Revista Ponto de Escambo #1
REVISTA PONTO DE ESCAMBO
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Edição e Design Rafael de França Produção e Curadoria Marcos Poubel
Equipe
Comunicação Isadora Ribeiro Equipe Paloma Dantas Tharcilla Seidel Mateus França Rodrigo Silva Carlos Sousa Uma Realização
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Apoio
Contato: culturalescambo@gmail.com
A revista Ponto de Escambo é um meio onde o acesso à cultura é dividido, compartilhado e acessível a todos. Ela vem para agregar ao meio offline a possibilidade de se conhecer o que talvez a população ainda não conheça, de se aperfeiçoar o que já se sabe e de promover, caso haja interesse, produzir e disseminar cultura como nós.
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Editorial
É uma fonte crítica de saber onde nossos colunistas exibem suas mais diversas opiniões sobre assuntos relevantes ao espaço cultural para os profissionais da área, comunidade e para aqueles que nada tem a ver, exceto pelo fato de que são simplesmente amantes da cultura. Para quem quer dar o pontapé inicial cujo produto de negócio é o mesmo que o nosso, tão concreto ao mesmo tempo tão impalpável, a Ponto de Escambo é uma grande oportunidade para se fazer ser visto e aprender a lidar com essas pequenas questões. Um espaço para se aprender a ver e aprender vendo. A revista Ponto de Escambo será uma grande ferramenta de inserção de artistas locais no mercado. É uma possibilidade de profissionalização e realização de sonhos de pessoas da própria comunidade, que passam então a ser respeitadas enquanto artistas. Além disso, o projeto cria oportunidades de novos trabalhos e perspectiva de futuro para esses jovens.
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Sumรกrio
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Por Lucas Ferreira*
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uem faz e produz arte sabe da dificuldade que é ter acesso às mídias. A Web Rádio Petroleira, mantida pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), acredita e investe nos novos valores. O Programa Cultura Já, apresentado por este articulista e por Marcos Poubel, é mais uma iniciativa aberta aos artistas de todas as áreas. Existe uma grande contradição no Brasil que precisa ser enfrentada e superada. A grande mídia impõe um padrão comercial e repetitivo enquanto, sobretudo nas periferias dos grandes centros, não param de surgir manifestações artísticas ricas e originais. É para esses artistas que o Programa Cultura Já abre os seus microfones. Desde novembro, quando foi gravado o programa piloto, já são mais de 20 entrevistados. Quero destacar a participação da militante e jornalista Fatima Lacerda que participou da homenagem que fizemos à médica Maria Augusta Tibiriçá Miranda, falecida recentemente, aos 97 anos de idade. Ela foi uma das articuladoras da campanha O Petróleo é Nosso, nas décadas de 1940-50, o maior movimento cívico da história do Brasil que resultou na
criação da Petrobrás. Ajude a superar a ditadura midiática, prestigiando as iniciativas que dão voz aqueles que destoam e escapam da vala comum. É tão inacreditável o silêncio da chamada “mídia grande” em relação aos verdadeiros anseios do povo que, na semana do índio, cerca de 1.500 representantes de 200 etnias do país marcharam do Rio Grande do Sul, Acre, Pará, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e de vários outros cantos do país até Brasília. Lá permaneceram vários dias acampados. Houve conflito com policiais. Os índios ocuparam o plenário da Câmara e se sentaram nas cadeiras dos deputados, reivindicando a demarcação de suas terras, contra a PEC 215.
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Programa Cultura Já, na Web Rádio Petroleira, espaço aberto aos novos artistas
Nenhuma linha, porém, saiu nos jornais. No entanto, se meia dúzia de fascistas gritarem pela volta da ditadura numa rua de São Paulo, essa notícia é capaz de virar manchete na Globo. A ditadura midiática é a realidade do Brasil hoje. E se reproduz no campo da arte e da cultura. Daí a importância de multiplicarmos nossas vozes dissonantes e prestigiarmos quem tenta furar esse bloqueio.
