ENS - Carta Mensal 327 - Maio 1997

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Equipes de Nossa Senhora Carta Mensal n°327 Maio/1997 EDITORIAL .. ..... .. ....... .... .. ............. .. O1

HISTÓRIASDANOSSAHISTÓRIA ..... 30

Conselheiro da EC IR ... .... ... ........... 02

M il Casais em Roma ... ................... 30

Aniversário das ENS no Brasil ....... . . 03

MARIA .... ....... ..................... .. ...... ... 31

CORREIO DA ERI ... .... ....... ...... ....... . 04

Maria em Minha História ............... 31

Carta da ERI ........................... ..... 04

O "Não" de Maria ....................... 33

Carta do CE Internacional ... .

. .. . 06

Nós Te Saudamos, Virgem Gloriosa .. 34

Notícias Internacionais ...... . .

. ... 08

PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO ... 2 8

A ECIR CONVERSA COM VOCÊS .. ... ... 09 VIDA NO MOVIMENTO .. ........... .... 1 2

Regra de Vida, um Depoimento ....... 3 5

ATUALIDADE ................................. 36 O Susto da Clonagem .. .. .............

O Aniversário de um Apóstolo. ....

12

Uma Família de Equipistas .. .... ... .

13

Agradecimento ... .......... ... . .

14

ENS pa ra Deficientes Auditivos

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36

TESTEMUNHO ....... ............. ...... ... ... 38 Do Brasil a Moçambique ................ 38 A Fortaleza que nos Vem da Fé ....... 39

FORMAÇÃO ........... .......... .. .. ...... ... 1 7 Correção Fraterna ..... .... ............ .... 1 7 Diáologo, Instrumento de União . ..... 20 Pentecostes .. .. .................. . .

.. .. 22

CAMPANHA DA FRATERNIDADE ..... .. 2 4 Fraternidade e os Encarcerados .. ....... 2 4

NOTÍCIAS EINFORMAÇÕES .. ...... ... . 2 8 Carta Mensal é uma publicaçüo das Equipes de Nossa Senhora

Wilma e Orlando S. Mendes Pe. Flávio Cavalca de Castro, CSsR (cons. espiritual)

Edição: Equipe da Carta Mensal

]omalista Responsável: Catherine Elisabeth Nadas (MTb 19835)

Silvia e Chico Pontes (responsáveis) Rita e Gilberto Canto Maria Cecília e José Carlos Sales

Capa, Composição, Diagramação e Ilustrações: F&V Editora Ltda. R. Venâncio Ayres, 931 - SP Fone: (011) 62.30 13

EACRES .......... .. ...... ...... ....... .. .. .. .. ... 40 NOSSA BIBLIOTECA .. ... ............. ..... 43 CARTAS DO LEITOR ... .. ........ .. ........ 44 REFLEXÃO ..................... ............ .. ... 46 Os Três Crivos ....... .. .................... 46 Faz Tempo que Te Conheço .......

46

Meditando Sobre o Evangelho de Marcos .................. 48 Fotolitos e Impressão: Edições Loyola Rua 1822, 347 Fone: (011) 6914. 1922 Tiragem desta edição: / 0.500 exemplares Cartas, colaborações, notícias, testemunhos e imagens devem ser enviadas para:

Carta Mensal R. Luis Coelho, 308 5° andar • conj. 53 cep O1309-000 São Paulo - SP Fone: (011 ) 256.1212 Fax: (0 11 ) 257.3599 A/C Silvia e Chico


Queridos irmãos de equipe, / atentos leitores da nossa Carta Mensal.

É sempre com o pensamento em vocês, é sempre com o intuito de lhes proporcionar um contato com o que vai acontecendo no nosso Movimento, é sempre com a vontade de acertar e lhes oferecer o melhor que nossa equipe da Carta Mensal se move nos trabalhos de cada edição. Estamos no mês de maio. Mês das MÃES, mês da nossa Mãe MARIA, Mês do Rosário, mês do aniversário do nosso Movimento. Para completar: o aniversário da Igreja, no dia de PENTECOSTES. Bastaria isso para ter mil motivos para celebrar, para juntos dizer obrigado ao Senhor. Na esteira da vida e dos acontecimentos, estamos explorando um pouquinho de cada um desses fatos, permeados de testemunhos, da vida do Movimento, de temas para a nossa formação e reflexão. Chamamos atenção para o tema do DIÁLOGO, abordado por alguns dos articulistas. Destacamos, ainda, a primeira Equipe de Nossa Senhora para nossos irmãos deficientes "FILHOS DO SILÊNCIO". Rezemos para que o coração do Movimento esteja sempre aberto para acolher outros tipos de experiências desafiadoras, e que o Senhor continue operando maravilhas em nosso meio. Na linha do testemunho, mais voltado para a superação das dificuldades na vivência e exercício dos pontos concretos, inclui-se a seção "PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO E PARTILHA". Para que isso possa ter continuidade, enviem testemunhos de métodos usados, de atitudes concretas alcançadas, enfim, como conseguimos vencer as barreiras. Como ainda chegaram muitas notícias dos EACREs, em especial relatando o encontro de balões com as mensagens soltadas ao vento, trazemos mais novidades relativas ao "ENCONTRARAM A NOSSA MENSAGEM" Enfim, na palavra de abertura desta edição, queremos deixar nossa mensagem de carinho, amizade e agradecimento a todos os casais e conselheiros espirituais pioneiros, que a partir de Pedro e Nancy Moncau permitiram ao Movimento se expandir pelo Brasil, e que nos legaram a todos a oportunidade ímpar de ser um dos seus membros. Com o nosso carinhoso abraço e sempre aguardando a manifestação e o apoio de todos, deixamos a vocês as páginas da nossa Carta Mensal. Silvia e Chico CR da Carta Mensal


Conselheiro da ECI~/ Queridos Casais e Conselheiros Espirituais! Paz e Bem! Neste mês de maio temos três razões fortes para louvar e agradecer a Deus os benefícios concedidos a todos nós. Celebramos a FESTA DE PENTECOSTES, o DIA DAS MÃES e os 4 7 ANOS DE EXISTÊNCIA DO MOVIMENTO DAS ENS NO BRASIL. Sem dúvida alguma, é tempo de graça! Jesus Cristo, ao nos deixar o Paráclito, dá-nos as forças necessárias para continuar a missão que Ele iniciou. Ao nos dar sua Mãe, "Mulher eis aí o teu Filho" (Jo. 19,26-27) , coloca a humanidade toda sob a proteção da Mãe, que nos acompanha com sua intercessão em todos os momentos e, principalmente, tem nos mostrado, durante estes 47 anos, o caminho, o método e a certeza de chegar a Deus. E nós? O que temos feito para corresponder a tanta graça, tanto dom? Como buscamos viver em plenitude tudo aquilo que a Igreja, através do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, nos proporciona? Quando completamos mais um ano sempre fica a expectativa do presente, projetando o futuro com alicerces no passado. Através da história sabemo~ de todos os avanços e recuos que são necessários na caminhada e, nesta percepção, vamos construindo o nosso "SER", com a graça de Deus que anima a vida e as ações do cristão, acentuando principalmente certos valores e procurando imprimir este espírito nas atividades ou setores da vida sócio-eclesial, na qual estamos inseridos. Discernir os sinais dos tempos e agir sob o "impulso, sopro" do Espírito Santo e sob a proteção de Mar!a, nossa Mãe, é estar aberto, disponível, comprometido com aMISSAO. Muito mais do que a "FESTA" de aniversário, a alegria e a festa do amor de Deus, que se revela em cada um de nós, deve ser motivo de celebração. Que busquemos sempre esta graça, convertendo-nos diariamente, entendendo o plano que Deus tem para cada um de nós. Parabéns, casais e conselheiros espirituais, pelos 47 anos de bênçãos, graças e, principalmente, pela solidificação do matrimônio e da família. Abraços e orações,

Pe. Mário José Filho ECIR 2


Aniversário das Equipes de Nossa Senhora no Brasil/ este mês de maio nós, casais e conselheiros espirituais das Equipes de Nossa Senhora, estamos de parabéns, porque é nosso aniversário. Comemoramos no dia 13 de maio os 47 anos de vida no Brasil. Mas, acima de tudo, precisamos agradecer a Deus pelo dom da vida de dona Nancy e doutor Pedro Moncau que, como verdadeiros apóstolos, tiveram a coragem de atravessar o oceano e ir buscar o Movimento das Equipes de Nossa Senhora no velho continente. Assim, na América Latina, floresceu por primeiro, em nosso país, essa oportunidade para os casais cristãos refletirem e vivenciarem uma verdadeira espiritualidade conjugal.

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O melhor presente que nós, equipistas, podemos oferecer ao Movimento e ao casal Moncau, é procurar viver de verdade esta espiritualidade conjugal, fazendo com que nossas vidas sejam vividas na direção do amor. Esperamos que o testemunho de cada casal seja transformador da nossa sociedade, para que ela seja mais justa e mais fraterna. Que o nosso perfume possa, a exemplo da "rosa", exalar de tal forma que até o cego o possa sentir. E quando, ao comemorarmos o grande jubileu do ano 2.000, sejamos de verdade casais e fallll1ias apaixonados pelo Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

PARABÉNS! PARABÉNS!

Maria Regina e Carlos Eduardo EC/R 3


Carla da ERI / "Deixemo-nos Conduzir pelo Amor de Deus"

Movimento das Equipes de Nossa Senhora é, como sabemos, uma comunidade de casais que querem viver todos os aspectos da sua vida sob o olhar de Deus: vida pessoal, vida de casal, vida de família, vida de fé, participação na Igreja e no mundo. Todos esses diferentes aspectos fazem parte integrante da vocação à santidade à qual somos chamados. No entanto, os casais das Equipes de Nossa Senhora não são os únicos que possuem esse ideal. O que os distingue mais especificamente dos outros é a proposta de vida, inspirada pelo Espírito Santo aos iniciadores do Movimento, e muito especialmente ao Padre Caffarel. Essa proposta de vida apóiase na vivência dos PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO e numa vida de equipe, cujo ponto forte é a reunião mensal. Esse programa de vida tem como finalidade ajudar-nos a nos entregar ao amor de Deus. Ele atua pessoalmente em nós e atua também no nosso casal, para nos fazer crescer no seu amor, para nos ajudar a viver plenamente esse amor e também para viver o amor aos outros. O sucesso crescente das equipes,já em 1947, fazia sentir uma exigência: dar ao Movimento, que se desenvolvia, e aos seus membros uma REGRA que lhes desse uma

