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Maya

As condições de cegueira, fraqueza e visão aguçada pertencem aos olhos e são causadas pelas suas qualidades e defeitos. Do mesmo modo, a surdez e a mudez são condições dos ouvidos e da língua - mas não do Atman, o conhecedor.

A inalação, a exalação, o bocejo, o espirro, a descarga de saliva e o abandono do corpo por ocasião da morte são considerados, por aqueles que sabem, como as várias funções da força vital. A fome e a sede são também funções da força vital.

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O órgão mental identifica-se com os órgãos da percepção e da ação, assim como com o corpo físico. Desse modo, surge o sentimento de individualidade, que leva o homem a viver e a agir. Sua consciência é um reflexo da infinita consciência do Atman.

Aquele que acredita que está agindo ou experimentando é reconhecido como o ego, o homem individual. Identificando-se com as gunas, ele passa pelos três estados de consciência - a vigília, o sonho e o sono sem sonhos.

Quando os objetos da experiência são agradáveis, ele é feliz. Quando são desagradáveis, é infeliz. O prazer e a dor são característicos do indivíduo, e não do Atman, que é sempre bem-aventurado.

O objeto da experiência é digno de amor - não por si mesmo, mas porque serve ao Atman. Porém o próprio Atman deve ser amado acima de todas as coisas.

No sono sem sonhos, quando não há nenhum objeto de experiência, sente-se a alegria do Atman. Isso é confirmado pela nossa própria experiência, assim como pelas escrituras, pela tradição e pela lógica.

Maya

Maya, no seu aspecto virtual, é o poder divino de Deus. Não tem começo. Composta por três gunas, é sutil e está além da percepção. É dos efeitos que ela produz que sua existência é inferida pelo sábio. É ela que dá origem a todo o universo.

Não é nem um ser nem um não-ser, nem uma mistura de ambos. Não é nem divisível nem indivisível, nem uma mistura de ambos. Não é nem um todo indivisível nem uma soma de partes, nem uma mistura de ambos. É estranhíssima. Sua natureza é inexplicável.

Assim como a percepção de que uma corda é uma corda destrói a ilusão de ser ela uma cobra, também Maya é destruída pela experiência direta de Brahman - o puro, o livre, o primeiro sem um segundo. Maya é composta pelas gunas - as forças conhecidas como rajas, tamas e sattwa. Essas forças têm características distintas.

Rajas tem o poder de projeção: sua natureza é a atividade. Graças a esse poder, o mundo fenomenal, que está envolvido em Maya, começa a evoluir. O apego, o desejo e outras qualidades semelhantes são causadas por seu poder, assim como a tristeza e outras disposições da mente.

A luxúria, a cólera, a cobiça, a arrogância, o ciúme, o egotismo, a inveja e outros vícios similares são as piores características de rajas. Quando um homem é dominado por ela, fica apegado às ações mundanas. Por isso rajas é a causa da servidão.

Tamas tem o poder de encobrir a verdadeira natureza de um objeto, fazendo-o parecer diferente do que é. É a causa da contínua sujeição do homem à roda de nascimento e morte. Além disso, é ela que torna possível a operação do poder de rajas.

Um homem pode ser inteligente, talentoso e culto. Pode ter a faculdade da auto-análise perspicaz. Mas, se for dominado por tamas, não poderá compreender a verdadeira natureza do Atman, ainda que ela lhe seja claramente explicada de várias maneiras. Ele toma a aparência, que é o produto de sua ignorância, pela realidade - e com isso se apega às ilusões. Infelizmente, esse obscuro poder da terrível tamas é muito grande.

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