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P rojeto E ta pa : E s t u d o P r e l i m i n a r
2019
A utoras
D ocentes
C e n t r o U n i v e r s i tĂĄ r i o Belas Artes de SĂŁo Paulo
E rica B ortoletto I sabela G onçalves
D avid V ital B rasil V entura L uis F elipe X avier
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Fig.1. Piso do Vale do Anhangabaú.
Data
Autoras
2019
Erica Bortoletto Isabela Gonçalves
Instituição
Professores
Centro Universitário Belas Artes de São Paulo
David Vital Brasil Ventura Luis Felipe Xavier
Disciplina
Pesquisa e Projeto
Projeto de Arquitetura e Patrimônio Histórico
Apresentação do Partido Arquitetônico, Composição, Volumetria e Estratégia de Ocupação da Área
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Apresentação
Sumário
Este trabalho irá apresentar o estudo premilinar do projeto do sétimo de Arquitetura e Urbanismo, incluindo a definição do programa de necessidades, o levantamento de dados, a visita ao local e as diretrizes de projeto, bem como os croquis iniciais. Todas as fotografias encontradas sobre o local de intervenção são de autoria das alunas citadas na página três.
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
Pesquisa e Texto: Isabela Gonçalves Design e Ilustração: Erica Bortoletto Projeto: Isabela Gonçalves
Localização e Identificação do Local......................... 9 Área de Projeto e Intervenção. . ................................ 10 Caracterização da Área e seu Entorno...................... 11 Histórico da Área de Projeto e Intervenção.............. 13 Estudo das Principais Referências no Entorno . . ......... 14 Restrições Relativas à Preservação do Patrimônio. . ... 22 Estudo de Referências para o Projeto. . ..................... 25 O Projeto................................................................. 28 8.1. Diretrizes Projetuais.......................................... 28 8.2. Programa de Necessidades............................... 29 8.3. Diálogo entre Contemporâneo e Antigo............ 31 8.4. Estudos de Composição e Volumetria................ 32 8.5. Estudos de Circulação....................................... 34 8.6. Estudos Específicos de Circulação Vertical.. ....... 35 9. Fontes..................................................................... 38 10. Referências............................................................ 39
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Ilustração da Vista da R. Florêncio de Abreu para o Mosteiro e Largo de S. Bento. Ilustrado por Erica Bortoletto.
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1. Localização e Identificação do Local O terreno se encontra de uma área estratégica de avenidas e transporte público. Ao lado do metrô São Bento e próximo às estações Sé, Anhangabaú e República, a área recebe o fluxo das linhas Azul, Amarela e Vermelha do metrô. Quanto às avenidas, o local é ponto de encontro entre duas grandes avenidas importantes para cidade de São Paulo, a Av. São João, Av. Prestes Maia e Av. 23 de Maio. Próximo ainda se encontram a Av. do Estado e o Viaduto Elevado Pres. João Goulart, vias também importantes da cidade.
Fig.2. Imagem Aérea retirada do Google Earth.
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2. Área de Projeto e Intervenção A área de intervenção está localizada no centro de São Paulo, no Vale do Anhangabaú, em uma região de comércio intenso, com muitos patrimônios históricos, galerias, praças, igrejas, edifícios antigos comerciais e hotéis. Nos térreos, encontram-se bares, lojas e serviços diversos. Nas ruas há a presença de ambulantes e vendedores que praticam o comércio irregular.
A maioria dos edifícios são antigos e mal conservados, com suas fachadas de elementos característicos de outras épocas deterioradas e muitas vezes pichadas. Os edifícios vazios e sem uso são invadidos e ocupados de maneira irregular, o que oferece muitos riscos. O objetivo do estudo é conhecer melhor a área a ser trabalhada neste semestre, bem como seu entorno e a relação dele com os patrimônios históricos existentes na região. Também tem como objetivo achar soluções cabíveis para o terreno que hoje é usado como estacionamento, assim como entender melhor os tipos de restrição existentes para cada tipo de patrimônio.
Fig.3. Vista do Viaduto Sta. Ifigênia para o terreno. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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3. Caracterização da Área e seu Entorno A quadra onde se localiza o terreno de estudo e intervenção encontra-se uma situação visível de vulnerabilidade alta e em algumas quadras do seu entorno, porém existem quadradas do seu entorno com vulnerabilidades mais baixas.
