#1 Newsletter ACeS Espinho/Gaia Editorial Edição 1 Saúde Infantil 7 de Agosto de 2017
A comunicação é de importância vital, sendo uma ferramenta de integração, instrução, de partilha mútua e desenvolvimento. Neste sentido, o ACeS Espinho/Gaia, por proposta de um grupo de internos da USP, decidiu iniciar a edição de uma Newsletter com o objetivo de partilha de experiências e conhecimentos, para o enriquecimento de todos os profissionais do ACeS. O perfil desta Newsletter é interdisciplinar, tendo como eixo as matérias sobre Saúde Infantil, Saúde Juvenil, Saúde Materna, Saúde do Adulto e Saúde do Idoso. A temática é aberta e permite a receção de trabalhos de vários setores do ACeS. A sua periodicidade é trimestral e admite-se a submissão de artigos, resumos de estudos de casos sobre o tema central definido e outros artigos que demonstrem as atividades dos Núcleos, Formação e atividades desenvolvidas pelas Unidades Funcionais. Vai, com certeza, ser um bom instrumento de trabalho e informação. Resta-me agradecer a todos os intervenientes pelo esforço e dedicação desenvolvidos pela iniciativa e continuidade da Newsletter do ACeS Espinho/Gaia. Desejo a todos uma boa leitura! Enf.ª Celeste Pinto Diretora Executiva
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Mais uma novidade …faz parte da evolução das organizações… Como Presidente do Conselho Clínico e de Saúde cabe-me participar neste nº 1 da Newsletter do ACeS Espinho/Gaia. Trata-se de mais uma novidade na nossa instituição que se insere na aposta em apoiar iniciativas que possam ser úteis à sociedade em geral. Aproveito este nº 1, com o tema central – “Saúde Infantil“ para divulgar a cultura organizacional / objetivos pretendidos do ACeS Espinho/Gaia. O ACeS Espinho/Gaia orgulha-se de ser uma importante referência na prestação de cuidados e atividades, com uma imagem consolidada local/regional e nacional. Para este sucesso é determinante a ação de todos no cumprimento de elevados critérios de exigência e na constante adequação às preocupações da sociedade atual e às necessidades técnico-científicas. As condições logísticas em que se desenvolve a nossa ação terão de ser um alvo de preocupação e permanente atenção, para proporcionar um excelente ambiente de trabalho e o reforço da nossa cultura organizacional. Muitas das horas do nosso dia e da nossa vida passamos no trabalho, por isso, tentamos sempre fazer com que o nosso tempo no ACeS seja, além de produtivo, muito agradável, criando sempre um ambiente saudável e amistoso. Nas funções de Presidente do Conselho Clínico e de Saúde do ACeS Espinho/Gaia é meu dever desejar um patamar elevado na prestação de cuidados, que não se limita apenas aos Cuidados de Saúde Primários. O sistema de saúde português tem vindo a ser palco de reformas constantes, sem que se tenham obtido os resultados esperados. Considerada enquanto variável organizacional, que pode ditar o sucesso de determinada mudança/reforma, e partindo-se do pressuposto que é gerível, conhecer a nossa cultura organizacional que predomina nas instituições de saúde parece ser importante para quem as gere, principalmente perante processos de mudança, como seja a implementação de novos modelos de gestão /contratualização. A sustentabilidade do SNS, globalmente, e a capacidade das Instituições para continuarem a responder às situações de elevada complexidade, com elevada diferenciação, com eficácia e prontidão, vai depender do nosso trabalho em disseminar os novos paradigmas de prestação de cuidados de saúde. O sucesso de uma organização está intimamente ligado à continuidade da sua cultura, que por sua vez depende do cumprimento da sua missão e valores, com uma melhor compreensão da complexidade dos processos da organização. Vamos caminhar juntos … Conto com a vossa experiência e saberes, estando abertos a sugestões, diálogo, não esquecendo dos nossos objetivos /atividades: • Dar continuidade ao projeto da Comunicação, principalmente entre todos os colegas e entre as várias unidades funcionais. Ter um instrumento de gestão da informação, transparência, partilha e consultadoria transdisciplinar. Importância de criação de um gabinete de Comunicação em Saúde do ACeS; • Fomentar estratégias na área da Literacia do utente. Melhorar os espaços destinados aos utentes e os meios de comunicação são uma estratégia que os profissionais devem pensar para encontrarem as soluções mais ajustadas; • Melhorar o nível de utilização dos Sistemas de Informação, não esquecendo dentro do possível a simplificação, integração e a uniformidade. O fluxo pesado de informação requer uma rede informática segura, robusta e