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melhor compreensão, uma melhor interiorização da sua proposta de vida. Foram assim promulgados os ESTATUTOS, "a Carta das Equipes de Nossa Senhora". Foi a partir dela que o Movimento se construiu solidamente. Esse documento é causa e sinal da unidade do Movimento. A Carta contém a regra que as _ Equipes de Nossa Senhora propõem aos casais para ajudá-los a caminhar no e pelo matrimônio, bem como na unidade, rumo à santidade. A regra apresentada na Carta é uma regra de amor! Uma regra de amor inspirada por Deus, para nos ajudar a viver plenamente o amor em conformidade com a sua vontade, no nosso casal, na nossa família, com os outros casais de nossa equipe e com todos que nos rodeiam. É verdade que precisamos fazer esforços continuados para viver nesse espírito. Somos fracos e nossos esforços não são suficientes para caminhar em direção de nossa meta. Foi sobretudo o amor de Deus 4


que inspirou a Carta, tecimento de há dois que nos conduz a essa mil anos. É uma ocaA regra vida. Os nossos esforsião de nos abrir a essa apresentada ços de conversão, tenluz inesgotável que iluna Carta é tando viver o melhor mina uma história que possível os pontos conuma regra caminha para a plenicretos de esforço, a tude, em busca de "node amor, nossa participação reinspirada por vos céus" e de "novas gular nas reuniões terras", onde haja mais Deus, para mensais, a nossa projustiça e mais paz para cura de aprofundar nos ajudar todos. sempre mais a ajuda As igrejas dos dia viver mútua no seio da nosferentes países se preplenamente sa equipe, é ... a preparam para celebrar o amor em sença do amor de dignamente o Jubileu. Deus. Nossos esforconformidade Nós, membros das ços para viver a vida Equipes de Nossa Secom a sua de cada dia em connhora, como poderevontade. formidade com o mos celebrá-lo? CertaEvangelho, os equipismente, iremos particitas que nos apoiam e que nos aju- par ativamente das celebrações da dam com sua experiência, o estudo nossa Igreja. Os nossos Setores tame nossas reflexões comuns, as ora- bém, sem dúvida, vão tomar muitas ções são sempre ... a presença do iniciativas nesse sentido. Mas tamamor de Deus. Esse amor é tão bém podemos, individualmente e em grande que Ele nos deu o seu pró- casal, ser ativos durante esses temprioftlho! pos de celebração. Podemos nos esNeste ano de 1997, começamos forçar em procurar olhar o Cristo a celebrar a vinda do Cristo há dois de uma maneira renovada, numa mil anos entre nós. Mas atenção! tentativa de que a sua luz ilumine Celebrar esse jubileu não é simples- realmente a nossa vida. Por outro mente repetir a compreensão da lado, podemos nos olhar a nós mespessoa de Jesus que tivemos no pas- mos, rever com lucidez nossa atitusado, não é simplesmente exprimir de diante de Deus, procurar reconossa fé com fórmulas de ontem. É nhecer os nossos pecados, as nospreciso considerar o Cristo vivo sas omissões e procurar testemuhoje. Até o final dos tempos, cada nhar a nossa fé com novo vigor. dia será uma oportunidade para que Antes de tudo deixemo-nos o mistério de Cristo se revele mais conduzir pelo amor de Deus! intensamente e penetre com mais profundidade na história da humanidade. Acolher o mistério de CrisCidinha e Igar F ehr to não é apenas festejar um aconCasal Responsável da ERI 5


Carta do Conselheiro Espiritual Internacional O Diálogo

unidades monologantes. Mas, apesar dos pesares, sentimos necessidade de ter um ponto de referência, uma mão que nos acompanhe nesse labirinto, um eco, ainda que longínquo, que nos possa dar uma verdadeira resposta às nossas inquietações, ou às nossas palavras de amor, e que nos faça compreender o sentido dos nossos limites, das nossas fraquezas, das nossas tristezas e das nossas alegrias. Os Estatutos propõem-nos uma pedagogia permanente para chegar à descoberta do segredo do sucesso de tal conduta. Ensina-nos que há um meio de ultrapassar a solidão, convidando-nos a descobrir que existe um "outro" a quem nos podemos dirigir, com quem, em todas as circunstâncias se pode sair de si mesmo e encontrar a verdadeira e autêntica dimensão da pessoa humana, estar em "relação", estar "com os outros", estar "para os outros": a dimensão do "diálogo". Pois se "Deus criou o homem à sua imagem ... homem e mulher os criou ... " (Gn 1, 27), ele o fez porque pensou que "não é bom que o homem esteja sozinho" (Gn 2, 18) e também pensou: "é preciso que eu lhe faça uma auxiliar que lhe seja semelhante" (idem). Para lhe dar essa companhia necessária para o homem, "Deus formou do solo todas as feras e todas as aves do céu. E as apresentou ao

Uma leitura séria e aprofundada de nossos Estatutos, faz-nos descobrir as grandes intuições daqueles que, depois de alguns anos de experiência, tiveram a preocupação de nos indicar um caminho de santidade conjugal, graças à espiritualidade das Equipes de Nossa Senhora. Na Carta, descobrimos que q, diálogo se evidencia como u.m dos elementos essenciais para ultfã'jjãS'sar os estreitos limites do EU,.vara nos dirigirmos a Deus, ao n?sso cônjuge e aos irm~­ ptstas. Uma das piores pobrezas humanas é talvez a solidão. Uma mulher ou um homem sós são seres perdidos na aventura do cotidiano da vida. No dia a dia, ao longo de uma existência normal, esforçamo-nos por avançar na direção de uma certa plenitude pessoal, mas a realização de nossos projetos tem que ser feita num mundo que nos ataca com suas armadilhas, ou que se transforma num deserto árido com suas miragens enganadoras. A sociedade moderna, diz Lipovesky, no seu livro: "A era do vazio", inventou não só o indivíduo, mas também o isolou dos outros, dando-lhe como única missão a de se contemplar e se definir; tal sociedade consegue fazer com que grandes massas se dispersem em milhões de pequenas 6


homem Gn 2, 18casal cristão. 19) ... e Deus modeE a comunidade lou a mulher e apreda equipe ensin~-nos sentou-a ao hoa cultivar o DIALOmem ... " ( idem 22). GO COM OS OTIA Carta propõeTROS, " no amor franos, primeiramente, o terno, sendo cariDIÁLOGO ESSENnhosos uns com os CIAL, que é o_QIÁI Q outros, rivalizando GO COM DEUS. O na mútua estima. casal das Equipes de Quanto ao zelo, não Nossa Senhora tem sejam preguiçosos; como primeira tarefa a sejam fervorosos de O diálogo se oração, uma fo~ espírito, servindo ao evidencia falar cotlíl5ei~S e de Senhor. Sejam alecomo um dos escutar Sua PaÍanã, gres na esperança, Jesus Cristo. Através pacientes na tribulaelementos dessa escuta, o casal ção e perseverantes essenciais descobre um meio de na oração, Sejam para seguir o caminho que solidários com os ultrapassar o Evangelho convida a cristãos em suas netomar, "a fim de discessidades e se os estreitos tinguir qual é a vonaperfeiçoem na prálimites do EU, tade de Deus: o que tica da hospitalidapara nos é bom, o que é agrade" (Rm 12, 10 ss). dirigirmos dável a Ele, o que é Esse espírito de perfeito" ( Rm 12, 2). DIÁLOGO, que anima a Deus, Os Estatutos protodos os preceitos de ao nosso põem aos casais, tamnossa Carta, ajuda os cônjuge e aos bém como elemento casais que vivem com irmãos essencial, o DIÁLOum autêntico engajaGO CONJUGAL. A equipistas. mento o espírito e os Solidão a âois não exismétodos das Equipes te mais, e o sacramende Nossa Senhora a to do matrimônio torna-se fonte de escapar à perturbadora frieza do enriquecimento humano e sobrena- egoísmo estéril da solidão e os transtural, pois o diálogo faz entrar os forma em testemunhos da "luz verhomens e as mulheres unidos pelo dadeira, aquela que ilumina todo sacramento do matrimônio na dia- homem" (Jo 1, 9). lética trinitária, à imagem e semelhança de Deus. O diálogo do dever de sentar-se e o da oração conPe. Cristobal Sàrrias jugal são a base da harmonia do Conselheiro Espiritual da ERI 7


Notícias Internacionais Uma Equipe em Ruanda Foi grande a nossa emoção e alegria, quando, no Secretariado Internacional, recebemos, em janeiro de 1997, uma carta da equipe de Nossa Senhora de Ruanda! Em março de 1994, tínhamos iniciado as devidas providências para que um casal ruandês viesse ao Encontro Internacional de Fátima. Quando, em Ruanda abril, desencadeou-se o genocídio, perdemos todas as esperanças. A carta que recebemos este ano demonstra que a vida é mais forte, a fidelidade, a esperança ... A carta foi escrita por um outro casal, o casal responsável, e um padre italiano, o Conselheiro Espiritual: "A equipe é composta por seis casais fiéis ... " e indicam o nome de três deles ... "dois filhos e cinco órfãos adotados ... quatro filhos e dois órfãos que acolheram ... três filhos e a responsabilidade de nove órfãos! ... e mais adiante ... " Assinalamos que os homens de dois dos casais estão presos por serem presumíveis culpados do crime de genocídio e massacre. Há muito que se espera a audiência para que seja feita justiça. A onda de prisões arbitrárias e ilegais é assustadora". Depois de algumas informações sobre a vida da equipe, afirmam: "Ainda que o tecido social ruandês tenha sido ferido pela guerra, a reconstrução anuncia-se positiva e encorajaote. Evidentemente, o caminho a percorrer será longo e duro, mas os esforços dinâmicos a todos os níveis, parecem ser prometedores. E terminam: "Os nossos melhores votos" " UMWAKA MWIZA" A eles também, nossos melhores votos. Muito obrigado! Rezemos por eles. 8


A ECIR Conversa

com Vocês / " ... Nós vos pedimos, Senhor, que saibamos anunciar vossa Boa Notícia a todos, sempre dispostos a dialogar, em busca da verdade, respeitando a consciência, a liberdade e a cultura de cada um. Dai-nos forças, também, ó Pai, para buscar a unidade que Jesus desejou ardentemente". (Oração do Projeto Rumo ao Novo Milênio) (linguagem/símbolos), transformando-se mutuamente e à realidade que as rodeia. Às vezes, inconscientemente, nos comunicamos com o tom da palavra falada, as posturas do corpo, o silêncio. Os meios de comunicação social, a serviço de alguns poucos, manipulam desejos, emoções, frustrações. Quando esse modelo de

Queridos equipistas Ainda contagiados pela alegria dos EACREs, chegamos mais uma vez até vocês. Queremos continuar a reflexão sobre como renovar nossa missão de anunciadores do Evangelho e construtores do Reino de Deus. Destacamos o diálogo como uma exigência da nossa missão, porque cria as condições propícias para darmos testemunho de fé e anunciar Jesus como o Salvador de toda a humanidade. O Projeto ENS Rumo ao Novo Milênio contempla o diálogo no Movimento, na Igreja e no mundo. O diálogo nos remete à Comunicação, uma das nossas prioridades. A comunicação é fruto da necessidade básica da pessoa humana de expressar-se e relacionar-se. A comunicação acontece numa relação de diálogo. Serve para que, deliberadamente, as pessoas (e as realidades que elas trazem) se relacionem (partilhem) entre si, através das informações e conhecimentos

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nos remete à Comunicação, uma das nossas prioridades. A comunicação é fruto da necessidade básica da pessoa humana de expressar-se e relacionar-se. 9

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comunicação contamina as relações pessoais pode ser tudo, menos comunicação. Podemos concluir que commÍicação é trocar presentes e, juntos, fazermos festa. O presente está no fato de ser uma troca - no conforto mútuo, no toque, no estar interagindo, dando e recebendo. Só há verdadeira comunicação humana quando se comunica o que se é, e se abre ao acolhimento do outro, a ponto de se identificar com ele, sem dominálo. Às vezes, gostamos de colocar o nosso presente em cima do presente do outro, sem muita consideração, com provocação. Aí, perdemos a chance de avaliar o que estamos ganhando e de gerar a verdadeira comunicação. A partir dessa reflexão, notamos alguns sinais de dificuldades de comunicação no universo das Equipes de Nossa Senhora. Os Pontos Concretos de Esforço mais difíceis de serem vividos são, justamente, os que são realizados a dois: oração conjugal e dever de sentar-se. Algumas equipes/ setores I regiões experimentam desentendimentos porque não falam a mesma linguagem, ou fazem juízos apressados, ou ainda não fazem uma auto-crítica, mantendo opiniões e atitudes conflitantes. Em tempo de nova evangelização, em relação à comunicação I diálogo, quais as realidades que precisam ser transformadas? Nos Pontos Concretos de Esforço necessitamos de maior abertura a Deus e ao próximo? Cultivamos a conjugalidade?

Só há verdadeira comunicação humana quando se comunica o que se é, e se abre ao acolhimento do outro, a ponto de se identificar com ele, sem dominá-lo.

