Revista Estilo Zaffari - Edição 93

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CASA HOME OFFICES CHEIOS DE CHARME E FUNCIONALIDADE

VIAGEM TURISMO COM MUITO CONFORTO DENTRO DO BRASIL

gelados e irresistíveis

Picolés e sorvetes de frutas são a melhor pedida para o verão


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Estilo Zaffari


Estilo Zaffari

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Aproveite a sua Estilo Zaffari digital e interativa!

Milene Leal milene@entrelinhas.inf.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Bete Duarte, Beto Conte, Milene Leal, Taciane Corrêa

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REVISÃO Flávio Dotti Cesa

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DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade

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ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Beto Conte COLUNISTAS Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Cris Berger,

Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Tetê Pacheco

EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS) COMERCIALIZAÇÃO Carlos Eduardo Moi

(eduardo@entrelinhas.inf.br)

Fones: 51 3026.2700 e 3024.0094

A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Entrelinhas Conteúdo & Forma, sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVAMENTE DIGITAL. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É ve­dada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.

CRIAÇÃO E ELABORAÇÃO

www.entrelinhas.inf.br

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

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PARE. PENSE. OLHE PARA O LADO Já é rotina: quando chega dezembro, vem aquela sensação de que o tempo passou muito rápido. “O ano voou!”, costumamos dizer. E não é que este tresloucado 2020 foi campeão até nisso? Mal piscamos e pulamos de março para hoje. No meio disso vivemos, todos nós, muitas restrições, temores, perdas, dores, expectativas, dúvidas, avanços e retrocessos. Não sabemos bem como será 2021. Há várias incógnitas no ar. Mas é fato que este ano despertou nas pessoas reflexões importantíssimas e, em inúmeros casos, conduziu a grandes – e boas – mudanças. Esta edição nº 93 da Estilo Zaffari traz mudanças significativas. Depois de mais de 20 anos circulando como uma publicação impressa, a revista passa a ser digital, acompanhando a tendência que avança mundo afora e que ganhou ainda mais força com a pandemia. O interessante é que, ao migrar para o meio digital, a Estilo Zaffari adquire uma relevância ainda maior, pois seu alcance e visibilidade se multiplicam. Nada muda, felizmente, em relação à qualidade editorial e gráfica desta revista que é tão estimada pelo seu público e tão valorizada pelo mercado. Seguimos com nossas reportagens únicas, com nosso olhar sensível sobre o mundo e as pessoas, com as fotografias que arrebatam, com os textos que levam, mais do que informação, inspiração e ideias, relaxamento e diversão. Honrando nossa missão, enchemos sua revista de coisas boas e lindas, como os sorvetes e picolés da matéria principal, dois exclusivos hotéis junto à natureza, os home offices charmosos de três mulheres, a physalis, frutinha tão bonita que precisa se livrar da fama de ser só enfeite, os textos sempre bons de ler dos nossos colunistas, acompanhados das ilustras geniais do Moa, as dicas e lembretes superúteis da Cesta Básica. Enfim, queremos que você tenha momentos ótimos com a sua Estilo Zaffari. E no fechar das cortinas deste louco 2020, o mínimo que podemos fazer é refletir, olhar para os lados e tentar colocar em prática as lições de solidariedade, empatia, altruísmo e humanidade que o tal coronavírus fez muita gente aprender à força. E, sempre, agradecer por ter chegado até aqui. Para 2021 o que a gente quer é saúde. De todos os tipos. Viva!

OS EDITORES

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Cesta básica Humanas criaturas

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Vida 42

Vinho rosé, o queridinho do momento, opção perfeita para o verão

Sampa 52 O Sabor e o Saber

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Casa Home Offices

74

44

Equilíbrio 84 Mulheres que Amamos

86

Palavra 88 6

Estilo Zaffari

Physalis, a fruta que é muito mais


Geladinhos, saborosos, leves: sorvetes, picolés e sorbets de frutas

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26 do que um enfeite

Viagens interestaduais, perto da natureza, com hospedagem de luxo

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Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, CO­MIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO! P O R

TAC I A N E

F OTO S

C O R R Ê A

D I V U LG A Ç Ã O

GASTRONOMIA PERUANA NO CORAÇÃO DE SÃO PAULO Localizado no jardim da Casa da Don’Anna, uma mansão do período do café, construída em 1912, bem no centro paulistano, o AMA.ZO oferece uma autêntica experiência gastronômica peruana sofisticada. O cardápio do restaurante é assinado pelo chef Enrique Paredes, um dos 50 profissionais selecionados para representar a culinária peruana no mundo. A ideia central de sua cozinha é harmonizar os ingredientes clássicos da culinária andina, explorando também os sabores amazônicos. Em meio a jabuticabeiras e orquídeas, é possível vivenciar a verdadeira conexão da culinária com a natureza. A parte externa do restaurante tem uma cobertura alta e transparente; é quase como estar ao ar livre. Local perfeito para curtir um delicioso drink típico peruano enquanto o criativo prato principal não entra em cena. As opções incluem polvo grelhado na parrilla, arroz frito chinês peruano com panceta e arroz com mariscos. Para a entrada, trio de ceviches, marinado ao leite de tigre ou patacones – tostadas de banana da terra com lagarto desfiado e mousse de mandioca. Na sobremesa, suspiro limeño, doce de leite da casa, praliné e sorvete da jabuticaba. E ainda se destacam os sanduíches e a cremolada, uma espécie de frozen de frutas. RESTAURANTE AMA.ZO RUA GUAIANASES, 1149 I CAMPOS ELÍSEOS I SÃO PAULO WWW.INSTAGRAM.COM/AMAZOPERUANO

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MIRANTE PARA A FLORESTA AMAZÔNICA O hotel Mirante do Gavião Amazon Lodge está às margens do Rio Negro, em frente ao Parque Nacional de Anavilhanas – o 2º maior arquipélago fluvial do mundo –, uma região de biodiversidade abundante com um dos biomas mais preservados da Terra. Em bangalôs espaçosos erguidos em madeira de lei, que remetem à forma de barcos invertidos, e com um design interior que incorpora materiais da floresta, é possível viver as maravilhas da região. Os bangalôs são conectados por passarelas até a parte mais baixa do terreno, onde ficam a moderna piscina e o Restaurante Camu-Camu, com menu que destaca os ingredientes amazônicos e seus peixes raros. Dali é possível ver o vai e vem dos barcos singrando pelo rio. O hotel segue um projeto sustentável, com um paisagismo inspirado na expedição da botanista britânica Margareth Mee pela Amazônia, com mais de 70 plantas nativas e árvores frutíferas. Em 2019 foi inaugurado um verdadeiro lounge panorâmico, com sala de jogos e redário para relaxar com a vista para Anavilhanas. Outro destaque é a sala de massagem com produtos da marca Simbioze Amazônica, que produz cosméticos e ativos 100% sustentáveis vindos da floresta. MIRANTE DO GAVIÃO LODGE I WWW.MIRANTEDOGAVIAO.COM.BR/PT-BR Estilo Zaffari

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Cesta básica

PÂTISSIER: MELHOR AINDA Algumas pessoas têm talento para melhorar o que já é ótimo. É o caso do Marcelo Gonçalves, chef do Pâtissier, em Porto Alegre. Desde março ele foi testando e adaptando o espaço, para continuar servindo as suas maravilhas sem colocar em risco funcionários e clientes. Incrementou a loja, reorganizou o cardápio e eliminou os almoços no local. Pois agora, depois de muito experimentar o novo modelo com a ajuda da talentosa Cris Brum, seu braço direito, recrutou a experiência transformadora da arquiteta Lúcia Reis para repaginar o imenso espaço do antigo salão, que estava fechado desde o início da pandemia. Ganhamos todos: clientes, amigos e equipe do Pâtissier. Loja e salão se uniram com um longo balcão arejado e algumas poucas mesas, espalhadas pelo espaço generoso. A essência do Marcelo e do projeto inicial do arquiteto Francisco Pinto segue lá, mas adaptada aos novos tempos, mais integradas e respeitando o distanciamento necessário para a saúde de todos. Vida longa ao Pâtissier! POR LETÍCIA REMIÃO

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WWW.INSTAGRAM.COM/PATISSIERMARCELOGONCALVES/


CUCA QUENTINHA A QUALQUER HORA

O PODER TRANSFORMADOR DA PATERNIDADE

A Engenheira de Alimentos Marla Kappaun, de origem alemã, sempre quis compartilhar a experiência de apreciar as cucas quentinhas feitas pela avó materna, natural de Santa Cruz do Sul (conhecida como “capital das cucas”). E foi a partir daí que começou a pesquisar e a desenvolver testes até chegar à receita perfeita, mais parecida com as que a avó fazia, de forma que o cliente pudesse ter sempre uma cuca quentinha a mão. Começou em 2019 a vender cucas congeladas semiprontas apenas para os amigos e, em agosto deste ano, abriu uma loja para entregar também cucas fresquinhas saídas do forno. As mais pedidas são a clássica de uva e a de doce de leite, mas a de linguiça, uma inusitada mistura de sabores, também é a preferida de muitos clientes. O Atelier de Cucas oferece 19 sabores, com duas opções integrais. E está sempre procurando novidades para encantar o público, com edições especiais. Para comemorar o mês farroupilha o sucesso foi a cuca de ambrosia; no Natal surgiram os cucatones (cucas em formato de panetone) e as bolachinhas natalinas, também receita da avó. Além da loja em Porto Alegre, é possível encontrar as Cucas Essência da Vó também em Encruzilhada do Sul e Cachoeira do Sul.

No livro “Pai Mala: relatos sinceros de afeto, vínculos e imperfeições que não estão nos manuais”, o pai, publicitário, palestrante e escritor Beto Bigatti fala de uma forma afetiva e criativa sobre suas experiências como pai, trazendo à tona também a temática da deficiência e da inclusão. Beto encontrou uma forma de compartilhar medos, dúvidas, angústias, imperfeições e amor sem filtros, convidando os leitores a repensar a paternidade. O autor nasceu com uma deficiência física que tentou esconder por muito tempo, até que a paternidade deu uma nova perspectiva para a sua vida. Do amor pelos filhos surgiu o despertar de um novo homem e a vontade de compartilhar seus aprendizados para inspirar outros pais. “O desejo é que mais famílias abracem o poder transformador da paternidade por meio do tripé afeto, presença e limites”, finaliza ele. O publicitário iniciou escrevendo seus primeiros textos em 2016 no blog “Pai Mala” ao perceber a falta de homens falando de forma afetiva sobre paternidade. Atualmente, além de ser embaixador da revista Pais&Filhos e propor reflexões sobre o papel dos pais nas famílias, realiza palestras e bate-papos sobre inclusão e paternidade.

ATELIER DAS CUCAS ESSÊNCIA DE VÓ RUA GARIBALDI, 1.187 I BOM FIM I PORTO ALEGRE WWW.INSTAGRAM.COM/CUCASESSENCIADAVO

PAI MALA: RELATOS SINCEROS DE AFETO, VÍNCULOS E IMPERFEIÇÕES QUE NÃO ESTÃO NOS MANUAIS AUTOR: BETO BIGATTI I 156 PÁGINAS WWW.PAIMALA.COM.BR

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Cesta básica

DELÍCIAS ARTESANAIS A BELEZA DO IMPERFEITO Uma coleção 100% brasileira, sustentável, que valoriza o artesanal, a natureza e a mão de obra local. Assim é a Coleção Botânica, da designer de moda Carolina Bortolini, feita com tingimento natural e estamparia botânica. Toda a matéria-prima é natural e de baixo impacto ambiental. O tecido escolhido possui selo de sustentabilidade reconhecido internacionalmente, além de ser biodegradável e conter propriedades antibactericidas. As estamparias e tingimentos são todos feitos com folhas, raízes, cascas e sementes que seriam usualmente descartados. Quem veste estas peças está usando um produto de baixo impacto ambiental, duradouro e exclusivo, pois cada experimento releva cores e formas únicas e particulares, provindas da singularidade da natureza. Há quatro anos trabalhando com moda festa e casual sob medida, Carolina Bortolini sempre acreditou em uma moda justa e circular, que valoriza a mão de obra artesanal local. COLEÇÃO BOTÂNICA ATELIER CAROLINA BORTOLINI WWW.CAROLINABORTOLINIATELIER.COM

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A Oito Doceria começou sua produção totalmente artesanal, sem aditivos e sem conservantes, no mês de julho. No início de novembro abriu um espaço para receber os clientes. Foi o sucesso do pudim de leite cremoso e sem furinhos, primeiro produto comercializado, que motivou a ampliação das operações para o Oito Café e Bistrô. Segundo os sócios, o desejo de abrir um espaço físico vem junto com um propósito de proporcionar aos clientes algo que remeta à casa: um ambiente aconchegante, com muitas plantinhas, petfriendly e ideal para juntar os amigos ou até trabalhar, no espaço lounge ou no deck. O carro-chefe tem sido o brunch aos sábados, que inclui pequenas porções salgadas e doces da produção artesanal. A box do brunch pode ser solicitada por delivery e é ótima para aproveitar o final de semana em família. No cardápio se destacam o pão de queijo empanado, o sanduíche da Oito (com pão australiano, pasta de frango, requeijão da casa e mix de folhas), a banoffe e a morangonoffe, as empanadas e os brownies.

