#10 Newsletter ACES Espinho/Gaia - Pessoas com Necessidades Especiais

Page 1

NEWSLETTER ACES Espinho/Gaia Edição nº 10

Editorial Nesta Edição da Newsletter o tema principal seria as Pessoas com Necessidades Especiais. Contamos com um artigo elaborado pelo Presidente do Conselho Clínico, que nos coloca várias questões sobre a presente temática em contexto de Cuidados de Saúde Primários. De seguida apresentamos a “Carta Aberta aos Profissionais do ACES Espinho/Gaia”, um desabafo sentido sobre a sobrecarga em que se encontram as Unidades de Saúde e os Profissionais em contexto de Pandemia. Damos conhecimento do evento “Flores para as mulheres de todos os “Mundos” no Dia Internacional da Mulher”, dinamizado pelo Secretariado da USF Além D’Ouro. Contamos ainda com um artigo sobre Prevenção de Quedas do Idoso e outro sobre Proteção de Dados em Saúde. A Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados da Madalena e os seus Profissionais estão de Parabéns pelas novas instalações.

O Núcleo Editor da Newsletter

Pessoas com Necessidades Especiais Julho 2021


Índice Conteúdo Editorial ....................................................................................................................................... 1 Índice ............................................................................................................................................ 2 Pessoas com necessidades especiais..................................................................................... 3 Carta Aberta aos Profissionais do ACeS Espinho/Gaia .................................................. 5 Flores para as mulheres de todos os "Mundos" no Dia Internacional da Mulher ....... 7 Prevenção de Quedas do Idoso ............................................................................................ 9 Proteção de Dados em Saúde .............................................................................................11 Abertura das novas instalações da Unidade de Saúde da Madalena ....................12 Ficha Técnica ............................................................................................................................13

|2


Pessoas com necessidades especiais. Faz parte da prática diária de um profissional de saúde o encontro com doentes com deficiência ou com necessidades especiais. Reparemos que nem todas as pessoas com necessidades especiais são deficientes - palavra de que não gosto, pois carrega uma conotação negativa quer do ponto de vista objetivo, quer emocional. Uma criança ou uma grávida, a título de exemplo, são seres com necessidades especiais sem serem pessoas com deficiência. Mas uma pessoa com deficiência carece igualmente de um estatuto de pessoa, tal como outra qualquer, sem se sujeitar a exclusões humilhantes, como aleijado, deficiente, mudo, cego ou tolinho. Manuel Mário Sousa Se facilmente aceitamos em teoria e à face da Lei a sua inclusão na sociedade como seres humanos com direitos iguais a todos os outros, esta aceitação deve começar, porém, na prática, em nós próprios e na cultura das nossas empresas e instituições. Muitas vezes condicionados nos

Presidente Conselho Clínica ACeS E/G mmfsousa@arsnorte.min -saude.pt

desempenhos pessoais e laborais pela qualidade e intensidade das suas limitações físico-psíquicas, as pessoas com deficiência podem desencadear no nosso íntimo um conjunto de reações negativas. O esforço de empatia é maior sempre que nos relacionamos com pessoas com deficiência e necessidades especiais, face às suas diferenças relativamente a nós. Nós pertencemos à grande “massa da gente”, somos parte do conceito de massificação; eles são pessoas diferentes, às vezes muito diferentes nos seus trejeitos espásticos ou atáxicos, ou na sua surdez ou claudicação, cegueira ou gaguez. E como cidadão - e particularmente como profissional de saúde - questiono-me: será que mesmo involuntariamente eu faço algum tipo de discriminação contra eles? Será que compreendo realmente as suas limitações e de forma empática me coloco à sua disposição para os ajudar? Será que respondo às suas necessidades em saúde num ambiente relacional de diálogo, de compreensão mútua, de capacitação e sem a benevolência condescendente do padrão paternalista? Ou na minha mente eu os encaixei de antemão em grupos com necessidades já identificadas, outra forma de massificação, em vez de admitir e aceitar que cada um é pessoa diferente dos outros, como qualquer um de nós é diferente dos outros? E será que a cultura da minha organização se adaptou a encarar as pessoas com deficiência como pessoas apenas diferentes, mas com um papel social igualmente definido?

|3


Talvez não, ou talvez sim mas nem sempre. E isso implica que cada um de nós revisite com frequência a nossa alegada superioridade de pessoas ditas “normais”. Por exemplo, fechemos os olhos ou vendemo-los e tentemos chegar a casa. Veremos quem são os heróis!