De acordo com a legislação, a área estudada localiza-se em uma Macroárea de Estruturação Metropolitana, caracterizada por incentivos para regularização de imóveis, criação de novas edificações e transferência de potenciais construtivos de bens históricos.
Quanto ao zoneamento, podemos perceber que áreas Zona de Centralidade (ZC, em hachura diagonal no mapa abaixo), onde incentiva-se o uso não residencial e maiores densidades que incentivariam a oferta de emprego na localidade, juntamente
com as ZEIS (3, em hachura xadrez no mapa abaixo e 5, em hachura pontada no mapa abaixo) também presentes no entorno da área estudada, que incentivam a moradia digna à população.
mapa de vulnerabilidade
mapa de zoneamento
BAIXA BAIXÍSSIMA SEM CLASSIFICAÇÃO MUITO BAIXA ALTA
ZEIS - 5 ZEIS - 3 ZC PRAÇAS/CANTEIROS PÚBLICOS
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O uso do solo é predominantemente comercial, o que como dito anteriormente, ajuda a combater a degradação do local.
A área é caracterizada por edifícios de diferentes épocas e estilos que foram testemunhas da história de São Paulo e da sua região central, do seu ápice ao seu declínio. Edifícios de enorme importância para a memória da cidade e de grande valor arquitetônico, como o Mos-
teiro de São Bento, o Edifício Martinelli, o Edifício Mirante do Vale, o Edifício do CBI Esplanada, a Praça das Artes, o Centro Cultural dos Correios, entre outros. Dessa forma, é muito fácil de encontrarmos regiões de ZEPEC (edificações hachuradas) no nosso e terreno e entorno.
É possível observar que a declividade do terreno e do seu entorno não é muito acidentada, sendo considerada praticamente plana. Com no máximo 5% de inclinação na quadra do terreno estudado e em alguns pontos do entorno com inclinação de no máximo 25%.
mapa de uso do solo COMÉRCIO/SERVIÇOS
mapa de declividade
SEM PREDOMINÂNCIAS RESIDENCIAL MÉDIO/ALTO PADRÃO RESIDENCIAL/COMÉRCIO/SERVIÇOS
mapa de patrimônio BENS IMÓVEIS REPRESENTATIVOS
05 A 25 % 0 A 05 %
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4. Histórico da Área de Projeto e Intervenção Observa-se com a sobreposição da imagem, que a Avenida Prestes Maia não fazia parte da mesma leitura que se tem nas outras imagens.
Em 1954, que concretizou o Plano de Avenidas, demolindo algumas quadras que conformavam a Praça do Correio no cruzamento com a Avenida São João.
A imagem de 2004, apresenta o novo Parque sobre a laje, a Avenida Prestes Maia com seu sistema viário “Y”, grande parte residencial e comercial, como o Colégio de São Bento, consolidados.
Fig.4. Mapa Sara Brasil de 1930. Fonte: Geosampa.
Fig.5. Mapa Vasp Cruzeiro de 1954. Fonte: Geosampa.
Fig.6. Mapa de 2004. Fonte: Geosampa.
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5. Estudo das Principais Referências no Entorno O nome Anhangabaú é indígena e significa, em tupi Guarani, Rio do diabo, pois acreditavam que maus espíritos rondavam o local. Marcando a formação do centro da cidade de São Paulo, sendo fundado por estruturas religiosas, formando um triângulo entre o Mosteiro de São Bento, o Convento de São Francisco e o convento de nossa senhora do Carmo, devido aos seus desníveis altos. Esses três pontos definiram as principais ruas centrais, que logo seriam definidas como, 15 de novembro, São Bento e Direita, determinando assim o triângulo histórico.
Inicialmente a cidade começou a ser ocupada pelo Leste, no Rio Tamanduateí, enquanto a região Oeste do Rio Anhangabaú era considera o quintal dos fundos da cidade, pois só passou a ser urbanizado no começo do século XX, ou seja, 350 anos depois da fundação de São Paulo.