OITO CAFÉ E BISTRÔ RUA GRÃO PARÁ 212 I MENINO DEUS I PORTO ALEGRE WWW.INSTAGRAM.COM/OITOCAFEEBISTRO


FOTOS PARA APRECIAR E DECORAR O fotógrafo e professor de fotografia André Nery acaba de lançar um site onde apresenta seu projeto autoral de fotografias P&B destinadas à decoração. “Depois de vários anos fotografando para clientes, passei a me dedicar a projetos pessoais na área de fotografia. Todas as imagens do site são resultado de minucioso planejamento, captura no momento exato e tratamento delicado”, conta André. As fotos são impressas em papéis especiais com tintas à base de pigmento mineral. Essa combinação garante que elas durem décadas sem perder suas principais características. Junto com a impressão vem um certificado de autenticidade, uma miniatura impressa e um texto contando a história por trás da foto. “Aproveitei o período da pandemia para estudar e me aprofundar na fotografia preto e branco e hoje me sinto habilitado para me aventurar nos tons de cinza, até porque considero que a foto P&B se insere melhor em uma série de ambientes”, explica o fotógrafo. FINE ART I WWW.MYPRINTS.COM.BR Estilo Zaffari

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Cesta básica

DELÍCIAS DE UMA BAÍA TURQUESA O hotel Le Sereno, localizado na baía de águas calmas de Grand Cul-de-Sac – um dos locais mais idílicos da ilha de St. Barthélemy, no Caribe –, reabre trazendo novidades como a Aperitivo Hour, com tapas, coquetéis e música ao vivo ao pôr do sol. Outra esperiência exclusiva é o Piquenique Larusmiani, criado em parceria com a prestigiada grife de moda e alfaiataria italiana, que tem sua única boutique em terras caribenhas dentro do hotel Le Sereno St. Barth. A marca criou uma linda cesta de piquenique recheada de champanhe, vinho rosé e comidinhas mediterrâneas preparadas pelo chef do hotel, Raffaele Lenzi, que tem no currículo uma estrela Michelin. Ao ar livre e pé na areia, a experiência gastronômica se completa no Ristorante Al Mare, comandado pelo mesmo chef. As atividades náuticas são outro atrativo do hotel, podendo ser desfrutadas em uma piscina natural perfeita para prática de kitesurfe, stand up paddle e snorkeling, em meio aos corais e à vida marinha. Arraias e tartarugas são habitués por ali. HOTEL LE SERENO ST. BARTH I WWW.SERENOHOTELS.COM

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VINHO NA LATA

ARQUITETURA AUTORAL A Smart apostou na conexão entre uma arquitetura leve e o espaço urbano ao criar o Iguaçu, prédio que leva o nome da rua onde se localiza e que significa, em tupi-guarani, “Água Grande”. Segundo o arquiteto Márcio Carvalho, sócio fundador da Smart, ao mergulhar no significado chegou-se ao termo “poesia do essencial”, conceito que foi definido como norte para uma arquitetura conectada à natureza urbana contemporânea. “O edifício se molda à paisagem, é leve, transparente e essencial, com uma fachada viva e dinâmica entre o exterior e o interior, entre a arquitetura e a arte, o ancestral e o contemporâneo.” As 17 unidades contam com painéis assinados pela artista plástica Heloisa Crocco. O desenho de linhas simples da fachada, traçado com a força do concreto, é preenchido com o alfabeto topomórfico da artista, em sua maior obra em termos de escala. Quando a luz incide sobre os brises, o interior dos apartamentos recebe as sombras, tatuando móveis e revestimentos e trazendo mais significado para o projeto arquitetônico. “É um novo desenho de viver, revelando a luz, os espaços e a interatividade com o morador e com a cidade”, conta Heloisa. EDIFÍCIO IGUAÇU AV. IGUASSU, 537 PETRÓPOLIS I PORTO ALEGRE WWW.SMART.ARQ.BR

Mesmo que muita gente possa resistir à tendência, o verão promete dar espaço para vinhos e espumantes em lata. Uma revolução que tem feito estremecer as taças dos mais conservadores amantes de Baco. Mas que tem conquistado inúmeros apreciadores, principalmente entre os mais jovens, antenados e abertos a novas experiências. A previsão é de que invadam praias, piscinas e festas. Isto porque apresentam muitas facilidades: para abrir, para transportar, para gelar. Só não podem ser esperados produtos complexos. São vinhos para serem tomados jovens, em momentos descontraídos. Dificilmente estarão à mesa de um evento gastronômico. O que não quer dizer que não sejam bons produtos. A melhor recomendação sempre é provar, provar e provar. A resistência à novidade é semelhante à que ocorreu quando do lançamento do espumante em garrafas de 187 ml com canudinho e dos vinhos de tampa rosca. Se por aqui vinhos e espumantes em lata conquistam os primeiros goles, há tempo fazem sucesso nos Estados Unidos, onde surgiram, lá pelos idos de 2004, quando a Francis Coppola Winery colocou no mercado norte-americano o espumante Sofia. Mas não foi uma conquista fácil. Até 2012 era um mercado quase inexistente, de 2 milhões de dólares/ ano. Já em 2019 o número cresceu para 70 milhões de dólares anuais. E até um concurso foi criado para a categoria: o International Canned Wine Competition, que conta com a participação de 15 países. Só o tempo dirá como os brasileiros, principalmente os jovens e iniciantes no mundo do vinho, vão aceitar e consumir os vinhos e espumantes em lata. E se as previsões e tendências vão se confirmar. POR BETE DUARTE

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Cesta básica

RENOVAÇÃO NO DESERTO DO ATACAMA Localizado ao norte do Chile, o Deserto do Atacama é uma perfeita combinação de exuberância, beleza e riquíssima história, além de ser um lugar de uma energia quase palpável de tão impactante. Transmite sensações de paz e renovação a todos que o visitam. Após meses de confinamento, nada melhor do que um destino assim para aproveitar o verão em meio a um salar, vulcões, montanhas, cânions, oásis e lagoas. Isso sem falar nos diferentes animais que podem ser avistados nessa região, como lhamas, alpacas, vicunhas, raposas e flamingos. A experiência fica mais especial com uma hospedagem no premiado Tierra Atacama Hotel & Spa. Além de uma vista espetacular para o vulcão Licancabur, o empreendimento funciona em um sistema all inclusive premium, que contempla excursões pelo deserto, todas as refeições, bebidas e traslados do aeroporto de Calama, a cerca de 1 hora de distância. Para renovar as energias os hóspedes contam com a completa infraestrutura do UMA Spa, que oferece piscinas coberta e ao ar livre, hidromassagem e tratamentos corporais e faciais baseados em elementos do deserto, como areia e sal para esfoliações, barro vulcânico para eliminar as toxinas da pele e ervas para as massagens. TIERRA ATACAMA HOTEL & SPA I WWW.TIERRAHOTELS.COM

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A VINDIMA VAI COMEÇAR Devido a restrições no número de turistas e com o objetivo de proporcionar um turismo mais seguro, a Região Uva e Vinho, na Serra Gaúcha, antecipa a vindima, que acontecerá de 9 de janeiro a 6 de março de 2021. Os passeios ao ar livre são a tendência do turismo neste momento. Além dos roteiros da vindima, em contato direto com a natureza, A Giordani, agência especializada na região, oferece um turismo de experiência, convidando o visitante a percorrer os locais e participar do processo, colhendo a uva direto no parreiral, fazendo a tradicional pisa, em barris de madeira, ao som de um coral italiano. O clássico passeio de Maria Fumaça - Trem do Vinho, pelas cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa também é uma boa opção para dar continuidade à diversão, já que a operação foi toda redesenhada para se adaptar aos protocolos de segurança sanitária, com redução de público, sanitização periódica, readequação nas atrações culturais e artísticas e treinamento da equipe. A Giordani, empresa responsável, recebeu o selo “Ambiente Limpo e Seguro”, que certifica empreendimentos em Bento Gonçalves que estejam em conformidade com as normas de sanitização e cuidados preventivos ao Covid-19. Os passeios estão com valores promocionais e ampliação de parcelamento. Os pacotes podem ser usados até dezembro de 2021 e adquiridos pelo novo e-commerce da empresa. RESERVAS E INFORMAÇÕES GIORDANI TURISMO E EVENTOS I WWW.GIORDANITURISMO.COM.BR

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Cesta básica

RELAXAMENTO PREMIADO O Anantara Spa está localizado no Tivoli Ecoresort Praia do Forte e acaba de receber dois prêmios importantes no World Spa Awards 2020: “Melhor Spa de Resort da América Latina” e “Melhor Spa de Resort do Brasil”. No espaço com duas jacuzzis, piscina, circuito de água quente e fria, ofurô, tanque de água gelada, sauna a vapor e sauna seca, o Anantara Spa oferece tratamentos que combinam a tradição oriental com produtos naturais e ingredientes locais, como o dendê. O Spa é uma verdadeira jornada de relaxamento, com experiências incríveis de bem-estar. Sua proposta é restaurar o equilíbrio e a harmonia entre corpo e mente, com espaços que são oásis de beleza e tranquilidade. ANANTARA SPA AVENIDA DO FAROL S/N PRAIA DO FORTE I BAHIA I WWW.TIVOLIHOTELS.COM

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O BOM DO VERÃO EM PORTO ALEGRE O verão em Porto Alegre pode ganhar uma nova cara, depois deste ano em que aprendemos a viver mais introspectivos. Nunca faltou o que fazer nos meses de férias, com a ótima oferta de cultura, mas neste verão queremos também explorar horizontes, conectando com uma cidade que é muito convidativa ao lazer sossegado, estilo praiano. A Zona Sul se torna ainda mais atraente nesse sentido, com as águas do Guaíba e seu pôr do sol de cores vibrantes, as passarelas para caminhadas a qualquer hora do dia, as praças de verde abundante com os brinquedos que as crianças adoram, as ruas de pedra tranquilas, suas casas com jardins floridos, cachorros e gatos preguiçosos. É na Vila Assunção que está um bistrô simplesmente perfeito para comer ao ar livre, com mesas na varanda e no gramado, redes e bancos, decoração alegre e um cardápio sob medida para a época de calor. O Iaiá Bistrô ganha ares de praia com o peixinho frito e a caipirinha, a cerveja artesanal bem gelada e o gratinado de siri ou o bolinho de peixe mais saboroso que qualquer um no Litoral Norte, com cumbuquinhas de molhos e pimentas. Uma salada de polvo ao vinagrete com feijão fradinho e co-

entro e um suco de caju nos remetem às praias do Nordeste. Ou as moquecas variadas, bem servidas em panelas de barro, de peixe, camarão, siri, frutos do mar; um bobó de camarão, um vatapá, oh Bahia! E tantas outras delícias do cardápio pródigo em comida do mar, mas também com opções em carnes diversas, pratos vegetarianos e sobremesas criativas, como o petit gâteau de figo com sorvete caseiro cremoso de queijo. Aliás, só os sorvetes servidos na casa já são motivo para várias visitas, pois merecem ser degustados um a um: capim santo, gengibre, coco, limão, creme, chocolate. Então, antes ou depois da refeição generosa, nos dedicamos a sossegar a alma maltratada pelos revezes da pandemia. Caminhamos até a bela praça ao lado, esticamos uma toalha e deitamos sob as árvores, fechamos os olhos e nos deixamos acariciar pela atmosfera. Ou seguimos até a beira do Guaíba, apenas quatro quadras ali adiante do Iaiá, para contemplar os barcos flutuando, os pássaros no alto e o espelho de água que é puro relaxamento, reflexão, purificação. Tudo passa, o que fica é o que nada nos exige, pois já está dentro de nós.

POR VERA MOREIRA I WWW.IAIABISTRO.COM.BR

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Humanas criaturas T E T Ê

PAC H E C O

APARENTEMENTE.

