2
apresenta apresenta
2ª 2ªedição edição
sumário 5
vida longa à artéria!
7
apresentação: o fenômeno artéria
bruna callegari e rafael buosi
omar khouri e paulo miranda
13
nomuque edições: à margem do sistema editorial brasileiro
14
linha do tempo: artérias, 1975-2011
40 42 45 50
omar khouri e paulo miranda
poesia no muque julio mendonça
mínimo divisor comum: artéria lúcio agra
augusto de campos _sobre artéria entrevista com o poeta
coletânea de poemas publicados
134
colaboradores
135
sobre os editores
136
english version
A CAIXA é uma empresa pública brasileira que prima pelo respeito à diversidade, e mantém comitês internos atuantes para promover entre os seus empregados campanhas, programas e ações voltados para disseminar idéias, conhecimentos e atitudes de respeito e tolerância à diversidade de gênero, raça, orientação sexual e todas as demais diferenças que caracterizam a sociedade. A CAIXA também é uma das principais patrocinadoras da cultura brasileira. Somente em 2015, investimos R$ 76 milhões em 539 projetos em todo o Brasil, visitados por 931 mil brasileiros. Em 2016 serão mais R$ 75 milhões para patrocínio a projetos culturais em espaços próprios e espaços de parceiros, com mais ênfase para exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, festivais de teatro e dança em todo o território nacional, e artesanato brasileiro. Os projetos patrocinados são selecionados via edital público, uma opção da CAIXA para tornar mais democrátiva e acessível a participação de produtores e artistas de todas as unidades da federação, e mais transparente para a sociedade o investimento dos recursos da empresa em patrocínio. Patrocinar a exposição Artéria 40 anos é investir na pluralidade das linguagens artísticas contemporâneas, sobretudo na divulgação da poesia visual brasileira. Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e difundir a cultura nacional e retribui à sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos ao longo de sua secular atuação e de efetiva parceira no desenvolvimento das nossas cidades. Para a CAIXA, a vida pede mais que um banco. Pede investimento e participação efetiva no presente, compromisso com o futuro do país, e criatividade para conquistar os melhores resultados para o povo brasileiro. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Julio Plaza Arte = Verba, anos 70 1970’s Etiqueta com carimbo Label and stamp 6x 4,5 cm Publicado em Published in Artéria 2, 1976
vida longa à Artéria! Travamos o primeiro contato com a revista Artéria há cerca de 5 anos, por intermédio do poeta Walter Silveira, de quem estávamos realizando uma exposição individual. Em sua casa, ele nos mostrou a Zero à Esquerda, uma caixa de papelão de onde saltaram poemas em serigrafia. Era coisa linda! No processo de preparação daquela exposição, pudemos conhecer ainda a Quadradão e a Fantasminha, outras edições de Artéria e, o melhor, os seus idealizadores, Paulo Miranda e Omar Khouri, poetas incríveis, realizadores incansáveis e pessoas muito generosas. Assim nasceu o desejo de desenvolver um projeto que resgatasse a história da revista e divulgasse para um público maior aquele feito tamanho. Sempre independente e ainda em atividade, Artéria veiculou o melhor da poesia experimental (ou intersemiótica) brasileira dos anos 1970 até hoje. Ao longo de seus 40 anos, lançou 10 edições numeradas e outras duas que escaparam à numeração (Balalaica, 1979, e Zero à Esquerda, 1981), assumindo os mais diversos formatos, meios e técnicas de produção: de caderno offset à revista virtual interativa, de fita cassete à caixa de poemas soltos. Publicou trabalhos preciosos, reunindo mais de 100 artistas, que transitaram entre diversos códigos e linguagens, sempre preocupados com a visualidade de suas obras. Alguns nomes que passaram pela Artéria: Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo, José Lino Grünewald, Julio Plaza, Regina Silveira, Arnaldo Antunes, Tadeu Jungle, Walter Silveira, Lenora de Barros e outros. Apresentando mais de 80 trabalhos de cerca 60
artistas, a exposição busca refletir a experiência da Artéria, explorando variados suportes, formatos e técnicas: adesivos, objetos, serigrafias, áudios e vídeos. Todas as edições da Artéria foram digitalizas e organizadas em um banco de dados com informações sobre autor, data e técnica de cada trabalho publicado. O público pode conferir os 40 anos de publicação da revista, em sua totalidade, em uma plataforma interativa sensível ao toque (touch screen), podendo realizar buscas e manipular os poemas conforme desejar. Uma das preciosidades da exposição é o vídeo de making of de Zero à Esquerda, praticamente inédito, realizado por Tadeu Jungle e Walter Silveira e exibido uma única vez durante o lançamento da revista em 1981, na extinta discoteca Pauliceia Desvairada, em São Paulo. O vídeo demonstra como era produzida a revista, literalmente no muque, e apresenta seus poetas e poemas. Tendo já realizado a exposição no Rio de Janeiro, é com maior alegria que agora a trazemos para São Paulo, reduto de seus criadores e colaboradores. O catálogo, em nova edição ampliada, traz textos de Lúcio Agra e Julio Mendonça, além da entrevista inédita que realizamos com Augusto de Campos, um dos maiores poetas-inventores de todos os tempos, e que colaborou em todas as edições de Artéria. Como se não bastasse, a exposição também comemora o lançamento da tão aguardada ARTÉR11A, da qual tivemos o orgulho de participar. Agradecemos a todos os artistas e poetas que integram a exposição e, sobretudo, aos curadores Paulo e Omar por sua confiança, amizade e generosidade. Vida longa à Artéria! Bruna Callegari e Rafael Buosi Espaço Líquido | Projeto e realização 5
Zero à Esquerda, 1981 Revista em serigrafia, offset, tipografia e carimbo Magazine – Screen printing, offset typography and stamp 51,6 x 28,2 cm / 500 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
apresentação A revista Artéria começou a ser pensada por Omar Khouri e Paulo Miranda no ano de 1974, em Pirajuí, interior do Estado de São Paulo, aos quais se juntaram os irmãos Figueiredo, da vizinha cidade de Presidente Alves: Luiz Antônio, Carlos e José Luiz. A de número 1 saiu em meados de 1975, já congregando um conjunto significativo de poetas, incluindo os concretistas históricos do Grupo Noigandres em sua formação inicial: Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari. Artéria já nasceu com as vocações intersemiótica (interdisciplinar) e mutante (proteica) e assim foi abrigando poesia com forte visualidade e transformando-se ao longo desses 40 anos: mudança de formato, de processos de impressão, de mídia, e até de nome (Balalaica, Zero à Esquerda integram o conjunto) e congregando, cada vez mais, um número ampliado de colaboradores: poetas, artistas plásticos, artistas gráficos, músicos, fotógrafos. Dentre as revistas experimentais que proliferaram nos anos 1970, Artéria foi a que mais se metamorforseou: foi caderno, sacola, fita cassete, caixa-de-poemas-exposição-portátil, website e até caixa de fósforos!
Artéria nasceu sob o impacto de Código, Polem e Navilouca, revistas que vieram retomar a linha experimental da Poesia em periódicos no Brasil (muito embora nenhuma, dentre as que ultrapassaram o primeiro número, tenha tido periodicidade regular) e dadas certas facilidades apresentadas, à época, com relação aos meios de reprodução, no âmbito gráfico. As revistas proliferaram nos anos 1970, mas poucas tiveram longa vida como Artéria. De Pirajuí, Artéria transferiu-se para São Paulo, com quem já estabelecia uma espécie de simbiose e seu quadro de editores/organizadores foi-se modificando, saindo uns e entrando outros, como Walter Silveira, Sonia Fontanezi, Tadeu Jungle, porém, mantendo o núcleo inicial com O. Khouri e P. Miranda. Nessas 4 décadas, foram impressos apenas 10 números + 2. Porém, há planos para próximas edições. A alegria de fazer e de vir a público com um time numeroso de criadores garantiu a continuidade da revista, sempre independente e livre de patrocínios, que não é propriamente uma revista, mas que é uma Revista. Mutante, com alguma permanência, Artéria comemora os seus 40 anos. Auguri! Omar Khouri e Paulo Miranda São Paulo, março de 2015 7
o fenômeno
artéria
Muito já se falou sobre a importância das revistas para a divulgação de trabalhos poéticos, artísticos e teóricos, no Brasil e no mundo, desde antes, mas principalmente a partir da eclosão dos Modernismos, inícios do século XX, até à atualidade, e das dificuldades de se editarem essas publicações, mesmo em época mais recente em que, dados os progressos de ordem técnica, verificou-se um barateamento de custos, o que fez com que houvesse uma proliferação de “jornaizinhos”, periódicos (sem propriamente periodicidade regular), poemas em edições autônomas, fanzines etc. Isto, considerando apenas o suporte papel, sem que adentremos o terreno das novas tecnologias com suportes não-materiais e as facilidades de se ter um blog, por exemplo, que pode, na maior parte das vezes, abrigar materiais de um único indivíduo. Revista ou suposta revista - porque aqui, em sua maior parte as revistas não conseguiram manter algo fundamental, que é a periocidade regular e muitas delas, quando saíam do nº 1, mal chegavam ao 3 – é sinônimo de publicação coletiva e é aí que a denominação se fixa. Raros são os exemplos das que conseguiram chegar ao 10º número e até ultrapassá-lo, como foi o caso de Código-Bahia e de Artéria. Uma das coisas que Julio Plaza sempre dizia, chamava, mesmo, a atenção, era para a questão das facilidades que passaram a existir a partir de um certo momento e que propiciaram, de fato, a multiplicação de publicações à margem do sistema editorial brasileiro, em nosso caso. E, do início dos anos 1970 até os 90, assistiu-se a toda uma série de inovações de cunho tecnológico, a que especificamente Artéria não ficou indiferente, ao mesmo tempo em que antigas tecnologias, no campo das Artes Gráficas, continuaram a existir e a prestar serviços, com bastante eficiência. Uma revista existe (dessas que não recebem subvenções e que primam pela ousadia e experimentação) enquanto existe um certo entusiasmo por parte
dos que com ela se envolvem verdadeiramente, como já escreveu Mário da Silva Brito abordando o caso Klaxon. Portanto, as revistas que resistem e insistem, mesmo depois de décadas de seu 1º número, é porque os que se envolvem intimamente com a sua feitura ainda acreditam em trabalhos coletivos. Artéria é um caso especial, pois, até hoje teve apenas 10 números + 2 com outros nomes e se foi metamorfoseando, e houve números em que teve nomes duplo e triplo (as de nº 5 e 6) e houve as que receberam, na ânsia de transformação, outros nomes, como a fita Balalaica e a caixa-de-poemas Zero à Esquerda, o que nos faz considerar ter chegado Artéria, já, ao nº 12. Mesmo considerando a vontade de mudança, a não-repetição possível, Artéria conservou um núcleo de colaboradores, como poucas revistas, congregando experimentadores experientes e jovens poetas. Artéria pertence àquela leva de revistas que brotaram a partir da 1ª metade dos anos 1970, em parte herdeiras de Noigandres e Invenção dos concretistas, em parte abertas para outras pesquisas, numa época que se convencionou chamar Pós-Modernidade e que Haroldo de Campos ponderou pelo Pós-Utópico. E, dessas revistas, convém mencionar Navilouca, Polem, Código, Invenção Bahia, Artéria, Poesia em Greve, Qorpo Estranho, Muda, Viva Há Poesia, Atlas e algumas outras poucas. Vivia-se ainda, naquele começo, a época da Ditadura Militar, o que implicava censura, que se abateu quase-nada sobre essas revistas experimentais, mas mais sobre publicações de uma vanguarda política. De qualquer modo, o medo pairava sobre todos, nós de Artéria, inclusive. Artéria, assim como outras publicações da mesma estirpe, seria “revista” ou “antologia”? Esta é a primeira questão que surge quando examinada, em seu conjunto – do 1º número (1975) ao 10º + Balalaica (1979) e Zero à Esquerda (1981) - já que não houve uma periodicidade regular, tampouco uma forma
fixa, um formato regular, uma única mídia utilizada, um nome único. A questão de classificar a publicação nunca nos deixou preocupados, muito embora mais adequado fosse chamá-la “antologia”, como lembrou várias vezes Augusto de Campos. Artéria e tantas outras publicações similares, que circularam a partir da 1ª metade dos anos 1970, sempre foram chamadas “revistas” por seus idealizadores e colaboradores, porém, escapam à noção tradicional de revista. No caso específico de Artéria, mais ainda, pois o ser mutante foi uma de suas principais características: configurou-se caderno com encarte, sacola, caixa, fita cassete, site na REDE, de novo caderno, e até chegou a trocar de nome no percurso. Para falar sobre Artéria, temos de vinculá-la à Nomuque Edições, editora fundada por nós, há 41 anos (1974), em Pirajuí, e que sempre funcionou à margem do sistema editorial brasileiro, carecendo de registro como empresa editorial, o que a fez correr o risco de perder legalmente o nome. Nomuque = no muque (no braço, na força muscular) existe à medida que existam trabalhos que ela venha a editar e graças aos recursos provindos dos próprios editores-colaboradores (a editora nunca contou com patrocínios de fora – antes, por princípio, depois, por força do hábito). Essa atividade editorial ocorria mais ou menos esporadicamente, bem porque, não visando a lucros e não dispondo de infraestrutura empresarial, só poderia mesmo funcionar assim, às vezes acontecendo de uma publicação ser lançada dez anos após o início de sua impressão que, por sinal, em algumas ocasiões, foi feita por seus editores que, além de poetas, eram (são) técnicos em serigrafia, programadores visuais etc. (os poucos que se dispuseram e se dispõem a este tipo de trabalho artesanal). Se bem que, atualmente, o trabalho artesanal tem sido deixado de lado, cedendo espaço ao offset que, de qualquer modo, esteve presente desde o primeiro número de Artéria. Portanto,
mais que editora, a Nomuque é gráfica e, além da serigrafia, utilizou, ao longo de seus mais de 40 anos de existência, outros processos artesanais de impressão e, também, processos industriais. A Nomuque Edições (“nomuque, edições”, na origem) nasceu em Pirajuí, interior de São Paulo, transferindo-se, a seguir, para a capital, onde ainda opera. Há vantagens e desvantagens nessa estrutura de funcionamento da editora: por um lado tem-se liberdade plena para tudo e não há o perigo de ficar insolvente ou mesmo o de ir à falência, já que, legalmente, não existe. Por outro, os custos acabam por onerar os poucos que se dispõem a reservar parte de seu salário para os gastos da editora e, o mais grave: o crônico problema da distribuição do pouco material que é editado e que, fatalmente, fica em parte encalhado na casa de alguém, que se dispõe a guardá-lo. Artéria começou a ser pensada em 1974, a partir do momento em que sentimos a necessidade de uma publicação coletiva (até hoje, temos muito mais prazer em veicular nossos trabalhos em publicações coletivas, que em separado: poemas reunidos em livro ou veiculados autonomamente). O nome: um achado (pronto), pois, além de tudo o que traz de positivo a palavra Artéria, contém Arte! Tendo, naquele ano, visto Polem e Código (Navilouca, pouco depois), percebemos que o projeto de uma revista de poesia seria viável. Daí, conversando e travando contato com os irmãos Figueiredo (Luiz Antônio, Carlos e Zéluiz), configurou-se a possibilidade, e, o número 1, já com colaboração dos poetas concretos (que prontamente se dispuseram a nos enviar trabalhos inéditos) – Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos - saiu em 1975 (lançamento em 15/07, em São Paulo, numa pequena reunião no Krystal Chopps, no Bairro das Perdizes, com as nossas presenças, mais as de Luiz Antônio de Figueiredo, Carlos Valero, Hermelindo Fiaminghi, Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos). 9
Artéria 2 já viveu uma crise entre os organizadores, posto que uns queriam algo arrojado em termos de mídia e outros ponderavam pelo que seria possível, em termos de viabilidade econômica, e a revista foi feita, com alguma modificação do projeto inicial, mas mantendo o arrojo. Saiu em 1977, mas consta a data de 76, ano em que praticamente ficou pronta, só faltando alguns detalhes (o invólucro, uma sacola, causou alguns transtornos até ficar pronto, já que o trabalho de Julio Plaza – Alechinsky-Lichtenstein – foi visto como perigoso por gráficos-impressores e sua publicação teve de ser adiada e a capa do envelope ser refeita): a revista mostrou, nesse número, seu caráter mutante (já indiciado na de número 1, em que aparecia um encarte: o poema “Reviravolta”, de Paulo Miranda). Tendo um formato diferente, não podendo simplesmente ser colocada numa estante, chegou a ser recusada por algumas livrarias, que costumavam receber as nossas revistas em consignação, exceção feita à Duas Cidades, que chegou a distribuí-la nacionalmente no ano de 1977, assim como Artéria 1 e outras publicações da mesma estirpe. Os irmãos Figueiredo – Luiz Antônio e Carlos – eram, dos envolvidos no processo Artéria, os que mais insistiam para que a forma da revista não se repetisse. O número 3 não existiu - uma caixa de fósforos trazia o nome Artéria 3: ART3RIA – produção de Carlos Valero (de Figueiredo). O número 4 foi feito pela Nomuque Edições mais o Estúdio OM, projeto e execução de Carlos Valero, e era constituído por um estojo que continha um caderno com especificações técnicas para a audição de uma fita cassete C60 – o tal caderno poderia ter existência autônoma como revista, tão primoroso graficamente era (muito embora a reprodução – eram apenas 100 exemplares – fosse reprográfica: xerox) e tudo ia dentro de um estojo azul, com impressão serigráfica em branco. Convém lembrar, aqui, que Artéria IV foi precedida por BALALAICA (também projetada e executada por Carlos Valero e ambas as fitas se encontram, hoje, na REDE: nomuque.net), outra fita
cassete C60, sendo as datas de lançamento 1979-80 e, diga-se, isto tudo ocorreu antes da febre da dita “poesia sonora”, no Brasil. A novidade nas fitas não estava no fato de se gravarem poemas, coisa que acontecia há décadas, mas de ser um trabalho de poesia sonora/ sonorizada coletivo: uma revista sonora, contendo até o que se poderia chamar de ‘radionovela’. Nesta altura, já faziam parte da equipe de produção, também, Walter Silveira, Sonia Fontanezi, Tadeu Jungle, Júlio Mendonça e, mais tarde, Arnaldo Antunes (que se ocupou de outras publicações e atuava, também, em outro campo: o da música popular, como se sabe). Em 6 de maio de 1981 foi lançada uma grande caixa, com poemas soltos e utilizando vários processos de impressão: Zero à Esquerda, num espetáculo multimídia, na discoteca Pauliceia Desvairada. Esta revista da Nomuque não levou o nome Artéria. Alguns outros projetos foram sendo feitos pela Nomuque que, ao mesmo tempo, tentava viabilizar Artéria 5 (Fantasma), enfim, lançada no MASP, em seu mezanino, em 1991, com uma grande exposição “comemorativa” dos 17 anos da editora, e Artéria 6 (Quadradão) 31 x 31, que só foi lançada em 1993, na Livraria Augôsto Augusta-MIS. Artéria 6 foi a revista de mais longa gestação na história da cultura brasileira: pensada desde 1981, começou a ser impressa (toda em serigrafia, como a de número 5) em 1983 e, daí, passaram-se dez anos até o seu lançamento. Nesse tempo todo, várias revistas foram pensadas e até projetadas, porém, os custos as inviabilizaram (a maior revista do Brasil, em formato A2, e outra composta de grandes cartazes 66 x 96 cm, contendo os poemas). A seguir, fizemos Arteriaset (AR7ERIA – Artéria 7) – mais uma longuíssima gestação - em offset, obviamente, que teve algo singular: ficou pronta em 2004, depois de Artéria8, que está na REDE desde o 2º semestre de 2003 (em 2001, colocamos no ar, com Fábio Oliveira Nunes, que também fez o desenho de Artéria 8, Sígnica, reunindo principalmente poemas de alunos
Paulo PauloMiranda Miranda Che Chemove moveililsole sole Objeto Objetoluminoso, luminoso,Luminous Luminousobject, object,80 80xx15 15cm cm Publicado Publicadoem emPublished Publishedin inZero ZeroààEsquerda, Esquerda,1981 1981 Coleção ColeçãoPaulo PauloMiranda MirandaCollection Collection Regina Vater Abaixo do Equador, 1978 - 2002 Série de fotografias, 132 x 30 cm Publicado em Published in Artéria 9, 2007 Coleção Paulo Miranda Collection
da Universidade – IA-UNESP, FACOM-FAAP e PUC-SP). Na REDE não é preciso fazer números 1, 2, 3 etc., pois a publicação é, por natureza, crescente e mutante. A questão da visualidade sempre apareceu em Artéria (que tem mantido um núcleo de editores, com evasões e adesões, ao longo do tempo) e com o passar dos anos, foi-se acentuando, até culminar com as revistas de números 5 e 6. Fizemos a de nº 9 mantendo o formato aproximado da de nº 7 e preparamos a de nº 10, que foi lançada no ano de 2011. E não descartamos a feitura dos números 11 e 12 de Artéria. Artéria se insere na tradição de revistas que primaram por veicular uma produção poética mais experimental, mais construtivo-formalista (e aí não vai teor depreciativo), tais como, entre nós, Noigandres, Invenção, Navilouca, Polem, Código (editada em Salvador-Bahia por Erthos Albino de Souza, e que durou 12 números: um verdadeiro prodígio!), Poesia em Greve, Qorpo Estranho, Kataloki, Zero à Esquerda, Atlas etc. Dessas, algumas tiveram apenas um número. Artéria prossegue e penso ser a única revista atualmente no Brasil a se preocupar com a questão da visualidade e da experimentação em Poesia. O que faz com que, apesar de tudo, uma publicação (que não vem a ser propriamente uma revista, como a definem os dicionários) sobreviva por décadas? Diríamos que o amor pela poesia e a crença de que tal trabalho seja necessário e, talvez, o que vem a ser o mais importante, a alegria que existe em pôr à luz mais uma publicação coletiva, já que há aqueles que preferem publicar coletivamente do que reunir periodicamente seus próprios trabalhos, mesmo que o avanço em anos seja notório. Artéria chega aos 40 anos e com indícios de que vai continuar. XAIPE!
Omar Khouri e Paulo Miranda São Paulo, março de 2015 11
Confecção da antologia Não muito mas muito da poesia segundo o século XX
à margem do sistema editorial brasileiro nomuque edições
A Nomuque Edições, editora fundada por Omar Khouri e Paulo Miranda, em 1974, funcionou à margem do sistema editorial brasileiro e está intimamente ligada à revista Artéria, que editou a partir de 1975. Nomuque = no muque (no braço) existe à medida que existam trabalhos que ela venha a editar e com os recursos provindos dos próprios editores e colaboradores, já que nunca contou com nenhuma forma de patrocínio. Essa atividade editorial ocorre esporadicamente, bem porque, não visando a lucros e não dispondo de infraestrutura empresarial, só poderia mesmo funcionar assim: às vezes – acontecendo de uma publicação ser lançada dez anos após o início de sua impressão, que também tem sido quase sempre feita por seus próprios editores. Estes, além de poetas, são técnicos em serigrafia, programadores visuais, etc (os poucos que se dispuseram e se dispõem a este tipo de trabalho artesanal). Portanto, além de uma editora, a Nomuque é, também, gráfica e, além
da serigrafia, tem utilizado outros processos artesanais de impressão, bem como os industriais. A Nomuque Edições nasceu em Pirajuí, interior de São Paulo, transferindo-se para a capital, onde ainda opera. Do núcleo inicial de editores-colaboradores, composto por Omar Khouri, Paulo Miranda, Luiz Antônio de Figueiredo, Carlos Valero e Zéluiz Valero, hoje permanecem os dois primeiros. Outros, porém, se foram juntando, com maior ou menor atuação: Walter Silveira, Tadeu Jungle, Sonia Fontanezi, Julio Mendonça, Arnaldo Antunes, Fábio Oliveira Nunes. Da repografia e mimeografia, enveredando pelo offset e a serigrafia, passou para a fita magnética (em associação com o estúdio ON, de Carlos Valero) e para a REDE (web). Sem preconceitos. Sem limites: formas sem fôrmas, Artéria, antologias, edições autônomas de poemas, livros. De edições mínimas a 1500 exemplares e à investida no Planeta, com Artéria 8 na Internet. Nomuque Edições: enquanto houver entusiasmo por parte de seus editores.
Texto originalmente publicado no catálogo Edições Nomuque: 30 anos, Senac São Paulo, 2004.
