão, colocam o coração no que não tem consistência alguma. Confiam em quem não merece. Também os que tudo têm à saciedade. Vivem ou não esperam mais nada (sem consciência de que há algo mais) e só lhes resta novas fugas. Vivemos de esperança e expectativas. Quais são elas? A frustração e o desespero são um mal mortal, mas podem ser superados. É a fé que abre novos caminhos. Muitos perderam os rumos e os reencontram.

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Deus não nos engana nas esperanças que suscita em nós e prometeu. Deus está comprometido conosco, tem a iniciativa - dá a vida e não a morte-seu amor perseverante não é arbitrário, mas justo misericordioso. A esperança cristã está toda em Deus pela Graça que nos vem de Jesus Cristo, pela sua cruz e ressurreição, pela intercessão de Nossa Senhora. "Santa Maria Mãe de Deus rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte". Nossa confiança está na fidelidade de Deus. Deus não nos engana nas esperanças que suscita em nós e prometeu. Deus está comprometido conosco, tem a iniciativa- dá a vida e não a morte - seu amor perseverante não é arbitrário, mas justo misericordioso. Ser fiel é não esquecer, não rejeitar, não hostilizar e sim lembrar-

se, acolher, perdoar. Assim é Deus conosco ... Deus não volta atrás. Nossa história é um traçado de esperanças que a seu tempo se realizaram. Hoje vamos recomeçar. "spera in Deo quoniam adhuc confitebor illi" ("Espero em Deus porque ainda eu hei de louvá-lo"). Caminhamos para frente na medida em que fortemente confiamos. Nossa esperança é a vida eterna. Em ultima análise queremos viver. A vida, que é eterna. Será o novo nascimento e vislumbramos como será!

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Pe. A. Aquino S. ]. (24.10.89)


ORAÇÃO DO LEIGO ./

O

Virgem Santíssima, Mãe de Cristo e Mãe da Igreja, com alegria e admiração nos unimos ao teu Magnificat, ao teu canto de amor reconhecido. Contigo damos graças a Deus, " cuja misericórdia se estende de geração em geração", pela maravilhosa vocação e pela multiforme missão dos fiéis leigos, que Deus chamou pelo seu nome para viverem em comunhão de amor e de santidade com ele e para estarem fraternalmente unidos na grande família dos filhos de Deus, enviados a irradiar a luz de Cristo e a comunicar o fogo do Espírito, em todo o mundo, por meio da sua vida evangélica . Virgem do Magnificat, enche os seus corações de gratidão e de entusiasmo por essa vocação e por essa missão . Tu que foste, com humildade e magnanimidade, "a serva do Senhor", dá-nos a tua mesma disponibilidade para o serviço de Deus e a salvação do mundo. Abre os nossos corações às imensas perspectivas do reino de Deus e do anúncio do Evangelho a toda a criatura. No teu coração de mãe, estão presentes os tantos perigos e os muitos males que esmagam os homens e as mulheres do nosso tempo. Mas estão presentes também as tantas iniciativas

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de bem, as grandes aspirações aos valores, os progressos feitos em dar abundantes frutos de salvação. Virgem corajosa, insp i ra-nos força de ânimo e confiança em Deus, para que sa i bamos vencer todos os obstáculos que encontramos no cumprimento da nossa missão. Ensina-nos a tratar as realidades deste mundo com vivo sentido de responsabilidade cristã e na alegre esperança da vinda do reino de Deus, dos novos céus e da nova terra. Tu que estivestes no cenáculo com os apóstolos em oração, à espera da vinda dó Espírito de Pentecostes, invoca a sua renovada efusão sobre os fiéis leigos, homens e mulheres, para que correspondam plenamente à sua vocação e missão como vides da "verdadeira videira", chamados a dar "muitos frutos" para a vida do mundo. Virgem Mãe, guia-nos e apoia-nos para vivermos sempre como autênticos filhos e filhas da Igreja de teu Filho e podermos contribuir para a implantação da civilização da verdade e do amor sobre a terra, segundo o desejo de Deus e para a sua glória. Amém .

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O

VELHO

nvivo, há algum tempo, com m "Velho", quase mudo, de ouca conversa, não muito simpático, mas de quem me tomei amigo íntimo. Não tão íntimo como gostaria. Ele é muito fechado e às vezes impenetrável. Sua amizade por mim, entretanto, já foi comprovada inúmeras vezes, não me faltou nunca. Ele é feio, narigudo, de nariz cravejado, olhos miúdos muito juntos, cabeleira rala e, ainda por cima, está sempre com um chapéu de origem indefinida: pode ser texano decadente ou nordestino sem destino. Conversamos muito, ou melhor, eu falo e ele escuta; só responde quando as coisas são de fato, importantes. Como somos ambos católicos, discutimos, nem sempre, assuntos de religião. No nosso último papo, sábado pela manhã, horário de aperitivo, inspiração à toda, perguntei a ele o que era "conversão". Vivem me dizendo que preciso me converter; no meu tempo de criança, só protestante precisava se converter.. . O "Velho" me olhou com olho triste e deve ter pensado que eu não estava mais na idade de fazer este tipo de pergunta. E aí, ele falou: -Meu amigo, vou lhe contar a parábola do "boomerang"- parábola dos tempos modernos : "Um homem ganhou, de um · amigo, um "boomerang" dos melhores, original da Austrália, último tipo. Não se sabe se ele não gostou do presente, ou não gostava muito do amigo. O fato é que vivia querendo