Fig.7. Vale do Anhangabaú. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
Fig.8. Faculdade e Colégio de São Bento. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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A urbanização se iniciou a partir da construção do Viaduto do Chá, em 1877, sendo o primeiro viaduto da cidade de São Paulo. Tem esse nome porque havia nas proximidades uma extensa plantação de chá. Com estrutura metálica vinda da Alemanha, o viaduto foi inaugurado em 1892. Ampliando a ligação do Centro Velho (atual Rua Direita), onde se localizavam os hotéis, casas bancarias, comércios de luxo, com a nova zona de expansão da cidade, determinado Centro Novo (atual Rua Barão de Itapetininga). Em 1913, o Viaduto Santa Efigênia foi construído
com o objetivo de ligar o Largo São Bento ao Largo da Santa Efigênia. Essas ligações tinham que ser realizadas em nível, para que pudesse utilizar como transporte entre os centros, o bonde, que estava se expandindo na época. Diante disso, o Anhangabaú passa a ser espaço de diversas propostas de embelezamento, com a criação de monumentos importantes, como o Teatro Municipal (1903-1911), sendo um dos primeiros vetores que procurou trazer a cidade para o lado do Vale, pois sua construção era a mais magnifica da cidade, símbolo de civilidade, cultura e de transformação. A implantação de jardins se iniciou devido a construção de dois grandes Palacetes ao lado do Viaduto do Chá, pois o Conde de Prates, dono de quase todo território se recusou a vender suas terras para a implantação de jardins, portanto foi determinado uma solução mista, onde existiria o parque do Anhangabaú com os jardins e seria concedido o direito de se construir os Palacetes ao lado do viaduto.
“A partir do momento em que se consolida essa transposição no começo do século, começou a ter uma situação muito discrepante, onde se tinham viadutos de ferro e bondes elétricos passando e ainda por baixo resquícios das chácaras e fundos de casas que eram praticamente cortiços.” Professor José Geraldo Simões Jr1 Fig.9. Viaduto Santa Ifigênia. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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Após um longo período de descaso, o lugar foi jardinado, o rio canalizado e, em 1910 foi realizada uma grande arborização do Vale do Anhangabaú, resultando na formação do Parque do Anhangabaú. Esse projeto tomou forma a partir de uma combinação de três projetos, incluindo o “Grandes Avenidas”, de autoria do arquiteto Alexandre Albuquerque, que resultaram na urbanização do vale com a inserção edifícios. Em 1924 o Vale passou a ser chamado de sala de visitas, em São Paulo, pois havia sido construído o primeiro arranha céu, com 14 pavimentos, o atual Edifício Sampaio Moreira.
O projeto do Viaduto do Chá foi alterado em 1938 com o surgimento do estilo Art. Decô, provocando a demolição do mesmo, para a construção em concreto armado, com o dobro de largura do antigo viaduto. Junto com o novo viaduto surge uma ligação subterrânea entre as praças Ramos de Azevedo e do Patriarca, onde atualmente se localiza a Galeria Prestes Maia, onde ocorriam exposições de arte, reuniões da sociedade paulistana e onde foi instalada a primeira escada rolante da cidade.
“O que era fundo se tornou frente e o que era limite se tornou um cartão postal” Professor Hugo Segawa2 Na década de 1930, o parque foi desfeito e deu lugar a uma via expressa, projeto realizado pelo urbanista e prefeito da época, Prestes Maia, que fez o plano de avenidas para que o Vale fosse remodelado e se adequasse ao crescimento que havia ocorrido nos anos 30 e 40. Esse crescimento exigiu do vale uma solução de conexão viária, pois o vale não poderia mais ser um espaço apenas de jardins, ele tinha que ser o local principal de conexão e de passagem dos veículos, para que houvesse uma ligação da parte Sul com a parte Norte da cidade. Fig.10. V. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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O cruzamento entre as avenidas Anhangabaú e a São João ganhou uma passagem em desnível em 1951, com a construção do Buraco do Ademar, que lá permaneceu durante 37 anos, sendo posteriormente substituído por dois túneis. O vale deixa de ser um local de permaneça com grandes locais verdes, como foi até os anos 40 e passa a servir de local de passagem para a circulação viária da cidade. Nos anos 90 foi realizado um concurso público para a reurbanização do Vale, pois foi muito degrado com o fluxo intenso de veículos. Os urbanistas Rosa
Grena Kliass e Jorge Wilheim foram os vencedores, propondo fazer o tamponamento do Vale deixando a circulação de veículos por baixo e voltando a ser um jardim na parte superior, com foco em fazer um grande bulevar, para retomar a função original de sua construção no início do século XX, onde atualmente se localiza a Praça dos Correios e da Praça das Bandeiras.
