ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
| ANO 16
n0 102 Mai./Jun.
| Nº 102
| 2020
|
EXPERIÊNCIAS DÃO NOVO SENTIDO AO
CONSUMO Com o cliente no centro do negócio e o pensamento no digital, mercado se transforma
27 e 02 28 01
SETEMBRO OUTUBRO
TRANSAMERICA
EXPO CENTER
LICENSINGCON.COM.BR
CONVENÇÃO CONEXÕES CONTEÚDO CONCEITO CONSUMIDOR CONTATO REALIZAÇÃO:
CONCEITO CRIATIVO:
UMA EXPERIÊNCIA
inesquecível
A
vida é mesmo imprevisível. Quando imaginamos passar por um período de isolamento social, esvaziando milhares de lojas, shoppings, parando fábricas e adiando todos os nossos projetos e eventos? Vivemos dias intensos dentro de nossas casas, de profundas reflexões e incertezas. Porém, compensados por momentos raros em família. Uma experiência que mudará para sempre nossas vidas. Não por acaso, os consumidores também jamais serão os mesmos e nossos negócios precisam ser reinventados para acompanhar essa mudança. A matéria de capa desta edição fala sobre a nova dinâmica digital e os passos para a transformação da indústria e do varejo. Grande parte das empresas foi obrigada a acelerar o processo de digitalização para sobreviver ao período de isolamento social, elevando o e-commerce a outro patamar. Mas o que será da loja física e do consumidor quando a epidemia finalmente acabar? Que tipo de experiência precisamos oferecer, e como a indústria será afetada? Estas são apenas algumas das questões abordadas pela reportagem. Em um momento em que o mundo teme os impactos de uma grande crise, o consumo pelo consumo é questionado, obrigando as marcas a modificarem seu posicionamento. Confira outras considerações sobre este tema na entrevista com a Ana Cláudia Costa, especialista em comportamento do consumidor, gestão de PDV, tendências e estratégias de varejo. Recomendo ainda a matéria sobre sustentabilidade. Este é um dos temas em alta para o consumidor contemporâneo. Saiba o que o mercado infantil do Brasil tem feito por uma produção mais equilibrada. Por fim, diria que as experiências sempre deixam alguma lição. Desta vez, a principal delas é o valor das parcerias. Temos aprendido diariamente e depende de nossa empatia, criatividade e agilidade transformá-las em oportunidades. Estamos juntos... Conte conosco!
marici@epgrupo.com.br @epgrupo fb.com/epgrupo1 linkedin.com/company/ep-grupo @epgrupo1
Ano 16 // Ed. 102 // Mai./Jun. 2020 ESPAÇO PALAVRA EDITORA E ARTE LTDA. DIREÇÃO-GERAL E JORNALISTA RESPONSÁVEL Marici Rosana Ferreira (MTB 36727) CONSELHO EDITORIAL
Aires Fernandes Rogério El Ness Geraldo Zinato Alexandre Marques REDAÇÃO
Aires Fernandes
Diretor de marketing da Estrela
Kika Martins Jessica Lima Rogério El Ness
NOVOS NEGÓCIOS
Camila Guimarães
Diretor do Grupo Barão
REVISÃO
Lu Peixoto Renata Lopes Del Nero ARTE
Wilson Alves MÍDIA DIGITAL
Maria Carolina Pagani
Geraldo Zinato Presidente da Lider Brinquedos
MARKETING
Luiz Paulo Ferreira Camila Salvador ATENDIMENTO
Daiane Miranda ASSISTENTES ADMINISTRATIVAS
Cristina Venâncio Brenda Andrelly
Alexandre Marques
Gerente nacional de vendas da Xalingo
ADMINISTRAÇÃO, PUBLICIDADE E REDAÇÃO
Av. Rouxinol, 1041, conj. 1109 Moema – São Paulo/SP CEP: 04516-001 Tel.: (11) 5092-5588/(11) 5094-0403 E-mail: comercial@epgrupo.com.br ASSINATURAS
(11) 5092-5588 ou pelo site epgrupo.com.br
As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores e podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte. As fotos utilizadas nesta edição pertencem ao banco de imagens da revista Espaço Brinquedo & Papelaria e podem ser utilizadas, desde que citada a fonte. A revista Espaço Brinquedo & Papelaria possui distribuição nacional para proprietários, diretores, gerentes, compradores, lojistas e demais pessoas envolvidas com lojas de brinquedos, artigos infantis, magazines, supermercados, atacadistas, fabricantes, papelarias, armarinhos e bazares.
/índice
SUPORTE LOGÍSTI
CO
14
20
10 Opinião – Daniel Godoy [X-Guides] 12 Opinião – Eduardo Kapaz [Elka]
14 Em foco – Ana Costa 20 Capa – A nova dinâmica digital dos negócios 30 Gôndola – Máscaras protetoras
30
32 Sustentabilidade – Por um mercado mais equilibrado
/opinando
O ATIVISMO DE MARCA VEIO PARA FICAR! por @Daniel Godoy
O ano de 2020 já está na metade (!), chegou em meio a muitas transformações, e os impactos do distanciamento social aceleraram bastante as mudanças que vinham sendo observadas nas tendências de comportamento de consumo no que se refere a aceitação ou rejeição das marcas a partir de posicionamentos. E reforço, posicionamentos no plural mesmo, pois as unanimidades acabaram, temos cada vez mais questões a serem abordadas, discutidas e definidas. A lógica do “tudo hoje é mais complexo do que ontem” se confirma já que seguimos evoluindo, e os assuntos se ramificam. Essa mudança comportamental é conduzida por novas crenças, novas visões, novos ideais e novas causas, resultando em novos padrões na jornada de compra que não vão esperar a pandemia passar. São exigências para agora. O consumidor, agora ainda mais impactado pelo cenário global que estamos vivendo, questiona as instituições, empresas e personalidades com poder de influência com um novo olhar fortemente ativista. É o consumo consciente e responsável em expansão. As pessoas estão mais conectadas, elas se informam, investigam e procuram marcas cujos discursos estejam alinhados aos seus valores. Elas querem entender quem sua marca diz ser e quem de fato é, assim como quais os limites éticos da empresa
que está por trás, para confirmar se concordam ou não. Como consequência, observamos uma crescente demanda na cobrança por transparência nos processos de produção, coerência e responsabilidade nas comunicações das marcas. É o ativismo de marca que veio para ficar! Parece distante da indústria de brinquedos? Somente para os desavisados. A Lego, em parceria com a fundação Dorina, lançou uma linha dos seus bloquinhos em braile para ajudar na alfabetização de crianças com deficiência visual. A empresa ainda promete banir o plástico dos seus produtos nos próximos anos. Escolher posturas e defender bandeiras diante do que está sendo discutido pela sociedade pode trazer rejeição de alguns grupos que pensam diferente, todavia, não se definir traz como consequência um estrago ainda maior, já que uma marca que “fica em cima do muro" — não se posiciona, não se decide, não tem atitude nem propósitos percebidos – não representa ninguém. A sociedade “passou de fase” e a primeira pergunta é como sua marca está posicionada em relação aos novos questionamentos? Antes de responder, lembre-se de que não adianta só você saber a resposta. Todos nós que estamos envolvidos na gestão de marcas temos o dever de entender empaticamente os consumidores e seus relacionamentos com o conteúdo sob nossas responsabilidades, para somente a partir daí, trabalharmos a representatividade.
