NEWSLETTER ACES Espinho/Gaia Edição nº 13
Editorial Nesta edição da Newsletter do ACES Espinho-Gaia o tema principal é a Saúde do Idoso. Como é do conhecimento de todos, o índice de envelhecimento em Portugal tem vindo a aumentar paulatinamente, sendo em 2020 de 165,1%, de acordo com os dados do Pordata®. Assim, é e será cada vez mais uma área preponderante nos Cuidados de Saúde Primários, em todas as áreas médica, de enfermagem, de psicologia e social. Podem ser consultados artigos com reflexões acerca do papel do Idoso nos dias de hoje, do impacto das quedas, de como desenvolver atividades de estimulação cognitiva e motora, da colocação de sonda nasogástrica e do exercício físico. É também dado enfoque a uma atividade na área dos cuidadores, pois a sua formação repercute-se neles próprios e nos idosos de quem cuidam e feita uma consideração acerca da forma como, por vezes, os profissionais de saúde olham os idosos. Aborda-se ainda o papel da empaglifozina na Insuficiência Cardíaca. No que respeita a outros temas, destacam-se dois artigos sobre o exercício na gravidez, parentalidade positiva e boas práticas de vacinação. Estamos muito gratos pelos contributos de todos e terminamos com uma sugestão de leitura: “Diz-me uma palavra”, do nosso Presidente do Conselho Clínico e de Saúde, Dr. Manuel Mário Sousa.
O Núcleo Editor da Newsletter
Saúde do Idoso janeiro - março 2022
Índice Editorial ..................................................................................................................................... 1 Índice.......................................................................................................................................... 2 Saúde do Idoso........................................................................................................................ 3 Atividades de Estimulação Cognitiva e Motora Promotoras da Saúde dos Idosos ... 4 As Quedas e o Envelhecimento Populacional – Redefinição Emergente da Política dos Cuidados Saúde em Portugal ....................................................................................... 5 IDOSO DE AMANHÃ?... SEREMOS NÓS…........................................................................ 6 Sonda Nasogástrica – uma reflexão necessária .............................................................. 7 Cuidar Bem de Quem Cuida- Projeto de intervenção nos cuidadores da RNCCI ..... 8 Que idade tem? Não responda… A atividade física não tem idade! ........................ 9 Exercício na Gravidez – qual a informação mais recente a fornecer às grávidas? ..................................................................................................................................................10 Uma nova luz para os casos de IC com fração de ejeção preservada.....................11 Parentalidade Positiva - Uma Moda?...............................................................................12 Procedimento “Boas práticas na Vacinação” ..................................................................14 Sugestão de Leitura: “Diz-me uma palavra” ...................................................................18 Ficha Técnica ..........................................................................................................................19
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Saúde do Idoso A saúde no idoso e no grande idoso é um problema moderno, gerado pela maior esperança de vida e pela evolução para a cronicidade de muitas patologias anteriormente fatais em idades mais jovens. O ACES Espinho/Gaia tem um índice de dependência de idosos de 33,7% nos seus 184.656 utentes inscritos, muitos deles a carecerem de apoios familiares e sociais, que frequentemente não encontram. O impacto desta alteração demográfica atinge não apenas os serviços de saúde mas também a segurança social. Mas atente-se ainda na evolução do status e da função social dos idosos. Em épocas e civilizações antigas o idoso tinha funções muito especiais, recordemos por exemplo a Grécia Antiga que dava aos gerontes o governo das cidades. Em Esparta, a gerúsia era o órgão governativo e era composto por idosos com mais de 60 anos. A sabedoria e a experiência deixaram, porém, nas sociedades modernas, de serem valores fundamentais, ultrapassados pela capacidade produtiva. E neste sistema valorativo, fora da máquina produtiva, o idoso desce no seu status, perde fulgor e sujeita-se à exclusão social. A vida mais longa e o aumento da dependência físico-psíquica, faz dos idosos um grupo desfavorecido, um peso social importante, quando não um estorvo. Os cuidados primários de saúde procuram atender às solicitações dos idosos relativamente à saúde e à doença. A carência económica, a solidão, e o desajustamento face a modos de viver "que não são os deles", são integrados no diagnóstico holístico e na abordagem terapêutica multifactorial. No ACES Espinho/Gaia, as equipas de saúde, mesmo em situação de pandemia, não perderam de vista esta ação sanitária e humanitária e o IDS da Saúde do Idoso subiu para níveis superiores a 60%. É considerável, mas importa tentar ir mais longe. Para não me alongar numa prosápia de lugares comuns, termino recomendando vivamente a leitura sossegada do texto "Ética nos cuidados a pessoas idosas" do Dr. João Barreto, médico-psiquiatra, professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que a Revista Portuguesa de MGF meritoriamente decidiu publicar na edição de Janeiro/Fevereiro de 2022, a página 120 e seguintes.
