COMPRIMENTO TOTAL DO PAPEL COM A ÁREA DA SANGRIA (SEM REFILE) : 68,5 cm 8 cm
21 cm
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de 18 de Maio a 14 de julho de 2013 Caixa Cultural São Paulo Praça da Sé, 111 — São Paulo, SP Terça-feira a Domingo, das 9 às 20 horas www.caixa.gov.br/caixacultural Tel: [11] 3321-4400 NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
5 mm = SANGRIA
17 cm
ALTURA TOTAL DO PAPEL COM A ÁREA DA SANGRIA (SEM REFILE): 22 cm
palavra e imagem
21 cm
distribuição gratuita. comercialização proibida. capa: still de não nunca_ 1985, vídeopoema, 35”, U-Matic (in: Non Plus Ultra, dir. Tadeu Jungle)
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_ patrocínio
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_ PRODUção
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apresenta
Caixa Cultural S達o Paulo
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tentativa_ adesivo de recorte na parede, 1979-2001
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A CAIXA é uma empresa pública brasileira que prima pelo respeito à diversidade, mantendo comitês internos entre os seus empregados; realizando campanhas, programas e ações voltados para disseminar idéias, conhecimentos e atitudes de respeito e tolerância à diversidade de gênero, raça, orientação sexual e todas as demais diferenças que caracterizam uma sociedade plural. A CAIXA, uma das principais patrocinadoras da arte e cultura brasileira, destina anualmente mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em espaços próprios e espaços de terceiros, dando ênfase às exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, festivais de teatro e dança em todo o território nacional e artesanato brasileiro. Os projetos patrocinados são selecionados via edital público, uma opção da CAIXA para fazer mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todo o país como também dar mais transparência à utilização dos recursos da empresa.
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Blackberry – Palavra e Imagem – Walter Silveira, exposição inédita em São Paulo, traz um panorama do desenvolvimento do trabalho desse artista que se confunde com a evolução das artes visuais no Brasil e no mundo. Vanguardista na utilização do vídeo como suporte desde a década de 70, o artista multimídia revela nessa mostra toda sua experimentação ao longo de mais de 30 anos. O público poderá conhecer um pouco mais do audiovisual brasileiro, refletindo sobre as relações entre arte, tecnologia e cultura de massa. Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e difundir a cultura nacional e retribui à sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos ao longo de seus 152 anos de atuação no país e de efetiva parceira no desenvolvimento das nossas cidades. Para a CAIXA a vida pede mais que um banco. Pede investimento e participação no presente, compromisso com o futuro do país e criatividade para conquistar os melhores resultados para o povo brasileiro.
Caixa Econômica Federal_
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Bruna Callegari e Rafael Buosi _ concepção de projeto e produção _São Paulo, Maio de 2013
Há somente três anos somos curiosos por Walter Silveira. Conhecemos o seu trabalho Les Êtres Lettres (Os Seres Letras), videoarte em parceiria com Betty Leirner, de 1991, e fomos procurá-lo porque queríamos incluir o vídeo na retrospectiva da artista, que realizamos na Cinemateca Brasileira e Goethe Institut São Paulo, em 2010. Na fita betacam, de onde capturamos Les Êtres, vimos outras imagens interessantes em fastfoward. Estava na fita, por exemplo, o vídeo sobre Wesley Duke Lee, com a abertura de retratos em rápida sequência, e Vôo Polako, ensaio a partir de cartas do poeta Paulo Leminski, um dos nossos vídeos preferidos, com o hipnotizante cachorro que ladra contra a câmera. Aquela era a fita de masters do Walter, que só assistiríamos novamente para a realização da sua exposição Blackberry – Palavra e Imagem. Desde então, muitas descobertas temos feito sobre o Walter. O seu balé das letras, seu vídeo bem preparado, o seu risco, nunca restrito a somente um estado da ideia,
