Documentação - IDENTIDADE VISUAL PROGRAMADA [6º semestre]

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AN6AU

ANDRESSA TIEMI BEATRIZ BOZATO

CAROLINA POMA CARMEN SIQUEIRA

DANIELA GLINGLANI ERICA BORTOLETTO

FLÁVIA SAMPAIO LETÍCIA NOBREGA


AborĂ­genes Australianos


Contexto Histórico Os Aborígenes, população nativa da Austrália, habitavam a maior parte do território australiano, totalizando aproximadamente 750.000 indivíduos, subdivididos em 500 grupos e com cerca de 300 dialetos diferentes. Esses grupos possuíam estilos de vida distintos e tradições culturais e religiosas próprias em cada região. Antes da colonização, os Aborígenes viviam por toda a Austrália, embora a maior densidade populacional estivesse ao longo da costa. Entende-se que povo alternou sazonalmente entre assentamentos permanentes nas proximidades do mar e outros nas cabeceiras dos rios costeiros. Provas sugerem que estas comunidades geriam muito cuidadosamente o seu ecossistema de modo a garantir um abastecimento regular de comida, por exemplo, plantando inhames silvestres em jardins que eles próprios irrigavam ou construindo diques artificiais para alargar o habitat das enguias. Estas tribos Aborígenes que viviam no interior, na floresta rasteira e no deserto, sobreviviam com base na caça e na recolecção, queimando o matagal para estimular o crescimento de plantas. Eram peritos em encontrar água.


Com a chegada dos colonizadores ingleses em 1758, deu-se início aos massacres das comunidades Aborígenes. Soldados ingleses visitavam as aldeias fingindo uma aproximação amigável, oferecendo presentes. Porém, outros soldados envenenavam com arsênio a água e os alimentos dos Aborígenes; várias pessoas, inclusive crianças, morreram em consequência do envenenamento. Os soldados ingleses destruíram locais considerados sagrados pelos Aborígenes. Também ofereciam bebida alcoólica à população local, e se aproveitavam do estado de embriaguez para instigar confrontos entre as diferentes aldeias, fazendo com que eles mesmos se aniquilassem. Após proclamada a independência australiana, os Aborígenes passaram a sofrer com a discriminação da população de seu próprio país. Parte da população australiana considerava os Aborígenes como sendo parte da fauna e da flora, não havendo o devido respeito a esses indivíduos. Dentre as diversas perseguições sofridas por essa comunidade, se destaca a “The Stolen Generations”, uma tentativa de “limpeza étnica”. Homens, a mando do governo, invadiram as tribos e raptaram crianças, inclusive bebês; muitas foram retiradas de suas famílias, pouco se sabe a respeito do verdadeiro paradeiro delas.

Atualmente os Aborígenes correspondem a apenas 1% da população australiana. Alguns vivem em aldeias no deserto, outros moram em bairros periféricos das grandes cidades, normalmente nos subúrbios em condições terríveis. A maioria não consegue emprego formal e recebe auxílio do governo. Alguns conseguem contribuições da população, tocando nas ruas da cidade o didgeridoo, um instrumento de madeira que produz um som forte parecido com o apito de um navio. Muitos outros trabalham como temporários nos ranchos de gado que se apoderaram das suas terras. É comum encontrar pela cidade aborígenes embriagados, e muitas vezes envolvidos em confrontos com a polícia. Muitos deles, sobretudo na parte norte do continente, conseguiram manter a sua terra e por isso ainda caçam e recolhem plantas silvestres.



Contexto Geográfico Localização dos nativos Aborígene: Austrália Clima: tropical significativamente influenciado pelas correntes oceânicas do Oceano Índico e do El Niño. No norte do país, grande parte tem chuva no verão tropical. Uma pequena parte da Austrália está em zona de deserto ou semiáridas. O sudoeste da Austrália Ocidental tem um clima mediterrâneo. Parte considerável do Sudeste (incluindo Tasmânia) é temperado. Os aborígenes têm segmentos e cada um vive e trabalha em determinado local. Os mudbara, por exemplo, trabalham nas reservas do governo na região ocidental do deserto. Já os pitjantjara trabalham nas reservas governamentais na região central. Os pintubi vivem em reservas e trabalham para proprietários brancos na criação de gado. Os ualpari vivem no centro do país; trabalham para o governo ou para criadores de gado. Os uarramunga também abandonaram o nomadismo para fazerem trabalhos remunerados No centro do país, vivem cerca de mil e quinhentos ualpiri; uns mantêm tradições milenares, outros trabalham em granjas.



Contexto Cultural Modo de viver Os não têm uma habitação fixa, ou seja são nômades. Normalmente fazem refúgios simples e temporários. A população de se concentra no deserto ficam próximo aos rios. Nas noites mais geladas eles fazem fogo para se esquentar. O trabalho de conseguir comida é dividido entre homens e mulheres. Elas coletam vegetais, mel, pegam crustáceos e até alguns animais pequenos. Já eles são caçadores de animais de grande porte, como os cangurus. Usavam flechas, lanchas, bumerangues para caçar. Os casamentos são feitos entre primos de segundo grau. Aborígenes não são de fazer guerras. Outro ponto importante é que eles cremam a maioria dos cadáveres.