Manuel Mário Sousa Presidente Conselho Clínica ACES E/G mmfsousa@arsnorte.minsaude.pt
Bom trabalho e boas leituras.
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Atividades de Estimulação Cognitiva e Motora Promotoras da Saúde dos Idosos A senescência é o processo de envelhecimento natural, que tem o seu início no nascimento e prolonga-se por todas as fases da vida, sendo que em cada uma delas, o ser humano vivencia mudanças tanto no seu corpo quanto na sua mente. Desta forma pode-se observar um declínio gradual de funções, demonstrando dificuldades de novas aprendizagens, bem como em realizar tarefas em simultâneo e a tendência ao esquecimento. Todavia este processo apresenta um ritmo próprio para cada pessoa, de acordo com seu estilo de vida. Há fatores que auxiliam no atraso ou no avanço deste processo. Dentro dos fatores que auxiliam, destacam-se as atividades intelectuais: quanto mais o cérebro for utilizado mais tempo demorará para perder suas conexões. No que concerne aos fatores que contribuem para o agravamento da perda cognitiva, está o sedentarismo. A atividade física promove mudanças na perceção da pessoa sobre sua saúde, consequentemente em comportamentos e atitudes saudáveis, aumentando o grau de independência e integração social. Do ponto de vista cognitivo, estudos apontam que o exercício físico melhora a função cognitiva por aumentar o fluxo sanguíneo, a oxigenação e a nutrição cerebral. Para além da redução do risco de várias doenças crónicas em idosos, como a coronária, a hipertensão arterial e a diabetes, também podem melhorar a imagem corporal e autoestima dos idosos, promovendo maior equilíbrio. Não obstante, a Estimulação Cognitiva e Motora, sendo um método dinâmico, com grandes resultados na melhoria no desempenho cognitivo e motor, tem contribuído para a melhoraria da performance na execução das atividades de vida diárias, tendo em conta que as atividades vão para além da prática desportiva. As atividades diárias como tomar banho, vestir-se / despir-se, deitar-se / levantar-se, jardinagem, caminhadas, subir e descer escadas, danças, jogos são atividades primordiais para manter o equilíbrio emocional / psíquico do idoso. De realçar que existem exercícios que podem ser desenvolvidos em casa, através de experiências sensoriais, tais como:
Enf.ª Catarina Miranda USF Nova Via cmiranda@arsnorte.min-saude.pt
Enf.ª Sónia Cardoso USF Nova Via sascardoso@arsnorte.minsaude.pt
• Escovar os dentes ou pentear utilizando a mão não dominante; • Mudar a rotina, alterando as atividades ou alterar a ordem de execução destas; • Alterar os trajetos, nem que sejam os mais simples para chegar a casa; • Abrir as gavetas e tentar descobrir cada peça de roupa somente pelo tato e formato; • Alterar a posição e o sítio dos objetos em casa; Desta forma, o profissional de saúde tem um papel crucial no ensino e no incentivo do desenvolvimento de tais atividades, traduzindo para suas rotinas diárias a melhor forma de realizar cada tarefa, respeitando suas limitações, mas não as valorizando a ponto de colocá-las como o motivo para não conseguir fazer. |4
As Quedas e o Envelhecimento Populacional – Redefinição Emergente da Política dos Cuidados Saúde em Portugal O envelhecimento populacional é um fenómeno universal e um desafio nas sociedades modernas, de modo que, lançar um olhar abrangente sobre o desenvolvimento do processo de cuidados aos idosos passa por perspetivalo como um processo articulado, sistémico e de proximidade. Portugal está a tornar-se num país envelhecido. A prevalência de doenças crónico-degenerativas, incapacitantes e dependentes, consequência direta do aumento da esperança média de vida, têm vindo, a assumir um papel