As pessoas estão mais conectadas, elas se informam, investigam e procuram marcas cujos discursos estejam alinhados aos seus valores Daniel Godoy – CEO da XGuides, empresa especializada no desenvolvimento de estratégias e ferramentas de marca para produtos de consumo, com o objetivo de potencializar experiência, integração multiplataforma e capilaridade no alcance de novos negócios e consumidores.
10 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
/opinando
SOBREVIVÊNCIA , NOVAS RECEITAS E PLANEJAMENTO A QUATRO MÃOS por @Eduardo Kapaz
Apesar do forte golpe nas vendas sentido por todos (varejistas e fornecedores), em virtude da pandemia, logo ficou claro que novas e urgentes medidas teriam de ser tomadas para garantir a sobrevivência dos negócios. O mercado focou em dois tipos de ações aquelas para garantir sobrevivência e aquelas para gerar novas linhas de receita. Nunca o caixa foi tão "Rei" e negociações para prorrogação de pagamentos para preservação do negócio e da cadeia como um todo ocorreram bastante. A busca por novas linhas de receita e novas formas de interação com consumidor ao nosso ver têm sido os grandes destaques do momento. Apesar de não evitarem a queda do faturamento, certamente essas ações serão importantes e se tornarão uma fonte de receita incremental do mercado após a pandemia. Entre as principais medidas, intensificaram-se o atendimento pelo WhatsApp, a entrega delivery, o sistema drive thru como forma de atendimento e diversas outras iniciativas digitais. Investimentos fortes na plataforma de e-commerce também foram intensificados e consumidores que nunca tinham comprado nesse meio foram atraídos por promoções bem atrativas. Os hábitos de consumo certamente irão se alterar e o consumo digital crescerá e será cada vez mais o novo normal! Na Elka temos focado bastante no fortalecimento do abastecimento de clientes que tenham força no digital e nas linhas que ganharam espaço na pandemia, como as linhas
de jogos, primeira infância e blocos. Em abril lançamos o jogo Topa ou Não Topa, com o qual tivemos muito sucesso. Temos criado também campanhas especiais em parceria com o varejo para atender mercado neste momento. Os resultados têm se mostrado bastante positivos. Outra ação da Elka tem sido o lançamento de produtos voltados para o combate a Covid. Desde março estamos trabalhando na máscara OTO, uma máscara de proteção reutilizável feita com material flexível, atóxico, cujo diferencial é a tecnologia antimicrobiana NanoxClean e filtros, tipo SMS e PFF2. Essa iniciativa ocorreu com o objetivo de manter a fábrica operando no momento crítico que estamos vivendo e ainda assim ajudar no abastecimento de máscaras. Como indústria, acreditamos na possibilidade de se adaptar rapidamente para criar novos produtos com a nossa estrutura. Sobre a reabertura das lojas, trabalhamos com uma retomada cautelosa e feita a quatro mãos com o mercado. Acreditamos que, para não existir desabastecimento, a agilidade no atendimento da indústria nacional será ponto crucial, bastando para isso um alinhamento maior entre varejo e indústria para ajustar a demanda. Planejar será fundamental para que não faltem os principais produtos. Na Elka estaremos aptos para ajustar rapidamente nossa produção e, assim, conseguir fazer frente às necessidades que se apresentem. Enfim é ano de fortalecer o caixa, rever planos e investimentos, migrar para uma solução mais digital e pensar fora da caixa. Juntos iremos reconstruir um mercado ainda melhor.
Eduardo Kapáz Jr. é diretor comercial e marketing da Elka.
12 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
em foco// Ana
Costa
“A INDÚSTRIA NUNCA ESTEVE TÃO PRÓXIMA DO VAREJO, PARA TENTAR VIABILIZAR SOLUÇÕES”
E
specialista em comportamento do consumidor, gestão de ponto de venda, tendências e estratégias de varejo, Ana Costa aceitou nosso convite para falar sobre o novo cenário e os desafios das marcas. Além de palestrante, Ana é professora e atua como diretora de Acadêmico e Conteúdo da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv).
ESPAÇO BRINQUEDO & PAPELARIA - As mudanças de
comportamento do consumidor já vinham acontecendo há algum tempo, mas ganharam outra dimensão com a pandemia. Neste cenário, quais aspectos merecem a atenção da indústria e do varejo? ANA COSTA - Gostaria de colocar um olhar muito particular sobre o comportamento das pessoas, antes de falar sobre o comportamento de consumo. Antes de sermos clientes, somos pessoas. No dia que a população transformou os médicos em super-heróis, os cientistas nos novos influenciadores, sem ainda ter consciência, ali tivemos uma ruptura de era, uma quebra irreversível entre o que éramos e o que seremos. Com isso, mudaram nossas aspirações como seres humanos. Tivemos uma desaceleração brusca na velocidade em que vivíamos e isso nos trouxe um novo olhar sobre nossas próprias vidas, o que gera impacto imediato e direto sobre a forma de consumir daqui por diante. Entendemos que o básico é realmente o essencial, a queda do supérfluo. Será que realmente preciso de tudo isso para viver bem? Entramos direto no que antes só rondávamos, o consumo consciente. O fazer simples é o melhor meio de transmitir a verdade do atual momento. Já que passei a fazer escolhas, selecionarei as marcas e empresas com as quais quero me relacionar, não colocarei dinheiro em quem não entende o conceito de reciprocidade. Você, marca, investe nisso? Ou seja, o que fará para a sociedade com parte do dinheiro do consumidor? Quero saber simplesmente se posso me engajar no propósito da marca, para comprar e passar a defendê-la em minha comunidade. Mas tem um senão, faça e não fale. O consumidor não quer ouvir histórias, quer contar suas próprias histórias.
14 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
Diante deste novo cenário, hoje o que antes estava esquecido como crenças e valores (contexto ético) ressurge de forma avassaladora. É o respeito e a valorização do mais frágil que precisam ser protegidos. Vimos isso nos movimentos de compra local e compre do menor, no comércio do bairro. A necessidade de proteção se torna uma ponte de duas vias entre marca e cliente.
EBP - Em relação a outros países, qual o nível de digitalização das empresas no mercado brasileiro? ANA COSTA - Principalmente o varejo médio e pequeno sempre deixou a digitalização em segundo plano. Definitivamente, não estavam preparados para sobreviver via e-commerce. Vários tiveram que fazer em dias o que não fizeram em anos e, nesse ponto, o povo brasileiro tem uma vantagem: quando a coisa complica mesmo, é supercriativo. Aos trancos e barrancos está se digitalizando e tentando colocar a máquina para girar. A proposta é migrar tudo o que for possível do mundo físico para o digital. Foram colocadas várias plataformas, marketplaces de fácil acesso e, até mesmo, gratuitos para ajudar e viabilizar esse processo para o pequeno. Com certeza o olhar do varejo que antes era reticente à digitalização mudou. E isso não tem volta.
