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Sampa

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CRIS BERGER

A RETOMADA

Depois de 110 dias reclusa, junto da Ella, em 35 metros quadrados do meu apartamento no bairro da Vila Nova Conceição, em São Paulo, coloquei o nariz para fora. Como é lindo viver! Olho para trás e sinto arrepios. Que duros foram os meses de isolamento social. Comecei fazendo viagens para o litoral paulista. Depois retornei ao Spaces, meu escritório, e agora é vida normal. Bem, quase normal. O uso da máscara é frequente, elas até já têm um cantinho na gaveta das roupas íntimas. O álcool em gel também divide espaço com o batom na nécessaire que vai na bolsa. No mais? Segue a vida, a espera pela vacina e a certeza de dias melhores. Até porque pensar positivo fez bem à saúde, que nunca andou tão em alta.

Neste período de retomada fiz três descobertas que vale dividir com vocês: uma casa para alugar em Maresias, uma pousadinha na Praia de Pernambuco no Guarujá e um clube de jazz na capital paulista. CASA PARA ALUGAR EM MARESIAS

Em São Paulo aconteceu uma espécie de êxodo rural ao contrário. As pessoas deixaram a capital e foram morar na praia, serra ou interior. As propriedades que costumavam ser locadas nos feriados de final do ano e férias estiveram devidamente ocupadas. Pena que não entendi esse movimento e não fiz o mesmo. Acho que eu não imaginava que o vírus nos manteria reféns por tanto tempo. Bem, tive meus quatro dias em uma casa com piscina aquecida, churrasqueira, mesa de sinuca e cinco quartos, bem perto do mar. E todos os dias íamos ver o pôr do sol em Paúba, a praia vizinha e dona do melhor local para assistir ao dia dar lugar à noite...

Interessou? Fala com a Mariana pelo contato @suacasaemmaresias.com.br

CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA JORNALISTA E ESCRITORA crisberger@crisberger.com crisberger@crisberger.com

POUSADA COM JEITO DE CASA

A Moa Pousada fica na melhor praia do Guarujá: Pernambuco, reduto de surfistas com areia branca, água transparente e coqueiros à beira-mar. A praia tem a beleza do litoral norte, que é o ouro da costa paulista, a apenas uma hora e meia da capital. A pousadinha foi projetada em uma casa no estilo espanhol, com piscina no meio e quartos ao redor. E tem direito a uma história de amor: uma paulistana conhece um caiçara, eles se apaixonam, ele a ensina a surfar e juntos abrem uma pousada onde os hóspedes rapidamente tornam-se amigos. Todos os quartos têm uma prancha na parede como decoração e luzinhas no estilo circense. É um amor. Um terraço para tomar sol acaba de ser inaugurado e junto com a jacuzzi e a pira (fogueira) faz os hóspedes considerarem tudo uma continuação de casa. moapousadaguaruja.com.br JAZZ NA PAULICEIA

Quando não podemos escutar o barulhinho do mar, nos deliciamos com jazz em um club de Pinheiros que já aprendi a chamar de meu. O Heavy, que recebia 700 pessoas por noite, criou um novo braço que une gastronomia e música de extrema qualidade e transformou os domingos em puro deleite. As caixinhas de som, devidamente bem instaladas por toda a casa, tanto na área interna como externa, fazem a música ao vivo ou orquestrada pelo DJ Beto Chuquer ser ouvida alto e claro. O cardápio oferece petiscos, burgers e alguns pratos. E a carta de drinks é completíssima, como se pode imaginar.

Rua Benjamim Egas, 297

Viagem

Ilhas Virgens Britânicas O paraíso dos velejadores

TEXTO E FOTOS POR BETO CONTE

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Nossa última viagem familiar pré-pandemia foi de catamaran pelas Ilhas Virgens Britânicas, onde a imensidão do mar e o horizonte como limite foram a despedida de nossas aventuras pelo mundo antes do período de confinamento imposto pelo coronavírus. As duas famílias de amigos com suas crianças não imaginavam que a total liberdade de deslocamento proporcionada pelo nosso barco seria seguida das grandes restrições decorrentes da pandemia.

Quando embarcamos em Tortola, no início de fevereiro de 2020, para uma navegação de 5 dias por entre as 60 ilhas e ilhotas desse arquipélago do Caribe, já estávamos inteirados do novo coronavírus, mas o epicentro ainda era a distante Ásia. Não vislumbrávamos, então, que a vida do planeta iria mudar dramaticamente e de forma tão rápida. Um mês depois já entrávamos todos em “home office”.

O “confinamento” na embarcação nos proporcionou a proximidade física e o calor humano de que tivemos que abrir mão nesses longos meses de distanciamento social. Mas foi uma despedida em grande estilo, desfrutando da imensidão da natureza e de muitos abraços, cuja falta nos faz valorizar ainda mais.

