NEWSLETTER ACES Espinho/Gaia Edição nº 4
Editorial
Saúde do Idoso
O meu avô João nunca queria que lhe desejassem longos anos de vida. Dizer-lhe isso era tradução de que a pessoa não gostava dele, pois quem tem bom coração e gosta de nós, não nos deseja o sofrimento que a velhice, a doença e a falta de um propósito trazem. Tal como o meu avô, muitos dos nossos idosos sentem-se cansados de viver; a lista de doenças e medicamentos ocupam-lhes os armários e os dias; o corpo não responde como antigamente, e a tendência é apenas para piorar. Nunca o silêncio gritou tão alto, e a solidão, essa, tomou conta das suas vidas. Em 2017,1 em Portugal Continental, a população com 65 e mais anos correspondia a 21,8% da população residente, existindo cerca de 153 idosos por cada 100 jovens (<15 anos). A esperança de vida à nascença nunca foi tão elevada: 77,7 anos para os homens e 83,4 anos para as mulheres. No entanto, quando falamos de esperança de vida saudável aos 65 anos, o cenário é diferente; para ambos os sexos, no nosso país, o valor é de apenas 6,2 anos (7,0 para os homens e 5,4 para as mulheres), muito abaixo da maior parte dos países da
OCDE.2
Durante a Operação Censos
Sénior realizada pela GNR, em 2017, foram sinalizados 45.516 idosos, dos quais 5.124 vivem isolados e 3.521 vivem sozinhos e isolados.3
Janeiro – Março 2019 Dias comemorativos 02/04: Dia Mundial da Consciencialização do Autismo 07/04: Dia Mundial da Saúde 24 – 30/04: Semana Mundial da Vacinação 25/04: Dia Mundial da Malária 28/04: Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho 07/05: Dia Mundial da Asma 17/05: Dia Mundial da Hipertensão 19/05: Dia Mundial do Médico de Família 23/05: Dia Nacional de Luta contra a Obesidade 31/05: Dia Mundial sem Tabaco 01/06: Dia Mundial da Criança
O que fazer?
05/06: Dia Mundial do Ambiente
Investir, participar, perceber, mudar, criar.
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Dados do Instituto Nacional de Estatística (2017). Health at a Glance 2017 – OCDE (dados de 2015): consultar aqui. 3 Operação Censos Sénior 2017: consultar aqui. 2
14/06: Dia Mundial do Dador de Sangue 21/06: Dia Nacional de Controle da Asma 26/06: Dia Internacional de Luta contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas
Investir desde cedo (e desde sempre), na promoção de estilos de vida saudável, desde a alimentação, à atividade física e à saúde mental; ganhar controlo sobre a nossa saúde e a nossa vida, tendo uma voz e uma participação ativas em todos os setores da nossa sociedade. Fazer parte de uma comunidade que entende a importância do contributo de todos os cidadãos, em todas as fases do ciclo de vida. Colaborar na criação de políticas que permitam que as pessoas possam ter vidas longas e saudáveis. Perceber que cada pessoa idosa é diferente, tendo necessidades sociais e de saúde distintas. Mudar o pensamento sobre o envelhecimento e os idosos. Criar ambientes seguros para todos os indivíduos, a todos os níveis: habitação, cuidados de saúde, redes sociais, emprego, proteção.
Cabe a nós, enquanto profissionais de saúde e cidadãos, apoiar e sustentar políticas que permitam que os idosos tenham um papel ativo na própria vida, na saúde e na comunidade; que tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade, diferenciados e integrados. Que lhes sejam dadas todas as competências para que possam tomar decisões informadas. Que sejam reconhecidos como elementos importantes da sociedade.
A todos os (nossos) idosos, dedicamos o tema desta edição.