preponderante nos problemas que se colocam ao sistema de saúde e de proteção social, constituindo um desafio no que concerne ao desenvolvimento de políticas capazes de dar resposta a estas novas situações. (Sanches, 2012) Esta redefinição da estrutura etária tem diferentes implicações: exige políticas sociais que permitam fazer face à nova realidade e onde a saúde e o apoio social terão de ser redimensionados. Gonçalves (2013) A queda é um evento bastante comum entre idosos e embora não seja uma consequência inevitável do envelhecimento, pode indiciar o início de fragilidade ou indicar doença aguda. Além dos problemas de saúde que acarretam, as quedas apresentam um custo social, económico e psicológico enorme, aumentando a nível de dependência. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2019), as quedas são a segunda causa de morte por lesão acidental ou não intencional em todo o mundo logo a seguir aos acidentes rodoviários. De acordo com os dados, 30% dos indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos cai, pelo menos, uma vez por ano no domicílio e 50% dos indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos cai, pelo menos, uma vez por ano em instituições. (SNS, 2019) A prevenção de quedas, constitui desta forma uma tarefa árdua devido à variedade de fatores que as predispõem e ao grau de risco, tal como depende muito, da capacidade funcional das mesmas. Um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (2016), mostra-nos que: (1) há uma redução em 10% da probabilidade de queda entre os que se exercitam em comparação com os sedentários; (2) exercícios que promovam o equilíbrio, reduzem o risco de cair em 37%, quando implementado um programa de exercício com duração, entre 10 semanas a 9 meses.
Enf.ª Helena Cruz UCC Carvalhos hrcruz@arsnorte.min-saude.pt
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IDOSO DE AMANHÃ?... SEREMOS NÓS… IDOSO…O que pensamos cada vez que esta palavra sai das nossas bocas?... Será que o fazemos com a consciência de que é de uma pessoa que estamos a falar? Será que agimos com o devido respeito pelos anos de experiência e sabedoria acumulada por aquela pessoa em particular? Ou apenas nos reportamos à sua condição de saúde (que frequentemente se torna mais complexa) numa obstinação pelo físico, esquecendo que todo o ser humano (bebé, criança, adolescente, jovem, adulto, idoso) é um conjunto de várias dimensões (física, psicológica, emocional, espiritual e social)? Ao longo do meu percurso profissional fui experienciando várias fases, no que respeita à proximidade com o outro. Cada vez foi ficando mais fácil e agora, após 27 anos como enfermeira, posso dizer que cada cuidado prestado é realizado com muito amor, gratidão e com muito respeito, por aquela pessoa, que se insere no grupo etário dos idosos. Nós seremos os idosos de amanhã e vamos desejar que nos continuem a tratar com o mesmo respeito que nos tratam agora. Porque continuamos a ter vontades, a não querer isto ou aquilo, a ter direito de não ser invadidos na nossa privacidade, a ter direito à dignidade!... Por vezes o nosso dia-a-dia atarefado, as rotinas diárias, as tarefas a executar levam-nos a não tomar consciência das nossas palavras e da forma como elas podem interferir com o bem-estar do outro. E se, em vez de simplesmente deixarmos sair as palavras, pensássemos um pouco nisto? Tomemos consciência de que podemos dar uma palavra de conforto àquela pessoa, que se insere no grupo etário dos idosos, um sorriso, ou apenas um olhar meigo e doce, que poderá tornar o seu dia mais iluminado. Deixo-vos com um provérbio italiano para reflexão: “Se as palavras que vais dizer não são tão belas como o silêncio, então não as digas”.