EBP - Quais os pilares para a digitalização dos negócios ainda em fase de adaptação? ANA COSTA - Hoje temos soluções de prateleira e empresas especializadas em fazer essa adaptação, minimizando ruídos. É muito importante o varejista procurar uma solução compatível com a estrutura em que se encontra sua empresa. O ótimo é inimigo do bom e os passos com que cada negócio fará essa migração são muito peculiares e particulares. Opte por soluções práticas, funcionais e integradas. É muito importante ter em mente que esse processo envolve todos os setores da empresa. Por isso, a relevância de ter o apoio de especialistas.
ganha-ganha. Ganha a indústria que amplia a possibilidade de experimentação do produto ou serviço, gera-se uma possibilidade real de aumento de vendas e participação no mercado, aumenta-se sua credibilidade com o varejista que se sente apoiado. Isso é repassado para o cliente final. Já o varejo consegue garantir o aumento do consumo e a conquista de novos clientes, tem a possibilidade de desenvolver promoções, fortalecer sua permanência no mercado e sua relação com o consumidor. Estas são algumas das possíveis consequências de uma boa parceria entre a indústria e o varejo.
EBP - Segurança e higiene serão primordiais para os lojistas EBP - Com base em todas as tendências, qual deve ser o papel
das lojas físicas pós-pandemia? ANA COSTA – Antes de mais nada, a loja deve ser um lugar de acolhimento. Estamos todos muito machucados neste momento. Vamos nos tornar um pouco terapeutas nessa volta, e esta é a ocasião mais importante para reforçarmos o elo de confiança com o cliente. A loja terá que abraçar esse consumidor receoso e, ao mesmo tempo, carente. É necessário ser transparente, ágil nas soluções para deixar claro o entendimento dos problemas. Criar mecanismos de entrega e retirada de produto que o façam se sentir seguro. Vamos ter que reescrever as experiências que entregamos aos clientes e a melhor delas hoje é o verdadeiro entendimento do conceito de empatia.
manterem o fluxo de clientes, a partir do segundo semestre. O que mais o varejo físico pode fazer para ganhar o consumidor? ANA COSTA - Preparamos na Abiesv um material de reabertura para o varejo, com as principais sugestões de boas práticas. Porém, só no dia a dia entenderemos realmente o que precisa ser feito para trazer segurança ao cliente. Aliás, todo dia aprendemos algo novo, e o que programamos pode cair por terra em questão de minutos. Essa checagem será constantemente atualizada, de acordo com os acontecimentos. Uma ressalva importante: até agora, temos a informação de que será permitido um cliente a cada oito metros de distância de outro, dentro da loja. Portanto, teremos um número reduzido de equipes e também de clientes. A necessidade de se sentir seguro, em um lugar limpo e desinfetado, com certeza entrará na prioridade da experiência a ser entregue ao consumidor.
EBP - Que tipo de parceria deve ser explorada pelos fabricantes
e lojistas - on-line e off-line? ANA COSTA - A verdade é que precisamos todos uns dos outros e, sob circunstâncias terríveis, estamos finalmente nos dando conta disso. A primeira coisa que devemos mudar no discurso é a divisão entre loja física e loja digital. Só temos uma loja e as parcerias independem dos canais. Definitivamente, temos de entender que a pessoa (cliente) busca se relacionar com quem é empático aos seus anseios e resolve seus problemas com o mínimo de ruído. A indústria nunca esteve tão próxima do varejo para tentar viabilizar soluções. Uma parceria desta, sem dúvidas, é uma relação de
EBP - De que maneira as marcas devem se comunicar com o consumidor contemporâneo? Quais as principais lições de marketing deixadas pela quarentena? ANA COSTA - Tudo o que fazíamos antes da pandemia e toda estratégia de marketing foi colocada em questão. O tom desta nova conversa, deste novo diálogo com o cliente passa por três grandes pilares: ser empático, colocando-se no lugar do outro; implementar mais do que rapidamente a cultura de inovação na empresa; e ser criativo, ou seja, aprender a conectar coisas de forma diferente para gerar um resultado real.
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 15
Um exemplo é o que os times de futebol estão fazendo na Europa com o retorno do futebol. Sem a entrada dos torcedores nos estádios, como conseguir adesão nessa retomada e resultado econômico para os times? Venderam ingressos na internet, imprimiram a foto de cada torcedor e colocaram cartazes nas arquibancadas. Pronto. Estádio cheio e com renda financeira. Problema resolvido? Claro que não, e a minha dor por ter perdido um amigo que sempre ia comigo aos jogos para a covid-19, isso foi esquecido? Impossível! Pagos todos os custos, o restante foi doado para ajudar ainda no combate à pandemia. Fecha-se o ciclo e, com isso, garantimos visibilidade e engajamento para o próximo jogo. Nosso momento de vida é circular e retroalimentar, todos precisam de todos. O marketing experimental é o que vai nos guiar, vamos fazer, testar e corrigir. Vivemos neste mundo de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (VUCA), e a jornada do cliente também se torna VUCA. Para se desenvolverem estratégias nossa única certeza é que é fundamental conhecer a fundo nosso cliente. O marketing passa a ser um marketing B to me.
EBP - Como você avalia o mercado infantojuvenil no Brasil indústria e varejo? ANA COSTA - Esse mercado trabalha com o novo consumidor. Em breve, deixarão de ser somente o foco de consumo para se tornar o shopper. Não tenho dúvida que essa geração tem um olhar totalmente diferente e já sabemos que é responsável com o consumo. Ela entende que o importante é viver a experiência e não possuir o objeto que propicia essa experiência. Temos que estar atentos aos impactos deste confinamento, em que essas crianças e esses adolescentes passam mais tempo em família, têm aulas digitais e são privados da liberdade de ir e vir, pois isso impactará no emocional deles. De certa forma, eles estão vivenciando de perto o que isso tudo está gerando e, assim como os mais velhos, também não estavam preparados para isso. A vantagem é que nasceram em um mundo mais volátil, flexível, mutante, o que por si só pode ajudar na readaptação ao novo normal. Talvez neste momento de intensa proximidade com os mais velhos, seja possível resgatar algumas brincadeiras, aprendizagens do passado, entrar em contato com o nostálgico e, de alguma forma, isso possa recuperar coisas que na vida do antigo não tinham mais espaço.
16 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
EBP - Hoje se questiona o consumo pelo consumo. Desde o fast-fashion até os brinquedos tecnológicos que não promovem a integração, os vínculos etc. têm perdido espaço entre os consumidores. Como você explicaria essa busca por propósito? ANA COSTA - Já estávamos em um processo de “bater” no fast-fashion e em outras indústrias que valorizavam o consumo simplesmente pelo consumo. Em janeiro, vimos grandes marcas que tinham lojas enormes de até 6 mil metros irem para espaços de 1 mil metros, com uma curadoria de produtos, mas, principalmente um espaço reservado para contar o que e como essa marca enxerga o mundo. Não queremos mais gerar lixo para o mundo sem controle, sem necessidade, e essa pandemia vai fincar essa bandeira muito fortemente. Temos de cuidar do planeta, porque não existe um plano B para ele. Hoje, entendemos que a tecnologia está aí como backstage, para fazer o que a criatividade não faz. Isso gera o aprendizado do real peso no relacionamento com a tecnologia. Sairemos dessa pandemia absurdamente tecnológicos, mas também absurdamente humanizados. Outra lição deixada pela pandemia é que falhamos ao concentrar toda a produção nas mãos de um único país. Temos que voltar a desenvolver nossas indústrias, valorizar nossos produtos, empregar, educar e desenvolver nosso povo. A dependência do externo se mostrou fatal. Essa dependência só pode ser cultural e intelectual, mas nossa sobrevivência tem que ser garantida localmente.