Na reunião mensal, como estão a Partilha, a Co-participação? E a correção fraterna? No Setor, como se encontram a informação e a formação do ser casal equipista, gerando o sentido de pertença? Há necessidade de mais reflexão, partilha, de valorização das idéias do outro? Como andam a linguagem e os meios de comunicação? Diante disso, o que fazer? Buscar conhecer-nos melhor, através de estudos e literaturas coerentes com a nossa fé. Exercitar-nos e motivar os demais a fazê-lo. Dar e pedir perdão. Nossa realidade de batizados leva-nos a participar das atividades paroquiais, das pastorais, do serviço ao próximo. Coloca-nos diante dos que são líderes de comunidades, dos que vivem carismas de outros Movimentos, e dos que só trazem 10


Uma Família de Equipistas/

equipe da Carta Mensal descobriu na cidade de Divinópolis, no Estado das Minas Gerais, uma farru1ia onde cinco filhos participam das equipes locais. São os filhos de Dona Geralda Ordones Lemos, viúva, sendo que um deles é o Padre Ordones, Conselheiro Espiritual da Equipe 3. Os demais filhos e noras formam os seguintes casais: a. a filha Aparecida e o genro Saleh, da Equipe 1 b. a filha Helena e o genro Glaéder, da Equipe 2 c. o filho Francisco e a nora Rose, da Equipe 4 d. o filho Fernando e a nora Meire, da Equipe 5 Na foto apresentamos os equipistas desta família feliz, rodeando a querida mamãe Geralda, a quem agradecemos e homenageamos, pelo belíssimo testemunho de construção de uma farru1ia cristã. Na pessoa de Dona Geralda, saudamos a todas as mulheres que souberam fazer da sua maternidade um instrumento de santificação familiar, e plantaram, no coração dos filhos, a semente do amor a Deus, e que por isso podem realmente merecer o título de MÃE!

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Agradecimento/

omos 28 religiosos entre padres, diáconos e estudantes de filosofia e teologia; formamos a Comunidade dos Freis Agostinianos Descalços do Seminário Santa Rita dos Impossíveis, no Rio de Janeiro. A exemplo da Igreja primitiva, seguimos o ideal de Santo Agostinho, procurando, em comunidade, encontrar e amar a Deus: "o motivo essencial porque estais reunidos em comunidade, é que vivais unânimes na casa e tenhais unidade de mente e de coração, orientados para Deus" (Regra n° 03). A caridade, alma de nossa vida comunitária, leva-nos a exercer atividades pastorais, tais como: catequese, trabalho com jovens, pastoral vocacional, cursos e palestras de formação, acompanhamento a movimentos eclesiais e, nestes últimos anos, uma dedicação especial ao movimento d.as ENS. De fato, aos poucos, muitos de nós passaram a ser conselheiros espirituais de ENS, mesmo não sendo padres, atendendo ao convite do

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Casal Responsável do Setor "D". Isso nos tem ajudado muito no crescimento pessoal e também em nossa vida comunitária, pelo fato de que a espiritualidade das ENS é semelhante à nossa: nas ENS, as famílias tentam formar uma comunidade que busca viver num só coração e numa só alma dirigidos para Deus; nós, comunidade religiosa, queremos formar uma família, que procura viver este mesmo ideal. Nossa comunidade agradece, de todo o coração, também, a generosa colaboração recebida das ENS que decidiram destinar o seu dízimo para a formação de fúturos padres e escolheram por primeiro, o nosso Seminário. Pedimos as suas orações pela nossa perseverança e garantimos a nossa constante lembrança nas nossas. Fraternalmente,

Comunidade dos Freis Agostinianos Descalços Rio de Janeiro 14


ENSpara

Deficientes Auditivos/

a edição no 315 de dezembro/95, à página 29, noticiamos o início da Experiência Comunitária para casais surdos que aconteceu no dia 02.09.95, em Manaus (AM). Agora, graças as orações dos equipistas e à intercessão da Virgem do Silêncio, com muita alegria informamos que essa Experiência Comunitária se transformou na Equipe 7 - N. S. do Silêncio. Esse acontecimento ocorreu num clima de festa, alegria e espiritualidade no EACRE de Manaus/97, durante a celebração · Eucarística. A experiência é inédita. Os casais estão felizes por pertencerem ao Movimento das ENS e o Movimento "exulta de alegria" ao acolheresses nossos irmãos em seu seio.

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A tradução da Missa para a "língua dos sinais" , deixou a todos comovidos principalmente ao vê-los "cantarem com as mãos", quando se viu um novo Pentecostes ("Cada um ouvia falar em sua própria língua"). 15


A tradução da Missa para a "língua dos sinais" feita por Sílvio (surdo) e Yara (ouvinte), deixou a todos comovidos principalmente ao vê-los "cantarem com as mãos", quando se viu um novo Pentecostes ("Cada um ouvia falar em sua própria língua"). O casal piloto Stella e Alencar e o Conselheiro Espiritual Pe. Carlos, da equipe 2- N. S. Aparecida, agradecidos a Deus pela escolha, pedem as orações mais uma vez de todos os irmãos equipistas para que possam ser instrumentos d'Ele e co-

laboradores de Cristo na realização do milagre do éfeta.

Stella e Alencar Equipe N. S. Aparecida 2/A Manaus (AM) Casal Piloto - Equipe 7 N. S. do Silêncio Nota da Redação: Pelo que fomos informados, o Padre Carlos, para melhor conhecer e orientar esta Equipe, há 6 meses vem estudando a linguagem dos gestos.

Oração dos Casais Surdos à Nossa Senhora do Silêncio • Ó Virgem do Silêncio, eis-nos aqui.

• O Espírito, no silêncio, gerou em ti o Verbo que se fez carne para morar entre nós, • E no silêncio, esperaste que o projeto de Deus se tornasse realidade, "guardando todas as coisas no teu coração". • Virgem Santíssima, que nós possamos aprender contigo a "ouvir" com o coração e possamos transmitir fé, esperança e amor aos nossos irmãos. • Ajuda-nos a contemplar, no silêncio, o amor silencioso de Deus Pai que nos criou, de teu filho Jesus que, no silêncio, padeceu e morreu por nós e, do Espírito Santo que, no silêncio, nos faz revelar a todos o Deus de amor que habita em nós. • Queremos aprender contigo, ó Mãe, o amor, o serviço, a disponibilidade e como tu, no silêncio, cantarmos o nosso MAGNIFICAT! 16


Correção Fraterna Exhafos da palestra de d. Nancy Moncáu, por ocasião do EACRE da Região São Paulo Sul 11

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tema da Correção Fraterna tem uma amplitude muito grande. Praticamente abrange toda nossa vida. Como pais, fazemos correção fraterna, assim como em equipe, e também no nosso trabalho. A palavra fraterna está muito bem empregada, pois se nós todos nos consideramos filhos do mesmo Pai, remidos e santificados pelo nosso grande irmão, Jesus Cristo, então todos somos irmãos e a palavra FRATERNA é a mais adequada. Numa de suas reflexões, diz o dr. Pedro Moncau: "Ninguém sabe até onde Deus pode conduzir uma alma que se deixa modelar por Ele". Deixar-se modelar é abrir o nosso coração a Deus para receber as suas graças, as suas luzes, a sua inspiração. "Sem Mim nada podeis fazer". Mas para que Ele penetre em nosso coração e aí transforme aqueles pontos necessários é preciso abrir espaço para que Ele possa entrar. E nós temos o coração tão cheio de preocupações, de projetos, de coisas que queremos realizar que esquecemos de abrir esse espaço a Deus, darLhe esta oportunidade. Porque Deus não faz nada sem nosso consentimento. Olhando a História, vemos a figura de Abraão, que foi convidado por Deus a deixar sua terra e ir para onde o Senhor lhe indicasse, 17

para o desconhecido, para "uma terra que Eu Lhe mostrarei". Foi um SIM total. Ele deixou tudo para fazer a vontade do Senhor. Quando 'Deus quis enviar à Terra seu Filho, Ele também precisou do SIM de uma mulher. Porque Maria disse SIM, a Redenção se fez. Deus não age em nós sem nossa permissão. Mas Ele também tem suas exigências. Ele é um Pai que aparece muito bem descrito na parábola do filho pródigo. Ele respeitou a liberdade do filho, porque a liberdade é um dos três grandes dons que Deus deu ao homem, por ocasião de sua criação: o dom da inteli-


gência, o dom da liberdade e o dom da capacidade de amar. Nós também somos esse filho pródigo, porque somos pecadores. E toda vez que nos levantamos de uma falta e nos arrependemos, toda vez que voltamos para o coração do Pai, nós O encontramos aberto para nos receber com todo o carinho. Sentimos essa exigência, também, na atitude de Jesus com os fariseus, quando os chama de "sepulcros caiados". Foi severo com muitos outros, mas foi magnânimo com o pecador que se arrepende. Até com Pedro, que O havia negado, Jesus o acolheu e isto não O impediu que fizesse dele o chefe de sua Igreja. Outro aspecto da exigência de Deus, nós encontramos no Apocalipse: "Porque és morno, não és frio nem quente , eu te vomitarei". Deus até aceita o frio, pois aquele que não O aceita um dia poderá converter-se, mas o morno comete um grande pecado: fecha o coração à graça de Deus. Pensando nas nossas Partilhas, é muito fácil ser morno sem perceber. Quando fazemos os Pontos Concretos de Esforço mais ou menos, porque a reunião de equipe está próxima, mas estes pontos são cumpridos apenas como normas, quando nos contentamos com a mediocridade em que, às vezes, nos encontramos, então somos mornos. Cabe aos Responsáveis de equipe, aos Conselheiros Espirituais, não permitir que os casais sejam mornos, mas sejam profundamente verdadeiros em sua vivência cristã, na

hora do testemunho. E é difícil testemunhar no mundo. Quantas vezes, numa reunião, nos calamos quando ouvimos relatar um fato que é contra os princípios do Evangelho, e não ousamos contradizer e defender o que Cristo nos ensinou. É fácil sermos mornos. Seria bom, no dever de sentar-se, fazer um ao outro a pergunta: "Será que a nossa vida cristã está sendo

As três atitudes de vida começam com os verbos: CULTIVAR (a assiduidade em nos abrirmos à vontade e ao amor de Deus); DESENVOLVER (a capacidade para a Verdade); AUMENTAR ( a capacidade de encontro e comunhão). Esses verbos dão a idéia de uma marcha progressiva; não é de repente que se muda, mas aos poucos. 18


mesmo impregnada pelo amor de Deus? Será que é pelo espírito do Evangelho que estamos tendo esta ou aquela atitude diante deste ou daquele fato? Como estamos correspondendo à graça recebida ?" Deus quer que sejamos santos. "Sede santos, porque Eu, vosso Deus, sou Santo". Esse recado Ele manda a seu povo através de Moisés. E isso Ele diz àquele povo rude que havia saído do deserto há pouco tempo e conservava ainda aqueles costumes bárbaros que vemos no Antigo Testamento, um povo que procurava servir a Deus mais por medo do que por amor, um povo que, muitas vezes, se afastou de Deus e Ele precisou castigá-lo duramente para que retornasse ao bom caminho. Cristo repete a mesma idéia: "Sede perfeitos porque Vosso Pai do céu é Perfeito ". As três atitudes de vida começam com os verbos: CULTIVAR (a assiduidade em nos abrirmos à vontade e ao amor de Deus); DESENVOLVER (a capacidade para a Verdade); AUMENTAR ( a capacidade de encontro e comunhão). Esses verbos dão a idéia de uma marcha progressiva; não é de repente que se muda, mas aos poucos. Esta sabedoria de Deus inspirou estas três atitudes do cristão. Elas dão a idéia de continuidade, de um trabalho perseverante para alcançar a perfeição. Para isso Deus nos modela. Somos instrumentos imperfeitos. Deus modela de várias maneiras: pela sua Palavra, escrita e falada; modela19

nos pelos acontecimentos tristes e alegres; Ele nos modela pelos seus dons, pela sua graça; e nos modela, também, pela correção fraterna, essa correção que decorre da nossa responsabilidade como pais, em relação aos nossos filhos; responsabilidade como responsáveis de equipe do Movimento, em relação aos equipistas; responsabilidade como profissionais, em relação aos que dependem de nós; e da nossa responsabilidade de cristãos. Nossa ação de correção fraterna baseia-se totalmente na humildade. Não é autoritária, não é enérgica, não se impõe. É o amor que a conduz. Humildade dos dois lados: de quem fala ( porque sabemos que também somos pecadores, mas sabemos que naquele momento podemos fazer nosso irmão enxergar um pouco mais claro a situação que ele está vivendo); humildade de quem ouve, para aceitar o que o irmão está dizendo para o nosso bem. A correção fraterna baseia-se no amor, e, sendo feita com amor, certamente será bem recebida, porque o amor abre as portas, facilita os caminhos, justifica a nossa intervenção. Amar é querer o bem do outro e é preciso ir ao seu encontro e dar a ele o que precisa receber naquele momento. É preciso exercer a capacidade de discernimento para enxergar a necessidade do irmão. Tudo isso entra na correção fraterna. Enfim, a correção fraterna, embora possa ter outros nomes, é o exercício do Amor que se faz durante toda a nossa vida.