Sessão de impressão serigráfica da revista Zero à Esquerda, realizada na escola ASTER, em 1980;
13
linha do
1975
tempo
1976
1977
1979
1980
1981
1991 1991
1992 1992
2004 2004
2003 2003
2007 2007
2011 2011
artéria 1 (Pirajuí: Nomuque Edições, 1975)
_1232 exemplares. _16 x 23 cm. Offset. Sulfite – Gráfica Souza Reis-Bauru, Capa plastificada. _Planejamento gráfico: Omar Khouri _Capa + 4ª capa: Omar Khouri William Carlos Williams POEM original 2ª capa Iumna Maria Simon e Luiz Antônio de Figueiredo: Tradução POEMA (WCW) 3ª capa _Lançamento no Krystal Chopps – São Paulo, na noite de 15 de julho de 1975. Presentes: Augusto de Campos, Carlos Valero, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Hermelindo Fiaminghi, Luiz Antônio de Figueiredo, Omar Khouri e Paulo Miranda. _Distribuição: de mão em mão, consignação em algumas livrarias e em feiras de publicações marginais, até hoje. Distribuição também gratuita e doações a bibliotecas e museus. Em 1977, a Livraria e Editora Duas Cidades se dispôs a fazer uma distribuição nacional de algumas publicações que estavam à margem do sistema editorial brasileiro e distribuiu ARTÉRIA 1. _Pagou-se, com as vendas, a médio prazo. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores, ou os responsáveis. * O encarte reviravolta, de Paulo Miranda teve uma 1ª tiragem em plast plate, feita numa tipografia de Bauru; considerada insatisfatória pelos editores, mas foi utilizada para o lançamento, donde alguns dos primeiros exemplares a portarem. Logo em seguida foi feita a tiragem na gráfica Souza Reis-Bauru, em offset. O: Ai!cai, de Décio Pignatari, não foi assumido por ele em sua obra completa. Tendo saído o um dos textos de Galáxias em CÓDIGO 2, Haroldo de Campos enviou para ARTÉRIA 1, outro e a Nomuque publicou os dois. A página de Waldeyr de Oliveira deveria estar em negativo, mas, por engano, a seguinte, com poema de Haroldo de Campos é que acabou ficando. O texto de Décio Pignatari ditado a Luiz Antônio de Figueiredo, pelo autor, por telefone: o título deveria ser Franquisténs II.
AUTORES/COLABORADORES: _Paulo Miranda: reviravolta (encarte) _Décio Pignatari: Ai!cai _Zéluiz Vtalero: Pollocklee + seven _ Fotomontagem _Haroldo de Campos: 2 fragmentos: tudo isto tem que ver… e passatempos e matatempos… _Luiz Antônio de Figueiredo: Textocidade para o poeta e tradução de poema de Catulo Carmen XXXII, com a colaboração de Ênio Aloísio Fonda _Carlos Alberto de Figueiredo: Arte e sociedade: manifesto _Décio Pignatari: Incipit _Arnaldo Caiche D’Oliveira: pássaro _Augusto de Campos: traduções: Canção – Guillaume de Poitiers e da Conferência sobre nada – John Cage _Omar Khouri: releitura de Amor Humor, de Oswald de Andrade _Gabriel Emídio Silva: Amor/Humor: o máximo do mínimo _Waldeyr de Oliveira: Videre et non videre _Haroldo de Campos: texto (sic) ruínas _Zéluiz Valero: Cabeça mecânica de Hausmann + Dito + Dito Chorão_ Fotomontagem _Décio Pignatari: Franquisteins II _Luiz Antônio de Figueiredo: PS _Omar Khouri: logotipo da Nomuque Edições _Zéluiz Valero: foto NOB
Paulo Miranda Reviravolta, 1974 Objeto em metal serigrafado, 18 x 18 x 20 cm Silkscreened metal object Publicado em Published in Artéria 1, 1975 Artéria 1, 1975 Revista em offset Offset magazine 23 x 16 cm / 1232 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
16
17
artéria 2 (Pirajuí: Nomuque Edições, 1976)
_1000 exemplares. _24 X 34 cm (envelope + sacola de plástico transparente) _Caderno: 15,5 X 21,5 cm. Offset - Gráfica Souza Reis - Bauru. _Planejamento gráfico: vários. _Capa (envelope - serigrafia): Omar Khouri _Capa (caderno - offset): Julio Plaza _Trabalhos acondicionados no envelope, em diversos formatos: serigrafia, tipografia e offset + etiqueta colocada externamente (carimbo). _Trabalhos serigráficos: Edson - Bauru _Tipografia: Pirajuí _Lançamento: não houve, propriamente, a não ser uma tentativa em Avaré, com público escasso, e em que nenhum exemplar chegou a ser vendido. _Distribuição: de mão em mão, a partir do 1º semestre de 1977, consignação em algumas livrarias e em feiras de publicações marginais, até hoje. Num certo momento (1977), a Livraria Duas Cidades chegou a fazer distribuição nacional de ARTÉRIA 2 (incluindo a de nº 1), assim como de outras publicações da mesma estirpe. Distribuição também gratuita, doação a instituições culturais (bibliotecas, museus, coleções particulares). _Provavelmente não se pagou. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *Dados erros gráficos de responsabilidade dos executores da Souza Reis, os 1000 exemplares do caderno tiveram de ser refeitos e a edição refugada foi destruída. A capa – frente do envelope – não encontrou gráfica que imprimisse o trabalho “Alechinsky-Lichtenstein”, de Julio Plaza, por achar que poderia ter problema com a censura, pois havia, ali, uma conotação erótica ou mesmo pornográfica, alegou-se. O referido trabalho acabou sendo publicado em ZERO À ESQUERDA.
AUTORES/COLABORADORES: ETIQUETA ATADA À SACOLA PLáSTICA: Julio Plaza: ARTE = VERBA CADERNO: _Julio Plaza: Arte: técnica quirúrgica, continua à página 3 _Haroldo de Campos: anamorfose _Luiz Antônio de Figueiredo: chamar-te vulva… _Décio Pignatari: Pessoinhas _Décio Pignatari + Fernando Lemos: Logotipo rejeitado. _Augusto de Campos: Tradução de poema de E. E. Cummings: minha especialidade é viver… _Regina Silveira: São Paulo turístico. Museu de Arte _Luiz Antônio de Figueiredo: mínimas _Zéluiz Valero: Fotografia _Régis Bonvicino: poema ENVELOPE: _Zéluiz Valero: Em caso de qualquer irregularidade… _Carlos Valero de Figueiredo: Hitler X Satie _Cláudio Cortez: mpb 1. Arte-final: Zéluiz Valero _Pedro Osmar: VIDA _José Augusto Nepomuceno: Observo… _Paulo José Ramos de Miranda: E. E. Cummings. não-tradução _Omar Khouri: KITSCHICK! _Walter Franco: o ab surdo não h ouve. Projeto gráfico: Omar Khouri _Pedro Tavares de Lima e Régis Rodrigues Bonvicino: d _Edgard Braga: linotipoema _Omar Khouri: sem título (E DI) _Paulo José Ramos de Miranda: Soneto
Artéria 2, 1976 Revista em offset, serigrafia, tipografia e carimbo Magazine – offset, silk-screen, typography and stamp 34 x 24 cm / 1000 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
18
19
artéria 3 (São Paulo: Editor Carlos Valero, 1977)
_Trata-se de uma caixa (maço) de fósforos, que saiu nas cores vermelho e branco, com impressão ART3RIA em dourado. Iniciativa de Carlos Valero, frente ao impasse da dúvida, depois de ARTÉRIA de nº 2: a revista ainda sairia? Como seria? _38 x 48 x 5 x 2 mm. Foi distribuída aos amigos e contatos vários no ano de 1977. _Tiragem: ? talvez 100 exemplares, sendo que alguns ainda se conservam. *A ideia de Carlos Valero surgiu frente a um certo impasse que se observou com relação à continuidade ou não de ARTÉRIA, cujo nome será retomado com ARTÉRIA 4, uma fita cassete C60, pela Nomuque Edições e Estúdio OM, totalmente editada por Carlos Valero, que reuniu colaboradores contumazes e novos. Um ano antes: BALALAICA. Tinha havido um mal-estar com relação a ARTÉRIA 2 e as adaptações que teve de sofrer para poder ser viabilizada.
20
Artéria 3, 1977 Carteira de fósforos Matchbook 4.5 x 5.5 cm / 100 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
21
balalaica
[O SOM DA POESIA] (São Paulo: Nomuque Edições-Estúdio OM, 1979). _Tiragem: ? (hoje, na internet, em nomuque.net) _Fita cassete C60. Estojo próprio da fita. Capa: BALALAICA: Carlos Valero + folha-índice. _Produção e trabalhos técnicos: Carlos Valero. _Distribuída de mão em mão a partir de 1979. _Lançamento na Livraria Muro, Rio de Janeiro, em 08 de maio de 1980. _Pagou-se, se não se considera o fator trabalho. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *Carlos Valero montou um estúdio caseiro, tendo assistido a gravação da maior parte dos trabalhos. Balalaica já é uma espécie de ARTÉRIA sonora. De qualquer modo, mostrou que uma revista sonora era viável.
22
AUTORES/COLABORADORES: _Villari Herrmann: Sombras / vozes: Paulo Miranda e Omar Khouri _Augusto de Campos: O quasar / Augusto de Campos _Walter Franco: Mamãe d’Água / Walter Franco _Augusto de Camos: Cidade / Augusto de Campos _Omar Khouri: Facturas / Carlos Valero _Augusto de Campos: dias dias dias / Caetano Veloso. _Luiz Antônio de Figueiredo: O dedo de Leda / Radionovela – vários _Décio Pignatari e Gilberto Mendes: beba coca cola – motet em ré menor / Ars Viva _V. Khliébnikov (tradução Augusto de Campos): hoje de novo / Carlos Valero _John Cage (trad. A. de Campos): da Conferência sobre nada / Carlos Valero _Margareth Young (trad. Décio Pignatari): A morte pela raridade / Vários _Omar Khouri: Marta e Romeu: uma estória de morrer / Marlene Avelar e Stela Avelar _Décio Pignatari + Willy Corrêa de Oliveira: Um movimento / Ars Viva _Lewis Carroll (trad. De A. de Campos): Jaguadarte / Paulo Miranda _William Blake (trad. de A. de Campos): A rosa doente / Roberto Ghiotto _Fernando Pessoa: A casa branca nau preta / Carlos Valero _Stéphane Mallarmé (trad. Haroldo de Campos): Um lance de dados / Vários _Oswald de Andrade (versão inglesa: Paulo Miranda): The masses… / Paulo Miranda _Oswald de Andrade: Balada do Esplanada e Erro de português / Oswald de Andrade _Marcial: Mammas… / Omar Khouri _Pedro Kilkerry: É o silêncio / Neoclair Coelho _Bernart de Ventadorn + Augusto de Campos: Intradução / Augusto de Campos _V. Maiakóvski (trad. Augusto de Campos): Balalaica / Stela Avelar
Balalaica, 1979 Fita cassete C60 5 x 3,5 cm C60 cassette tape Produção e trabalhos técnicos: Carlos Valero Production and technical work: Carlos Valero Disponível em available at www.nomuque.net Coleção Omar Khouri Collection
23
artéria 4
(São Paulo: Nomuque Edições-Estúdio OM, 1980) _Tiragem: 100 exemplares. _Estojo em papel Carmen 180 g azul ultramar. 13,7 x 21,5 x 1,1 cm, contendo fita cassete C60 e caderno-índice 21 x 6,8 cm. _Capa: Carlos Valero. Texto interno: Luiz Antônio de Figueiredo. Impressão serigráfica de Paulo Miranda. _Caderno: sulfite 72 g, em reprografia (xerox). _Produção sonora e gráfica: Carlos Valero. _Lançamento na casa de chá Nastassika, em 22 de novembro de 1980. _Distribuição: à época do lançamento, esteve à venda, mesmo para os colaboradores que poderiam comprar 1 e levar duas. A edição original deve ter-se esgotado e outras cópias foram feitas, porém, sem a sofisticação do estojo + caderno-índice, como na primeira tiragem. Em época recente, remasterizada, entrou para o site da Nomuque Edições. _Pagou-se, se não se considera o fator trabalho. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *ARTÉRIA 4, assim como BALALAICA, trouxe uma espécie de radionovela tétrico-erótica.
AUTORES/COLABORADORES: _Oscar Wilde? Poeta / voz de Paulo Miranda _Carlos Valero. Radionovela A vingança do vampiro / vários _Augusto de Campos: Roer… / Carlos Valero _Beatles + Caetano Veloso: Colagem? Beatles + Caetano Veloso _Augusto dos Anjos: Budismo moderno e Mistérios de um fósforo / Beto Xavier + Neoclair Coelho _Sonia Fontanezi: Alice / Paulo Miranda _Anônimo: Circular o desejo proibido / Carlos Valero _Luiz Antônio de Figueiredo: no cúlmen do teu ponto culminante / LAF _Haroldo de Campos: de Galáxias (frag. Inicial) /HC _Stéphane Mallarmé: Soneto em yx / Neoclair Coelho _Walter Franco / Walter Franco _Omar Khouri: Autorretrato em baixo astral / Carlos Valero _E. E. Cummings Quase Cummings / Vinicius Dantas _Carlos Valero + M. McLuhan: Rodapé McLuhan? _Maurizio Prati Trepa dorme / MP _Augusto de Campos: Memos / Júlio Mendonça _Lívio Tragtenberg: Mariceli / piano: LT _Walter Silveira: O dodói da dendeca / WS _Neoclair Coelho e L. A. de Figueiredo: um campo amplo/ Maíza M. Figueiredo _Edgard Braga: Uivoo / Walter Silveira _Carlos Valero: Stalin / Carlos Valero _Paulo Leminski: Você com quem falo / Walter Silveira _Tadeu Junges: Você eu / TJ _V. Maiakóvski (trad. A de Campos) Fragmento… / Maiakóvski + A. de Campos _Carlos Valero: Maristela / Carlos Valero _Paulo Miranda: Poema de valor / vários _V. Maiakóvski (trad. A de Campos) / Carlos Valero _José Lino Grünewald: Onão o putodor / Omar Khouri
Artéria 4, 1980 Fita cassete e encarte em serigrafia e xerox Produção e trabalhos técnicos: Carlos Valero Cassette tape and silk-screen and Xerox insert Production and technical work: Carlos Valero 5 x 3,5 cm / 21 x 13,8 cm / 100 exemplares copies Disponível em available at www.nomuque.net Coleção Omar Khouri Collection
24
25
zero à esquerda (São Paulo: Nomuque Edições, 1981)
_ Tiragem: 500 exemplares. _51,6 x 28,3 x 1,2 cm. Invólucro: caixa de papelão. _Trabalhos soltos em diversos formatos, papéis e técnicas de impressão (serigrafia, offset, tipografia, carimbo). _Impressão: Nomuque (serigrafia: ASTER) e outras. _Idealizadores: Omar Khouri e Paulo Miranda. _Produtores e impressores dos trabalhos serigráficos: Carlos Valero, Júlio Mendonça, Omar Khouri, Paulo Miranda, Sonia Fontanezi, Tadeu Junges, Walter Silveira, Zéluiz. _Capa: Walter Silveira, Paulo Miranda e Sonia Fontanezi. _Lançamento em 06 de maio de 1981, na Discoteca Pauliceia Desvairada, com um evento multimídia. _Distribuição: aos colaboradores, vendas no lançamento e algumas consignações, doações, vendas em feiras de publicações especiais, até hoje. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *ZERO À ESQUERDA foi quase toda impressa no Aster, um centro de estudos de Arte, nas Perdizes-SP, nos anos de 1980 e 81 (parte do 1º semestre). Houve trabalhos em offset feitos fora. O de Villari Herrmann (∞) foi o último a chegar: produzido pelo autor, não coube na caixa-invólucro, que já estava pronta – como a margem em branco excedia, foi aparada e, daí, tudo deu certo. A montagem da revista se deu em casa de Paulo Miranda.
AUTORES/COLABORADORES: _Aldo Fortes: (Sem título) /9º cigarro _Augusto de Campos: Limite _Carlos Valero: Maristela _Carlos Valero: Poesia _Décio Pignatari: Poeminha poemeto poemeu poesseu poessua da flor _Edgard Braga: Sem título _Elcio Carriço: O q está embaixo é como o q está no alto _Haroldo de Campos: Ode (explícita) em defesa da poesia _Haroldo de Campos: Li Tai Poema _Júlio Mendonça: Eclipse _Julio Plaza: Alechinsky-Lichtenstein _Lenora de Barros: Poema _Luiz Antônio de Figueiredo: Exercício cubista _Luiz Antônio de Figueiredo: Soneto (No cúlmen do teu ponto culminante) _Luiz Antônio de Figueiredo e Neoclair João Vito Coelho: P/ os q pensam _Lygia de Azeredo Campos: Adormeço _Lygia de Azeredo Campos: Amortecemeamor _Neoclair João Vito Coelho: Hellás _Omar Khouri: Eu nos amo _Paulo Miranda: Che move il sole _Paulo Miranda: La vie en _Paulo Miranda (e Carlos Valero): A POE M _Regina Silveira: Anamorfa _Renato Ghiotto: Sem título (50135) _Samira Chalhub: Sem título (As praias, as preias, as peias) _Sonia Fontanezi: Atravessa _Tadeu Junges: Justu nu meu! _Tadeu Junges: Passe a mão _Villari Herrmann (e Carlos Valero): Sem título (∞) _Walt B. Blackberry: Cardiografia: coração partido _Zéluiz: Sem título (.)
Zero à Esquerda, 1981 Revista em serigrafia, offset, tipografia e carimbo Magazine – Screen printing, offset typography and stamp 51,6 x 28,2 cm / 500 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
26
27
artéria 5 [FANTASMINHA] (São Paulo: Nomuque Edições, 1991)
_Tiragem: 160 exemplares. _34 X 25 X 1 cm (caixa-invólucro). Capa: duplex, com impressão em branco sobre branco (FANTASMA) e sobrecapa em Kraft com impressão serigráfica em vermelho (ARTÉRIA 5). _Idealização: Omar Khouri e Paulo Miranda. _Projeto da capa: Omar Khouri, Paulo Miranda e Arnaldo Antunes. _Equipe de realização: Arnaldo Antunes, Júlio Mendonça, Omar Khouri, Paulo Miranda, Sonia Fontanezi e Walter Silveira. _Gráfica: Nomuque Edições – oficina de serigrafia. _Lançamento: Mezanino do MASP, com a Exposição Nomuque Edições 17 anos, em 10 de abril de 1991. _Difícil saber se se pagou, pelo menos em 50%, pois foram feitos apenas 160 exemplares, distribuídos a colaboradores (1 para cada) e o restante, vendido e doado. Pelo fato de ter sido totalmente impresso pela Nomuque Edições, em serigrafia, não se computou o fator trabalho, emprestado pela equipe de realização. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *ARTÉRIA 5 / FANTASMA foi pensada em função de ARTÉRIA 6, sendo que o que não entrasse nesta (as colaborações), entraria na outra. E assim foi, com um longo período de gestação.
AUTORES/COLABORADORES: _Adriana Freire: All ways _Aldo Fortes: Sem título (Cage) _André Vallias: Égloga _Arnaldo Antunes: Tudo ou tudo _Arnaldo Antunes: ? _Arnaldo Antunes: ! _Augusto de Campos: ly _Celso Marques: “OM”: variações _Décio Pignatari: Logochicomendes _Décio Pignatari: Bashô: Velha lagoa _Edgard Braga: Ocaos _Erthos Albino de Souza: Ready-made para Caetano _Gastão Debreix: O Sol se mostra ao meio _Gastão Debreix: Varal _Gilberto José Jorge: Exercício nº 1 – Dédalo _Go: ã _Haroldo de Campos: Como ela é _Ivan Cardoso: Sem título _Júlio Mendonça: ADN _Julio Plaza: Sempre há algo na realidade que você não vê _Lenora de Barros: Há vida _Lygia de Azeredo Campos: Ave útero memória. _Omar Khouri: Factura da série oidípous ópsimos _Omar Khouri: Sin palabras _Omar Khouri: ! _Oswald de Andrade: Amor _Paulo Miranda: Il fabbro _Regina Silveira: da série: Corredores para abutres _Regina Vater: Projeto para Performance de sombras _Salvador Martins: Palavra _Samira Chalhub: Amor en carte _Sonia Fontanezi: Azul era o céu de quando eu tinha minha mãe _Sonia Fontanezi: Era briluz (poema-objeto extra-caixa) _Tadeu Jungle: Zoológico _Walt B. Blackberry: Singer _Walt B. Blackberry: Sem título _Zaba Moreau: Sem título
Artéria 5, 1991 Revista em serigrafia Silk-screen magazine 34 x 24 cm / 160 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
28
29
artéria 6 [QUADRADÃO | 31 x 31] (São Paulo: Nomuque Edições, 1992)
_Tiragem: 180 exemplares. _31 X 31 cm. Sulfite 180 (miolo) e cartão (capa). Impressão serigráfica. _Idealização: Omar Khouri e Paulo Miranda. _Projeto gráfico/equipe de realização: Arnaldo Antunes, Júlio Mendonça, Omar Khouri, Paulo Miranda, Sonia Fontanezi e Zéluiz Valero. _Gráfica: Nomuque Edições. _Capa: Paulo Miranda, Arnaldo Antunes e Omar Khouri. _Lançamento: Livraria Augôsto Augusta MIS-SP, em 15 de abril de 1993. _Distribuição: distribuição a colaboradores e vendas, no dia do lançamento e após, pela livraria onde foi lançada, de mão em mão, a partir do 1º semestre de 1993, consignação em algumas livrarias e em feiras de publicações marginais, até hoje (vendas esporádicas). _Difícil saber se se pagou, pelo menos em 50% (provavelmente não), pois foram feitos apenas 180 exemplares, distribuídos a colaboradores (1 para cada) e o restante, vendido e doado. Pelo fato de ter sido totalmente impresso pela Nomuque Edições em serigrafia (em cerca de 10 anos), não se computou o fator trabalho, por parte da equipe de realização. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *ARTÉRIA 6, em verdade, começou a ser pensada em 1981 e foi lançada em 1993. Pode ser considerada a revista de mais longa gestação na história da cultura brasileira. Assim como outras publicações artesanais da Nomuque, ARTÉRIA 6 tem sido muito procurada nos últimos anos.