*Lucas Ferreira é Economista, Apresentador do Programa Cultura Já, Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e Diretor Regional do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)
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“Cultura Já” é transmitido ao vivo às quartas-feiras, de 18h às 18h30. Os programas permanecem na grade, podendo ser acessados a qualquer momento.
Basta acessar www.radiopetroleira.org.br
Os artistas interessados em apresentar seus trabalhos podem procurar o Lucas Ferreira pelo telefone (21) 2508-8878. Ou entrar em contato pelo e-mail contatoculturaja@gmail.com. No facebook nossa página é :www.facebook.com/programaculturaja
Marcos Poubel
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m um bela tarde de domingo, após ter realizado o primeiro Fórum Carioca de Dança, os 4 jovens mais atuantes da Escambo Cultural, decidiram dar início a um projeto ousado. Mesmo sem nenhum apoio ou patrocínio iniciaram o Projeto Amor Por Toda Vida. Com cinco ações previstas, o projeto parecia grandioso demais para ser realizado por pessoas com pouca experiência em algumas áreas fundamentais para sua realização.
O objetivo da série pode ser medido na medida em que na estreia do espetáculo, em novembro de 2014, na área dicró, a maioria dos presentes (aproximadamente 100 pessoas) estavam assistindo a um espetáculo de dança contemporânea pela primeira vez. O espetáculo foi batizado “PALAVRAS” em homenagem a música “Palavras” de Marcos Poubel que está na trilha sonora. Com a direção Geral de Marcela Brasil, o buscou-se estimular o processo criativo das foto por Carolina Pereira
Artes integradas, dentro dessa área se insere o Projeto Amor Por Toda Vida. Tendo a Dança contemporânea e o audiovisual como carros chefes, em seus primeiros seis meses de existência a equipe conseguiu produzir uma web série e estrear um espetáculo de dança. A web série, apesar de apresentar problemas que em sua grande parte foram resolvidos, chamou a atenção de críticos e teve boa aceitação do público. Ela conseguiu atingir seus objetivos que é aproximar o público leigo à dança contemporânea, facilitando a compreensão desta linguagem artística. A série mostrou todo o processo de criação
de uma espetáculo de dança contemporânea, desde a sua concepção até a apresentação final.
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Amor por toda vida...
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intérpretes envolvidas no projeto de forma que todas pudessem contribuir para a construção coreográfica do espetáculo. As intérpretes-criadoras que compuseram a equipe cênica foram Danielle Vianna, Luana Riboura, Gábis, Raquel Santorsula, Beatriz Inácio e Marcela Brasil, que coordena o processo de criação coreográfica.
técnica, além da diretora geral Marcela Brasil, tivemos Marcos Poubel atuando como produtor, Rafael de França atuando como cenógrafo e chefe de edição da web série e Paulo Ornellas atuando como iluminador. A figurinista Héida Serimarco entrou no final do processo junto com costureira e assistente de figurino Carla Ivantes.
Os jovens que idealizaram o projeto se inseriram na equipe
Apesar das tarefas bem definidas, na prática todos exerciam
Este ano a equipe se modificou. Na técnica, Paloma Dantas entrou como assistente de produção. A interprete Raquel Santorsula não continuou no projeto e outras 4 novas interpretes entraram: Nathália Santana, Yasmin melo, Daniele Noronha e Izabel Guimarães.
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tre, tendo sido apresentado no Teatro Cacilda Becker na 5ª Semana do Dia Internacional da Dança no dia 01/05, no Parque das Ruínas no dia 03/05 e na Arena Jovelina Pérola Negra no dia 07/06.