Diálogo, Instrumento de União ada vez mais se desenvolvem e se aperfeiçoam os meios de comunicação. Já começam a virar peças de museu o que há alguns anos era a última novidade. Telefone de magneto, rádio de válvulas, televisor preto e branco, etc., tornaram-se personagens de um passado obsoleto, ofuscados pelo fascínio dos recursos da linguagem computadorizada e Internet. Observa-se porém, que nessa avalanche de produção comunicativa, fala-se muito sem dizer nada, de temas sem sentido ou de gosto duvidoso, muitas palavras vazias para ocupar espaços na mídia, com o precário registro do pouco que se ouviu. Quando se esperava que os que estão juntos, os que passam horas, dias e anos convivendo sob o mesmo teto, partilhando das mesmas alegrias e problemas, conversassem e se comunicassem mais, constatamos exatamente o contrário: a proximidade estabelece distâncias, a intimidade provoca estremecimentos, a convivência cansaço. Por desdobramento, vizinhos mal se cumprimentam, companheiros de trabalho não se falam, os passantes se tornam figurantes do cenário de nossas ruas. A distância entre as pessoas poderia se tornar cada vez maior, se Deus deixasse a história rolar e não enviasse seu Filho - a Palavra - para

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Para o diálogo não existem limites ou parâme tros. Ele se alimenta da vida, da história de cada um e aproxima as pessoas numa relação solidária, agilizando o processo de inte ração, principalmente entre aqueles que partilham dos mesmos espaços e do mesmo modo de proceder ou agir, sem nivelar, padronizando o que é pessoal, mas tornando possíveis e necessárias as diferenças. 20


potenciar o ser humano à redescoberta de sua performance original, quando, na visão paradisíaca, com a brisa da tarde, Criador e criatura conversavam, com aquela familiaridade de uma paz envolvente, dimensões de um diálogo incompatível para a lógica racional moderna. Na busca dos celulares, a necessidade da comunicação, de pontuar relações, conferir dados. Tudo isso pode ser por demais enriquecido, se for aberto um espaço para o diálogo. O diálogo não tem por objetivo discutir ou convencer através de um debate. Nem também estabelecer uma conversa inconseqüente. Trata-se de uma exposição, uma opinião pessoal, sem outra intenção senão a de se fazer entendido, e para isso, colocar-se na posição do outro e no outro se ver e ouvir. De igual forma, acolher o que o outro deseja passar, sem a preocupação de se defender ou contestar, simplesmente acolher, sentindo o que ele sente ou deseja passar, sem medo de se deixar levar ou ficar influenciado: que ela se revele naquilo que quer dizer. Os desdobramentos posteriores pouco interessam. O importante é a união que se estabeleceu pela troca e comunicação, o sentimento devalorização mútua, pelo simples fato de um deixar que o outro penetre no seu mundo interior, sem cobranças, expectativas ou comprometimentos. Para o diálogo não existem limites ou parâmetros. Ele se alimenta da vida, da história de cada um

e aproxima as pessoas numa relação solidária, agilizando o processo de interação, principalmente entre aqueles que partilham dos mesmos espaços e do mesmo modo de proceder ou agir, sem nivelar, padronizando o que é pessoal, mas tornando possíveis e necessárias as diferenças. Por mais que se queira uniformizar comportamentos, hábitos e atitudes, sempre será preciso estar aberto ao que é original e distinto, uma atitude de acolhida que leva à aproximação das pessoas, quaisquer que sejam suas condições sociais. Não há porque exorcizar a mídia e as matérias das revistas e jornais. A grande verdade está no interior do ser humano: é ele que vai escrevendo o destino da história, sendo capaz de estabelecer pontes, vínculos e elos de uma cadeia solidária, porque o outro já não se reduz a um figurante anônimo, a um número de registro. Quando ele se abriu, falou de si e o outro o acolheu e ouviu, começou a ter uma nova existência. É isso que nas famílias se ensaia e representa, consolidando a união e cumplicidade daqueles que se querem bem e por isso mesmo são capazes de amor e perdão. Só e ama e se perdoa, verdadeiramente, quando se conhece o outro e seus sentimentos. Tudo o mais é figuração ...

Pe. Paulo D'Elboux, S.]. Conselheiro Espiritual de equipes de São Paulo e Rio de Janeiro 21


Pentecostes / "Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes Ele: 'A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós'. Depois destas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo'." (João 20,19-22)

à tardinha. As portas fechadas mostram um aspecto negativo (o medo dos discípulos) e um aspecto positivo (o novo estado de Jesus ressuscitado, para o qual não há barreiras). Jesus se apresenta no meio da comunidade (é mais uma referência ao contexto eucarístico do trecho) e saúda os discípulos com a saudação da plenitude dos bens messiânicos: "A paz esteja com vocês!"(shalom). E a mesma saudação de quando Jesus se despediu

ão João inicia o tex_to situando a cena no tempo. E a tarde do domingo de Páscoa. Para os judeus, já havia iniciado um novo dia. Para João, contudo, é ainda o dia da ressurreição, a nova era inaugurada pela vitória de Jesus sobre a morte. Aliás, segundo o evangelho de João, todo dia é dia de Páscoa; todo dia é dia da vitória sobre a morte. A referência à tarde de domingo reflete a práxis cristã de celebrar a Eucaristia no dia do Senhor,

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Por sua morte e ressurreição ele se tornou o vencedor do mundo e da morte. E por isso pode comunicar a paz, que é plenitude de bens. E, portanto, a saudação do vencedor que ainda traz em si os sinais da vitória nas mãos e no lado (versículo 20). É a saudação do Cordeiro, do qual a comunidade irá alimentar-se. A saudação de Jesus deixa um programa para os discípulos: atingir a paz, que é a superação de toda injustiça que causa a morte.

(cf.14,27). Por sua morte e ressurreição ele se tornou o vencedor do mundo e da morte. E por isso pode comunicar a paz, que é plenitude de bens. E, portanto, a saudação do vencedor que ainda traz em si os sinais da vitória nas mãos e no lado (versículo 20). É a saudação do Cordeiro, do qual a comunidade irá alimentar-se. A saudação de Jesus deixa um programa para os discípulos: atingir a paz, que é a superação de toda injustiça que causa a morte. Os discípulos estão de portas fechadas. São uma comunidade medrosa, pois ainda não possuem o Espírito de Jesus. O medo é um freio que bloqueia a tarefa de testemunhar o Cristo ressuscitado. Jesus, presente nesta comunidade, transforma totalmente a situação, capacitando-os a serem anunciadores da vitória de Jesus sobre os mecanismos de morte. A reação da comunidade é a alegria, que ninguém, de agora em diante, poderá suprimir.

Pe. José Bortolini Jornal Santuário de Aparecida 25131 de maio de 1996 23


A Fraternidade e os Encarcerados/ Entrevista com Dr. João Benedito de Azevedo Marques Secretário da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo

Quais constatações, a seu ver, nós, como cristãos, devemos ter diante desta solicitação da Campanha da Fraternidade? -Como cristãos precisamos ter consciência que estes homens, os presos, foram condenados pela justiça dos homens, justa ou injustamente. Não são filhos de Marte nem da Lua, são filhos da nossa sociedade, das nossas cidades. São frutos das condições sociais existentes em nosso meio. Quais são os níveis de educação, formação, social destes presos? - O preso· condenado foi mal formado, porque não teve educação para respeitar as normas mínimas de convívio social. Muitas vezes freqüentou nossas escolas, públicas ou particulares. Perdeu-se, nos ambientes de injustiça, na periferia, nas farm1ias separadas, sem respeito aos valores éticos ou morais ... Ao ser preso e ir para dentro das muralhas da penitenciária, não deixa de ser filho de Deus, nosso irmão, que não perde a cidadania. Apesar de recluso, continua um cidadão.

dade dos presos, muitos dos quais não tiveram oportunidades na sua vida. Numa sociedade violenta, como a de hoje, muitos devem ter sofrido suas conseqüências em nossas cidades. -Assaltos, sequestras, assassinatos, crimes sexuais violentos ...... Temos o hábito de apontar o dedo, de ver a trava no olho do irmão sem sentir o cisco na nossa vista. E a primeira reflexão para mudar a postura diante desta realidade, vamos buscar no Evangelho segundo João 8,7 : " Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra".

Como aceitar esta proposta da Igreja, "Fraternidade para o encarcerado", quando inúmeras vezes somos vítimas da violência? - Temos obrigação social de tentar mudar o caráter, a personali24


Qual a situação da população carcerária no Estado de São Paulo, sabendo-se que existem no Brasil ao redor de 130.000 presos para 55.000 vagas?

cia social. Os entorpecentes são fatores devastadores da sociedade. Especialistas em comunicação analisam o total de mortes que uma criança vê na TV diariamente. Quantos tiros, são disparados em uma hora de TV ? É a cultura da violência.

- Sob a responsabilidade da nossa secretaria, espalhados em 42 penitenciárias, masculinas e femininas, existem 34.000 presos. Mais 30.000, nos distritos policiais e cadeias públicas. A Organização das Nações Unidas sugere prisões para o máximo de 600 pessoas. Só na Penitenciária do Carandiru, em São Paulo, estão 6.400 detentos, quando a sua capacidade é de 3.200. O dobro! Além deles, mais 1000 funcionários. Há de tudo! Imaginem toda esta população junta, com penas variáveis de 5 a 100, 150 anos de reclusão. Tudo acontece ... Este é o lado trágico, doloroso da questão. Sobretudo se pensarmos que 25.000 destes encarcerados deveriam estar cumprindo penas alternativas, trabalhando e produzindo em regime semi-aberto, devolvendo seu débito para com a sociedade, interagindo com a comunidade.

O Sr. teria um índice da população que visita a Casa de Detenção de São Paulo? - Outro drama terrível! Num fim de semana, até 24.000 pessoas visitam os Pavilhões da Casa de Detenção; pais, mães, filhos ... , num mundo em que nós temos nossa parcela de culpa e de responsabilidade como cristãos- quem já visitou um preso, já foi a uma penitenciária, já estendeu a mão à família do preso, aos filhos do preso?

Qual mensagem positiva o Sr. nos daria e como nós cristãos poderíamos colaborar para minorar este problema? -Uma boa parte das penitenciárias funciona razoavelmente dentro dos padrões internacionais da ONU. O preso estuda, tem formação, qualificação profissional- Ver para crer - Hoje, março de 1997, na estação Júlio Prestes, há uma exposição do que se produz dentro de um sistema penitenciário evoluído; 18.000 presos trabalham em serviços diversos,tais como: construção civil, eletricidade, marcenaria, encanamentos, confecção de móveis de cana da Índia de excelente qualidade, bolas de futebol usadas até na Copa do Mundo, fabricação de ca-

Como o Sr. vê a influência da Tv, da mídia escrita e falada, da evolução do mundo moderno, no comportamento do indivíduo hoje? - Desgraçadamente a sociedade abandonou os valores éticos e morais e a criminalidade cresceu. Em 1950 a cidade de São Paulo era tranquila, os delitos maiores eram bater carteira, o conto do vigário, crimes passionais ou emocionais. Hoje, os delitos são violentos, agressivos, inadequados à convivên-

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c Num fim de semana, até 24.000 pessoas visitam os Pavilhões da Casa de Detenção; pais, mães, filhos ... , num mundo em que nós temos nossa parcela de culpa e de responsabilidade como cristãos quem já visitou um preso, já foi a uma penitenciária, já estendeu a mão à família do preso, aos filhos do preso? deiras de rodas. É o chamado regime semi-aberto. Trabalham em empresas, nas cidades onde as penitenciárias estão localizadas, e à noite e fins-de-semana recolhem-se nas prisões. Ao redor de 5000 estão nesta condição, ganhando um salário ou pouco mais! O preso cumpriu a pena, foi profissionalizado, tem um diploma, sai, atravessa as muralhas, volta para a sociedade para buscar em-

prego e uma nova vida. Está feliz. Porém, consta nos seus documentos que é ex-detento. Isto é uma dramática realidade. Ele cumpriu sua pena, seu débito com a sociedade, mas há uma grande parcela que discrimina, fecha as portas. E o que ocorre? A reincidência ...... É um círculo vicioso. Não há recuperação na reclusão forçada.