|4


Carta Aberta aos Profissionais do ACeS Espinho/Gaia Tendo em conta o momento atual e as circunstâncias porque passamos, com inúmeras exigências, parece que começamos a perder um pouco o controlo da situação e já não sabemos para onde nos havemos de virar... Consideramos como factos: - Estamos, ainda, em contexto pandémico; - Atravessamos uma nova fase em que se impõe a inoculação vacinal em massa; - Somos profissionais de saúde, trabalhando em Cuidados de Saúde Primários, na linha da frente; - Temos direitos que consideramos consagrados, mas também temos deveres que temos que assumir; - Trabalhamos em serviços públicos sujeitos a regras, obrigações e cadeias hierárquicas que devemos respeitar; - Somos pessoas livres, pensantes, responsáveis pelo que podemos/devemos exigir intervenção, necessariamente de forma construtiva, acatando no final as orientações das maiorias e as decisões superiores, ainda que possamos utilizar meios de contestação suportados em procedimentos regulamentares, legalmente disponíveis.

Sérgio Vieira Coordenador da USF Além D’Ouro

Então quando nos pedem ou parecem pedir: - Processo de contratualização com exigida recuperação de atividades penalizadas em 2020 e com metas mais exigentes; - Compromissos mais abrangentes da carteira de serviços, acessibilidades muito mais acrescidas e respostas mais céleres às diferentes necessidades sentidas; - Participação ativa em serviços complementares, de variada índole, em várias frentes, consumindo imensos recursos humanos e temporais... ...questionamos, como podemos dar vazão a tudo isto, garantir serviços adequados e respostas requeridas, contemplando utentes/doentes nas várias frentes e responsáveis que ora nos confrontam com objetivos não alcançados e objetivos a alcançar, ora com dispersão de múltiplas atividades, a que urge corresponder, numa catadupa de informações e requisições diárias, por vezes aparentemente contraditórias e, quantas vezes, em cima da hora, para ontem... Parece que (ou já) estamos cansados, sentimos que somos poucos nas unidades, já desfalcadas pela dispersão de recursos, confrontamo-nos no dia-a-dia com os utentes cada vez mais exigentes, implicativos e irritados, porque não satisfeitas as suas expetativas de resposta às solicitações e que se arrastam há muito tempo, percecionamos que as coisas não se mostram com fim à vista, desassossegamos porque vemos colocadas em causa tempos de descanso que ansiamos e consideramos merecer e precisar...também nós ficamos com “os cabelos em pé”!

|5


Então como nos devemos comportar? Sejamos os tais profissionais colaborativos, serenos e:

competentes,

sérios,

responsáveis,

- Apelemos à transparência de informações; - Consideremos ser informados e envolvidos no (s) processo (s); - Requeremos que as mensagens sejam transmitidas com o máximo de previsibilidade e o mais atempadamente possível. Assim: - Definam-se com rigor as respostas de facto necessárias evitando-se dispersão de recursos, sempre escassos, com rentabilização máxima dos mesmos; - Quantos centros de vacinação no âmbito do ACeS Espinho/Gaia? Evitemse multiplicidade de centros que só destroem qualquer capacidade humana de resposta; - A vacinação vai envolver população cada vez mais nova e com mais capacidade de mobilização e perante alternativa de escolha do centro em que queira ou possa ser vacinado; - Definam-se as capacidades de recursos humanos disponíveis, dos diferentes setores, de cada unidade funcional, envolvendo todas e todos os elegíveis, sem utilização de demagogas ou esfarrapadas desculpas ou critérios de exclusão; - Afira-se a carga de esforço que cada unidade funcional deve prestar sendo que a mesma deve ser taxativamente equitativa; - Construam-se escalas envolvendo esses recursos identificados, comprometendo as equipas (as unidades), sendo que as mesmas (escalas) devem contemplar um longo espaço temporal (identificados os centros de vacinação e os recursos necessários); - Definam-se, superiormente, os recursos mínimos a disponibilizar e garantir em cada unidade e em cada momento, nomeadamente para gestão de ausências programadas, como folgas e férias; - Divulgue-se, com clareza, os diversos indicadores e propostas de trabalho por todos para transparência do processo e admissão de possíveis contraditórios, propostas de melhoria ou até válidas contestações; - Assuma-se toda a envolvência do que nos é pedido, a cada um, a cada equipa, a cada setor profissional, e façamos, em cada momento e em cada ato, o melhor que podemos e sabemos e depois logo se verá o resultado final; - Priorizemos o que é fundamental e que nos é solicitado como tal, aplicando o máximo de nós, mas não deixemos, por desleixo, preguiça ou caturrice, de investir no resto cientes de que não poderemos fazer tudo, mas o que fizermos poderemos fazer bem.

