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As indulgências e a superação do pecado
A Igreja Católica proclama que as indulgências fazem parte da dinâmica penitencial onde o cristão deve cuidadosamente viver um processo de superação das consequências do pecado. A partir de 1967 o Papa Paulo VI reformulou a instituição da indulgência, “... designa a Jesus Cristo como tesouro da Igreja, ao qual a Igreja se refere com plena potência. O Papa declara que faz parte da liberdade dos filhos de Deus decidir se querem ou não ganhar indulgências...”(Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia, São Paulo – Paulus, 1993). Diante deste contexto contemporâneo do século XXI que vivemos o maior desafio não é compreender o conceito teológico das indulgências, mas o desaparecimento do senso de “pecado” que desafia o cristão atual levando o mesmo a relativizar a graça da indulgência. A reflexão que as indulgências trazem para nós, nos dias de hoje sobre o problema do “pecado” e da “culpabilidade” mergulha neste mundo digital e na secularização presente nos dias atuais, oferecendo uma nova moral e uma nova reelaboração de conquistas éticas, personalizando e absolutizando verdades individuais. Este cenário desconstruiu todos os valores éticos universais, levando o homem a uma pseudo liberdade que criou o “Homo-Deus”. O “Homo-Deus” do século XXI, falado por inúmeros autores contemporâneos, busca na fonte da eterna juventude dos pensamentos a construção de um novo ser humano que desesperadamente tem buscado no efêmero alguma solidez para sua vida. Porém, sutilmente como uma chuva primaveril a história humana aponta também em outra direção mostrando que as ânsias do “Homo-Deus” são vazias e despretensiosas de uma verdade absoluta, e que somente fazendo um regresso ao primeiro amor de Deus conseguimos viver plenamente a superação do pecado. O caminho está afunilando e, nesta encruzilhada tão desafiadora que a história humana nos coloca entre o homem efêmero e o homem que busca a graça de Deus, viver a experiência das indulgências em nossa vida é saborear o amor pleno de Deus em nós. Compreender que, “...o pecado é oposição a Deus e a deformação de sua obra em plena realidade pessoal, social e cósmica, como diminuição que impede a plenitude humana...” (Gaudium et spes, 13). Viver a experiência das indulgências nos dias atuais é experimentar a graça de Deus que nos faz livres e amados, muito contrário ao sentimento de culpa ou culpabilidade vivido por grande parte da humanidade nos dias de hoje. Mas como poderíamos definir o sentimento de culpa? O “senso de culpa” é a sensação dolorosa como a vergonha, o medo e o escrúpulo que acompanha o ato julgado e condenado. A remissão diante de Deus aplicada pelo sacramento da confissão e pela graça das indulgências nos leva a um profundo encontro com o “bem interior” que habita em nossas vidas, como diz Jesus: “O homem recebe a vida nova de Cristo. Ora, esta vida nós trazemo-la “em vasos de barro”..., a imagem do vaso de barro que moldado nas mãos do oleiro encontra seu caminho de redenção e salvação.
Pe. Tiago José Lino Peixoto SCE Região SP Capital I Prov. Sul I