ou se preferir, da poesia, pois poesia é risco. Nesse jogo de dados, de poemas para armar e letras para decifrar, eis o provocativo Blackberry, um poeta inesgotável, cujo trabalho é, antes de tudo, uma obra aberta, que reclama mil possibilidades, que se materializa e se abstrai o tempo todo. Hendrix Mandrake Mandrix, de 1978, assume múltiplas formas: pichação, outdoor, adesivo, película, projeção. Esse audacioso e bem-humorado ideograma pichado por Walter nos muros da cidade abriu uma nova perspectiva tanto para os poetas, quanto para poemas que vieram depois. E também para nós, seus leitores. A obra está bem documentada por Cristina Fonseca no livro A Poesia do Acaso: na Transversal da Cidade, do qual reproduzimos a entrevista neste catálogo. Walter não esconde as origens na pichação e diz abertamente que não considera o seu trabalho limpinho: é um trabalho propositadamente ruidoso, feito de interferências, tanto nas artes gráficas quanto nas mídias eletrônicas, a exemplo de seu vídeo VT Preparado (AC/JC), considerado por Arlindo Machado uma experiência limítrofe da linguagem2. O vídeo é um exercício de metalinguagem, em que os homenageados, Augusto de Campos e Jonh Cage, com participação de Waly Salomão, Décio Pignatari e Arrigo Barnabé, são entrecortados por telas de puro branco e interferências sonoras. O sentido é criado na percepção de passagem do vídeo, na possibilidade de sua inteligibilidade, constantemente desafiada pelo ruído. Realizado em parceria com Pedro Vieira, é um dos vídeos históricos da TVDO, vencedor do grande prêmio U-Matic do Festival Videobrasil de 1986. A TVDO foi uma produtora independente, saída da ECA-USP, que atuou ativamente nos anos 1980 como uma das principais produtoras de vídeo e televisão
Carimbo de Walter Silveira a partir de Ezra Pound via Augusto de Campos.
2 MACHADO, Arlindo (org.). Made in Brasil: três décadas do vídeo brasileiro. São Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2007. p.25.
s. curiosidade f.; raridade f.; qualidade f. estranha.1
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daquela época. Formada por Walter Silveira, Tadeu Jungle, Ney Marcondes e Paulo Priolli, a TVDO produziu videoclipes, videoarte, videopoemas, videoinstalações. Teriam sido eles os primeiros a possuir uma ilha de edição VHS, possibilitando a realização de inúmeros trabalhos independentes. A maioria de suas masters está em formato U-Matic, foram especialmente recuperadas para a ocasião dessa exposição. Foram mais de 10 horas digitalizadas da TVDO, e outras 52 horas de materiais diversos da produção de Walter Silveira, totalizando 75 fitas entre U-Matics, BETACAMs, VHS e Hi-8. Além do rolo Super 8mm de Hendrix, telecinado especialmente para a ocasião. No meio desse material, encontramos alguns fragmentos brutos e também inéditos. Cenas no melhor estilo vídeo home, ou fitas de garagem, que o artista definiu como “vídeos de porão . Em um deles, que apelidamos Blackberry e o prof. B. Friedman, Walter interpreta um apresentador de TV, improvisando para a câmera a partir dos escritos do professor americano sobre a televisão brasileira. No vídeo, um talkshow totalmente absurdo, com a participação de Paulo Priolli e de um tatu (!), Walter mascarado, ou melhor, Blackberry, (des)constrói toda a filosofia da comunicação vigente, anarquizando totalmente com os formatos e protocolos da mídia televisiva, declarandose uma indústria em crescimento, sem equipamento, sem dinheiro e sem tradição. Anárquico e provocativo, como define Omar Khouri em seu texto escrito especialmente para este catálogo, o trabalho de Walter também contém um importante componente de humor que a todos diverte. É o caso do objeto Signo da Abertura (para os íntimos, Buceta) ou do poema Banheiro Públyko: Nós não somos como os outros sãos. Enquanto uns vãos, outros fincam , todos expostos. Sua poética é também muito fundamentada graficamente, como no poema Vôo, de 1982, em que caligrafia forma a palavra na visualização de uma revoada, e em Entanto, de 1977, escrito sobre o tempo com efeito de espelhamento. Para a exposição, duas peças inéditas foram produzidas: esculturas em ferro derivadas dos poemas
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Nexo e Amarra, da série Mein Kalli Graphics, de 1996. O desafio de materializar a palavra e fazer dela um objeto é também um dos desdobramentos da arte de Walter, onde a palavra é imprimível, colável, dobrável, armável, moldável. A palavra é o que ele quer que ela seja, está em papel, grafite, ferro, transparência, vídeo, em tela ou luz. Às vezes, ela não está, como na ambivalente caligrafia Wrong, que riscada, recebe o título de Correct, de 2004. Para realizar a exposição, não escapamos também de uma bela dor nas costas, ao passarmos juntos três dias em sua casa, em Brasília, abrindo caixas e gavetas para fotografar o seu acervo em papel. Esse esforço, que resultou em mais de mil reproduções fotográficas, possibilitou-nos expor cinco livros de artista nunca antes saídos das gavetas de Blackberry para o grande público. Um deles, Babulina, de 1980, em que constrói um balé de letras nunca encenado. E o livro A Vida Secreta dos Deuses, obra rara cedida por Omar Khouri para reprodução no catálogo. Vale também mencionar os objetos poéticos que fazem parte da exposição, gentilmente cedidos pelo colecionador Paulo Miranda: uma régua torta em acrílico com os dizeres Se eu quisesse faria poesia e a inusitada orelha do próprio artista em bronze, envolta por um lenço com o bordado My Name is Not Vincent. Também exposto está o improvável Dado de 7 Pontos, parceria sua com o fotográfo Fernando Laszlo. Abrir as gavetas de Walter para descobrir seu trabalho foi apenas um pequeno passo no entendimento do grande poeta que ele é. Sua arte não se esgota em apenas uma mostra, uma exposição ou um texto. É um campo de inúmeras possibilidades e desdobramentos. Somente buscamos com este projeto contribuir com a nossa geração, trazendo Walter Silveira para o diálogo direto com nosso tempo e sobretudo, recuperando, atualizando e divulgando sua obra para gerações futuras. Agradecemos a todos pela colaboração e, sobretudo, ao próprio Walter pela confiança e generosidade em nos transmitir sua arte.
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tentativa_ 1979 - 2001, offset sobre papel 30 x 42 cm, in Posterbook
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Blackberry – Palavra e Imagem é a primeira exposição individual de Walter Silveira. Graduado em Rádio e TV pela ECA-USP, Walter iniciou sua trajetória artística em 1977 e três anos depois assinou seus primeiros trabalhos como Walt B. Blackberry. Influenciado sobretudo pelo concretismo paulista e pelo cinema novo baiano, vem desde então realizando vídeos, poemas, publicações, performances, instalações, objetos, desenhos e caligrafias poéticas.
A densidade poética de Silveira não está necessariamente relacionada à complexidade da forma ou ao rebuscamento linguístico, mas justamente à capacidade de refinamento da simplicidade. Como na música de Cage ou na obra plástica de Waltercio Caldas, ele busca o máximo do mínimo nos seus trabalhos. Obras que possuem seu significado amplificado por meio da ação do artista. Seja nas performances poéticas, na caligrafia sublime ou na escolha do suporte de apresentação de cada trabalho. Blackberry – Palavra e Imagem reúne cerca de 35 deles, de diferentes períodos e suportes. Contudo, não se trata de uma mostra retrospectiva. Dentre os poemas, apenas poesias curtas, com poucas ou apenas uma palavra. Obras bidimensionais e tridimensionais que estão distribuídas juntamente com os vídeos de arte criando uma paisagem multimídia e plural no espaço expositivo. Contudo, seguindo o mesmo conceito – minimalista ampliado de vanguarda coletivo – presente em toda a mostra, um único trabalho é capaz de resumir a mensagem do artista: um vídeo-poema, parte do vídeo Heróis da decadênsia (sic), dirigido por Tadeu Jungle, em que o próprio Walter, encarnando o performático Blackberry, recita: “O poema ainda existe. Resiste... Escrito, falado... O poema ainda existe...”.
palavra e imagem de ws_ Conhecido sobretudo pela atuação na área audiovisual, concebeu e dirigiu programas de TV que hoje são referências e fazem parte da história da televisão brasileira. Walter é um dos pioneiros do vídeo no país, tendo sido cofundador da revolucionária produtora TVDO, diretor da TV Cultura de São Paulo, da TV Educadora da Bahia e sendo atualmente diretor na TV Brasil. A seleção das obras busca, contudo, revelar a produção mais íntima do múltiplo Walter Silveira. Trabalhos que dialogam com conceitos relacionados ao universo expandido das artes visuais. Serigrafias, vídeos, objetos, esculturas, instalações, pinturas e colagens que possuem a poesia como eixo condutor. Seus poemas visuais já participaram de mostras e publicações coletivas, principalmente relacionadas ao movimento da poesia concreta. Uma produção que é a continuidade dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Paulo Leminski. Naturalmente híbrido, Walter mistura linguagens e conceitos por meio de um raciocínio rápido, que é baseado em referências acadêmicas e vivências populares. Sua linguagem é pop, popular, divertida e sensual, quase um haicai brasileiro com referências americanas e sotaque francês, povera e rock n’roll.
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Daniel Rangel _curador da mostra
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Omar Khouri _São Paulo, Abril de 2013
walter silveira:
comparecido nos fazeres e afazeres de Walter Silveira com bastante frequência, grande desenhista de letras que é, porém, trazendo casadas verdadeiras jóias verbais: sequências eurrítmico-eufônicas, que o aproximam dos melhores poetas de sua época, somando-se a isto uma forte pitada de humor, como que reivindicando Oswald de Andrade, de quem é grande admirador. Posso afirmar que, numa tradição caligráfica e até cacográfica brasílica que compreende, entre outros poucos, Edgard Braga, Wesley Duke Lee, Ubirajara Ribeiro, Mira Schendel (e poderia incluir, mas não incluo neste caso específico, Arthur Bispo do Rosário), Walter Silveira se apresenta como grande poeta-calígrafo – atualmente em pleno exercício – operando na fronteira mesma entre o poético escrito (oralizável) e as artes da visualidade. É grande, imensa mesmo, a produção caligráfico-poética de Walter Silveira que, às vezes, aparece como o anárquico Walt B. Blackberry (seu alterego), porém, suas publicações, quando não em revistas ou antologias, são raras, dado o seu perfeccionismo extremado, que beira o inacreditável. Uma única palavra, para não dizer um grafema, é repetida duas, dez, 30 vezes, até que ele
muitas vezes poeta_ Conheci Walter Silveira em 1976, a propósito de ARTÉRIA 2, revista que, naquele momento, já estava fechada para novos colaboradores e com dificuldades para a sua conclusão. Foi lamentável para a publicação a ausência do poema que Walter, depois, acabou enviando para a exposição Poéticas Visuais, no MAC-USP, juntamente com outros da mesma fase, sendo que todos tiveram e ainda têm grande trânsito quando se mencionam peças notórias e notáveis do universo intersemiótico. Desse nosso primeiro contato até hoje, tenho podido observar todo o seu percurso como produtor múltiplo de linguagem, atuando como poeta propriamente, como videomaker, artista plástico, performer e elaborador de um vivo e contudente discurso metalinguístico, que se recusa a se expressar academicamente por escrito para fazer parte dessas publicações que, apesar do valor que possam trazer, poucos leem – ele é pródigo e brilhante na exposição de ideias. A Belescrita, ou helenicamente dizendo, a Caligrafia, com sua visualidade preponderante, tem
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larva_ 1979 – 2001, offset sobre papel 30 x 42 cm, in Posterbook
a considere aceitável. Mesmo assim, houve trabalho recusado depois de impresso, como foi o caso das Fissuras em offset, cujo resultado considerou insatisfatório e não permitiu a sua distribuição. Muitos trabalhos continuaram objetos únicos em posse de amigos – WS os foi distribuindo, generosamente. Da caligrafia gestual ela mesma, passando pelo xerox, spray, serigrafia, raio-laser, tipografia e offset, e o desfazimento (como foi a sua façanha na exposição Arte na Rua II), o poeta não fez restrições a técnicas e processos de impressão/reprodução, assim como a mídias, sempre que permitiu a multiplicação/ divulgação de alguns de seus poemas. Transitando por vários códigos-linguagens e muitas mídias, WS desenhou (e desenha) um percurso múltiplo e de uma coerência poucas vezes observada entre nós, somando experências mil. A grafitagem (juntamente com algumas outras performances grafo-cromáticas) se constituiu numa de suas mais destacadas ações na Pauliceia: foi, Walter Silveira, juntamente com Tadeu Jungle, um dos primeiros poetas-grafitadores do Brasil – isto em fins dos anos 1970, inícios dos 80 – deixando disso um rastro luminoso, completado por realizações em papéis (muitas), performances, vídeos e vídeo-instalações. Fundador e artista atuante da TVDO, com trabalhos memoráveis e já históricos, pertencendo à segunda geração de videomakers do país, geração esta que, dominando a linguagem propiciada pelo vídeo, realizou grandes coisas, de ousadia acachapante, mesmo, WS inovou. Dotado de coragem artística e intelectual, estava
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destinado a deixar a sua marca por onde viesse a atuar. E adentrou o mundo dos objetos, produzindo livros de artista que se tornaram lendas, como o Balé Babulina e A Vida Secreta dos Deuses. Publicou de raro em raro álbuns, como Mein Kalli Graphycs e Posterbook. Seus poemas compareceram com maior frequência em revistas-antologias, tais como DeSignos, Muda, Caspa, Artéria (com performances gráficas e sonoras), Atlas e exposições: das Poéticas Visuais à Poesia, passando por Multimedia Internacional (da qual foi cocurador), Transfutur, Brazilian Visual Poetry, Paraver, A Poesia Brasileira da Era Pós-Verso. Esta mostra, agora, vem em momento oportuno, pois divulgará para um público maior um trabalho de elevado nível, que honraria toda e qualquer tradição poética. Walter Silveira: muitos fazedores em um somente. Dos poetas excepcionais que surgiram e se desenvolveram a partir dos anos 1970, Walter Silveira se destaca como um dos valores maiores, prometendo levar ainda mais adiante seu ofício de produtor de linguagem/experimentador. XAIPE!