Fig.11. Vista para Estação S. Bento. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
Fig.12. Segundo plano, Edifício dos Correios. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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Além dos espaços de lazer da praça, o projeto significou integrar o centro histórico, conectando os marcos simbólicos da região. O projeto dos dois, assim, valorizava o espaço direcionado às pessoas que circulam a pé, facilitando o fluxo de pessoas na região e tornando-se tendência posteriormente, com a junção de funções entre arquitetos e paisagismo. Atualmente o Vale do Anhangabaú recebe eventos diversificados, incluindo muitas das atrações da Virada Cultural, maratona paulistana de 24 horas de cultura pelos quatro cantos da cidade. Quem passa por lá também pode eventualmente presenciar apresentações teatrais.
Fig.13. Vista do Vale do Anhangabaú. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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Fig.14. Mosteiro S. Bento. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
Fig.15. EdifĂcio Matinelli. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
Fig.16. EdifĂcio CBI Esplanada. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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Fig.17. Saída da Estação S. Bento. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
Fig.18. R. Líbero Badaró. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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Fig.19. Vista para R. Líbero Badaró. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
Fig.20. Vista do Vale para Praça das Artes. Foto por Erica Bortoletto, 2019.
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6. Restrições Relativas à Preservação do Patrimônio Segundo a Secretaria da Cultura, o tombamento é um ato administrativo realizado pelo poder público com o objetivo de preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental para a população, impedindo, através da aplicação da lei, que venham a ser destruídos ou descaracterizados. 3 Visando preservar referenciais, marcas e marcos de uma sociedade, foi instituído pelo decreto estadual N° 13.426/79, artigo 137, o conceito de área envoltória.
De acordo com a Cartilha desenvolvida pela Prefeitura de São Paulo, no caso de tombamento municipal, pelo Conpresp, a área é definida caso a caso, através de uma Resolução de Tombamento ou de Regulamentação de Área Envoltória; e, em algumas situações, pode se limitar ao próprio lote do edifício tombado. Qualquer intervenção que venha a ser feita dentro desse perímetro, tais como novas construções, reformas, demolições, instalação de anúncios, colocação de mobiliário urbano, dentre outras, deverá ser previamente aprovada. 4
“Artigo 137. - Nenhuma obra poderá ser executada na área compreendida num raio de 300 (trezentos) metros, em torno de qualquer edificação ou sítio tombado, sem que o respectivo projeto seja previamente aprovado pelo Conselho, para evitar prejuízo a visibilidade ou desta que do referido sítio ou edificação.” 5
O esquema abaixo mostra a localização do terreno do projeto em questão e sua relação com os bens tombados e áreas envoltórias. As restrições relacionadas a esses bens que moldam o projeto a ser desenvolvido nessa disciplina foram organizadas de acordo com a resolução a partir da descrição dos atos de tombamento do imóvel.
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R ua F lorencio de A breu V iaduto S ta . I figênia I greja e M osteiro S. B ento Resolução n°. 37/1992 6 Conpresp Acerca dos logradouros públicos: “ [...] ficam classificados no Nível de Proteção 1 (NP-1).*” *Nível de Proteção 1 (NP1): corresponde a bens de excepcional interesse histórico, arquitetônico ou paisagístico, determinando sua preservação integral. Acerca do espaço envoltório: “[...] classificam-se no Nível de Proteção 4 (NP-4) que determina o controle de sua volumetria, devendo os projetos de novas edificações e ampliações serem submetidos à prévia aprovação do CONPRESP.” Resolução n°. 05/1991 Conpresp Não foi encontrada menção aos logradouros públicos e área envoltória. (Ver Obs.)