EBP - Qual a sua perspectiva em relação à retomada do comércio pós-pandemia? ANA COSTA - Essa resposta muda todos os dias. Na verdade, ninguém sabe exatamente. Observamos o que está acontecendo nos países que já estão retornando à vida, neste novo cenário. O que temos claro é que nossas vontades serão outras, nossas prioridades e economia também. Sabemos que nossa próxima grande luta será pela retomada da economia, mas ainda não sabemos como isso acontecerá, independentemente do segmento. No Brasil, infelizmente temos o agravante da política.
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 17
EcoLápis de Cor
Regular
EcoLápis de Cor
Aquarelável EcoLápis de Cor
Grip
EcoLápis de Cor
Jumbo Longo EcoLápis de Cor
Bicolor
EcoLápis de Cor
EcoLápis de Cor
SuperSoft
A LINHA DE COLORIR MAIS COMPLETA DO BRASIL • Cores mais vivas • Formato Sextavado disponível em: 10, 12, 24, 36, 48 e 60 Cores • Formato Triangular disponível em: 10, 12 e 24 Cores
• Vira uma pintura de aquarela • Inclui um pincel • Disponível em: 12, 24, 36, 48 e 60 Cores
• Exclusivas esferas antideslizantes: mais firmeza para pintar • Formato triangular ergonômico: garantia de conforto na pega • Disponível em: 12, 24, 36 e 48 Cores
• Formato Jumbo: ideal para mãos pequenas • Estimula o desenvolvimento psicomotor • Jumbo Longo disponível em: 12 Cores • Jumbo Tradicional disponível em: 12 e 24 Cores
• Produzido com madeira 100% reflorestada, certificada pelo FSC® • 2 cores em 1: Cores em dobro, criatividade em dobro • Disponível em: 12 EcoLápis = 24 Cores e 24 EcoLápis = 48 Cores
• Produzido com madeira 100% reflorestada, certificada pelo FSC® • Disponível em: 12 e 24 Cores + 6 Tons de pele • Cores mais vivas e ótima cobertura
• Cores mais vivas e excelente cobertura sobre papéis claros e escuros • Mina supermacia exclusiva, garantindo o máximo de conforto ao pintar • Disponível em: 12, 24 e 50 Cores
capa
A NOVA DINÂMICA DIGITAL
dos negócios
Um plano de ação focado na humanização, na integração do processo e nas parcerias
D
esde o início da quarentena no Brasil, o comércio eletrônico ganhou cerca de 4 milhões de novos clientes. De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), os consumidores, impedidos de sair às ruas, compraram 30% mais na internet em abril na comparação com o mês de março. Somente as vendas virtuais da categoria de brinquedos saltaram 400%.
BRINQUEDOS E JOGOS
O levantamento realizado pela Abcomm e pela Konduto analisou mais de 25 milhões de pedidos feitos em 4 mil lojas virtuais, entre 1º de março e 25 de abril de 2020, divididos em 16 categorias.
Em questão de poucos meses, a pandemia acelerou a digitalização das empresas, obrigando-as a uma rápida transformação para a sobrevivência no mercado. Independentemente da experiência de cada uma, todas precisaram estar presentes de alguma forma na esfera digital. Aquelas operações que ainda não estavam preparadas finalmente perceberam quão imprescindível era a transição. Entre os dias 28 e 30 de abril, uma iniciativa da Driven.CX, em parceria com a agência de conteúdo EP Grupo e a Globo, promoveu uma série de debates intitulada Papo de Mercado sobre as recentes mudanças
20 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
ocorridas por conta da pandemia e, neste contexto, a mais do que necessária digitalização das empresas. A fim de ajudar os empresários da indústria e do varejo a se transformarem, compilamos alguns pontos-chave apontados pelos especialistas desta rodada. Confira a seguir e coloque em prática o seu plano de ação.
AS VENDAS PELA INTERNET Para realizar os primeiros ajustes, o ponto de contato digital com o cliente precisa estar claro. Portanto, antes de tudo, é importante identificá-lo.
MARKETPLACES Para ganhar tempo, uma das melhores estratégias on-line é ter um marketplace como canal de vendas. Mercado Livre, Amazon, Magazine Luiza, Elo7, Shoptime, B2W Digital, Enjoei e OLX são alguns dos shoppings on-line já consolidados. Essas plataformas têm por objetivo democratizar o comércio eletrônico. CONFIRA AS PRINCIPAIS VANTAGENS: • Baixo custo de investimento e alta concentração de consumidores (demanda garantida); • Solução de pagamento integrado – ágil e seguro; • Eficiência logística – o grande gargalo do comércio eletrônico; • Exposição da marca – dificilmente um buscador coloca os produtos de um pequeno varejista em destaque; • As ferramentas voltadas ao B2C garantem a coleta de informações imprescindíveis – métricas – para estabelecer uma estratégia de negócios.
Embora o e-commerce seja visto como sinônimo de digitalização, na maioria das vezes a questão é muito mais abrangente. Digitalização diz respeito à comunicação com os clientes e com os colaboradores da empresa. A conexão digital que se deve estabelecer engloba desde as informações retidas sobre seus clientes até o cumprimento de seu papel no elo de toda a cadeia. A boa notícia é que, hoje mesmo com um investimento menor, já é possível chegar diretamente até o consumidor final. Desse modo, empresas até então despreparadas para atender pela internet conseguem se reinventar mais rapidamente.
MEDIDAS IMEDIATISTAS DE SOBREVIVÊNCIA Links de pagamento: Para escoar os produtos parados, é viável o contato com a base de clientes, até por simples mensagens de WhatsApp, usando um meio seguro de pagamento e entrega da mercadoria. Televendas: Embora siga um formato antigo, o serviço ganha relevância neste momento para agilidade no contato e envolve pouco mais do que a contratação de um serviço de pagamento seguro.
Existem outros caminhos a serem percorridos e algumas dessas soluções podem ser facilmente incorporadas. Na ausência de pessoas, ou seja, de clientes presentes fisicamente, a solução é ir ao encontro do consumidor no ambiente digital, demonstrando os produtos via YouTube, redes sociais ou marketplaces. O PAPEL DO FABRICANTE Se antes a indústria deixava a questão da digitalização mais a cargo do varejo, hoje, para aumentar as vendas, é essencial que o fabricante faça a ponte, desenvolva suas próprias equipes e ações em parceria com o ponto de venda/redes de varejo. Já os distribuidores, geralmente anônimos, mas com produtos e marcas bem conhecidas pelos consumidores, também podem usar as ferramentas dos marketplaces para continuar vendendo. As plataformas são fortes aliadas para obtenção de resposta rápida e já existe um movimento nesse sentido, inclusive de atendimento direcionado no Mercado Livre. Neste momento, é ainda mais importante escolher parceiros capazes de informar e operar com eficiência. Tomar conhecimento dos canais disponíveis no mercado, aparecer no digital, melhorar a logística e aperfeiçoar a estrutura do negócio são alguns dos passos desse processo.