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rápida, sem a qual este paradigma será uma miragem; requer também capacidade de armazenamento adequada e uma capacidade de processamento e de acesso “imediatos”. Não chega, nem será eficiente, colocar programas de “TOP” a correr em equipamentos e sistemas lentos. Se tal não acontecer não teremos sucesso. Manter como meio de informação o Website do ACeS Espinho/Gaia; Dar continuidade ao projeto da Gestão da Qualidade e Segurança do Doente, liderado pela Comissão da Qualidade e Segurança do Doente do ACeS. A importância da qualidade organizacional e prestação global de cuidados, concluir a elaboração do Manual da Qualidade. Apoiar as unidades em fase de Acreditação e as que possam candidatar-se. Existe preocupação na vertente da segurança do doente e profissional. Preocupação com o controle da infeção; Manter em atividade da Equipa de Acompanhamento Local (ELA) do ACeS, que em colaboração com Comissão da Qualidade e Segurança do Doente e auditores, com intervenção nas áreas assistenciais/organizativas /verificação de registos clínicos (médicos e de enfermagem aleatórios nas áreas onde forem detetados maiores constrangimentos), não assistenciais (área de recursos humanos/área financeira); Estar atento às condições de trabalho e estado psíquico dos profissionais; Analisar os custos inerentes às várias atividades, importância para uma boa gestão dos materiais/stocks/armazéns/viaturas. A participação de todos é importante; Verificar a carência de recursos humanos e implementar as estratégias face à realidade e antecipar carências no futuro; Apostar na formação, investigação e poder contar com o precioso trabalho das pessoas em formação. Contar com o Núcleo da Formação, Investigação e Internato; Incentivar novos projetos de intervenção; Melhorar a proximidade e apoio às unidades funcionais do ACeS. Manter as reuniões de coordenadores e Conselhos Técnicos mensais e reuniões de acompanhamento e apoio às unidades, com periodicidade ajustadas às necessidades; Apoiar no processo de Contratualização, reforçando a importância dos suportes existentes e plano de ação da unidade funcional e Plano Local de Saúde (PLS) e alinhamento com os planos regional e nacional de saúde. Reuniões de acompanhamento com as equipas com elaboração de instrumentos de apoio e orientação relacionados com a contratualização; Apoio dos colegas das unidades nos vários processos de gestão e núcleos. Vamos estar atentos ao trabalho dos profissionais e colaboração com o ACeS, principalmente aqueles que, para além da sua atividade nas unidades, colaboram em outras atividades do ACeS, a maioria das vezes para além do horário de trabalho. Reforça-se a importância dos vários núcleos na participação nas diversas áreas que permitem uma melhor gestão e melhores resultados; Manter o nosso trabalho e preocupação com o arquivo. Dar cumprimento ao processo de desmaterialização; Fomentar a importância da Gestão Integrada dos Percursos em Saúde, nomeadamente a importância da gestão do doente crónico; Criar uma equipa em cuidados de Suporte em Cuidados Paliativos; Criar estratégias para uma melhor Qualificação da prescrição; Fomentar a atenção e preocupação com a Prevenção Quaternária; Integrar os cuidados com os outros níveis de cuidados e parceiros sociais. A integração de cuidados que se almeja passa pelos Cuidados de Saúde
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Primários, sendo premente reconhecer a centralidade do Médico de Família como “porteiro” e “guardião” do SNS, e como gestor de saúde e dos episódios de doença de cada cidadão. É necessário agir no sentido de induzir a mudança de atitudes e de comportamentos, criando as condições para que os cidadãos valorizem os novos modelos e neles confiem. É importante fomentar a articulação e parcerias com outras Instituições. Parabéns ao núcleo da Newsletter do ACeS Espinho/Gaia e a todos os que colaboraram no nº 1. Que esta forma de comunicação seja um património científico de inegável importância para a os Cuidados Saúde Primários/ACeS e que constitua um veículo privilegiado de divulgação e formação contínua. É fundamental que os leitores assumam como sua a responsabilidade de manter e viabilizar a Newsletter isenta e independente e que reflita os desenvolvimentos que se têm verificado na área dos Cuidados de Saúde Primários. Pela nossa parte, enquanto responsáveis pela política editorial e pela programação, tudo faremos para que a Newsletter continue a ser dos leitores e para os leitores. Contamos com a vossa colaboração. Obrigada pelo esforço dos nossos profissionais, principalmente nesta fase de mudança e metodologia de contratualização. Só com o contributo de todos podemos fazer muito, senão limitamo-nos a fazer o básico, o que não é motivador e não melhora as nossas competências.