I greja
e
M osteiro S. B ento
Resolução SC n°. 44/2003 Condephaat Não foi encontrada menção aos logradouros públicos e área envoltória. (Ver Obs.) Resolução SC n°. 23/1982 Condephaat Não foi encontrada menção aos logradouros públicos e área envoltória. (Ver Obs.) Resolução n°. 22/2016 Conpresp Não foi encontrada menção aos logradouros públicos e área envoltória. (Ver Obs.)
C entro V elho R ua S ão B ento Resolução n°. 17/2007 7 Conpresp Acerca do perímetro definido como espaço envoltório: “[...] fica definida como área envoltória de proteção dos bens tombados os demais imóveis e logradouros inseridos no perímetro definido no Artigo 1º, que não constem dos Anexos que integram esta Resolução. Acerca da intervenção no espaço envoltório: “[...] intervenções em imóveis e logradouros definidos como área envoltória estão sujeitas à prévia análise e aprovação do DPH e Conpresp, com base na apreciação, caso a caso, de elementos que possam vir a interferir na ambiência, visibilidade e harmonia dos bens tombados, tais como: implantação, gabarito, textura, cor e quaisquer outros que venham a ser identificados na análise da intervenção proposta.”
I greja
e
M osteiro S. B ento
Resolução SC n°. 91/2014 – Condephaat 8 Acerca do espaço envoltório: “[...] fica estabelecida como área envoltória o perímetro composto pela somatória dos lotes da chamada Praça das Artes, composto pelos endereços Av. São João, 259, 269, 279, 281, 285, 287, 293 e 297 e Rua Formosa, 387, 393 e 401.” Acerca da intervenção no espaço envoltório: “[...] intervenções na área envoltória [...] deverão ser previamente submetidas à análise e aprovação do CONDEPHAAT.” Resolução SC n°. 49/1981 Condephaat Não foi encontrada menção aos logradouros públicos e área envoltória. (Ver Obs.)
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Obs. Nas resoluções que datam o ano de 2003 ou antes, entende-se que grande parte não fez menção à área envoltória pois apenas com o Decreto n°. 48.137/2003 foi exigido que na resolução de tombamento devesse constar área envoltória específica e delimitada.
“Artigo 1º - O artigo 137 do Decreto nº 13.426, de 16 de março de 1979, passa a vigorar com a seguinte redação: Artigo 137 - A Resolução de Tombamento preverá, no entorno do bem imóvel tombado, edificação ou sítio, uma área sujeita a restrições de ocupação e de uso, quando estes se revelarem aptos a prejudicar a qualidade ambiental do bem sob preservação, definindo, caso a caso, as dimensões dessa área envoltória. Parágrafo único - Nenhuma obra poderá ser executada dentro da área envoltória definida nos termos deste artigo sem que o respectivo projeto seja previamente aprovado pelo CONDEPHAAT.” (NR)” 9
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7. Estudo de Referências para o Projeto Sesc 24 de maio Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha Endereço: Rua 24 de Maio, 109 República, São Paulo Ano do projeto: 2017
Praça das Artes Arquiteto: Brasil Arquitetura Endereço: Av. São João, 281 Centro São Paulo Ano do projeto: 2012
Utilizado como referência, pelo seu sistema de circulação vertical que atende a acessibilidade do projeto arquitetônico para qualquer tipo de usuário e por conta da sua dinâmica de projeto de necessidades que inclui área de tecnologias, áreas de esporte e área de convivência.
Utilizado como referência, pela sua relação com o Centro de São Paulo e por conta do grande vão livre que faz uma fruição pública. O modo como o Edifício do Antigo Conservatório Dramático de São Paulo foi totalmente incorporado e respeitado pela nova edificação.
Fig.6. Fotografia das rampas. Fonte: Archdaily.
Fig.7. Vão livre da Praça. Fonte: Archdaily.
“[...] uma coisa é o lugar físico, outra coisa é o lugar para o projeto. E o lugar não é nenhum ponto de partida, mas é um ponto de chegada. Perceber o que é o lugar é já fazer o projeto.” Álvaro Siza10
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Ilustração da Vista do Viaduto Sta. Ifigênia para Av. Prestes Maia. Ilustrado por Erica Bortoletto.
