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Botânico do mês
GRAPEFRUIT
por Patrícia Dijigov - @escoladebotanica | Escola de Botânica
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O grapefruit (Citrus × paradisi) ou toranja é um citrino híbrido, resultado do cruzamento do pomelo indonésio (Citrus maxima) com a laranja-doce jamaicana (Citrus × sinensis - também um híbrido, de origem asiática) e se caracteriza pela cor rosa ou avermelhada de sua polpa. Pertence à família Rutaceae, que abrange os cítricos.
A árvore do grapefruit ou toranjeira apresenta porte médio, com altura variando entre 4 e 6 metros e podendo chegar até 15 metros. Suas folhas são longas e de coloração verde-escura. As grandes flores brancas medem 5 centímetros e lembram muito as flores da laranjeira. O modo como os frutos se formam na árvore, lembrando cachos de uva (grape, em Inglês) originaram o nome grapefruit.
O fruto possui casca de cor amarela ou alaranjada e formato esférico-achatado, medindo entre 10 e 15 centímetros de diâmetro. A polpa é segmentada e de sabor peculiar que une o ácido, o azedo e o doce, apresentando cor intensa entre vermelho e rosa, que pode variar dependendo do cultivo e apresentar diferentes nuances de cor e sabor.
O grapefruit foi originado em Barbados: histórias contam que um certo Capitão Shaddock da Jamaica levou sementes de pomelo para Barbados, criando então o grapefruit. Porém, acredita-se que o grapefruit tenha se originado por cruzamento natural entre o pomelo e a laranja-doce.
A existência de uma fruta híbrida chamada de “fruta proibida” em Barbados foi documentada pela primeira vez em 1750 pelo naturalista galês Gri th Hughes (1707–1758), que descreveu espécimes da região em seu livro The Natural History of Barbados. Hoje acredita-se tratar de uma planta distinta do grapefruit, ainda que intimamente relacionado a ele.
Em 1814, o termo grapefruit foi utilizado pelo naturalista John Lunan para descrever uma planta cítrica jamaicana de aspecto semelhante à uva (Vitis vinifera). Nesta ocasião, os termos "fruta proibida" e toranja passaram a ser utilizados como sinônimos por diversos autores do período.
O nome Citrus paradisi foi utilizado pelo botânico James Macfadyen para nomear a versão jamaicana da planta, em 1830.
Macfadyen identificou uma variedade chamada de fruta proibida e a outra chamada Barbadoes Grape Fruit. Somente em 1940 que as origens do grapefruit foram determinadas, levando à alteração de seu nome botânico para Citrus × paradisi (onde o × identifica a origem híbrida).
Após sua popularização no Caribe, a partir de 1800 o grapefruit chegou nos Estados Unidos, que passou a ser um de seus maiores produtores, ao lado de China, Vietnã, Tailândia, África do Sul e México. No Brasil seu cultivo é restrito, sendo a Argentina o país que mais produz e exporta grapefruit na América Latina. A planta deve ser cultivada em clima tropical e não tolera temperaturas mais baixas.
O grapefruit é consumido geralmente in natura, na forma de doces e geleias e também ingrediente de licores e xaropes. Na Costa Rica é cozido e utilizado para tratar azias.
Rico em vitamina C, possui ainda as vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B5 e B6), A, K e E, o que o torna popular no tratamento de gripes, resfriados e para o fortalecimento da imunidade. Entretanto seu consumo vinculado a determinados medicamentos pode ser perigoso, pois apresenta habilidade enzimática vinculativa, interferindo na biodisponibilidade de diversas substâncias, o que pode levar a intoxicação.
Devido suculência da sua polpa, o grapefruit é muito confundido no Brasil com a laranja-da-baia (ou laranja-Bahia), um cultivar originário do Estado da Bahia e de sabor adocicado.
Embora não seja muito popular no consumo pelos brasileiros, em função da intensidade de acidez e amargor, é na coquetelaria e mixologia que o grapefruit conquista novos fãs a cada dia, com seu potencial para inovar receitas clássicas, realçar o sabor de destilados e aromatizar tônicas.