Vivemos num mundo de aparências. Carregamos o fardo de querer parecer coisas uns para os outros mesmo que para isso seja imperativo se disfarçar. Queremos que nos vejam como perfeitos, fortes, inteligentes, bonitos. Superiores. Não aceitamos a visão contrária. Não é diferente no mundo animal. O pavão, por exemplo, precisa aparentar toda uma superioridade plumística para que as fêmeas não o confundam com o que ele de fato é. Um peru mal resolvido. O leão precisa de toda aquela juba para poder ser visto pelo bando (de leoas) como alguém respeitável. Mas na verdade respeitável mesmo é a leoa que dá conta da família e ainda sai pra batalhar o rango diariamente. Avaliemos nossas vidas e o mundo de significados ocultos que existe em cada pequena ou enorme aquisição ou atitude com a intenção proposital ou não de parecer algo. O sujeito compra um carrão. Barulhento, imponente. O que ele quer parecer? Alguém poderoso, superior aos outros, rico. Mais capaz de realizações do que os mortais na fila do ônibus. Certo? Depende. Se ele e seu carrão não souberem parar numa faixa

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de pedestres para o reles mortal, a pé ou de bicicleta, atravessar, ele vai parecer aos olhos dos que tanto gostaria de impressionar apenas como um idiota. Inseguro e, bem, as outras considerações que conhecemos podem ser lenda. Até que provem o contrário. Acho curiosa a relação de algumas pessoas com bolsas caras. Querem aparentar riqueza e sofisticação, de forma automática. Não podem deixar dúvidas de suas posses aos olhares desavisados. Então, tacam logo uma bolsa de grife no ombro. Sem nem se dar conta de que, no mundo de hoje, desfilar com algo que se paga com vários mil dólares pode significar um monte de coisas nada sofisticadas. Adianta ter bolsa de grife e não ter nenhuma noção de privilégio, por exemplo? Ou vergonha? Mas aí já é outro departamento. Aquele sem máscara andando na rua como se nada houvesse quer que o vejam como um destemido, machão, imbatível, duro na queda. Coitado, parece apenas um negacionista, irresponsável, egoísta e por aí vai. Na maioria das vezes as aparências não enganam, ao contrário, revelam. Fica a dica pra 2022. TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA


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Bastidores de Cozinha

A fruta que é muito mais do que um enfeite A physalis é uma fruta indígena e exótica, originária da região andina e da Amazônia brasileira, muito cultivada nas regiões tropicais e subtropicais de todos os continentes. Atualmente sua maior produção está concentrada na Colômbia. Seu nome provém do grego “Physa”, que significa bolha ou bexiga, fazendo referência ao cálice que a envolve. É conhecida popularmente por fisális, camapu, tomate-capucho, camaru, bucho-de-rã, joá-de-capote e até golden berry. Já no Norte e Nordeste do país é chamada de juá. P O R

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Bastidores de Cozinha

ELA TEM UM SABOR LEVEMENTE CÍTRICO. É MUITO USADA NO PREPARO DE DOCES, GELEIAS, SORVETES. COMO ENFEITE, FAZ ENORME SUCESSO

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GLAMOUR, SABOR E NUTRIENTES As frutas são delicadas, pequenas e redondas, com coloração que vai do amarelo ao alaranjado vibrante. A Physalis vem lindamente envolta em um casulo em forma de cálice de folha fina e seca, que mais parece um enfeite ou um mimo muito bem embalado. Não é à toa que está sempre presente nas vitrines das confeitarias, com as folhinhas puxadas para cima, repleta de glamour. Sua variedade nativa é da família do tomate, da batata, do pimentão e das pimentas. Com sabor doce levemente cítrico, a Physalis é consumida in natura e utilizada na preparação de doces, geleias, sorvetes. Também é muito usada para guarnecer bolos, tarteletes e outros doces finos. Em preparos salgados, tornou-se protagonista de molhos de carnes e saladas. Seu uso é igualmente comum na forma de chá ou de infusão. Contudo, a razão de tanto sucesso não se deve apenas a sua versatilidade – a Physalis ganhou fama igual-


mente por ser muito saudável e recheada de vitaminas e minerais. É uma fonte rica de flavonoides, fitoesteróis e physalinas, contendo altos teores de vitaminas A, B, C, ácidos graxos, aminoácidos essenciais, lipídios e compostos bioativos. Atribui-se a esta fruta uma gama de elementos medicinais: é conhecida por purificar o sangue, fortalecer o sistema imunológico, prevenir desordens cardiovasculares e ajudar a diminuir as taxas de colesterol, além de ser anti-inflamatória, analgésica e anticarcinogênica. A população nativa da Amazônia utiliza os frutos, folhas e raízes no combate a diabetes, reumatismo, doenças da pele, bexiga, rins e fígado. Seus componentes são tão incríveis que pesquisas a apontam como alternativa para melhorar a qualidade de vida dos portadores do mal de Parkinson e de outras doenças, como hepatite e malária. Além disso, já se comprovou que seu uso evita a rejeição de órgãos transplantados.

Na sua cozinha A Physalis não vai só em decoração! Use-a em caldas e molhos para pratos doces e salgados. Em doces, ela já é superconhecida e, além de deixar tudo esteticamente perfeito, seu sabor levemente ácido dá um toque especial. Pode também ser servida apenas coberta com chocolate para uma sutil e delicada sobremesa. Nos preparos salgados, a physalis pode ser usada em receitas para trazer um sabor mais tropical, com um toque de acidez. Use em saladas, foccacias, molhos para carnes e até em risotos. É usada como tira-gosto em degustações de vinho. Empregada na produção de sucos, geleias, sorvetes, chutney, licores ou drinks. Mas a dica principal e mais importante é consumi-la em pouco tempo após o preparo, para uma melhor absorção de seus nutrientes.

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Gula

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gelados e irresistíveis P O R F OTO S

B E T E

D U A R T E

L E T Í C I A

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Gula “MEU CORAÇÃO É UM SORVETE COLORIDO DE TODAS AS CORES, É SABOROSO DE TODOS OS SABORES. QUEM DELE PROVAR, SERÁ FELIZ PARA SEMPRE” (CAIO FERNANDO ABREU)

É tempo de sorvete. Uma paixão mundial. Com a chegada do verão e de temperaturas altas, a pedida é por um geladinho. A criançada que o diga. Seja de massa ou de palito, o importante é que seja delicioso, refrescante e cremoso. De preferência que tenha fruta. Afinal, o nosso país é rico em sabores e cores. Tem butiá, amora, manga, morango, figo, maracujá, limões, bergamota, uva, banana, coco. Sem falar no caju, na graviola e tantas outras. Não é problema, no entanto, se sua predileção for por chocolate, creme, doce de leite, pistache ou nozes. O que importa é que o sorvete seja cremoso e o picolé com sabor intenso, leve e fresco. Prazer garantido. Se você pensa que só as sorveterias podem oferecer essas qualidades, duas especialistas na arte dos gelados vão provar o contrário e revelar receitas e truques que fazem delas experts. Ana Gaspary é proprietária da Arte Freddo, sorveteria agora em novo endereço (Lavras, 578). A chef Lili Andriola comanda, com o marido e chef Leo Magni, o Mandarinier Gastronomia (Alberto Torres, 228). Ambas descobriram a paixão pelo preparo do sorvete quando cursavam Gastronomia. Ana na escola Ayres Scavone e no Senac, e Liliana na Unisinos e no Instituto Argentino de Gastronomia, em Buenos Aires. O que as levou para a produção dos gelados, no entanto, foram motivos diferentes. Ana não gostava muito dos produtos que encontrava na cidade, por isso resolveu começou a importar livros e testar até alcançar o sabor e a consistência que queria. O primeiro que a satisfez foi o de zabaione, até hoje o mais vendido na sorveteria que abriu em 2008. Mas não se restringiu a sabores convencionais e incluiu versões salgadas nas cubas de sua loja, para acompanhar saladas e sopas. Está certo que alguns torceram o nariz para a novidade, mas outros adoraram. Tortas geladas também vieram compor o cardápio da casa. E, apesar de não vender picolés na Arte Freddo, os prepara, sob encomenda, para festas, eventos e restaurantes. Liliana foi levada ao mundo do sorvete por necessidade e interesse: desejava incluir os gelados nas sobremesas do restaurante e de eventos. Alguns deveriam ter sabor bem específico e com um toque de regionalidade. E foi assim que surgiram os sorvetes de arroz doce, de doce de abóbora com butiá e de queijo de cabra. Diferentemente de Ana, Lili não vende o que produz. Apenas os utiliza nas sobremesas que desenvolve. “Sempre penso em in-

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As diferenças Quem quiser se dedicar ao mundo dos gelados precisa entender a diferença entre as bases de cada um deles: SORVETE É produzido com produtos lácteos (leite, creme de leite ou leite condensado) e obtém a liga com a mistura de gordura e açúcar. SORBET É feito à base de água, polpa de fruta e açúcar e a liga vem do equilíbrio entre açúcar e acidez da fruta ou de outro ingrediente que dará o sabor. Costuma ser servido entre um prato e outro, para limpar o paladar. FROZEN IOGURTE À base de iogurte, é mais ácido e mais leve que o sorvete tradicional. GRANITA É feita com água e sucos de fruta, misturados e congelados e, depois, raspados. PICOLÉ Gelado no palito pode conter ou não produtos lácteos, frutas ou outros ingredientes, como chocolate, doce de leite. Pode ser simples, recheado ou com cobertura de chocolate.


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Gula Gula

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cluí-los como ingrediente, com outros elementos, seja ele coadjuvante ou o principal”, explica. Para os leitores da Estilo, a chef Lili preparou duas sobremesas: um sorvete de frutas roxas com doce de ovos e crumble de cacau e um sorvete de coco acompanhado de um inusitado cremoso de chocolate branco com manjericão e coentro e gel de cenoura. Os segredos do preparo de um picolé de butiá e de um sorbetto de morango foram revelados por Ana Guaspary. E se você ficou animado para fazer sorvetes cremosos e deliciosos em casa, mas teme que não fiquem com boa consistência, saiba que a Ana começou a venda com produtos batidos em uma daquelas sorveteiras bem simples: “Tenho até hoje minha sorveteira doméstica. Os primeiros sorvetes que vendi foram feitos nela”, conta. Mas, se não tiver sorveteira, não precisa desanimar, basta uma batedeira e alguma paciência para bater a massa pelo menos umas três vezes, ao tirar do freezer, de hora em hora, para que ganhe cremosidade.

Consumo O Brasil é o 11º país no consumo de sorvete no mundo, com 5,5 litros por pessoa/ano. O primeiro lugar fica com a Nova Zelândia, com 26,30 litros per capita/ano, seguida pelos Estados Unidos, com 22,4 litros per capita/ano.

TENDÊNCIAS

Cada vez mais existem opções para quem tem restrições alimentares (sem lactose, sem glúten) ou com baixo teor de açúcar (baixa caloria) Os de frutas regionais e ingredientes orgânicos estão ganhando apreciadores, assim como estão perdendo os com corantes e conservantes artificiais Tem uma turma que busca os chamados instagramáveis, que ficam bonitos nas fotos Nas festas, sorvetes e picolés com toques alcoólicos alegram o menu Também para o verão vão brilhar como ingrediente de drinks (caipirinha de morango com picolé de bergamota, de limão com picolé de coco, caipirinha de maracujá com picolé de coco, cerveja preta com sorvete de baunilha, espumante com picolé de fruta de preferência) Sem falar nos sabores e apresentações inusitadas, como os sorvetes de nitrogênio (pequenas bolinhas que explodem na boca) e o preto, Black Roses, que faz sucesso nos Estados Unidos. Criado na sorveteria Little Damage, de Los Angeles, tem como ingrediente carvão natural, que confere a cor e um sabor que lembra amêndoa.

Dicas Para garantir a cremosidade sem o uso da sorveteira, bata a massa do sorvete na batedeira mais de uma vez depois de congelado. Congelar rapidamente também ajuda a impedir a formação de cristais de gelo. Ao preparar a base de creme inglês, leve para a geladeira e deixe maturar de um dia para o outro antes de usar.

“SE EU PUDESSE ESCOLHER UM OUTRO HOMEM PARA SER, SERIA UM INVENTOR DE SABORES PARA FÁBRICAS DE SORVETES.” (O INVENTOR DE SABORES, LUIS FERNANDO VERISSIMO) Estilo Zaffari

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Gula Curiosidades do sorvete no passado No séc. 1, para poder saborear um geladinho, o imperador romano Nero enviava escravos para buscar gelo em regiões montanhosas. Para que não derretesse, era enterrado. Depois, recolhido e misturado com vinho, sucos e mel. No século 13, os mongóis recolhiam o gelo do Himalaia.

Na Sicília, o gelo era retirado da região próxima ao vulcão Etna.

O sorvete teria surgido na China, há 4 mil anos, quando uma sobremesa à base de leite e arroz teria sido congelada na neve. Rapidamente, ganhou prestígio, mas apenas entre a nobreza, que podia dispor de leite (então uma mercadoria cara) e tinha como conservar a neve até o verão, valendo-se de câmaras subterrâneas.

Em sua viagem à China, em 1271, o veneziano Marco Polo teria encontrado grande variedade de cremes congelados de frutas e teria levado as receitas na bagagem para a Itália. Em meados do século 16, o cozinheiro de Catarina de Médici (1519-1589) introduziu a requintada sobremesa na corte francesa. Em 1670, o siciliano Francisco Procópio abriu em Paris um café que vendia sorvetes – a primeira sorveteria da História. O nome sorvete teria origem no sherbet, bebida gelada do Oriente Médio feita com suco de fruta, mel e gelo. No Brasil, o sorvete ficou conhecido em 1834, quando dois comerciantes cariocas compraram 217 toneladas de gelo, vindas em um navio norte-americano, e começaram a fabricar sorvetes com frutas brasileiras. Na época, não havia como conservar o sorvete gelado e, por isso, tinha que ser tomado logo após o seu preparo. Um anúncio avisava a hora exata da fabricação.

Queridinho das crianças, o picolé tem sabor de infância e, pasmem, foi criado, por acaso, por um menino de 11 anos. Frank Epperson, em 1905, esqueceu um copo de suco com uma colher dentro, no quintal de casa, em uma noite excepcionalmente fria em São Francisco, nos Estados Unidos. Na manhã seguinte, descobriu que o suco tinha congelado, e a colher ficado presa, formando um gelo com sabor de fruta. Só muitos anos depois, em 1923, ao servir o suco congelado em uma festa percebeu que poderia virar um negócio. Batizando o geladinho de Eppsicle, combinação do sobrenome de Frank e a palavra icicle (pingente de gelo). Mais tarde, o nome foi mudado por influência dos filhos de Epperson, que o chamavam de pop’s sicle (livremente traduzido por gelinho do papai). O popsicle foi patenteado, em 1924. Um ano depois, por dificuldade financeira, a marca foi vendida e passou por muitas mãos, mas segue sendo uma das mais populares nos Estados Unidos e no Canadá.

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PICOLÉ DE BUTIÁ POR ANA GASPARY 400 ML DE POLPA DE PURO BUTIÁ 300 ML DE ÁGUA 300 G DE AÇÚCAR ORGÂNICO 400 ML DE BUTIÁ MODO DE FAZER: Ferva a água e junte o açúcar, mexendo até dissolver completamente. No liquidificador, bata o butiá e o xarope de açúcar até ficar uma mistura homogênea. Coloque nas formas de picolé e leve ao freezer para congelar.

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Sorvete de Frutas Roxas com Crumble de Cacau e Doce de Ovos POR LILI ANDRIOLA

125 G DE AMORA 100 G DE MIRTILO 410 ML DE LEITE 125 G DE AÇÚCAR 100 G DE GELEIA DE FRUTAS ROXAS 4 GEMAS 200 G DE CREME DE LEITE FRESCO

CRUMBLE DE CACAU 75 G DE MANTEIGA 80 G DE AÇÚCAR MASCAVO 100 G DE FARINHA DE TRIGO 20 G DE CACAU ALCALINO

DOCE DE OVOS 6 GEMAS 12 COLHERES (SOPA) DE AÇÚCAR 6 COLHERES (SOPA) DE ÁGUA

MODO DE FAZER: Bata no liquidificador a amora e o mirtilo até obter um purê. Coloque em uma panela o leite, a geleia e metade do açúcar. Em um bowl, bata as gemas e o restante do açúcar misturando com um fouet. Leve ao fogo a panela e, quando começar a ferver, coloque um pouco da mistura no bowl com as gemas e misture. Volte tudo para a panela e cozinhe até atingir 820C. Se não tiver termômetro, mergulhe uma colher no creme e passe o dedo. Deverá ficar um caminho marcado na colher, sem se juntar. Reserve. Depois, misture o creme de leite fresco e o purê das frutas, bata no liquidificador para unir bem tudo. Peneire, resfrie e mantenha em geladeira por no mínimo 8h antes de colocar na sorveteira. MODO DE FAZER O CRUMBLE DE CACAU: Bata a manteiga em ponto de pomada com o açúcar até esbranquiçar. Adicione a farinha e o cacau. Depois de bem unido, leve à geladeira por no mínimo 1h antes de assar. Asse em forno preaquecido a 170C por 15min. (O cacau não precisa obrigatoriamente ser o alcalino, só foi escolhido porque a cor dele é mais escura) MODO DE FAZER O DOCE DE OVOS: Prepare uma calda com o açúcar e a água, sem mexer até atingir 1080C ou ponto de pérola. Deixe esfriar por uns minutos. Junte as gemas e volte ao fogo baixo, mexendo até engrossar. Reserve em geladeira.

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SORBETTO DE MORANGO 500 G DE MORANGO ORGÂNICO CONGELADO 300 G DE AÇÚCAR ORGÂNICO 200 G DE ÁGUA 1 CLARA EM NEVE OU 5 G DE EMULSIFICANTE PARA SORVETE

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POR ANA GASPARY

MODO DE FAZER: Em uma panela, leve a água para ferver. Junte o açúcar, mexendo sempre, até dissolver completamente. Leve ao processador de alimentos e bata com o emulsificante até dissolver bem. Acrescente o morango e siga batendo até ficar na consistência de sorvete. Faça o mesmo processo se for utilizar a clara em neve. Congele por cerca de 3h. Na hora de servir, molhe a colher de sorvete num copo com água para facilitar a retirada do sorbetto.


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Sorvete de Coco com Cremoso de Manjericão e Gel de Cenouras POR LILI ANDRIOLA SORVETE DE COCO 150 ML DE LEITE DE COCO 250 ML DE LEITE 3 GEMAS 125 G DE AÇÚCAR 120 G DE CREME DE LEITE FRESCO

CREMOSO DE CHOCOLATE BRANCO COM MANJERICÃO E COENTRO 100 ML DE LEITE 270 G DE CREME DE LEITE FRESCO 220 G DE CHOCOLATE BRANCO 4 GEMAS 40 G DE AÇÚCAR 1/2 MOLHO DE MANJERICÃO 1/3 MOLHO DE COENTRO FRESCO

GEL DE CENOURA 2 CENOURAS MÉDIAS 100 G DE AÇÚCAR 1 PEDAÇO PEQUENO DE GENGIBRE 6 G DE GELATINA EM PÓ 30 ML DE ÁGUA

MODO DE FAZER O SORVETE DE COCO: Em uma panela, misture 110 ml de leite de coco, o leite e metade do açúcar. Em um bowl, coloque as gemas e o restante do açúcar e misture com um fouet. Leve ao fogo a panela e deixe a mistura começar a ferver. Adicione um pouco da mistura fervente às gemas com açúcar e volte tudo para a panela, cozinhando até atingir 820C. Se não tiver termômetro, mergulhe uma colher no creme e passe o dedo. Deverá ficar um caminho marcado na colher, sem se juntar. Reserve. Em seguida, misture o creme de leite fresco com 40 ml de leite de coco. Junte o creme com a mistura de creme de leite fresco e bata no liquidificador para unir bem tudo. Peneire, resfrie e mantenha em geladeira por no mínimo 8h antes de levar para a sorveteira. MODO DE FAZER O CREMOSO DE CHOCOLATE BRANCO: Branqueie as folhas do manjericão (mergulhar rapidamente em água fervente e depois em água gelada), escorra bem e bata no liquidificador com o leite e as folhas do coentro. Peneire e reserve. Em uma panela, leve para ferver o creme de leite fresco. Em um bowl, misture as gemas e o açúcar. Verta um pouco do creme de leite quente nas gemas e depois volte tudo para a panela e deixe cozinhar até 820C. Derrame sobre o chocolate branco picado, mexa bem até derreter todo o chocolate. Por fim, misture o leite batido com as ervas. Reserve em geladeira. MODO DE FAZER O GEL DE CENOURA Cozinhe a cenoura em pedaços e o gengibre em uma panela com água. Escorra a água e bata no liquidificador com o açúcar até obter um purê bem liso. Hidrate a gelatina na água e derreta no micro-ondas por cerca de 15 a 20 segundos. Misture com o purê de cenoura. Reserve em geladeira.

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Vida C E L S O

G U T F R E I N D

MORANGOS AMIGOS

Terezinha Morango foi uma personagem folclórica da nossa cidade. Circulava por ruas, bares. E em Grenais, quando eu a vi, pela primeira vez. Também na segunda, na terceira, e assim por diante. Terezinha comparecia, ora de colorada (bem mais), ora de gremista (mais raro), ao sabor de seus próprios ventos, que sempre detinham a atenção das torcidas. A nossa – digamos assim – amizade começou quando fui interno-bolsista do Hospital de Pronto Socorro, e ela vinha a todos os meus plantões. Entre tantos atendimentos “sérios” e “emergenciais”, poucos se dispunham a oferecer o que Terezinha pedia: atenção. O futuro psiquiatra preferia estar com ela a suturar ou medicar, e nos tornamos – digamos assim – amigos. Ela conhecia a minha escala de atendimentos melhor do que eu e, nas madrugadas, sempre dava uma passada por lá, com aquela boca encharcada de batom vermelho e o olhar triste, em meio à estranha alegria que proporcionava. Nem sempre as suas “visitas” eram calmas. Terezinha podia estar braba, com um impulso incontrolável de chocar o outro. Era capaz de dizer barbaridades, incluindo as de cunho erótico (ok, pornográfico), coisas picantes até mesmo para o quase adolescente que a acompanhava. Muito palavrão eu aprendi com ela. Agora, eu já era residente em Medicina Geral

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Comunitária, uma espécie de pit stop para a psiquiatria. Toda sexta, fim de tarde, depois de uma semana corrida de atendimentos, presenteava-me com uma ida à livraria Sulina da Borges, para flanar entre a saúde dos livros. Porém, naquela sexta, deparei-me com uma multidão que rodeava um corpo caído, no calor do asfalto. Livros adiados, percebi que era hora de mais um atendimento. Ao aproximar-me do corpo, deparei-me com aqueles lábios vermelhos, fosforescentes. Terezinha ergueu-se, em meio à fraqueza, e suspirou o meu nome. Em seguida, tascou-me um beijo na face, que logo ruborizou, sob o efeito do batom e da vergonha. A cena foi mesmo um espetáculo, com direito a aplausos de uma plateia surpreendida. Levei-a ao HPS, onde, desta feita, precisava algo mais do que conversa, pois uma tuberculose mal tratada já mostrava os seus efeitos daninhos. Despedimo-nos na sala 6 e nunca mais a vi. Fiquei triste, anos depois, ao saber de sua morte, em meio àquele indizível de certas tristezas de quando perdemos alguém que não sabemos definir se um amigo, um paciente ou um familiar, talvez porque seja tudo ao mesmo tempo. CELSO GUTFREIND É PSICANALISTA DE CRIANÇAS E ADULTOS E ESCRITOR


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Bebida

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Vinho

rose Uma onda cor de rosa invadiu as taças e transformou o vinho rosé no queridinho do momento. Descomplicado, leve, frutado, tem conquistado apreciadores de todas as idades, com destaque para os jovens, e até celebridades, que não se contentam em apenas consumi-lo e o transformaram em negócio. Vai longe o tempo em que os rosés eram considerados de menor qualidade. Vinícolas em todo o mundo têm se dedicado a produzir ótimos exemplares. E não é diferente por aqui. P O R

B E T E

D U A R T E

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Bebida Num país tropical e quente como o Brasil, o rosé merece mais oportunidades. E elas têm sido dadas: só no ano passado, o consumo da bebida cresceu 30%. E a promessa é de um crescimento muito maior, porque são ideais para a estação. Muitos são os fatores que contribuem para o fenômeno. A começar pela cor, que ajuda a aguçar o paladar, além de remeter a lazer, verão, férias, descontração. Pesquisadores garantem que os tons de rosa deixam o cérebro em um bom estado de ânimo. O sabor frutado é outro fator-chave para a boa aceitação da bebida. Os rosés trazem a leveza, o frescor e o toque frutado dos vinhos brancos e, ao mesmo tempo, apresentam a estrutura e uma delicada adstringência dos tintos. O que os torna curingas na hora da harmonização com comida. Se você cansou de discursos complexos sobre o vinho, aromas e outros quetais, a opção pode ser um rosé. Um vinho para tomar gelado, à beira da piscina ou do mar, em um bar acompanhando petiscos ou mesmo durante uma refeição com pratos leves ou de peso médio. Não pense que os rosés são todos iguais. Eles têm pesos variáveis. Os mais clarinhos costumam ser frutados e delicados. Alguns têm cor mais intensa e são mais estruturados. Outros são um pouco frisantes. Tem os secos e os com um leve toque de doçura. Os preços também variam. Vale considerar que os produtos nacionais oferecem uma boa relação custo x benefício. Ainda mais quando a safra deste ano está sendo considerada excepcional.

Como escolher Depois de todas essas informações, talvez você fique em dúvida sobre qual rosé comprar, por isso a sommelière Andreia Milan, diretora na Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul, oferece algumas dicas de como selecionar a bebida que mais pode agradar a seu paladar.

PELO ESTILO LEVES Refrescantes, delicados, alegres e descontraídos. Na cor, predomina um tom claro. Aromas frescos e delicados de frutas e flores. Os com uva Moscato têm toque floral. No paladar, expressam frescor e acidez marcante.

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ENCORPADOS Frutados, estruturados, densos, com taninos delicados. Apresentam cor cereja. Aromas de frutas vermelhas (como cereja, morango, framboesa) e frutas negras (como ameixa e figo), podendo apresentar também aromas florais e de especiarias.

PELA NACIONALIDADE FRANCESES

A Provence faz os melhores vinhos rosés do mundo, destacados os da Côte de Provence e os Bandol. Dos cerca de 160 milhões de garrafas de vinho produzidas na região, 88% são rosés. As uvas mais utilizadas são Grenache, Cinsault e Mourvedre, o que resulta, em geral, em um vinho com sabor leve e agradável, e sobressaem pelo frescor, devido à acidez acentuada. Também destacados os produzidos ao sul do Vale do Rio Rhône, principalmente os de Tavel. Os da Provence costumam ser secos, delicados, frutados, aromáticos, com tons pálidos, salmão ou casca de cebola. Os do Loire são mais adocicados e com coloração vigorosa.

ITALIANOS

Os rosés estão consagrados no país. A Toscana tem produzido belos exemplares a partir das uvas Sangiovese. Na região do Lago de Garda, a uva Groppello é um ícone na produção de rosés especiais. No Alto Ádige, são excelentes os com as uvas locais Moscato Rosa e Lagrein.

ESPANHÓIS

O consumo desse vinho sempre esteve em alta na Espanha. Os destaques são os das regiões de Rioja, Navarra e Penedés. As uvas são a Garnacha, Tempranillo e Merlot.

PORTUGUESES

Foram responsáveis por aumentar drasticamente o consumo de rosés no Brasil, conquistando os consumidores, ajudados pela importação direta e preços acessíveis. Destaque para os produzidos no Douro, Entremadura e Ribatejo. Costumam ser blends (diferentes uvas) ou varietais de Touriga Nacional.

SUL-AMERICANOS

Têm cor e corpo mais intensos do que os rosés franceses e muitos deles chegam a se parecer mais com vinhos tintos. São ótimos para quem gosta de produtos mais encorpados.

BRASILEIROS

O país está entre os 20 maiores produtores de vinho rosé. Algumas vantagens dos produtos brasileiros: elevada acidez, o que é essencial para esse estilo de vinho, além da excepcional safra deste ano e a excelente relação custo x benefício.

PELA UVA PINOT, GRENACHE E MERLOT

Originam rosés mais leves e claros. Tonalidade de pétalas de rosas e casca de cebola.

SANGIOVESE, MALBEC E SYRAH

Para quem gosta de vinhos mais encorpados. Com cor mais escura, como morango e cereja.

CABERNET SAUVIGNON

Origina vinhos de acidez agradável e bom corpo, mas têm características diferentes de acordo com o terroir onde a uva é plantada.