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8. O Projeto 8.1. Diretrizes Projetuais Ao iniciar a criação do projeto, foram estabelecidas algumas diretrizes fundamentais que guiariam o processo projetual. Essas diretrizes, também chamadas de partido de projeto, demonstram as preocupações e relações do edifício com o sua função, público e entorno. Estas são:
Desenvolver programa que tenha um caráter social de incentivo ao desenvolvimento local Não descaracterizar a área criando uma obra arquitetônica de grande apelo estético Proporcionar bons espaços públicos e semipúblicos de convivência Trazer acessibilidade com rampas em todos os níveis
elevadores
e
Não ultrapassar, em gabarito, o térreo do Colégio São Bento, para assim, manter a paisagem urbana existente Criar possibilidades de acessos no nível da Av. Prestes Maia e no nível do Largo São Bento Buscar iluminação natural das áreas internas e fazer uso de paredes e coberturas verdes
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8.2. Programa de Necessidades
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A fim de estender o programa disponibilizado para atividades de incentivo ao desenvolvimento local, foram adicionados laboratórios e oficinas de tecnologia e arte para promover conhecimento técnico e/ou profissional para os comerciantes e interessados na área.
PROGRAMA COMPLEMENTAR
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8.3. Diálogo entre Contemporâneo e Antigo O diálogo entre a arquitetura contemporânea e antiga não será de contraste. Até mesmo por se encontrar em área envoltória de diversos bens tombados, as condições e aprovações do projeto, em realidade, seriam difíceis caso fosse tomado o caminho contrário. Assim, será buscada uma estética singela que harmonize com as edificações locais e não se destaque em plasticidade. Deste modo, através do gabarito do novo edifício será mantida a vista, em escala humana, do Colégio São Bento tanto no Viaduto Santa Ifigênia quanto na Av. Prestes Maia sentido Av. 23 de maio.
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8.4. Estudos de Composição e Volumetria F orma
e
F unção
F achadas
A relação proposta entre a forma e a função do edifício é de uma setorização quase segregada por andares visando simplificando os usos, acessos e fluxos dentro de cada pavimento. Sua forma ortogonal e planta livre foi escolhida para flexibilizar e facilitar futuras adaptações que sejam necessárias ao longo dos anos.
ÁREA CULTURAL
ÁREA ESPORTIVA
ÁREA ADMINISTRATIVA
ENTRADA E CAFÉ
INST. TECNOLOGIA
e
P osição C ardeal
A fachada principal, como esperado, será para Av. Prestes Maia. Por ser uma fachada Oeste, será usada para criar permeabilidade e boa iluminação natural com utilização de proteção solar vertical. A fachada Leste, aos fundos do terreno, será estrategicamente recuada para proporcionar boa iluminação zenital sem a necessidade de proteção solar permanente.
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E strutura
e
M ateriais
O tipo de estrutura e material escolhido é o concreto pré-fabricado. Essa escolha da estrutura foi feita visando a redução de entulho no canteiro de obras e sua possibilidade para grandes vãos. O material, além de sua plasticidade, foi escolhido pelo seu valor estético sem a necessidades de grandes acabamentos e seu positivo diálogo com o entorno.
D etalhes A dicionais
(Muro de Arrimo do Colégio São Bento)
A solução proposta para o muro de arrimo que contém um alto desnível entre o terreno e o Colégio é de não o cobrir. Assim, afastamos o edifício do muro criando um recuo onde é possível a entrada de luz e ocupamos o muro com uma parede verde de espécies vegetais coloridas. Para finalizar, um espelho d’água é instalado entre o piso e o muro para criar um certo distanciamento e curiosidade para o transeunte.
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8.5. Estudos de Circulação T érreo
A ndares
C obertura
Devido ao fato de o edifício estar em frente à uma grande avenida, foi pensando em estender a calçada para dentro do terreno criando um grande vão livre que fosse convidativo o suficiente para poder ser usado como local de convivência e permanência.
Por se tratar de uma planta livre, a circulação horizontal em cada andar pode ser variada. Entretanto, com o uso e atividades propostas no programa de necessidades foi pensada uma circulação em formato de ferradura que permita acesso em ambas extremidades do edifício.
A cobertura será usada como espaço de convivência e permanência com canteiros, bancos e mesas para estudo, leitura, descanso, entre outras atividades. Pelo fato da cobertura alinhar-se com o térreo do Colégio São Bento, essa também será usada como ligação em nível entre os dois lotes.