Enf.ª Selena Rocha ECSCP-EG sfbrocha@arsnorte.min-saude.pt
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Sonda Nasogástrica – uma reflexão necessária A propósito de uma visita recente da ECSCP-E/G a um doente idoso, residente numa ERPI, surgiu-nos a necessidade de abordar e lançar para discussão a importância e pertinência da colocação ou não de Sonda Nasogástrica (SNG), com intuito de manter alimentação, em determinadas circunstâncias e em determinados doentes. Tratava-se de um doente com patologia oncológica globalmente metastizada, que à nossa integração se encontrava num processo de últimos dias/horas de vida. Verificamos que se encontrava com SNG e à pergunta relativa ao porquê, rapidamente fomos informados que a mesma teria sido colocada nos dias anteriores “porque não comia”, sic. Naquele momento, percebemos que este assunto, além de ser muito discutido com as famílias, sobretudo em doentes em fases de fim de vida, nos quais a capacidade e vontade de se alimentarem se perde de forma progressiva, é igualmente um assunto a debater e refletir pelos profissionais. Após o domicílio, várias perguntas se instalaram em nós: - “Até que ponto houve necessidade daquele procedimento invasivo? Que melhoria da qualidade de vida se proporcionou? - O doente terá manifestado essa vontade previamente ou no momento? - Foi percebido pelos profissionais se o doente simplesmente não queria comer ou se haveria algum quadro (além do final de vida) que justificasse a anorexia? - Terá o processo de final de vida (últimos dias/semanas de vida) sido identificado?” Certamente todos nós (médicos especialistas, médicos internos, enfermeiros, alunos de enfermagem, assistentes sociais, psicólogos) já estivemos perante situações em que tivemos de abordar esta questão, seja de forma ativa (prescrevendo ou colocando uma SNG) seja de forma passiva (assistindo ou acompanhando um doente já sondado). Assim, urge pensar a pertinência deste ato, em qualquer fase, mas sobretudo no fim de vida, uma altura de maior fragilidade para o doente e família, na qual a preservação e garantia da qualidade de vida, bem como o conforto, devem ser primordiais.
A Equipa de Cuidados Paliativos do ACES Espinho-Gaia (Dra. Marta Guedes, Dra. Sílvia Castro Alves, Dra. Joana Ferreira Alves, Enf.ª Selena Rocha, Enf.ª Dália Santos, Enf.º Eduardo Gomes, Dra. Cármen Moreira, Dra. Maria Céu Fontão e Dra. Sandra Prata)
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Cuidar Bem de Quem Cuida- Projeto de intervenção nos cuidadores da RNCCI No âmbito do Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem Comunitária da Escola Superior de Santa Maria, foi realizado um Ensino Clínico na UCC Carvalhos pertencente ao ACES Grande Porto VIII – Espinho/Gaia. Dada a situação pandémica vivenciada ao longo do ensino clínico, foi realizado um estudo sobre as necessidades de saúde do cuidador informal em contexto de RNCCI. De realçar ainda a importância da existência da figura do cuidador informal e seu bem-estar na tipologia da RNCCI em contexto domiciliário. Assim, o estudo incidiu sobre as necessidades de formação nos cuidadores informais da RNCCI, teve como coordenadora a Enfermeira Catarina Simões (docente da Escola Superior de Santa Maria), sob a orientação das Enfermeiras Cleide Teles e Daniela Simões da UCC Carvalhos. Após elaboração do Diagnóstico de Situação de Saúde na RNCCI, num total de 11 cuidadores emergiram como principais problemas as necessidades de formação no autocuidado, prevenção de úlceras por pressão e direitos e deveres do Cuidador Informal. Para responder aos problemas prioritários foram criados os projetos de intervenção “Arquitetura do Cuidar” e “Direito e Deveres do Cuidador Informal”. Foram realizadas diversas Sessões de Educação para a Saúde no domicílio, com o objetivo de aumentar os conhecimentos e competências do cuidador informal e promover o seu desempenho no papel de cuidador. As Sessões de Educação para a Saúde, tiveram uma grande recetividade junto dos cuidadores e permitiram momentos de partilha muito significativos, o que se traduziu num impacto positivo na aquisição de conhecimentos e no papel de prestador de cuidados. Os resultados alcançados após a implementação dos projetos, demonstram a importância do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária na capacitação e empoderamento dos Cuidadores Informais, com repercussões na prevenção da doença e promoção da saúde dos cuidadores e das pessoas de quem cuidam.