Sofia Silva Rocha Unidade de Saúde Pública Núcleo da Newsletter sfrocha@arsnorte.min-saude.pt
Nunca se é muito velho para definir um novo objetivo, ou para sonhar um novo sonho. (C.S. Lewis, 1898 – 1963)
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Índice
Editorial ........................................................................................................................ 1 Gripe sazonal: como correu a época 2018/2019?........................................... 4 A epidemiologia do excesso de peso e da obesidade na população sénior do ACES Espinho/Gaia, 2017 – 2018 ................................................................. 5 Férias e saúde – o viajante sénior.......................................................................... 6 A importância da escolaridade nos idosos........................................................... 7 Demência em Portugal – Um ponto de situação ................................................. 8 Utilização do Exenatido no utente Diabético Dependente ............................... 9 Plano Local de Saúde Mental 2019 – 2020 do ACES Espinho/Gaia .........11 Folheto: Boas Práticas de Ergonomia no Local de Trabalho ...........................12 Folheto: Segurança Rodoviária Infantil – Transporte de Crianças em Automóveis.................................................................................................................13 O Plano Nacional de Saúde e um novo ciclo temático ....................................14 Núcleo de Formação – Calendarização .............................................................15 Ficha Técnica .............................................................................................................16
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Gripe sazonal: como correu a época 2018/2019? A gripe sazonal é um problema de Saúde Pública, considerando a sua magnitude, transcendência (afeta todos os grupos etários e estratos sociais) e impacto socioeconómico, para além da morbilidade e mortalidade associadas, principalmente nos extremos de vida e na presença de co-morbilidades. O vírus da gripe sofre, frequentemente, mutações antigénicas: as do tipo drift são consideradas minor, são mais frequentes nos tipos A e B, e ocorrem nos períodos interpandémicos; estas alterações minor justificam a produção anual de vacinas contra o vírus da gripe. Já as alterações major do tipo shift ocorrem apenas no tipo A, em intervalos irregulares, que podem ir dos 10 a 40 ou mais anos, estando na origem das pandemias, como a pandemia de gripe A de 2009. As vacinas produzidas e distribuídas anualmente incluem as estirpes que se prevê que sejam mais frequentes nessa época. Também anualmente a Direção-Geral da Saúde (DGS) emite uma norma de orientação clínica, incluindo os grupos para os quais a vacina é recomendada e gratuita, para além das vacinas que serão disponibilizadas nas farmácias e no Serviço Nacional de Saúde. A Norma nº 018/2018 de 03/10/2018 acerca da vacinação contra a gripe sazonal na presente época pode ser consultada aqui. A nível nacional, nas semanas 3 a 6 de 2019 foi reportada atividade gripal de intensidade moderada, com valores de mortalidade superiores ao esperado. Os Boletins de Vigilância Epidemiológica da Gripe, produzidos semanalmente pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, podem ser consultados aqui. No ACES Espinho/Gaia, foram registados 1793 casos de síndroma gripal (SG) em unidades dos Cuidados de Saúde Primários (CSP). O maior número de consultas por SG registou-se nos grupos etários 18 – 44 anos (703 consultas) e 45 – 64 anos (504 consultas). A procura de CSP por SG concentrou-se nas primeiras semanas do ano corrente, com um pico de procura na semana 7 (232 consultas). Estes dados podem ser consultados no portal de Vigilância Epidemiológica da ARS Norte, secção da Gripe Sazonal – consultar aqui. Do total de utentes residentes em lares na área geográfica do ACES, 94,0% foram vacinados contra a gripe sazonal (980/1042); a cobertura vacinal nos profissionais destes estabelecimentos foi substancialmente menor – apenas 44,8% foram vacinados (175/391). A cobertura vacinal contra a gripe sazonal nos utentes do ACES
Mariana Ferreira Unidade de Saúde Pública mrjferreira@arsnorte.minsaude.pt
Espinho/Gaia com 65 e mais anos atingiu os 52,3% (19.437/37.151),4 valor abaixo do preconizado pela DGS para este grupo etário (60%).
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Fonte: SIARS. Nº de vacinas contra a gripe administradas a utentes com ≥65 anos e nº de inscritos com ≥65 anos em dezembro de 2018.
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A epidemiologia do excesso de peso e da obesidade na população sénior do ACES Espinho/Gaia, 2017 – 2018 A prevalência de excesso de peso e obesidade têm vindo a aumentar nos últimos anos e a população idosa não é exceção. Um Índice de Massa Corporal (IMC) elevado é um fator de risco major para doenças cardiovasculares, diabetes, doenças musculosqueléticas e alguns tipos de neoplasias tais como a neoplasia de endométrio, de mama, de ovário, de próstata, de cólon entre outras. Para além das doenças acima mencionadas, temos de ter em conta que quanto mais elevado o IMC, maior é a perda de mobilidade e, consequentemente, de autonomia do utente idoso. Estas dificuldades potenciadas pelo excesso de peso e obesidade, levarão a uma perda de massa muscular e a uma maior dificuldade em praticar exercício físico, pilar tão bem conhecido para o bem estra físico e mental. Dados da Organização Mundial de Saúde relativos a 2016, mostram que, nesse ano, mais de 1.9 biliões de adultos tinham excesso de peso (39%), 650 milhões dos quais já eram considerados obesos. Em Portugal, segundo o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física5 (2015-2016), 35% da população tinha excesso de peso e 22% era obesa. O Nutrition UP 65,6 projeto sobre o estado nutricional da população com mais de 65 anos promovido pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, concluiu que 44% dos idosos em Portugal têm excesso de peso e 39% têm obesidade.
