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À margem (a imitação de Carlos Casares

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Artigos - Opinón

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Diálogo

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EOI Ferrol Número 19 ANO 2021

Creacións www.eoiferrol.orgLiterarias

O corço em Galanos

Não há dúvida: a solidão e o silêncio costumam outorgar a graça de momentos únicos... Mas acabo de errar na fórmula de começo desta crónica, porque deveria ter dito que a natureza, e não é preciso contar com a absoluta solidão, oferece um espaço de encontro com isso que somos nós, mas que, para a maioria, é desconhecido ou simplesmente não tem muito direito a existir.

Lá, em dezembro, no lugar de Galanos, acotovelado na aba do monte da Louseira, atingi, uma outra vez, a satisfação de um cenário que sempre é o mesmo e à vez é evocadoramente distinto: estava sendo real o corço que eu via apascentar com os cavalos. Por primeira vez um corço não fugia depois do encontro fortuito e demorei no silêncio do dossel de maceiras a oportunidade de desfrutar da surpresa e, depois, olhei-o olhar para mim e quis dizer-lhe que não ia fazer perguntas. Só queria contemplá-los juntos, sozinhos, agindo nalguma coisa que desconhecia.

Já logo seguiu-se a vida. Ascendi em bicicleta a encosta que sempre transitei como uma espécie de passo obrigado na minha dor adulta de crescer e de mudar. Não transcorrera meio ano do debuxo da Louseira baixo o sol de julho que deixara inacabado.

2 de Janeiro de 2020

Berta Mª Rodríguez Pena

PO-B2-1

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