USF Além D’Ouro, 11 de abril de 2021 |6


Flores para as mulheres de todos os "Mundos" no Dia Internacional da Mulher A propósito…. Flores para as mulheres de todos os “Mundos” no Dia Internacional da Mulher. A USF Além D’Ouro acolheu e recebeu todos os utentes e profissionais no dia em que “os olhares se voltam para quem renova a vida todos os dias” de uma forma diferente, colorida, viva natural e perfumada. Toda a USF foi decorada com pequenos arranjos de flores, imagens e palavras alusivas ao retrato da mulher nos seus diversos “Mundos”.

Com esta iniciativa que também se insere no âmbito do programa de Educação

para

a

Saúde,

na

Comemoração

de

dias

Mundiais/Internacionais, a Unidade quis homenagear todas as mulheres, não podendo deixar de referir a mulher no setor da Saúde, na qual esta

Paula Gomes, Rita Quelhas, Ana

equipa se insere, e onde a predominância são mulheres, valorizando assim

Isabel Alves e Fernando Braga

a competência, dedicação, na sociedade e na sua autoestima pessoal.

Equipa do Secretariado Clínico USF Além D' Ouro

Com várias frases, entre outras, “A mulher Adoça a vida com ternura”, o poema “A Mulher” Ary Dos Santos” que não resistimos em referir o último verso onde a mulher é retratada como um ser humano nem superior, nem inferior ao homem. Apenas como um igual em todos os sentidos e capacidades. A unidade quis deixar a marca da dignidade, do respeito do reconhecimento, da cidadania e da forma como as instituições contribuem para regular as relações humanas. De referir ainda um ato de gentileza e simpatia de uma utente que presenteou a unidade com um enorme ramo de rosas feitas de materiais reciclados

para todos os elementos da equipa. Um Bem-haja para todos

por um dia diferente. Enf.ª Assunção Dias, Ana Isabel Alves, Dr. Sérgio Vieira, Paula Gomes, Rita Quelhas, Fernando Braga Representatividade da Equipa Profissional, USF Além D' Ouro

|7


Equipa Profissional da USF Além D' Ouro Atividade dinamizada pelo Secretariado Clínico; 08/03/2021

|8


Prevenção de Quedas do Idoso As quedas no idoso são uma preocupação dos serviços de saúde e sociais, com consequências por vezes graves e responsáveis por diminuição da qualidade de vida. Em Portugal 21% do total de incidentes notificados são incidentes relacionados com as quedas. A prevenção de danos associados a quedas em pessoas idosas é um objetivo de saúde pública a nível mundial. A escala de quedas de Morse é a escala de avaliação de risco de quedas validada para Portugal, pelo que, apesar de ter sido criada para contexto hospitalar, é utilizada em contexto de CSP. A sua pontuação varia entre 0 e 125 pontos, determinando o Risco de Queda da pessoa: Sem Risco (0 e

Carlos Miranda

< 24 pontos), Baixo Risco (> 25 e < 54 pontos), e Alto Risco (> 51 pontos).

Enfermeiro USF S.Félix/Perosinho

O Plano Nacional para a Segurança dos Doentes descreve que em 2016 a DGS publica norma sobre a prevenção e redução da ocorrência de quedas, tal ainda não aconteceu pelo que importa recordar os pontos

cagmmiranda@arsnorte. min-saude.pt

essenciais na Prevenção de Quedas no idoso. Nos CSP a escala de quedas de Morse deve ser aplicada a maiores de 65 anos, com reavaliação anual, e sempre que ocorra uma queda ou quando houver alteração do estado clínico.

A avaliação clinica Multifatorial aplica-se ao utente com alto risco de queda: - Historial de quedas; - Comorbilidades que aumentam o risco de queda; - Adesão terapêutica; - Revisão terapêutica; - Exame Objetivo: Avaliação de força muscular e equilíbrio, avaliação cardiovascular, avaliação auditiva e visual; - Avaliação da incontinência urinária; - Exame podológico; - Avaliação do medo de cair;

Precauções Básicas: - Iluminação adequada, com luz de presença; - Remoção de tapetes, barreiras e obstáculos no percurso da marcha; - Piso limpo e seco; - Sapatos e vestuário adequados à marcha; - Ajudas sensoriais adequadas (óculos, aparelhos auditivos); - Altura da cama adequada à pessoa; - Dispositivos de apoio à marcha (canadianas, andarilhos, bengalas, cadeira de rodas); - Dispositivos de segurança (corrimãos, barra de apoio).