TEMPRANILLO

Vinhos aromáticos e bem estruturados.

PELA QUANTIDADE DE AÇÚCAR SECO

O que contiver até 4 g de açúcar residual.

DEMI-SEC OU MEIO SECO

O que tiver mais de 4 g e até 25 g de açúcar residual por litro.

SUAVE OU DOCE

O que tiver mais de 25 g e até 80 g de açúcar residual por litro.

PELA SAFRA Os vinhos rosés são delicados, frescos e leves, por isso, para que se possa apreciar plenamente suas características, quanto mais recente o envase, melhor. Prefira as safras com até 3 anos, e quanto mais jovem, melhor.

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Bebida

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Com que harmonizam Os rosés são considerados curingas. Se na hora de acompanhar um prato há dúvida se o melhor seria um branco ou um tinto, opte por um rosé. Algumas dicas podem ajudar na hora da decisão.

AVES

As regras mais gerais costumam indicar vinhos brancos para carnes brancas e tintos para carnes escuras. No entanto, se o rosé for resultado de uvas tintas vinificadas como brancas, tem acidez para cortar a gordura das aves. A maioria não tem quantidade significativa de taninos, o que poderia atrapalhar a harmonização. Na dúvida entre branco e tinto, fique com o rosé.

MASSAS O estilo do rosé terá mais a ver com o molho escolhido. Quanto mais leve o molho, mais leve o vinho. Quanto mais pesado, mais encorpada a bebida. PATÊS E TERRINES Esses vinhos têm a capacidade de contornar sabores mais pungentes e também os mais delicados. PETISCOS FRITOS Pastel, batata frita, coxinha, bolinho de bacalhau e lulas à dorê pedem essa companhia.

CARNES VERMELHAS Quem disse que os rosés não acompanham carnes vermelhas? O cuidado deve ser em escolher os mais encorpados. Fazem boa companhia para carne assada, filé grelhado, picadinho e até ossobuco. O tradicional carreteiro não tem muita gordura e ainda conta com o arroz (carboidrato), que pede fruta no vinho, o que torna o rosé a opção perfeita.

PIZZAS Os mais leves fazem boa parceria com a pizza margheritta e com a de abobrinha. Os mais encorpados, com as de pepperoni e calabresa, equilibrando o sal dos ingredientes mais curados. Se os ingredientes forem muito gordurosos, opte pelo espumante rosé.

CARNE Ceviche e tartar – Os rosés de corpo médio aguentam bem a textura das carnes cruas. Têm acidez que equilibra os temperos de sabor intenso.

SALADAS Os rosés leves, e até os com um toque frisante, vão bem com saladas. Inclusive as com queijos frescos, como a burrata, a ricota. O cuidado necessário deve ser com o vinagre, que pode atrapalhar a harmonização.

COMIDA JAPONESA Grande parte dos pratos da culinária japonesa tem sabores delicados que precisam de vinhos igualmente leves e delicados, por isso, fique com vinhos e espumantes rosés. A acidez dos espumantes rosés ressalta o sabor dos peixes nos sushis e sashimis e contrabalança o adocicado do arroz no sushi. CULINÁRIA ASIÁTICA Vinhos rosés enfrentam bem a profusão de sabores e temperos da cozinha asiática. Têm pouco tanino, são leves, sutis, menos ácidos que os brancos e mais frutados, trazendo riqueza à harmonização. Combinam com arroz e curry não muito apimentado. FRUTOS DO MAR Uma harmonização quase infalível é com camarões. Pode ser no bobó, no risoto ou na moranga, vai sempre bem, fazendo perfeita companhia a um vinho leve. Com salmão grelhado, polvo ou com paella, o corpo pode ser médio.

SOBREMESAS Aqui, a opção fica com os espumantes. O Moscato rosé combina muito com morangos e com macarons. TÁBUA DE FRIOS Se para o vinho branco pode faltar potência, e para o tinto sobrar, o rosé é uma boa escolha. Um espumante rosé, então, seria ainda mais perfeito. Harmoniza e limpa o sabor dos embutidos, a acidez não conflita com picles e geleias. Com queijos, sustenta a textura dos mais frescos e equilibra o sal dos mais curados. VEGETARIANOS Nada de deixar de lado os vinhos, o rosé vai harmonizar bem com receitas com abóbora, cenoura, tomate, feijão branco, lentilha. Com ratatouille fique com os leves.

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Bebida Taças famosas Não seria exagero dizer que o rosé é o vinho das celebridades. E não apenas porque gostam de tomá-lo. A moda começou com Brad Pitt e Angelina Jolie. Não que sejam rótulos com nomes de celebridades, mas sim negócios nos quais estrelas de cinema e astros da música pop são proprietários, sócios ou parceiros. Além do glamour, os artistas buscam retorno financeiro, uma vez que os rosés têm vendido muito bem em todo o mundo. BRAD PITT E ANGELINA JOLIE Em 2012, na época como casal, lançaram o Château Miraval, com uvas da propriedade que compraram na Provence. O vinho foi um sucesso imediato, pela qualidade, beleza da garrafa em forma de sino e pela fama dos produtores. CAMERON DIAZ A atriz, em sociedade com a amiga e empresária de moda Katherine Power, produziu na Provence o Aveline Rosé, orgânico e de produção vegana. SARAH JESSICA PARKER A atriz de Sex in the City apresentou em maio de 2020 o Invivo X, em parceria com a vinícola Chevron Vilette, que tem vinhedos na Provence, e a neo-zelandesa Invivo & Co. SBON JOVI Com o filho Jesse Bongiovi costumava passar as férias nos Hamptons (ponta chique de Long Island, em Nova York), onde participava com outros milionários do grande consumo dos rosés à beira da piscina, e logo surgiu a ideia de lançar o próprio vinho. Em parceria com Gérard Betrand, produtor de Langedoc, colocou no mercado o Hampton Water. Sucesso absoluto. STING Comprou uma propriedade na região de Chianti, na Toscana, onde produz ótimos tintos. Mas também se dedicou a um rosé, o Beppe, que homenageia um funcionário antigo da vinícola. POST MALONE O rapper americano vendeu 50 mil garrafas do seu rosé francês, o Maison nº 9, em apenas dois dias de pré-venda. JOHN MALKOVICH O vinhedo de onde saem as uvas para produzir o Les Quelles de la Costa Rosé fica na vila medieval de Lacoste, onde viveu o Marques de Sade. Malkovich tem uma propriedade na região, e a família mora ali boa parte do ano.

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Espumantes Os brasileiros costumam associar espumantes a festas. Os rosés viriam, então, dar mais colorido para essas ocasiões, seriam uma provocação para os sentidos. Porque, além do frescor, da vivacidade e das borbulhas, têm grande potencial gastronômico. Os rosés brut fazem bonito servidos como aperitivo, como ingredientes de drinks e como parceiros de pratos que exigem acidez e alguma potência. Os moscatéis, por sua vez, caíram no gosto dos brasileiros e enfrentam muito bem sobremesas, principalmente as de frutas vermelhas e os sorvetes.

COMO SERVIR PARA VALORIZAR O FRESCOR E A LEVEZA DOS ROSÉS, O IDEAL É QUE SEJAM SERVIDOS EM TEMPERATURAS MAIS BAIXAS. OS MAIS LEVES E OS DE CORPO MÉDIO PEDEM TEMPERATURA ENTRE 8 E 10 GRAUS. OS ESTRUTURADOS, ENTRE 10 E 12 GRAUS.


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Sampa C R I S

B E R G E R

PARA ALEGRAR O CORAÇÃO Pandemia... que loucura, né? Aqui em São Paulo as coisas parecem mais calmas do que no sul. Depois de cumprir 110 dias em um isolamento quase enlouquecedor, declarei liberdade ou morte. Voltei para o Spaces (meu escritório), pego Uber para ir e vir todos os dias, uso a máscara, passo álcool em gel nas mãos e paramos por aí. Todo mundo vai ter contato com o vírus e vamos torcer para não ser forte demais. No mais, ainda acredito em sol, exercício físico, sorriso nos lábios e algumas vitaminas para garantir. Por isso, vamos falar de diquinhas (e comidas!) para alegrar o dia, a alma, o coração?

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SAMPA LITORAL Recentemente, conheci um hotel no Guarujá que é uma graça. Ele chama Doral e fica na frente da praia da Enseada, tem uma piscina de respeito e quartos ultra-aconchegantes. Fui para dar uma assessoria pet friendly e fiz questão de testar a temperatura da água da piscina e o conforto das espreguiçadeiras. Dei nota 10 para ambas. Ainda pelos lados da Baixada Santista, aconselho fazer um passeio de barco até as praias de Camburi e Camburizinho e desfrutar da paz do isolamento (neste caso, desejado e não imposto). Quem gosta de peixes e frutos do mar deve colocar na agenda um almoço para sair do regime (mesmo!) no Tahiti. Comi a melhor porção de camarão da minha vida e uma moqueca de peixe e camarão de respeito!

SAMPA CAPITAL Pela capital paulista, estou apaixonada pelo sanduíche de pão fininho e recheio farto do Piadina Tree. Quando meus pais vêm me visitar em SP, os levo para comer carne no Varal 87. Na esquina da minha casa tem a padaria belga Le Pain Quotidien, de que sou fã de carteirinha e suaviza a saudade que sinto da nossa Barbarella Bakery. O burger vegetariano mais gostoso da capital paulista é o Green One da Bullguer. E quando se trata de peixes e frutos do mar, aposto sem hesitar no Dalmo. No mais, fé na vida e no amor! E que venha logo a vacina, porque isolamento em excesso não combina com a gente, não é mesmo? Como eu sempre digo: sou um bicho social, preciso de gente. CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA

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Refúgios brasileiros P O R

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CONHEÇA 2 DESTINOS PARA VIAJAR DENTRO DO BRASIL E CURTIR A NATUREZA: REFÚGIO NA MATA – BELMOND CATARATAS, NO PARANÁ, E REFÚGIO NA PRAIA – PONTA DOS GANCHOS, EM SANTA CATARINA

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Ao longo dos últimos 35 anos viajei muito, inicialmente por puro prazer e depois também profissionalmente, conduzindo os Grand Tours by Beto no Mundo. Na minha “rotina” de meia dúzia de viagens internacionais por ano, percorri 139 países nos 6 continentes, mergulhando na diversidade cultural e natural do planeta. O ano de 2020 começou nesse ritmo, com caçada à Aurora Boreal no Círculo Polar Ártico Russo em janeiro, velejando com a família nas Ilhas Virgens Britânicas em fevereiro e acompanhando o Grand Tour pelo mundo Maia Guatemalteco no início de março. Mas... no final de março o mundo parou em função da pandemia da Covid-19 e passamos os sete meses seguintes observando o devido distanciamento social e as restrições de deslocamento. Em 1º de setembro a STB Trip & Travel, empresa de viagens que coordeno há mais de 30 anos, retomou o atendimento presencial e no mês seguinte me senti seguro para retomar experiências de viagens, respeitando todos os protocolos. Comecei o mês de outubro quebrando um jejum de mais de meio ano: fui comemorar o aniversário de minha filha Elena junto à natureza mais impressionante de nosso estado, os cânions do parque nacional dos Aparados

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da Serra. A primeira viagem foi de carro, só com meu núcleo familiar, para atividades ao ar livre – o que já garante naturalmente o arejamento e o distanciamento social. Escolhemos o Aires de Patagônia, um hotel-estância de apenas 5 quartos no meio de uma ampla fazenda, para nosso “debut” em hotelaria após o início da pandemia. Lá andamos a cavalo e saboreamos pela primeira vez a boa gastronomia fora de casa. Já a primeira viagem de avião foi em um voo curto e direto – para a vizinha Florianópolis – seguindo direto do aeroporto ao Ponta dos Ganchos Exclusive Resort. Novamente a escolha foi por um destino não urbano, com pouca gente e no meio da natureza – e não poderia ter sido melhor. Eu, que amo o mar, quando dei o primeiro mergulho depois de tanto tempo foi como ser abraçado pela mãe-natureza. Terminei o mês de outubro em um dos nossos cartões-postais nacionais: as cataratas de Iguaçu. Fiquei hospedado no hotel Belmond, dentro do Parque Nacional e em frente às cataratas. O voo para lá também foi direto e de apenas uma hora de duração. Compartilho com vocês, a seguir, as minhas duas primeiras viagens interestaduais desde o início da pandemia. Viagens com sabor de volta ao mundo.