Rita Areias Unidade de Saúde Pública raazevedo@arsnorte.minsaude.pt
No ACES Espinho/Gaia, em 2018, 34% dos utentes com 65 anos ou mais tinham excesso de peso e 21% obesidade. Apesar destes valores não parecerem muito elevados tendo em conta os dados nacionais, a verdade é que são superiores aos do ano anterior, 2017, em que 20% dos inscritos no nosso ACES tinham obesidade e 21% excesso de peso. Estes valores são ainda mais elevados se só considerarmos o grupo etário dos 70 aos 74 anos.7
É urgente manter a promoção do envelhecimento ativo e saudável na população idosa tanto a nível individual como comunitário!
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Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física – consultar aqui. Estudo Nutrition UP 65 – consultar aqui. 7 Dados do SIARS. 6
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Férias e saúde – o viajante sénior Quando os indivíduos se deslocam, seja em férias ou em trabalho, devem lembrar-se que no destino podem encontrar situações e contextos diferentes daqueles a que estão habituados, nomeadamente a nível da alimentação e das condições climatéricas. Estas situações podem constituir um risco para a sua saúde, principalmente em pessoas com doenças crónicas. A população sénior por ser uma população com maior prevalência de doenças crónicas, como por exemplo doenças cardiovasculares e doenças respiratórias, incorre em maiores riscos para a sua saúde durante as viagens. Além de ser necessário acautelar a medicação e prevenir as complicações das patologias de base é também necessário minimizar os riscos inerentes ao destino. Assim, é recomendada a marcação de consulta do viajante 1 a 2 meses antes da viagem. É particularmente importante caso o destino da viagem seja fora da Europa; contudo, algumas regiões da Europa também têm riscos acrescidos para a nossa saúde, como é o caso do risco aumentado de encefalite provocada por picada da carraça entre abril e novembro na Europa central e de leste. Salienta-se que, ao abrigo do Regulamento Sanitário Internacional, a vacina contra a febre amarela pode ser exigida à entrada de alguns países, contudo nem todos os países com transmissão da febre amarela exigem que o viajante esteja vacinado, como é o caso do Brasil (Organização Mundial da Saúde recomenda a vacinação a todos os viajantes internacionais com mais de 9 meses de idade desde maio de 2018). O profissional de saúde tem aqui um papel preponderante a ajudar o viajante a identificar as situações em que correrá maiores riscos e quais as medidas preventivas indicadas para o destino de forma a proteger a saúde. Na consulta do viajante será avaliada a necessidade de administrar vacinas (específicas para o destino da viagem ou de atualização do Programa Nacional de Vacinação), de tomar medicação contra doenças inexistentes em Portugal, e será feito aconselhamento sobre assistência médica e riscos de acidentes no destino, bem como aconselhamento e prescrição da farmácia que o viajante deve levar consigo. No utente idoso, que mais comummente se encontra polimedicado, é importante garantir que a farmácia do viajante é ajustada à sua medicação habitual e que leva ambas em quantidade necessária para a viagem. Consoante o destino e características da viagem, poderão ser ainda abordados temas como a diarreia do viajante, prevenção de doenças transmitidas por vetores, doença da altitude, contraindicações à viagem e cuidados gerais a ter antes e durante a viagem. Por fim, destaca-se que os nossos utentes podem recorrer à consulta do viajante de qualquer um dos 7 Centros Internacionais de Vacinação (CVI) da ARS Norte: CVI do Porto, CVI de Braga, CVI do Centro Hospitalar do Porto, CVI de Viana do Castelo, CVI do Hospital de S. João, CVI de Bragança e CVI Matosinhos. Mais informações em: http://www.arsnorte.min-saude.pt/consulta-do-viajante/
Joana Vidal Castro Unidade de Saúde Pública jvcastro@arsnorte.minsaude.pt