Enquanto o Espaço Escambo não entra em reforma para receber projetos culturais e abrigar os ensaios desta iniciativa, o projeto sobrevive de parcerias, estando este ano na Ilha do Governador, na Escola de Dança João Ricardo.
mais de uma função, atuando de forma colaborativa para resolver as demandas. Apesar de poucos recursos para execução do projeto, os fundamentais apoios d Escola de Dança Marcelo Estrella, a Alfaroma Perfumes e o Sindipetro-RJ garantiram a manutenção do projeto. Em 2015 o projeto continua, ainda sem um grande patrocinador. O espetáculo Palavras circulou pela cidade no primeiro semes-
foto por Carolina Pereira
foto por Rafael de França
Apesar de continuar no projeto, o grupo de dança está em processo de se tornar Companhia, intitulada Portus Cia de Dança. O projeto amor Por Toda Vida promete agitar a cena, com o lançamento de seus vídeos dança e da segunda temporada da web série.
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MAPEAMENTO DA DANÇA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL
Indivíduos, grupos e instituições de dança estarão sendo mapeados e pesquisados em oito capitais brasileiras, de 11 de maio a 11 de agosto.
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Iniciada no final de 2014 a
pesquisa MAPEAMENTO DA DANÇA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL é uma iniciativa que surgiu no âmbito do Colegiado Setorial de Dança (CNPC/MINC) como uma ação prioritária de diagnóstico da área e cuja primeira etapa se tornou realidade através de assinatura de Termo de Cooperação Técnica entre a UFBA e a FUNARTE/MINC. O Mapeamento é uma pesquisa de diagnóstico que identificará, de 11 de maio a 11 de agosto, através do site (www. e a m e n t o n a c i o n a l d a d a n c a. com.br), agentes da dança
(indivíduos, grupos e instituições) que atuam nas áreas de formação e produção artística. Além de informações cadastrais básicas, serão coletados dados quali-quantitativos desses agentes visando a construção de um panorama da dança que abrangerá aspectos da dimensão social, econômica e artística da área. A primeira etapa do Mapeamento inclui oito capitais do país (Belém, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). A pesquisa está sendo desenvolvida no âmbito do grupo de pesquisa PROCEDA
divulgação e uma publicação digital com um diagnóstico sobre a formação e a produção em dança nas capitais brasileiras, levando em consideração os multifacetados modos de organização, processos e configurações da dança no país. Esses dados serão triangulados com as diretrizes e ações propostas no Plano Nacional da Dança (MINC/ CNPC, 2010). Informações no site www. eamentonacionaldadanca. com.br e/ou pelo email contato@ eamentonacionaldadanca.
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(Processos Corporeográficos e Educacionais em Dança), com coordenação geral da Profa. Dra. Lúcia Matos (PPGDança – UFBA), através de uma rede composta por pesquisadores de nove universidades: UNESPAR Campus Curitiba II, UNESP, UFRJ, UFPE, UFC, UFPA, UFG e UPE. Estão envolvidos 20 pesquisadores, um técnico e 33 alunos de graduação oriundos de nove universidades. A constituição dessa rede nacional assegura uma colaboração acadêmica e um olhar especializado sobre o conhecimento a ser gerado, com a atuação de pesquisadores experientes e outros em processo de formação, bem como uma ação participativa, dada a inserção dos mesmos no campo de estudo a ser investigado.
com.br
Como resultados do MAPEAMENTO DA DANÇA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL será gerado um banco de dados público com informações básicas dos informantes que permitirem a
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Coluna Ponto Escambo Felipe Boaventura Olá, e muito bem vindo produtor de cultura!
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Meu nome é Felipe Boaventura e vamos aqui em nossa coluna na Ponto de Escambo bater um papo, trocar ideias e informações sobre literatura e suas intercessões culturais com o cinema, teatro, cidade, música e outras formas de expressão. Mas não pense que iremos tratar os assuntos com rodeios ou frescuras, pelo contrário, traremos de forma direta e com dicas e orientações, conteúdos direcionados para quem trabalha botando a cara para produzir nas cadeias de produção dos bens culturais e não tem literalmente tempo ou dinheiro para perder.