Dr. Jorge Vinagre Presidente do CCS
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Criança original ou criança digital? Vivemos na época tecnológica, a era digital chegou há pouco mais de uma década e somos capazes de ver avanços tecnológicos diariamente. As crianças e adolescentes pertencem a este milénio digital, crescendo num mundo onde telemóveis, tablets, pc’s se impõem cada vez mais no seu quotidiano, sendo que esta nova realidade tem efeitos positivos e negativos sobre o desenvolvimento. Sem dúvida, as novas tecnologias desempenham um papel importante na aprendizagem e desenvolvimento, promovendo e facilitando a interação com os outros, e são espaço de criatividade e exploração do conhecimento. Não obstante, surgem problemas quando o seu uso se sobrepõe a outras atividades promotoras de saúde e fundamentais a um desenvolvimento saudável, como a prática de atividade física, a quantidade e a qualidade do sono, a exploração prática do que nos rodeia e a interação social cara a cara, os quais representam aspetos críticos no desenvolvimento. Dados do estudo europeu Net Children Go Mobile (2014) mostram que em Portugal o acesso diário à internet das crianças dos 9-10 anos é de 54%, sendo que começam por ter um smartphone com a mesma idade. De facto, os meios portáteis são os mais utilizados (60%), principalmente o smartphone (35%) e tendo o uso destes dispositivos por crianças dos 0 aos 8 anos de idade subido de 52% para 75%, entre 2011 e 2013. O estudo mostrou ainda que as crianças têm acesso cada vez mais cedo à Internet (9 anos em 2010 e 7 anos em 2014) e, quanto maior a idade, mais acentuada é a presença dos jovens nas redes sociais, registando-se um salto abrupto por volta dos 11-12 anos. Preocupante é o facto da maioria dos pais referir ter poucas regras no que respeita ao uso das várias plataformas media pelas crianças e adolescentes. Exemplo disso é o facto de mais de 60% dos adolescentes enviarem mensagens de texto após a hora de deitar, sendo estes os jovens que mencionam maiores níveis de cansaço. Seria importante elaborar um conjunto de recomendações sobre o uso das novas tecnologias pelas crianças e adolescentes, de forma a ajudar pais e cuidadores a desenvolverem um plano que tenha em conta as necessidades de saúde, educação e entretenimento de cada um, bem como de toda a família. É importante que sejam os pais e os cuidadores a ensinarem às crianças como utilizar as novas tecnologias e como torná-las numa ferramenta útil à aprendizagem e criatividade, benéfica ao desenvolvimento das crianças e adolescentes, alertando e prevenindo situações de uso excessivo e que podem colocar a sua segurança em risco.
Pedro Caetano - Médico IFE MGF - USF Nova Via Marta Freitas – estudante de medicina, FMUP
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Bibliografia: 1. Reid Chassiakos Y, Radesky J, et al. Children and Adolescents and Digital Media. Pediatrics. 2016. 2. Simões J, Ponte C, et al. Crianças e Meios Digitais Móveis em Portugal: Resultados Nacionais do Projeto Net Children Go Mobile. FCT. 2014 3. Pediatrics Policy Statement; Children, Adolescents, and the Media. Pediatrics 2013. p. 958-61. 4. Paiva N, Costa J. A influência da tecnologia na infância: desenvolvimento ou ameaça? Psicologia.pt - O Portal dos Psicólogos. Disponível em: www.psicologia.pt/artigos/textos/A0839.pdf. Acesso em 16/05/2017.