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A importância da escolaridade nos idosos: opinião A Organização Mundial de Saúde define idoso como a pessoa com idade igual ou superior a 65 anos. O processo de envelhecimento caracterizando-se por mudanças ao nível físico, social e psicológico que aumentam a predisposição ao aparecimento de determinadas patologias: fraturas, incontinência, perturbações do sono, perturbações ligadas à sexualidade, perturbações da memória, demências, doença de Parkinson, problemas auditivos, visuais, de comunicação e da fala. A escolaridade tem impacto nos indicadores de saúde, aliás, vários estudos têm demonstrado que, quanto maior for a literacia, menor é o risco de adoecer. Quando o idoso é analfabeto o médico de família deve tomar algumas precauções: informar acerca da informação afixada /publicitada na Unidade de Saúde (direitos e deveres dos utentes, horários da consulta aberta, critérios de consultas domiciliárias, alternativas assistenciais), assinalar o analfabetismo nas observações do SClínico para que a restante equipa tenha conhecimento em consultas não programadas, e rever no fim da consulta o plano terapêutico, assegurando a sua compreensão. Há, ainda, necessidade de adequação da comunicação a eventuais défices sensoriais existentes, efetuando reconciliação terapêutica, de modo a evitar a duplicação da medicação e interações farmacológicas. Deste modo é importante solicitar que tragam a medicação em todas as consultas, manter atualizado o guia terapêutico na PEM, criar símbolos nas embalagens para facilitar compreensão da posologia, aconselhar a toma do mesmo genérico e adquirir caixas organizadoras por dias de semana. O médico de família tem que ter cuidado especial na introdução de novos fármacos nomeadamente analgésicos para evitar duplicação. Neste grupo etário pode ser particularmente útil a realização de consultas domiciliárias, para efetuar revisão dos medicamentos no domicílio. A transição de cuidados deve obedecer a uma comunicação eficaz na transferência de informação entre as equipas prestadoras de cuidados, para segurança do doente, devendo ser normalizada utilizando a técnica ISBAR. Proponho que no Item identificação: “Nome completo, data nascimento, género e nacionalidade do doente” se acrescente a escolaridade e que se aconselhe que sejam acompanhados na transição de cuidados, para melhor compreensão.
Ângela Maria Teixeira USF Nova Via amteixeira@arsnorte.minsaude.pt
Ana Margarida Carvalho USF Nova Via amcarvalho@arsnorte.minsaude.pt
É dever de todos nós, enquanto profissionais de saúde prestar cuidados de qualidade aos idosos, independentemente do tempo que tenhamos na consulta.
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Demência em Portugal – Um ponto de situação A melhoria das condições de vida em Portugal tem promovido um aumento da esperança média de vida à nascença, que, aliada a outros fatores sociodemográficos, tem contribuído para o envelhecimento populacional. Sabe-se que a incidência e prevalência de demência aumentam com o aumento da idade, sendo, portanto, expectável um aumento do número de casos desta doença na população portuguesa, particularmente acima dos 60 anos de idade. Dados epidemiológicos sugerem que 5,91% desta população sofra de demência, que constitui a expressão clínica de várias entidades patológicas. Nos países desenvolvidos, a doença de Alzheimer é a mais prevalente destas etiologias, sendo responsável por 50 a 70% dos casos. Contudo, estudos recentes apontam para que, em Portugal, ao contrário do observado na maioria dos países do Oeste Europeu, os fatores vasculares sejam a principal causa de demência. Tal facto poderá ser explicado pela elevada incidência de AVC, em comparação com outros países, bem como pela menor predisposição para a doença de Alzheimer, quer por fatores genéticos, quer por fatores ambientais. Ao contrário da demência de Alzheimer, a demência vascular pode ser prevenida, principalmente através de modificações no estilo de vida. A relevância da demência é ainda maior se tivermos em conta que três dos fármacos usados no seu tratamento (rivastigmina, donepezilo e memantina) estão entre as 100 substâncias ativas com maiores encargos para o SNS. Estima-se que no nosso país, por ano, se gastem cerca de 37 milhões de euros no tratamento farmacológico destes doentes, não estando contemplados outros gastos diretos, nem gastos indiretos.
Daniela Cruz Interna de Formação Geral CH VNG/E dani.cruz93@hotmail.com
Perante esta realidade, justifica-se a realização de esforços no sentido de aumentar a visibilidade da demência, determinar as suas principais etiologias e planear estratégias preventivas para obter ganhos em saúde.