G

se desfazer do aparato e não conseguia. Morava numa bela casa, em frente à uma grande praça. Levantava bem cedo, ia para o jardim, olhava para a direita e, na tentativa de livrar-se do aparato, arremessava o dito cujo. Este, de alta qualidade, não tinha dúvidas: dava a volta em grande velocidade e, prontamente, retornava ao seu patrão. Dia seguinte, nova tentativa: jogava para a esquerda, lá vinha ele de volta, cada vez mais alegre. Acostumou-se a desafiar o seu dono; passou a fazer graça ... Vinha contente e, ao invés de cair nas mãos do indigitado proprietário, ia direto para a janela da casa, quebrando alguns vidros; no dia seguinte ia direto para a testa do arremessador. Este, já meio maluco e desesperado, encontrou, em meio ao sono, a solução, a esperança; nada como um bom travesseiro. Levantou-se ainda mais cedo, dia ensolarado, sol radioso, foi à frente da casa, apontou bem para o centro da praça, à toda a força, nem à esquerda, nem à direita. Partiu o rejeitado. Meio na dúvida, desviou-se de um poste, subiu para superar uma grande árvore, direita, esquerda, difícil, até que, "boomerang" medalha de ouro, virou para a direita, contornou toda a banda da praça e veio no pau .. . Pegou a direção da casa e foi direto, para rachar, com raiva. Bateu, caiu no chão. Olhou para cima ... Uma faixa dizia, presa bem na frente da casa: "Mudanças para o outro lado da praça."

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Ai está, meu amigo, a conversão; pode, mesmo, chamá-la de libertação. Imagine que o "boome" sejam seus erros ou, até, quem sabe, o tão deprestigiado pecado. Eles estão sempre presentes; são sempre os mesmos. Você é que deve mudar. Não adianta arrepender-se e não agir. Não adianta falar mal do cônjuge se nada é feito para melhorar

situações. Não fale mal do governo se você não sabe em quem votou. Não fale mal da Igreja, se você não participa. Converta-se! Fiquei pensando que o "Velho" é capaz de ser mais moço do que eu. Eq. 01 - C (Alphaville) Região São Paulo - SP 56


MEDITANDO EM EQUIPE Há muitas maneiras de encarar o casamento. Por isso mesmo há tantas opiniões sobre o seu sentido, as vantagens que oferece e os deveres que impõe. Sua concepção do casamento é cristã? Leitura: Evangelho de Mateus, 19, 3-11.

. ..... ... .. ..... ..... ... .. .. ..... ....... MEDITAÇÃO

• • • •

Sua idéia de casamento vem de Deus? Ponha essa idéia numa frase. Que vantagens lhe oferece essa idéia, e que obrigações lhe impõe? Compare com essa idéia a sua vida matrimonial. Agradeça, louve, peça.

. . . . . . . ... .. .. ... .. ... .. ... ... . ... .. .. .. ORAÇÃO LITÚRGICA: AGRADECENDO

Senhor, tu mereces meu louvor e toda a minha gratidão. Se a ti me achego na fraqueza, todo cheio de pecado, teu poder é grande e pode apagar as minhas faltas. Feliz quem tu escolhes e acolhes em tua casa. Que bom poder alimentar-nos à tua mesa. Tua justiça, tu nos mostras perdoando, Salvador. Tu és nossa esperança em toda terra, todo o dia, pois teu poder mantém os montes e as serras, põe limites para as forças do oceano e das ondas.

És tu que matas a sede da terra com as chuvas, fazendo os rios nas cheias da fartura: abençoas o sulco do arado, os grãos da colheita. E a terra canta alegre a bênção que derramas, sobre a roça, nosso pasto, nosso gado, vales e morros que se vestem dos teus verdes numa festa.

(FI. Castro sobre o Salmo 64)


Atitudes de Vida: • Procura Assídua da Vontade e do Amo r de Deus • Procura da Verdade • Vivência do Encontro e Comunhão

Equipes de Nossa Senhora M ovimento de Casais por uma Espi ritualidade Conjugal e Familiar Rua Lui s Coelho, 308 - 5º andar - cj 53 CEP: 01 309-000 São Paul o-SP Fo ne: (0 11 ) 25 6.12 12 Fax: (0 11 ) 257.3 59 9


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