30
AUTORES/COLABORADORES: _Aldo Fortes: Cummings: não-tradução 2 _Paulo Leminski e João Virmond Suplicy: haiku da cigarra [de Winterverno] _Omar Guedes: Sem título _Betty Leirner: Les êtres lettres _Go: o que digo _Erthos Albino de Souza: Louvação para Pagu _Ivan Cardoso: Cinema _Júlio Bressane: Rio _Ronaldo Azeredo: noite noite noite _Gastão Debreix: Poesia _Lenora de Barros: Eu não disse nada _Samira Chalhub: Destra: ção _Walt B. Blackberry: Banheiro publyko: stylografico punk _Júlio Mendonça: Zero à esquerda _Glauco Mattoso: Dactylogramma sos _Décio Pignatari: solviete para o verão de Maiakóvski _Lúcio Kume: Alvo _Augusto de Campos: Intradução: amorse _Sonia Fontanezi: Pós-imagem para Júlia Fontanezi _Carlos Valero: Albers + Gertrude Stein _Josely Vianna Baptista e Guilherme Zamoner: Noites _Julio Plaza: Pré-dado _Arnaldo Antunes: Sem título _Raider: Soneto para Volpi _Luciano Figueiredo: Bye bye baby… (roda de stills favoritos) _Regina Silveira: Para Lizárraga _Edgar Braga: Cartoonpoem (poema da infância) _Omar Khouri: O que estarão essas crianças fazendo? _Gilberto José Jorge: Logovampiro _Marco Antônio Amaral Rezende: Tela e pele de Isabella Cabral _Paulo Miranda: Correção: Rauschenberg (para Erthos Albino de Souza) _André Vallias: Nous n’avons pas compris Descartes _Tadeu Jungle: O lance do gago _Safo e Haroldo de Campos: Em torno a Selene esplêndida _Maurizio Prati: Sem título
Artéria 6, 1992 Revista em serigrafia Silk-screen magazine 31 x 31 cm / 180 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
31
artéria 7 (São Paulo: Nomuque Edições, 2004)
_Tiragem: 1.000 exemplares. _19 x 28 cm. Papel sulfite, impressão offset. _Capa: Paulo Miranda e Vanderlei Lopes. _Projeto Gráfico: Vanderlei Lopes. _Gráfica: Impressograf _Lançamento no Restaurante SPOT, São Paulo, em 18 de janeiro de 2005. _Distribuição: aos colaboradores, doações, alguma consignação, feiras de edições especiais. _Não se pagou e a editora ainda conserva mais da metade da edição. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *A gestação de ARTÉRIA 7 foi, também, longa: quase 1 década. AUTORES/COLABORADORES: _Editorial (Omar Khouri e Paulo Miranda) _Paulo Miranda: Already-made _Antonio Risério: (Frasis) _Aldo Fortes: Heráclito revisitado _Zéluiz Valero: Pollocklee _Samira Chalhub: Aperto: para Ed _Carlos Rennó: When 2 are in love _Sebastião Nunes: Arte poética _José Augusto Nepomuceno: Sem título _Tadeu Jungle: Autorretratos publicitários car-de-cu _Alice Ruiz: Medo _Erthos Albino de Souza: Homenagem a Glauber Rocha _Raider: Grafito 70 _Go: Sem título _Peter de Brito: Desgaste _J. Medeiros: Life para Signatari _Diniz Gonçalves: Itinerário _Júlio Mendonça: Buraco negro da linguagem _Thiago Rodrigues: Rime _Avelino de Araújo: Soneto cotidianso _João Bandeira: Sem título _Vanderlei Lopes: Ephemeras _Décio Pignatari: Guarda-roupa _Walter Silveira e Fernando Laszlo: Objeto dado _Gastão Debreix: Diálogo _Fernanda Brenner: Sem título _Lenora de Barros: Em forma de família _Edson Pfützenreuter: Luznoite _Fábio Oliveira Nunes: Volátil 32
_Regina Silveira: Latin American puzzle _Tiago Lafer: Dead or alive _Sonia Fontanezi: Teia digital para Edgard Braga _Inês Raphaelian: Roseta byte _André Vallias: Seixo _Haroldo de Campos: D’Amor _Felipe Martins-Paros: Como dizer tudo em grego _Waly Salomão: Tal qual Paul Valéry _Augusto de Campos: Ronda _Giberto José Jorge: Beijo _Walt B. Blackberry: Mamãe consolação _Lívio Tragtenberg: Continuidades _Edgard Braga: Olhos submersos e Retrato de velho _Omar Khouri e Zéluiz Valero: Sem título _Denilson Souza: Sem título _Daniele Gomes de Oliveira: Desafiamos _Arnaldo Antunes: Ver _Gerty Saruê: Sem título _Lúcio Agra: Imantagma: 5 X Signo _Julio Plaza: Sem título _Regina Vater: Antes e depois ou Ontem e hoje _Glauco Mattoso: O jogo da velha (ria) ou A história em quadrinhos _Omar Khouri: readymadenemtanto _Paulo Miranda: Logo Artéria 7 (3ª capa) _Elson Fróes: Sem título (4ª capa)
Artéria 7, 2004 Revista em offset Offset magazine 19 x 28 cm / 1000 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
33
artéria 8 [∞] (São Paulo: Nomuque Edições, 2003…)
www.nomuque.net/arteria8 (Revista digital: Crescente e mutante). _Organização: Omar Khouri e Fábio Oliveira Nunes. _Web designer: Fábio Oliveira Nunes. _No ar desde 2003. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *Entrou no ar antes que fosse concluída e lançada ARTÉRIA 7. AUTORES/COLABORADORES: Editorial: Proteica: uma metamorfose arterial _Alckmar Luiz dos Santos e Gilberto Prado: Memória (Hai-Kai) _Alexandre Azeredo: O seu nu meu _André Vallias: De verso _Arnaldo Antunes: Cresce _Augusto de Campos: Pérolas para Cummings _Avelino de Araújo: (Em breve…?) _Brócolis (Leandro Vieira e Mariana Meloni): Hello _Célia Mello: Eusencontroseusencontros _Daniele Gomes de Oliveira: Êxito _Décio Pignatari: Cri$to é a solução _Diniz Gonçalves: Santos _Edgard Braga: Cartoonpoem (poema da infância) _Elson Fróes: Chaves de ouro _Erthos Albino de Souza: Volat irrevocabile tempus _Fábio Oliveira Nunes: Dúvida à Cuchot _Felipe Paros: Língua universal _Fernanda Brenner: Falsas memórias _Glauco Mattoso: Sonetos plásticos e plasmados _Gregório Graziosi: Masturbação _Haroldo de Campos e Safo: Em torno a Selene esplêndida _Inês Raphaelian: Oroboros _Jorge Luiz Antônio e Regina Célia Pinto: Logo Logos _José Lino Grünewald: Forma _Josiel Vieira: Instável 2060 _Júlio Mendonça: Zoomanosluz _Julio Plaza: TV _Lenora de Barros: See me _Letícia Tonon: Arteriografia _Lúcio Agra: Eu não precisava… _Omar Guedes: Sem título (Folha) _Omar Khouri: Góngora. 1582 a(h)ora. 1990 _Paulo Miranda: La vie en 34
_Pedro Xisto: Epitalâmio II _Peter de Brito: Impressões oftálmicas _Priscilla Davanzo: Kiss: a kiss… un baiser… un bacio _R2 (Thiago R. E Guilherme Ranoya): Nada x nada _Regina Silveira: Descendo a escada _Roland Campos: Cineró(p)tico _Ronaldo Azeredo: Céu Mar _Sílvia Laurentiz: Móbile 3 _Sonia Fontanezi: Edgardigitalbraga _Tadeu Jungle: Tudo pode _Tiago Lafer: Jogo de amarelinha _Vanderlei Lopes: Powderhead _Villari Herrmann: somBRas _Walter Silveira: (Em breve…?) _Zéluiz Valero: Sem título (.)
Artéria 8, 2003 Revista eletrônica Electronic magazine Programação Programming: Fábio Oliveira Nunes Disponível em available at www.arteria8.net
35
artéria 9 (São Paulo: Nomuque Edições, 2007)
_Tiragem: 1000 exemplares. _19 x 28 cm. Sulfite (miolo) e cartão (capa) impressão em offset. _Projeto gráfico e diagramação: Vanderlei Lopes _Capa e 4ª capa: Trabalho de Inês Raphaelian. _Gráfica: Pancrom. _Lançamento na Casa das Rosas, São Paulo, em 15 de dezembro de 2007. _Distribuição: aos colaboradores, doações, alguma consignação, feiras de edições especiais. _Não se pagou e a editora ainda conserva mais da metade da edição. _Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *O excesso de cuidado, por parte dos editores, para evitar transparência tornou a revista difícil de ser manuseada. AUTORES/COLABORADORES: _Inês Raphaelian: The Art (capa e 4ª capa) _Luz del Olmo: 4 Haikus (2ª capa) _Editorial (Omar Khouri e Paulo Miranda) _Ronaldo Azeredo: Velocidade (com comentário de Omar Khouri) _André Vallias: Tradução mais _Roland de Azeredo Campos: Ah Carnot _Décio Pignatari: 2 poemas para uma nova terra _Fábio Oliveira Nunes: Nov(e) _Gerty Saruê: Muro _Fernando Laszlo: Sem título _Eric Rieser: Sem título _Felipe Paros: Alfa blonde e o ômega da minha cabeça _Priscilla Davanzo: Stupid enough _Regina Silveira: Brasil [Brazil] _Fernanda Brenner: Sem título _Marcial, Dr. Ângelo Monaqueu e Prof. Omar Khouri: Mentula tam magna _Anna Barros: Nonamenameno _Tadeu Jungle: Mulher de areia [Ralph Lauren style] _Antonio Lizárraga: A mulher de meia idade _Diniz Gonçalves: Margens de Vênus _Gil Jorge: Sem título _Júlio Mendonça: Para Julio Plaza _Dumas: Sem título _Célia Mello: EUSENCONTROSEUSENCONTROS _Daniele Gomes de Oliveira: Duchampignon 36
_Edgard Braga: Olho objeto _Felipe Paros: Jamais chorar, jamais rir _Erthos Albino de Souza: D’après Baudelaire _Elson Fróes: Sem título _Ivana Vollaro: Portuñol/portunhol _Gustavo Arruda: Fora _Ivan Cardoso: Sem título _K. Kaváfis e Haroldo de Campos: Juliano e os antioquenses [tradução] _Dulce Horta: New York _Julio Plaza: Braquebra _Lúcio Agra: Inscrição rupestre da memória ou Delvaux gráfico _Aldo Fortes: Sem título _Sérgio Monteiro de Almeida: Sem título _Tiago Lafer: Épico _Zéluiz Valero: Eppur si muove _Vinicius de Oliveira: Duchamp _Arnaldo Antunes: Handmade _Jorge Luiz Antonio: A past paper I at final pass _Lenora de Barros: Não me mostre _Thiago Rodrigues: Noite _Ernane Guimarães Neto: Forma _Go: A mínima noite que de cada objeto parte… _Marcos Rogério Ferraz: São tantas as certezas | São tantas as verdades _Augusto de Campos: O datilógrafo [ready made] _Júlio Mendonça: O lugar fora das ideias _Paulo Miranda: Quer ir de táxi? _Carlos Rennó: Fiel a você à minha moda _Glauco Mattoso: Soneto musical _Peter de Brito: Autorretrato _Alice Ruiz: Efêmero _João Bandeira: Suor _Vanderlei Lopes: Árvore _Sonia Fontanezi: Bilhete _Fabiana de Barros: Culture Kiosk, NY _Betty Leirner e Francisco Magaldi + equipe: [do filme] O reino menos o rei _Alexandre Azeredo: Poema a Descartes _Walter Silveira: Lição das férias _Regina Vater: Abaixo do Equador _Letícia Maria Tonon: Carimbo sobre pele _Marcelo Mota: Interrogação _Fernando Angulo: Tríptico objetos urbanos _Gustavo Vinagre: 2 poemas _Gabriel Marzinotto: 8 frames de construção [para Xenakis] _Gastão Debreix: 1,5 m de poesia (3ª capa)
v
37
artéria 10 (São Paulo: Nomuque Edições, 2011)
_Tiragem: 500 exemplares. _Caderno em sulfite, impressão offset PB e capa, com 8 faces e impressão quadricrômica. 17,5 x 25 cm. 64 páginas. _Projeto gráfico e diagramação: Fernando Angulo e Cassiano Tosta. _Gráfica Águia. _Lançamento na Galeria Vermelho/Livraria Tijuana, São Paulo, em 21 de maio de 2011. _Distribuição: aos colaboradores, vendas durante o lançamento, doações, alguma consignação, feiras de edições especiais. _Não se pagou e a editora ainda conserva parte da edição. *Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou os responsáveis. *Quadricromias em offset: capa com 8 faces. AUTORES/COLABORADORES: NA CAPA: _Regina Silveira: Azzurro _Gastão Debreix: Enigma _Erthos Albino de Souza: Poema da série Musa Speculatrix _Marcela Tiboni: em De La Tour _André Vallias: F. Nietzsche: Sobre a Minha Porta – tradução e design _Peter de Brito: Mimese _Tadeu Jungle: Angústia _Sonia Fontanezi: Estudos para Logotipo CORPO DA REVISTA: _Fabiana de Barros: Santa Milla (encarte-santinho) _Editorial (Omar Khouri e Paulo Miranda) _Fernando Laszlo: Luz Preta _Dumas: Kurt Schwitters interpretiert die Ursonate _Dr. Ângelo Monaqueu e Omar Khouri: A beleza não é tudo _Gerty Saruê: Ângulos com A _Regina Vater: Time _Ezra Pound: Em uma estação de metrô. Tradução de Lara Werner _Demósthenes Agrafiotis: Definições. Tradução de Haroldo de Campos _Soraya Braz: Fruição / Micção _Fábio Oliveira Nunes: Poemaparte _Alberto Oliveira: Sem título (da série Hagar). _Júlio Mendonça: Sem título _Anna Barros: Nanopaisagem 38
_Walter Silveira: Vocemia _Célia Mello: Sem título (Hotel Borges) _Anderson Gomes: Sem título _Rafael Trabasso: Tradução Interlingual _Aldo Fortes: Sem título _Décio Pignatari: Logograma _João Bandeira: UR _Daniel Scandurra: Vão _Inês Raphaelian: Amazing Amazon _Elson Fróes: XXX _Gil Jorge: Entrodução _Gustavo Vinagre: receita de sour cream _Diniz Gonçalves: Metálica _Lenora de Barros: Já vi tudo _Frederico Barbosa: O anoitecer das ninfas _Arnaldo Antunes: Inversión _Alexandre Azeredo: Poema à espera de uma música _Edgard Braga: Asas da Noite _Vanderlei Lopes: Sopro _Carlos Rennó: Tendeu? _Paulo Miranda: Falso cognato _Daniele Gomes de Oliveira: Termo de Compromisso _Ivana Vollaro: Sem título _Lúcio Agra: Olho por olho de Haroldo de Campos _Cláudio Daniel: Portão Sete (fragmentos) _Fernando Angulo: Sem título _Lygia de Azeredo Campos: os corpos se juntam _Antonio Lizárraga: de noite _Priscilla Davanzo: Garota do verão _Vinícius Alcadipani: Canto das formigas _Ricardo Coelho: Davi e Narciso _Felipe Paros: Variações ladinas _Augusto de Campos: Profilogramallarmé _Clemente Padín: Canción de protesta nahuatl _Paulo de Toledo: DI(C)(V)E _Glauco Mattoso: Molecada malcriada I, II e III _Pipol: Chapelaria Garcia _Gustavo Arruda: Oriki de Ifá _Alice Ruiz: Baú de guardados _Marie Ange Bordas: (da série) Sem remendo _Jorge Luiz Antonio: Logo logos _Julio Plaza: Sem título _Zéluiz Valero: Walter Franco
Artéria 10, 2011 Revista em offset Offset magazine 18 x 14 cm / 500 exemplares copies Coleção Omar Khouri Collection
39
poesia no muque john cage mostrou que para manter um compromisso precisamos admitir a descontinuidade
nexo: banheiro publyko
a poesia de artéria não é poesia concreta não é poesia visual não chama o nome disso mas as onze edições da revista estão atravessadas por esse compromisso compreensivo com a interdependência nossa com tudo que nos toca que há 60 anos recebeu o nome verbivocovisual
paraporquê viver? ninguém fará isso por nós a gente compreende o passado enquanto faz, agora, o que precisa ser feito
re vira volta re
existe alguma pessoa ou instituição habilitada a afirmar qual o tipo de poesia que deve ser feita agora? ou se trata de afirmar com qual passado a poesia de agora deve estar comprometida? ou podemos entender que certas formas de fazer poesia foram/são mais capazes de descontinuar os compromissos com o que estava/está à sua volta
sabem ler (,) os contemporâneos?
40
os poetas de artéria não são conduzidos a passos cautelosos pelo compromisso com a página em branco com o livro com o desejo de publicar um livro a cada dois anos com a necessidade de construir uma identidade por meio de uma coerência interna perceptível na ocorrência recorrente de determinados temas e formas expressivas com a OBRA
os diversos formatos e mídias que as diferentes edições da revista têm adotado são uma manifestação ao mesmo tempo hiperbólica e natural do seu compromisso com a descontinuidade
signo dos signos, não fico – passo
a consciência de não possuir nada: poesia
omar khouri e paulo miranda sempre chamam as obras dos participantes da revista de trabalhos regina silveira (que é chamada de artista plástica), tadeu jungle (que é chamado de videomaker e poeta), andré vallias (que é chamado de poeta e designer), entre tantos outros, enviaram trabalhos não são poemas? é difícil predizer o futuro disto
se linguagem e mundo não podem coincidir fisicamente no mesmo lugar, diferentes formas de linguagem podem entremear-se e interpenetrar-se
não são as mesmas respostas porque novas perguntas estão sendo feitas cada edição de artéria é uma antologia de respostas im/possíveis
41
mínimo divisor comum: A expressão de um certo modo singular de criação em poesia que ao mesmo tempo que flerta com todas as dimensões do perigo, do heroísmo underground, dos sentidos reversores da contracultura, mesmo sendo a afirmação do que possa haver de melhor no do it yourself, é uma atitude de recusa terminante a tudo que ele possa ter de pior. Essa é, a meu ver, a sofisticada e difícil via da revista Artéria. Nesta perspectiva é uma corajosa incursão na contracultura pela perspectiva da invenção, cujos traços de um discurso “maldito” não se forjam pela semântica, por um anti-conformismo meramente comportamental. As noites infinitas de suor sobre as pranchas de serigrafia e o árduo trabalho que resultou em objetos tão singulares e extraordinários que, em si mesmos, sustentam-se como obras, cada um deles, uma dobradura, um volume, um recorte inusitado, são o exercício das artes marciais na poesia. Com uma disciplina monástica, Omar Khouri e Paulo Miranda forjaram, no tempo, edifícios raros. Non multa sed multum. Ou, na frase proposta pelo próprio duo Nomuque: “não muito mas muito”. A fórmula latina dita a procura por “essências e medulas” ao invés da obra proliferante. Sob o signo de uma economia estética rigorosa, a prática de criação e produção de Artéria é descendende direta de uma das vertentes que a Poesia Concreta legou, sobretudo a partir de sua auto-transformação nos anos 60, quando abandona a ortodoxia do movimento vanguardista e passa a abrir-se como um olhar de referência para a poesia no Brasil e no mundo. Outras vertentes que puxaram a presença do corpo, a pop art, o barroco e muitos outros desdobramentos da arte contemporânea se espraiaram ao longo das décadas seguintes. Artéria seguiu na proximidade daquela posição chamada, às vezes, com certa ingenuidade, de minimalista. Com o passar dos anos, os valores de uma sociedade acelerada e intensamente competitiva deixariam no esquecimento gente que, a exemplo de Marcel Duchamp ou Ronaldo Azeredo, produziam um trabalho a cada muitos anos. Trata-se não tanto de ter muito a dizer do que dizer com muito pouco. Cada elaboração de um vo-
42
artéria
lume de Artéria levava anos a fio. Os intervalos entre os números são surpreendentes1. Seria possível dizer, durante cada época, que aquele seria o último, mas outro logo assomava. A relativa aceleração perceptível a partir do século 21 é, em grande parte, devida à “editoração eletrônica”, às facilidades trazidas pelo mundo digital. Esse último permanece como área de processo e não de resultados, exceto pelo singular número 8, saído em ordem trocada (antes dia 7), e lançado na web em nome da noção de infinito. Uma jóia única, autorada admiravelmente por Fabio Fon, a Arteria 8, com seu desenho de pérolas em círculo sobre um fundo vermelho, fez saltar para a rede mundial de computadores poemas que talvez devessem desde sempre ter sido pensados para o meio digital. Me lembro do caso específico de Koito, de Vilari Hermann que publicamos em 2003 na Córtex, outra dessas revistas de número único que gravitaram em torno da Artéria. Eu, Thiago Soares e Guilherme Ranoya buscamos, de certo modo, tecer uma homenagem ao que outras como Qorpo Estranho, Código, Muda, Polem, Navilouca, Bahia Invenção fizeram Brasil a fora, às vezes com um único evento editorial – como foram os casos de Zero à Esquerda (dentro da própria Nomuque edições), ou Atlas, ou ainda Kataloki. Houve um tempo em que essa atitude de economia e desprezo ao desperdício era de rigueur. Completamente diferente do que se vê hoje no ambiente da poesia, cada vez mais “literário” até mesmo no sentido da quantidade apresentada como qualidade. Nenhum poeta aspirante soltava seu primeiro livro antes de muito meditar e mais ainda burilar. Os radiciais, como alguns da Artéria, jamais fizeram “livros” mas sim poemas-coisa que circularam em revistas não convencionais ou pequenas edições. Na Artéria – como acontece em Código – não se evita o poema com palavras mas é nítido o influxo de uma poesia visual e sônica (vide Balalaica). Há claro interesse por uma proposta de leiaute, uma atenção a cada detalhe do formato. São lendárias as histórias de perdas de exemplares inteiros por conta de pequenos erros nos números serigrafados (como o Quadradão, Artéria 6, relíquia que guardo cuidadosamente no meu acervo
e a cujo lançamento no MIS, nos anos 90, compareci quando ainda nem era amigo de Omar e Paulo)2. Artéria também revela, além de seus editores, Omar Khouri e Paulo Miranda, toda uma geração de sofisticados poetas não verbais, ainda hoje muito pouco “lidos”: Vilari Hermann, Gastão Debreix, Aldo Fortes, Julio Mendonça, Sonia Fontanezi, Zéluiz Valero, André Vallias. Tem a ver com o “pulsar quase mudo” de Ronaldo Azeredo e, além dos irmãos Campos, Décio Pignatari, Arnaldo Antunes, ou seja, nomes conhecidos que comparecem em outras inúmeras publicações, ainda fez cruzar, em seus caminhos Lenora de Barros, Julio Plaza, Edgar Braga, Erthos A. de Souza, ou seja, gerações diversas que se constelam, com os mais jovens, em torno desse núcleo de singularidades, tendo à frente os incansáveis Walter Silveira e Tadeu Jungle, colaboradores desde sempre. No Quadradão (1992) está um fotograma de Ivan Cardoso, um poema visual perfeito, a síntese de boa parte de seu trabalho. Um cinema em si mesma, a revis-
ta-álbum ainda carrega um Rio de Julio Bressane, justo na época em que lançava o seu Tabu, filme-ícone do seu homônimo alemão e da figura de Lamartine Babo, tudo interconectado pela vertigem das analogias. Do Soneto Fita Métrica à Artéria “inferno portátil”, uma caixa de fósforos ou uma fita, uma pasta-portfólio, uma etiqueta (como a de Julio Plaza Arte=Verba, Artéria 2), atravessam-se anos de absoluta pertinácia, de obstinação permanente. Artéria é um diamante sem jaça, polido ao longo de décadas, arestas cuidadosamente alinhadas. Para concluir lembro os grafitos de Walt B. Blackberry, presentes em vários números, em meio a rigorosos exercícios de ortogonalidade, sugerindo uma síntese, aquela mesma que já estava em vários escritos de Haroldo de Campos: “concentração monádica e caos proliferante”. Ou ainda: adesão total à independência de produção e recusa total ao desmantelo, ao desleixo, à frouxidão autocomplacente. Medula e osso, sem dúvida.
Texto originalmente publicado na revista Circuladô, 4a ed., Poiesis/Casa das Rosas, abril de 2016.
1.
2.
Os números 1, 2 e 3 sucedem-se anualmente: 1975, 76 e 77, respectivamente. Balalaica e Artéria4 (ARTERIV) são de 1979 e 80. Zero à esquerda é de 1981. Segue-se um longo intervalo e, em 1991 aparece o número 5 (Fantasma) e o número 6 (Quadradão) no ano seguinte, 1992. Mais outro longo intervalo vai ver surgir o número 8 em 2003, o número 7 em 2004, o 9 em 2007 e o 10 em 2011. Os editores já anunciaram que prosseguirão nessa irregularidade. Devo a Omar Khouri uma correção sobre esse lançamento. Tendo visto a versão anterior desse texto, publicada no dossiê da revista Circuladô (número 4, março 2016 http://casadasrosas.org.br/centro-de-referencia-haroldo-de-campos/revista-circulado) dedicado à revista Artéria, Omar me advertiu de que o lançamento no MASP foi de Artéria5, e não a 6, conforme eu escrevera então. Esta foi lançada no MIS, quando ainda existia ali a filial da Livraria aogosto augusta.
43
Ronaldo Azeredo (colaboração: M. A. Amaral Rezende) Noite noite noite, 1989 Objeto Object 28 x 28 x 28 cm Publicado em Published in Artéria 6, 1992 Coleção Omar Khouri Collection
44
augusto de campos sobre Artéria A revista Artéria, se não me engano, surgiu em 1975. Eu já tinha tido contato com o Omar Khouri um ano antes, e depois também com o Paulinho Miranda, que são os dois criadores dessa publicação. Eles se aproximaram de mim, de Haroldo de Campos e de Décio Pignatari, por conta de uma afinidade de projeto, uma vez que todos nós tínhamos em comum o interesse em torno da poesia de novos media¹, chamada intersemiótica naquela época, e que se expressava, principalmente por conta dos meios de que dispúnhamos, ainda no papel ou através do livro, mas apontando já para novas possibilidades de veículos para a poesia. Nós havíamos lançado a Poesia Concreta, Haroldo, Décio, eu e outros participantes, em 1956 no Museu de Arte Moderna de São Paulo, e vínhamos publicando, desde 1952, algo que se parecia com uma publicação do tipo revista, a Noigandres. Na verdade, não era bem uma revista, era uma revista-livro, ou mais propriamente um compêndio da nossa produção poética. Os primeiros livros de Haroldo e de Décio foram publicados em 1950 pelo Clube de Poesia, foram O Auto do Possesso e Carrossel. No ano seguinte, nós já estávamos desligados do Clube, pois não concordávamos com a orientação do grupo da Geração de 45. O meu primeiro livro O rei menos o reino (1951), por exemplo, já saiu às nossas custas. A Noigandres surgiu justamente dessa necessidade de publicarmos juntos as nossas produções poéticas. Então, a primeira saiu em 1952, a segunda em 1955, a terceira em 1956 já com o subtítulo de Poesia Concreta, e os outros dois números em 1958 e 1962. Criou-se, então, um histórico de uma revista pouco comum que, pela sua continuidade ao longo desse período, trazendo os nossos poemas, marcou época. Já em 1962, surgiu uma outra revista, essa com o sentido mais comum do termo, a Invenção, que saiu concomitantemente com o último número de Noigandres. Nessa revista, já havia uma colaboração mais diferenciada, pois nós resolvemos abrir para outras tentativas ou projetos paralelos não neces-
1. 2.
sariamente ligados à Poesia Concreta. Daí, penso eu, que se construiu, aos olhos daqueles jovens que nos procuraram, o desejo de também publicarem os seus trabalhos nessa mesma linha de revista dedicada especialmente às poéticas experimentais.
revistas na pororoca O Omar Khouri tem uma tese que chegou a ser publicada parcialmente em forma de livro, Revistas na era pós-verso (Ateliê Editorial, 2003), em que ele estuda abrangentemente esse período em que surgiram várias revistas com essa mesma perspectiva experimental. Ele cita, se bem me lembro, no pórtico, uma frase do Paulo Leminski em que ele diz que a melhor poesia da época é a que havia sido produzida nessas revistas de cunho experimental². A primeira que surgiu nessa fase dos anos 1970 foi a revista Código, na Bahia, em fevereiro de 1974, dirigida pelo Erthos Albino de Souza, precursor da poesia digital no Brasil, e pelo Antonio Risério, jovem poeta que tinha 20 anos naquela época. Em seguida, saíram as revistas Polem, do Rio de Janeiro, dirigida pelo Duda Machado, que também era ligado, de alguma forma, ao grupo da Bahia, e finalmente a Navilouca, que teve um único número e que foi lançada em dezembro de 1974, criada pelo Torquato Neto e Waly Salomão. Então, houve aí uma confluência de poetas que provinham também do contato com o grupo poético e musical da Tropicália. O contato que fiz com aquele grupo que trazia uma nova linguagem para a música popular, Caetano, Gil, Torquato e outros, acho que contribuiu para que houvesse uma confluência muito especial de interesse artístico e de propostas de vanguarda entre os que faziam a poesia de ponta nos anos 1950 e 60 e aqueles que emergiam em grande parte da área da música popular, mas também com outras referências. O Paulo Leminski, em uma carta que dirigiu ao Antonio Risério em 1974, fala desse encontro que
Teorizado por Marshall McLuhan, o conceito dos novos media preconizava a ampliação do suporte do livro sob o influxo do mosaico de novas tecnologias como a televisiva, eletroacústica e a da computação gráfica. “As revistas são a obra prima da poesia brasileira”. Paulo Leminski, 1982.
45
desviou o projeto das poéticas brasileiras do eixo Rio - São Paulo e subitamente convergiu para São Paulo Salvador, e que ele chamou de pororoca. Nós conhecemos o Leminski quando ele tinha 18 para 19 anos. Ele tinha seguido para um congresso, a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, em Belo Horizonte, sem ter sido convidado; ele foi porque queria se encontrar com os poetas. E quando eu voltei desse simpósio, dessa reunião de poetas, ele ficou na minha casa. Passou a noite sem dormir lendo Os Cantos (19151962), do Ezra Pound. E daí, começou o contato entre o Leminski e o grupo dos concretos, especialmente comigo, com quem ele tinha uma relação mais próxima. Leminski se considerava praticamente um discípulo dos concretos. De repente, surgiram no mundo das artes Caetano e Gil, da mesma geração que o Leminski, e tomaram muito da nossa atenção. Nós saíamos a campo para defendê-los quando eram atacados por todo mundo. E o Leminski, então, escreve essa carta ao Risério e, em certa altura, ele diz assim: “quando Augusto virou-se para a Bahia, tive uma crise de compreensão, depois entendi e começou então a pororoca”. Quer dizer, houve um desvio que ele achou produtivo e interessante, que era esse encontro inédito, subitamente um intercurso literário poético, que não vinha mais do fla-flu São Paulo – Rio de Janeiro, mas que estabelecia uma conexão inesperada com a Bahia. O Décio diria no final da vida: “movimentos movimentam”. Eu acredito que foi justamente no bojo dessa movimentação dos anos 1970, que se criou, também aqui em São Paulo, uma resposta brilhante para tudo isso: a revista Artéria.
difícil circulação da poesia A poesia nunca foi muito popular. Os jovens poetas sempre encontram dificuldade para publicar o seu trabalho e acabam, eles mesmos, financiando suas edições. Isto é um denominador comum. Agora, no nosso caso, havia um agravante: a Poesia Concreta encontrou uma grande resistência nos meios intelectuais brasileiros, nas universidades e nos próprios jornais, porque era uma poesia muito nova, que abolia ou pelo menos relativizava o uso da sintaxe normal, discursiva, preferindo uma linguagem mais visual. Poemas que eram organizados visualmente através de um projeto tipográfico, por exemplo, eram realmente até difíceis de serem publicados em jornal. Então, a resistência do meio cultural universitário ou convencional foi muito grande. Esse tipo de poesia que fazíamos teve realmente que encontrar um caminho à margem para circular. O meu primeiro livro publicado por uma editora 46
comercial foi o Viva Vaia, em 1979. Eu tinha 48 anos. Até então, só havia publicado particularmente em edições de autor, inclusive Poemóbiles (1974) e Caixa preta (1975), com Julio Plaza. O primeiro de nós ligados à Poesia Concreta a publicar um livro foi o Haroldo, Xadrez de Estrelas, que saiu em 1976. Nos anos ‘70, eu frequentava muito a livraria Duas Cidades, que ficava no centro de São Paulo. Inclusive levava sempre os livros de autores e as revistas que fazíamos para serem vendidos lá. Era uma forma de distribuição, quando não eram distribuídas de mão em mão. A verdade é que essas revistas, em grande parte, eram dadas e não vendidas. Eu frequentava muito a livraria, até que um dia, o dono, vendo que havia certo interesse por parte da clientela, me propôs reeditar a Teoria da Poesia Concreta, que tinha saído apenas como edição de autor também. Eu me lembro que, preocupado com essa inviabilidade de divulgação dos nossos poemas, propus a ele que editasse primeiro o livro do Décio. O Décio era quatro anos mais velho do que eu, eu também não tinha livro editado, mas achei que o do Décio deveria ser primeiro, já que o Haroldo tinha conseguido a edição com a Perspectiva em 1976. Então, eu propus uma troca: editamos a Teoria da Poesia Concreta, se editarem o livro do Décio. E assim foi: Poesia Pois é Poesia saiu em 1977 e, em seguida, o meu Viva Vaia. Veja: se eu tinha 48 anos na época, o Décio tinha mais do que 50. Imagine, para ter o seu primeiro livro de poesia lançado por editora comercial! Então, só por esses exemplos, já se percebe a dificuldade que era fazer circular essa poesia. E mais, as edições de autor que fazíamos eram pequenas. Por exemplo: o número 1 de Noigandres teve apenas 300 exemplares. O número 2, por causa dos poemas reproduzidos em até 6 cores, teve apenas 100 exemplares, dos quais meia dúzia se estragou, pois era composição manual e problemas de registro inviabilizaram alguns exemplares. Então, pouca gente teve acesso. Somente a número 5, Antologia, é que teve 1000 exemplares, já em 1962. Foram essas revistas como a Artéria que nos acolheram. Poderiam não ter acolhido, poderiam ter publicado só a obra dos jovens. Mas havia uma afinidade de projeto literário muito grande entre nós. Fomos acolhidos por essas revistas e nossa produção toda fluiu através delas. Foi muito importante para nós e para os nossos trabalhos também. Nós não tínhamos espaço nos jornais, alguma coisa passava pelo suplemento literário do Estado de São Paulo, e tivemos, por um certo período, no ano de 1960 (de 17 de janeiro de 1960 a 26 de fevereiro de 1961), uma página semanal no Correio Paulistano mas, em geral, era muito difícil o escoamento da nossa produção. Ela realmente fluiu, em grande parte, através de revistas como Artéria.
era da internet A linguagem digital e o instrumental fornecido pelos computadores veio colocar à mão dos poetas tudo aquilo que a gente imaginava nos anos 1950. Eu tenho uma introdução ao Poetamenos (1953), conjunto de poemas em cores, que comecei a publicar produzindo numa máquina de escrever com carbonos coloridos etc. Na época, eu pensava: “quando teremos o instrumental que têm os filmes de cinema, os luminosos...?”, e imaginava os poemas em grandes letras na cidade etc. Mas não tínhamos nada disso à mão. Então, tentávamos projetar no futuro. Imagine, nem a televisão era em cores. Havia só o cinema e por ali nós sonhávamos. Não se suspeitava, àquela altura, da revolução que seria a informática. Artéria se adaptou a essa nova realidade e procurou tirar partido disso, tendo feito um número também na linguagem da informática (Artéria 8, 2003). Tudo isso é importante, mas eu acho que hoje ainda se investe muito pouco em criatividade nessa área digital. Na literatura, existe toda uma dialética que é difícil de acompanhar, ainda mais para os contemporâneos. É difícil fazer uma avaliação precisa ou justa, mas acho que houve um retrocesso em relação ao que produziram essas revistas experimentais. Em duas décadas houve um refluxo, uma linguagem mais moderada, mais normativa e isto muito por conta do que se chamou de pós-moderno, que é uma expressão literariamente pouco precisa e que muitas vezes mesmo abriga uma espécie de retrô-moderno, ao invés de pós-moderno. Parece ter havido uma fuga das lingua-
gens mais problemáticas, que buscam aventurar-se por caminhos ainda não percorridos. É sempre mais cômodo você trabalhar produzindo belos poemas, boas obras dentro de um leito já conhecido. Acho que houve um certo refluxo para uma poesia mais conservadora e, mesmo as revistas que surgiram mais recentemente, são revistas interessantes, de bom nível, mas são mais ecléticas, não têm aquela paixão da aventura poética. São revistas mais conformadas. Muito bem feitas, mas em poucas vejo a prática ou a vontade de partir pra novos rumos. A internet, hoje, acaba sendo praticamente um refúgio dos poetas. Atualmente, eu só publico na internet. Tem a Cronópios, a Musa Rara, a Zunái, que são revistas de poesia e literatura que abrigam a produção nova na web. E talvez a mais ousada delas, a Errática, dirigida pelo André Vallias, que é uma figura muito presente na prática das novas linguagens. Os meus últimos poemas têm sido publicados quase sempre na internet, dentro dessas revistas. Vários desses poemas do meu último livro Outro (Perpectiva, 2015) foram publicados originariamente na web, alguns com animação digital. Pensei em fazer um cd-rom, mas isso também já está em desuso, abdiquei da ideia e simplesmente indiquei no final do livro o endereço eletrônico dos poemas que têm correspondentes em animação digital. Vários deles eu já coloquei direto no Youtube, como eu digo em um dos meus poemas, atualizando Mallarmé e atualizando a mim mesmo na série Tvgrama (1988), em que eu fazia uma certa brincadeira: Ah mallarmé (...) tudo existe para acabar em 47
tv. Agora eu fiz a errata, que é o Tvgrama 4 erratum: Ah mallarmé (...) já pairas sobre o sub, tudo existe para acabar em youtube³.
invenção como projeto Em todas as fases de recursos tecnológicos, o que sempre dirigiu a utilização das técnicas, seja da serigrafia, da holografia ou mesmo do vídeo, foi uma questão de projeto. Enfatizada talvez pela postura do grupo dos poetas concretos, a sua sequência ou a sua descendência em São Paulo se voltou especialmente para o interesse em novas linguagens. Mas há outras formas de fazer poesia, essa não é a única, pelo contrário, a maioria da produção poética é feita em termos mais subjetivos, as pessoas querem expressar as suas emoções, às vezes com resultados muito bonitos, mas sem a preocupação de explorar novos caminhos. Acho que é um tipo de postura poética. O Ezra Pound tinha uma classificação para os poetas: os inventores, que são aqueles preocupados com as novas linguagens, os mestres e os diluidores, que escrevem mais ou menos na linguagem do período. Não quer dizer que uns sejam melhores do que outros, mas todo mundo almeja ou ser mestre ou ser inventor, não é? O Mário Faustino, que era um grande poeta e intelectual da minha época, dizia com muito humor que queria ser mestre, os concretos tomaram a linha dos inventores, mas ele não tinha essa pretensão. Queria ser mestre, porém, se tivesse que ser um diluidor, que fosse, então, um diluidor útil! Acho que tudo é uma questão projetual. Eu não sei dizer porque razão, mas parece que essa ideologia de buscar o experimental ficou mais agregada aos grupos de São Paulo, que derivaram da aventura da Poesia Concreta, que, por sua vez, foi precedida por outra grande aventura que a foi a dos modernistas de 1922, com Oswald de Andrade à frente. Criou-se uma certa anti-tradição em São Paulo, e que teve reflexo na Bahia, por conta dos inovadores da música popular. A Tropicália, por exemplo, enfrentou uma situação semelhante à dos concretos: produzir coisas novas a custo da incompreensão geral, ou então, não produzir nada. A paixão por perseguir novas formas, até inaceitáveis e combatidas. Eu penso que essa coisa vem mesmo como uma questão de projeto: ou se tem ou não se tem. Você até pode fazer coisas boas e tal, mas sem ter essa caraterística de invenção. A linguagem propriamente está à disposição de todos e aceita qualquer tipo de produção. Mas a linguagem que se empenha em explorar regiões desconhecidas da poética é também uma preferência. Eu prefiro. 3.
48
Veja em: http://www.erratica.com.br/opus/98/index.html
poemas publicados em artéria Eu sempre entregava à Artéria as minha últimas e supostamente melhores produções. Entregava somente o que eu tinha feito de novo. Em grande parte, os poemas foram publicados pela primeira vez nessas revistas experimentais e especialmente em Artéria. O poema Profilogramallarmé (2009), por exemplo, só foi publicado na Artéria 10 e na minha antologia francesa, organizada pelo Jacques Donguy, quando fiz 80 anos, em 2011. Aliás eu nem teria onde publicar, pois eu não tenho acesso aos jornais. Agora que lancei o meu novo livro Outro (Perspectiva, 2015) e que ganhei um prêmio internacional (Prêmio Iberoamericano de Poesia Pablo Neruda), eventualmente pode ser que publiquem algumas coisas minhas por aí. Apesar dos muitos anos de trabalho literário e poético, eu não sou requisitado pelos jornais para publicar poemas, ainda mais nos últimos tempos, em que os jornais encolheram suas áreas dedicadas à literatura. Hoje, eles tratam mais propriamente de divertimento, muito pouco de literatura e menos ainda de poesia. Até os anos 1990, você tinha publicações como o Folhetim, que era um caderno, ou tabloide, em que a última página era reservada à poesia. Eles mandavam buscar na minha casa um poema pronto, às vezes em cores, que eu entregava já diagramado e era publicado. Muitos poemas que foram até objetos de polêmica, como o Poema bomba (1983) ou o Pós-tudo (1984), saíram pela primeira vez em jornal, mas hoje isso não é mais possível. Com relação a essas revistas experimentais, eu não era consultado e nem participava da organização de nenhuma delas, apenas com a Qorpo Estranho (19761982) aconteceu algo estranho. Quando me chamaram, o Julio Plaza e o Regis Bonvicino, eu não quis participar da revista. Achei que ia ficar muito visado e eu sou muito rigoroso com negócio de poesia, não gosto nem da minha, difícil gostar da dos outros. No final, acabei ficando como uma espécie de consultor e alguns números fiz inteiros praticamente só com o Julio. Mas de Artéria eu nunca participei na produção, apenas mandava minhas colaborações e confiava nos jovens. Como dizem os jogadores de futebol de hoje: eu dava o melhor de mim! Eles é que faziam a festa. Eu me sentia inteiramente familiarizado, fazia parte daquela família! Tudo me interessava. Me lembro com muita admiração de números particularmente diferentes como Zero à Esquerda (1981), que foi uma publicação até fora da Artéria, ela não foi numerada como Artéria, mas era uma caixa de poemas soltos. Lembro do seu lançamento espetaculoso, foi um happening!
Minha memória poderá fazer injustiça a muita gente, mas um poema que me vem logo à cabeça quando penso em Artéria é aquele soneto da fita-métrica, do Paulinho Miranda (Soneto, 1975, publicado em Artéria 2, 1976). Esse é um dos hits sem dúvida! Mas são muitos, tudo que saia me interessava imediatamente, fazia parte da minha vida artística, estava tudo ligado.
diálogo e continuidade Eu entendo que o que ocorreu aqui em São Paulo, com as revistas Artéria, Qorpo Estranho e outras que apareceram divulgando esse tipo de poesia experimental, foi um fenômeno muito particular e que até hoje não foi bem compreendido. No final das contas, o que veio a emergir mais na superfície foi a poesia que ficou conhecida como poesia marginal, aquela em que as pessoas faziam um livrinho mimeografado e levavam para vender nos bares. Era uma poesia mais fácil, mais vulgar, que não enfrentava problemas novos de linguagem e que se tornou popular e logo foi prestigiada pelos setores universitários. Basta lembrar que a primeira antologia dos poetas marginais, 26 poetas hoje (1976), foi lançada na PUC-Rio pela professora Heloisa Buarque de Holanda. Eu nunca vi movimento de vanguarda ser lançado por universidade, quer dizer, já era uma coisa suspeita. Mas foi essa a poética prestigiada pelo establishment. Em geral, era uma poesia muito conservadora do ponto de vista estético. Artéria era outra coisa: era de um experimentalismo radical. Eu penso que até hoje não foi bem compreendido o papel que essas revistas exerceram como promotoras de novas linguagens e de projetos de ponta. Inclusive, muitas vezes Artéria saiu do formato do livro, investindo em meios diversos de apresentação dos poemas, como caixa de poemas soltos, grafias diferenciadas e até cassetes. Houve dois números de Artéria (Balalaica, 1979, e Artéria IV, 1980) com produção sonora, tendo ênfase em novos experimentos vocais. Era realmente uma coisa nova que se procurava fazer com a poesia e o som. Essas revistas de poesia mais experimental duravam pouco, em geral. Às vezes, tinham um único número, como foi o caso da Navilouca ou da Polem. A Artéria é das poucas que conseguiram, ao logo do tempo, se manter. E no meio das maiores dificuldades. Eu me lembro que eles faziam serigrafia em apartamento... Não sei como conseguiam! Era uma atividade de uma abnegação muito grande e de uma grande generosidade, que é uma característica mesmo dessas revistas todas. Quando se faz uma revista, em vez de se estar batalhando pelo seu nome em particular, por sua obra in-
dividual, você está abrindo para o concurso de outros artistas, muitas vezes até em prejuízo da própria obra. Este foi o caso, por exemplo, do Erthos Albino de Souza, que nunca teve livro publicado. Ele financiava e publicava o dos outros. Eu diria que esse diálogo com os jovens foi muito importante para nós. Isso permitiu que sobrevivêssemos intelectualmente durante décadas. Porque o acesso aos grandes meios de publicação sempre foi muito difícil. Era mais fácil publicar traduções de poesia, mas não tanto poemas novos. Até porque havia casos em que era indispensável um trabalho gráfico especial, que um jornal ou uma publicação mais comum não admitiria. Então, justamente esse diálogo com as revistas foi essencial para a continuidade do nosso trabalho poético. Com elas, pudemos travar um diálogo criativo e, por muito tempo, essas revistas foram o primeiro veículo de publicação de novos poemas. Realmente é surpreendente e é excepcional que a Artéria tenha sobrevivido e ainda esteja em atividade. Isso é um trabalho meio que feito graciosamente, mais por amor à causa do que por outra coisa. Eu acho que Artéria pertence a essa estirpe, que eu vejo como uma nobre estirpe de revistas, como a Código e tantas outras, que caminham realmente em um percurso paralelo, à margem. E especialmente Artéria que, aos 40 anos, continua viva! Promete até um novo número, o 11, se não me engano! Eu não me lembro a quantos números chegou a Código, acho que foram 12... Vamos chegar lá certamente! Vamos chegar ao 13, desconfio. São Paulo, 24 de julho de 2015. Entrevista concedida a Bruna Callegari para o documentário “Artéria 40 anos”. Estavam presentes Lygia de Azeredo Campos, Omar Khouri, Rafael Buosi e Lorena Pazzanese.