Pra isso preciso dizer a você que eu também sou produtor cultural. Sou escritor e tenho um livro lançado [link para o livro https://felipeboaventura.wordpress.com/a-cidade-e-um-rim/]. Sou editor de uma publicação no âmbito da Universidade e das Quebradas que trabalha a literatura com quem nunca imaginou escrever [link para a Fala Quebradas! http://issuu.com/ falaquebradas/docs/fala_quebradas_zero_internet], e sou uma editora pequena chamada LETRATERA que está começando no mercado. Além disso, trabalho com web e empreendo na cultura digital, porém oito horas do
meu dia passo em uma empresa que é meu trabalho formal porque não tá fácil para ninguém.
Por tudo isso, vamos aprender e errar juntos – com a vantagem para você que talvez eu erre um pouco antes e escreva sobre isso aqui o que pode ajuda-lo em seus projetos. O próximo projeto editorial da LETRATERA se chama OMOGE. É uma coleção de livros de jovens escritoras negras oriundas das periferias do Rio de Janeiro [link para o site do projeto https://letratera.wordpress. com/selos-literarios/omoge/]. É um projeto ousado porque não é apenas de publicação, mas envolve escolas e outras ações. Nesse momento estamos preparando os dois primeiros livros da coleção, e até a próxima edição da Ponto de Escambo o primeiro livro deverá estar a venda no site. Sobre todo esse processo ainda escrevo aqui na coluna.
Vamos abordar também os cenários alternativos e independentes literários da região metropolitana do Rio de Janeiro. Os saraus que acontecem nas praças, as revistas e jornais feitos por jovens nas favelas, curtas produzidos por coletivos entre outros serão também alvo dessa coluna. Teremos entrevistas com as pessoas que, como nós, são produtores culturais e estão fa-
Quero fazer um grande encontro e Ponto de Escambo aqui e por isso quero pedir sua ajuda nessa empreitada. Deixe seus comentários na revista! Escreva para a coluna! Dê sua sugestão de assunto, sua crítica, sua opinião. Vamos fazer esse espaço um espaço de escambo.
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zendo esses eventos. É claro que, de vez em quando pode aparecer por aqui uma crônica, um conto, ou uma reflexão.
Até Setembro.
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SEMANA DO DIA INTERNACIONAL DA DANÇA, até onde vale a pena o debate?
A Semana do dia Internacional da Dança que aconteceu no Teatro Cacilda Becker de 29 de abril a 3 de maio na cidade do Rio de Janeiro, foi a edição que mais promoveu o pensar dança priorizando a discussão de temas pertinentes ao seu mercado. As mesas formadas por profissionais com vasta experiência em suas áreas de atuação na dança, deram um panorama geral sobre as questões que mais inquietam o meio profissional da dança no Rio de Janeiro. A 5ª edição contou também com apresentações especiais de duas Companhias jovens de dança que começam a pisar nos palcos cariocas, Portus Cia
de Dança da Bailarina, Professora e Coreógrafa Marcela Brasil e do compositor Marcos Poubel, apresentando o espetáculo “Palavras” e Cia Raiz Dança Afro Brasileira, que prestou uma linda homenagem a Mestra Mercedes Baptista. A Cia acabou sendo abençoada pela presença do Mestre Manoel Dionísio discípulo de Mercedes Baptista, a presença do Mestre emocionou a Cia e sua diretora, que teve seu reconhecimento. A Semana do dia Internacional da Dança, também contou com a participação da Professora Nair Ramos e suas bailarinas, Carmen Camara, Cia de Danças Árabes de Luciana Midlej do Espaço
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Mosaico, Sarah Najla e suas bailarinas, Mari Gomes, CODA das Professoras Marcela Castilho e Kelly Diane, Petite Danse entre outras grandes participações. É preciso que a classe da dança aproveite essas iniciativas em prol do pensar dança e deem continuidade nas discussões, o que não da é para produtores de dança promoverem iniciativas como estas de promoverem os debates, reunir profissionais para as discussões e depois nada mais acontecer! A Semana do Dia Internacional da Dança, abre as portas para o debate e depois nada acontece, cada um para seu espaço, cada um para seu mundo e ninguém procura para saber o que fazer com todos aqueles questionamentos. No evento teve uma mesa muito interessante que contou com a presença de Beth Oliosi, Cintia Martin e o Deputado Estadual Zaqueu Teixeira Presidente da Comissão de Cultura da Alerj, o parlamentar deixou aberto para que a classe solicitasse uma audiência pública para questionar o papel da Secretaria Estadual de Cultura, e o que fizeram para que isso acontecesse nada, apenas à classe a mesma que fala mal do político também não faz nada! Assim não como avançar com o acesso de todas as questões da dança em nosso Estado! A classe precisa saber o que quer e como quer as coisas. Assim como rever seu papel perante seus próprios questionamentos. A verdade é que a classe da dança pede muito e espera muito do poder público de forma
isolada e assim nunca que vamos melhorar a relação poder publico e a dança! Sem o coletivo nada feito, é preciso acabar com a melindragem na dança pelo menos na cabeça dos que se dizem profissionais e amadurecerem para o progresso das novas gerações. É importante registrar que o acesso as mesas para participarem era solicitado um pacote de fralda P,M e G e conseguimos arrecadar um bom numero para doação para o Lar Maria Lourdes, que cuida de pessoas especiais e acamadas! Obrigado pela contribuição de todos!