Enf.ª Cleide Teles UCC Carvalhos cvteles@arsnorte.min-saude.pt
Enf.ª Daniela Simões UCC Carvalhos tdsimoes@arsnorte.min-saude.pt
Enf. Bruno Couto USF S. Félix/Perosinho – Pólo Perosinho bcouto@arsnorte.min-saude.pt
Enf.ª Ester Jesus CHVNG/E
Ester.jesus@chvng.min-saude.pt
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Que idade tem? Não responda… A atividade física não tem idade! A propósito da mais recente atualização das diretrizes da OMS sobre atividade física e comportamento sedentário, a USF Nova Via está a proceder à atualização do panfleto referente ao exercício físico no idoso. Estas diretrizes fornecem recomendações baseadas na evidência para crianças, adolescentes, adultos e idosos e para subpopulações, como grávidas e puérperas e pessoas com doenças crónicas ou deficiência, sobre a quantidade de atividade física necessária para obter benefícios significativos à saúde e mitigar riscos. Como sabemos, o exercício físico diminui o risco de doença cardiovascular, diminui a incidência de Diabetes Mellitus, doenças neoplásicas e doença mental, melhora a função respiratória, atrasa o declínio cognitivo, ajuda na prevenção de quedas e de lesões a estas associadas e contribui para a manutenção de um peso saudável. Perante doentes de idade avançada é importante reforçar a ideia de que cada movimento conta. Ou seja, apostar primeiramente na diminuição do sedentarismo no que respeita às atividades físicas diárias. De facto, devemos promover comportamentos como limpar a casa, tratar do jardim, subir escadas, andar a pé, brincar com os netos, entre outras. Em segundo lugar, devemos promover tempo de exercício físico programado, que deve ser composto por blocos de exercício aeróbio e fortalecimento muscular. Recomendam-se 2h30 a 5h semanais de atividade física aeróbia de intensidade moderada (por exemplo, 30 minutos por dia, 5 vezes por semana) ou 1h15 a 2h30 de intensidade vigorosa, ou semelhante, sendo que 1 min de atividade vigorosa se equipara a 2 minutos de moderada. É recomendado o treino de fortalecimento muscular, pelo menos 2 vezes por semana. Como alternativa, é sugerida a prática de atividades multimodais, 3 ou mais dias por semana. As atividades multimodais, que incluem treinos com atividade aeróbia, fortalecimento muscular e treino de equilíbrio, ajudam a reduzir o risco de lesões por queda e melhoram a capacidade funcional. Por fim, referir que deve ser estabelecido um plano acessível, deve ser feito aconselhamento direcionado para a patologia e limitações de cada um e deve ser reforçada a importância do aquecimento ao iniciar cada treino e dos alongamentos no final.
Dr.ª Sara Guedes USF Nova Via smguedes@arsnorte.min-saude.pt
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Exercício na Gravidez – qual a informação mais recente a fornecer às grávidas? A gravidez é uma fase crucial na vida das mulheres, e é acompanhada por uma elevada dose de ansiedade para que tudo corra da melhor forma possível. Desta forma, o exercício tem de fazer parte do dia-a-dia de todas as grávidas. Os benefícios são vários e importantes, como a redução dos níveis de ansiedade, o aumento da incidência de parto vaginal e diminuição de complicações como a diabetes e a hipertensão durante a gravidez. O ideal é começar na pré-conceção e manter no período pós-parto. Se não existe uma rotina de atividade física o início deve ser lento e gradual, até à meta de 150 minutos por semana de exercício de intensidade moderada. Existem vários tipos de exercícios adequados na gravidez e cada um traz diferentes benefícios à grávida. Por exemplo: Aeróbios: Caminhada, Natação, Bicicleta Estática, Dança – exercitam o corpo todo. Ajudam a controlar o peso ganho no período gestacional; Resistência: Musculação, Banda Elástica – reduzem as dores à medida que a gravidez avança; Alongamentos: Yoga – Deve ser feito diariamente. Aumenta a flexibilidade e reduz as dores. Evitar as poses que coloquem pressão na região abdominal; Treino dos músculos pélvicos: Exercícios de Kegel – Facilita o trabalho de parto e ajuda a prevenir incontinência e prolapsos no futuro. É importante ter alguns cuidados durante o exercício. Reforço da hidratação (8-10 copos de água por dia), usar roupa larga e confortável e evitar ambientes muito quentes e húmidos. O exercício deve ser interrompido se surgir dor, falta de ar, tonturas, hemorragia, perda de líquido amniótico ou contrações dolorosas e regulares. Se surgirem alguma destas situações, deve ser contactado o obstetra ou médico assistente que segue a gravidez. Para finalizar, uma última nota: há exercícios que devem ser evitados, como os de contacto (futebol, basquetebol ou voleibol), e os que apresentam risco de queda (ski, hipismo).
Dr. João Stuart USF Nova Via joao.monteiro@arsnorte.minsaude.pt
Fonte: “WHO guidelines on physical activity and sedentary behaviour”, publicadas em 2020.