Augusto de Campos é poeta, tradutor, ensaísta, crítico de literatura e música. Nascido em 1931, em São Paulo, publicou o seu primeiro livro de poemas, O rei menos o reino, em 1951. No ano seguinte, com seu irmão Haroldo de Campos e Décio Pignatari, lançou a revista Noigandres, origem do grupo que iniciou o movimento internacional da Poesia Concreta no Brasil. A maioria dos seus poemas acha-se reunida em Viva Vaia (1979), Despoesia (1994) e NÃO (com um CDR de seus clip-poemas, 2003). Outras obras importantes são Poemóbiles (1974) e Caixa Preta (1975), coleções de poemas-objetos em colaboração com o artista plástico e designer Julio Plaza. Seu último livro, Outro, foi lançado em 2015. 49
Augusto de Campos Profilogramallarmé, 2009 Poema em offset, Offset poem, 18 x 28 cm Publicado em Published in Artéria 10, 2011 Próximas páginas: Zéluiz Valero Pollocklee + seven, anos 70 1970’s Fotomontagem Photomontage Publicado em Published in Artéria 1, 1975 Haroldo de Campos Fragmento de Excerpt from Galáxias, anos 60 1960’s Poema em offset, Offset poem , 23 x 16 cm Publicado em Published in Artéria 1, 1975
51
52
53
Zéluiz Valero e Décio Pignatari Cabeça Mecânica + Dito Chorão & Franquisténs II, anos 70 1970’s Fotomontagem e poema em offset, 46 x 16 cm Photomontage and offset poem Publicado em Published in Artéria 1, 1975
Omar Khouri Auto-retrato em baixo astral Poema em offset, 16 x 23 cm Offset poem Publicado em Published in Artéria 1 , 1975 Página ao lado: Oswald de Andrade e Omar Khouri AH!, 1974 Print digital a partir de offset, 29x21cm Digital offset printing Publicado em Published in Artéria 1, 1975
56
Zéluiz Valero e Décio Pignatari Cabeça Mecânica + Dito Chorão & Franquisteins II, anos 70 1970’s Fotomontagem e poema em offset, 46 x 16 cm Photomontage and offset poem Publicado em Published in Artéria 1, 1975
57
Décio Pignatari Ai!cai, anos 70 1970’s Poema em offset, 23 x 16 cm Offset poem Publicado em Published in Artéria 1, 1975
58
Gastão Debreix Diálogo, anos 90 1990’s Serigrafia sobre papel, 80 x 60 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 7, 2004 Coleção Gastão Debreix Collection
60
Gastão Debreix Poesia, 1991 Serigrafia sobre papel, 80 x 60 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 6, 1992 Coleção Espaço Líquido Collection
61
Gastão Debreix 1,5 m de poesia, 1996 Serigrafia sobre papel , 85 x 40 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 9, 2007 Coleção Gastão Debreix Collection
62
Paulo Miranda Soneto, 1975 Serigrafia sobre papel, 21 x 32 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 2, 1976 Coleção Paulo Miranda Collection
63
Omar Khouri E DI, 1976 Serigrafia sobre papel, 23 x 30 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 2, 1976
64
Omar Khouri Participação de Participation by Carlos, Stela & cia & co. Eu nos amo [I love us], 1980 Print digital a partir de serigrafia, Silk-screen digital printing, 32 x 29 cm Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981 Édipo tardio... [Late Oedipus…], 1983 Print digital a partir de serigrafia, Silk-screen digital printing, 32 x 29 cm Publicado em Published in Artéria 5, 1991 O que estarão essas crianças fazendo? [What are these children doing?], 1982 Print digital a partir de serigrafia, Silk-screen digital printing, 32 x 29 cm Publicado em Published in Artéria 6, 1992
65
Zéluiz Valero Sem título, 1980 Impressão digital a partir de serigrafia, 100 x 50 cm Digital printing Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981 Coleção Paulo Miranda Collection
66
João Bandeira Sem título, anos 90 1990’s Serigrafia sobre papel, 71 x 51 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 7, 2004 Coleção Omar Khouri Collection
67
Neoclair Vito Coelho Hellás, anos 70 1970’s Print digital a partir de serigrafia, 31 x 16 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981
68
Luiz Antônio de Figueiredo Exercício cubista, anos 70 1970’s Print digital a partir de serigrafia, 31 x 31 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981
Elcio Carriço O que está embaixo é como o que está no alto, 1980 Print digital a partir de serigrafia, 31 x 31 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981
69
Villari Herrmann Sem título, 1980 Print digital a partir de impressão em offset, 47 x 27 cm Screen print on paper Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981 Coleção Paulo Miranda Collection
70
André Vallias Nous n’avons pas compris Descartes, 1991 Serigrafia sobre papel, 31 x 31 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 6, 1992
71
Carlos Valero Arbers + Gertrude Stein, 1980 Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
72
Décio Pignatari Solviete para o verão de Maiakovski, 1983 Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
73
Safo & Haroldo de Campos Em torno a Selene esplêndida, s.VII-VI a.c. / Anos 60 1960’s Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
74
Augusto de Campos Intradução: amorse, 1985 Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
75
Ivan Cardoso Cinema, s.d. undated Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
76
Julio Mendonça Zero à esquerda, 1981 Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
77
Tadeu Jungle O lance do gago, dez. 82 jan. 83 dec. 82 jan. 83 Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
78
Edgard Braga Cartoonpoem (poema da infância), 1974 Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
79
Sonia Fontanezi Céuazul, 1988 Print digital a partir de serigrafia, 31 x 31 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 5, 1991
80
Erthos Albino de Souza Louvação para Pagu, 1982 Serigrafia, 32 x 32 cm Silk-screen Publicado em Published in Artéria 6, 1992 Coleção Omar Khouri Collection
81
Paulo Miranda Correção: Rauschenberg, 1985 Serigrafia sobre papel, 31 x 31 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 6, 1992
82
Maurizio Prati Sem título, 1982 Print digital a partir de serigrafia, 50 x 50 cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
83
Gô O que digo, 1983 Print digital a partir de serigrafia, 31 x 31cm Silk-screen digital printing Publicado em Published in Artéria 6, 1992
84
Lenora de Barros Eu não disse nada, 1990 Serigrafia sobre papel , 31 x 31 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 6, 1992
85
Gil Jorge Logovampiro, 1984 Serigrafia sobre papel, 31 x 31 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 6, 1992
86
Samira Chalhub Destra: ção, 1991 Serigrafia sobre papel, 31 x 31 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 6, 1992
87
Walt B. Blackberry Banheiro publyko: stylografico punk, 1982 Série de 6 serigrafias sobre papel, 75 x 60 cm Series of 6 screen prints on paper Publicado em Published in Artéria 6, 1992 Coleção Espaço Líquido Collection
88
Walt B. Blackberry Nexo, 1981 - 2013 Escultura em ferro, 90 x 146 x 15cm Iron sculpture Publicado em Published in Artéria 5, 1991 Coleção Espaço Líquido Collection
89
Walt B. Blackberry Cardiografia, 1980 Serigrafia e objeto em acrílico, 53 x 27 cm Painted calligraphy and acrylic object Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981
90
Tadeu Jungle Zoológico, julho 1982 Print digital a partir de serigrafia, 60 x 40 cm Digital Printing Publicado em Published in Artéria 5, 1991
91
Walter Franco O ab surdo não houve, 1975 Adesivo a partir de serigrafia, 70 x 70 cm Silk-screen die-cut sticker Publicado em Published in Artéria 2, 1976
92
Alice Ruiz Efêmero, 2005 Adesivo a partir de offset, 120 x 120 cm Offset sticker Publicado em Published in Artéria 9, 2007
93
Arnaldo Antunes ! ?, 1988 Serigrafia sobre papel, 10 x 14 cm Screen print on paper Publicado em Published in Artéria 5, 1991
94
Julio Plaza Sem título, anos 80 Adesivo de recorte a partir de offset, 110 x 70 cm Offset die-cut sticker Publicado em Published in Artéria 10, 2011
95
Lygia de Azeredo Campos Adormeço, Janeiro 1978 Adesivo de recorte a partir de serigrafia, 103 x 33,9 cm Silk-screen die-cut sticker Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981
96
Lara Werner Tradução de: Ezra Pound Em uma estação de metrô, 2009 Adesivo a partir de offset, 125x60cm Offset sticker Publicado em Published in Artéria 10, 2011
97
Thiago Rodrigues Noite, 2004 Adesivo a partir de offset, 200 x 63 cm Offset sticker Publicado em Published in Artéria 9, 2007
Ivana Vollaro Portuñol/portunhol, 2004 Pôster a partir de offset, 40 x 60 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 9, 2007
100
Gerty Saruê Ângulos com A, 2006 Pôster a partir de offset, 40 x 60 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 10, 2011
101
Inês Raphaelian Roseta byte, 1994 Pôster a partir de offset, 40 x 60 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 7, 2004
102
Soraya Braz Fruição / Micção, 2010 Pôster a partir de offset, 40 x 60 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 10, 2011.
103
Julio Plaza Pré-dado, 1976 Pôster a partir de offset, 40 x 40 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 6, 1992
104
Glauco Mattoso O jogo da velha(ria) ou a história em quadrinhos, anos 90 1990’s Pôster a partir de offset, 42 x 34 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 7, 2004
105
Clemente Padín Canción de protesta nahuatl, 2007 Pôster a partir de offset, 40 x 60 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 10, 2011
106
Júlio Mendonça Buraco negro da linguagem, 1991 Pôster a partir de offset, 60 x 28 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 7, 2004
107
Julio Mendonça Sem título, 2010-2015 Print digital sobre vidro, 70 x 65 cm Digital printing on glass Publicado em Published in Artéria 10, 2011
108
Edgard Braga Linotipoema, anos 70 1970’s Print digital a partir de serigrafia, 25 x 32 cm Digital printing Publicado em Published in Artéria 2, 1976
109
Regina Silveira Corredores para abutres, 1982 Adesivo a partir de serigrafia, 75 x 122 cm Silk-screen sticker Publicado em Published in Artéria 5, 1991
110
Regina Silveira Anamorfa, 1980 Print digital a partir de serigrafia, 36 x 24 cm Digital printing Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981
111
Fernando Laszlo Luz preta, 2010 Metacrilato, 60 x 40 cm Publicado em Published in Artéria 10, 2011 Coleção ICCo Collection
112
Vanderlei Lopes Ephêmeras, 2004 Papel queimado, 22,5 x 31 cm Burned paper Publicado em Published in Artéria 7, 2004 Coleção Omar Khouri Collection
113
Fernando Laszlo e Walter Silveira Dado, 1997-98 Objeto, 6,5 x 6,5 x 6,5 cm Object Publicado em Published in Artéria 7, 2004 Coleção Fernando Laszlo Collection
114
Paulo Miranda Reviravolta, 1974 Objeto em metal serigrafado, 18 x 18 x 20 cm Silkscreened metal object Publicado em Published in Artéria 1, 1975 Coleção Espaço Líquido
115
Sonia Fontanezi Atravessa, anos 70 1970’s Placa de metal, 40 x 20 cm Metal plate Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981 Coleção Paulo Miranda Collection
116
Aldo Fortes Sem título (Cage), anos 70 1970’s Placa adesivada, 1,7 x 1,25 m Sticker Publicado em Published in Artéria 5, 1991
117
Fábio Oliveira Nunes Volátil, 2004 Pôster a partir de offset, 50 x 35 cm Poster Publicado em Published in Artéria 7, 2004
118
Ricardo Coelho Davi e Narciso, set. 2008 Fotografia, 40 x 35 cm Photograph Publicado em Published in Artéria 10, 2011
119
Dumas Seixas Kurt Schwitters interpretiert die Ursonate, 2010 Reprografia e guache sobre papelão, 30 x 38 cm cada - série com 8 Reprography and gouache on cardboard paper Publicado em Published in Artéria 10, 2011 Coleção Omar Khouri Collection
120
121
Zéluiz Valero Pollocklee, anos 70 Print digital, 50 x 60 cm Digital printing Publicado em Published in Artéria 7, 2004 Coleção Paulo Miranda Collection
122
Julio Plaza Sem título, anos 80 1980’s Pôster a partir de offset, 60 x 40 cm Offset poster Publicado em Published in Artéria 7, 2004
123
Renato Ghiotto 50135, 1980 Montagem fotográfica, 31 x 23 cm Photomontage Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981 Arte final: Zéluiz Valero Coleção Omar Khouri Collection
124
Lúcio Agra Olho por olho de Haroldo de Campos, 1990 Colagem, 30 x 45 cm Collage Publicado em Published in Artéria 10, 2011
125
Lenora de Barros Poema, 1980 Fotografia, 16 x 63 cm Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981 Foto-realização: Fabiana de Barros Coleção Omar Khouri Collection
126
Lenora de Barros Em forma de família, 1994 Fotocolagem , 48 x 70 cm Photo collage Publicado em Published in Artéria 7, 2004
127
Daniele Gomes de Oliveira Duchampignon, 2005 Print digital Publicado em Artéria 9, 2007
128
Vanderlei Lopes Sopro, 2010 Série de duas fotografias, 40 x 23 cm Series of two photographs Publicado em Published in Artéria 10, 2011
Célia Mello Eusencontros, 1991 Série de fotografias, 30 x 24 cm Publicado em Published in Artéria 9, 2007 Coleção Omar Khouri
130
Na página ao lado: Peter de Brito Mimese, 2005 Série de três fotografias, 25 x 38 cm Series of three photographs Publicado em Published in Artéria 10, 2011
131
Peter de Brito Autorretrato, 2005 Pôster 1,3 x 1 m Poster Publicado em Published in Artéria 9, 2007 Coleção Espaço Líquido Collection
132
Arnaldo Antunes Ver, 2004 Fotografia, 71 x 47,5 cm Photography Publicado em Published in Artéria 7, 2004
133
colaboradores de artéria
134
collaborators
.Adriana Freire
.Ênio Aloísio Fonda
.Josiel Vieira
.Alberto Oliveira
.Eric Rieser
.Júlio Bressane
.Alckmar Luiz dos Santos
.Ernane Guimarães Neto
.Júlio Mendonça
.Aldo Fortes
.Erthos Albino de Souza
.Julio Plaza
.Alexandre Azeredo
.Fabiana de Barros
.Lara Werner
.Alice Ruiz
.Fábio Oliveira Nunes
.Leandro Vieira
.Anderson Gomes
.Felipe Paros
.Lenora de Barros
.André Vallias
.Fernanda Brenner
.Letícia Tonon
.Anna Barros
.Fernando Laszlo
.Lívio Tragtenberg
.Antonio Lizárraga
.Fernando Lemos
.Luciano Figueiredo
.Antonio Risério
.Francisco Magaldi
.Lúcio Agra
.Arnaldo Antunes
.Gabriel Emídio Silva
.Lúcio Kume
.Arnaldo Caiche D’Oliveira
.Gabriel Marzinotto
.Luiz Antônio de Figueiredo
.Augusto de Campos
.Gastão Debreix
.Luz del Olmo
.Avelino de Araújo
.Gerty Saruê
.Lygia de Azeredo Campos
.Beto Xavier
.Gilberto José Jorge
.Maíza M. Figueiredo
.Betty Leirner
.Gilberto Prado
.Marcela Tiboni
.Caetano Veloso
.Glauco Mattoso
.Marcelo Mota
.Carlos Rennó
.Go
.Marco Antônio Amaral Rezende
.Carlos Valero de Figueiredo
.Gregório Graziosi
.Marcos Rogério Ferraz
.Célia Mello
.Guilherme Ranoya
.Mariana Meloni
.Celso Marques
.Guilherme Zamoner
.Marie Ange Bordas
.Cláudio Cortez
.Gustavo Arruda
.Marlene Avelar
.Cláudio Daniel
.Gustavo Vinagre
.Maurizio Prati
.Clemente Padín
.Haroldo de Campos
.Neoclair Coelho
.Décio Pignatari
.Inês Raphaelian
.Omar Guedes
.Daniel Scandurra
.Iumna Maria Simon
.Omar Khouri
.Daniele Gomes de Oliveira
.Ivan Cardoso
.Paulo de Toledo
.Denilson Souza
.Ivana Vollaro
.Paulo Leminsky
.Diniz Gonçalves
.J. Medeiros
.Paulo Miranda
.Dulce Horta
.João Bandeira
.Pedro Osmar
.Dumas
.João Virmond Suplicy
.Pedro Tavares de Lima
.Edgard Braga
.Jorge Luiz Antônio
.Pedro Xisto
.Edson Pfützenreuter
.José Augusto Nepomuceno
.Peter de Brito
.Elcio Carriço
.José Lino Grünewald
.Pipol
.Elson Fróes
.Josely Vianna Baptista
.Priscilla Davanzo
sobre os
editores
.Rafael Trabasso .Raider .Regina Célia Pinto .Regina Silveira .Regina Vater .Régis Bonvicino .Renato Ghiotto .Ricardo Coelho .Roberto Ghiotto .Roland Campos .Ronaldo Azeredo .Salvador Martins .Samira Chalhub .Sebastião Nunes .Sérgio Monteiro de Almeida .Sílvia Laurentiz .Sonia Fontanezi .Soraya Braz .Stela Avelar
Os editores da revista Artéria, Paulo Miranda e Omar Khouri. Maio, 2015 The editors of Artéria Magazine, Paulo Miranda and Omar Khouri. May 2015.
Omar Khouri
Nasceu em Pirajuí (SP/Brasil) em 1948. Formado em História e Mestre e Doutor em Comunicação e Semiótica. Pintor, passou a praticar poesia a partir de 1974. É co-editor de Artéria e tem poemas publicados em Qorpo Estranho, Muda, Caspa, Kataloki, Atlas e outras. Participou de inúmeras exposições de poesia visual, no Brasil e em outros países. Promotor de eventos, co-fundador da Nomuque Edições, impressor e estudioso de poesia. Professor universitário, vive e trabalha em São Paulo.
.Tadeu Jungle .Thiago Rodrigues .Tiago Lafer .Vanderlei Lopes .Villari Herrmann .Vinícius Alcadipani .Vinicius Dantas
Paulo Miranda
Nasceu em Pirajuí (SP/Brasil) em 1950. Estudioso de poesia e poeta, desde a infância. É co-editor de Artéria e tem veiculado sua produção em publicações coletivas: Corpo Extranho, Almanak 80, Kataloki (Almanak 81), Atlas (Almanak 88) e outras. Participou de inúmeras exposições de poesia visual, no Brasil e em outros países. É, também, promotor de eventos, co-fundador da Nomuque Edições e impressor-serígrafo. Vive e trabalha em São Paulo.
.Vinicius de Oliveira .Waldeyr de Oliveira .Walter Franco .Walter Silveira .Waly Salomão .Willy Corrêa de Oliveira .Zaba Moreau .Zéluiz Valero
135
english version
long live artéria!
CAIXA
is
a
Brazilian
public
enterprise
that
distinguishes itself by its respect to diversity by promoting campaigns, programs and actions among its employees, focused on disseminating ideas, knowledge and respect to the diversity of gender, race, sexuality and all diferences that characterize society. CAIXA is also one of the major supporters of Brazilian culture. Only in 2015, we invested R$ 76 million in 539 projects throughout Brazil, visited by 931.000 Brazilians. 2016 will be more R$ 75 million to sponsorship of cultural projects in its own exhibition halls and other galleries, emphasizing visual art exhibitions, theatrical productions, dance performances, musical shows, and theatrical and dance festivals throughout the country as well as Brazilian handcrafts. The sponsored projects are selected via public notices, a CAIXA option to provide more accessibility to producers and artists all over the country, making the investments of the company’s resources more transparent to society. Sponsoring the exhibition Artéria 40 years is investing in the plurality of the contemporary artistic languages. In this way, CAIXA contributes toward the promotion and diffusion of national culture reciprocuting to society the trust and support received over its 155 years of activities in the country and effective partnership in the development of our cities. To CAIXA life requires more than a bank. It requires investment and effective participation in the present, commitment to the future and creativity to achieve the best
Our first contact with Artéria Magazine was about 5 years ago, thanks to the poet Walter Silveira, of whom we were holding an individual exhibition. At his house, he showed us Zero à Esquerda, a cardboard box from where individual silk-screen poems sprung. During the preparation of that exhibition, we had the chance to go over Quadradão and Fantaminas, other editions of Artéria, and even better, to meet its creators, Paulo Miranda and Omar Khouri, incredible poets, tireless producers and extremely generous people. That was when we felt like developing a project that would revive the history of the magazine and disseminate that great achievement to a larger audience! Always independent and still active, Artéria published the best of Brazilian experimental (or intersemiotic) poetry from the 1970s until today. Throughout its 40 years, it has launched 12 editions, assuming many different formats, means and production techniques: From offset notebook to interactive online magazine, from cassette tape to poetry box. It has published precious works, gathering more than 100 artists concerned about the visual aspects of their works that used a large variety of codes and languages. Some names that took part in Artéria: Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo, José Lino Grünewald, Julio Plaza, Regina Silveira, Arnaldo Antunes, Tadeu Jungle, Walter Silveira, Lenora de Barros and others. Featuring more than 80 works by 60 artists, the exhibition aims at reflecting Artéria’s experience, exploring different media, formats and techniques: stickers, objects, stencils, audios and videos. One of the treasures of the exhibition is the making of video of Zero à Esquerda, made by Tadeu Jungle and Walter Silveira and shown only once during the magazine’s launch in 1981, in the former nightclub Pauliceia Desvairada, in São Paulo. The video demonstrates how the magazine was produced, manually (no muque), presenting its collaborators and poems. We also digitized every edition of the magazine, creating a data bank with information on the authors, dates and techniques used in each work published. The attendees will have access to 40 years of publications, in their entirety, on a touch screen platform, being able to search and manipulate the poems as they wish. It is a transforming shock with the language and its thousands of possibilities, a Homeric undertaking, and a slap in the face of Poetry. You cannot escape Artéria unscathed. We would like to thank every poet who participated in the exhibition, especially the curators Paulo and Omar for their trust and generosity. Long live Artéria!
results for the Brazilian people.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 136
Bruna Callegari and Rafael Buosi Espaço Líquido - Design and execution
the artéria phenomenon Much has been said about the importance of magazines to the dissemination of poetic, artistic and theoretical works, both in Brazil and abroad, especially since the emergence of Modernisms in the early twentieth century. The difficulties in editing these publications have also been discussed, even more recently, when technical advances led to a reduction in prices and a proliferation of small newspapers, periodicals (not necessarily regular), poems in single editions, fanzines, etc. That is, considering paper-based formats, without entering the realms of new technologies with non-material tools or considering how easy it is to have a blog, for example, which can, most of the time, contain materials from a single individual. Magazines or assumed magazines - because here, most of them did not manage to maintain something essential, which is the periodicity, and barely reached number 3 – are synonymous with collective publications and that’s where the name is based on. There are rare examples of magazines that made it to the 10th number or even surpassed it, as it was the case of Código-Bahia and Artéria. One of the things that Julio Plaza always said and called attention to was how things became easier at some point, leading to the actual proliferation of publications on the margins of the Brazilian publishing system, in our case. From the early 70s to the 90s, there has been a whole series of technological innovations, to which Artéria was not indifferent. At the same time, old technologies continue to exist and offer quite efficient services in the field of Graphic Arts. A magazine exists (those that do not receive subsidies and strive for boldness and experimentation) while there is some enthusiasm on the part of those who are truly involved, as Mário da Silva Brito wrote addressing the Klaxon case. Therefore, some magazines resist and insist, sometimes for decades after their first numbers because those who are closely involved with their production still believe in group work. Artéria is a special case, because, so far, there have been only 10 editions + 2 with different names, and it has undergone a metamorphosis over time. Some numbers had double or triple names (numbers 5 and 6), and some, due to an urge for change, were given other names, such as the Balalaica cassette tape and the poetry box Zero à Esquerda, so we consider the magazine to have reached number 12. Even with its will to change, the possible non-repetition, Artéria kept its core collaborators, as few magazines do, bringing experienced experimenters and young poets together. Artéria belongs to the generation of magazines that emerged as from the first half of the 70’s, in part heirs of the concretists Noigandres and Invenção, in part open to further research, at a time conventionally called Postmodernity and that Haroldo de Campos considered the Post-Utopian period. Some of these magazines are worth mentioning, such as Navilouca, Polem, Código, Invenção Bahia,
Artéria, Poesia em Greve, Qorpo Estranho, Muda, Viva Há Poesia, Atlas, and a few others. At that time, we still lived under a military dictatorship, which implied censorship, but that had almost no impact on experimental magazines, as opposed to political avant-garde publications. Anyway, we all lived in fear, including us from Artéria. Would Artéria, as well as other publications of the same kind, be a “magazine” or an “anthology”? That is the first question that arises when the publication is examined as a whole - from the 1st number (1975) to the 10th + Balalaica (1979) and ZERO À ESQUERDA (1981) – seeing that there was neither regular periodicity nor a fixed format, a habitual format, a single media being used, a single name. Classifying the publication has never been something that worried us, although it would be more appropriate to call it “anthology”, as mentioned several times by Augusto de Campos. Artéria and many other similar publications, which circulated as from the first half of the 70’s, have always been called “magazines” by its creators and collaborators. However, they do not follow the traditional concept of magazine. Especially Artéria, since being mutable was one of its main characteristics: It has circulated as a notebook with an insert, bag, box, cassette tape, website, notebook again, and has even changed names on the way. In order to talk about Artéria, we have to link it to Nomuque Publishing, a publisher founded by us 41 years ago (1974), in Pirajuí, and that has always operated on the margins of the Brazilian publishing system, not being registered as an official publishing company, running the risk of losing its name. Nomuque = using the muscles, the muscular force, physical work, as there are jobs that have been published thanks to resources provided by the publishers-collaborators themselves. The publisher has never counted on external sponsors - at first, as a matter of principle, then from force of habit. This publishing activity would take place quite sporadically because, not aiming at generating profit and not having a corporate infrastructure, it could only work like that. Sometimes, a publication would be released ten years after the beginning of its printing process, which, by the way, sometimes was carried out by its publishers, who in addition to being poets, were (are) screen printing technicians, visual programmers, etc. (the few who were and are willing to do this kind of craftwork). Although, nowadays, the craftwork has been put aside, giving way to the offset, which, by the way, has been present since Artéria’s first edition. More than a publisher, Nomuque is a printing company, and in addition to screen printing techniques, it has used, over the last 40 years, both handmade and industrial printing process. Nomuque Publishing (originally nomuque, publishing) was born in Pirajuí, countryside of São Paulo State, and then transferred to the capital of the state, where it still operates. There are advantages and disadvantages in this operating structure: on the 137
one hand, we have complete freedom for everything and there is no danger of the company being declared insolvent, seeing that, legally, it does not exist. On the other hand, the costs end up burdening the few who are willing to save part of their salary for the publisher’s expenses, and the most serious issue: the distribution of the little material that is edited and that, inevitably, gets stuck in someone’s house, someone willing to keep it. Artéria began to be thought of in 1974, since we felt the need for a collective publication (we still take much more pleasure in publishing our work in collective vehicles, rather than separately: Collective poems as opposed to independent poems). The name: a real find (ready), because, in addition to being positive, the word artéria (artery) contains art in it. After having seen Polem and Código that year, and Navilouca (a little bit later), we realized that the idea of a poetry magazine was feasible. Then, by talking and getting in contact with the Figueiredo brothers (Luiz Antônio, Carlos and Zéluiz), we explored this possibility and number 1 was released in 1975, in collaboration with concrete poets (who have promptly sent us unpublished works) - Augusto de Campos, Décio Pignatari and Haroldo de Campos. The launch took place on July 15 at Krystal Chopps, in the neighborhood of Perdizes, with our presence, and the presence of guests such as Luiz Antônio de Figueiredo, Carlos Valero, Hermelindo Fiaminghi, Décio Pignatari, Haroldo and Augusto de Campos). Artéria 2 has gone through a crisis, as some of its organizers wanted something daring in terms of media, while others pondered about what would be financially viable, and the magazine was produced, with some minor changes in the initial design, but keeping its boldness. It was released in 1977, but registered in 1976, year in which it was almost ready. There were only some details to be done (the case, a bag, has caused some problems until done, since Julio Plaza’s work - Alechinsky-Lichtenstein – was seen as dangerous by printing companies; its publication had to be postponed and the envelope’s cover had to be redone). The magazine showed, in this edition, its mutable character (it had already shown signs on edition number one, which included an insert: the poem “Turnabout” [Reviravolta] by Paulo Miranda). Having a different format that could not simply be displayed on a shelf, it was refused by some bookshops, which used to receive our magazines on consignment, with exception to Duas Cidades that handled a national distribution in 1977, just like it did with ARTÉRIA 1 and 138
other publications of the same kind. The Figueiredo brothers - Luiz Antônio and Carlos –, among those involved with the Artéria’s process, were the ones who strongly insisted that the magazine’s format should not remain the same. Number 3 never existed - a matchbox featured the name Artéria 3 on it: ART3RIA – produced by Carlos Valero (de Figueiredo). Number 4 was produced by Nomuque Publishing together with OM studio, with design and execution by Carlos Valdero, and consisted on a case, containing a booklet with technical specifications for a C60 cassette tape. Such booklet could be seen independently as a magazine, as it was graphically exquisite (although the reproduction – 100 copies only - was reprographic: Xerox) and it all came inside a blue case, with a screen print in white. It is important to remember here that Artéria IV was preceded by BALALAICA (which was also designed and executed by Carlos Valero and both cassettes are now available on the internet, at nomuque.net), another C60 cassette tape; they were released in 1979-80, which by the way, was before the fever of the so-called “sound poetry”, in Brazil. The innovation in the tapes was not in the fact that it had recorded poems, something that had happened for decades, but in the fact that it was a collective sound poetry work: a sound magazine, containing even what we could call ‘radio soap opera’. At that point, Walter Silveira, Sonia Fontanezi, Tadeu Jungle and Júlio Mendonça were already part of the production team, which would also be joined by Arnaldo Antunes (who also engaged in other publications and in the field of popular music, as we know). On May 6, 1981, a big box with poems printed using different printing processes: Zero à Esquerda, was launched in a multimedia show at Pauliceia Desvairada disco. This Nomuque magazine was not named Artéria. Nomuque has carried out other projects, while trying to make Artéria 5 (Ghost) viable. It was launched, at last, at MASP’s mezzanine, in 1991, with a big “commemorative” exhibition to celebrate the publisher’s 17th anniversary. Artéria 6 (Big Square) 31 x 31 was only released in 1993, at Augôsto Augusta-MIS. Artéria 6 had the longest pregnancy in the history of Brazilian culture: It was first thought of in 1981, started to be printed in 1983 (screen printing such as number 5) and was launched only ten years after that. In all that time, several magazines were thought of and even designed; however, the costs made them impracticable
(one of them would be the biggest magazine in Brazil - in A2 paper size - and the other would feature big posters - 66 x 96 cm - with poems on them). Then, we produced Arteriaset in offset (AR7ERIA – Artéria 7) – another long gestation period – and obviously, there was something singular about it: the magazine got ready in 2004, after Artéria 8, which had been available online since the second half of 2003. We put it online in 2001, with Fábio Oliveira Nunes, who has also made the drawings of Artéria 8, Sígnica, a collection of poems, especially poems from university students – IA – UNESP – FACOMFAAP and PUC-SP). On the internet, it is not necessary to use the numbers 1, 2, 3, as the publication is, by nature, expandable and mutable. Visual arts have always been present in Artéria (which has kept its original publishers, with some members leaving and joining the group over time) and have become more evident over the years, culminating in magazines number 5 and 6. We have produced number 9, maintaining approximately the same format of number 7, and prepared number 10, which was launched in 2011. Not to mention number 11 and 12. Artéria fits the tradition of magazines focused on propagating a more experimental poetry production, a constructive formalism (without being derogatory), such as, Noigandres, Invenção, Navilouca, Polem, Código (which was edited in Salvador-Bahia by Erthos Albino de Souza and lasted for 12 numbers: a true phenomenon!), Poesia em Greve, Qorpo Estranho, Kataloki, Zero à Esquerda, Atlas etc. Some of them had one edition only. Artéria persists and I think that, currently, it is the only magazine in Brazil to care for the visual aspect and experimental poetry. What causes a publication (which is not exactly a magazine according to the dictionaries) to survive for decades despite everything? We would say that is the love for poetry and the conviction that this work is necessary, and maybe, more importantly, the joy there is in giving life to a collective publication, since there are those who prefer collective publications than periodical collections of their own works, even if the progress is considerable over the years. ARTÉRIA is still alive after 40 years and it seems like it will stay like that for a long time. XAIPE!