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 21
capa TRILHA DE MATURIDADE! •
•
•
•
As etapas lógicas para o varejo consistem em buscar marketplaces; subir produtos para o e-commerce; adotar um sistema de pagamento antifraudes; contratar assessorias logística e de marketing digital. Ainda são válidas para pequenos/médios e indústria as seguintes etapas: ter uma equipe focada na digitalização e operar um canal B2B e, se fizer sentido, B2C. Todos deverão se tornar relevantes no ambiente digital. Para isso, é necessário controlar o que está sendo comunicado nas redes e construir relevância com os respectivos seguidores, nos canais de acesso ao consumidor. As empresas devem ter claro a base de comparação: o que a concorrência está fazendo? No caso dos pequenos empresários, por que não desenvolver parcerias e ações conjuntas com outras companhias?
Nesta adaptação, apesar do receio geral e das mudanças de prioridades diante da crise, tanto o consumidor como a indústria e o varejo têm sido positivos, fazendo valer boas oportunidades. Considerando que o Brasil tem menor poder de compra em relação a outros países e que enfrentará uma fase de desemprego e insegurança pós-Covid, tudo aponta para uma modificação geral nas linhas de produção. Ou seja, haverá uma migração para produtos mais baratos. Em situações restritivas, geralmente há uma troca no consumo do produto A pelo B e é possível que isso volte a acontecer. Conforme análise de especialistas, o mercado de brinquedos e artigos infantojuvenis deve passar por um processo de simplificação de mecanismos, com propostas menos tecnológicas e mais experiências – visando a integração familiar –, barateando essas mercadorias. Haverá, portanto, uma oportunidade de crescimento para a categoria, a partir de preços mais acessíveis e dentro das atividades que têm sido apreciadas em casa, tais como cozinhar.
22 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
OS NOVOS HÁBITOS DE CONSUMO A preocupação com a saúde e com a economia tomou conta da população e cerca de 92% passou a acompanhar mais de perto os acontecimentos. Não por acaso, o jornalismo tem despertado grande interesse e, sobretudo em um primeiro momento, bateu recordes de audiência na programação das emissoras abertas e TVs por assinatura. Entre as mudanças de hábitos das famílias, as pessoas estão acordando mais cedo, o que tem aumentado a audiência do noticiário matinal. A alteração na rotina, principalmente de quem tem criança em casa, também faz crescer a audiência dos programas de entretenimento. Temas como culinária – receitas, inclusive nos portais –, e outros assuntos que envolvem a família têm alcançado altos índices de visibilidade. O comportamento tem se movimentado em ondas. Na primeira semana, houve um pânico generalizado – como entreter as crianças, cuidar da casa e trabalhar com elas por perto? – até o entendimento da nova dinâmica dentro de casa. Na sequência, notamos um aumento na procura por atividades para interação com as crianças – artes e brincadeiras via TV e internet. Agora, estamos enfrentando uma terceira onda, que é a do ensino. Conforme as escolas se adaptam para dar andamento aos estudos à distância, os pais também têm procurado recursos para auxiliar seus filhos nesse processo. Hoje, o consumo familiar é o que mais se acentua. Isso inclui o conteúdo que pode ser compartilhado entre pais e filhos, sobretudo séries, filmes e games – até por conta da pausa nas competições esportivas. As crianças tendem a buscar brincadeiras que reúnam a família e proporcionem mais interatividade do que antes da pandemia. Outra alteração nomercado refere-se aos consumidores que não compravam pela internet até então e que, durante o isolamento, precisaram usar o canal. A partir dessa experiência bem-sucedida, a tendência é que continuem usando esses serviços daqui para frente. Neste momento, existe uma chance maior para o desconhecido porque todos estão mais abertos ao novo e àquilo que é diferente.
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 23
capa O PEQUENO PRODUTOR E O COMÉRCIO LOCAL Vivemos uma onda de incentivo ao comércio local e aos pequenos produtores para movimentação da economia. Em tempos de pouca verba, a melhor distribuição também depende da coleta de dados sobre os clientes. Conforme forem percebidos novos comportamentos de consumo, deve-se aplicar o marketing estratégico. Para o pequeno/médio empresário, essa operação pode ser mais fácil do que para os grandes players, e até realizada em parceria com outras redes. Lembre-se de que as ações cooperativistas são vistas com bons olhos pelo consumidor.
Para o comércio, essa mudança de comportamento se traduz em um consumo mais consciente, em uma busca maior por conteúdo e menos compras por impulso. Portanto, um consumo mais perene. A identificação com a marca passa a ter mais relevância para o consumidor. O ambiente da loja física será mais para uma experiência com o produto e um espaço de entretenimento do que propriamente para compra. A indústria distribuirá o capital, que antes era destinado ao trade, para o varejista proporcionar a experiência ao cliente com seu produto na loja física. De tal modo que o varejista (on ou off-line) seja a cadeia de distribuição. Como será a retomada do comércio no segundo semestre, com a postergação das vendas e o alto índice de desemprego? Em comparação a outros países, os brasileiros têm adiado pouco suas compras. Para alguns especialistas, isso acontece porque eles têm menos recursos para gastar do que os consumidores em outras praças, mas só estão gastando com o que realmente precisam (artigos essenciais). As empresas de setores muito afetados, como o de entretenimento, por exemplo, devem ter uma boa retomada, já que as vendas foram bastante reprimidas. Embora seja uma estimativa incerta, Dia das Crianças, Black Friday e Natal devem seguir as curvas do ano passado. Sem dúvida, quem estiver digitalmente preparado sentirá menos esse impacto. PERSPECTIVAS PARA O MERCADO Os especialistas vislumbram alguns cenários para o período pós-pandemia. Entre os palpites, um incremento nas vendas de Dia das Crianças como uma espécie
24 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
de compensação, uma vez que muitas festas de aniversário infantis foram adiadas – e até pelo tempo que a meninada foi obrigada a ficar dentro de casa. Provavelmente o consumidor terá receio de frequentar lojas, shoppings, e o fluxo será afetado por algum tempo. Será necessário passar segurança ao cliente, pois eles se relacionarão com as marcas que entregarem confiança. Lugares cheios serão evitados, naturalmente, e talvez não sejam mais necessárias unidades tão grandes - sem contar com a possibilidade de ter colaboradores em home office. Portanto, surgirão novos formatos de lojas e o varejo on-line ganhará outra dimensão com o incremento da Realidade Aumentada (RA) e de outros recursos. A produção local também deve se acentuar, pois impacta a dinâmica dos mercados, sendo um fator determinante para a precificação, principalmente pela questão tributária – isso vale para todas as indústrias, não somente a infantil. OUÇA O CONSUMIDOR Neste momento, a indústria como um todo deve apostar na experiência indoor. Para que faça sentido para o cliente, é preciso pensar na categoria e no papel do produto, oferecendo uma conveniência de acordo com a situação que estamos vivendo. É hora de parar para ouvi-lo e de fazer uma autoavaliação. Quais as reais habilidades do produto e qual o diferencial? Detectar o ponto forte da empresa é fundamental. Outra estratégia são as parcerias, seguindo a tendência da economia criativa e reinventando a distribuição da indústria com modelos inovadores.
