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Ilusão

Devido à sua consciência do "eu" e do "meu", ele se identifica constantemente com o corpo e os estados físicos, assim como com os deveres inerentes aos diferentes estágios e ordens da vida. Esse "invólucro do intelecto- brilha com luz intensa devido à sua proximidade do Atman resplandecente. É urna roupagem do Atman, mas o homem se identifica com ele e vagueia ao redor do círculo de nascimento, morte e renascimento devido à sua ilusão.

O Atman, que é pura consciência, é a luz que brilha no santuário do coração, o centro de toda força vital. É imutável, mas torna-se o “ator e o experimentador” quando é erroneamente identificado com o "invólucro do intelecto”.

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O Atman assume as limitações do "invólucro do intelecto" porque é erroneamente identificado com esse invólucro, que dele se distingue por completo. Esse homem, que é o Atman, considera-se separado dele e de Brahman, que é o único Atman de todas as criaturas. Do mesmo modo, o homem ignorante pode considerar um jarro como algo diferente da argila de que este é feito.

Pela sua natureza, o Atman é eternamente imutável e perfeito, mas assume o caráter e a natureza de seus invólucros por ser erroneamente identificado com eles. Embora desprovido de forma, o fogo assumirá a forma do ferro incandescente.

Ilusão

O Discípulo:

Ou por causa da ilusão, ou por alguma outra razão, o Atman parece ser o eu individual. Essa errônea identificação não tem começo; e o que não tem começo também não pode ter fim.

Portanto, esse equívoco sobre a identidade da alma individual deve ser eterno, e sua perambulação através da roda do nascimento, morte e renascimento há de continuar por todo o sempre. Como, pois, pode haver libertação? Mestre, tende a bondade de explicar-me isso.

O Mestre

Tua pergunta é oportuna, ó homem prudente. Ouve-me com atenção. Uma coisa que foi produzida pela ilusão e só existe na tua imaginação jamais poderá ser aceita como um fato.

Pela sua natureza, o Atman é eternamente livre, sem forma e está além de qualquer ação. Sua identidade com os objetos é imaginária, irreal. Dizemos “o céu é azul”, mas o céu tem alguma cor?

O Atman é a testemunha, está além de qualquer atributo, de qualquer ação. Pode ser diretamente percebido como pura consciência e infinita bem-aventurança. Sua aparência de alma individual decorre da ilusão de nosso entendimento e carece de realidade. Por sua própria natureza, essa aparência é irreal. Quando nossa ilusão é removida, ela deixa de existir.

Sua aparência de alma individual só dura enquanto dura a nossa ilusão, uma vez que esse equívoco resulta de uma ilusão do nosso entendimento. Enquanto perdurar a ilusão, a corda parecerá ser uma cobra. Finda a ilusão, a cobra deixa de existir.

É fato que a ignorância e seus efeitos existem desde sempre. Mas a ignorância, embora não tenha tido princípio, chega ao fim com o despontar do conhecimento. Ela é completamente destruída, com suas raízes e tudo o mais, tal como os sonhos, que se desvanecem por inteiro ao acordarmos. Quando uma coisa que antes não existia começa a existir, isso implica que ela era inexistente desde sempre. Mas essa inexistência, embora não tenha tido princípio, cessa assim que tal coisa começa a existir. Fica claro, pois, que a ignorância, embora não tenha tido princípio, não é eterna.

Vemos que um estado anterior de não-existência pode chegar ao fim, muito embora não tenha princípio. O mesmo sucede com a aparência de um eu individual. Essa aparência se deve a uma falsa identificação do Atman com o intelecto e os demais invólucros. O Atman, por sua própria natureza, é essencialmente distinto e separa-do deles. A identificação do Atman com o intelecto, etc., é causada pela ignorância.

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