about the
editors
Omar Khouri
was born in Pirajuí (SP, Brazil) in 1948. He has a Bachelor’sdegree in History and both a Master’s and a Doctor’s degree inCommunication and Semiotics. Originally a painter, he started producingpoetry in 1974. He is the co-editor of ARTÉRIA and had his poemspublished in QORPO ESTRANHO, MUDA, CASPA, KATALOKI, ATLAS and other periodicals. He has also participated in numerous visual poetry exhibitions both in Brazil and abroad. Promoter, cofounder of NomuqueEdições, printer, student of poetry and university professor, he lives and works in São Paulo.
Paulo Miranda
was born in Pirajuí (SP, Brazil) in 1950 and has been both a poet and a student of poetry since his childhood. Coeditor of ARTÉRIA, he had his work published in collective periodicals, such as: CORPO EXTRANHO, ALMANAK 80, KATALOKI (ALMANAK 81) and ATLAS (ALMANAK 88) and participated in numerous visual poetry exhibitions both in Brazil and abroad. Paulo Miranda is also a promoter, cofounder of Nomuque Edições and screen printer. He lives and works in São Paulo.
Omar Khouri and Paulo Miranda. São Paulo, March 2015. 139
ARTÉRIA 1 (Pirajuí: Nomuque Edições, 1975)
ARTÉRIA 2 (Pirajuí: Nomuque Edições, 1976)
_1232 copies. _16 X 23 cm. Offset. Bond paper – Souza Reis Printing Company - Bauru, Laminated Cover. _Graphic design: Omar Khouri _Cover + back cover: Omar Khouri William Carlos Williams POEM – original – inside front cover Iumna Maria Simon and Luiz Antônio de Figueiredo: Translation POEMA (WCW) inside back cover _Magazine Launch at Krystal Chopps - São Paulo, in the evening of July 15, 1975. Attendees: Augusto de Campos, Carlos Valero, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Hermelindo Fiaminghi, Luiz Antônio de Figueiredo, Omar Khouri and Paulo Miranda. _ Distribution: from hand to hand, consignment to some bookstores and in marginal publication fairs until now. Free distribution and donation to public libraries and museums as well. In 1977, the Library and Publisher Duas Cidades volunteered to handle a national distribution of some publications that were on the margins of the Brazilian publishing system, including ARTÉRIA 1. _It paid for itself with the sales in the medium term. _Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it.
_1000 copies. _24 x 34 cm (envelope + transparent plastic bag) _Notebook: _15.5 X 21.5 cm. Offset - Souza Reis Printing CompanyBauru. _Graphic design: several. _Cover (envelope – screen printing): Omar Khouri _Cover (notebook – offset): Julio Plaza _Works included in the envelope, in different formats: Screen printing, typography and offset + external label (stamp). _Screen printing works: Edson, Bauru _Typography: Pirajuí _Launch: There was not an actual launch, except for an attempt in the city of Avaré, with few attendees, where no copy was sold. _Distribution: from hand to hand, starting from the first half of 1977, on consignment in some bookstores and in marginal publication fairs, until now. At some point (1977), Duas Cidades Bookstore handled a nation distribution of ARTÉRIA 2 (including Number 1), as well as of other publications of the same type. Free distribution and donation to cultural institutions (libraries, museums, private collections). It probably has not paid for itself. _Assignment of copyrights by the authors or those responsible for it.
*The insert Reviravolta, by Paulo Miranda was printed in plast plate in Bauru font. The editors have considered it unsatisfactory, but it was used at the launch, where some of the first copies were handed. Soon after, the edition was printed at Souza Reis-Bauru printing company, in offset. O Ai!cai, by Décio Pignatari was not acknowledged by him in his complete works. A one of Galaxias’ text was part of CÓDIGO 2, Haroldo de Campos sent another text to ARTÉRIA 1 and Nomuque published both of them. Waldeyr de Oliveira’s page should have been negative, but by mistake, the following, with Haroldo de Campos’s poem ended up being negative. As for Décio Pignatari’s text, dictated to Luiz Antônio de Figueiredo, by the author, over the phone, the title should have been Franquisténs II.
*Due to graphical errors made by Souza Reis’ executors, the 1000 copies of the booklet had to be reproduced and the rejected edition was destroyed. As for the cover – front of the envelope – no printing company would print the “Alechinsky-Lichtenstein”, work by Julio Praza, as they thought they could have problems of censorship due to an alleged erotic and even pornographic connotation. This work ended up being published in ZERO À ESQUERDA.
AUTHORS/COLLABORATORS. .Paulo Miranda: Turnabout (Reviravolta) (insert) .Décio Pignatari: Ai!cai .Zéluiz Valero: Pollocklee + seven. Photomontage. .Haroldo de Campos: 2 fragments: all this has to do with… (tudo isto tem que ver...) and pastimes and timekillers… (Passatempos e matatempos…) .Luiz Antônio de Figueiredo: Catullus poem Carmen XXXII, in collaboration with Ênio Aloísio Fonda. .Carlos Alberto de Figueiredo: Art and Society (Arte e sociedade): manifest .Décio Pignatari: Incipit .Arnaldo Caiche D’Oliveira: Bird (Pássaro) .Augusto de Campos: translations: Song (Canção) – Guillaume de Poitiers and Conference about nothing (Conferência sobre nada) - John Cage .Omar Khouri: reinterpretation of Love Humor by Oswald de Andrade .Gabriel Emídio Silva: Love/Humor: the maximum of the minimum .Waldeyr de Oliveira: Videre et non videre .Haroldo de Campos: text [sic] ruins .Zéluiz Valero: Hausmann’s Mechanical Head + Dito + Dito Chorão photomontage .Décio Pignatari: Franquisteins II .Luiz Antônio de Figueiredo: PS .Omar Khouri: Nomuque Edições Logo .Zéluiz Valero: NOB photo
140
AUTHORS/COLLABORATORS. LABEL ATTACHED TO A PLASTIC BAG: Julio Plaza: ARTE = VERBA. BOOKLET: .Julio Plaza: Art: surgical technique (Arte: técnica cirúrgica), continues on page 3. .Haroldo de Campos: anamorphosis (anamorfose) .Luiz Antônio de Figueiredo: call you vulva… (chamar-te vulva) .Décio Pignatari: Little people (Pessoinhas). .Décio Pignatari + Fernando Lemos: Rejected logotype. .Augusto de Campos: Translation of a poem by E. E. Cummings: my specialty is living… (minha especialidade é viver…) .Regina Silveira: Touristic São Paulo. Art Museum. .Luiz Antônio de Figueiredo: minims (mínimas). .Zéluiz Valero: Photograph. .Régis Bonvicino: poem. ENVELOPE: .Zéluiz Valero: In case of any regularity (Em caso de qualquer irregularidade…) .Carlos Valero de Figueiredo: Hitler X Satie. .Cláudio Cortez: mpb 1. Final art: Zéluiz Valero: .Pedro Osmar: LIFE (VIDA). .José Augusto Nepomuceno: I observe… (Observo…) .Paulo José Ramos de Miranda: E.E Cummings. Non-translation. .Omar Khouri: KITSCHICK! .Walter Franco: there was no absurd (o ab surdo não h ouve). Graphic design: Omar Khouri: .Pedro Tavares de Lima and Régis Rodrigues Bonvicino: d. .Edgard Braga: linotypepoem (linotipoema) .Omar Khouri: No title E DI (sem título E DI) .Paulo José Ramos de Miranda: Sonnet.
ARTÉRIA 3 (São Paulo: Publisher: Carlos Valero, 1977)
ARTÉRIA 4 (São Paulo: Nomuque Edições - OM Studio, 1980)
_A matchbox (pack), which was released in red and white, with ART3RIA printed in gold. Initiative of Carlos Valero, due to the deadlock reached after ARTÉRIA 2: would there be more numbers? How would them be? _38 X 48 X 5 X 2 mm. It was distributed to several friends and contacts in 1977. _Circulation: ? maybe 100 copies, some of which are still preserved.
>Circulation: 100 copies. >Case in 180g ultramarine blue Carmen Paper. 13.7 x 21.5 x 1.1 cm, containing C60 cassette tape and index notebook 21 x 6.8 cm. >Cover: Carlos Valero. Internal text: Luiz Antônio de Figueiredo: Screen printing by Paulo Miranda. >Notebook: Bond paper 72g, reprography (Xerox). >Sound and graphic production: Carlos Valero. >Launch at Nastassika teahouse on November 22, 1980. >Distribution: at the time of the launch, it was for sale, even for collaborators, who could buy one and take two. The original edition must have been sold out and additional copies were made; however, without the sophistication of the case + index notebook as in the first edition. Recently, it was remastered and published on Nomuque Edições’s website. >It paid for itself, if we do not consider the work factor. >Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it.
*Carlos Valero’s idea emerged due to a deadlock over the continuity of ARTÉRIA, whose name will be resumed with ARTÉRIA 4, a C60 cassette tape by Nomuque Publishing and OM Studio, fully edited by Carlos Valero, gathering both habitual and new collaborators. One year before: BALALAICA. There had been an unease about ARTÉRIA 2 and the adaptations that had to be made in order to make it viable.
BALALAICA: THE SOUND OF POETRY (São Paulo: Nomuque Publishing - OM Studio, 1979). >Circulation: ? (now online, at nomuque.net) > C60 cassette tape. Cassette’s case. Cover: BALALAICA: Carlos Valero + index-paper. >Production and technical works: Carlos Valero. >Hand to hand distribution as from 1979. >Launch at Muro Bookstore, Rio de Janeiro, May 8, 1980. >It paid for itself, if we do not consider the workforce. > Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it. *Carlos Valero set up a home studio, and watched most of the work being recorded. Balalaica is a kind of sound ARTÉRIA. Anyway, the sound magazine was proven to be viable. AUTHORS/COLLABORATORS. .Villari Herrmann: Shadows / voices: Paulo Miranda and Omar Khouri. .Augusto de Campos: The quasar / Augusto de Campos. .Walter Franco: Water momma (Mamãe d’Água) / Walter Franco. .Augusto de Campos: Cidade / Augusto de Campos. .Omar Khouri: Facturas / Carlos Valero. .Augusto de Campos: days days days (dias dias dias) / Caetano Veloso. .Luiz Antônio de Figueiredo: Leda’s finger (o dedo de Leda) Radio soap opera – several. .Décio Pignatari and Gilberto Mendes: Drink coke (beba coca cola) motet in D minor /Ars Viva. .V. Khliébnikov (translation by Augusto de Campos): again today / Carlos Valero. .John Cage (transl. A. de Campos): a conference on nothing / Carlos Valero. .Margareth Young (transl. Décio Pignatari): Death due to rarity (A morte pela raridade) / Several. .Omar Khouri: Marta and Romeu: A killing history (Marta e Romeu: uma estória de morrer) Marlene Avelar e Stela Avelar. .Décio Pignatari + Willy Corrêa de Oliveira: A movement (Um movimento) / Ars Viva. .Lewis Carroll (transl. by A. de Campos): Jaguadarte / Paulo Miranda. .William Blake (translation by A. de Campos): The sick rose (A rosa doente) / Roberto Ghiotto. .Fernando Pessoa: The white house black boat (A casa branca nau preta) / Carlos Valero. .Stéphane Mallarmé (transl. Haroldo de Campos): A throw of dice / Several. .Oswald de Andrade (English version: Paulo Miranda): The masses… / Paulo Miranda. .Oswald de Andrade: The lay of Esplanada and Portuguese error (Balada do Esplanada e Erro de português) / Oswald de Andrade. .Marcial: Mammas… / Omar Khouri. .Pedro Kilkerry: It is the silence / Neoclair Coelho. .Bernart de Ventadorn + Augusto de Campos: Intranslation (Intradução) Campos. .V. Maiakóvski (transl. Augusto de Campos: Balalaica / Stela Avelar.
*ARTÉRIA 4, just like BALALAICA, contained a kind of lurid-erotic radio soap opera. AUTHORS/COLLABORATORS. .Oscar Wilde? Poet / Paulo Miranda’s voice. .Carlos Valero. Radio soap opera Revenge of the vampire (A vingança do vampiro) / others. .Augusto de Campos: Gnaw… (Roer…) / Carlos Valero. .Beatles + Caetano Veloso: Collage? (Colagem?) Beatles + Caetano Veloso: .Augusto dos Anjos: Modern Buddhism and Mysteries of a match (Budismo moderno e Mistérios de um fósforo) / Beto Xavier + Neoclair Coelho. .Sonia Fontanezi: Alice / Paulo Miranda. .Anonymous: Circulate the forbidden desire (Circular o desejo proibido) / Carlos Valero. .Luiz Antônio de Figueiredo: In the culmen of your high point (no cúlmen do teu ponto culminante) / LAF .Haroldo de Campos: from Galaxies (Galaxias) (initial excerpt) / HC. .Stéphane Mallarmé Sonnet in yx (Soneto em yx) / Neoclair Coelho. .Walter Franco / Walter Franco. .Omar Khouri: Self-portrait in low spirits (Autorretrato em baixo astral) / Carlos Valero. .E. E. Cummings Almost Cummings (Quase Cummings) / Vinicius Dantas. .Carlos Valero + M. McLuhan: McLuhan’s footer? (Rodapé McLuhan)? .Maurizio Prati Trepa dorme / MP. .Augusto de Campos: Memos / Júlio Mendonça. .Lívio Tragtenberg: Mariceli / piano: LT. .Walter Silveira: Dendeca’s wound / WS. .Neoclair Coelho and L. A. de Figueiredo: a wide field (um campo amplo)/ Maíza M. Figueiredo. .Edgard Braga: Howl (Uivoo) / Walter Silveira. .Carlos Valero: Stalin / Carlos Valero. .Paulo Leminski: You, with whom I speak (Você com quem falo) / Walter Silveira. .Tadeu Junges: You and me / TJ. .V. Maiakóvski (transl. A de Campos) Excerpt… (Fragmento…) + A. de Campos. .Carlos Valero: Maristela / Carlos Valero. .Paulo Miranda: A valuable poem (Poema de valor) / others. .V. Maiakóvski (transl. A de Campos) / Carlos Valero. .José Lino Grünewald: Onão o putodor / Omar Khouri.
141
ZERO À ESQUERDA (São Paulo: Nomuque Edições, 1981). >Circulation: 500 copies. >51.6 x 28.3 x 1.2 cm. Case: cardboard box. >Individual works in various formats and printing techniques (screen printing, offset, typography, stamps). >Printing: Nomuque (screen printing: ASTER) e others. >Creators: Omar Khouri and Paulo Miranda) >Production and screen printing: Carlos Valero, Júlio Mendonça, Omar Khouri, Paulo Miranda, Sonia Fontanezi, Tadeu Junges, Walter Silveira, Zéluiz. >Cover: Walter Silveira, Paulo Miranda and Sonia Fontanezi. >Launch on May 6, 1981, at Pauliceia Desvairada Disco, with a multimedia event. >Distribution: to collaborators, sales at the launch event, as well as consignations, donations, sales at special publication fairs, until today. > Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it. * ZERO À ESQUERDA was almost entirely printed at Aster, a center for art studies, in Perdizes - São Paulo, in 1980 and 1981 (part of the first half). Some offset works were printed outside the center. Villari Herrmann’s work (∞) was the last to arrive: produced by the author, it did not fit in the wrapping box, which was almost ready - the extra margin was cropped, and then it worked out. The magazine was assemble at Paulo Miranda’s house. AUTHORS/COLLABORATORS. .Aldo Fortes: (No title) / 9th cigarette. .Augusto de Campos: Limit (Limite). .Carlos Valero. Maristela. .Carlos Valero. Poetry (Poesia). .Décio Pignatari: Little poem, shortpoem, mypoem, yourpoem about the flower. .Edgard Braga: No title. .Elcio Carriço: What is below is like what is at the top (O q está embaixo é como o q está no alto). .Haroldo de Campos: Ode (explicit) in defense of poetry (Ode (explícita) em defesa da poesia). .Haroldo de Campos: Li Tai Poem (Li Tai Poema). .Júlio Mendonça: Eclipse. .Julio Plaza: Alechinsky-Lichtenstein. .Lenora de Barros: Poem (Poema). .Luiz Antônio de Figueiredo: Cubist exercise. .Luiz Antônio de Figueiredo: Sonnet (In the culmen of your high point). .Luiz Antônio de Figueiredo and Neoclair João Vito Coelho: For those who think (P/ os q pensam). .Lygia de Azeredo Campos: I fall asleep. .Lygia de Azeredo Campos: Dampenmelove (Amortecemeamor). .Neoclair João Vito Coelho: Hellás. .Omar Khouri: I love us (Eu nos amo). .Paulo Miranda: Che move il sole. .Paulo Miranda: La vie en. .Paulo Miranda (and Carlos Valero): A POE M. .Regina Silveira: Anamorphic (Anamorfa). .Renato Ghiotto: No title (50135). .Samira Chalhub: No title (The beaches, the preys, the hindrances) / Sem título (As praias, as preias, as peias). .Sonia Fontanezi: Cross it (Atravessa). .Tadeu Junges: Did it have to be in mine? (Justu nu meu!). .Tadeu Jungle: Place your hand (Passe a mão). .Villari Herrmann (and Carlos Valero): No title (∞). .Walt B. Blackberry: Cardiography: broken heart. (Cardiografia: coração partido). .Zéluiz: No title (.).
142
ARTÉRIA 5 | GHOST (FANTASMA) (São Paulo: Nomuque Publishing, 1991) >Circulation 160 copies. >34 x 25 x 1 cm (wrapping box). Cover: double cover with white print on white background (GHOST) and jacket on Kraft paper and screen printing in red (ARTÉRIA 5). >Conception: Omar Khouri and Paulo Miranda. >Cover design: Omar Khouri, Paulo Miranda and Arnaldo Antunes. >Execution team: Arnaldo Antunes, Julio Mendonça, Omar Khouri, Paulo Miranda, Sonia Fontanezi and Walter Silveira. >Printing company: Nomuque Publishing – screen printing workshop. >Launch:MASP’s mezzanine, with Nomuque’s 17th Anniversary Exhibition, on April 10, 1991. >It is hard to know if it paid for itself, at least 50%, because only 160 copies were printed, each collaborator got one copy and the rest was sold and donated. As it was totally printed by Nomuque Edições, in screen printing, the work force was not computed, it was offered by the execution team. >Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it. *ARTÉRIA 5 / GHOST was thought of based on ARTÉRIA 6, and what could not be published in this edition, would be published in the other. And so it was, with a long gestation period. AUTHORS/COLLABORATORS. .Adriana Freire: All ways. .Aldo Fortes: No title (Cage). .André Vallias: Eclogue. .Arnaldo Antunes: Everything or everything (Tudo ou tudo) .Arnaldo Antunes: ?. .Arnaldo Antunes: !. .Augusto de Campos: ly. .Celso Marques: “OM”: variations .Décio Pignatari: Logochicomendes. .Décio Pignatari: Bashô: Old lagoon (Velha lagoa). .Edgard Braga: Thechaos (Ocaos). .Erthos Albino de Souza: Ready-made for Caetano. .Gastão Debreix: The sun shows itself in half. .Gastão Debreix: Clothesline (Varal). .Gilberto José Jorge: Exercise No.1 – Labyrinth (Dédalo). .Go: ã. .Haroldo de Campos: As she is (Como ela é). .Ivan Cardoso: No title. .Julio Mendonça: ADN. .Julio Plaza: There is always something in the reality that you do not see (Sempre há algo na realidade que você não vê). .Lenora de Barros: There is life (Há vida). .Lygia de Azeredo Campos: Bird uterus memory (Ave útero memória). .Omar Khouri: Part of the “oidípous ópsimos”. .Omar Khouri: Sin palabras. .Omar Khouri: !. .Oswald de Andrade: Love (Amor). .Paulo Miranda: Il fabbro. .Regina Silveira: part of the series: Corridors for vultures (Corredores para abutres). .Regina Vater: Draft of the “Performance of Shadows” (“Performance de sombras”) .Salvador Martins: Word (Palavra) .Samira Chalhub: Love in sert (Amor en carte). .Sonia Fontanezi: The sky was blue when I had my mother (Azul era o céu de quando eu tinha minha mãe). .Sonia Fontanezi: Era briluz (object poem extra box) .Tadeu Jungle: Zoo (Zoológico) .Walt B. Blackberry: Singer. .Walt B. Blackberry: No title. .Zaba Moreau: No title.
ARTÉRIA 6 | BIG SQUARE | 31 x 31 (São Paulo: Nomuque Publishing, 1992) >Circulation 180 copies. >31 x 31 cm. Bond paper 180 (interior) and card paper (cover). Screen printing >Conception: Omar Khouri and Paulo Miranda. >Graphic design/execution team: Arnaldo Antunes, Júlio Mendonça, Omar Khouri, Paulo Miranda, Sonia Fontanezi and Zéluiz Valero. >Printing company: Nomuque Publishing. >Cover: Paulo Miranda, Arnaldo Antunes and Omar Khouri. >Launch: Augôsto Augusta MIS-SP Bookstore, on April 15, 1993. >Distribution: distribution to employees and sales, on the day of the launch and after it, by the bookstore where it was launched, from hand to hand, from the second half of 1993, consignment on some bookstores and marginal publication fairs, until today (sporadic sales). >It is hard to know if it paid for itself, at least 50% (probably not), because only 180 copies were printed, each collaborator got one copy and the rest was sold and donated. As it was totally printed by Nomuque Edições, in screen printing (in about ten years), the work force was not computed, it was offered by the execution team. >Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it. *In fact, ARTÉRIA 6 started to be thought of in 1981 and was launched in 1993. It can be considered the longest magazine gestation in the history of Brazilian culture. As well as other handmade magazines by Nomuque, ARTÉRIA 6 has been very popular in recent years. AUTHORS/COLLABORATORS. .Aldo Fortes: Cummings: non-translation 2. .Paulo Leminski and João Virmond Suplicy: the cicada’s haiku (haiku da cigarra) [Winterverno]. .Omar Guedes: No title. .Betty Leirner: Les êtres lettres. .Go: what I say (o que digo). .Erthos Albino de Souza: Praising Pagu (Louvação para Pagu). .Ivan Cardoso: Cinema. .Júlio Bressane: Rio. .Ronaldo Azeredo: night night night (noite noite noite). .Gastão Debreix: Poetry (Poesia). .Lenora de Barros: I did not say anything (Eu não disse nada). .Samira Chalhub: Destra: ção. .Walt B. Blackberry: Publyk bathroom (Banheiro publyko): punk stylography (stylografico punk). .Julio Mendonça: Leading zero (Zero à esquerda). .Glauco Mattoso: Dactylogramma sos. .Décio Pignatari: Solviete for Maiakóvski’s summer (solviete para o verão de Maiakóvski). .Lúcio Kume: Target. .Augusto de Campos: Intranslation (Intradução): lovese (amorse). .Sonia Fontanezi: Afterimage to Júlia Fontanezi. .Carlos Valero: Albers + Gertrude Stein. .Josely Vianna Baptista and Guilherme Zamoner: Nights (Noites). .Julio Plaza: Pré-dado. .Arnaldo Antunes: No title. .Raider: Sonnet to Volpi (Soneto para Volpi). .Luciano Figueiredo: Bye bye baby… (favorite stills). .Regina Silveira: To Lizárraga. .Edgar Braga: Cartoonpoem (childhood poem). .Omar Khouri: What are these children doing? (O que estarão essas crianças fazendo?) .Gilberto José Jorge: Vampirelogo (Logovampiro) .Marco Antônio Amaral Rezende: Screen and skin of Isabella Cabral (Tela e pele de Isabella Cabral). .Paulo Miranda: Correction: Rauschenberg (to Erthos Albino de Souza). .André Vallias: Nous n’avons pas compris Descartes. .Tadeu Jungle: A throw of the stutterer. .Safo and Haroldo de Campos: Around the splendid Selene (Em torno a Selene esplêndida). .Maurizio Prati: No title.
ARTÉRIA 7 (São Paulo: Nomuque Edições, 2004) >Circulation: 1000 copies. >19 x 28 cm. Bond paper, offset printing. >Cover: Paulo Miranda and Vanderlei Lopes. >Graphic design: Vanderlei Lopes. >Printing company: Impressograf >Launch at SPOT Restaurant, São Paulo, January 18, 2005. >Distribution: to the collaborators, donation, consignment, special edition fairs. >Did not pay for itself; the publisher still has more than half of the edition. > Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it. *ARTÉRIA 7 also had a long gestation period: almost a decade. AUTHORS/COLLABORATORS. .Editorial (Omar Khouri and Paulo Miranda). .Paulo Miranda: Already-made. .Antonio Risério: (Frasis). .Aldo Fortes: Revisited Heraclitus (Heráclito revisitado). .Zéluiz Valero: Pollocklee. .Samira Chalhub: Firm hold (Aperto): to Ed. .Carlos Rennó: When 2 are in love. .Sebastião Nunes: Poetic art. .José Augusto Nepomuceno: No title. .Tadeu Jungle: Advertising self-portraits (Autorretratos publicitários car-de-cu). .Alice Ruiz: Fear. .Erthos Albino de Souza: Tribute to Glauber Rocha. .Raider: Grafito 70. .Go: No title. .Peter de Brito: Wear (Desgaste). .J. Medeiros: Life para Signatari. .Diniz Gonçalves: Itinerary (Itinerário). .Júlio Mendonça: Language black hole (Buraco negro da linguagem). .Thiago Rodrigues: Rhyme (Rime). .Avelino de Araújo: Everyday sonnet. .João Bandeira: No title. .Vanderlei Lopes. Ephemeras. .Décio Pignatari: Wardrobe (Guarda-roupa). .Walter Silveira and Fernando Laszlo: Die (Objeto dado). .Gastão Debreix: Dialogue (Diálogo). .Fernanda Brenner: No title. .Lenora de Barros: Family-shaped (Em forma de família). .Edson Pfützenreuter: Lightnight (Luznoite). .Fábio Oliveira Nunes: Volatile (Volátil). .Regina Silveira: Latin American puzzle. .Tiago Lafer: Dead or alive. .Sonia Fontanezi: Digital net to Edgard Braga (Teia digital para Edgard Braga). .Inês Raphaelian: Roseta byte. .André Vallias: Pebble (Seixo). .Haroldo de Campos: Of love (D’Amor). .Felipe Martins-Paros: How to say everything in Greek (Como dizer tudo em grego). .Waly Salomão: Just like Paul Valéry (Tal qual Paul Valéry). .Augusto de Campos: Patrol (Ronda). .Gilberto José Jorge: Kiss (Beijo). .Walt B. Blackberry: Mamãe consolação. .Lívio Tragtenberg: Continuities (Continuidades). .Edgard Braga: Sunken eyes and Portrait of an old man. .Omar Khouri and Zéluiz Valero: No title. .Denilson Souza: No title. .Daniele Gomes de Oliveira: Challengers (Desafiamos). .Arnaldo Antunes: To see (Ver). .Gerty Saruê: No title. .Lúcio Agra: Imantagma: 5 x sign. Julio Plaza: No title. .Regina Vater: Before and after or Yesterday and today (Antes e depois ou Ontem e hoje). .Glauco Mattoso: Tic Tac Toe or comic book. .Omar Khouri: Readymadebutnotsomuch (readymadenemtanto). .Paulo Miranda: Artéria 7’s logo type (inside back cover) .Elson Fróes: No title (back cover).
143
ARTÉRIA 8 ∞ (São Paulo: Nomuque Publishing, 2003…)
ARTÉRIA 9 (São Paulo: Nomuque Edições, 2007).
www.nomuque.net/arteria8 . Digital magazine: Expandable and mutable). >Organization: Omar Khouri and Fábio Oliveira Nunes. >Web designer: Fábio Oliveira Nunes: >Online since 2003. > Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it.
>Circulation 1000 copies. >19 x 28 cm. Bond paper (interior) card paper (cover); offset printing. >Graphic design and typesetting: Vanderlei Lopes >Cover and back cover: Work by Inês Raphaelian. >Printing company: Pancrom. > Launch at Casa das Rosas, São Paulo, December 15, 2007. >Distribution: to collaborators, donations, consignation, special edition fairs. >It did not pay for itself and still keeps more than a half of the edition. > Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it.
*It went online before ARTÉRIA 7 was finished and launched. AUTHORS/COLLABORATORS. Editorial: ‘Multiform: an arterial metamorphosis’ (‘uma metamorphose arterial’) .Alckmar Luiz dos Santos and Gilberto Prado: Memory (Memória) - Hai-Kai. .Alexandre Azeredo: Your in mine (O seu nu meu). .André Vallias: Verse (De verso). .Arnaldo Antunes: It grows (Cresce). .Augusto de Campos: Pearls for Cummings (Pérolas para Cummings). .Avelino de Araújo: Soon…? (Soon…?) .Broccoli (Leandro Vieira and Mariana Meloni): Hello. .Célia Mello: Eusencontroseusencontros. .Daniele Gomes de Oliveira: Success (Êxito). .Décio Pignatari: Chri$t is the solution. .Diniz Gonçalves: Santos. .Edgard Braga: Cartoonpoem (childhood poem). .Elson Fróes: Golden keys (Chaves de ouro). .Erthos Albino de Souza: Volat irrevocabile tempus. .Fábio Oliveira Nunes: A question to Couchot. .Felipe Paros: Universal language (Língua universal). .Fernanda Brenner: False memories (Falsas memórias). .Glauco Mattoso: Plastic and shaped sonnets (Sonetos plásticos e plasmados). .Gregório Graziosi: Masturbation (Masturbação). .Haroldo de Campos and Safo: Around the splendid Selene (Em torno a Selene esplêndida). .Inês Raphaelian: Oroboros. .Jorge Luiz Antônio and Regina Célia Pinto: Soon Logos (Logo Logos). .José Lino Grünewald: Shape (Forma). .Josiel Vieira: Instable 2060 (Instável 2060). .Júlio Mendonça: Light-yearzoom (Zoomanosluz). .Julio Plaza: TV. .Lenora de Barros: See me. .Letícia Tonon: Arteriography (Arteriografia). .Lúcio Agra: I did not need it… (Eu não precisava…). .Omar Guedes: No title. .Omar Khouri: Góngora. 1582. 1990. .Paulo Miranda: La vie en. .Pedro Xisto: Epithalamion II (Epitalâmio II). .Peter de Brito: Ophthalmic impressions (Impressões oftálmicas). .Priscilla Davanzo: Kiss: a kiss… un baiser… un bacio. .R2 (Thiago R. and Guilherme Ranoya): Nothing x nothing (Nada x nada). .Regina Silveira: Going down the stairs. .Roland Campos: Cinero(p)tic (Cineró(p)tico). .Ronaldo Azeredo: Sea Sky (Céu Mar). .Sílvia Laurentiz: Mobile 3 (Móbile 3). .Sonia Fontanezi: Edgardigitalbraga. .Tadeu Jungle: You can do anything (Tudo pode). .Tiago Lafer: Hopscotch (Jogo de amarelinha). .Vanderlei Lopes Powderhead. .Villari Herrmann: shaDOws (somBRas). .Walter Silveira: (Em breve…?) (Soon…?). .Zéluiz Valero: No title (.).
144
*The excessive caution, on the part of the editors, to avoid the transparency, had made it difficult to handle the magazine. AUTHORS/COLLABORATORS. .Inês Raphaelian: The Art (cover and back cover). .Luz del Olmo: 4 Haikus (inside front cover). .Editorial (Omar Khouri and Paulo Miranda) .Ronaldo Azeredo: Speed (Velocidade) – with comments by Omar Khouri. .André Vallias: More translation (Tradução mais). .Roland de Azeredo Campos: Ah Carnot. .Décio Pignatari: 2 poems for a new land (2 poemas para uma nova terra). .Fábio Oliveira Nunes: Nin(e) (Nov(e)). .Gerty Saruê: Wall (Muro). .Fernando Laszlo: No title. .Eric Rieser: No title. .Felipe Paros: Alfa blonde and the omega in my head (Alfa blonde e o ômega da minha cabeça). .Priscilla Davanzo: Stupid enough. .Regina Silveira: Brasil [Brazil]. .Fernanda Brenner: No title. . Marcial, Dr. Ângelo Monaqueu and Prof. Omar Khouri: Mentula tam magna. .Anna Barros: Nonamenameno. .Tadeu Jungle: Woman of sand [Ralph Lauren style]. .Antonio Lizárraga: A middle-aged woman. .Diniz Gonçalves: The margins of Venus (Margens de Vênus). .Gil Jorge: No title. .Júlio Mendonça: For Julio Plaza: .Dumas: No title. .Célia Mello: Eusencontroseusencontros. .Daniele Gomes de Oliveira: Duchampignon. .Edgard Braga: Object-eye (olho objeto). .Felipe Paros: Never cry, never laugh (Jamais chorar, jamais rir). .Erthos Albino de Souza: D’après Baudelaire. .Elson Fróes: No title. .Ivana Vollaro: Portuñol/portunhol. .Gustavo Arruda: Out (Fora). .Ivan Cardoso: No title. .K. Kaváfis and Haroldo de Campos: Juliano and the anthiochian (Juliano e os antioquenses) [translation]. .Dulce Horta: New York. .Julio Plaza: Braquebra. .Lúcio Agra: Rock inscription of the memory or graphic Delvaux. .Aldo Fortes: No title. .Sérgio Monteiro de Almeida: No title. .Tiago Lafer: Epic (Épico). .Zéluiz Valero: Eppur si muove. .Vinicius de Oliveira: Duchamp. .Arnaldo Antunes: Handmade. .Jorge Luiz Antonio: A past paper I at final pass. .Lenora de Barros: Do not show me (Não me mostre). .Thiago Rodrigues: Night (Noite). .Ernane Guimarães Neto: Shape (Forma). .Go: The minimum night that departs from each object… (A mínima noite que de cada objeto parte…) .Marcos Rogério Ferraz: There are so many certainties | There are so many truths. (São tantas as certezas | São tantas as verdades). .Augusto de Campos: The typist [ready-made]. .Julio Mendonça: The place outside of the ideas (O lugar fora das ideias). .Paulo Miranda: Do you want to go by taxi? (Quer ir de táxi?)
.Carlos Rennó: Faithful to you and my fashion (Fiel a você à minha moda). .Glauco Mattoso: Musical sonnet. .Peter de Brito: Self-portrait (Autorretrato). .Alice Ruiz: Ephemeral (Efêmero). .João Bandeira: Sweat (suor). .Vanderlei Lopes Tree (Árvore). .Sonia Fontanezi: Ticket (Bilhete). .Fabiana de Barros: Culture Kiosk, NY. .Betty Leirner and Francisco Magaldi + team: [of the movie] The kingdom, except for the king (O reino menos o rei). .Alexandre Azeredo: A poem to Descartes (Poema a Descartes). .Walter Silveira: Holiday lesson (Lição das férias). .Regina Vater: Under the Equator (Abaixo do Equador). .Letícia Maria Tonon: Stamp on the skin (Carimbo sobre a pele). .Marcelo Mota: Interrogation (Interrogação). .Fernando Angulo: Urban objects triptych (Tríptico objetos urbanos). .Gustavo Vinagre: 2 poems (2 poems). .Gabriel Marzinotto: 8 building frames [for Xenakis]. .Gastão Debreix: 1.5 m of poetry (inside back cover). ARTÉRIA 10 (São Paulo: Nomuque Publishing, 2011). >Circulation: 500 copies. >Notebook on bond paper, in black and white offset printing, with 8 faces and four-color-process. >17,5 x 25 cm. 64 pages. >Graphic design and typesetting: Fernando Angulo and Cassiano Tosta. >Águia printing company >Launch at Vermelho Gallery/Tijuana Bookstore, São Paulo, May 21, 2011. >Distribution: to collaborators, ales during the launch, donations, consignation, special edition fairs. >It did not pay for itself, and the publisher still keeps more than a half of the edition. > Assignment of copyrights by the authors themselves or those responsible for it. *Four-color-printing in offset: cover with 8 faces. AUTHORS/COLLABORATORS. COVER: .Regina Silveira: Azzurro. .Gastão Debreix: Enigma. .Erthos Albino de Souza: Poem of the Speculatrix Muse (Poema da série Musa Speculatrix). .Marcela Tiboni: in De La Tour. .André Vallias: F. Nietzsche: On my Door (Sobre a Minha Porta) - translation and design. .Peter de Brito: Mimesis (Mimese). .Tadeu Jungle: Anguish (Angústia). .Sonia Fontanezi: Logo Studies (Estudos para Logotipo).
.Aldo Fortes: No title. .Décio Pignatari: Logogram. .João Bandeira: UR. .Daniel Scandurra: Void (Vão) .Inês Raphaelian: Amazing Amazon. .Elson Fróes: XXX. .Gil Jorge: Entroduction (Introduction). .Gustavo Vinagre: sour cream recipe. .Diniz Gonçalves: Metallic. .Lenora de Barros: I have seen everything (Já vi tudo). .Frederico Barbosa: The nightfall of the nymphs (O anoitecer das ninfas). .Arnaldo Antunes: Inversión. .Alexandre Azeredo: Poem waiting for a song (O anoitecer das ninfas). .Edgard Braga: Wings of the Night (Asas da Noite). .Vanderlei Lopes: Puff of air (Sopro). .Carlos Rennó: Got it? (Tendeu) .Paulo Miranda: False friend (Falso cognato). .Daniele Gomes de Oliveira: Term sheet (Termo de compromisso). .Ivana Vollaro: No title. .Lúcio Agra: Eye for an eye (Olho por olho) by Haroldo de Campos. .Cláudio Daniel: Gate seven (Portão Sete)- excerpts. .Fernando Angulo: No title. .Lygia de Azeredo Campos: the bodies come together (os corpos se juntam). .Antonio Lizárraga: in the evening (de noite). .Priscilla Davanzo: Girl of the summer (Garota do verão). .Vinícius Alcadipani: The cant of the ants (Canto das formigas). .Ricardo Coelho: David and Narcissus (Davi e Narciso). .Felipe Paros: Ladino variations (Variações ladinas). .Augusto de Campos: Profilogramallarmé. .Clemente Padín: Canción de protesta nahuatl. .Paulo de Toledo: DI(C)(V)E. .Glauco Mattoso: Naughty young children I, II and II (Molecada malcriada I, II e III). .Pipol: Garcia Hat Shop (Chapelaria Garcia). .Gustavo Arruda: Oriki de Ifá. .Alice Ruiz: Chest of memories (Baú de guardados). .Marie Ange Bordas: (of the series) No patches (Sem remendo). .Jorge Luiz Antonio: Soon logos (Logo logos). .Julio Plaza: No title. .Zéluiz Valero: Walter Franco.
INSIDE: .Fabiana de Barros: Santa Milla (insert) .Editorial (Omar Khouri and Paulo Miranda). .Fernando Laszlo: Black Light (Luz Preta). .Dumas: Kurt Schwitters interpretiert die Ursonate. .Dr. Ângelo Monaqueu and Omar Khouri: Beauty is not everything (A beleza não é tudo). .Gerty Saruê: Angles with A (Ângulos com A). .Regina Vater: Time. .Ezra Pound: At a subway station. Translation by Lara Werner. .Demósthenes Agrafiotis: Definitions (Definições). Translation by Haroldo de Campos. .Soraya Braz: Fruition / Urination (Fruição / Micção). .Fábio Oliveira Nunes: Poemapart (Poemaparte). .Alberto Oliveira: No title (from the Hagar series). .Júlio Mendonça: No title. .Anna Barros: Microlandscape (Nanopaisagem). .Walter Silveira: Vocemia. .Célia Mello: No title Borges Hotel (Hotel Borges). .Anderson Gomes: No title. .Rafael Trabasso: Interlingual translation
145
on the margins
of the brazilian publishing sector
Nomuque Edições, a publishing company founded by Omar Khouri and Paulo Miranda 42 years ago, in 1974, has operated on the margins of the Brazilian publishing sector and has a close link to Artéria magazine, which Nomuque has edited since 1975. Nomuque = using the (arm) muscles exists while there are works to edit; the resources are provided by the editors and collaborators themselves as the publishing house has never received any sponsorship. This publishing activity takes place every now and then, because as Nomuque is a not-for-profit publishing house that doesn’t have corporate infrastructure, that’s the only way it could work: sometimes. In fact, it has happened that a publication was released ten years after they started printing it. Usually, printing is also carried out by the editors themselves, who, in addition to being poets, are silkscreen technicians, designers etc. (the few who are willing to do this kind of artisanal work). Therefore, Nomuque is more than a publishing house. It is a printing company that offers other artisanal and industrial printing techniques in addition to silkscreen. Nomuque Edições was born in Pirajuí, in the countryside in São Paulo state, and it was then moved to the capital, where it still operates. From the first group of editors-collaborators that included Omar Khouri, Paulo Miranda, Luiz Antônio de Figueiredo, Carlos Valero, and Zéluiz Valero, today only Omar Khouri and Paulo Miranda remain at Nomuque. Others, however, have joined them, making either major or minor contributions: Walter Silveira, Tadeu Jungle, Sonia Fontanezi, Julio Mendonça, Arnaldo Antunes, Fábio Oliveira Nunes. From reprography and mimeograph, tending towards offset and silkscreen, it has changed to magnetic tape (in collaboration with Carlos Valero’s studio, ON) and the WEB. No prejudice. No limits: shapes with no molds, Artéria, anthologies, independent editions of poems, books. From minimal editions to 1,500 copies and the undertaking of the enterprise Planeta, with Artéria 8 on the internet. Nomuque Edições: as long as its editors still have enthusiasm. This text was originally published in the catalog Edições Nomuque: 30 anos, Senac São Paulo, 2004.
146
nomuque edições
least common denominator:
artéria
The expression of a singular form of poetry composition, which flirts with all dimensions of danger, of the underground heroism, the oppositional senses of counterculture, even being the assertion of the best of do it yourself, is at the same time, an attitude that completely rejects everything that may be the worst of it. That is, in my view, the sophisticated and hard path of Artéria magazine. It is a bold foray into counterculture from the perspective of invention, where the traits of a “cursed” speech are not forged by semantics or a purely behavioral nonconformity. The endless nights of sweat leaned over screen printing platens and the hard work that resulted in such singular and extraordinary objects - which support themselves as pieces of art, each one of them, paper art, volumes, unusual shapes - are the practice of martial arts in poetry. With a monastic discipline, Omar Khouri and Paulo Miranda forged, over time, rare edifices. Non multa sed multum. Or, according to the sentence posed by Nomuque’s duo: “not many things but much”. The Latin formula dictates the search for “essences and medullas” instead of a proliferating work. Under the sign of a strict aesthetic economy, Artéria’s creation and production practices descended directly from one of the aspects bequeathed by Concrete Poetry, especially with its self-transformation in the 60’s, when it abandoned the orthodoxy of the avant-garde movement and started opening up as a benchmark look into poetry both in Brazil and abroad. Other areas that encouraged the presence of the body, such as pop art, baroque and many other developments of contemporary art have spread over the subsequent decades. Artéria has moved somewhere close to that position, which, sometimes, is naively called minimalist. Over the years, the values of a busy and intensively competitive society have consigned to oblivion those who, like Marcel Duchamp or Ronaldo Azeredo, would produce one piece of work every couple of years. It is not about having a lot to say but saying it without saying much. Each edition of Artéria would take years and years to be produced. The hiatus between editions is surprising1. It would be possible to say, in each and every season, that that would be the last edition, but soon there was a new edition on the way. The relative perceptible acceleration, which started in the 21st century, was largely due to the “desktop publishing” and the facilities of the digital world. The latter remains an area of processes not results, except for the singular number 8, which was released before number 7, and on the internet, to represent the concept of infinity. A unique jewel - admirably developed by Fabio Fon, Artéria 8 with its design of pearls forming a circle on a red background – that took to the World Wide Web poems that were probably meant for the digital world anyway. I remember the specific case of Koito by Vilari Hermann that we published in 2003 in Cortex, another of these one-edition magazines that gravitated around Artéria. Thiago Soares, Guilherme Ranoya and I, in a certain way, sought to pay homage, like others such as Corpo eXtranho, Código, Muda, Pólem, Navilouca, Bahia Invenção did
throughout Brazil, sometimes with a single editorial event - as it was the case of de Zero à Esquerda (also by Nomuque Edições), Atlas, or even Kataloki. There was a time when the culture of economy and disapproval of wastage was de rigueur. Completely different from what we see on the poetry scene nowadays, as it is more and more “literary”, even in the sense that quantity is presented as quality. No aspiring poets would release their books before meditating on it and even polishing it. The radical ones, such as some from Artéria, have never published “books” but objectpoems that circulated in non-conventional magazines or small editions. It is not that Artéria – or Código – avoids poems containing words, but the influx of visual and sound poetry (such as in Balalaica) is apparent. There is a clear interest in the layout, an attention to every detail of the format. There are legendary stories of entire copies that were lost due to small errors in screen printing editions (such as Big Square, Artéria 6, a relic that I carefully keep in my collection. I attended its launch in the 90’s at MIS (Museum of Image and Sound), when I was not even friends with Omar and Paulo yet)2. Artéria has also revealed, in addition to its editors, Omar Khouri and Paulo Miranda, a whole generation of sophisticated non-verbal poets, who are still not much “read”. Vilari Hermann, Gastão Debreix, Aldo Fortes, Julio Mendonça, Sonia Fontanezi, Zéluiz Valero, André Vallias. It has to do with the “almost mute pulsation” of Ronaldo Azeredo, and in addition to featuring the Campos Brothers, Décio Pignatari and Arnaldo Antunes, that is, well-known names that appear in many other publications, Artéria crossed paths with Leonora de Barros, Julio Plaza, Edgar Braga and Erthos A. de Souza. That is, different generations that constellate, together with young artists, around this nucleus of singularities led by the tireless Walter Silveira and Tadeu Jungle, collaborators since forever. In the Big Square edition (1992) we can see a photogram by Ivan Cardoso, a perfect visual poem, a synthesis of great part of his work. A cinema itself, the album-magazine still features “Rio” by Julio Bressane, just at the time when he was to release his “Taboo” (Tabu), a movie that is an icon of its German homonym and of Lamartine Babo’s figure, all interconnected by the vertigo of analogies. From the Tape Measure Sonnet (Fita Métrica) to Artéria “portable hell”, a matchbox or a tape, a portfolio-folder, a label (such as Julio Plaza’s Arte=Verba, Artéria 2), there have been years of absolute pertinacity, and permanent resolution. Artéria is a flawless diamond, polished over decades, with carefully aligned edges. Finally, I would like to mention the graffiti by Walter P. Blackberry, which appeared in several editions amid rigorous orthogonality exercises, suggesting a synthesis, the same that was found in many of Haroldo de Campos’ compositions: “monadic concentration and proliferating chaos”. Or yet: total adhesion to production independence and complete refusal of disarray, sloppiness, and self-indulgent weakness. Medulla and bone, undoubtedly.