Por Edézio Paz Jornal da Dança e redervc.com
Fotos da Portus Cia de Dança Crédito: Arquivo JD e a foto da mesa sentido horário Beth Oliosi, Edézio Paz, Cintia Martin e o Deputado Zaqueu Teixeira
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Propaganda
Marcos Poubel
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unca se falou tanto de empreendedorismo cultural. Podemos dizer que este termo está na moda. Em um país com pouco incentivo como o Brasil, as pessoas fazem o que podem para aumentar a sua renda e sobreviver em meio a constantes crises econômicas. Na área da cultura o empreendedorismo se traduz na chamada economia criativa que busca geração de renda através de atividades artísticas e culturais. Apesar dos incentivos do poder público a estes tipos de ações, a maioria dos pequenos grupos não sobrevivem por muito tempo, muita das vezes por falta de recursos no início da trajetória que quase sempre é muito difícil.
artistas se mobilizando para valorização dos artistas que não estão na grade mídia e observamos um início de incentivo a ações culturais espalhadas pela cidade. Esperamos que haja uma política de longo prazo para que as artes sejam valorizadas no brasil e os artistas, como um todo, tenham um reconhecimento pelo seu trabalho.
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Empreendedorismo Cultural
Coloco aqui a questão: quem consegue viver de arte hoje no Brasil? Esta pergunta pode ser complementada por outra: Por que a maioria dos artistas, no Brasil, vivem de outros afazeres e não da arte que produzem? Estas são questões que vem à tona quando pensamos no dito empreendedorismo cultural. Hoje vemos alguns grupos de
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O GRUPO TEATRO DA LAJE
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Em seus primeiros 10 anos de existência, de 2003 a 2013, o Grupo Teatro da Laje inventou, desenvolveu e revelou para a cidade, em uma série de ações públicas, uma forma própria de pensar e fazer teatro, a partir das condições concretas de sua realização, com forte e orgânica conexão com o território onde nasceu e atua. Assumido pelo Conjunto de Favelas da Penha como “seu grupo”,
o grupo Teatro da Laje tem assim uma identificação fortemente atrelada a essa territorialização específica. Foi especialmente a partir de encontros afetivos entre os moradores do território e suas performances artísticas produzidas que o Teatro da Laje confeccionou as dramaturgias e encenações de seus espetáculos. Isto é, apenas o diálogo direto com o território e a intervenção no mesmo propiciaram a criação dos espetáculos.