Religião e Arte O cultura aborígene têm a união entre os os elementos da natureza como sol, chuva, ar, plantas. É por meio da artes que eles se comunicam. Eles utilizam o corpo e cascas de árvores para se expressarem e passarem suas crenças. Na sua mitologia o sol é a representação do feminino e a lua do masculino. A explicação para isso é que a mulher é uma figura mais delicada e sem ela não é possível se ter vida. Na música eles se utilizam principalmente de vocais. Têm também o didgeridoo um instrumento musical, que é feito em um tronco oco. Ele é usado para marcar o ritmo das músicas.


Rituais É cultural deles que os homens entre os 15 e 16 anos são convocados para um ritual onde cantam por horas, o motivo disso é tranquilizá-los. Após isso o curandeiro da tribo, faz um corte no prepúcio ( sem anestesia) eles não demonstram dor, pois se fizerem é considerado um sinal de vergonha. Uma semana passada uma nova cirurgia é feita, próximo dos testículos. O objetivo disso é que eles não engravidem as mulheres.



Iconografia: pessoas Atualmente, os Aborígenes correspondem a 1% da população australiana. ALguns vivem nas aldeias no deserto e em bairros periféricos das grandes cidades. A maioria deles não consegue emprego devido a grande discriminação. Porém, o governo australiano está desenvolvendo políticas compensatórias, para poder integrar os Aborígenes à sociedade, devido a isso, foi criada uma lei antidiscriminação e políticas para manter as tribos que restam, preservando a sua história.



Iconografia: arquitetura Artes, design e arquitetura se misturam com o novo e o antigo. Construções tipicamente europeias que interagem com a arquitetura ousada e moderna da Austrália. Toda a arquitetura que rodeia a Austrália chama a atenção de quem a visita. Um desses exemplos, é a Ópera House, a oitava maravilha do mundo com um design arro-

jado e ousado. Sua volumetria diferenciada com diversas coberturas, causando um movimento para quem vê, atrai diversos turistas do mundo inteiro sendo um marco para o país. Sua forma lembra também, um pouco do boomerang que é um dos símbolos australianos.


A arquitetura australiana, possui uma mistura de o novo com o antigo em todo o país, refletindo um pouco da riqueza com as ornamentações em casas antigas e em arranha céus representado o novo, com o desenvolvimento da engenharia os arranha céus e os edifícios com novas tecnologias de construção foram se desenvolvendo e

criando uma complexidade maior. Com a junção do novo com o antigo, não tem uma caracterização de uma arquitetura predominante, porém algumas partes das cidades possuem áreas com edifícios com estilos mais antigos e outras com edifícios mais novos.


Iconografia: tipografia e estética Os artistas aborígenes pintam os seus sonhos (mas não a ideia Junguiana de sonhar e sua associação do inconsciente). Para eles pintarem o seu “Sonhar” (traduzindo da palavra “Dreaming”, em inglês) implica recontar histórias que são atemporais a fim de mantê-las vivas e repassá-las a futuras gerações. Não se trata de algo religioso, tem a ver com a sua sobrevivência. Essas pinturas contêm informações vitais, como, por exemplo, onde encontrar água “viva” permanente. Manter o “Sonhar” vivo é a motivação fundamental para a prática da arte dos artistas indígenas da Austrália.

A estética desenvolvida pelos artistas lembra o minimalismo e o expressionismo. No entanto, as obras criadas pelos artistas trazem uma linguagem visual única e de verdades eternas – lembrando que os artistas indígenas da Austrália, na sua grande maioria, não tiveram contato algum com a arte europeia. “A arte não é uma invenção dos europeus. Toda cultura tem a sua própria e singular forma de expressão: seja na música, na dança ou na pintura. Não existe diferença entre uma obra de arte criada no deserto e na cidade. Elas devem ser apreciadas e reconhecidas da mesma forma. Esta exposição vem descortinar tais pré-conceitos, reconhecendo as obras criadas pelos artistas indígenas de todo o mundo”, afirma o curador Clay Paula.



A paisagem presente na arte produzida na região de Kimberly, por exemplo, revela uma terra de grandes contrastes, cheia de rios e cachoeiras. Arnhem Land (Terra de Arnhem) é a região das bark paintings. Em Tiwi Island (Ilhas Tiwi) as obras trazem elementos de design geométrico relacionados a lugares sagrados ou a mudança das estações. Nas obras da região de Balgo, os visitantes poderão observar a presença de cores intensas, muitos tons de verde, roxo e cores brilhantes. Estes trabalhos são denominados “arte do isolamento” por serem produzidos dentro do deserto ocidental da Austrália, área muito isolada dos centros urbanos. Já a arte produzida por aborígenes que vivem nos centros urbanos trazem questões ligadas às mazelas da colonização e à discriminação ainda sofrida por eles.