1 Numbers 1, 2 and 3 were published annually in 1975, 76 and 77, respectively. Balalaica and Artéria 4 (ARTERIAIV) in 1979 and 80. Zero à Esquerda in 81. There was a long hiatus and then we had number 5 (Ghost) and number 6 (Biq Square) the following year, 92. Another long hiatus, then number 8 in 2003, number 7 in 2004, number 9 in 2007 and number 10 in 2011. The editors have already announced that this irregularity will be maintained. 2 Thanks to Omar Khouri I could make a correction regarding this launch. When reading the previous version of this text, published in Circuladô magazine’s dossier (number 4, March 2016 http://casadasrosas.org.br/centro-de-referencia-haroldo-de-campos/ revista-circulado) and dedicated to Artéria magazine, Omar warned me that it was Artéria 5 and not Artéria 6 that was launched at MASP, as I had written. Artéria 6 was launched at MIS, when there was still a branch of aogosto augusta bookstore there.
147
poetry using the muscles (no
muque)
john cage has shown that to keep a commitment we have to acknowledge discontinuity nexus: publyk bathroom artéria’s poetry is not concrete poetry is not visual poetry it doesn’t bear the name of that but the eleven editions of the magazine are filled with this comprehensive commitment to our interdependence with everything that touches us that 60 years ago was named verbivocovisual whatfor to live? no one will do it for us now, what has to be done
we understand the past as we do,
turn around about turn is there any qualified person or institution that can affirm the kind of poetry that should be made now? or is it about affirming to which past the current poetry should be committed? or can we understand that certain ways of making poetry were/are more able to discontinue the commitments to what was/is around you can they read (,) the contemporaries?
148
artéria’s poets are not led at cautious steps by the commitment to a blank page to a book to the desire to publish a book every two years to the need to build an identity through a perceptible internal coherence found in the recurrent occurrence of certain themes and means of expression to the WORK the different formats and media that different editions of the magazine have adopted are a hyperbolic and natural demonstration of its commitment to discontinuity sign of the signs, I don’t stay – I pass by the awareness of having nothing: poetry omar khouri and paulo miranda have always called works the art of the participants of the magazine regina silveira (who is called plastic artist), tadeu jungle (who is called videomaker and poet), andré vallias (who is called poet and designer), among many others, have submitted their works aren’t they poems? it’s hard to predict the future of that if language and the world can’t physically coincide in the same place, different kinds of language can intermix and interpenetrate they are not the same answers because new questions are being asked every edition of artéria is an anthology of im/possible answers
augusto de campos about Artéria Artéria magazine, if I am not mistaken, emerged in 1975. I had contact with Omar Khouri and Paulinho Miranda, the two creators of the publication, a year before that. They approached Haroldo de Campos, Décio Pignatari and I, due to an affinity between our projects. We shared an interest in poetry in the context of new media1. It was called intersemiotics at that time and expressed primarily through the means that were available, still on paper or in books, but aiming at new possible vehicles for poetry. We launched the Concrete Poetry movement, Haroldo, Décio and I, among other participants, in 1956 at São Paulo Museum of Modern Art. We had been publishing, since 1952, something that looked like a magazine, Noigandres. Actually, it was not quite a magazine; it was a magazine-book, or properly speaking, a compendium of our poetic production. The first books by Haroldo and Décio, published in 1950 by Clube de Poesia (Poetry Club), were O Auto do Possesso (Act of the Possessed) and Carrossel (Carrousel). The following year, we were no longer part of the Club, as we did not agree with the orientation of the Generation of '45. My first book, O Rei Menos o Reino (The King Minus the Kingdom; 1951), for example, was published entirely at our expense. Noigandres came precisely from this need to publish our poetic productions together. The first edition came out in 1952; the second in 1955; the third in 1956, already with Concrete Poetry as subtitle; and other two numbers in 1958 and 1962. It was the beginning of the history of an unusual magazine, which marked an epoch by bringing out our poems during this period. In 1962, another magazine emerged. It was released simultaneously with the last number of Noigandres. This one in the strictest sense of the term Invenção (Invention). The contributions in this magazine were more diverse, as we decided to open up to other tries and side projects that were not necessarily related to concrete poetry. I think that it has created, in those young artists who came to us, a desire to publish their works in this type of magazine dedicated especially to experimental poetry.
magazines in a tidal wave (pororoca) Omar Khouri has a theory that was published in the form of a book, Revistas na Era pós-verso (Magazines in the Post-Verse Era - Atelier Editorial, 2003), where he conducts a comprehensive study on this period when many magazines with the same experimental perspective emerged. He quotes, as far as I recall, on the porch, a phrase from Paulo Leminski in which he says that the best poetry of that time was the one made in these experimental magazines2. The first magazine to appear in the 70’s was Código, on February 1974 in Bahia. It was run by both Erthos Albino de Souza, a precursor of digital poetry in Brazil, and Antonio Risério, a young poet that was 20 years old at the time. Afterwards, there were the
magazines Polem, from Rio de Janeiro, run by Duda Machado, who was somewhat connected to the group from Bahia, and finally, Navilouca, which had one single number; it was created by Torquato Neto and Waly Salomão and released on December 1974. Then, there was a confluence of poets that resulted, among other things, from the contact with the poetic and musical group Tropicália. I think that the contact I made with that group, which was bringing a new language to popular music, Caetano, Gil, Torquato and others, contributed to the existence of a very special confluence of artistic interests and avant-garde practices among those who were making top-notch poetry in the 50’s and 60’s, and those who emerged mostly out of the popular music but had other references as well. Paulo Leminski, in a letter addressed to Antonio Risério in 1974, spoke of this encounter that suddenly moved the Brazilian poetry project from the Rio-São Paulo axis to São Paulo-Salvador’s, a phenomenon that he called pororoca (tidal wave). We met Leminski when he was 18 to 19 years old. He had gone to a congress, the National Week of Vanguard Poetry, in Belo Horizonte, without being invited; he did so because he wanted to meet the poets. And when I came back from this symposium, from this meeting of poets, he stayed at my house. He spent the whole night reading The Cantos (1915-1962), by Ezra Pound. That was how the contact between Leminski and the group of concrete poets began, especially with me, with whom he had the closest relationship. Leminski considered himself practically a disciple of the concrete poets. Suddenly, Caetano and Gil, who belonged to the same generation as Leminski, appeared in the art world, and received a lot of our attention. We would defend them while they were being attacked by everyone else. Leminski then wrote this letter to Risério and, at some point, he said: “when Augusto turned to Bahia, I had a comprehension crisis, then I understood it, and then came the pororoca”. That is, there had been a deviation that he found productive and interesting, this unprecedented meeting, a subtle literary and poetic interchange that no longer came from the classic São Paulo-Rio de Janeiro axis, and that established an unexpected connection with Bahia. Décio would say at end of his life: “movements move”. I believe that it was precisely in the midst of these movements of the 1970’s that a brilliant response to all of this was given: Artéria magazine.
the circulation of poetry Poetry has never been very popular. Young poets have always had difficulties having their works published, so they end up financing their editions themselves. This is a common denominator. However, in our case, there was an aggravating factor: Concrete Poetry met with great resistance from Brazilian intellectual circles, universities and even newspapers, as it was a very new kind of poetry that abolished or at least relativized the
1 Theorized by Marshall McLuhan, the concept of new media advocated the expansion of the book format considering the influx of new technologies, such as television, electroacoustics and computer graphics. 2 “Magazines are the masterpieces of Brazilian poetry”. Paulo Leminski, 1982.
150
use of normal discursive syntax, giving preference to a more visual language. Poems that were visually organized in typographic designs, for example, were hardly ever published in newspapers. So, the resistance from both university and conventional groups was considerable. The kind of poetry that we made had to find a way on the margins of the society to circulate. My first book to be published by a commercial publisher was Viva-vaia (Long-live Boo), in 1979. I was 48 years old. Before that, I published particularly in author’s editions, including Poemóbiles (Poemobiles - 1974) and Caixa Preta (Black box 1975), together with Julio Plaza. The first of us, in the Concrete Poetry group, to have a book published was Haroldo, Xadrez de Estrelas (Chess of Stars), which was released in 1976. In the 70's, I was a frequent visitor to Duas Cidades bookstore, located in the center of São Paulo. I would always take the author's books and magazines that we produced to be sold there. It was a way to make the publications circulate when they were not distributed from hand to hand. The truth is that great part of these magazines were given away and not sold. I would visit the bookshop very often, and then one day, after realizing that there was some interest on part of the clients, the owner proposed that Teoria da Poesia Concreta (Theory of Concrete Poetry) be republished, as it had also been printed solely as an author's edition. I remember that, worried with the impracticability of publicizing our poems, I proposed that he edit Décio’s first book. Décio was four years older than me. None of my books had been edited as well, but I thought Décio should go first, considering that Haroldo managed to have his book edited by Perspectiva in 1976. So, I proposed a deal: we agreed to edit Theory of Concrete Poetry if they edited Décio’s book. And so it was: Poesia Pois é Poesia (Poetry, that’s it, Poetry) came out in 1977, just before my Viva Vaia (Long-live Boo). Look: If I was 48 years old at the time, Décio was more than 50. Imagine, all this time to get our first poetry book published by a commercial publisher! By these examples, we can realize how difficult the circulation of this kind of poetry was. In addition, the author’s editions we produced were small. For example, Noigandres number 1 was limited to 300 copies. Number 2, because of the poems that were reproduced in up to 6 colors, was limited to 100 copies, of which half a dozen was damaged. The typesetting was manual and registration problems made some copies impracticable. So, few people have had access to it. Number 5, Antologia (Anthology) was the only to have 1000 copies, that in 1962. Magazines like Artéria were the ones that welcomed us. They could have chosen to publish young authors’ works only. But there was a great affinity between our literary projects. We were welcomed by those magazines and our entire production flowed through them. That was very important to us and also to our work. There was no space for us in newspapers, some things were accepted by Estado de São Paulo literary supplement, and we had, for a certain period in the year of 1960 (from January 1960 to February 26, 1961), a weekly page in Correio Paulistano, but, in general, it was hard to disseminate our production. It really flowed, in large part, through magazines like Artéria.
internet era Both the digital language and the tools provided by computers have placed in the hands of poets everything
3
we imagined in the 1950’s. There was this introduction to Poetamenos (Minuspoet;1953), a collection of poems that I started producing on a typewriter with colored carbon paper, etc. At the time, I thought: “when will we have the instruments that movies have, those lights…?”, and I imagined poems in large letters throughout the city, etc. But we did not have anything like that at our disposal. So, we tried to model the future. Try to imagine that, we did not even have color television. There was online the cinema, and we dreamed about it. We would never imagine, at that point, the revolution that computers would bring. Artéria has adapted to this new reality and sought to benefit from it, producing a number in digital language (Artéria 8, 2003). All of this is important but I think that too little is invested in creativity in this digital area. In literature, there is a whole dialectic process that is hard to follow, especially for contemporaries. It is difficult to make a precise or even fair evaluation but I believe that we have seen a regression in the production of these experimental magazines. In two decades, the tide began to ebb, the language became more moderate, more normative, mostly because of what was called post-modern, a literarily imprecise expression that many times is more retromodern than post-modern. It seems to me that there has been an attempt to escape the more problematic languages that venture into paths not yet taken. It is always more comfortable to work composing beautiful poems, nice pieces of art in a well-known territory. I think there has been a certain regression to a more conservative poetry. Even in the most recent magazines. There are interesting high-level magazines but they are more eclectic; they do not have that passion for poetic adventures. These are more resigned magazines. Very well-produced, but I do not see the practice or the will to follow new directions. The internet, today, ends up being practically a refuge for poets. Currently, I publish only on the internet. We have Cronópios (Cronopio), Musa Rara (Rare Muse), Zunái, which are poetry and literary magazines that host the new productions on the web. And perhaps the boldest of them, Errática (Erratic), run by André Vallias, who is very active figure in the practice of new languages. Almost all of my latest poems have been published on the internet, inside those magazines. Many of the poems from my latest book Outro (Other; Perspectiva, 2015) were originally published on the web, some of them with digital animations. I thought of producing a CD-ROM, but those have also become obsolete, so I abdicated the idea and simply indicated, at the end of the book, the link to the poems having corresponding digital animations. I put many of them directly on YouTube, as I say in one of my poems, bringing Mallarmé to the present, and bringing myself to the present - in the series Tvgrama (1988), in which I made a joke: Ah mallarmé (...) everything exists to end up on tv. Now, there is the erratum, the Tvgrama 4 erratum: Ah mallarmé (...) you will never have a sub, now everything exists to end up on youtube.3
invention as a project In all stages of the technological development, the adoption of techniques, such as silk screen, holography, or even video, has always been defined by the project. Perhaps emphasized by the attitude of the concrete poetry group, its sequence or its lineage
Refer to: http://www.erratica.com.br/opus/98/index.html
151
has turned especially to the interest in new languages. But there are other ways to compose poetry, this is not the only one, on the contrary, most poetry works are produced in more subjective terms. People want to express their emotions, and sometimes they achieve beautiful results but lack the will to explore new paths. I think it is a kind of poetic attitude. Ezra Pound has classified poets into different types: inventors, who are those concerned with new languages; masters and diluters, who write more or less in the language of their period. It does not mean that one is better than the other, but everyone longs to be either a master or an inventor, right? Mário Faustino, who was a great poet and intellectual of my time, would humorously say that he wanted to be a master; concrete poets chose to be inventors, but he had no intention to be one. He wanted to be a master; however, if he had to be a diluter, he wanted to be a useful diluter! I think it is all a matter of project. I cannot say why, but it seems to me that this ideology, the willingness to seek experimental forms of expression was more associated with the groups in São Paulo that derived from the Concrete Poetry movement, which, in turn, was preceded by another great adventure, that of the modernists of 1922, led by Oswald de Andrade. A certain antitradition movement was established in São Paulo and reflected in Bahia thanks to the innovative popular music group. Tropicália and the concrete poets faced a similar dilemma: producing new things at the cost of general incomprehensibility or not producing anything. The passion for pursuing new formats, even unacceptable and combatted ones. I think that it all comes as a matter of project: you either have it or you do not. You may even do good things but they will not have this inventive character. The language itself is available to everyone and it accepts any kind of production. But the language that engages in exploring unknown regions of poetry is a matter of preference. I prefer it. 152
poems published in artéria I would always leave my latest and supposedly better productions to Artéria. I would only submit unpublished material. Great part of the poems was published for the first time in these experimental magazines, especially in Artéria. The poem Profilogramallarmé (2009), for example, was not published until Artéria 10, the same with my French anthology, which was compiled by Jaques Donguy and published when I turned 80, in 2011. In fact, I did not have anywhere to publish it, as I do not have access to newspapers. Now that I published my new book Outro (Other; Perspectiva, 2015) and won an international prize (Pablo Neruda Ibero-American Poetry Prize), they may eventually publish one of my works. Despite the many years of literary and poetic work, newspapers do not invite me to publish poems, especially now that the sections dedicated to literature are shrinking and shrinking. Nowadays, they are more about entertainment, very little about literature and even less about poetry. Until the 1990’s we had publications such as Folhetim, a tabloid, with its last page reserved to poetry. They use to come to my house to get the poems, sometimes colored ones, on their final layout and then publish them. Many poems that were objects of controversy, such as Poema bomba (Bomb poem;1983) or Pós-tudo (Posteverything;1984), were first published in newspapers, but that is no longer possible. With respect to these experimental magazines, I was not consulted and I did not participate in the organization of any of them, it was just with Qorpo Estranho (1976-1982) that something strange happened. When they invited me, Julio Plaza and Regis Bonvicino, I did not want to participate in the magazine. I thought that I would be much in evidence and I am very strict when it comes to poetry. I do not even like my poetry, so it is hard
to like other people’s poetry. I ended up being a kind of consultant and produced some numbers with Julio from beginning to end. But I have never taken part in Artéria’s production, I would only send my contributions and trust the youngsters. As soccer players say nowadays: I would give my best! And they would organize the party. I felt entirely familiar with it; I was part of that family! Everything interested me. I remember with great admiration of particularly different numbers, such as Zero à Esquerda (Leading Zero, 1981), which was published outside of Artéria - it was not numbered as an edition of Artéria – and it consisted in a box with loose poems. I remember its spectacular launch; it was a happening! My memory may do many people an injustice, but the poem that comes right to my mind when I think of Artéria is the tape measure sonnet by Paulinho Miranda (Sonnet, 1975, published in Artéria 2, 1976). This is one of the hits, no doubt about it! But there are many of them; everything that came out would interest me, it was part of my artistic life, everything was connected.
dialogue and continuity I believe that what happened here in São Paulo with Artéria, Qorpo Estranho and other magazines disseminating this kind of experimental poetry was a very particular phenomenon that has not yet been fully understood. In the end, what emerged on the surface was the poetry that became known as marginal poetry, in which people would use the mimeograph machine to print books and sell them in bars. It was an easier, more vulgar poetry that would not face new language problems. It became popular and esteemed among university sectors. The first anthology of the marginal poets, 26 poetas hoje (26 poets today; 1976) was released in PUC-RJ (Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro) by Professor Heloisa Buarque de Holanda. I have never seen an avant-garde movement being launched by a university, I mean, it was suspicious enough. But that was the poetry that was esteemed by the Establishment. In general, it was a very conservative poetry from an aesthetic point of view. Artéria was something else: its experimentation was radical. I think that the role these magazines played as promoters of new languages and cutting-edge projects has not yet been fully understood. Many times Artéria strayed from the traditional book format, investing in different media to present its poems, such as a box of loose poems, unusual writing styles and even cassette tapes. Two numbers of Artéria (Balalaica, 1979, and Artéria IV, 1980) had sound productions, with emphasis on vocal experiences. It was something completely new being done with poetry and sound. These more experimental poetry magazines would not last long, in general. Sometimes, they had a single number, as it was the case of Navilouca or Polem. Artéria was one of the few magazines that managed to survive over time. And in the midst of great difficulties. I remember that they would made serigraphs
in an apartment… I do not know how they could do it! It was an activity that required great abnegation and generosity, which were characteristics of all these magazines. When producing a magazine, instead of fighting for your name in particular, for your work as an individual, you leave it open to the competition of other artists, many times at the cost of your own work. That was the case of Erthos Albino de Souza, who has never had a book published, for example. He would finance and publish books by other artists. I would say that this dialogue with young artists was very important to us. It made it possible for us to intellectually survive for decades. Because the access to major means of publication has always been hard. It was easier to publish poetry translations than new poems. Especially because there were cases in which a special graphic work was indispensable, even for ordinary newspapers or journals. So, it was precisely this dialogue with the magazines that was essential to the continuity of our poetry work. With it, we could begin a creative dialogue and, for a long time, these magazines have been the first vehicle of publication for new poems. It is really surprising and exceptional that Artéria has survived and is still active. A work that is carried out graciously more for love of a cause than anything else. I think Artéria belongs to this noble lineage of magazines, such as Código and many others that actually walk on a parallel route, on the margins. Especially Artéria that is still alive after 40 years! There is even the promise of a number 11, if I am not mistaken! I do not remember how many numbers Código has published; 12 I think… We are certainly going to get there! We are going to get to number 13, I suspect.
São Paulo, July 24, 2015.
Interview given to Bruna Callegari for the documentary “40 years of Artéria". Lygia de Azeredo Campos, Omar Khouri, Rafael Buosi and Lorena Pazzanese were present at the interview.
Augusto de Campos is a poet, translator, essayist, literary and music critic. He was born in 1931, in São Paulo, and published his first book of poems, O Rei Menos o Reino, in 1951. The following year, together with Décio Pignatari and his brother Haroldo de Campos, he launched the magazine Noigandres that initiated the international movement of Concrete Poetry in Brazil. Most of his poems were assembled in Viva Vaia (1979), Despoesia (1994) and NÃO (with a CDR of his clip-poems, 2003). Other important works are Poemóbiles (1974) and Caixa Preta (1975), collections of object-poems in partnership with the graphic artist and designer Julio Plaza. His latest book, O Outro, was launched in 2005. 153
Aldo Fortes Cummings: não-tradução 2, anos 70 1970’s Adesivo a partir de serigrafia, 320 x 22 cm Silk-screen die-cut sticker Publicado em Published in Artéria 6, 1992
Coordenação geral Overall coordination BRUNA CALLEGARI
Presidenta da República President of the Republic DILMA ROUSSEFF Ministro da Fazenda Finance Minister NELSON BARBOSA Presidenta da CAIXA President of CAIXA MIRIAM BELCHIOR
Produção executiva Executive production RAFAEL BUOSI Curadoria Curatorship OMAR KHOURI PAULO MIRANDA Coordenação editorial Editorial management BRUNA CALLEGARI Textos texts JULIO MENDONçA LúCIO AGRA OMAR KHOURI PAULO MIRANDA Projeto Gráfico Graphic design ANNA TURRA Assistente de design gráfico Graphic design assistant BRUNA MENEZES Reprodução de obras Artwork reproduction RAFAEL BUOSI PEDRO LOES Print digital Digital print DANILO KIM Programação interativa Programming DAVI CARDOSO THIAGO BERNADELLO Revisão e tradução Proofreading and translation JULIANA RIBEIRO DE MELO JULIANA GODOY Assistente de produção Production Assistance ARANTXA CIAFRINO Montagem Assembly MURILO DE CASTRO WELTON OLIVEIRA Assessoria de imprensa Press relations DÉCIO HERNANDEZ DI GIORGI Projeto e realização Execution ESPAçO LíQUIDO www.espacoliquido.com.br
as praias, as preias, as peias, as teias, as eias, as ei, as as, as asas
Samira Chalhub As praias Anos 70 1970’s Impressão digital a partir de serigrafia Digital printing Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981
CURADORIA OMAR KHOURI E PAULO MIRANDA DE 14 DE MAIO A 17 DE JULHO DE 2016 TERçA A DOMINGO, DAS 9H àS 19H
Acesse www.caixacultural.gov.br Baixe o aplicativo Caixa Cultural Curta facebook.com/CaixaCulturalSaoPaulo A Caixa está junto com o Brasil no combate ao mosquito. #ZIKAZERO CAIXA Cultural São Paulo Praça da Sé, 111 Centro São Paulo/SP CEP 01001-001 Terça a domingo, das 9h às 19h Prefira transporte público Entrada Gratuita Visitas monitoradas Transporte gratuito para escolas e instituições públicas. Agendamento e informações: (11) 3321-4400
As obras pertencem às coleções: Espaço Líquido Fernando Laszlo ICCo– Instituto de Cultura Contemporânea Lenora de Barros Omar Khouri Paulo Miranda