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Purificação

Só o homem ignorante se identifica com o corpo, que é um composto de pele, carne, gordura, ossos e imundícies. O homem que possui o discernimento espiritual sabe que o Atman, seu verdadeiro ser, a única realidade suprema, é diferente do corpo.

O tolo pensa: "Eu sou o corpo.- O homem inteligente pensa: “Eu sou uma alma individual unida ao corpo." Mas o sábio, na grandeza do seu conhecimento e discernimento espiritual, vê o Atman como a realidade e pensa: "Eu sou o Brahman."

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Ó tolos, parai de identificar-vos com essa massa de pele, carne, gordura, ossos e imundícies. Identificai-vos com Brahman, o Absoluto, o Atman imanente a todos os seres. Só assim podereis atingir a paz suprema.

O homem inteligente pode ser versado no Vedanta e nas leis morais. Mas não tem a mínima possibilidade de libertar-se enquanto não deixar de se identificar com o corpo e os órgãos sensoriais. Essa identificação é produzida pela ilusão.

Nunca vos identificais com a sombra projetada pelo vosso corpo, nem com o seu reflexo, nem com o corpo que vedes num sonho ou em vossa imaginação. Por isso não deveis identificar-vos com esse corpo vivo.

Aqueles que vivem na ignorância identificam o corpo com o Atman. Essa ignorância é a causa e a origem do nascimento, da morte e do renascimento. Por isso deveis empenhar-vos diligentemente para destruí-la. Quando vosso coração estiver livre dessa ignorância, já não haverá nenhuma possibilidade de renascimento. Tereis alcançado a imortalidade.

O invólucro do Atman chamado de "invólucro vital” é composto pela força vital e pelos cinco órgãos da ação. O corpo é chamado "invólucro físico” e começa a existir quando é recoberto pelo invólucro vital. É assim que o corpo se envolve na ação.

Esse invólucro vital não é o Atman - pois que se compõe meramente dos ares vitais. Semelhante ao ar, ele entra e sai do corpo. Não sabe o que é bom ou ruim para si mesmo ou para os outros. É sempre dependente do Atman.

Purificação

A mente, ao lado dos órgãos da percepção, forma o "invólucro mental". É ela que produz a consciência do “eu” e do "meu". É ela, também, que nos permite discernir os objetos. É dotada do poder e da faculdade de diferenciar os objetos nomeando-os. É manifesta, envolvendo o "invólucro vital".

O invólucro mental pode ser comparado ao fogo sacrificial. É alimentado pelo combustível de muitos desejos. Os cinco órgãos da percepção atuam como sacerdotes. Os objetos do desejo se derramam sobre ele como um fluxo continuo de oblações. É assim que este universo fenomenal começa a existir.

A ignorância não está em parte alguma a não ser na mente. A mente está repleta de ignorância, e esta produz a servidão do nascimento e da morte. Quando, no conhecimento do Atman, o homem transcende a mente, o universo fenomenal desaparece de sua consciência. Quando o homem vive no domínio da ignorância mental, o universo fenomenal existe para ele.

No sonho, a mente está desprovida do universo objetivo, mas cria por seu próprio poder um universo completo de sujeito e objeto. O estado de vigília não passa de um sonho prolongado. O universo fenomenal existe na mente.

No sono sem sonhos, quando a mente não está funcionando, nada existe. Esta é nossa experiência universal. O homem parece estar submetido ao nascimento e à morte. Isso é uma criação fictícia da mente, e não uma realidade.

O vento acumula as nuvens, e o vento torna a dispersá-las. A mente cria a servidão, e a mente também remove a servidão.

A mente cria o apego ao corpo e às coisas deste mundo. Com isso ela amarra o homem, tal como um animal é amarrado por uma corda. Mas é também a mente que cria no homem uma profunda repugnância pelos objetos dos sentidos, como por um veneno. Desse modo, ela o liberta de sua servidão.

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