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8.6. Estudos Específicos de Circulação Vertical R ampa
E scadas
E levadores
Visando a acessibilidade no edifício, será usada uma rampa acessível destinada a circulação vertical instalada perimetralmente ao muro de arrimo do Colégio São Bento, agora com espelho d’água e cobertura vegetal, produzindo um agradável passeio pelos fundos do edifício.
Embora o foco seja a utilização da rampa como circulação vertical principal, as escadas cumprem um papel essencial por conta das normas de incêndio e segurança em edificações.
Mesmo o edifício possuindo apenas 3 andares, com exceção do térreo, a necessidade do elevador se dá para utilização de pessoas com dificuldade de locomoção, sejam deficientes físicos, idosos, obesos, entre outros.
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Ilustração da Vista do Vale do Anhangabaú para o Mirante do Vale. Ilustrado por Erica Bortoletto.
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9. Fontes 1
SEGAWA, Professor Hugo. VALE DO ANHANGABAÚ. História do bairro de São Paulo/ SP. Local: Jeferson Russel, 2013. Duração: 30 minutos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=7yNiU3c2cNM&t=103s>. Acesso em: 11 fev. 2019. 2
SEGAWA, Professor Hugo. VALE DO ANHANGABAÚ. História do bairro de São Paulo/ SP. Local: Jeferson Russel, 2013. Duração: 30 minutos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=7yNiU3c2cNM&t=103s>. Acesso em: 11 fev. 2019. 3
Tombamento – Conceitos. Patrimônio Cultural. Secretaria da Cultura. Disponível em: <http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=4> Acesso em: 11 fev. 2019. 4
Cartilha – IPTU - EXERCÍCIO 2010. Perguntas Mais Frequentes. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/conpresp/carti-
lha/index.php?p=3819> Acesso em: 11 fev. 2019 5
DECRETO N. 13.426, DE 16 DE MARÇO DE 1979. Secretaria de Estado da Cultura. Artigo 137. Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legisla-
cao/decreto/1979/decreto-13426-16.03.1979.html> Acesso em: 11 fev. 2018. 6
Resolução de Tombamento n°. 37/1992. Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo. Prefeitura
do Município de São Paulo. Secretaria Municipal de Cultura. Departamento do Patrimônio Histórico. 7
Resolução de Tombamento n°. 17/2007. Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.
8
Resolução de Tombamento SC n°. 91/2014. CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de
São Paulo. 9
DECRETO N. 48.137, DE 07 DE OUTUBRO DE 2003. Secretaria de Estado da Cultura. Altera a redação do artigo 137 do Decreto nº 13.426, de 16 de março
de 1979, no que se refere à área envoltória dos bens imóveis tombados pelo CONDEPHAAT. Disponível em: < https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2003/decreto-48137-07.10.2003.html > Acesso em: 13 fev. 2018. 10
PORTAL VITRUVIUS. Praça das Artes. Projetos, São Paulo, ano 13, n. 151.03, Vitruvius, jul. 2013 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/proje-
tos/13.151/4820>.
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10. Referências Vale do Anhangabaú. Pontos turísticos. Cidade de São Paulo. Disponível em: <cidadedesaopaulo.com/v2/atrativos/vale-do-anhangabau/?lang=pt>. Acesso em: 14 fev. 2019. Resenhas online. Anangabaú. Vitruvius. Disponível em: <www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/07.079/306>. Acesso em: 14 fev. 2019. Viaduto do chá. Info escola. Disponível em: <www.infoescola.com/sao-paulo/viaduto-do-cha/>. Acesso em: 14 fev. 2019. Como era São Paulo sem o vale do Anhangabaú. Local passou por obras de remodelação pouco antes de 1920. Acervo estadão. Disponível em: <acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,como-era-sao-paulo-sem-o-vale-do-anhangabau,9028,0.htm>. Acesso em: 14 fev. 2019. TOLEDO, Benedito Lima. São Paulo - três cidades em um século, São Paulo: Cosac e Naify, 2004 MACEDO, Silvio Soares. Praças brasileiras, São Paulo: Edusp, 2001
p. 40