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Vacinando contra os Mitos O recente surto de sarampo que deflagrou pela Europa e atingiu Portugal no início deste ano aflorou novamente questões acerca da vacinação, relançando o debate sobre a relevância e justificação do Programa Nacional de Vacinação. No fim da década passada, artigos como o de Andrew Wakefield no Reino Unido estabeleciam uma frágil associação entre a vacina tríplice e o desenvolvimento de autismo. Muito embora o artigo tenha sido rapidamente descredibilizado, este terá aberto uma ferida na confiança de algumas populações quer nos profissionais de saúde, quer nos programas vacinais em vigor. Aliada a esta desconfiança, o desconhecimento acerca das doenças, entretanto quase erradicadas à custa da vacinação, fez transitar o receio de contrair a doença para o de realizar a vacina, incentivando o surgimento de mitos. Nesta espiral de desconfiança e declínio do respeito pelas autoridades de saúde, algumas pessoas procuram ainda as suas próprias respostas, muitas vezes descurando o valor científico das fontes de informação. No entanto, a arrogância de alguns profissionais de saúde ou mesmo a sua negligência profissional pode comprometer este ciclo de confiança e pôr em causa o cumprimento de medidas de saúde pública, tais como a vacinação. É necessário e urgente quebrar esta corrente de desinformação, tendo em consideração as preocupações e receios dos utentes e estando disponível para qualquer esclarecimento tanto dos utentes como do público em geral. A vacinação foi uma das intervenções de saúde pública mais eficazes do último século na redução do fardo das doenças infeciosas na humanidade; esta mensagem deve ser transversalmente transmitida de geração em geração para manter apenas em teoria o conhecimento de doenças como o sarampo e proteger a nossa população do desenvolvimento de epidemias potencialmente desastrosas.
Bárbara Mota, médica interna de ano comum Daniel Teles, médico interno de ano comum Pedro Branco, médico interno de ano comum
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Núcleo de Crianças e Jovens em Risco (NACJR) O Núcleo de Crianças e Jovens em Risco (NACJR) é uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde do ACeS que em articulação e cooperação com as equipas de base das unidades de saúde, avaliam, intervêm e encaminham situações de suspeita ou confirmação de maus-tratos em crianças e jovens. Os NACJR têm como atribuições (destacamos apenas as mais significativas): (a) contribuir para a informação prestada à população e sensibilizar os profissionais para a problemática das crianças e jovens em risco; (b) promover formação e preparação dos profissionais; (c) coletar e organizar a informação casuística sobre as situações observadas e avaliadas; (d) prestar apoio de consultadoria aos profissionais e equipas de saúde; (e) gerir, a título excecional, as situações que transcendam as capacidades de intervenção dos outros profissionais ou equipas da instituição e que, pelas características que apresentam, podem ser, ainda, acompanhadas na instituição – nomeadamente as que envolvam matéria de perigo; (f) fomentar o estabelecimento de mecanismos de cooperação com as diversas Unidades Funcionais/Serviços Hospitalares; (g) aplicar as orientações técnicas Maus Tratos em Crianças e Jovens – Intervenção da Saúde (conforme informações recolhidas a partir do site https://www.dgs.pt/ms/14/pagina.aspx?ur=1&id=5526). Relativamente a 2016, o NACJR acompanhou 63 casos (39% corresponderam a casos novos abertos) e foram arquivados 31 casos. No que diz respeito à tipologia, e apenas em relação aos casos avaliados como maus-tratos, temos a sublinhar que 47% dos casos reportavam situações de negligência ativa; 45% das situações remetiam para negligência passiva (por omissão), 4% correspondiam a mau trato físico e 4% a abuso sexual. Relativamente à dispersão por faixa etária, a maioria das situações foram de crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 (40%).
