O Pátio - Edição 45

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A EPM-CELP EM FOCO

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O 25 de Abril - Uma visão Moçambicana A área disciplinar de História promoveu a realização de um conjunto de actividades alusivas à Revolução do 25 de Abril de 1974, dando assim cumprimento ao previsto no seu plano de actividades. Das actividades empreendidas com vista à celebração desta efeméride, contam-se: uma exposição respeitante à Revolução dos Cravos na sala de História; a exibição de um documentário e de um diaporama, no átrio principal da Escola e no espaço Fernando Pessoa, respectivamente; uma Mesa Redonda subordinada ao tema 25 de Abril O Olhar Moçambicano na Biblioteca Poeta José Craveirinha, onde estavam, igualmente, expostos depoimentos da sociedade civil moçambicana acerca da sua vivência durante esta época, recolhidos pelos alunos. Este ano, a ênfase dada à comemoração do 25 de Abril centrou-se na divulgação da perspectiva moçambicana sobre as influências que este processo revolucionário português teve em Moçambique. Houve, assim, a preocupação de incentivar e divulgar o testemunho da sociedade civil moçambicana, envolvendo os alunos na recolha de informação escrita e visual, de forma a compreenderem a complexidade do processo histórico em questão. Do conjunto de actividades referenciadas destaca-se a Mesa Redonda realizada no dia 26 de Abril, na Biblioteca da EPM-CELP. Foi um momento de extrema importância, pela possibilidade de se escutar o testemunho de quem,

longe de Portugal, recebeu os ecos do que seria um momento capital para o acelerar da independência de um país - Moçambique. À visão moçambicana juntou-se o testemunho de quem, de perto, viveu a revolução. Esta actividade destinada a alunos do ensino secundário e a docentes, contou com a participação da Presidente do Conselho Directivo Dr.ª Albina Santos Silva, de três ilustres cidadãos moçambicanos, o Dr. António Sopa e a Dr.ª Amélia Souto, eminentes historiadores e professores universitários, e o Mestre Malangatana, artista plástico que dispensa apresentações, e ainda com a participação do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa que se

encontrava de visita à EPM-CELP. Através do testemunho do Dr. António Sopa, foi possível conhecermos a acção política da cidade da Beira na construção de uma oposição ao regime colonialista e, ao mesmo tempo, entendermos o impacto que a Revolução dos Capitães de Abril teve na sua vida. Já com o testemunho da Dr.ª Amélia Souto foi possível conhecer o caminho de

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militância e entrega à causa da construção de um país traçado por uma jovem que, sendo filha de um militar português, teve que revelar uma persistência notável para abraçar o sonho da liberdade e da construção de um país que era também seu. Também para esta cidadã moçambicana, a notícia do 25 de Abril que lhe chegou enquanto estava na Suécia foi, para além de todas as dúvidas sobre os protagonistas da revolução, um

momento marcante para a sua caminhada. Mestre Malangatana chegou cantando Grândola Vila Morena e não demorou a encantar a assistência que vibrou com a música e a limpidez de um testemunho que lembrou o quão difícil era viver sem liberdade, mas apelou à necessidade de os jovens não voltarem a cometer os erros do passado. A partilha de testemunhos surgiu e rapidamente se percebeu que, independentemente de se estar em Portugal ou em Moçambique, as reacções eram semelhantes e pautavam-se, por um lado, pelo receio de saber exactamente os contornos reais da revolução e, por outro, pela euforia de um tempo novo em que a liberdade reinaria. Era como se todos os sonhos de uma sociedade igual começassem a ser reais. Assistir a esta partilha de vivências constituiu uma oportunidade única de conviver de perto com alguns dos heróis de um tempo em que o poder político anulava o pensamento livre. (Continua na p.12)


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