Qual seria a sua consideração final, como cristão, como família e homem público? - Será lançada, proximamente, uma idéia de Cooperativas- Cebrai - Nova Vida - para ajudar o preso a mudar de vida, assumindo nova posição social. A Campanha da Fraternidade enfoca todas estas questões e também nós, cristãos, podemos participar, colaborar, ajudar a minorar o problema - Exigese sublimação, perdão, tolerância, compreensão, a partir do reconhecimento das nossas próprias falhas. Exemplo de ajudas possíveiscomprar os diversos produtos feitos pelos presos. Outra ajuda a ser prestada por profissionais liberais dispondo de seu precioso tempo - educadores e professores, advogados, médicos -lembremo-nos que 65% da população carcerária pode estar contaminada pela Aids- Ainda podemos trabalhar com as farm1ias dos presos. Para o sucesso da recuperação do ex- presidiário podemos incentivar na colocação e fixação em diversos postos de trabalho. Só há uma maneira de sermos felizes na vida- é fazendo os outros felizes. Temos de dar a mão 26


pensando no muito que recebemos de nossos pais e mestres, amigos, que nos auxiliaram nas nossas dificuldades. Temos de dar a mão a estas pessoas carentes, caso contrário não seremos coerentes com nossa fé. Vamos ser cobrados no juízo final quando não haverá mais apelação. Uma das lições de Jesus: "Estive preso e me visitaste" ... E nós? É importante nos conscientizar de que precisamos ter este compromisso com os irmãos que estão lá dentro, tendo-se em conta que o peso da justiça penal recai na sua grande e imensa maioria em indivíduos marginalizados socialmente. Toda pessoa é maior que sua culpa e é recuperável. Estamos todos convidados a conhecer os estabelecimentos prisionais de São Paulo. A sociedade precisa discutir racionalmente como conviver com a criminalidade, que assume formas cada vez mais violentas. É preciso separar o joio do trigo - Banalização do fator vida - Problema da arma- Campanha do desarmamento - Morrem centenas de pessoas por motivos banais. Estas questões são para serem refletidas nesta Campanha da Fraternidade. Vamos enxergar o que há dentro das prisões - são seres humanos, presos e funcionários, são cidadãos, porque não perderam a cidadania e são filhos de Deus e nossos irmãos, por piores, mais hediondos ou mais graves crimes que tenham cometido. Ficam aqui minhas preocupações. A sociedade não pode fechar

A sociedade precisa discutir racionalmente como conviver com a criminalidade, que assume formas cada vez mais violentas. É pre ciso separar o joio do trigo Bana lização do fator vida Problema da armaCampanha do desarmamento Morrem centenas de pessoas por motivos banais.

as portas, precisa colaborar. "O perdão é o caminho para que o verdadeiro amor floresça, se não o praticamos seremos incapacitados no amor. Conforme perdoamos, seremos perdoados."

Entrevistadores: Stella e Celso Siqueira - CRR São Paulo - Capital, por ocasião do Eacre da Região 27


Vaticano Inaugurou Página na Internet /

1-

A Igreja Católica inaugurou, no domingo de Páscoa, a versão definitiva de seu "site" na Internet. As páginas já haviam funcionado provisoriamente pela primeira vez na época do Natal de 1995, quando foram acessadas por mais de 300 mil pessoas em dois dias. O projeto foi suspenso em seguida para que o "si te" fosse expandido. O novo endereço eletrônico (www.vatican.va) terá textos em Português, Francês, Italiano, Alemão, Espanhol. Está em estudo uma versão em Árabe e outra em Chinês. Quando estiverem totalmente instaladas, as páginas terão notícias e documentos da Santa Sé, imagens dos museus do Vaticano e parte de emissões sonoras da rádio Vaticano. O jornal "L'Osservatore Romano", espécie de "Diário Oficial" do Vaticano, também estará no "si te". "O papa está literalmente fascinado por esta nova possibilidade de difusão de ensino do magistério e de todas as informações históricas, culturais e artísticas do Vaticano", disse Claudio Maria Celli, secretário da Administração do Patrimônio da Sede Apostólica e presidente da Comissão Internet.

Falecimentos 15.01.97- Pe. Henrique Baltussem ss.cc. CE Equipes 02 e 03 (1982 a 1995) Pindamonhangaba (SP) 17.02.97- Antonio Hilário (da Neyde) Eq. 01 de Dois Córregos (SP)

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Expansão: Novas Equipes

SETOR DE PIRACICABA-SP Eq. no 13- Nossa Sra. do Sagrado Coração (fruto de Experiência Comunitária)

SETOR DE MANAUS-AM Eq. no 7- Nossa Senhora do Silêncio (fruto de Experiência Comunitária)

SETOR DE SANTARÉM-PA Eq. no 8- Nossa Senhora de Nazaré (fruto de Experiência Comunitária)

SETOR B - LONDRINA-PR

REGIÃO NORDESTE I, oriundas da Experiência Comunitária: Eq. 05 - N. S. da Boa Hora Itabaiana-BA Eq. 06 - N. S. da Conceição Itabaiana-BA Eq. 13/C - N. S. da Piedade Recife-PE Eq. 24/B - N. S. de LourdesRecife-PE Eq. 25/B - N. S. das Fanu1ias Recife-PE Eq. 26/B - N. S. do Bom Conselho - Recife-PE

Eq. 22- N. S. da Conceição Eq. 24- N. S. Mãe Educadora Eq. 26 - N. S. das Divinas Graças

O SETOR A de Recife foi desmembrado, sendo criado o SETOR C, tendo como Casal Responsável de Setor Zélia e Jus tino

SETOR DE PINDAMONHANGABA-SP

SETOR DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP

Eq. 09 - Nossa Senhora da Assunção (fruto da Experiência Comunitária)

SETOR DE TERESÓPOLIS-RJ Eq. 08 - N. S. Aparecida Teresópolis

Eq. 06- Nossa Senhora da Glória (fruto da Experiência Comunitária).

COORDENAÇÃO DE MAFRA-SC Eq. 04- Nossa Senhora do Rosário

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Mil Casais em Roma1 tes de João Paulo li, para er o Papa era preciso ir a orna, salvo nos anos em que, por motivos políticos e razões de segurança, o Papado mudou-se para Avignon, uma das cidades mais fascinantes da Provence, na França, onde o francês, Jacques Duese, em 1316, eleito Papa com 72 anos deidade, reinou durante 18 anos, com o nome de João xxn. Depois dele e em virtude de uma tentativa de eleição papal não muito católica, o nome João, até então o preferido dos sucessores de Pedro, foi banido do Papado, como proscrito já ficara na família real britânica, pela total falta de virtudes do usurpador João sem terra. Só o Cardeal Roncalli, quase 640 anos depois, reabilitou o nome, tornando-se João XXIII. Para vêlo, continuava necessário ir a Roma e, com este objetivo, no dia 3 de maio de 1958, cerca de mil casais lá foram e viram o Papa caminhar até seu trono ao som de 'Tu est Petrus", sob aplausos, aclamações e choros emocionados, alguns convulsivos. O Padre Caffarel os apresentou a João XXIII, dizendo: "Eis diante de vós 1.000 casais das Equipes de Nos a Senhora. Eles vieram de 14 países. Nossas mais longínquas equipes, as do Brasil, das Ilhas Maurício, do Canadá e de Guadalupe estão aqui representadas". O Santo Padre discursou , relembrando quase vinte anos de existência do Movimento e exaltando a fé daqueles casais que, direcionados à perfeição, eram meio de nu-

trição para a fé de seus filhos que, por seu turno, aprendiam a ser na família, não somente homens, mas filhos de Deus. João XXIII exortouos a viver sua missão apostólica de casais cristãos e rogou a Nossa Senhora que os guardasse, a todos, na pureza e na caridade. Os 1000 casais prometeram ao Pontífice que dariam suas bênçãos aos filhos que viessem a assumir a vida religiosa e um deles, representando todos os Equipistas do mundo, dirigiu-se ao trono e entregou a João XXIII dois álbuns, com cartas e fotografias de crianças, filhos de equipistas, esperando que seus sorrisos dessem algum brilho de alegria na vida papal tão cheia de responsabilidades. O Papa, enternecido, recebeu os álbuns e os folheou, repetindo: "Isto será a alegria de meus olhos e de meu coração". Agradeceu e abençoou aquele simpático casal que lhe entregara o regalo. O Casal Moncau, Nancy e Pedro, foi honrado com a escolha para representar todos os casais então participantes do Movimento em todo o mundo. Em Roma não só viram o Papa, como dele receberam o cumprimento e a bênção pessoal. Nós, que hoje convivemos com Dona Nancy, conhecemos sua costumeira fortaleza, feliz por pertencer às ENS e por poder mostrar, à Igreja e ao mundo, as Equipes brasileiras, por cuja constituição havia sido responsável junto com seu saudoso marido.

]unia e Mauro - ECIR 30


Maria em Minha História/ este mês de alegria, tão lin do mês de flores, queremos de Maria, celebrar os louvores ... Certa vez li uma frase que dizia o seguinte: O povo que não tem história não tem passado. É uma grande verdade, que pode também aplicar-se a cada um de nós. Mas, penso poder afirmar que todos nós temos uma história, como também temos um passado. O que não quer dizer que todos conheçam a nossa história. Mas sempre haverá alguém que a conhece e já viveu. E esse alguém é cada um de nós. Exatamente por isso procurei relembrar e reviver alguns momentos que marcaram minha vida, nos quais, hoje, reconheço a presença marcante de Maria, nossa Mãe. Sei que isto me leva a trazer à tona, alegrias e tristezas, altos e baixos, sucessos e fracassos, realizações e frustrações. Mas, apesar de tudo, sempre é doce e gratificante voltar ao passado, ainda que nos chamem de sonhadores ou que a velhice está chegando. O verso com o qual dei início a estas palavras me faz lembrar os distantes anos (mais de 50) de vivência no colégio em que estudei, quando iniciávamos o mês de maio, sempre com muita alegria cantando diariamente: Neste mês de alegria ... Quanta saudades, quantas recordações, quantas bênçãos

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derramadas sobre nós sem ao menos percebermos. Pode bem ser que a escola do passado mereça reparos, mas uma coisa é verdade: os mestres, em geral, marcaram positivamente nossas vidas. Lembro-me de muitos, mas de um modo especial de alguém que trazia o nome de Maria, chamava-


se Irmã Maria Berckmans (era a nossa mestra de classe). Dela recebemos excelentes ensinamentos que nos ajudaram em nossa formação humana, moral e religiosa e, mais que isso, ensinou-nos a amar a Deus sobre todas as coisas, e a amar e louvar Maria e José. Terminada essa fase do colégio, eis que Deus Pai nos preparava um novo caminho, sempre sobre a proteção de Maria: num dia 31 de maio (1942), quando celebrávamos a coroação de Nossa Senhora na Igreja de Nossa Senhora da Consolação, conheci aquele com quem continuaria a realizar minha história. Depois de 4 anos nos casamos; uma união feliz, coberta de bênçãos da Virgem Maria. Após 2 anos a nossa grande alegria, a chegada de nossa primeira filha em pleno mês de maio. O tempo foi passando ... Quantas graças recebemos ... Deus nos presenteou com 5 filhos: 4 Marias e um menino, as alegrias se multiplicavam ... Chegamos às "Bodas de Prata", sempre em uma caminhada cheia de paz e muito amor, superando com tranqüilidade os pequenos encalços da vida. Porém, como duas montanhas marcaram a vida de Cristo Tabor e Calvário - isso também aconteceu conosco: Deus chamou para junto d'Ele, muito de repente, uma de nossas Marias, filha querida, cuja separação nos encheu de dor, sofrimento, angústia. Porém, Deus que nos ama e é misericordioso, nos preparou. No exato momento em que acontecia o acidente que causou a morte de nossa filha, lía32

mos em Mt 16,24: "Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me". Foi nos alimentando na Eucaristia, na Palavra, na reflexão sobre a vida de Maria Santíssima, cujo coração foi traspassado com a morte de seu Filho Jesus, para que nos salvássemos, que encontramos conforto para o nosso coração e forças para continuar nossa caminhada. Muitos anos se passaram, novas alegrias, a chegada dos netos ... Mais uma vez o carinho de Maria: fomos convidados a pertencer a uma Equipe de Nossa Senhora. Fizemos novos amigos, verdadeiros irmãos que, somados a outros que já possuíamos, ajudaram-nos a carregar mais uma vez a cruz que a nós foi reservada. Novamente o Pai nos pede uma filha. Tudo se repete: sofrimento, dor, tristeza, com um acréscimo, uma missão: três crianças órfãs, pelas quais devemos olhar. Onde encontrar tanta força? Somente na aceitação da vontade do Pai, na certeza de que nossa força está n'Ele, de que Maria, nossa Mãe, cobrirá com seu manto nossas netinhas e de que nossas filhas ressurgiram junto ao Pai, na plenitude do amor, que tão bem souberam espalhar em suas vidas. Neste mês de alegria, tão lindo mês de flores, queremos de Maria, celebrar os louvores ... Obrigada, Maria, pela sua presença em minha vida.

Vera (do Fernando) Equipe 1O I B - Sorocaba


O ''Não'' de Maria/ ouvido humano está acos tumado a ouvir falar do SIM de Maria. Será que ela nunca disse NÃO? Maria só disse SIM às coisas do Reino de Deus. Maria, cheia do Espírito Santo, soube esvaziar-se de si para dar lugar ao Plano de amor do Pai. Com certeza não lhe deve ter sido fácil aceitar ser a Mãe doMessias. Nada lhe caía pronto do céu. Ela enfrentou preconceitos fortes perante a sociedade. Como mãe, ela também foi submetida a provas, quando precisou se refugiar no Egito, para que Herodes não matasse o Menino. Sofreu quando o procurou por três dias, e o encontrou pregando entre os doutores no Templo. Foram acontecimentos difíceis para ela, que meditava e guardava todas essas coisas em seu coração. Que missão a de Maria: ser a responsável pelo próprio Deus feito homem! E na morte, no monte Calvário, quanta dor e sofrimento! Qual mãe suportaria ver um filho inocente ser submetido a tanta humilhação! Diante de tudo o que passou, será que Maria nunca disse "NÃO"? Para que todo "SIM" de Maria pudesse se realizar com tanta fidelidade, ela precisou dizer "NÃO" a muitas caias. Maria disse "NÃO" aos valo-

res da sociedade. Maria disse "NÃO" a todo tipo de exploração; "NÃO" à ambição; "NÃO" à vaidade; "NÃO" ao orgulho; "NÃO" ao ter e ao poder. Maria disse "NÃO" a pequenas coisas que até parecem não ter muita importância aos nossos olhos, aos nossos ouvidos, como a certos critérios do mundo que impedissem o seu coração de ser a habitação do Espírito Santo. _ Maria disse "NAO" a muitos valores passageiros, perigosos e enganosos. Hoje Maria continua dizendo "NÃO", apontando-nos o caminho de Jesus, dizendo: - Filhos, digam "NÃO" às drogas, ao alcoolismo, aos vícios, ao consumismo, ao comodismo, à pornografia, ao materialismo, à degradação dos costumes; digam "NÃO" ao aborto, à eutanásia, às injustiças, às desigualdades, à violência; digam "NAO" a tantas coisas que parecem pequenas e sem importância, mas que sufocam a ação de Deus em suas vidas. Deus tem maravilhas a nos revelar, mas é preciso dar-lhe a chance . Que o "NÃO" de Maria nos ensine a dizer "NÃO" a tudo o que nos impede de dizer "SIM" ao amor misericordioso de Deus!

O

Delônia Conceição (do Oli) Equipe 1 - Tramandaí-RS 33


Nós Te Saudamos Virgem Gloriosa / ós te saudamos, humilde serva do Senhor, que deste aos homens o Filho de Deus e, mulher obediente, com o teu "fiat", ensinaste-nos a fazer docilmente tudo o que Ele nos pede. Nós te saudamos, Virgem Santa, que acompanhaste e seguiste teu Divino Filho, sofredor e crucificado até a morte e, aos pés da Cruz, te tomaste "nossa Mãe", Mãe da Igreja e da humanidade inteira. Nós te saudamos, Virgem, em oração com os apóstolos no Cenáculo que, com a tua intercessão, nos obtiveste o dom do Espírito Santo que renovou o céu e a terra. Nós te saudamos, Virgem gloriosa, no mistério da tua Assunção aos céus: em Ti, Deus Pai realizou, antecipadamente, aquilo que realizará nos fins dos tempos, em favor de todos aqueles que morrerem em comunhão com o seu e teu Divino Filho, Jesus Cristo. Nós te saudamos, Rainha dos Anjos e dos Santos, que do céu intercedes por nós e nos sustentas na peregrinação terrena, rumo à Terra Prometida: mantém viva a nossa fé, firme a nossa esperança, ardoroso o nosso amor para com Deus e para com nossos irmãos. Contemplando o mistério da tua Assunção, ó Maria, nós aprendemos a avaliar na luz justa, as realidades terrenas. Ajuda-nos a jamais esquecer que a nossa verdadeira e definitiva habitação é o Céu, e sustenta-

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nos no esforço de tomar cada vez mais fraterna e solidária nossa convivência sobre a terra. Torna-nos operadores de justiça e artífices da paz no nome de Cristo, nossa autêntica paz. Virgem Santa, enquanto nos guias, como estrela luminosa, rumo ao grande jubileu do ano 2000, faze que cada homem e cada mulher reconheça em Jesus o fruto de teu seio, o próprio Salvador. Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.

Oração proferida pelo Papa João Paulo 11, no dia 15 de agosto, Assunção de Maria ao Céu 34


Regra de Vida: / Um Depoimento ou muito entusiasmado com os Pontos Concretos de Esforço, em especial com a Regra de Vida. Quando este PCE foi introduzido em nossa Equipe, no princípio do ano passado, fiz um exame de consciência, procurando estabelecer uma regra de vida que contribuísse para melhoria de nossa vida como casal e como família. Não foi difícil encontrar várias ... Escolhi uma, pus em prática e os resultados foram imediatos. Logo, logo, coloquei em prática uma segunda e uma terceira regra de vida. Minha valorização dessas regras de vida aumentaram muito quando, ao fazermos o Dever de Sentar-se, durante o Retiro do ano passado (1.996), a Dulcinha testemunhou sua alegria ao sentir o quanto as coisas melhoraram para todos nós. Estou fazendo este depoimento, porque tenho obtido este sucesso através de uma fórmula muito fácil. Há alguns anos foi implantado por mim e minha equipe, na Empresa na qual trabalhava, um Grupo de Apoio dos A.A. (Alcoólatras Anônimos), com excelentes resultados. Assisti a várias palestras e aprendi muito com essa associação que presta realmente um serviço espetacular. A coisa mais bonita da filosofia dos A.A. é o compromisso que cada um faz de não beber nas próximas 24 horas. Nunca me esqueci desse compromisso, e quando pus em prática minha primeira regra de vida, lembrei-me dele. Com isso, renovo minha regra de vida todos os dias ao sair de casa e ela é válida "somente para aquele dia" ... E, assim, tenho encontrado facilidade em cumpri-la. Se alguns dos nossos irmãos equipistas estão com dificuldades, experimentem seguir este procedimento. Acho que conseguirão bons resultados .. Não custa nada tentar...

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Daniel (da Dulce) Equipe 6 - N.S. das Graça Divinópolis-MG 35

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O Susto da Clonagem epercutiu intensamente, no teiro se manifestam, em uníssono, mundo inteiro, a experiência as apreensões sobre a urgente necientífica da clonagem de cessidade de disciplinar o uso da uma ovelha, realizada em Edimbur- biogenética em seres humanos. go, na Escócia. Pela primeira vez, Mais do que nunca , a ovelha os cientistas conseguiram reprodu- "Dolly" mostrou a importância de zir um organismo idêncritérios éticos para tico ao de um animal, colocar a ciência a partindo de uma célu- L-..:.: serviço da vida e da Um la adulta, da qual foi dignidade humana. O isolado o DNA , que avanço da biogenética organismo define as característiurge que seja acompahumano, não cas genéticas de um nhado por avanços da resultaria indivíduo, e que, unida bioética. É salutar simplesmente constatar como a hua um óvulo, possibilimanidade estremece tou o nascimento de um outro uma ovelha perfeitaquando se mexe com organismo. a vida humana, e desmente igual à outra da Mesmo que perta para a urgência qual se tinha tirado a ele tivesse as de agir com responsacélula para o experibilidade. Refeitos do mento. mesmas Junto com o encaracterísticas susto, aos poucos se cantamento pelo resitua melhor o alcangenéticas, sultado da experiênce da experiência, que seria outra cia, todos começaram ainda precisa ser oba se perguntar sobre o servada de perto para pessoa, que que poderia acontecer elucidar todas as interagiria com rogações científicas se estas experiências sua que ainda permanefossem feitas em orliberdade; e cem. E sobretudo se ganismos humanos. E clareiam algumas obconstruiria a imaginação foi logo servações éticas, que desenhando o cenário uma é bom explicitar. da "clonagem" de alpersonalidade guns personagens faUma delas é que diferente. nós não somos ovemosos, que assim poderiam ser reproduzilhas. Somos pessoas. E pessoa é única, não dos e existir simultaneapode nunca ser "clonada", duplicamente em diversos lugares. Deixando de lado as férteis da. Aí está a grande diferença. Um imaginações que enfatizam o lado animal, como a ovelha Dolly, limipitoresco da questão, do mundo in- ta-se a ser o seu organismo, que

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não é só este. As lições da história nos mostram com evidência que o uso da ciência não é neutro, não é inocente, e pode provocar desastres. Basta recordar a bomba atômica, e perceber as advertências da ecologia. E sobretudo lembrar as aberrações do nazismo, que tentou manipular a genética para criar uma "raça humana superior". Ora, aí está o grande equívoco, que infelizmente pode ser produzido sobretudo por ambições de dominação e de exploração, tão presentes em quem quer deter o domínio da moderna biogenética, e patenteá-la com o fim de garantir lucros econômicos. A ambição de alterar a "raça humana" implica sempre em desprezo pelo homem que somos. A esse equívoco se deve contrapor, com ênfase, o respeito e a valorização de nossa identidade humana com as enormes, quase infinitas, potencialidades que já possuímos em nós mesmos, para serem desenvolvidas e levadas à plenitude pelo empenho pessoal e solidário de toda a humanidade. A própria ciência, por exemplo, mostra-nos que utilizamos, se muito, dez por cento da capacidade de nosso cérebro. Nosso problema não é alterar nossa condição humana. É realizá-la em profundidade, respondendo ao grandioso projeto que já está inscrito em nossa natureza.