Enquanto muitas marcas estão se calando, outras aproveitam o momento para gerar uma memória afetiva (empatia) e construir um relacionamento de lealdade com o consumidor. Até mesmo os colaboradores podem ajudar nesse sentido, pois são grandes embaixadores das marcas. Diante do novo consumidor – pessoa física –, as empresas devem repensar o modelo interno e o que é mais adequado. Alguns varejistas já conseguiram se reinventar. Inclusive, colaboradores tornaram-se vendedores de grandes redes via app, tendo as lojas como pequenos centros de distribuição, isso s em contar com as inúmeras parcerias. Todas essas iniciativas ajudam a atenuar a crise. Experiências devem promover a junção de marcas, inclusive de segmentos diferentes, parcerias que entreguem conteúdo (histórias). Assim como tem acontecido em outros países, a tendência é que essas campanhas também apareçam no Brasil. Afinal, o consumidor olhará de outra forma para os bens de consumo.
POSICIONAMENTO DE MARCA Para diferenciar-se dos grandes players, o caminho é ser genuinamente mais humano. • A venda é mais relacional do que nunca e a eficiência das mídias digitais, nesse sentido, é indiscutível; • O posicionamento de marca deve ser claro. • Pensar em vendas está atrelado a pensar no próximo – ofereça todos os benefícios possíveis, como frete grátis, aumento do prazo para devolução etc.
Direcionadores de compra apontados pela pesquisa “Consumo em tempos de crise”, realizada pela Driven.CX com apoio da MindMiners, durante o mês de abril de 2020.
Em recentes pesquisas, a Globo detectou que apenas 8% da população brasileira acha que as marcas deveriam parar de anunciar neste momento de pandemia, enquanto 86% indicou que as marcas devem falar sobre seus valores e propósitos. A realidade não consiste mais na venda pela venda, mas considera os propósitos das empresas.
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 25
capa Pense em maneiras de construir um mundo melhor, algo que faça sentido para as pessoas a sua volta. Tenha um plano de ação focado na humanização do negócio, nas parcerias e nos relacionamentos. ACESSO AOS DADOS É O PETRÓLEO DO SÉCULO Neste momento, só estar on-line não é suficiente para a sobrevivência de uma empresa. A presença digital, seja ela bem elaborada, seja ela superficial, não basta para garantir uma boa performance de vendas. O mercado está caminhando para uma maturidade, conforme as companhias estão conhecendo melhor seus clientes e encontrando novas formas de atendê-los. Para alguns especialistas, a maior competência que se pode ter hoje é aprender a aprender. Mesmo assim, por falta de dados suficientes sobre seus
SUPORTE LOGÍSTICO
Realize testes sobre a venda on-line e a flutuação de pedidos, pois variam bastante de acordo com o valor do frete. O preço é extremamente sensível. Em alguns casos, o frete pode sair mais caro do que o produto em si.
clientes e informações relativas ao que eles desejam, algumas empresas que estão on-line ainda não conseguem vender. Esse é um ponto importante para que se possa alinhar uma estratégia personalizada. Portanto, antes de gerar conteúdo, encontre ferramentas de coleta dessas informações. Os pequenos e médios têm a vantagem de conseguir mais proximidade e relacionamento com seus clientes do que os grandes que estão mais pulverizados. Portanto, o segredo é criar métodos para atingir o cliente ideal, com o produto adequado e no momento certo. Para isso, é hora de evoluir o CRM (Customer Relationship Management), ou seja, entender os clientes. Pode ser assustador para o microempresário que não tem a menor ideia de como começar, sobretudo em um mercado tão dinâmico. Existem milhares de estratégias, mas é preciso perder esse receio, pedir ajuda, realizar cursos, aplicar testes e, assim, enriquecer aos poucos as estratégias.
Por mais que não se tenha um sistema informatizado de controle dos negócios, é necessário ter processos e organização mínima, por exemplo, identificação por código de barras ou etiquetas de cor – o despacho fica muito mais fácil, evitando entregas erradas, devoluções e desgastes com o cliente. Então, a já citada possibilidade de desmontar o produto, a sinalização de fragilidade nas embalagens e a organização dos estoques também são questões importantes.
ANTES DE ENTRAR NA SOLUÇÃO, VALE DIZER QUE DURANTE ANOS QUASE NINGUÉM INVESTIU EM LOGÍSTICA. MAS O IMPACTO DAS ENTREGAS NO E-COMMERCE É MUITO SIGNIFICATIVO. SEGUNDO ESPECIALISTAS, SE O CUSTO DE FRETE FOR ALTO, PERDE-SE 50% DA TAXA DE CONVERSÃO. CERCA DE 70% DAS RECLAMAÇÕES SÃO RELACIONADAS ÀS ENTREGAS. PORTANTO, A LOGÍSTICA MERECE ATENÇÃO!
Aqueles que não têm uma logística interna podem recorrer às transportadoras e aos marketplaces. Contudo, o ideal é não começar com muitas transportadoras para não perder o poder de negociação. Também recomenda-se checar quais outras empresas fazem uso dessa mesma frota para que, nos picos de cargas – como o que vivemos agora –, o pequeno não seja prejudicado para que os grandes players sejam atendidos. Inevitavelmente, eles têm maior poder de barganha.
26 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
Para períodos de aquecimento das vendas, as parcerias com empresas de entrega e até startups são bastante válidas. Encontre novas soluções!