O destino escolhido, Ilhas Virgens Britânicas, fica entre o Atlântico e o mar do Caribe. Terra de naufrágios, veleiros e resorts em ilhas particulares, refúgio de piratas e agora de celebridades como Morgan Freeman, Elizabeth Hurley e Richard Branson – proprietário de uma ilha inteira, a Necker Island. EMBARCAMOS NO

CATAMARAN EM TORTOLA,

PARA UMA NAVEGAÇÃO

DE CINCO DIAS POR 60

ILHAS E ILHOTAS DESSE

ARQUIPÉLAGO DO CARIBE

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AS CRIANÇAS SE DIVERTIRAM NAS ÁGUAS AZUIS E AREIAS DAS PRAIAS. OS PAIS DESFRUTARAM DA SENSAÇÃO DE LIBERDADE QUE A NAVEGAÇÃO DÁ

Enquanto aguardamos o mundo se reacomodar, compartilho com vocês esta que foi uma das melhores experiências familiares de viagens que já tivemos. Ao longo de uma semana as crianças – de 5 a 10 anos – se divertiram nas águas azuis e areias finas das praias, e os pais desfrutaram da sensação de total liberdade que a navegação marítima proporciona.

Já tinha velejado nas Whytsundays Islands, na Grande Barreira dos Corais na Austrália, e em um “gulet” – embarcação tradicional turca – na baía de Gokova, no mar Egeu, duas experiências inesquecíveis de viver embarcado por vários dias. A expectativa de compartilhar vivência similar com minha família e amigos era grande, e acabou superando todas as expectativas.

O formato da “trip” foi perfeita. Como somos simpatizantes do mar, mas sem nenhuma destreza na arte de navegar, optamos por um esquema com tripulação que nos possibilitava desfrutar das vistas e dos momentos, enquanto o capitão inglês tratava dos ventos e das ondas pelo caminho.

Como profissional do turismo, entendo que a consultoria de especialistas faz toda a diferença no sucesso de uma viagem, e para nossa aventura por águas desconhecidas utilizamos a “expertise” do Daniel, do The Moorings, que nos auxiliou na escolha do destino, época do ano e embarcação ideal. Desde o meu primeiro cruzeiro pelo Caribe, circulando por entre ilhas maiores, me fascinava a ideia de conhecer também as menores – no espírito Robinson Crusoé

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AS DIVERSAS ENSEADAS, BAÍAS, RECIFES E ILHAS COM ANCORAGEM TAMBÉM GUARDAM EXCELENTES

PONTOS DE MERGULHO E SNORKEL

de se defrontar com um pedaço de terra solitário no meio do Oceano. Em uma parada nas Ilhas Virgens Americanas, há mais de duas décadas, coloquei como meta voltar para explorar as vizinhas Britânicas, que só eram acessíveis com embarcações menores. “Virgem Gorda” ficou registrada na minha “wish list”. Quando Daniel colocou entre as diferentes possibilidades de navegação aquele arquipélago britânico como a “Meca” de todo navegador, a escolha estava feita. Aliado a isso, o mês de fevereiro, ideal para navegação, e um catamaran com 4 suítes que nos acomodava perfeitamente, a combinação ficou perfeita. Daniel nos ajudou o traçar o percurso aconselhável para o tempo disponível e nos alertou que o capitão faria os devidos ajustes conforme as condições de vento e do mar, para que a navegação fosse a mais suave possível em função das crianças. E assim foi. Perfeito.

Ao longo de minha vida de viajante a dificuldade em chegar a um local sempre tornou esse destino ainda mais “desejável”– seja as estepes da Mongólia ou as montanhas geladas da Antártica. O mesmo aconteceu com essas ilhas perdidas no meio do oceano. Para chegar às Ilhas Virgens Britânicas voamos para Miami, onde pernoitamos, de lá pegamos outro voo até Saint Thomas, nas Ilhas Virgens Americanas, onde passamos um par de dias, seguindo de ferry até Tortola, para finalmente embarcar em nossa “casinha”.

ILHAS PRINCIPAIS

A maioria das ilhas fica ao longo do canal Sir Francis Drake – incluindo a ilha de Tortola, espinha dorsal do canal, com Virgem Gorda formando a borda leste e Jost Van Dyke a oeste. Com mar regular e ventos constantes, a maioria das ilhas pode ser alcançada em navegação visual em um raio de 80 milhas náuticas. As diversas enseadas, baías, recifes e ilhas com ancoragem também guardam excelentes pontos de mergulho e para snorkel.

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TORTOLA

Mais de 80% da população das Ilhas Virgens Britânicas mora nesta ilha de 55 km2. Trata-se do centro náutico do arquipélago, considerado pela nata do iatismo como o melhor lugar do mundo para velejar, com a maior frota de barcos de aluguel do Caribe, com mais de 700 embarcações.

Em Long Bay está a praia mais longa de Tortola, com um quilômetro de areias contínuas, já as baías de Apple e Josiah’s ao longo de North Shore são propícias para surfe. Tortola é também o centro culinário das Ilhas Virgens Britânicas, com seus frutos do mar com temperos das Índias Ocidentais e autêntico sabor caribenho.