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absoluto_ 2004, caneta pilot sobre tela 18 x 30 cm
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correct
wrong_ 2013, digital
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correct_ 2006, lรกpis dermatogrรกfico sobre tela, 18 x 15 cm
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azo azul_ 2010, sĂŠrie de quatro pranchas letraset e tinta de serigrafia sobre papel, 32 x 32 cm
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2013, detalhe da colagem a partir de entanto_ 1977, serigrafia sobre papel, A4_ dupla de pรกginas anteriores
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o voo_ 1982, sĂŠrie de seis nanquim sobre papel, 10,5 x 16,5 cm
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cardiografia: coração partido. desarme-me baby_ 1980, poema para armar, serigrafia sobre cartão, 45,2 x 16 cm
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nervura de aço ou Marco do Vale_ 2005, vídeo objeto. ferro, escova de aço, aparelho de tv e mangueira plástica, base 1_ 38 x 145 x 30 cm | base 2_ 36 x 160 x 43 cm
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o quartinho_ 1997, vídeo, 8’, Betacam 26 |SP 27
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o poema..._ 1987, vídeopoema, 30”, U-Matic (in: Heróis da Decadênsia (sic), Dir. Tadeu Jungle)
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busca vida_ 2007, video grafitti laser, DVD
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hendrix mandrake mandrix_ 1978, poema em outdoor, 9 x 3 m | 1980, filme, 3’25”, Super 8mm
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Cristina Fonseca in: A Poesia do Acaso: na transversal da cidade, 1984.
cris fonseca – walter, quando você começou a pichar muros? walter silveira – em 1978. naquela época eu estava envolvido em especulação poética do ato gestual da escritura. a caligrafia. buscando os limites da letra enquanto design. as pichações foram feitas para lançar diretamente no corpo social as experiências que, até então, eu desenvolvia no ateliê e não tinha condições de veicular devido às dimensões dos cartazes e aos altos custos das produções. munido de spray, saí pela cidade escrevendo um ideograma verbal – HENDRIX MANDRAKE MANDRIX – ao mesmo tempo o Jungle saiu pro outro lado colocando o seu ORA H. depois de dois ou três meses várias gangues estavam pela madrugada escrevendo poemas, mandando recados, ou fazendo trocadilhos nos muros. Como essa manifestação causou interesse na imprensa, tive meu poema (independemente do tratamento que deram a ele) publicado em vários jornais e revistas com uma tiragem muito grande. na realidade não pichei durante muito tempo, sendo hoje até difícil encontrar uma pichação daquela época, mas o poema (publicado) foi lido da penha até o rio de janeiro e salvador. cf – você pensava nisso como uma manifestação poética, ou era curtição? ws – era como hoje continua sendo, uma manifestação poética do prazer. eu sempre me senti dono da cidade em que moro. o muro branco continua sendo para mim um painel onde posso me manifestar. espaço de emergência primal. cf – o que você esperava com isso? ws – sem a menor modéstia, queria exercitar o lema “LETRAS DO TAMANHO DE TORRES”. eu sou publicitário de um produto inútil (as palavras), que não se encontra à venda, e tento, com as amarras do meu tempo, gravar minha trajetória de vida.