parte do processo e disparador de outros processos, sempre em diálogo com uma espécie de sede pública – que, nesse caso, é materializada pelas ruas, becos, vielas e casas dos territórios populares por onde o grupo circula e intervém com os materiais em processo de produção e finalizados. A força dessa experiência pro-
vocou uma nova ampliação do espaço de atuação do grupo, marcada pela conquista de prêmios como o Cultura Viva, concedido pelo Ministério da Cultura, e dos Microprojetos Pata os Territórios da Paz, do MinC
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Performances e intervenções no espaço público, com vistas a consultas à população e coleta de materiais para a elaboração de seus trabalhos e apresentações públicas de resultados parciais para apreciação de plateia formada por moradores, tendo como objetivo a incorporação dessa “opinião pública” no processo, são partes centrais nos processos de elaboração, produção e pesquisa desse grupo. Assim, considero que o grupo Teatro da Laje redefiniu a relação entre teatro e território e também entre produto e processo, de modo a pensar o produto não como um fim em si, mas como
em parceria com o Ministério da Justiça – a primeira ampliação ocorreu quando a fecundidade dos experimentos ocorridos durante as aulas de Artes Cênicas, numa escola pública localizada dentro da comunidade, forçou uma expansão daqueles experimentos para além dos limites daquela instituição, fazendo nascer o Grupo Teatro da Laje. Agora a ampliação abrangia o espa-
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ço da cidade, gerando impacto sobre a mesma. Rompia-se a dicotomia centro x periferia e esse termo – periferia – já não era suficiente para definir o grupo de teatro da Vila Cruzeiro, que ia despontando, pouco a pouco,
da sociedade civil, o Observatório de Favelas, gestora da Arena Carioca Dicró, e o projeto de residência artística naquele equipamento, viabilizado com recursos do Programa de Fomento à Cultura Carioca.
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como um novo centro de investigação e produção teatral. Estabelecia-se, porém, um paradoxo: após uma bem sucedida temporada do espetáculo A viagem da Vila Cruzeiro à Canaã de Ipanema numa página do Facebook, no Teatro Maria Clara Machado, iniciava-se um terceiro ciclo de ampliação na vida do grupo, novos horizontes se abriam e cresciam, por toda a cidade, as expectativas e curiosidades acerca daquela experiência genuína desenvolvida na Vila Cruzeiro sem que o grupo tivesse estrutura e fôlego para responder a novos desafios. A saída para o impasse veio com o estabelecimento de uma parceria com uma organização
Graças ao processo de incubação proporcionado por esse projeto ao longo dos dois últimos anos, o Grupo Teatro da Laje teve condições de se reciclar, aprimorar seus recursos expressivos, ampliar seu repertório e definir com clareza a natureza e peculiaridade de seu projeto artístico, contribuição única, singular e original que tem a dar para a ecologia cultural da cidade. Teatro dentro do território, intimamente vinculado ao seu cotidiano; não negar a história, as teorias e as conquistas da linguagem teatral ocorridas em outras épocas e lugares, tampouco transpô-las mecanicamente para a realidade do território, sem mediações, mas redescobri-las e reinventá-las dentro dessa realidade, num processo ativo de apropriação: essa foi a contribuição espontânea oferecida à cidade pelo Teatro da Laje.
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Guiadas Urbanas
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Chegou a vez do subĂşrbio e seus arredores!
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Guiadas Urbanas utiliza o turismo como instrumento de promoção de áreas periféricas consideradas sem história e sem cultura. Mas não é isso que constatamos ao mergulhar nos seus roteiros. O trio faz passeios turísticos pelo subúrbio e pela favela, privilegiando a história e a vocação local e promovendo turismo e cultura em áreas jamais imaginadas como atrativas. O trio também realiza rodas de cultura popular sempre após o passeio, fomentando assim áreas carentes de atividades culturais. Muito além de promover turismo e cultura, “Guiadas Urbanas” promove consciência de patrimônio e pertencimento em áreas onde as pessoas desconhecem o valor e a história do local onde vivem. Com isso, os moradores passaram a criar raízes com os bairros, estimulando, assim, o sentimento de pertencimento e valorização do espaço urbano. O lema é ocupar os espaços públicos de forma consciente e sustentável no que diz respeito à memória da história local. Guiadas Urbanas é formado por dois guias de turismo certificados pelo Ministério do Turismo e especializados em turismo cultural e suburbano. Uma suburbana, Karolynne Duarte e um favelado, Vilson Luiz. Eles não param por aí, ela que também é arquiteta e urbanista e ele administrador enriquecido de pós-graduações nas áreas de engenharia de produção e gestão estratégica, hoje, juntos fazem uma pós em desenvolvi-
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mento de negócios sociais e inclusivos junto do pequeno Zyon, fruto do relacionamento dos dois que nasceu há poucos meses. Também desenvolveram juntos um novo mercado e uma nova segmentação, respectivamente,
turismo não somente para turistas, mas também para os moradores que desejam revisitar sua cidade sob um novo olhar, e o turismo suburbano. Apresentam um Rio de Janeiro muito além do apresentado nos cartões-postais e na mídia, mostram a essência da nossa cidade: o carioca, e locais imbuídos de história que somente “os mais velhos” e poucos livros podem contar. “Ignora-se que o subúrbio e as favelas cariocas têm nome, identidade, história, comércio, arte, diversidade, cultura, resistência e muita superação.” Desabafa Karol. Deste sentimento de segregação e de experiências bem sucedidas, Karolynne Duarte e Vilson Luiz, congregaram ideias e ações em um projeto referencial e pioneiro que otimiza o turismo carioca. O Turismo Suburbano da Guiadas Urbanas cria roteiros incríveis por lugares ainda não reconhecidos ou valorizados, e que até mesmo muitos cariocas não conhecem.
“A gente tem muito cuidado em preservar a história e sustentabilizar essa memória, através da promoção das raízes e identidade de cada lugar.” – diz Vilson Luiz. O Brasil vai contando uma história de verdade. Ignorada por alguns e vivida por muitos outros. Descobrir o Brasil de verdade é descobrir a identidade oculta na história de cada brasileiro. Quem deseja saber um pouco mais sobre os produtos do Guiadas Urbanas ou até mesmo um roteiro especifico deve entrar em contato com os guias pelo e-mail guiadasurbanas@ gmail.com ou pelos telefones 21 3902.1792, 21 99305.5195 ou 21 97108.1010. E os interessados no Free Tour devem acompanhar a agenda pela página www.fb.com/guiadas
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Escambo de Música Este espaço é destinado para divulgação de bandas do cenário alternativo do Rio. Uma delas já está na estrada desde de 2002 se chama El Efecto. Essa banda carioca produz um som original que mistura funk, rock, axé, forró e muito mais, além de possuir uma instrumentalidade aguçada se ultilizando de vários instrumentos ao mesmo tempo. Aconselho os leitores a ouvirem, todos os CDs estão disponíveis on-line no site da banda: www.elefecto.com.br
Pedras e sonhos El Efecto
Bota a cara lá fora e me conta o que o teu olho escolhe ver Olha pra dentro agora e lembra do que convém esquecer
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Corre porque aí vem ela Quem? Quem tem medo dela? (a ver-da-de) Vem pra te lembrar Tranca a porta e a janela. Quem? Quem se esconde dela? (a ver-da-de) No meio do caminho apareceu No meio do caminho apareceu No meio do caminho No meio do caminho pareceu ser O caminho
uma pedra uma pedra uma pedra (2x) uma pedra
Sai da tua gaiola. Me diz agora o que você vê Sente na pele e chora. Tarde demais pra esquecer. Corre porque aí vem ela Quem? Quem tem medo dela? (li-ber-
-da-de) Vem pra te lembrar Tranca a porta e a janela. Quem? Quem se esconde dela? (li-ber-da-de) Pedras são sonhos na mão Voam na imensidão Ideias que ganham vida e criam asas Voam na imensidão Meus sonhos, minha canção Pedras e sonhos são nossas únicas armas Pedras são sonhos na mão Flores que brotam, brotam do chão Se as pedras não voam os sonhos são em vão Em tempos de escuridão O sol se põe, se põe... Mas se um dias as pedras cantam... Se um dia as pedras cantam... Se cantam as pedras os sonhos dançarão.
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