- Avaliação do estado nutricional; - Avaliação do Risco de Queda no domicílio.

|9


Boas práticas baseadas na evidência mostram que é possível reduzir as lesões nos idosos em 38%, e que a avaliação multifatorial do risco de cair, seguida de intervenções focadas na redução dos fatores de risco, foi considerada a estratégia mais eficaz na prevenção de quedas. A formação na utilização da escala de quedas de Morse, e na intervenção ao utente/cuidador é imprescindível e deve ser oferecida aos profissionais de forma programada e regular.

| 10


Proteção de Dados em Saúde A proteção das pessoas relativamente ao tratamento de dados pessoais é um direito fundamental. Ao longo do tempo, com a globalização e a rápida evolução tecnológica, houve a necessidade da criação de regras mais rigorosas. Neste sentido, foi estabelecido o Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia, que entrou em vigor em 25 de maio de 2018. No referido regulamento, os dados relativos à saúde definem-se como “dados pessoais relacionados com a saúde física ou mental de uma pessoa singular, incluindo a prestação de serviços de saúde, que revelem informações sobre o seu estado de saúde”. Estes inserem-se na categoria de dados especiais, cujo tratamento é, de forma geral, proibido,

Joana Catarina Santos

excetuando-se algumas situações, como a necessidade do tratamento para

Mendes

efeitos de diagnóstico médico, prestação de cuidados ou tratamentos de saúde, entre outros. Os princípios fundamentais do tratamento de dados referidos no RGPD são os seguintes: Licitude, lealdade e transparência; Limitação das finalidades;

Interna do 2º ano de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar - USF São FélixPerosinho

Minimização dos dados; Exatidão; Limitação da conservação; Integridade e confidencialidade; e Responsabilidade. Estes princípios estão de acordo e complementam os direitos do titular e as obrigações gerais do

jcsmendes@arsnorte.minsaude.pt

responsável pelo tratamento dos dados, também abordados no regulamento. O Regulamento Geral da Proteção de Dados estabeleceu, assim, regras inovadoras e criou novos desafios às entidades que trabalham com dados pessoais. Contudo, no nosso país, existiam já leis, como a Lei dos Direitos e Deveres dos Doentes de 2014, que incluem artigos acerca desta temática. Devemos, portanto, no nosso dia-a-dia, estar cientes da importância da proteção de dados, conhecendo a legislação disponível, refletindo sobre os desafios no seu cumprimento e promovendo, na prática, a sua aplicação.

| 11


Abertura das novas instalações da Unidade de Saúde da Madalena A renovação da UCSP Madalena estava anunciada há muito e foi em junho de 2021 que o novo edifício abriu portas, inaugurando uma das melhores e maiores infraestruturas do ACES. Foi com alegria e ânimo que nós profissionais nos mudamos para as novas instalações. Espaços amplos e modernos deram-nos as boas-vindas, prometendo um novo e renovado diaa-dia. Sentimos que podemos agora melhorar as condições assistenciais e a qualidade dos serviços prestados, aumentando a satisfação de utentes e profissionais. O último passo será receber os restantes elementos da USF Boa Nova, de forma a unir as equipas e o nosso trabalho, na procura da melhor prestação de cuidados para os nossos utentes. Formaremos, então, uma USF com 7 médicos, 7 enfermeiros e 6 secretários clínicos. Contaremos ainda, no edifício, com consultas de medicina dentária, de nutrição, de psicologia e do apoio da assistente social, que serão uma mais-valia diferenciadora na gestão da saúde e da doença dos nossos utentes. Assim, antevemos tempos de mudança e muito trabalho, que esperamos se traduzam em melhores cuidados e maior satisfação de todos. Após um ano de desafios, como nunca antes vistos, seguimos dedicados e atentos nesta nossa missão.

| 12


Ficha Técnica A Newsletter do ACES Espinho/Gaia pretende ser uma nova ferramenta de comunicação interna e externa do ACES, que pretende partilhar e divulgar os projetos e atividades realizadas nas várias unidades funcionais.

Submissão de artigos para a próxima edição: A próxima edição da Newsletter terá como tema central as Resposta à Pandemia por COVID 19, não sendo, no entanto, excluídos artigos de outro âmbito. Todos os interessados deverão enviar os seus artigos (documento Word) para o e-mail scasantos@arsnorte.min-saude.pt até ao dia 27 de Setembro, de acordo com a seguinte estrutura: 1. Título 2. Nome do(s) autor(es) da notícia, local de trabalho e contacto de e-mail; 3. Fotografia; 4. Texto, com máximo de 350 palavras.

Contamos com a vossa colaboração!

Grupo de trabalho para Newsletter ACES Espinho/Gaia:

Ana Cecilia Chaves, USP

Carina Silva, USP

Marta Guedes, ECSCP-EG

Maria João Paiva Teles, USF Boa Nova

Dália Santos, ECSCP-EG

Sandra Santos, CCS

Em caso de dúvida ou necessidade de contacto:

scasantos@arsnorte.min-saude.pt

| 13


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.