MINHAS VIAGENS APÓS O INÍCIO DA PANDEMIA FORAM INTERESTADUAIS, PARA DESTINOS EM MEIO À NATUREZA, PEGANDO VOOS DIRETOS E CURTOS

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PRIVACIDADE, EXCLUSIVIDADE, PAZ E A EXUBERÂNCIA DA NATUREZA DA BAÍA DOS GANCHOS

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Refúgio na Praia – Ponta dos Ganchos Resort Minha ligação com o mar é muito grande. Nasci em início de dezembro e com menos de um mês fui para meu primeiro veraneio em Rainha do Mar, praia de que meu pai foi um dos fundadores e até hoje a base familiar de verão. Lembro de meu ano sabático pela Ásia – entre os Himalaias, desertos e florestas –, era nas praias da Indonésia ou da Índia que me sentia “em casa”. As areias e o mar resgatavam a sensação de familiaridade e pertencimento, mesmo em locais tão distantes. Para quebrar meu jejum de viagens foi óbvia a escolha de litoral como destino, e como queria algo bem especial, selecionei o Ponta dos Ganchos Exclusive Resort, que faz parte da rede VIRTUOSO da qual a Trip & Travel também participa, e é referência na excelência em serviços – muito importante neste momento onde cada detalhe faz a diferença. A localização era perfeita, em uma península particular, proporcionando toda o isolamento que a pandemia ainda exigia, imersa a uma natureza exuberante. Do aeroporto de Florianópolis o traslado me levou di-

reto ao hotel, que fica 50 km ao norte da capital, em um cenário de enseadas e baías, que me proporcionou os vários dias tão ansiados de tranquilidade e privacidade. O cenário não podia ser mais paradisíaco – com o verde das montanhas compondo com as águas claras do mar da Costa Esmeralda cercado por três pequenas ilhas e uma baía de areia branca. Além disso, todo o charme autêntico local com vilas de pescadores nas vizinhanças com os barcos tradicionais dando um colorido extra. Ao entrar na minha “casinha” no topo da colina, com piscina privativa, sombreado por palmeiras e com uma baita vista do mar, me senti abençoado. Os sete meses de resguardo em Porto Alegre sendo premiados com essa baita imersão nesta natureza envolvente. O Ponta dos Ganchos, que comemora duas décadas em 2021 e tem a chancela de qualidade do The Leading Hotels of the World, se espraia por uma área de 8 hectares onde os 25 bangalôs distribuídos em diferentes níveis, e no meio do bosque, garantem privacidade e uma deslumbrante vista para o mar da Costa Esmeralda.

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Achei a equipe “trigentil”, com o cuidado de interagir nos momentos apropriados, oportunizando privacidade e atenção na medida certa. Muito legal a proposta do hotel de qualificar e utilizar a jovem mão de obra local. Outra questão que me encantou é todo o cuidado com a sustentabilidade nas construções, utilização de produtos locais, compostagem e horta, e outras soluções eco-friendly. Depois de tanto tempo em casa, foi muito bom ser bem servido com uma gastronomia clássica com toque contemporâneo, valorizando a culinária regional. Meu dia começava com o café da manhã degustação de 10 tempos, uma sequência de gostosuras, todas cuidadosamente apresentadas. Sem pressa, dá para passar horas saboreando os quitutes e a vista estupenda de uma baía com barcos de pescadores. Tratei de queimar as energias nas trilhas no meio da mata dentro da propriedade, em alguns trechos costeando o mar sobre as grandes rochas lavadas pelas ondas, em outros através dos bucólicos recantos de jardins bem tratados e por entre a horta orgânica que abastece o chef com produtos frescos para nossas saudáveis refeições. Nos “compromissos” da tarde, tênis em uma quadra de saibro com uma baita vista da Costa Esmeralda e aula de Yoga em uma perfeita união com a natureza. Relaxado e sem culpa, já estava pronto para apreciar o jantar do chef José Nero, harmonizado com vinhos e especialmente selecionados pelo sommelier do resort – com o

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som ambiente das ondas e a ventilação natural da brisa do mar. Terminei a noite com uma boa leitura na varanda de casa, sob o luar e as estrelas. Nos dias seguintes aproveitei a pequena baía da praia particular com suas águas tranquilas para praticar o equilíbrio no stand up paddle e me exercitar remando por entre as ilhotas. Além de malhar na academia e dar umas braçadas na piscina aquecida, ambas agendadas para uso individual. Recomendo a experiência de massagem relaxante no SPA, com o som do mar e dos pássaros proporcionando ainda maior conexão entre o corpo e a mente. Saindo zen para desfrutar de mais um belo pôr do sol. Uma experiência muito legal de contato com a natureza foi o passeio em barco tradicional de pesca, contornando as baías e enseadas, atracando em praias virgens para um mergulho e degustando as ostras frescas da região. Entre tantos outros bons momentos, adorei o trekking subindo e descendo colinas, atravessando partes de mata Atlântica, por áreas descampadas com vistas para a ilha Grande, até uma costa rochosa que lá do alto desvendava a Praia de Fora, com 100 metros de área branquíssima e água cristalina. Com acesso só a pé ou de barco, esta praia é o paraíso de pescadores e surfistas, com sua natureza selvagem intacta. A sensação de mergulhar no imenso mar, após todos esses meses de “reclusão”, foi de liberdade total. Um resgate das ondas furadas na Rainha do Mar de minha infância.


AS ACOMODAÇÕES DO RESORT SÃO AMPLAS, TÊM VISTAS INCRÍVEIS, CONFORTO E LUXO NA MEDIDA CERTA

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Refúgio na Mata Belmond Cataratas A primeira viagem internacional da minha vida foi de DKW, com meu amigo João e seus pais, desde Caxias do Sul até Foz do Iguaçu. Eu tinha 12 anos e era muito legal a sensação de estar on the road. Lembro bem da experiência de passar pela primeira vez por uma imigração, e aí na tríplice fronteira foi em dose dupla. Com as restrições de deslocamento deste ano, acabei revisitando o marco inicial de minha trajetória. Adorei retornar a este local que remete às lembranças afetivas e que assumiu um novo significado: foi a primeira viagem que fiz sozinho com minha filha Elena. Nossa parceria ficou ainda mais forte após esses dias desvendando, juntos, as aves e matas do parque nacional, e as cataratas – uma das finalistas das Sete Novas Maravilhas da Natureza. Escolhemos o Belmond Hotel das Cataratas por ser o único dentro do Parque Nacional do Iguaçu, rodeado por 185 mil hectares de floresta tropical e exuberantes espécies da fauna e da flora brasileiras. Em época de isolamento social, estávamos literalmente no meio da mata. Além disso, a gerente geral do hotel, a alemã Andrea Emmerling, preparou a reabertura do hotel combinando os cuidados germânicos de higiene com o acolhimento brasileiro da sua equipe comprometida. O resultado foi perfeito, minimizando o impacto dos novos protocolos e fazendo-nos sentir seguros e cuidados, bem como leves e relaxados durante toda estada. Elena aprovou e se divertiu muito na enorme piscina, observando os quatis e tucanos, colhendo flores dos jas-

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O BELMOND OFERECE ATIVIDADES E TERAPIAS DE RECONEXÃO COM A NATUREZA, ALÉM DE VISTAS DESLUMBRANTES

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mins-manga e brincando nos recantos dos jardins bem cuidados, decorados com orquídeas. Desde a época que fazia parte da rede Tropical o prédio emblemático dos anos 1950 em estilo fazenda me fascinava. Restaurado impecavelmente ao seu charme original pelo grupo Belmond, faz tambérm parte da rede VIRTUOSO e se distingue como o único hotel 5 estrelas na América do Sul pela Forbes Travel Guide. O bárbaro de estar acomodado no Belmond é poder visitar as cataratas antes da abertura do parque aos outros visitantes. Com Elena nos ombros, fizemos a trilha a partir do hotel passando por mirantes, percorrendo parte no meio do bosque, passarelas junto ao penhasco e sobre o rio, apreciando esse sistema único de 275 cachoeiras ao longo de 2,7 km do rio Iguaçu. O trecho final é a parte mais dramática e cênica – a Garganta do Diabo, uma queda de água de 82 metros de altura em forma de U, com 150 metros de largura e 700 metros de comprimento, marcando a fronteira entre a Argentina e o Brasil. Embora nosso território abrigue mais de 95% da bacia do rio Iguaçu, dois terços das cataratas ficam em território argentino. Os hermanos têm as cataratas e


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O PARQUE NACIONAL DE IGUAÇU FOI DECLARADO PATRIMÔNIO NATURAL DA HUMANIDADE E ABRIGA UMA INCRÍVEL BIODIVERSIDADE

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nós ficamos com a vista. O Parque Nacional de Iguaçu foi criado em 1937 como área de conservação da mata Atlântica e das cataratas. Em 1986 foi declarado pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade. Quanto à biodiversidade, foram registradas 257 espécies de borboletas e a onça pintada entre os 45 mamíferos e 200 espécies de aves. O hotel oferece Nature Therapies de reconexão com a natureza. O Forest Bathing, voltado para a prática do mindfulness, é realizado dentro do parque por um guia especializado e combina caminhada com técnicas de relaxamento. Já o Breath of Nature é uma trilha que passa por uma cachoeira e termina nas margens do rio, para


que você possa fazer passeio de caiaque, stand up paddle ou prática de yoga. Aconselho também pegar uma das bicicletas do hotel para exercitar-se imerso nessa natureza imponente. Depois de tantas atividades, nada melhor que a boa gastronomia do chef Jean Paul Barbier, que utiliza ingredientes locais no pirarucu com beurre blanc de tucupi, e o maravilhoso risoto de cogumelos da estação com magret de pato e figos. Uma experiência única que vi acontecer, mas que não chegamos a fazer, é o piquenique no gramado em frente ao hotel, com a cesta e o ambiente preparados pela equipe, com toalhas e almofadas e vista para as Cataratas. Elena, que adora animais, gostou muito do Parque

das Aves, que busca a conservação das aves da Mata Atlântica. Nos cinco viveiros de imersão, pudemos observar bem de perto o tucano com seu enorme bico e uma revoada de dezenas de araras. Uma experiência de conexão com as aves e a biodiversidade da floresta – patrimônio natural de importância global. Eu já curti mais a adrenalina do Macuco Safari, que inclui uma trilha de 2 km em meio à floresta, em carreta aberta, aprendendo sobre a fauna e flora, seguido de caminhada que passa pela cachoeira do Salto Macuco e terminando no barco que segue rio acima até as Cataratas do Iguaçu e passa por baixo das quedas d’água, deixando os passageiros ensopados.

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Dica de Viagem No campo, na praia e na floresta, essas escapadas são perfeitas para se energizar junto à natureza em locais isolados onde o distanciamento social acontece automaticamente. Mais informações sobre experiências de charme pelo Brasil e no mundo com beto@triptravel.tur.br e acompanhe a serie BETO no MUNDO no www.triptravel.com.br/eventos

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O sabor e o saber F E R N A N D O

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NOMES NO MENU: BECHAMEL, As bolachas Maria são longevas, têm um século e meio. Estão tão presentes na nossa história, nos são tão familiares que não parecem invocar uma Maria em particular, soam uma denominação genérica tal maricas, ‘Maria Fumaça’ ou mesmo ‘João e Maria’. Causa espanto que as bolachas devam o nome a uma duquesa russa; mas foi para celebrar o casamento de Maria Alexandrovna com o segundo filho da Rainha Vitória, o duque de Edimburgo (1874), que uma padaria londrina – a Peek Freans – criou as Maria Biscuits. Até então as bolachas não tinham confecção sofisticada, eram vendidas a granel e destinadas, tal um pão de maior durabilidade (daí o nome biscoitos, ‘duas cocções’), às tripulações embarcadas. Estas ‘bolachas de navio’ – chamadas também de pão do mar, bosta de ferro ou quebra molar –, muito utilizadas nas grandes navegações (Séc. XVI), eram tão duras que os marujos, como os cavalos, eram selecionados pelos dentes. Delicadas e delgadas, redondas, bem embaladas, imitando as medalhas que celebravam o casamento nobre, as bolachas Maria tornaram-se um dos primeiros produtos alimentares globalizados. Consumidas na Ásia, Escandinávia, Oceania, América Espanhola e Brasil, tornaram-se uma marca reconhecível como Coca-Cola ou Colgate. É uma ironia que um confeito tão popular tenha o nome de uma personagem tão aristocrática. Dizem que Maria Alexandrovna foi pernóstica a ponto de morrer ao receber um telegrama e ela endereçado como mera Frau Maria Coburg. Outro nobre, este não esnobe, mas jogador inveterado, tornou-se o mais popular dos epônimos alimentares, o IV Conde de Sandwich. Conta Pierre-Jean Grosley no seu Guia de Londres (1770): “Um Ministro de Estado passava 24h na mesa de jogo, tão absorto que só comia um pedaço

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de carne entre duas fatias de pão. Este novo prato, altamente em voga, leva o nome do Ministro que o inventou”. Em agosto de 1762, Edward Gibbons confessava em seu diário o desgosto com “os mais nobres e ricos ingleses sentados numa mesa de café coberta por guardanapos comendo sanduíches de carne fria acompanhados por bebida forte e confusão política”. O IV Conde de Sandwich era impopular; na sua morte (1792) houve quem sugerisse o epitáfio “Raramente um homem assumiu tantos cargos para realizar tão pouco”. Intrigas da oposição. Apesar do jogo – e pecados agregados, ‘O Conde Insaciável’ é o título de sua biografia –, Sandwich deixou um espólio invejável: deu nome a um arquipélago do Pacífico, a uma cidade em Massachusetts e a um pássaro africano. No inglês virou verbo, ficar entre duas alternativas, e no português batizou os programas de estudo com uma estadia no exterior – o recheio –, interposta entre dois períodos no Brasil. A história lembra mais dos príncipes que dos plebeus. O Marquês de Bechamel foi ministro financista de Luiz XIV (1685) com o curioso título de ‘Superintendente da Cozinha Real’ e teria criado o Molho Bechamel, a base de gemas, manteiga e farinha de trigo, para acompanhar ‘galinhas velhas ou perdizes’. Bechamel é o molho branco Premium, uma das bases da culinária. Na crônica da época, lamenta o Duque d’Escars: “Este sujeito tem sorte! Venho servindo ‘poulet a la crème’ por 20 anos antes de Bechamel nascer e não tive a chance de ceder meu nome nem ao mais modesto dos molhos”. O Ministro teve a sorte de virar molho, não foste isto estaria esquecido. Plebeu, o Filé a Cavalo é um à la minute – os dois ovos montam no bife e sem ter de esperar pelas batatas fritas, chega antes que o Filé a Pé. Com um ovo só, transforma-se em Filet a Camões, caolho. Já o Filé Chateaubriand é