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 27
capa As empresas estão repensando a logística interna e isso ajuda a enxergar o que está ou não funcionando. Muitos lojistas adotaram o frete grátis para compras com um valor mínimo e a extensão do prazo de devolução. Não há um único modelo, mas a tecnologia por trás do e-commerce ajuda a fazer a diferença. Além disso, empresas que têm a visão de arriscar, mesmo sujeitas ao erro, conseguem aperfeiçoar o serviço e saem na frente. Veja a sua deficiência como uma oportunidade útil para o mercado. Logística é estratégia de precificação, de conversão (mexe com as taxas) e, assim como outras etapas do processo de venda – mix e preço –, precisa ser pensada com bastante atenção. PENSAMENTO DIGITAL – Um norte para as empresas Ciente de que não se pode ter medo de experimentar é hora de adotar uma mentalidade mais agile – ágil. Não no sentido de ser mais veloz, mas de ter a capacidade de adaptar-se diante das incertezas, fazendo ciclos menores de entrega e avaliando se essas ações agregam valor ao consumidor final – portanto, reduzindo os impactos de qualquer mudança. O caminho disso tudo é a experimentação e, claro, seus aprendizados. Antes de implementar o digital, pense no consumidor e nas suas necessidades. É preciso atendê-lo, cumprindo ao mesmo tempo os objetivos de negócios e as restrições tecnológicas da empresa. Também é importante desenvolver a capacitação dos profissionais para a realização das vendas na internet. Não é necessário que a empresa saia do zero no quesito digitalização para instantaneamente vender on-line. O ideal é ter o pensamento digital, colocando o cliente no centro, e ir escalonando as mudanças – modelar por etapas. Um dos grandes desafios do marketing digital hoje é o one to one, ou seja, falar de “um para um”, em vez de “um para milhões”. Independentemente do tamanho da empresa e do mercado em que esteja, o cliente deve estar no centro e o pensamento deve ser ágil. O digital virá naturalmente. PROCESSOS INTEGRADOS Para as empresas com um nível de maturidade digital mais baixo enfrentarem a atual situação, o ponto
28 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
de partida é ter seus processos integrados. Com ou sem crise, a integração segue dois propósitos muito claros, principalmente no varejo: criar eficiência operacional ou aumentar as vendas. Logo, serve para habilitar um novo canal de vendas ou para tornar a empresa mais eficiente. Este é um ponto muito forte, é o coração do dia a dia, pois permite que haja uma operação financeiramente saudável, controle de pedidos, entregas etc. Possibilita ainda detectar o que está sendo subutilizado e poderia ter um aproveitamento melhor. Tempo gasto com a operação (ganho de eficiência), aspecto financeiro e risco para o negócio são os três pilares da integração. Basicamente, existem três etapas válidas tanto para o grande como para o pequeno negócio: a digitalização, usando essas ferramentas mais simples; a partir dela, a metrificação (entendimento da operação); e, por fim, a utilização. Tenha os processos bem organizados – input e output –, pois nisso reside o passo a passo da operação. Atenção também aos indicadores/métricas que sempre dizem algo para aplicação na dinâmica e por meio dos quais a empresa percebe quando chegará ao gargalo – para reposição de produtos na velocidade certa. Esse acompanhamento permite notar oportunidades e problemas. OS PRIMEIROS INDICADORES! • Controle de estoque; • Custo de aquisição; • Tíquete médio; • Lifetime value (valor do tempo de vida do cliente)/fidelização; • Entrega; • Fluxos de devolução e troca; • Atendimento. Nos dias de hoje, mais do que nunca, é válido testar os canais de vendas para manter-se produtivo. Sair da zona de conforto implica inovar, tomar decisões e assumir riscos que acrescentem valor. Seja bem-vindo aà nova dinâmica digital dos negócios!
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 29
/gôndola
MÁSCARAS de proteção A
s máscaras passaram a fazer parte da vida da população após a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendar que elas fossem usadas ao sairmos de casa para contermos a disseminação da Covid-19. E para tornar a mudança menos assustadora, especialmente para as crianças, marcas de brinquedos, roupas e acessórios se lançaram na fabricação de máscaras com estampas divertidas para esse público. Acompanhe:
CUBCOATS
DC COMICS
HOLD UP
DISNEY
30 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
MENINA DE LAÇO
TOYS R US
NBA
TURMA DA MÔNICA
SULAMERICANA
UATT?
SUA SANTA BOUTIQUE
ZIPPY ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 31
/sustentabilidade por @Jessica Lima
POR UM MERCADO
mais equilibrado
Pais preocupados com o meio ambiente geram crianças conscientes e o mercado está atento a essa tendência
A
sustentabilidade se tornou um assunto importante e prevalente no mercado atual, já que está em discussão nas redes sociais, em protestos e no debate político. Apesar de não ser uma novidade, há um esforço crescente das marcas de brinquedos em serem mais benevolentes com o meio ambiente e agradarem o consumidor que preza por esses valores. Por isso mesmo, fabricantes e varejistas precisam se posicionar para permanecerem relevantes e competitivos. Segundo pesquisa do Ibope Inteligência, divulgada em janeiro deste ano, um em cada três brasileiros (31%) está disposto a pagar mais por produtos de fabricação ambientalmente correta, que englobe baixa emissão de poluentes e resíduos. O estudo aponta ainda que 62% boicotam empresas que apresentaram comportamentos dos quais discordam, seja por violar direitos trabalhistas, fazer testes ou maltratar animais, cometer crimes ambientais, discriminação de qualquer tipo ou pelo posicionamento político. Outros 38% estão preocupados com os efeitos da produção no meio ambiente e 78% já verifica se os produtos que consomem são produzidos de forma ambientalmente correta. Toda a preocupação do consumidor e urgência do tema recai sobre as crianças, que podem seguir o exemplo dos pais. Segundo a psicóloga clínica Camila Quintanilha Carnevale, se a criança vê os pais tendo condutas ecologicamente corretas, ela também vai desenvolvê-las ao longo do tempo. “Separar o lixo pode ajudar, mas é importante que a criança entenda por que separar, para onde ele vai e o que pode acontecer se não separar”, explica. Só depois é que a inserção de brinquedos ecológicos terão o propósito de conscientização. A idade dessa concepção, de acordo com a psicóloga,
32 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
começa na pré-escola, com 5 ou 6 anos. “É quando a criança começa a ter maturidade e consciência do coletivo, de sociedade, deveres, regras, de pensar no outro e ter empatia.” A consciência de cuidar do planeta começa no ambiente familiar e se estende ao escolar. “Na escola se reforça a noção do meio ambiente, do planeta que se deseja deixar para os outros, da questão do lixo e da reciclagem.” Mesmo assim, introduzir atividades e brinquedos que desenvolvam a percepção do mundo pode ocorrer ainda na fase bebê porque ajuda na assimilação do que é certo ou errado. Além do mais, brinquedos ecológicos são ferramentas de interação psicomotora e complementam o trabalho realizado nas escolas. As empresas já tentam despertar o interesse das crianças por meio de brinquedos que têm como intuito dar um bom exemplo para a próxima geração. Al Kaufman, vice-presidente sênior de assuntos técnicos da The Toy Association, disse que é importante que todos façam a sua parte. “Todo setor, grande e pequeno, quaisquer que sejam seus impactos, tem a responsabilidade de fazer o que puder para diminuir o impacto de seu produto. Queremos ser bons cidadãos corporativos, bons cidadãos do mundo e fazer o que pudermos para minimizar nosso impacto.”