Sandra Almeida – Enfermeira Especialista em Saúde Infantil (Coordenadora do NACJR) Ana Girão – Médica Especialista em Medicina Geral e Familiar Cármen Moreira – Assistente Social Helena Devezas – Enfermeira Especialista em Saúde Comunitária Ilda Caetano – Psicóloga Clínica
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Hiperatividade e défice de atenção Este texto resulta do material de informação em saúde, dirigido para pais e mães de crianças e adolescentes com hiperatividade (ou suspeita), construído pelos profissionais de psicologia clínica da URAP do ACeS Espinho/Gaia A hiperatividade parece que entrou em força no vocabulário de pais, mães, professores, técnicos de saúde, entre outros! Contudo, é frequente o uso e abuso desta expressão para descrever a atividade motora normal e desejável das crianças. A hiperatividade e défice de atenção (PHDA), enquanto diagnóstico e perturbação do comportamento, têm características específicas e delimitadas. Interfere frequentemente com a dinâmica familiar, relacionamento com as outras crianças/adolescentes, aquisição de competências e aprendizagem dos conteúdos escolares. Os pais e mães destas crianças manifestam regularmente sensação de cansaço e esgotamento, práticas educativas que oscilam entre a punição severa e o ‘deixaandar’, sentimentos de culpa e insatisfação na relação com a criança. A criança sente, por vezes, dificuldade em construir e manter relações de amizade, baixa autoestima (sobretudo pela constante comparação com as outras crianças), dificuldades de aprendizagem, memória e concentração, assim como, uma verdadeira incapacidade de controlar o comportamento motor. Sinais de alerta: DESATENÇÃO: • Apresenta dificuldade em prestar e manter a atenção a detalhes ou errar por descuido • (nomeadamente nas atividades escolares e/ou lúdicas); • Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra; • Não segue instruções e não termina tarefas escolares ou domésticas; • Apresenta dificuldade em organizar tarefas e atividades; • Evita o envolvimento em tarefas que exijam esforço mental acrescido ou continuado; • Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (ex. mochila, material escolar, casacos …); • Facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa, perde a noção do tempo durante a realização de atividades escolares e/ou lúdicas. COMPORTAMENTO IRREQUIETO: • Agita as mãos ou os pés; • Abandona a cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; • Corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (pode colocar-se em risco, as crianças com hiperatividade apresentam muitos episódios de queda); • Tem dificuldade em brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades; • Parece estar frequentemente “a mil” ou muitas vezes agir como se estivesse “a todo o vapor”; • Fala em demasia. IMPULSIVIDADE: • Respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas; • Dificuldade em esperar pela sua vez; • Interrompe com frequência os outros.
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As crianças (e adolescentes) com PHDA são consideradas frequentemente imaturas, preguiçosas, mal-educadas. Nada mais errado! Estes julgamentos favorecem o desenvolvimento de sentimentos de incompreensão e de rejeição. Tanto a distração como a atividade motora deve ser mais frequente e severa do que aquela que tipicamente é observada em crianças/adolescentes da mesma faixa etária. Estes comportamentos devem causar prejuízo e têm que estar presente em pelo menos dois contextos (por ex., em casa e na escola ou ATL). A hiperatividade pode persistir ao longo da vida, mas a sua expressão varia com a idade. É mais comum entre os rapazes. Os primeiros sinais de alerta surgem por volta dos 3-4 anos de idade. É uma perturbação que está presente em cerca de 5% das crianças em idade escolar; mais frequente em rapazes. É uma perturbação que pode ser tratada. O diagnóstico só é válido quando a criança é avaliada por um técnico de saúde competente. Se tem dúvidas, consulte o(a) seu (sua) médico(a) de família. SOU PAI/MÃE DE UMA CRIANÇA/ADOLESCENTE COM PHDA, O QUE POSSO FAZER? As crianças/adolescentes com PHDA beneficiam de: • Contextos familiares organizados, regras simples, consistentes e firmes; • As instruções devem ser claras, sendo benéfico o uso de lista de tarefas com sequência lógica e de acordo com as rotinas estabelecidas; • Manter uma boa higiene do sono (cumprir os horários de sono); • Procurar perceber se a criança/adolescente compreende a diferença entre o comportamento desejável e indesejável; quando o comportamento indesejável permanece, devemos procurar reforçar o esforço em alcançar o comportamento adequado e refletir sobre as mudanças a serem feitas; • Sempre que manifesta um comportamento desejável, a criança/adolescente deve ser reforçado(a) e sublinhado o seu sucesso, bem como, as implicações positivas do seu comportamento; • As críticas excessivas devem ser evitadas, sobretudo, perante a presença de outras crianças ou adultos; • Organizar as horas de estudo com intervalos de descanso; • Proporcionar programas familiares em que a criança/adolescente participe de forma livre, lúdica e descontraída; • Atividades extracurriculares que possibilitem a libertação de energia e aprender a estar em equipa podem ser muito úteis (ex. futebol, karaté, atletismo, dança,…); • Evite o contacto com jogos de computador violentos ou de luta; • As técnicas de respiração diafragmática favorecem o relaxamento; massagens podem promover um maior conhecimento do corpo e ajudam a criança/adolescente a ficar mais tranquilo; • O treino psicomotor (coordenação motora) e intervenção psicológica podem ser úteis; • A articulação com a escola é fundamental, evitando a desvalorização do cenário escolar; • O uso de medicação específica pode ser muito útil. Contudo, esta decisão só deve ser tomada após consulta com médico(a) especialista. RECURSOS ÚTEIS E DISPONÍVEIS Associação Portuguesa da Criança Hiperativa (www.apdch.net) Associação de Défice de Atenção e Hiperatividade (www.dah-a.com) Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (www.appia.com.pt) Clube PHDA (www.clubephda.pt) Associação Portuguesa de Pessoas com Dificuldades de Aprendizagem (www.appdae.net) http://www.adhdeurope.eu/
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Texto elaborado pela equipa de Psicologia ClĂnica, da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhadas (URAP) urap@csarcozelo.min-saude.pt; Tel. 22 730 08 30
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Dermatite da Fralda A dermatite da fralda (DF) caracteriza-se como uma erupção inflamatória ou exantema que envolve a área coberta pelas fraldas (região do períneo, nádegas, abdómen inferior, e coxas), podendo ser de causas múltiplas. Constitui um dos problemas mais frequentes nos dois primeiros anos de vida, sendo causadora de dor e stress para a criança. A DF é frequente na maioria das crianças de ambos os sexos, sendo estimado que na comunidade possa ter uma prevalência de 7% a 35%, e em crianças hospitalizadas entre 17% e 43%. Existem vários tipos de DF, sendo que os mais comuns são a dermatite irritativa, dermatite de contacto e intertrigo infecioso com sobreinfeção por Candida albicans. Há uma serie de fatores de risco que se podem combinar aditiva ou sinergicamente, podendo o agente causal ser diferente de indivíduo para indivíduo. Entre os fatores de risco encontram-se: humidade, fricção entre a fralda e a pele, contacto prolongado com urina e/ou fezes, resíduos químicos ou detergentes de lavagem presentes na fralda, fármacos que alteram a motilidade e flora intestinal provocando diarreias. Prevenção e tratamento A intervenção na prevenção ou tratamento da DF nas suas apresentações mais ligeiras ou moderada é basicamente a mesma, sendo que o melhor tratamento da DF é a sua prevenção. As soluções não farmacológicas para a prevenção e tratamento são sumarizadas no acrónimo “ABCDE”: • “Air” – Expor a área afetada ao ambiente, permitindo que a pele seque, diminuindo também as forças de fricção entre a pele e a fralda. • “Barrier” – Aplicação de cremes barreira à base de vaselina, vitamina A ou óxido de zinco. • “Cleansing”- Higiene cuidada da zona da fralda, que passará por uma limpeza sem fricção da pele em cada muda de fralda com compressas embebidas em água. A pele deverá estar seca antes de se colocar nova fralda. • “Diaper” – Usar fraldas super absorventes e que permitam trocas gasosas. • “Education” – Ensino e treinos dos pais/cuidador nos cuidados da muda da fralda. As formas mais severas poderão ser tratadas usando pequenas quantidades de corticosteroide tópico de baixa potência. No caso de sobreinfeção por Candida albicans são utilizadas preparações tópicas com antifúngicos. Os antibióticos tópicos só se devem utilizar em caso de sobreinfeção bacteriana. A dermatite da fralda é um problema comum que pode causar dor e ansiedade na criança e seus cuidadores. Neste sentido os profissionais de saúde têm um papel importante em ajudar a família a identificar os fatores de risco e como os prevenir através de cuidados apropriados na muda da fralda.
Enf. Rui Filipe Rocha – USF Boa Nova
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Ficha Técnica A Newsletter ACeS Espinho/Gaia pretende ser uma nova ferramenta de comunicação interna e externa do ACeS, que pretende partilhar e divulgar os projetos e atividades realizadas nas várias unidades funcionais. Submissão de artigos para a próxima edição: A próxima edição da Newsletter terá como tema central a Saúde Juvenil, não sendo, no entanto, excluídos artigos de outro âmbito. Todos os interessados deverão enviar os seus artigos para o e-mail acesespinhogaia@csespinho.min-saude.pt até ao dia 10 de Setembro, de acordo com a seguinte estrutura: 1. 2. 3. 4.
Título Nome do(s) autor(es) da notícia, local de trabalho e contacto de e-mail; Fotografia; Texto, com máximo de 350 palavras.
Contamos com a vossa colaboração! Grupo de trabalho para Newsletter ACeS Espinho/Gaia: • • • •
Júlio Ferreira Milheiro Nunes, representante do CCS Maria João Paiva Teles, USF Boa Nova Sofia Rocha, USP Diogo Silva, USP
Em caso de dúvida ou necessidade de contacto:
acesespinho-gaia@csespinho.min-saude.pt