O MINISTRO QUE VIROU MOLHO

haute-cuisine, invoca a obra religiosa de Francois Chateaubriand; seu sine qua non é a suculência do bife de primeira preparado envolto em carne de segunda, o filé frito entre duas carnes, tal Jesus crucificado entre os dois ladrões. De origem recente, anos 50, o Carpaccio tem berço, nasceu no Harry’s Bar de Veneza, um monumento tão importante como os canais e gôndolas. O Carpaccio foi

criado por Giuseppe Cipriani em 15 minutos para consolar uma cliente, a Condessa Moncenigo, submetida a uma de dieta de carne crua para tratar anemia: finas fatias de filet cru, molho de mostarda, molho inglês, limão e pimenta. As cores vermelho-alaranjado do prato eram afins às usadas pelo pintor Vitorio Carpaccio (Séc. XVI). Conforme a biografia do bar (Harry’s Bar, Arrigo Cipriani, 1996), ao receber o Carpaccio, a condessa chorava bebendo um Bellini. Nos anos 30 Cipriani deu o nome de outro pintor veneziano – Bellini – ao coquetel que se tornou um clássico. Reuniu dois produtos nobres do Vêneto, Prosecco e pêssegos, numa bebida refrescante e pobre em álcool. O tom amarelado claro do coquetel lembraria as telas de Bellini. Mangia que ti fa biene – inventar um prato para o conforto de alguém é um tema recorrente em gastronomia. Foi para fortalecer a esposa em puerpério que Alfredo di Lelio, dono de uma tratoria de Roma, criou o Fettuccini Alfredo em 1908. Deu certo. Seu condimento era a teatralidade do preparo à mesa: a massa levantada alto da caçarola para se mesclar com a manteiga e o parmesão fresco pela ação da gravidade entusiasma qualquer apetite. Há muita mise en scène na cozinha. Tal a massa com a manteiga e parmesão, as artes, os sentidos e os prazeres se misturam e se complementam. Uma obra de arte libera os mesmos neurotransmissores nas mesmas áreas cerebrais que um Alfredo, um Carpaccio ou um Bellini. David Belasco (1853-1931), o precursor da dramaturgia moderna, dizia que a chegada de um prato no jantar é comparável ao abrir a cortina do teatro. A mesa é um palco. Para Rossini, a celebridade musical do Séc. XIX, o estômago era o “condutor da orquestra das paixões”. Aos 40 anos (e 40 óperas) se aposentou para dedicar-se “à mais admirável ocupação na vida, comer!”. Estilo Zaffari

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O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N

“Comer. Amar, Cantar e Digerir são os quatro atos da ópera cômica do viver e eles passam como bolhas de champanhe. Quem os deixa ir sem desfrute é um idiota completo.” Bravo! Justo que seja homenageado nos Tournedos Rossini: filé, crótons e foie gras com trufas e molho madeira. Comida é memória, permite viajar no tempo. Proust inicia Em Busca do Tempo Perdido (1908) com as lembranças afloradas por uma taça de chá com madelaines: “acabrunhado pelo dia tristonho e a perspectiva de um dia seguinte sombrio, levei à boca uma colherada de chá onde deixara amolecer um pedaço de Madeleine”. Se as memórias são uma porta dos fundos, as Madelaines chegaram à literatura pela porta principal. Buscar a história das Madelaines é perda de tempo; há muitas versões e um único fato: nasceram em Commercy, norte da França. Uma das lendas é que Madelaine Palmier, uma serviçal, tenha preparado os confeitos para o rei Estanislau I da Polônia, lá exilado (1755). Marie, filha de Estanislau e consorte de Luis XV, faria das Madelaines a nouvelle vague de Versalhes. O alimento do pobre requer o mecenato do nobre. Proust descreve as Madelaines como “biscoitos curtos e rechonchudos que parecerem moldadas numa valva estriada de uma concha de São Tiago”, no francês, Coquille de Saint Jacques, as vieiras, um dos raros alimentos com nome sacro. As vieiras tomaram o nome e tornaram-se símbolo de St. Jacques, o apóstolo peregrino: exibindo sulcos em várias direções a partir de um foco, a concha era usada por Tiago para esmolar alimento. Cansados de néctar e ambrosia, os Deuses sequestraram precocemente minha amiga Vera Couto e Silva, queriam no Olimpo a Pavlova que só ela era capaz de fazer. A sobremesa foi criada em 1926 durante o tour australiano da bailarina russa Anna Pavlova. Merengue, chantilly e frutas num doce leve e delicado como a bailarina, com as frutas em torno do merengue desenhando o tutu, o 72

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saiote do ballet. Assim como a Pavlova, a sobremesa, Nellie Melba, a cantora lírica, nasceu na Austrália, mas as Torradas e os Pêssegos Melba são ingleses, ambos criados por Escoffier, chef do Savoy Hotel. Os Pêssegos Melba foram a atração do jantar post estreia da ópera ‘Lohegrin, o Cavaleiro do Cisne’, em Convent Garden (1892): um cisne de gelo nadando num lago de sorvete de baunilha com pêssego. Já as Torradas Melba surgiram cinco anos depois, fatias finas tostadas nos dois lados para tratar um mal-estar estomacal (eufemismo para diarreia) da cantora. Primeira visita de um chefe de Estado ao Brasil, a do Rei Alberto da Bélgica em 1920 trouxe duas consequências: a Siderúrgica Belgo-Mineira e o doce Rei Alberto, um mimo da Confeitaria Colombo ao rei: gelatina, merengue, ovos moles e abacaxi e ameixas, uma mixórdia que deu certo. Anos depois, em 1954, a Colombo criou a Torta Marta Rocha para celebrar a primeira Miss Brasil, ‘ambas fartas e gostosas’, como diziam na época. A Rainha Charlotte, 15 filhos e muitas polegadas a mais que Marta Rocha, era a esposa de George III. O Larousse Gastronomique traz nada menos que 17 Tortas Charlottes, frias e quentes, doces e salgadas, com ingredientes que vão de maçãs e peras a aspargos e salmonetes. A linguagem está repleta de ecos literários – Odisseia, Poliana, Sífilis, Quixotesco, Homérico, etc., alguns ressoam na gastronomia. Pantuagruelico faz referência à sede e apetite de “Pantagruel, o rei dos dipsodos” (os sedentos...), personagem de Rabelais (1534), Panta é afim a ‘pança’ < L. pantex. Rocambole, herói de folhetins publicados entre 1857 a 1870, vivenciava aventuras tão confusas que deu nome – só no Brasil – ao Rocambole, o bolo suíço, um pão de ló recheado enrolado sobre si mesmo. Como o mamute e o tigre do Cáspio, o clã outrora dominante dos Stroganoff está extinto. Deixou como herança o Palácio Stroganoff de São Petesburgo, as coleções


ovos. Já os ingleses se definem como beefeaters, ‘comedode joias e moedas do Museu Hermitage e, não menos res de bife’, e cantam nos pubs “a carne enobrece nossos importante, a receita do Boeuf Stroganoff, o estrogonofe, cérebros e enriquece nosso sangue”; natural também que culinária francesa com alma russa, cubos de carne com o Duque de Wellington, um herói militar, cedesse seu creme de leite azedo. título ao Bife de Wellington: bife e patê envelopado em Antes da demonização do açúcar e da sacralização massa folhada. Derrotados por Wellington em Waterloo, da correção política, ‘branquinhos’ e ‘negrinhos’ definiam os franceses insistem que o nome do prato seja alusivo ao os aniversários infantis. O nome original é brigadeiro. Na aspecto e sabor das famosas botas de Wellington. primeira eleição com voto feminino e não existindo ainda Um outro militar, este francês, Marechal Duplessiso (saco sem) Fundo Partidário, voluntárias angariavam -Praslin deixou a marca na gastronomia. Seu cozinheiro recursos para a campanha do Brigadeiro Eduardo Gomes tostou amêndoas com açúcar e chamou pelo nome do (1950) vendendo docinhos de leite condensado, brigapatrão, amandes a la prasline (1662), em 1680 a palavra já deiros. O Brigadeiro perdeu para Getúlio, mas os doces aparecia sem o ‘s’, praline. conservam o mandato popular. Exemplo do potencial criativo É curioso que Margarita, nome dos acidentes de cozinha, o Crêpe não tão comum, migrasse para a gasA DESCOBERTA DE Suzette, ‘capaz de transformar um tronomia em duplicada: a mais tradicanibal em um gentleman’, foi obra cional das pizzas e o mais popular dos UM NOVO PRATO TRAZ MAIS de um aprendiz de cozinha de 14 drinks. Na visita de Rainha Margarita ALEGRIA À HUMANIDADE anos no Cafe de Paris de Monte Carde Savoia a Nápoles em 1889, o lo, em 1895. Na sua biografia (Life a padeiro Raffaele Esposito criou uma QUE A DESCOBERTA la Henri, 1937), Henri Charpentier pizza de manjericão, tomate e mozzaconta que preparava ‘panquecas rella, com as cores verde, vermelha e DE UMA NOVA ESTRELA. francesas’ para ninguém menos branca da bandeira italiana. (BRILLAT-SAVARIN, 1826) que o herdeiro ao trono da Rainha Já o coquetel Margarita – tequiVitoria quando a mistura de licores la, limão, licor de laranja e sal – tem com casca de laranja pegou fogo na origem disputada. Há a versão de caçarola. Apagado o incêndio o rapaz se refez do susto que o proprietário do Hotel La Gloria de Tijuana o tenha ao provar “a mais deliciosa harmonia de sabores adocipreparado em 1938 para Marjorie King, atriz alérgica cados”. Não deu crepe – as panquecas flambadas foram a todas as bebidas alcoólicas com exceção de Tequila. um sucesso e assumiram o nome da única jovem à mesa, Marjorie é a tradução de Margarita, ‘pérola’. Outra versão Suzette. ‘Susaninha, 14 anos e filha de um comensal’, é que a dançarina e aspirante a atriz Margarita Cansino seria a descrição com discrição da escort do Príncipe de tenha inspirado o barman do Hotel Agua Caliente a Gales, notório lotário de codinome Dirty Bertie... criar o coquetel. Esta dançarina se transformaria em Rita No dia seguinte, Dirty Bertie fez chegar a Charpentier Hayworth, a estrela de Gilda, o arquétipo da femme fatale. um anel, um chapéu e uma bengala. Presentes bizarros, Se, conforme a atriz, os homens iam deitar com Gilda, mas nada mais justo. Suzette deve ter ficado feliz. Como mas acordavam com Rita, há quem beba Margarita para escreveu Brillat Savarin, a descoberta de um novo prato sonhar com ambas. traz mais alegria à humanidade que a descoberta de uma Antes de mangiamaccherone, os italianos eram mannova estrela. giafolie, ‘comedores de folhas’ (Séc. XVI), natural que a Caesar Salad tenha o nome do chef italiano Cesar Cardini FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET (1924) que a preparava junto às mesas de seu restaurante fernando@vanet.com.br no México: alface, crótons, parmesão, suco de limão e Estilo Zaffari

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COM A PANDEMIA, OS ESPAÇOS PRIVADOS TIVERAM QUE PASSAR POR ADEQUAÇÕES PARA ACOLHER AS ATIVIDADES PROFISSIONAIS. FOI PRECISO CONCILIAR VIDA PESSOAL E TRABALHO

Neste ano de pandemia, muitos profissionais passaram a usar a própria casa como um lugar seguro e multifuncional para a realização de suas atividades. “Ficar em casa” teve que se tornar algo agradável, e o espaço privado precisou passar por adequações que o tornassem mais propício à nova função. Foi preciso conciliar a vida privada e a rotina do trabalho. Por isso, muitos se valeram da ajuda de especialistas para criar home offices mais produtivos e aconchegantes. Bons projetos valorizaram a luz natural, a integração com o ambiente externo e, sobretudo, com a ambientação já existente na casa. Mesmo quando a vida retomar seu curso normal, a criação de um home office adequado continuará sendo uma prioridade para os profissionais. Pesquisas revelam que 86% deles querem continuar executando seu trabalho em casa. A maioria afirma que conseguiu equilibrar a vida pessoal e os compromissos exigidos pelo trabalho. E todos são unânimes em ressaltar o aumento de produtividade decorrente da redução dos deslocamentos, especialmente para quem vive nas grandes cidades.

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Dicas para ajudar no dia a dia: Estabeleça e cumpra um horário de expediente. Garanta que os demais moradores da casa entendam e respeitem seu horário de trabalho. Cuide para não ultrapassar a fronteira entre a vida profissional e a pessoal. Mantenha o networking. Planeje-se, a ideia é estabelecer metas diárias e semanais. Determine um espaço fixo para trabalhar, com boa iluminação e acomodação confortável.


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Laura Amaral (empresária) “O canto do quarto que seria destinado a um espaço para descontração e leitura acabou cedendo lugar a uma mesa de trabalho. A área reservada para aulas de yoga matinais recebeu uma poltrona para atendimentos on-line, leitura e estudos. Aos poucos, tudo isso foi tomando forma e hoje é onde passo boa parte do meu dia trabalhando. É um lugar isolado das outras peças da casa, o que permite maior concentração. A vista é superagradável e ajuda a relaxar e sair um pouco da frente das telas. O arquiteto que projetou toda a casa, Conrado Lang Silva, é um profissional incrível e tem muita sensibilidade. Transformou os espaços e trouxe muita luminosidade e funcionalidade. Hoje, ainda sem previsão de retomada de uma vida profissional presencial, procuro variar os ambientes, trazer mais dinamismo para o dia a dia, mesmo que dentro de casa. Isso ajuda a me movimentar e quebrar a rotina.”

