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O corpo

A vida do homem neste mundo relativo pode ser comparada a uma árvore. Tamas é a semente. A identificação do Atman com o corpo, o seu crescimento. Os desejos são as folhas. O trabalho é a seiva. O corpo, o tronco. As forças vitais são os galhos. Os órgãos sensoriais, os rebentos. Os objetos dos sentidos, as flores. Os frutos, os sofrimentos causados por várias ações. O homem individual é o pássaro que come os frutos da árvore da vida.

A sujeição do Atman ao não-Atman provém da ignorância. Não tem uma causa externa. Não tendo princípio, perdurará indefinidamente enquanto o homem não alcançar a iluminação. Enquanto o homem permanecer nessa servidão, ela o sujeitará a um longo cortejo de misérias - nascimento, morte, doença, decrepitude e assim por diante.

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Essa servidão não pode ser vencida nem pelas armas, nem pelo vento, nem pelo fogo, nem por milhões de atos. SÓ a espada cortante do conhecimento pode extirpá-la. Esta é forjada pelo discernimento e aguçada pela pureza do coração mediante a graça divina.

O homem deve cumprir com fidelidade e devoção os deveres prescritos pelas escrituras. Isso lhe purifica o coração. O homem de coração puro realiza o supremo Atman. Desse modo, ele destrói sua servidão ao mundo, arrancando-a pela raiz.

Envolto em seus cinco invólucros, a começar pelo corpo físico, que são os produtos de sua própria Maya, o Atman permanece oculto, tal como a água de um lago é recoberta por um véu de espuma.

Quando se remove a espuma, a água pura é vista claramente. Ela sacia a sede do homem, refresca-o imediatamente e torna-o feliz.

Quando se removem todos os cinco invólucros, o puro Atman é revelado como o Deus que habita em nosso íntimo, como infinita e genuína bem-aventurança, como o Ente supremo e auto-iluminado.

O sábio que busca libertar-se da servidão há de discernir entre Atman e não-Atman. SÓ assim ele pode compreender o Atman, que é o Ser Infinito, a Sabedoria Infinita e o Amor Infinito. SÓ assim ele encontra a felicidade.

O Atman habita em nosso íntimo, livre do apego e para além de toda ação. O homem deve separar esse Atman de todo objeto da experiência, tal como uma haste de erva é separada de seu invólucro. Então ele deve dissolver no Atman todas as aparências que constituem o mundo do nome e da forma. Livre é a alma que assim pode permanecer no Atman.

O corpo

Este corpo é um "invólucro físico". O alimento possibilita o seu nascimento; com alimento ele vive; sem alimento, ele morre. Esse corpo consiste em epiderme, pele, carne, sangue, ossos e água. Não pode ser o Atman, o eternamente puro, o que existe por si só.

Ele não existia antes do nascimento e não existirá depois da morte. Existe apenas por um breve lapso de tempo, no intervalo entre ambos. Sua natureza é transitória e sujeita a mudança. Ele é um composto, e não um elemento. Sua vitalidade é um simples reflexo. É um objeto sensorial, que pode ser percebido como um jarro. Como há de ser ele o Atman, o experimentador de todas as experiências?

O corpo consiste em braços, pernas e outros membros. Ele não é o Atman - pois quando um desses membros é amputado, o homem pode continuar vivendo e funcionando por meio de órgãos remanescentes. O corpo é controlado por outrem. Não pode ser o Atman, o controlador.

O Atman observa o corpo, com suas variadas características, ações e estágios de desenvolvimento. Que esse Atman, que é a realidade permanente, tem uma natureza distinta da do corpo é um fato que se evidencia por si mesmo.

O corpo é um feixe de ossos ligados pela carne. É sujo e cheio de imundícies. O corpo nunca pode ser identificado com o Atman, o conhecedor, o que existe por si só. A natureza do Atman é absolutamente distinta da do corpo.

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