3 minute read

Atman e não-Atman

Atman e não-Atman

Explicarei agora o discernimento entre o Atman e o não-Atman. Ouve-me, pois. Ouve atentamente e depois compreende a respectiva verdade em tua própria alma.

Advertisement

O que o vidente chama de corpo material compõe-se destas substâncias: tutano, osso, gordura, carne, sangue, pele e epiderme. Esse corpo consiste em pernas, coxas, peito, braços, pés, costas, cabeça e outras partes. Sabe-se que ele é a raiz da ilusão do "eu" e do "meu".

Os elementos sutis são o éter, o ar, o fogo, a água e a terra. Reunidas, as partes desses elementos formam o corpo material.

Audição, tato, visão, paladar e olfato - estas cinco essências dos elementos são tudo o que experimentamos. Elas existem para serem experimentadas pelo indivíduo.

Os seres iludidos que estão atados aos objetos que experimentam pela forte corda do desejo, tão difícil de romper, permanecem sujeitos ao nascimento e à morte. São impelidos de lá para cá pelo seu próprio karma, essa lei implacável.

O cervo, o elefante, a mariposa, o peixe a abelha - cada um desses animais caminha para a morte sob o fascínio de apenas um dos cinco sentidos. Qual não há de ser, então, o destino que aguarda o homem subjugado pelo fascínio dos cinco sentidos?

Os objetos percebidos pelos sentidos são ainda mais fortes em seus efeitos maléficos do que o veneno da cobra. O veneno só mata quando é introduzido no corpo, mas esses objetos nos destroem pelo simples fato de serem vistos com os olhos.

Só aquele que se libertou da terrível armadilha do anseio de prazeres sensoriais, aos quais é tão difícil renunciar, está apto à libertação - e ninguém mais, ainda que seja versado nos seis sistemas de filosofia.

Aqueles que dizem buscar a libertação mas não possuem o verdadeiro espírito de renúncia tentam, ainda assim, atravessar o oceano deste mundo. O tubarão do desejo apanha-os pela garganta, desvia-os violentamente de sua rota e eles se afogam a meio caminho.

Aquele que matou o tubarão do desejo sensorial com a espada da verdadeira impassibilidade atravessa o oceano deste mundo sem deparar com nenhum obstáculo.

Saiba que o homem iludido, que caminha pela terrível senda do desejo sensorial, aproxima-se a cada passo de sua ruína. E saiba também que é verdade - que aquele que trilha o caminho indicado pelo seu mestre - seu amigo mais leal - e pelo seu próprio discernimento colhe o fruto supremo do conhecimento de Brahman.

Se almejas realmente a libertação, mantém os objetos do gozo sensorial à distância, como um veneno, e continua bebendo com deleite, como um néctar, as virtudes do contentamento, da compaixão, do perdão, da sinceridade, da serenidade e do autocontrole.

O homem deve estar continuamente empenhado em libertar-se da servidão da ignorância, que não tem começo. Aquele que negligencia esse dever e está apaixonadamente empenhado em alimentar os desejos do corpo comete um suicídio. Porque o corpo é apenas um veículo de experiência para o espírito humano.

Aquele que procura encontrar o Atman alimentando os desejos do corpo está tentando atravessar um rio agarrado a um crocodilo, confundindo-o com uma tábua.

O apego ao corpo, aos objetos e às pessoas é fatal para aquele que busca a libertação. Quem superou completamente o apego está pronto para alcançar o estado de libertação.

Mata esse implacável apego ao corpo, à esposa, aos filhos e aos outros. Os videntes que o superaram adentram a suprema morada de Vishnu, aquele que a tudo impregna.

Esse corpo que é feito de pele, carne, sangue, artérias, veias, gordura, tutano e osso está cheio de matéria residual e de imundície, e merece o nosso desprezo.

This article is from: