NEWSLETTER ACES Espinho/Gaia Edição nº 12
Editorial Nesta edição da Newsletter do ACES Espinho-Gaia o tema principal é a Saúde da Mulher, que ganha especial enfoque com o facto de em Portugal, existirem mais mulheres do que homens e a sua esperança de vida ser igualmente superior. As oscilações hormonais a que o corpo da mulher está sujeito são muitas e geram alterações fisiológicas e emocionais, seja devido aos ciclos menstruais, à gravidez ou à chegada da menopausa. O Manual de Saúde Materna é apresentado, nesta Newsletter, como um auxiliar prático na organização e orientação das consultas de saúde materna. Partilhamos também, um artigo sobre como preparar a chegada do bebé a uma família com um cão e da importância da consulta pré-concecional, uma vez que a suplementação materna com ácido fólico, não é sempre igual para todas as mulheres. Esta edição também não ficou indiferente a datas que têm como principal objetivo sensibilizar para prevenir. Assim, o mês de outubro é assinalado como mês de prevenção do cancro da mama e o 14 de novembro como dia mundial da diabetes. Estamos muito gratos pelos contributos de todos e desejamos um FELIZ e SANTO NATAL e um EXCELENTE ANO NOVO!
O Núcleo Editor da Newsletter
Saúde Materna Outubro - Dezembro 2021
Índice Editorial ....................................................................................................................................... 1 Índice ............................................................................................................................................ 2 Manual de saúde materna: um auxiliar nas consultas de saúde materna ................... 3 Preparar a chegada do bebé a uma família com cão .................................................... 5 Suplementação materna com ácido fólico .......................................................................... 6 Diabetes: A importância de sensibilizar para prevenir ................................................... 7 Celebração do Dia Nacional para a Prevenção do Cancro da Mama ....................... 8 Ficha Técnica ............................................................................................................................10
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Manual de saúde materna: um auxiliar nas consultas de saúde materna O Manual de Saúde Materna Manual_Saude_Materna_OUT2021.pdf (min-saude.pt) foi pensado de forma a tornar-se um auxiliar prático de organização e orientação das consultas de saúde materna, desde a préconceção até à revisão do puerpério. As orientações da Direção Geral da Saúde estão na sua base. São também feitas referências a literatura nacional e internacional, com hiperligações, nomeadamente à Organização Mundial de Saúde (OMS), ao British Medical Journal (BMJ), ao Best Practice, ao DynaMed, ao UpToDate, ao United States Preventive Services Task Force (USPSTF), à Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, à Sociedade Portuguesa de Contraceção, à American College of Obstetrics and Gynecology, à Royal College of Obstetrics and Gynecology, que nos orientam para o aprofundamento e atualização de conhecimentos se e quando necessário. Todas as consultas estão organizadas pelo método S.O.A.P., respeitando o esquema preconizado para as grávidas de baixo risco. No entanto, ele deve ser individualizado de acordo com a especificidade dos dados da anamnese, exame físico e resultados dos exames realizados. Cada consulta tem uma organização geral comum, fornecendo as informações necessárias, sem implicar a leitura de todo o documento: Subjetivo 1. Questionar queixas/intercorrências desde a consulta anterior; 2. Verificar medicação/suplementação atual; 3. Averiguar a existência de sinais de ansiedade ou de depressão; 4. Questionar o consumo de tabaco, álcool e outras substâncias psicoativas; 5. Questionar a prática de atividade física, alimentação e hidratação; 6. Rastrear a violência nas relações de intimidade. Objetivo 1. Avaliação antropométrica a. Peso; b. Ganho ponderal; c. Altura uterina; 2. Exame objetivo a. Aspeto geral; b. Sinais vitais; c. Exame objetivo; d. Exame ginecológico se aplicável; 3. Auscultar o foco cardíaco fetal: a partir das 12-14 semanas de gravidez; 4. Realizar análise de urina com recurso a tira teste urinária. |3
Plano 1. Procedimentos; 2. Educação para a saúde: saúde oral, alimentação, exercício físico, sono, segurança, tabaco, álcool, drogas ilícitas, animais domésticos, entre outros; 3. Meios complementares de diagnóstico; 4. Medicação; 5. Vacinação; 6. Referenciação; 7. Marcação da próxima consulta. Em suma pretende-se que seja um auxiliar prático, de leitura e aprendizagem fáceis, essencialmente destinado a quem inicia a sua prática clínica na orientação da parentalidade.
Autores Ana Vidal1, Ângela M. Teixeira2, M. Luz Loureiro3, Joana Raquel Silva4 e Sandra Evangelista5 1-Médica Interna de Formação Específica de MGF - ACeS Espinho-Gaia (USF Nova Via) 2-Assistente Graduada de MGF - ACeS Espinho-Gaia (USF Nova Via) / CIMGFZN 3-Assistente Graduada de MGF - ACeS Porto Oriental / CIMGFZN 4-Assistente Hospitalar de Ginecologia e Obstetrícia no CHVNGE 5-Enfermeira especialista em Saúde Materna e Obstétrica - ACeS EspinhoGaia
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Preparar a chegada do bebé a uma família com cão Como médicos de família perguntamos “Com quem vive?”. Ao que nos respondem frequentemente “Com o meu marido e o nosso cão”. Os animais fazem, cada vez mais, parte das famílias dos nossos utentes. É essencial conversarmos com os futuros pais sobre como preparar a chegada do bebé evitando que o animal venha a constituir um perigo. Preparar a chegada do bebé As mudanças devem ser realizadas antes do bebé chegar a casa, principalmente se as rotinas do cão tiverem de ser alteradas. Se optarem por não permitir o acesso do cão ao quarto do bebé ou se estiverem a prever passeá-lo menos vezes, devem começar durante a gravidez. Deve parecer que o bebé já habita na casa antes do nascimento. Montando o carrinho do bebé e recompensando o cão quando o cheirar calmamente ou colocando gravações de bebés a chorar ou a rir. O cão deve ser avaliado pelo veterinário para assegurar vacinação e desparasitação e ponderar castração e treinos de obediência. Finalmente chegou o bebé. Enquanto a mãe e o bebé estiverem na maternidade, devem ser dadas a cheirar ao cão as roupinhas do bebé enquanto é acariciado para que associe este aroma a algo agradável. Ao chegar a casa, a mãe não deve estar com o bebé ao colo, pois poderia causar ciúme no cão “cheio de saudades”. Deve acariciá-lo até que se acalme. Nessa altura, deve ser permitido ao cão aproximar-se do bebé, sempre preso, para relembrar o cheiro agradável das roupinhas. Os pais devem ser avisados que o bebé nunca pode ficar junto do cão sem supervisão principalmente quando chora ou se movimenta. Deve evitar ralhar-se com o cão na frente do bebé para que não o considere seu inimigo. O cão deve ser acariciado por quem pega no bebé e acompanhar a “família” nos passeios. Sempre que possível, deve ser dada atenção extra ao cão como deixar guloseimas debaixo do carrinho como se fossem um presente do bebé. É importante que o cão considere o bebé como membro bem-vindo à “sua” família. Este será o princípio de uma grande “amizade” com tantos benefícios para o desenvolvimento da criança.
Dr.ª Ana Vidal USF Nova Via afvidal@arsnorte.min-saude.pt
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Suplementação materna com ácido fólico SEMPRE para todas. NEM SEMPRE IGUAL para todas. O ácido fólico constitui uma vitamina do complexo B que existe em alguns alimentos como carne vermelha, vegetais de folha verde, leguminosas, leite e ovos. Na gravidez, a suplementação com ácido fólico previne a ocorrência de defeitos do tubo neural como anencefalia e espina bifina. Estas malformações major ocorrem entre as 3 e as 4 semanas, muitas vezes antes da mulher saber que está grávida. Esta suplementação parece estar também associada à diminuição do risco de hipertensão na gravidez e de outras malformações como lábio leporino, fenda palatina e outros defeitos congénitos. É por isso essencial informar os jovens casais da importância da consulta pré-concecional. A suplementação com ácido fólico deve começar 2 a 3 meses antes da suspensão da contraceção e deve manter-se durante o primeiro trimestre da gravidez. A DGS recomenda a suplementação com 0,4mg/dia de ácido fólico juntamente com uma dieta diversificada. Apenas mulheres com antecedentes familiares ou gravidez anterior com defeito do tubo neural ou com condição (e.g. doença inflamatória intestinal, cirurgia bariátrica, dietas alternativas) ou medicação (e.g. anticonvulsivantes) que diminuam a biodisponibilidade do ácido fólico devem fazer 5mg/dia. Em Portugal, somente as formulações com 5mg são comparticipadas, podendo este fato estar a contribuir para a sua utilização em casos em que não estão indicadas, correspondendo a uma dose 12,5 vezes superior à recomendada. Esta concentração aparentemente não é tóxica se usada durante um curto período de tempo. No entanto, a sua utilização tanto em dose como em duração excessiva pode estar associada a alterações epigenéticas fetais responsáveis pelo aumento do risco de doenças como asma, insulinorresistência, cancro e autismo. No caso das mulheres com risco aumentado para defeitos do tubo neural é importante reduzir a dose de ácido fólico após o primeiro trimestre para 0,4mg/dia durante o resto da gravidez diminuindo a possibilidade de efeitos adversos fetais. A consulta pré-concecional é o momento fulcral para prevenirmos as malformações fetais que ocorrem na gravidez e para identificarmos as mulheres que necessitam de uma dose superior a 0,4mg/dia de ácido fólico na pré-conceção e primeiro trimestre.
Dr.ª Ana Vidal USF Nova Via afvidal@arsnorte.min-saude.pt
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Diabetes: A importância de sensibilizar para prevenir A diabetes constitui uma das patologias não transmissíveis mais comum, com uma elevada prevalência e incidência crescente. De forma a despertar consciências em relação às crescentes dificuldades que a doença origina, bem como definir estratégias para a prevenir e tratar, a comunidade internacional comemora o Dia Mundial da Diabetes, a 14 de novembro. A prevenção da diabetes deve começar pelas escolas, educando para estilos de vida saudáveis, nomeadamente sobre alimentação (completa, equilibrada e variada) e atividade física regular, mantendo o Índice de Massa Corporal (IMC) dentro de parâmetros normais. Neste âmbito foi realizado, na Escola Secundária Diogo Macedo, no dia 15 de novembro, uma ação de sensibilização, tendo sido elegidas as turmas que no horário definido tinham educação física. Assim, foram abrangidas três turmas (9ºC, 10ºA, 12ºB), no total de 48 alunos, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos, segundo o gráfico. Esta atividade compreendeu a monitorização da glicemia capilar e preenchimento de um questionário, com posterior análise de resultados. As conclusões obtidas serão apresentadas às turmas abrangidas e concomitantemente desenvolvidas sessões de sensibilização e esclarecimento, com a realização de uma atividade intitulada “livro humano”. Esta irá consistir na colocação de questões pelos alunos, sobre a temática, com esclarecimento pelo profissional de saúde responsável pela saúde escolar. Na análise dos resultados identificamos os seguintes fatores de risco, segundo o gráfico: · Ausência de pequeno-almoço e/ou lanche da manhã; · Prática de exercício físico sem ingestão de alimentos (sem pequeno almoço e/ou lanche da manhã); · Pequeno-almoço deficiente, em termos de qualidade e quantidade. Acreditamos que a resposta a esta problemática passará pela implementação de políticas de prevenção da doença e de promoção da saúde e vida saudável. Impõe-se uma mudança de paradigma, na qual se aposte na prevenção. A implementação de políticas relacionadas com a adoção de hábitos alimentares saudáveis e de combate ao sedentarismo, através da sensibilização para a importância da alteração de hábitos e comportamentos é fundamental. Deste modo, poderemos afirmar que as equipas de saúde escolar poderão apresentar um papel preponderante a este nível.
Enf.ª Liliana Xavier UCC Carvalhos lsxavier@arsnorte.min-saude.pt
Enf.ª Sandra Evangelista UCC Carvalhos sceferreira@arsnorte.min-saude.pt
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Celebração do Dia Nacional para a Prevenção do Cancro da Mama
A celebração do Dia Nacional para a Prevenção do Cancro da Mama assinala-se no dia 30 de Outubro, precedendo-se a este dia a comemoração do Dia Mundial da Saúde da Mama a 15 de Outubro, tornando-se o mês de Outubro como o mês dedicado à saúde da mama. Sendo o cancro da mama um dos problemas com mais gravidade na saúde em todo o mundo e segunda causa de morte por cancro, na mulher, no mundo ocidental, constitui-se como uma das maiores preocupações atuais em termos de saúde já que traz consigo grandes impactos na qualidade de vida da mulher. (Eberhardt, 2014). O cancro obriga a uma perspetiva multidisciplinar com uma abordagem articulada com os vários intervenientes para além das estruturas de saúde na medida em que é uma das doenças do futuro (e do presente) (DGS, 2014). A instituição precoce de um programa de reabilitação da mulher mastetomizada reveste-se de grande importância e tem como objetivo primário prevenir ou minimizar as complicações físicas identificadas. Deste modo, o enfermeiro de reabilitação poderá intervir ao nível do desempenho das atividades de vida diária e da própria vivência social da pessoa. O enfermeiro especialista de reabilitação auxilia e orienta o percurso promovendo na pessoa a capacitação para a continuação do processo na vida diária, dependendo este da soma de conhecimentos e capacidades alcançadas. As competências acrescidas do enfermeiro de reabilitação possibilitam intervenções ao nível de educação para saúde, prevenção de complicações, tratamento e reabilitação maximizando o potencial da pessoa e dando-lhe informação e capacitação que permitem o empoderamento para gerir eficazmente a doença no seu percurso oncológico. O desafio atual é o de conceber dinâmicas que incitem à evolução de uma situação onde prevalece a diminuta informação e a subordinação aos saberes e às ações dos profissionais de saúde, para inter-relações de desenvolvimento e partilha contínua de informação e de conhecimento, de proatividade, de capacitação e da autonomia (PNS 2011-2016) da mulher mastetomizada. Sequeira (2014) através de uma revisão sistemática da literatura, sobre a eficácia dos programas de reabilitação funcional do membro superior, na mulher submetida a mastectomia radical unilateral, constatou que uma intervenção precoce de reabilitação conduzia a benefícios, prevenindo complicações pós-cirúrgicas e reabilitando as mulheres para as atividades de vida diária. Da análise crítica efetuada concluiu que “...um programa |8
estruturado e sistematizado gera benefícios na funcionalidade do membro superior e na qualidade de vida tanto a curto como a longo prazo. Os seus efeitos incidem sobretudo na diminuição da dor, prevenção de linfedema, recuperação das amplitudes articulares, realçando-se também a importância da precocidade das intervenções e a qualidade de vida das mulheres”. A limitação da amplitude de movimentos de flexão e abdução do ombro surge como a mais frequente complicação após a cirurgia. Se é superior a 30º não permite a execução de atividades da vida diárias tão simples como a higiene ou arranjar-se. A diminuição da amplitude de movimentos do ombro causa dificuldade no desempenho de algumas atividades que envolvem amplitudes de movimento maior como é o caso do vestir e despir, lavar o membro contralateral à mastectomia ou pentear-se sendo restritiva na realização das atividades de vida diária (Camões, 2014). A manifestação desta dificuldade e de outras complicações pode ser minorado através de programas de reabilitação e de acompanhamento contínuo da mulher mastetomizada. A reabilitação funcional do movimento do membro homolateral permite prevenir ou minimizar complicações na mulher mastetomizada trazendo ganhos em autonomia. O programa de exercícios deverá ser repetido quatro vezes ao dia e continuado durante um período mínimo de seis semanas após a cirurgia. Refira-se que poderá haver necessidade de prolongar este período até aos seis meses, de forma a adquirir completa aquisição de mobilidade e de flexibilidade (Otto, 2000). A reabilitação da mulher mastetomizada será tanto melhor sucedida quanto mais informada estiver a mulher, pelo que estes programas devem alicerçar-se em programas de ensino individualizados a cada mulher coadjuvados com as intervenções de reabilitação a prosseguir pós-alta até à desejável capacitação por forma a evitar limitações ou reduzir incapacidades. Os profissionais de saúde numa perspetiva holística devem (re) pensar as suas práticas sustentando-as nestas premissas, redefini-las e (re) configurar abordagens inovadoras nos seus contextos e concretamente à mulher mastetomizada. À enfermagem de reabilitação exige-se dinâmicas de reinvenção e redescoberta de novos caminhos que conduzam a práticas mais efetivas demonstrando os contributos que pode dar com as suas intervenções. O enfermeiro de reabilitação deve estar presente ao longo de todo o processo de doença ajudando-a na adaptação à doença, fornecendo informação para proporcionar conhecimento que a ajude a ultrapassar obstáculos e constrangimentos, minimizando complicações. Ao reforçar o potencial de cada mulher para o autocuidado, contribui para a minimização do impacto da doença nas suas atividades de vida e facilita a descoberta de estratégias adaptativas para superar dificuldades.
Helena Raquel Cruz UCC Carvalhos hrcruz@arsnorte.min-saude.pt
Patrícia Margarida Pinto UCC Carvalhos pmpinto@arsnorte.min-saude.pt
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Ficha Técnica A Newsletter do ACES Espinho/Gaia pretende ser uma nova ferramenta de comunicação interna e externa do ACES, que pretende partilhar e divulgar os projetos e atividades realizadas nas várias unidades funcionais.
Submissão de artigos para a próxima edição: A próxima edição da Newsletter terá como tema central as Saúde do Idoso, não sendo, no entanto, excluídos artigos de outro âmbito. Todos os interessados deverão enviar os seus artigos (documento Word) para o e-mail scasantos@arsnorte.min-saude.pt até ao dia 11 de Março, de acordo com a seguinte estrutura: 1. Título 2. Nome do(s) autor(es) da notícia, local de trabalho e contacto de e-mail; 3. Fotografia; 4. Texto, com máximo de 350 palavras.
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Grupo de trabalho para Newsletter ACES Espinho/Gaia:
• Marta Guedes, ECSCP • Dália Santos, ECSCP • Maria João Teles, USF Boa Nova • Carina Silva, USP • Ana Cecilia Chaves, USP • Sandra Santos, representante do CCS
Em caso de dúvida ou necessidade de contacto:
scasantos@arsnorte.min-saude.pt
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