entrevista_
cf – você considera essa uma atitude importante para sua vida de poeta? ws – sim, na medida em que abriu para minha cabeça um desdobramento desse trabalho que é o BABULINA, BALLET DAS LETRAS, BAMBOLÊ, BAMBA LÁ LÁ. 34 | 35
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não nunca_ 1985, vídeopoema, 35”, U-Matic
(in: Non Plus Ultra, dir. Tadeu Jungle)
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banheiro publyko (stilograficopunk)_ 1982 - 2013 sĂŠrie de seis serigrafias sobre papel, 75 x 60 cm
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handmade_1998, quatro pinturas sobre cart達o, 1998, 40 x 40 x cm | Alma Escrita | Hand Made | Fake Cake | Nada
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objeto dado_ 1997, objeto em resina, 6,5 x 6,5 x 6,5 cm e detalhe de fotografia da sĂŠrie dados Parcerias com Fernando Laszlo
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sete pinturas, acrílica sobre tela, da série “sem título”_ 2011 Keep me posted, 30 x 19 cm I din’t do it, 24 x 19 cm Put the gun down, 24 x 19 cm What went wrong, 24 x 19 cm Not for sale, 19 x 24 cm I have now idea, 24 x 19 cm Peace please, 30 x 41 cm
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amarrao_ 1996, serigrafia sobre papel in Mein Kalli Graphics, 30 x 40 cm
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nexo_ 1996, serigrafia sobre papel in Mein Kalli Graphics, 30 x 40 cm
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saber esquecer_ 1998, letraset e nanquim sobre papel A4 gen_ 1976, grafite sobre papel 18 x 18 cm
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dod贸i da dendeca_ 1979 - 2001, offset sobre papel in Posterbook
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lagartixa_ 2001, offset sobre papel in Posterbook
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cutting book, 1976_ 2013, livro de artista
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babulina, 1980_ 2013, livro de artista
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odeboxe, 1986-1993_ 2013, livro de artista
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a vida secreta dos deuses, 1996_ 2013, livro de artista _Coleção Omar Khouri
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Vôo Polako
1990 | 10 min | VHS Ensaio poético a partir de carta e poemas de Paulo Leminski. Com participação de Haroldo de Campos. Gravado em Curitiba.
VT Preparado AC/JC
1986 | 10 min | U-Matic (codireção Walter Silveira e Pedro Vieira) Uma homenagem ao compositor do silêncio (JC/John Cage) e ao poeta da página em branco (AC/Augusto de Campos). Os realizadores concebem um vídeo em que predomina a tela em branco pulverizada por rapidíssimos flashes de imagem, ruídos, impulsos e distorções do próprio dispositivo técnico. Participação de Arrigo Barnabé, Waly Salomão, Décio Pignatari e Haroldo de Campos. Grande prêmio U-Matic do Festival Videobrasil de 1986.
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Tupy or not utopy
1998 | 2 min | VHS Videopoema parafraseando o Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade em 1928. Participou da XXIV Bienal de São Paulo, na instalação A contribuição multimilionária de todos os erros, em parceiria com Arnaldo Antunes e Lenora de Barros.
XiloVT (Elogio da Xilo)
1994 | 12 min | Betacam Ensaio videográfico realizado a partir do poema O Elogio da Xilo, de Haroldo de Campos, e imagens captadas no ateliê da artista Maria Bonomi. Melhor vídeo da XI Mostra de Vídeo de Santo André 1995.
Dados
1998 | 2 min | Betacam Construção videográfica para o poema Um Lance de Dados, de Stephane Mallarmé. Parceria de Walter Silveira com o fotógrafo Fernando Laszlo.
Minha Viagem em Wesley Duke Lee d’Helicóptero à Fortaleza d’Arkadin
1992 | 10 min | Betacam Uma videotrip sobre a obra do artista Wesley Duke Lee, com ênfase em obras ambientais e instalações. Melhor videoarte no VI Fest Vídeo de Porto Alegre 1993.
Les Êtres Lettres
1991 | 10 min | VHS Ensaio videográfico em que a metalinguagem e a simultaneidade revelam o indivisível limite do legível, baseado no livro homônimo da artista multimídia Betty Leirner, impresso em 1991. Texturas sonoras de Cid Campos. Prêmio especial do júri no I Fórum BHZ Vídeo, Belo Horizonte 1991.