As diferenças da arte produzida em cada região passam também pelas técnicas utilizadas. A antropóloga e consultora da exposição Ilana Goldstein aponta algumas dessas diferenças: ” materiais que são comumente usados no Deserto Central da Austrália como tinta acrílica, tela e pincéis industrializados não são utilizados pelos artistas da região de Arnhem Land, no norte tropical da Austrália. Os artistas dessa região preferem usar camadas do tronco do eucalipto nativo, tintas feitas de minerais do solo, pincéis de fios de cabelo e gravetos.”.



As bark paintings são importantes tipos de arte aborígene, comuns em Arnhem Land, no norte tropical. Foram as primeiras obras aborígenes a conquistar a atenção do público no mundo. Trata-se de pintura sobre entrecasca de eucalipto, conhecida desde o início do século XX e feita com pigmentos naturais, nos tons ocre, branco, vermelho e preto. Suas pinturas carregam complexas simbologias, associadas aos clãs e aos ancestrais. Em geral, as bark paintings são figurativas e funcionam como verdadeiras narrativas visuais que contam passagens míticas. Os pincéis utilizados em algumas delas são feitos com cabelos humanos. Além disso, usam-se pigmentos naturais, com materiais orgânicos. O curador Clay D`Paula enfatiza que as bark paintings são as formas de expressão artística mais antigas do mundo, e, provavelmente, podem ser datadas do mesmo período das pinturas rupestres, feitas há 40 mil anos. “No entanto, essa forma de arte pode ser tão contemporânea como qualquer outra, e muito aberta à inovação” destaca.


A arte aborígene é a mais antiga tradição artística contínua do mundo. Antes, tais expressões artísticas eram tratadas como mero ofício dos povos aborígenes, fruto do ato de fazer peças e símbolos que os ajudavam na lida do dia a dia. A partir de 1950, porém, o fazer aborígene começou a ser tratado como arte. Tal história apresenta várias fases que se sobrepõem, e têm fronteiras indefinidas. A década de 1970 marca o reconhecimento da arte aborígene, que passa da condição de atividade etnográfica à de artes plásticas vivas, com a abertura de dezenas de cooperativas em comunidades indígenas. Uma das razões da inserção da arte aborígene no mercado internacional das artes foi a iniciativa do Governo Australiano que criou o Aboriginal Arts Board, em 1973. Composto por representantes indígenas, o órgão comprou, regularmen-

te, durante 20 anos, obras para coleções públicas, algumas das quais doadas para embaixadas e museus ao redor do mundo ou inseridas em exposições nacionais e internacionais. Trata-se de um processo que levou décadas, e só foi possível devido ao engajamento de uma série de pessoas e instituições e em razão da criação de políticas públicas voltadas ao fomento da produção artística indígena. Hoje, a arte aborígene da Austrália movimenta cerca de 200 milhões de dólares por ano. Estima-se que haja mais de 7 mil artistas aborígenes no país – e que 50% dos artistas australianos tenham descendência indígena. Atualmente, os povos aborígenes fazem as peças com o intuito de produzir arte. Trata-se de peças, pinturas e cerâmicas inspiradas nas tradições indígenas, mas já com o intuito de ser arte e não apenas utensílio ou registro.


Artistas Um dos artistas de maior projeção internacional, Rover Thomas (1926-1998), com suas paisagens de cor ocre, mudaram a percepção paisagística australiana. Thomas também foi responsável por um novo ritual nas cerimônias do povo Gija, que consiste em inserir tábuas pintadas no rito já tradicional, inspirado pelo sonho que teve com uma parente falecida, no qual ela o ensinou o novo ritual.



Queenie McKenzie (1930-1998) foi a responsรกvel por comeรงar a pintar as tรกbuas cerimoniais.



Outra artista de destaque é Emily Kame Kngwarreye (1910-1996), considerada, pela crítica, uma das maiores pintoras expressionistas do século XX. Emily começou a pintar aos 79 anos e se tornou a artista mais querida da Austrália. Ela representou

o país na Bienal de Veneza e em outros eventos de arte internacional. Suas obras, que parecem abstratas, trazem elementos como nuvens, água, vegetação e flores do deserto, que compõem narrativas e histórias herdadas de seus ancestrais.



Sobrinha de Emily Kame, Kathleen Patyarre (1934) realizou pinturas que retratam mapas mentais das regiões onde caminhou com seus pais na infância. A artista é recordista em convites para exposições.



Lily Nungarayi Hargraves (1930) é uma anciã de sua tribo Lajamanu. Ela é responsável pela cerimônia de iniciação feminina, chamada “O Sonhar das Mulheres”, e já pintou diversas telas relacionadas a este ritual, inclusive a que está presente na exposição. Suas obras já foram expostas na França e Estados Unidos.



Um exemplo da importância da arte aborígene para o mercado das artes, vem do artista Clifford Possum Tjapaltjarrl (1933-2002) da etnia Anmatyerre, que vive no deserto australiano. Ele teve uma tela leiloada por 2,4 milhões de dólares, em 2007, na Southeby’s, arrematada pela National Gallery of Australia. Trata-se de tela produzida em 1977, que condensa diversos fragmentos míticos. Clifford já teve uma obra apresentada no Brasil, durante a Bienal de São Paulo de 1983.



ReferĂŞncias


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