MARCAS
A Hasbro, por exemplo, já planeja eliminar o plástico de suas embalagens, assim como sacos de polipropileno dos acessórios, elásticos, invólucros, plástico bolha e folhas de janela de seus novos produtos. A ideia é acabar com todas as embalagens plásticas até o fim de 2022. "Remover o plástico da embalagem é a premissa de nossa longa jornada por esta década para criar um futuro sustentável para o nosso
negócio e o nosso planeta", disse Brian Goldner, CEO e presidente da Hasbro. "Sabemos que os consumidores compartilham do nosso compromisso de proteger o meio ambiente e queremos que as famílias se sintam bem sabendo que nossa embalagem será livre de plástico e nossos produtos podem ser reciclados facilmente por meio do nosso programa com a TerraCycle", contou John Frascotti, presidente e diretor de operações da empresa, citando a parceria que ajuda o consumidor a fazer o descarte correto de brinquedos e embalagens via correio. Já a Lego quer eliminar as sacolas plásticas de suas lojas varejistas e revelou uma nova gama de peças feitas de plástico à base de cana-de-açúcar. A empresa também se comprometeu a usar embalagens feitas de materiais renováveis ou reciclados até 2025 e a usar materiais sustentáveis em seus principais brinquedos e embalagens até 2030. As medidas já implantadas são o consumo de energia renovável e não permitir que seus resíduos sejam levados para aterros. Outra que tem meta de aplicar materiais plásticos reciclados, recicláveis ou biobaseados em seus produtos e embalagens até 2030 é a Mattel. O primeiro brinquedo da fabricante alinhado ao novo objetivo é a Pirâmide de Argolas da Fisher-Price, feita de plásticos à base de cana-de-açúcar e com embalagem reciclada. Há 20 anos, a Brasilflex/Playstoy procura não desperdiçar e ser mais eficiente na área sustentável. A empresa capta água da chuva e bombeia para um reservatório subterrâneo, que também pode receber água de um poço artesiano 100% sustentável. Desse modo, todos os vasos sanitários da empresa utilizam essa água. A equipe, inclusive, é treinada e orientada sobre a importância da reciclagem. Nos processos, os canais de injeção de dentro do molde são retirados, aparas plásticas são colocadas dentro, o produto é moído e reaproveitado como novas peças. Além disso, todo material plástico de produtos industriais que não são brinquedos, como frascos para indústrias farmacêuticas e sobras de peças industriais, são moídos separados, tingidos de preto e reaproveitados em forma de tubos plásticos em outros brinquedos. A empresa já prevê a implementação de outras frentes sustentáveis e diz que empresas que ainda não enxergam
Elka - Rejeitos de produção/embalagem vira brinquedo
essa nova maneira de se posicionar e produzir enfrentarão resistência do mercado e da sociedade. A Copag também está adotando o processo de logística reversa, o que possibilita a reintrodução de um material no ciclo produtivo sem que seja necessária a extração de nova matéria-prima. A empresa também facilita a devolução de produtos que não serão mais utilizados por consumidores, e, por meio de certificados de compensação, cooperativas são contratadas para reciclar o volume correspondente ao volume vendido. Na estrutura, a Copag se adequou de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, além de orientar seus colaboradores com relação à reciclagem e separação correta dos resíduos. No ano passado, implementou medidas para reduzir o consumo de plástico, como a eliminação de descartáveis nas áreas administrativas e dos sacos de lixo. A marca também está adaptando seu processo produtivo, reduzindo a produção de plásticos. “Ao longo de 2020 continuaremos trabalhando e adaptando o processo produtivo para nos capacitar a produzir produtos com menor impacto ao meio ambiente. Além disso, já percebemos uma boa adaptação dos colaboradores quanto à redução no consumos de plásticos e conscientização dessas práticas”, disse a companhia. Para a Copag, os clientes têm enxergado valor nas práticas de sustentabilidade devido aos impactos ambientais que a humanidade causou no meio ambiente. “As novas gerações possuem essa conscientização e não aceitarão empresas que não enxerguem a importância de cuidar do nosso planeta.” ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 33
/sustentabilidade A Elka também faz captação da água da chuva por tubulação interligada aos telhados do prédio para utilizar na refrigeração das máquinas injetoras. A empresa faz coleta seletiva com lixeiras seguindo o padrão de cores da resolução CONMA n° 275/01 para o descarte correto, e usam lâmpadas de LED em vez das fluorescentes. O lixo eletrônico é doado a uma associação de reciclagem; o papel/plástico/papelão contaminado por óleo/graxa/tinta é acondicionado e destinado a uma empresa especializada em co-processamento. Quanto às embalagens usadas no processo de fabricação, quando possível, é feita a logística reversa com o fabricante para que ele retire a embalagem vazia e a reaproveite. Houve também substituição das válvulas de descargas por caixas acopladas, o que diminui o consumo de água. Nas embalagens, o slogan “a embalagem vira brinquedo” ajuda a criar brincadeiras com as caixas dos produtos para reaproveitamento do material, visando gerar menos resíduos. “A ideia é propor atividades relacionadas ao próprio brinquedo, completando a brincadeira”, explicou Eduardo Kapaz, sócio diretor e diretor de marketing da Elka. Segundo ele, o impacto tem sido positivo, na percepção da marca tanto por parte dos consumidores como pelo mercado. “Desde que a Elka embarcou nesse movimento, a equipe percebeu a aprovação dos consumidores e clientes por meio de manifestações nas redes sociais.” Na Xalingo, toda a energia utilizada na empresa vem de fontes renováveis. A empresa está equipada com lixeiras para a separação dos resíduos e coleta tampinhas de plástico para projetos sociais, além de ter construído uma estação de tratamento de resíduos. Quase todos os papéis descartados no escritório são reutilizados e a Xalingo trabalha com a conscientização quanto à utilização e ao desperdício de água, a separação de resíduos e outras iniciativas. Existem projetos sustentáveis sendo realizados pelos próprios colaboradores. Nos processos, toda a serragem oriunda do processo de madeira é vendido para uma empresa da região que faz o descarte correto e o seu valor é revertido para a associação dos funcionários. A tinta utilizada nos processos é à base de água, atóxica e lavável. Os resíduos plásticos são mixados e reutilizados dentro da própria empresa na confecção de paletes, entre outros materiais. Toda a madeira utilizada vem de reflorestamento e todos os manuais e papéis de divulgação possuem o selo FSC
34 /
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
Xalingo - Dominó em Madeira Reflorestada da Linha Jogos Tradicionais
(Forestry Stewardship Council, que em português significa Conselho de Manejo Florestal). “Como trabalhamos com produtos infantis, esse cuidado é redobrado. Somos uma empresa amiga da criança, apoiamos projetos contra o trabalho infantil e nossos insumos seguem um rígido controle de qualidade”, disse Tamára Campos, gerente de marketing da Xalingo Brinquedos. Nas embalagens, em sua maioria, a empresa não utiliza acetato, somente o cartucho em papel microondulado, de fácil decomposição. Assim como na Elka, algumas embalagens se tornam parte do brinquedo. Nos últimos anos, houve redução de fita e de plástico em cada embalagem, que passa a receber somente um selo para lacre, como na Hasbro. “Todas essas políticas geram resultados importantes para a marca, para a sociedade, para o meio ambiente e para as crianças, que têm a garantia de um produto com qualidade e que respeita e fomenta práticas que vão de encontro a uma consciência global sustentável”, acrescentou Tamára. A Xalingo também está adequando a fábrica para um layout mais eficiente, que exija menos esforço do funcionário e utilize de forma mais racional os insumos, além de buscar implantar iluminação e ventilação natural. “Nossas ações atingem a sociedade onde atuamos e entendemos que precisamos conscientizar nossos colaboradores de que suas atitudes impactam o ecossistema e não somente a empresa ou região onde estão atuando.” O que fica desses esforços mostra que medidas sustentáveis podem aumentar a receita, reduzir custos, mitigar riscos e aprimorar a marca. Ou seja, dá para ser um fabricante, varejista e consumidor consciente sem deixar a diversão das crianças de lado e ainda ajudar os recursos do planeta a durarem mais.
ESPAÇO BRINQUEDO REVISTA
/ 35