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se eu quisesse eu faria.poesia_ 2010, objeto em acrílico, 50 x 40 x 1 cm _ Coleção Paulo Miranda
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WALTER SILVEIRA (1955 São Paulo-SP) é graduado em Rádio e TV pela ECA-USP. Desde 1980, é profissional de televisão e diretor de programas. Artista intermídia, realiza projetos autorais e experimentais em torno do suporte eletrônico desde o final dos anos 70. Em 1978 inicia a curadoria de várias mostras, exposições e eventos de poéticas visuais em São Paulo, Curitiba, Salvador e Belo Horizonte, paralelamente às atividades em televisão. Foi fundador, entre 1985 e 1988, da primeira escola de vídeo do país, a The Academia Brasileira de Vídeo, um polo articulador e formador das novas propostas das artes eletrônicas em São Paulo. Participou da XXIV Bienal Internacional de São Paulo. Em 1994, apresentou a videoinstalação ambiental Guanabara HW1, no evento Arte Cidade II, em São Paulo. Com o poeta Augusto de Campos e o músico Cid Campos, desenvolveu e dirigiu o espetáculo de poesia, música e vídeo Poesia É Risco (apresentado desde 1996 em diferentes cidades do Brasil, da França, da Suíça, da Holanda e dos Estados Unidos). Participou também da II Bienal do Mercosul em 1998. Entre 2000 e 2004, exerceu a função de diretor de
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programação da TV Cultura de São Paulo. Em 2001, publicou o livro de poesia visual Posterbook Walt B. Blackberry e participou da exposição Território Expandido no SESC Pompéia, em São Paulo. Em 2002, participou da exposição Brazilian Visual Poetry, no Texas, nos Estados Unidos. Em 2003 participou das exposições Palavra Extrapolada, no SESC Pompéia, e A Subversão dos Meios, no Itaú Cultural, ambas em São Paulo. Vários vídeos seus integram a coletânea Made in Brasil – 30 anos de Vídeo-Arte no Brasil, organizada por Arlindo Machado. Desde 2004, participa com outros artistas das apresentações do espetáculo de poesia, imagem e música POEMIXBR. Entre maio e julho de 2005, participou de exposição Corpos Virtuais, no Centro Cultural Telemar, Rio de Janeiro, com curadoria de Ivana Bentes. Entre setembro e novembro de 2005, com curadoria de Agnaldo Farias, participou da coletiva Afinidade Eletivas, no Espaço Cultural CPFL, em Campinas. Em março de 2007, participou das seguintes mostras, com curadoria de Antonio Pasolini: Video Links Brazil, na Tate Modern, em Londres, e Panorama da Vídeo-Criação no Brasil, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. Ainda em 2007, participou da coletiva internacional Poiesis, com curadoria de André Vallias, Friedrich W. Block e Adolfo Mojento Navas, no Oi Futuro, Rio de Janeiro. Em 2008, foi cocurador da exposição Poesia Concreta – O Projeto Verbivocovisual, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Em 2009 participou da Rádio Visual na 7ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Em 2010 e 2011, participou de Luzescrita, exposição em parceria com Arnaldo Antunes e Fernando Laszlo, realizada em Salvador e Curitiba.
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agradecimentos Almir Almas
Larissa Fraceschete Ribeiro
André Narita
Marco do Vale
André Vainer
Nilton Rossi
Augusto de Campos
Omar Khouri
Bel Leopoldo e Silva
Paulo Leminski
Betty Leirner
Paulo Miranda
Cid Campos
Paulo Pereira
Cláudio Kahns
Pedro Loes
Cristina Fonseca
Pedro Vieira
Dulce Horta
Regina Echeverria
Enzo Callegari
Ricardo Da Silva Silveira
Fernando Laszlo
Solange Farkas
Flávia Soledade
Tadeu Jungle
Francis Pablo Dalla Costa
Tomas Zagon
Francisco Marchiori Netto
Wanda da Silva Silveira
in memoriam
Gil Silvério Haroldo de Campos
in memoriam
João Bandeira Juliana Meduri
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ficha técnica presidenta da república dilma vana rousseff
projeto e produção espaço líquido
projeto gráfico anna turra
ministro da fazenda guido mantega
coordenação geral bruna callegari
presidente da caixa econômica federal jorge fontes hereda
curadoria daniel rangel
coordenação editorial bruna callegari rafael buosi
produção executiva rafael buosi juliana psaros expografia andré vainer daniel rangel
textos bruna callegari cristina fonseca daniel rangel omar khouri rafael buosi revisão mariana shirai fotografias rafael buosi assessoria de imprensa décio hernandez di giorgi
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