Introdução
“A maioria de nós irá um dia enfrentar uma dor severa. Estou convencido de que a atitude que cultivarmos antecipadamente pode muito bem determinar como o sofrimento irá afetar-nos quando realmente vier.” (Dr. Paul Brand)1
A sociedade ocidental evita a qualquer custo o sofrimento. Ela res-
gatou a vivência da filosofia hedonista (cerca de 400 a.C.) que acreditava que a finalidade principal da vida era a busca do prazer e a diminuição da dor. Sendo assim, o sofrimento é visto como um ultraje à vida humana. Parece haver no inconsciente coletivo ocidental a ideia de que é proibido sofrer ou sentir dor. Basta ver o grande esforço da medicina em amenizar toda forma de dor ou incômodo aos pacientes hospitalares. Dr. Paul Brand – cirurgião inglês que atuou na Inglaterra, Índia e Estados Unidos – relata que, enquanto na Índia seus pacientes esperavam o sofrimento e aprenderam a não temê-lo, nos EUA os pacientes eram muito menos preparados para lidar com o sofrimento e muito mais traumatizados por ele. O alívio da dor nos Estados Unidos sustenta uma indústria que movimenta muitos bilhões de dólares por ano, e os comerciais de televisão anunciam remédios 1
Phillip Yancey e Paul Brand, A Dádiva da dor, pg. 12.