duplicado pela clonagem torna-se simplesmente outra ovelha, igual à anterior. Se fosse "clonado" um organismo humano, não resultaria simplesmente um outro organismo. Mesmo que ele tivesse as mesmas características genéticas, seria outra pessoa, que agiria com sua liberdade, e construiria uma personalidade diferente. A ovelha Dolly está nos ajudando a perceber em que consiste nossa identidade de pessoas humanas . E daí resulta uma porção de diferenças, que talvez fosse oportuno ir explicitando, até para antecipar a superação de dúvidas que poderiam perturbar a compreensão adequada das possibilidades que a ciência nos abre. Por exemplo, se fosse "donado" um organismo tirado de uma célula guardada viva de uma pessoa já falecida, resultaria um organismo bem igual ao falecido. Mas seria outra pessoa, não seria em absoluto a ressurreição do falecido . Seria como um irmão gêmeo, nascido porém muitos anos depois do outro, inclusive nascido depois que o outro já tivesse morrido. Por aí podemos entender quantas implicações haveria com a aplicação destas experiências em seres humanos . E como de fato é preciso ter muita responsabilidade, e até proibir terminantemente que se façam estas experiências em seres humanos, ainda mais porque elas ainda não foram dominadas completamente, seja na sua técnica como no alcance de seus resultados. Mas o motivo das precauções

Dom Demétrio Valentini Bispo responsável pela Pastoral Social na CNBB (do Boletim da CNBB) 37


Do Brasil a Moçambiqu~/ epois de um longo tempo, quando tive o privilégio de ser Conselheiro Espiritual deste Movimento, sinto-me como um filho dessa grande família, mesmo não sendo mais atuante. Iniciei meus trabalhos com as equipes de Capão da Canoa-RS e depois com as de Brasília. Hoje, missionário em Moçambique (África), não me sinto um filho pródigo, pois estou sempre em contato com os equipistas com quem tive a graça de conviver. Penso que, futuramente, este Movimento eclesial possa um dia florescer no meio das florestas moçambicanas, pois quem semeia, colhe! Juntamente com três irmãs, formamos uma comunidade missionária, ao norte de Moçambique, diocese de Nampula. É um trabalho árduo, mas gratificante. Trata-se de um trabalho com uma tribo chamada Macua. É a tribo mais discriminada de Moçambique. Estamos a 120 km da cidade, bem no interior da floresta, em local de difícil acesso. É um povo muito bom, acolhedor, etc, só que é um grande desafio a sobrevivência desta gente. Após um longo período de guerra, que destruiu todo o país, os macuas continuam morrendo, especialmente de fome, doenças como malária, lepra, tuberculose, etc. Enquanto eu e outro padre vamos visitando as 71 aldeias espalhadas pela floresta, para ter um contato direto com o dia-a-dia desse povo, a irmã Valdete dá aulas debaixo de um cajueiro, todos sentados no chão, e aprendem a escrever com o dedo na areia. Outras irmãs, que são enfermeiras, atendem numa palhoça de barro coberta com capim. Por ora fica assim, mas sonhamos em construir um hospital! Hoje, as necessidades mais urgentes e emergenciais são as de resolver o problema da fome e das doenças. Quanto à evangelização propriamente dita, estamos semeando aos poucos, pois não podemos ferir a cultura e a tradição desta gente, que é muito forte em relação aos "deuses florestais". Com isso nosso trabalho é sempre um desafio, temos de usar de muita criatividade para estabelecer um espaço para ali fazer o canteiro de Cristo.

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Pe. Irani Villani - Ex-Conselheiro Espiritual de ENS 38


A Fortaleza quf}/

nosVemdaFé osé Paulo, nosso filho muito amado, partiu dia 1o de março, para a casa do Pai. Sua morte foi violenta. No entanto, ele, que era um homem cheio de paz, conseguiu espalhá-la no meio de nós. Mostrou a todos que paz e solidariedade, comunhão e partilha, perdão e amor existem e devem ser vivenciados.

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Quando os filhos partem, sempre deixam, com a enorme saudade, uma bonita herança. A herança que recebemos do "Zé" - além de Marien, Mariana e Gustavo- foi a paz, como se ao se despedir de nós, ele dissesse: "A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vocês". Hoje, final do segundo milênio, os mártires não mais morrem engolidos por leões; morrem nos assentamentos, nas chacinas, nos assassinatos, nas estradas, nas prisões, nos Carandirus, nas hemodiálises, nos assaltos a bancos, nas balas perdidas, nos Eldorados dos Carajás e nas enchentes dos campos e das cidades. Mas, não nos atormentemos, o sangue de nossos mártires mistura-se ao de Cristo na cruz, que, olhando a violência do mundo, exclama: "Pai perdoai-os porque não sabem o que fazem" .

Altimira e Paulo CRS-B - São Paulo

Nota da Redação: 15 dias após o falecimento do filho querido, encontramos o casal Altimira e Paulo trabalhando no EACRE da Região São Paulo/ Capital, dando seu testemunho de fé , de coragem e de amor ao Movimento.

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Trazemos, ainda, um breve resumo com notícias de alguns outros EACRES que aconteceram em fevereiro/março deste ano.

a) Região Mato Grosso do Sul Debutando como nova região, foi realizado o primeiro EACRE de Campo Grande. E um sonho que se tornou realidade, depois de dez anos de caminhada ao lado dos nossos irmãos da Região São Paulo Oeste, a quem agradecemos por tudo o que nos transmitiram. Foi um EACRE ainda pequeno, com 21 casais, e, por ser o primeiro, tivemos a retaguarda segura na presença de Dona Nancy e do casal Júnia/Mauro, da ECIR. Os principais pontos abordados foram: a retrospectiva do Movi-

mento, o compromisso e participação na construção do Reino de Deus e o Projeto Rumo ao Novo Milênio. O encontro contou ainda com a presença de vários conselheiros espirituais, e foi prestigiado pelo Sr. Arcebispo Dom Vitório, que falou sobre o tema da Campanha da

Fraternidade. Como alavanca para o êxito do Encontro, tivemos uma vigília, com a participação dos demais equipistas e também dos casais das experiências comunitárias.

Maria do Carmo e Gerson Casal Responsável Regional

Abaixo: Região de Campo Grande No página seguinte, acima: Coordenação de Morocojú -EACRE/97............_.

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•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• b) As Maravilhas / do Senhor no EACRE de Belém-PA Após a cerimônia do ENVIO, e estando cada casal já de posse do papel onde cada um escreveu a sua mensagem, descemos, todos juntos, a rampa do Centro Social de Nazaré, local do EACRE, segurando dois balões a gás, nas cores azul e branco, que ao pé das escadas nos foram entregues. Os casais, descendo de braços ou mãos dadas, seguravam seus balões, já tendo amarrado nas pontas das linhas o papel com a mensagem escrita. Alegremente cantando, caminhamos até o local estabelecido. Eu e o Altevir nos sentíamos muito felizes. De repente, voltei o olhar para o céu e vi o arco-íris, um sinal de Deus que sempre me leva a fazer uma pausa para refletir sobre a paz que Ele nos oferece e que não sabemos valorizar. No local de nossa concentração formamos um grande círculo, sempre entoando o canto "Me chamaste

para caminhar na vida Contigo" Aí, dado o sinal, todos, ao mesmo tempo, soltamos nossos balões. Que espetáculo maravilhoso! Foi como se estivéssemos vendo Deus que, nos assistindo do céu, ficasse contente com aqueles filhos! Porque, naquele momento, iniciouse o nosso trabalho conjunto de evangelização. Nossas mensagens subiram com os balões e subiram tão alto que os perdemos de vista, encobertos pelas nuvens. Retomamos para nosso lar. Encontramos nossa família reunida assitindo ao "Fantástico" e nos unimos a ela. Às 20,55 horas o telefone toca , nosso filho atende e diz: "É para o papai". Altevir atende e fala com uma pessoa que dizia ser a "irmã" Auxiliadora e estava ligando de Barbacena, na Vila dos Cabanos. Dizia ela que um senhor, a quem chamava de "irmão"Grilo, havia chegado em sua casa, com a mensagem enviada por mim e Altevir nos balões. Pela vontade do Pai, nossa 41


mensagem foi cair muito distante, havendo sido encontrada às margens de um igarapé, no rio Cupuaçu, município de Barbacena, distante de Belém cerca de duas horas, em viagem de barco. Nossa mensagem foi encontrada por três crianças, filhos do sr. Grilo e que mora distante da Vila dos Cabanos. Mesmo assim, caminhando por uma trilha, apressouse em ir à casa de d. Auxiliadora para mostrar-lhe a mensagem, que muitas alegrias causou a todos, inclusive a sua comunidade Batista da Igreja dos Irmãos. Mas foi Deus quem quis que essa mensagem fosse cair em mãos desses filhos de Deus, unidos em seu nome, apesar de não professarem a nossa mesma religião. Quando tomamos conhecimento do fato ficamos radiantes de felicidade, agradecendo a bondade de Deus por nos ter brindado com uma maravilhosa prova de Amor. A mensagem que tantas alegrias causou foi a seguinte: "Só com amor

promisso e Participação, a Pastoral Carcerária, como campo aberto à atuação, mormente no trabalho junto às farru1ias dos detentos, a Conjugalidade e a Responsabilidade no Serviço. Na despedida foram soltos balões com "Mensagens de Deus ao

mundo" Dilma e Gilberto Casal Divulgação do Setor

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d) EACRE da Região Rio 111 . Foi um EACRE organizado pela Região, mas onde cada um dos 8 Setores presentes desempenhou uma tarefa específica .. Além dos Casais Responsáveis de Equipe, estiveram presentes os Casais Pilotos e os Casais Ligações, num total de 97 casais. A liturgia foi presidida pelo Frei Doriano, acompanhado de mais dois frades do Seminário dos Agostinianos Descalços. Diversos outros conselheiros participaram do Evento. A liturgia motivou todos os presentes a buscar a unidade na preparação que nos conduz ao Terceiro Milênio. As palestras Libertação dos Leigos, Campanha da Fraternidade, Comprometer-se e Participar, Projeto Rumo ao Novo Milênio, Conjugalidade e Colegialidade, nos levaram a rever, estudar e viver o que Jesus quer de cada um de nós.

se constrói a verdadeira famz1ia". Acine e Altevir Eq. 21 - Setor A - Belém

+ c) EACRE da / Região Paraná Sul Participaram do Encontro 45 casais das cidades de Curitiba, Campo Largo, Paranaguá, Mafra, e Rio Negro. O tema do EACRE foi "Casais em movimento rumo ao III Milênio", enfocando-se nas liturgia e palestras a virtude da Fé, o Com-

Marlene e Dérik - C. Relator 42


Caminhos da Nova Evangelização Padre Isac Isaías Valle, Editora Loyola Diz D. José Lambert, Arcebispo Metropolitano de Sorocaba: "Este livro nos lembra do mandato do Senhor 'Ide e Anunciai'; apresenta-nos oportunas citações dos Documentos do Vaticano II, do Papa João Paulo II, da nossa Conferência Episcopal, da Assembléia de Sto. Domingo, quanto ao tema 'Evangelização ... Evangelizar: esta é a missão da Igreja. Como seu Fundador, ela foi enviada para anunciar a Boa Nova. A essa Igreja pertencemos por nossa condição de batizados; nós a constituímos como Povo de Deus; dela fazemos parte pelo Espírito ... Este livro quer nos dizer que o Senhor da messe nos convida a ser seus colaboradores na missão de anunciar a Boa Nova; quer nos indicar o meio indispensável para tanto: a presença do Espírito que nos consagra e nos envia".

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• O que é Ecumenismo Uma ajuda para trabalhar a Exigência do Diálogo, CNBB - Editora Salesiana Visando preparar a Celebração do Grande Jubileu do Ano 2000 e dar novo impulso à evangelização no Brasil, a Igreja convida todos os católicos e pessoas de boa vontade a participarem de um grande esforço conjunto de evangelização rumo ao novo milênio.