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Uma nova luz para os casos de IC com fração de ejeção preservada A insuficiência cardíaca (IC) afeta cerca de 15 milhões de habitantes na União Europeia, sendo a principal causa de hospitalização entre doentes com mais de 65 anos e a principal causa de morbilidade e mortalidade por doenças cardiovasculares. A IC com fração de ejeção preservada (ICFEP) constitui já mais de 50% dos casos de IC, e prevê-se que esta proporção continue a crescer em virtude do aumento quer da esperança média de vida, quer das suas comorbilidades. Presentemente, a HTA é o fator de risco mais prevalente, no entanto, muitos dos pacientes hipertensos apresentam frequentemente obesidade e diabetes, que também contribuem para o desenvolvimento de ICFEP. Um doente idoso com estes fatores de risco na presença de intolerância ao esforço, dispneia e edema dos membros inferiores, deve-nos sempre deixar alerta para este diagnóstico. Os dados epidemiológicos sugerem que o prognóstico destes doentes é semelhante ao dos que apresentam IC com fração de ejeção reduzida (ICFER), com hospitalizações frequentes e um consumo de recursos de saúde avultado. No entanto, até há bem pouco tempo, e ao contrário da ICFER, para a ICFEP ainda não existiam estratégias terapêuticas que conduzissem a uma melhoria de sobrevida. No final do ano de 2021, foi finalmente publicado um artigo relativamente ao estudo EMPEROR-preserved que mostra uma redução de 19% da morte cardiovascular e das hospitalizações por IC nos doentes tratados com empaglifozina 10 mg, independentemente de serem ou não diabéticos. Este estudo veio assim trazer uma nova luz para estes doentes no que respeita ao seu tratamento e redução da sua mortalidade e morbilidade que até então baseava-se apenas num tratamento empírico e dirigido aos sintomas.
Dr.ª Sara Leite USF Anta leite.sara1@gmail.com
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Parentalidade Positiva - Uma Moda? Atualmente o conceito “Parentalidade Positiva” está associado a alguma controvérsia. Por um lado existem comentários de que é uma moda sem fundamento e “Antigamente não era assim e corria tudo bem”. Por outro, existem cada vez mais estudos que indicam vantagens desta forma de parentalidade. O que é afinal a parentalidade positiva? Define-se como um “comportamento parental baseado no melhor interesse da criança e que assegura a satisfação das principais necessidades das crianças e a sua capacitação, sem violência, proporcionando-lhe o reconhecimento e a orientação necessários, o que implica a fixação de limites ao seu comportamento, para possibilitar o seu pleno desenvolvimento.” Esta respeita os direitos da criança e não é considerada uma parentalidade permissiva, pois os limites são estabelecidos. Os progenitores devem proporcionar às crianças: sustento; estrutura e orientação (sensação de segurança); reconhecimento (valorizar as opiniões da criança); autonomia; educação não-violenta (excluir castigos corporais e psicológicos). Dicas práticas: - Brincar! Brincar ajuda a criança a desenvolver competências cognitivas, emocionais, sociais e motoras. Deixar a criança escolher e guiar a brincadeira com um ritmo adaptado à mesma. - Elogiar e encorajar a criança de modo consistente quando faz algo bem, mesmo que não seja perfeito, imediatamente após o comportamento. - Definir os comportamentos adequados, aumentar o desafio gradualmente e recompensar os êxitos alcançados. Substituir gradualmente as recompensas por aprovação social. - Estabelecer limites, com ordens positivas e curtas. - Selecionar comportamentos específicos a ignorar até a criança os emendar. - Estabelecer consequências adequadas à idade da criança, aplicálas de imediato de forma direta e afetuosa. As consequências devem ser naturais, curtas e precisas, não punitivas, dando novas oportunidades para ser bem-sucedido e aprender. - Ensinar a criança a resolver problemas e a desenvolver competências. - Ajudar a criança a gerir emoções com estabilidade, consistência e diálogo sobre os próprios sentimentos. - Controlar os maus pensamentos, stress e usar competências de comunicação como a escuta ativa. - Resolver problemas entre adultos e trabalhar com os professores. - Relaxar e renovar energias.
Dr.ª Jéssica Ferreira CHVNG/E
jessica97santos@gmail.com
Dr.ª Joana Mendes USF S. Félix-Perosinho jcsmendes@arsnorte.minsaude.pt
Dr.ª Margarida Moreno Fernandes CHVNG/E margarida_fernandes@mac. com
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Os direitos das crianças dizem respeito a todos nós. As crianças precisam de orientação para desenvolver o seu potencial ao máximo. A Parentalidade Positiva pode ser aprendida.
