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O ego

Compreende que és uno com o auto-iluminado Brahman, fundamento de toda existência. Rejeita o universo e o corpo físicos como recipientes de sujeira.

A consciência do “eu” está arraigada no corpo. Funde essa consciência com o Atman, que é existência, conhecimento e bem-aventurança absolutos. A consciência do corpo sutil constitui outra limitação. Desembaraça-te dela também. Permanece unido com o Absoluto por todo o sempre.

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A miragem do universo está refletida em Brahman, qual cidade num espelho. Conscientiza-te de que “eu sou Brahman” e terás alcançado a meta da vida.

O Atman é a realidade. É o teu eu verdadeiro, fundamental. É pura consciência, o primeiro sem um segundo, a bem-aventurança absoluta. Está além da forma e da ação. Compreende tua identidade com ele. Cessa de identificar-te com os invólucros da ignorância, que são como máscaras usadas por um ator.

O universo de aparências é efetivamente irreal. A consciência do ego também há de ser irreal, já que observamos como ele vem e vai. Mas estamos igualmente cônscios de ser ele a testemunha, o conhecedor de todas as coisas. Essa consciência não pertence à consciência do eu nem às demais percepções, que só existem durante um breve momento.

O Atman é a testemunha do ego e de tudo o mais. Está sempre presente, mesmo no sono profundo. As escrituras declaram que o Atman não conhece nascimento nem morte, distinguindo-se, pois, dos invólucros densos e sutis.

O Atman deve ser necessariamente imutável e eterno, já que é o conhecedor de tudo o que é mutável. A não-existência dos invólucros densos e sutis pode ser repetidamente experimentada quando sonhamos ou quando mergulhamos no sono profundo.

Cessa, pois, de identificar-te com essa massa de carne, o corpo denso, e com o ego, o invólucro sutil. Ambos são ilusórios. Conhece o teu Atman - a pura, infinita consciência, eternamente existente no passado, no presente e no futuro. Assim encontrarás a paz.

Cessa de identificar-te com a raça, com o clã, com o nome, com a forma e com o modo de vida. Tudo isso pertence ao corpo, a roupagem da decadência. Abandona também a idéia de que és o ator das ações ou o pensador dos pensamentos. Tudo isso pertence ao ego, o invólucro sutil. Compreende que és o Ser que ó eterna bem-aventurança.

O ego

A vida humana de servidão ao mundo do nascimento e da morte tem muitas causas. A raiz de todas elas é o ego, o primogênito da ignorância.

Enquanto o homem se identificar com esse ego iníquo, não haverá nenhuma possibilidade de libertação. Pois a libertação é exatamente o oposto dele.

Uma vez libertado do eclipsante demônio do ego, o homem reconquista sua verdadeira natureza, tal como a lua exibe seu esplendor quando libertada das trevas de um eclipse. Então ele se toma puro, infinito, eternamente bem-aventurado e auto-iluminado.

Quando a mente de um homem está subjugada pela extrema ignorância, ele cria a consciência do ego ao identificar-se com os invólucros. Quando o ego é completamente destruído, a mente se livra dos obstáculos que impedem o conhecimento da sua unidade com Brahman.

O ego é uma serpente poderosa e mortal, e as gunas são suas três cabeças coléricas. Ele jaz enrodilhado em tomo do tesouro da bem-aventurança de Brahman, a quem vigia para seu próprio uso. O homem sábio, inspirado pelas sagradas escrituras, decepa as três cabeças com a espada do conhecimento e destrói completamente a serpente. Desse modo ele encontra o tesouro da suprema bem-aventurança.

Não há esperança de cura para um homem enquanto subsistir qualquer vestígio de veneno no seu corpo. Analogamente, o aspirante espiritual não pode alcançar a libertação enquanto subsistir qualquer vestígio do ego no seu ser.

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