O HOME OFFICE OCUPOU UM ESPAÇO ANTES RESERVADO PARA O RELAX, DENTRO DO DORMITÓRIO DE LAURA

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Casa

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O HOME OFFICE DE ALEXANDRA FOI PROJETADO POR UMA DESIGNER DE INTERIORES. ALÉM DE FUNCIONAL, PRECISAVA SER CENOGRÁFICO, PARA COMPORTAR SOLUÇÕES AUDIOVISUAIS

Alexandra Aranovich (publicitária e blogueira) “Eu já trabalhava em home office antes da Covid-19, mas com o isolamento todos acabaram ficando em casa e foi preciso nos reorganizarmos. Com o projeto criado pela Cris o ambiente ficou mais funcional e produtivo. Ela fez tudo de forma virtual e conseguiu captar exatamente as nossas necessidades. Com este novo espaço, que ficou a nossa cara, consegui estabelecer melhor os horários e melhorei minha disciplina. Um ambiente organizado facilita a rotina. Luciano, meu marido, que nunca tinha trabalhado em casa, se adaptou superbem ao novo conceito, inclusive estamos pensando em fazer o mesmo na nossa casa da praia.”

O DEPOIMENTO DA DESIGNER

“Quando falamos de projeto de interiores é determinante entender a essência do cliente. Em um cenário virtual, isso exige muito mais sensibilidade. Nesse projeto, além das funções tradicionais de um escritório, precisávamos pensar no home office como um estúdio/cenário, porque os clientes usam soluções audiovisuais, seja para interagir com os seguidores, seja para audiências jurídicas on-line, já que ela é publicitária/blogueira e ele, advogado. Como não existiu visita presencial, foi um trabalho colaborativo, construímos em conjunto.” (Cris Formolo, designer de interiores)

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Casa

Greice Boff (estilista) “Nunca havia cogitado a hipótese de trabalhar em casa. No entanto, quando resolvi experimentar o home office, ganhei tempo de deslocamento, flexibilidade nos horários e fiquei mais próxima da minha filha. Funcionou superbem. Ano passado fiz uma reforma no apartamento que incluiu o meu home offic-atelier. Junto com os arquitetos Beto Salvi e Tutti Giorgi projetamos um espaço funcional e esteticamente agradável, inspirador e luminoso. Manter a disciplina é fundamental, criei uma rotina de horários, com a vantagem que posso flexibilizar e me estender à noite, ou trabalhar num sábado de manhã tranquilamente. Sei que minhas máquinas de tricô artesanal e meu conjunto de fios estão sempre ali pertinho, à minha espera. Sinto-me feliz com a escolha.”

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A REFORMA DO APARTAMENTO DE GREICE INCLUIU A CRIAÇÃO DO HOME OFFICE-ATELIER, ONDE ELA TRABALHA COM FLEXIBILIDADE E CONFORTO Estilo Zaffari

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Equilíbrio C H E R R I N E

C A R D O S O

AINDA DÁ TEMPO Chegamos ao final de um ano fatídico e controverso. Como muito vimos em memes, em charges e pudemos sentir na pele, 2020 não foi para amadores. Certamente será lembrado de muitas formas e por todos que vivenciaram esta experiência. Mas quando puxo minha memória para as aulas de História, eu me dou conta de que, honestamente, 2020 não foi assim um ano dos mais desafiadores para a humanidade, vai? Se você pudesse comparar com as guerras mundiais, a guerra fria, a guerra dos farrapos, a guerra do Vietnã, a Ditadura, a revolução francesa, a revolução inglesa, a gripe espanhola, a gripe suína, a gripe bovina, a dengue, o ebola, a Aids, as drogas... será mesmo que 2020 foi dos piores? Sei que não é fácil lidar com perdas. Somos crianças ainda, perder não é algo que aceitamos de bom grado. E neste ano muitos perderam. Não só a vida de tantos conhecidos ou o emprego e a estabilidade financeira, mas perderam algo que, pelo menos não nas últimas seis décadas, tinham e não valorizavam, que foi a liberdade! O ir e vir sem opressão. Perdeu-se a opção de manter a rotina, mesmo aquela de que muitos reclamam diariamente. Perdeu-se o sossego de uma casa silenciosa, já que mesmo para quem mora sozinho, na solidão imposta o que menos se percebia era o silêncio. Milhares de lives, cursos on-line, home schooling, home office... e por aí vai. Este ano não foi mesmo para amadores, mas no sentido emocional da palavra. E por isso é tão importante você olhar para aquilo que mais te desafiou durante os meses de isolamento, desta quarentena meio certa, meio errada.

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Quais foram seus reais desafios? Do que você mais teve medo? Que proveito você tirou desta oportunidade? Sim. Foi uma oportunidade. A chance que talvez você pedisse para estar mais em casa, para estar mais com sua família, para ter mais tempo para fazer coisas que você deseja mas para as quais não acha brecha na rotina acelerada, para ter mais tempo para você! Quem encarou todo o processo vendo o copo mais cheio do que vazio, que mesmo reclamando (porque isso faz parte da nossa característica humana) fez bom uso da pausa para crescer, aprender e evoluir, sai desta mais preparado! Quem só olhou o copo mais vazio e quis achar responsáveis e culpados para tudo, sai desta mais pesado e sem ter aprendido muito com o processo. Como tudo na vida, a escolha nos pertence. Talvez seja a única coisa que verdadeiramente nos pertence. O que eu escolho fazer com o que a vida me apresenta? Eu escolho viver e extrair o melhor de todas as situações ou eu escolho me vitimizar e me achar injustiçado? Talvez este ano tenha sido só um alerta, quem sabe? Uma preparação para algo ainda mais desafiador. Sendo assim, ainda dá tempo. Ainda dá tempo de ressignificar suas experiências e entender que para o Universo tudo está exatamente como deveria estar! Cuide de você, cuide do que sente, do que pensa, do que absorve e encerre este ano agradecendo. Até mesmo as suas dificuldades. CHERRINE CARDOSO É ESCRITORA WWW.AINCRIVELARTE.COM


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mulheres que amamos

PARA FECHAR O “GENIOSO” 2020, NADA MELHOR DO QUE UM MULHERÃO. FÁTIMA TORRI DESFILA SOZINHA NESTA ÚLTIMA SEÇÃO MULHERES QUE AMAMOS DO ANO, ESBANJANDO ENERGIA, INTELIGÊNCIA, INDEPENDÊNCIA, CRIATIVIDADE, TALENTO, CHARME. E UMA REBELDIA IRRESISTÍVEL, QUE TEM SIDO IMPULSO PARA MIL E UMA IMPORTANTES REALIZAÇÕES. É SEMPRE UMA DELÍCIA CONVERSAR COM ESTA MULHER TÃO SINGULAR E TÃO INSPIRADORA. VEJA VOCÊ:

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FÁTIMA TORRI Em suas próprias palavras, Fátima Torri é uma mulher com a essência do imigrante italiano. Seus pais, Antônio Victor e Modesta, que eram do interior de Santa Maria, falavam dialeto e mantinham pesadas rotinas de labuta. Com eles, aprendeu valores que a acompanham até hoje, como trabalhar arduamente, não gastar mais do que ganha e conquistar a casa própria. Estes princípios formaram seu caráter e construíram sua personalidade aguerrida e independente. Mas foi outro marcante traço de sua personalidade, o poder de observação, que a fez perceber o quão diferentes eram as vidas de homens e mulheres. Enquanto ela via sua mãe olhando para baixo (limpando, amamentando, cozinhando, lavando roupas), seu pai estava sempre de cabeça erguida, ao negociar e tomar decisões. Mesmo sem entender a razão dessas diferenças, decidiu não seguir a vida típica de uma mulher – em uma época em que elas só podiam escolher entre se tornarem donas de casa ou professoras, ela queria muito mais. Seu espírito empreendedor aflorou bem cedo. Aos 10 anos de idade, descobriu que poderia alugar o telefone da família – artigo raro nas residências, à época –, e com o dinheiro, comprava guloseimas. E ainda havia uma diversão a mais: às escondidas, Fátima ouvia as conversas das pessoas. Com essa curiosidade nata, aliada à paixão por histórias reais e humanas, escolher o jornalismo como profissão foi um caminho natural. Ainda em Santa Maria, onde cursou faculdade, dividia-se entre uma rádio, um jornal, aulas de teatro, um grupo feminista e o movimento estudantil. Tantas atividades, em uma jornada diária de 18 horas, foram sua grande escola da vida. Sua competência a fez crescer e conquistar espaço em importantes veículos de comunicação do Brasil, como Zero Hora, Estado de S. Paulo,

Folha da Manhã e Exame. Ela ainda colaborou como freelancer para as revistas Claudia e Marie Claire. Com essa rica bagagem profissional e após o nascimento dos filhos Bruno e Marcelo, Fátima entendeu que ela era a única responsável por si e por sua felicidade. A maternidade revolucionou sua vida, lhe dando grande força para empreender – e assim nasceu a Fatto Comunicação, uma das principais agências em seu segmento do sul do Brasil, e que em 22 anos já atendeu clientes como Tramontina, Tintas Renner, Shopping Iguatemi, Hospital Moinhos de Vento e Panvel. Com uma turbulenta agenda de compromissos, há alguns anos Fátima se deu conta de que algo estava faltando. Começou a repensar sua vida, desejos e planos. Se quando menina não aceitava viver sob as amarras machistas, na vida adulta decidiu dar voz a sua natureza questionadora e rebelde. E em 2020, em plena pandemia, resolveu revitalizar um sonho de muitos anos: lançou a revista digital “Fala Feminina”. No site www.falafeminina.com.br ela reúne textos e entrevistas sobre assuntos diversos como velhice, maternidade, infertilidade, a ditadura da beleza e da magreza, racismo, menopausa e muito mais. É um espaço criado por e para mulheres, construído com muito amor, dedicação e entrega. O Fala Feminina usa a informação como ferramenta de inspiração e mudança para mulheres de todas as idades. Enquanto eu ouvia suas palavras e histórias, sempre carregadas de intensidade e paixão, lembrei de uma expressão norte-americana que define as pessoas que são mais interessantes que a maioria: “larger than life”. E assim é Fátima Torri: maior que a vida. POR ANA GUERRA, JORNALISTA

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Palavra LU Í S

AU G U S TO

F I S C H E R

SER GAUCHE NA VIDA

Foi o Drummond que inventou a imagem. Em um poema da juventude, ele escreve – naquela zona cinzenta entre a verdade da vida e a verdade da arte – que, quando nasceu, um anjo que vive nas sombras disse a ele: “Vai, Carlos, ser gauche na vida”. Era um papo de anjo, mas um papo danado, que condenou o poeta a ser “gauche”, que parece tanto com a palavra “gaúcho” que dá vontade de pensar que elas são parentes – tem rios de tinta sobre a controversa origem do adjetivo que marca os nascidos no Rio Grande do Sul, e não vou ser eu a tentar deslindar essa história aqui e agora. “Gauche”, em francês, quer dizer esquerdo, mas também quer dizer desviante, incomum. A palavra está no título de um livro muito interessante, importante e, para fazer-lhe justiça, inspirador: E fomos ser gauche na vida (editora Pubblicato). A autora é a Lelei Teixeira, veterana jornalista, de larga carreira em Porto Alegre. (Me dei conta agora, escrevendo o nome dela, que ele carrega nada menos que três ditongos ei: ei, ei, ei!) É um livro de memórias, mas com ao menos duas notáveis peculiaridades. A primeira, amorosa, é que a Lelei perdeu faz poucos anos uma irmã que era sua parceira, sua inspiração, uma metade inseparável, a Marlene. Isso transforma esse livro de memórias em uma lenta forma de fazer este luto. A segunda, dramática, é que a Lelei e a Marlene são pessoas diferentes. Mais diferentes do que em geral são diferentes entre si as pessoas. Espera: antes de dizer qual a diferença, queria que o prezado leitor e a gentil leitora perguntassem a si mesmos quando

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foi que se sentiram diferentes do mundo ao redor. Quando, onde e por que foi que se sentiram apontados, prejudicados, até discriminados por essa diferença? Ocorreu que o destino assinalou para sempre a vida das duas irmãs com o nanismo. Uma diferença incontornável. Um fardo. Uma pecha. Uma vida de dificuldades. O livro conta uma série delas. Já adultas, chegarem num restaurante na turística Gramado e ouvir do garçom que não havia cadeiras altas. Quando crianças, então, nem se fala. Uma professora primária da Lelei, por exemplo, chamou-a ao quadro e, em lugar de deixar a aluna escrever no quadro-negro na altura adequada, impôs que a menina subisse num banquinho, expondo-se de modo cruel diante da turma toda. De chorar, sim. Mas o que tem de história de superação, bá, não é pouco. Tem mais relatos de solidariedade, compreensão e estímulo, do que de barreiras, que nunca foram poucas. A Marlene foi professora a vida toda, e a Lelei jornalista. A história familiar das duas já daria todo um romance – dificuldades e restrições econômicas se combinavam com intenso amor e uma ampla parentada muito ativa. As duas viveram no interior do estado, depois em Porto Alegre, mas viajaram, ousaram ir para o mundo – quer dizer, encararam a condição gauche como um elemento da vida, não como um sinal de morte. Que lindo livro a Lelei nos oferece! LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR

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