Bibliografia: ● Webster-Stratton, Carolyn (2019) Os Anos Incríveis - Guia de Resolução de Problemas para pais de crianças dos 2 aos 8 anos de idade, PsiquilibriosEdições. ● Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens - Centro de Recursos Parentalidade Positiva, Projeto Adélia.
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Procedimento “Boas práticas na Vacinação” A vacinação é um direito e um dever de todos nós enquanto cidadãos. Todos, ao sermos vacinados estamos não só a defender a nossa saúde individual, mas também a Saúde Pública e a exercer cidadania. Em Portugal o Programa Nacional de Vacinação (PNV) é um programa universal, gratuito e acessível a todas as pessoas, tendo por objetivo proteger, através da vacinação, os cidadãos contra as doenças com maior potencial de constituírem ameaça à saúde pública e individual e para as quais há proteção eficaz por vacinação. Aos profissionais de saúde compete divulgar o PNV, motivar as famílias e aproveitar todas as oportunidades para vacinar os cidadãos, garantindo as condições de segurança na preparação, administração e registo das diferentes vacinas, mesmo as que não estão contempladas no PNV. A criação de um procedimento na área da vacinação procurou padronizar tecnicamente a atividade de vacinação no ACES Espinho Gaia; garantindo que a atividade é realizada com o máximo de segurança para quem a realiza e aos demais envolvidos; reduzir o erro, tempo e custos associados; garantir a integridade dos processos envolvidos e das boas práticas no processo de vacinação; reduzir o trabalho repetitivo e por fim melhorar a eficiência da tarefa a ser realizada. O procedimento elaborado tem por objetivo principal promover a atividade de vacinação no ACES Espinho Gaia de acordo com as boas práticas em vigor, tornando-a padronizada tecnicamente.
Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho na área da vacinação, composto pelos seguintes elementos: Rui Cardeira - USF Anta Ruben Sousa - USF Espinho Susana Malta - USF Nova Via Helena Devezas - USP Alexandra Maia - USF Anta
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Sugestão de Leitura: “Diz-me uma palavra” É com enorme prazer e orgulho que o Grupo de Trabalho para Newsletter ACES Espinho/Gaia divulga, em primeira mão, o lançamento do livro “Dizme uma palavra”, cujo autor é o Presidente do Conselho Clínico e da Saúde do ACESEG, Dr. Manuel Mário Sousa. Este livro é uma obra não ficcional, na área do ensaio. Partindo das suas experiências pessoais, seguindo a evolução da ciência e da medicina até à génese da nova clinica geral como especialidade médica, denominada Medicina Geral e Familiar. Para finalmente se centrar na palavra como o lugar na clínica onde tudo começa e acaba, pois o doente “conduz a sua preocupação através do uso da palavra e o médico conduz o seu ofício acompanhado da palavra”, segundo o próprio autor. O livro estará disponível no final do mês de Abril, em formato papel e ebook, apenas nas livrarias digitais da wook, bertrand, amazon e libros.cc.
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Ficha Técnica A Newsletter do ACES Espinho/Gaia pretende ser uma nova ferramenta de comunicação interna e externa do ACES, que pretende partilhar e divulgar os projetos e atividades realizadas nas várias unidades funcionais.
Submissão de artigos para a próxima edição: A próxima edição da Newsletter terá como tema central as Saúde das Populações Vulneráveis, não sendo, no entanto, excluídos artigos de outro âmbito. Todos os interessados deverão enviar os seus artigos (documento Word) para o e-mail scasantos@arsnorte.min-saude.pt até ao dia 10 de junho, de acordo com a seguinte estrutura: 1. Título 2. Nome do(s) autor(es) da notícia, local de trabalho e contacto de e-mail; 3. Fotografia; 4. Texto, com máximo de 350 palavras. Grupo de trabalho para Newsletter ACES Espinho/Gaia:
Contamos com a vossa colaboração!
• Marta Guedes, ECSCP • Dália Santos, ECSCP • Maria João Teles, USF Boa Nova • Carina Silva, USP • Ana Cecilia Chaves, USP • Sandra Santos, representante do CCS
Em caso de dúvida ou necessidade de contacto:
scasantos@arsnorte.min-saude.pt
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