Tortola, além de paraíso natural, é também fiscal – um dos maiores centros financeiros internacionais com cerca de 500 mil companhias registradas. O porto de entrada é Road Town, a maior cidade das Ilhas Virgens Britânicas, com belas e muito bem equipadas marinas. Foi nossa única interface urbana antes de partirmos para ilhas ainda mais virgens.

A sinuosa ilha, centro do arquipélago, esteve sempre presente no horizonte, pois navegamos pelos próximos 5 dias em torno dela em sentido anti-horário – considerado o melhor “island hopping” do Caribe, com grande diversidade de paisagens entre as ilhas.

VIRGEM GORDA

Cristóvão Colombo batizou a ilha em 1493 por sua silhueta que lembra uma barriga. Localizada a 19 quilômetros de Tortola, nos seduziu por sua bela TORTOLA,

VIRGEM GORDA

E JOST VAN DYKE

SÃO AS TRÊS

PRINCIPAIS ILHAS

VIRGENS BRITÂNICAS

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composição de praias e montanhas – plana com areias brancas no sul, e vegetação deslumbrante nos picos e colinas no lado norte.

Aproveitamos ambas as extremidades da ilha – começamos o dia entre baías e praias desabitadas do North Sound na sua parte setentrional e ancoramos no sul, próximo a “The Baths”, a mais famosa praia da ilha por seus grandes rochedos de origem vulcânica que formam piscinas naturais, só acessível por trilhas ou pelo mar. Pernoitamos na marina de Spanish Town, onde aproveitamos para jantar no Coco Maya, com uma culinária fusion oriental caribenha.

No local mais estreito da ilha tem também o Bitter End Yach Club, um paraíso para iatistas, com um dos mais exclusivos ancoradouros de águas profundas do Caribe.

JOST VAN DYKE

Perfeita para nos isolarmos na natureza com seus 10 km2 e apenas 250 habitantes. O ponto de chegada é Great Harbour, de onde táxis aquáticos partem para White Bay, a praia mais procurada por suas areias brancas e águas claras.

Pernoitamos em uma ilhota no parque nacional de Diamond Cay, onde percorremos uma trilha até o Bubbly Pool. Lá, durante a maré cheia, as ondas passam por cima das rochas e formam uma piscina borbulhante. Já os bancos de areia de Green Cay e Sandy Spit servem de base para um bom snorkeling. Além das praias desertas, Jost Van Dyke é conhecida por seus bares e restaurantes descontraídos, incluindo o famoso Foxy’s Tamarind Bar, em Great Harbour, inaugurado pelo ilhéu nativo Philliciano “Foxy” Callwood, nos anos 1960. Um autêntico bar de praia, sem paredes e com teto leve de madeira, com uma bandeira de pirata fincada logo na entrada. “EM MINHA VIDA

DE VIAJANTE, A DIFICULDADE

DE CHEGAR A UM LOCAL

SEMPRE TORNOU ESSE

DESTINO AINDA MAIS

DESEJÁVEL”

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HÁ OPÇÕES DE VIAGEM PARA

“INICIADOS”, QUE NAVEGAM SEM

TRIPULAÇÃO, E PARA QUEM DESEJA RELAXAR

ITINERÁRIO

Partindo de Tortola cruzamos o canal Sir Francis Drake, que foi a navegação mais agitada de nosso percurso, até chegarmos às águas calmas de Peter Island, onde nadamos e fizemos stand up paddle. Happy Hour no deck superior e um delicioso jantar foram o fechamento de ouro desse nosso 1º dia a bordo. As pequenas ilhas de Norman, Peter, Cooper, Salt e Ginger, que resguardam passagens seguras aos velejadores, foram a estreia perfeita de navegação para nossos pequenos tripulantes. Entre as ilhas Cooper e Ginger fizemos scuba dive em um impressionante mergulho de naufrágio por entre embarcações que ao longo dos séculos se chocaram nas pedras e submergiram. Passamos um dia em Virgem Gorda, o destino tão ansiado, que percorremos de ponta a ponta, velejando depois prazerosamente a favor dos ventos até Jost Van Dyke. Na nossa última noite a bordo seguimos a sugestão do capitão e cruzamos a windward e flanagan passage até Norman Island. Completamos o circuito com snorkeling entre grutas e cavernas e uma bela caminhada pelas escarpas montanhosas, com belas vistas da ilha com suas baías e enseadas recortadas. Quando chegamos ao final da trilha uma tempestade tropical e passageira nos pegou, só para dar um tempero a mais na maravilhosa semana que chegava ao fim. Ficamos abrigados no “Pirates Bright” até conseguirmos voltar a nossa “home sweet home” já com o sol se ponto para brindarmos com gin tonic nosso último entardecer a bordo. Uma viagem que já deixa saudades!!!

DICA DE VIAGEM

Nessa retomada pós-pandemia, uma viagem em embarcações menores somente com a família por locais paradisíacos e mais isolados é a solução perfeita enquanto houver restrições de contato social. Há opções para os “iniciados” que desejam navegar sem tripulação e para quem busca relaxar em barcos com serviço all inclusive. Mais informações com Beto Conte, do STB Trip & Travel: (51)993140587 betoconte@stb.com.br

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