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• A editora Cidade Nova lança, o livro "Ninguém é Irrecuperável APAC, A Revolução do Sistema Penitenciário". Escrito por Mário Ottoboni, um dos fundadores da Associação de Assistência e Proteção aos Condenados (APAC). A obra é um relato dos 25 anos de experiência na recuperação de presos. O autor entra em questões polêmicas, como as incoerências e falhas do sistema penitenciário brasileiro, ao mesmo tempo que apresenta um método onde a fé e o amor são a base para a transformação do ser humano. O objetivo da obra é oferecer uma alternativa cristã para a solução da violência. O método da APAC é adotado, hoje, em mais de 120 municípios brasileiros e possui núcleos no Equador, Coréia do Sul, Rússia, Escócia e Argentina. 43


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Carta Mensal, É o momento que temos de nos encontrar para levar o nosso afeto e gratidão por tudo o que temos recebido. A ajuda dos nossos irmãos do Brasil inteiro que contribuem com mensagens e orações, tem sido para nós, como casal e como equipe, uma força inspiradora. Rendemos graças a Deus que tem nos dado esses corações generosos que tanto nos ajudam. Desculpem-nos o "português" e o vocabulário simples, pois somos um casal de "primário" e idade avançada, mas unidos pelo matrimônio há 45 anos, com oito filhos. Em 1.988, Deus chamou nosso filho de 25 anos, quando voltávamos do EACRE. Foi uma grande dor, mas nossa fé nos ajudou a tudo suportar, com o amor e o carinho dos amigos equipistas e a gente da nossa comunidade. Temos mais três filhos adotivos e um neto que ficou órfão de mãe, e que criamos desde os quatro anos de idade. Minha esposa é a tia Penha, e eu o tio Canuto. É como todos nos conhecem. Somos dos primeiros casais da Equipe 11 -Nossa Senhora Mãe de Deus, de Juiz de Fora, e não podemos nos esquecer da ajuda que temos recebido do Movimento. Obrigado por tudo. Abraços a todos.

Penha e Canuto Equipe 11 - Juiz de Fora!MG

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• Após lermos o artigo "Encon- 1 traram a nossa mensagem" ficamos a pensar que não poderíamos deixar de comunicar aos nossos irmãos de todo o Brasil que encontraram a nossa mensagem também! Alguns dias após o Encontro N acionai, Paula recebe um telefonema interurbano de alguém que se identificava como Nilson Gonçalves Trindade, da cidade de Sapucaí Mirim, Estado de Minas Gerais. Informava que havia encontrado nossa mensagem em seu quintal. Perguntou o que significava aquilo e como havia parado por lá. Paula explicou tudo: o Encontro, o envio, falou do nosso Movimento e que estávamos felizes por ele ter nos ligado. Às vésperas do Natal, tivemos mais uma alegria. Recebemos do Nilson um cartão, correspondência e fotografias da sua cidade. É difícil descrever a alegria que nos invade quando se vive um momento como este. Queremos agradecer a Deus por mais um amigo que ganhamos. Pedimos a algum irmão equipista que more perto desta cidade· e que tenha a possibilidade de visitar o Nilson, que leve a ele todo o nosso carinho e amor. Abaixo citamos o endereço do nosso novo amigo: Nilson Gonçalves Trindade Av. Pres. Tancredo Neves, no 235 SapucaíMirim-MG • 37.690-000

Paula e Quaresma CR Setor - Santarém-PA 44


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• Agradecimentos / D. Frei Jesus Moraza, OAR Bispo de Lábrea (AM) agradece o envio do livro "Evangelizar a Sexualidade", informando que colocou-o à disposição da Pastoral Familiar daquela cidade.

• Jornal 3a Hora - São }os/ do Rio Preto "Ficamos felizes por ver que mais um órgão de divulgação do pensamento cristão entrou em circulação. Trata-se de um jornal editado por cristãos leigos, tendo por diretor adjunto o nosso querido padre Jarbas, conselheiro de equipes e grande entusiasta do nosso movimento das ENS. Assim como procuramos dar todo nosso apoio à iniciativa da revista "Família & Vida", gostaríamos de deixar claro também nosso incondicional apoio a mais esta iniciativa. Mesmo em não se tratando de uma publicação do nosso Movimento, estamos certos de que poderá ser um canal de comunicação- uma de nossas prioridades, estão lembrados? - extremamente eficaz para divulgarmos nossas experiências, reflexões, notícias de interesse generalizado e assim por diante. Cremos que, como cristãos leigos, temos o dever de apoiar e incentivar esta bonita iniciativa, de maneira muito concreta, fazendo uma assinatura do mesmo".

• Queremos parabenizar e agradecer a equipe da Carta Mensal por colocar as palestras do Encontro Nacional ao alcance de todos. Nós, que já tivemos a graça de participar, sabemos o quanto é bonito e o quanto aprendemos neste Encontro, principalmente pelo fato de nos fazer sentir como Igreja. Lendo a Carta Mensal, sentimo-nos participantes deste Encontro, pois ela nos coloca em sintonia com o Movimento. Muitas vezes, o Responsável de Setor não consegue passar o que acontece no Nacional e é natural, pois só quem participa sente a emoção, a grandeza deste Encontro. Com a Carta Mensal, pudemos nos sentir também participantes do mesmo. Agradecemos ao Senhor o privilégio de poder contar com este excelente instrumento de formação, e pedimos a Cristo e Maria Santíssima que ilumine a missão da nova equipe.

Nota Para assinaturas, entrar em contato pelo fone/fax: (017) 233-1718 Assinatura anual R$ 15,00 Periodicidade: mensal

Creusa e Caroba Equipe 21 I E - Brasz1ia

Maria Regina e Carlos Eduardo ECIR 45


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Os Três Crivos 1 erta feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:

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- Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular... -Espera! ... ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos? -Três crivos?- perguntou o visitante, espantado. -Sim, meu caro amigo, três crivos. Observaremos se tua confidência passou por eles. O primeiro, é o crivo da VERDADE. Guardas absoluta certeza, quanto aquilo que pretendes comunicar? - Bem, ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso ... Mas ouvi dizer que e ... então ... - Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da BONDADE. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que me queres contar? Hesitando, o homem replicou: -

Isso não ... Muito pelo contrário ...

- Ah! - tornou o sábio - então recorramos ao terceiro crivo, o da UTILIDADE, e notemos o proveito do que tanto o aflige. -Útil ? !. .. aduziu o visitante ainda agitado- útil não o é ... - Bem - rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós!. ..

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Faz Tempo que Te Conheço ~ lhando para trás, vejo-te, na minha infância, ainda muito presa e discriminada, ensaiando passos mais arrojados, sonhando com horizontes mais largos, conquistando devagar, cada palmo de terreno. Mesmo assim, trabalhavas muito, construías pessoas, ajudavas bastante na Igreja (aparentemente em tarefas simples, mas indispensáveis), acolhias, davas exemplo de coragem e dedicação.

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Eu te vejo agora muito solta e ativa. Portas que, tradicionalmente, estavam fechadas se abrem agora diante de ti. Tomas parte em decisões, avançando mais rapidamente, admitida na Igreja até como ministra da Eucaristia, amando e sendo amada, presente em quase todas as realidades. Às vezes, tu te deixas levar, fazendo o jogo dos que querem fazer de ti um objeto charmoso, com horizontes muito curtos, sem esperança ... Há ainda muito preconceito, desunião, desigualdade, muito sentimento de culpa e acúmulo de trabalho. Mas tu não desanimas e sei que vais ultrapassar esta fase, pois a caminhada continua sempre ... E então posso ver-te no futuro, ágil, inteligente, amorosa, ao lado do homem, construindo o mundo com honestidade, cultivando teus dons sem precisar te justificares, tua dignidade reconhecida em todos os campos, sem barreiras no teu trabalho de leiga que quer atender ao chamado de Cristo, realizando-se e ajudando as pessoas a se realizarem, em busca de um tempo melhor para nossos filhos; tendo, como diz frei Carlos Mesters, no livro "Paraíso Terrestre": saudade ou esperança?, "consciência do teu dever de contribuir para que a realidade atual se transforme na situação ideal apresentada na descrição do paraíso terrestre". Por isso, acompanhando teu caminho de luta, vibrando com as tuas conquistas e com tua alegria, confiante no teu valor, neste Dia Internacional da Mulher, quero abraçar-te, carinhosamente, Mulher Brasileira do Terceiro Milênio!

Wilma (do Orlando) Equipe da Carta Mensal

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Meditando Sobre o Evangelho de Marcos / (Me. 3, 33 - 35) izem a Jesus que "sua mãe, seus irmãos e suas irmãs estão lá fora e o procuram". "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E passeia o olhar ao seu redor: "Eis minha mãe e os meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe". ( Mc.3, 33-35) Sua parentela neste mundo é acidental. Ele é, antes de tudo, o Filho de Deus. Ele veio para resgatar os homens, para conduzir os filhos pródigos ao seio da Família de Deus. Ele entreviu nesta Família, da qual Ele é o filho mais velho, aqueles que escutam a Palavra e, seguindo-a, farão a vontade de Deus. A estes o Cristo amará como um filho ama a sua mãe, como um irmão ama sua irmã. Não.se diz que Ele não ama sua mãe. Não se diz que Ele renega a Santa Virgem. Ela foi a primeira a fazer a vontade do Pai. Todos os outros virão depois de Maria! Senhor! livrai-nos dessa tensão contínua que nos divide incansavelmente entre mil tarefas, que sinceramente julgamos constituírem o nosso dever de estado. Ora, este estraçalhamento contínuo pode não ser a vontade do Pai. A verdadeira vontade do Pai não pode ser senão uma coisa muito simples, muito clara, que esteja a nossa altura. A vontade do Pai não pode nos tirar a paz, a alegria o equilíbrio de nosso eu, a serenidade de nosso interior. Mesmo quando o esforço mais intenso nos for pedido, mesmo se tivermos de chegar ao limite de nossas forças. Senhor! Dai-nos esta serenidade na tensão do esforço. Que a cada momento não nos ocupemos senão do que nos é pedido naquele instante. Que nossas horas sejam a sucessão de momentos nos quais, com o olhar interior dirigido para Vós, sejamos disponíveis à Vossa vontade. Fazendo assim, continuamente, a Vossa vontade, nos engajamos na corrente de amor daqueles que pelo Cristo constituem a vossa família.

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Pedro Moncau Júnior 48


Texto111 Camin hamos na Estrada de .Jesus O Evange lh o de Marcos- CNBB "Ou em é Jesus? Como ser discípulo de Jesus?" : essa pergunta estava e continua no coração de cada pessoa diante de Jesus. Para entender Jes us não basta ouvir suas palavras ou ver seus gestos : é preciso ter o coração aberto. Com outras palavras, é preciso estar "à escuta", sem os filtros de preconceitos que condicionam a compreensão .

Leitura: Evangelho de Marcos 6,1-6 • Por que os de Nazaré não confiaram em Jesus? • Oual sua reação diante das pessoas que lhe anunciam o Evangelho? • Como você pode abrir-se mais ao Evangelho que lhe chega através dos outros?

Oração litúrgica: Viemos a ti, Senhor, para escutar tua Palavra que nos redime e liberta e nos torna fortes no combate. Em meio às turbulências do mundo queremos escutar teu Filho amado para ser discípulos de verdade .

sem se estar à tua escuta não existe gozo em seguir-te. Senhor, faze-nos crer verdadeiramente em teu amor para caminhar na fidelidade e ser no mundo tuas testemunhas ...

Sem a tua Palavra não há alegria possível,

(Francisco C. Chaves, Salmos na dor e na alegria, p. 36.)

........................... .. . .. .. . Pistas para v iver a -"'escuta da palavra" • Procure estar sempre aberto para as sugestões de Deus. • Ouando tiver de tomar uma decisão pergunte a Deus o que deve fazer. • Para encontrar a resposta : ouça a Deus em seu íntimo; ou abra a Bíblia nos lugares onde pode esperar encontrar a resposta; ou consulte alguém de confiança. • Ore, isto é, converse com Deus sobre o assunto .


Pontos C oncretos de Esforço

• Escuta da Palavra • Meditação • Oração. Conjugal • Dever de Sentar-se • Regra de .Vida • -Retiro

EQUIPES DE NOSSA SENH O RA Movimento de Casais por uma Espiritualidade Conjuga l e Familiar R. Luis Coelho, 308 • 5° andar • cj 53 cep 01309-000 São Paulo • SP Fone : (011) 256 .1212 • Fax: (011) 257 .3599


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