Bibliografia: •
Portugueses são mais afetados por demência vascular do que por Alzheimer – consultar aqui.
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Santana, Isabel, et al, The Epidemiology of Dementia and Alzheimer Disease in Portugal: Estimations of Prevalence and Treatment-Costs – consultar aqui.
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Utilização do Exenatido no utente Diabético Dependente: Estudo de Caso Introdução: A HbA1C ajuda-nos a avaliar o grau de controlo glicémico no utente diabético. Quando o objetivo terapêutico preconizado não é atingido e a terapêutica não farmacológica associada aos ADO, não é suficiente para uma adequada compensação metabólica a introdução da insulina deve ser equacionada. Por outro lado a avaliação do utente numa perspectiva holística é fundamental para uma acertada tomada de decisão. Privilegiando que o tratamento da pessoa com DM2 deve ser individualizado, a determinação individual do alvo terapêutico deve ser estabelecida tendo em conta, entre outros fatores, a esperança de vida, os anos de evolução da diabetes, o risco de hipoglicemia e a presença de doença cardiovascular e/ou de outras comorbilidades. Descrição do Caso: Utente de 82 anos com diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2 desde 2010, medicado com antidiabético oral (linagliptina). Razoável controlo da Diabetes até Janeiro de 2018, quando apresenta HbA1C de 9,5%. IMC: 33.39; Peso: 94.5 kg; Função Renal: creatinina 1.64 com taxa de filtração glomerular 46.5 l/min, Risco Cardiovascular: 8%. Antecedentes relevantes: Hipertensão com complicações, insuficiência renal crónica, dislipidemia e obesidade Utente viúvo, mora sozinho, tem o apoio do neto, passa a maior parte do tempo só. Com diminuição da acuidade visual acentuada e limitação na deambulação e destreza física. Devido à sua limitação visual e física e pelo facto de não ter cuidador presente, foi avaliado como risco elevado de potenciais complicações se o utente iniciar insulinoterapia. Opta-se por prescrever análogo da GLP1, 1 vez por semana. No primeiro mês foi efetuado agendamento semanal, com a presença do neto, para efetuar ensinos sobre a administração, gestão, riscos e sinais de alerta. Na terceira semana o neto fez administração da medicação na unidade de saúde, com supervisão. O utente revelou boa tolerância à medicação pelo que continuou a ser administrada. A partir do segundo mês o neto manteve o tratamento em domicílio, com agendamento de consulta de enfermagem, mensal.
Rui Costa USF S. Félix - Perosinho rmcosta@arsnorte.minsaude.pt
Carlos Miranda USF S. Félix - Perosinho cagmmiranda@arsnorte.minsaude.pt
Aos seis meses com agendamento da consulta de seguimento de Diabetes.
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Efetuada avaliação após um ano do início da terapêutica. Data
Peso
HbA1C
Inicial Janeiro/2018
94,5 Kg
9.5 %
3 meses
92 Kg
7.6 %
6 meses
91 Kg
7.3 %
12 meses
90 Kg
7.2 %
-4.5 Kg
- 2.3 %
Discussão: A decisão de não iniciar insulinoterapia, apesar das orientações normativas indicarem nesse sentido, revelou ser a melhor decisão. O utente tem menos peso e refere sentir-se melhor, com mais força e facilidade em caminhar. Associado a este processo foi para o centro de dia, onde é feito controlo de glicemia capilar e estimulação física e cognitiva, para grande satisfação do utente. O valor de HbA1C passou de 9,5% para 7,2%, atingindo-se assim o alvo terapêutico proposto (7,5%). Mantém as consultas regulares de Diabetes na USF S.Félix/Perosinho.
Bibliografia: - Norma da DGS, n.º 002/2011 de 14/01/2011. Diagnóstico e classificação da Diabetes Mellitus. Consultar aqui. - Norma da DGS, n.º 025/2011 de 29/09/2011, actualizada a 27/01/2014. Insulinoterapia na Diabetes Mellitus tipo 2. Consultar aqui.
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Plano Local de Saúde Mental 2019 – 2020 do ACES Espinho/Gaia A Organização Mundial de Saúde define a Saúde Mental como algo mais que a mera ausência de algum tipo de perturbação ou incapacidade mental, considerando-a como parte integrante e fundamental da saúde de um indivíduo. As perturbações mentais afetam, atualmente, uma elevada proporção da população mundial, prevendo-se uma tendência crescente da sua incidência e prevalência. Alinhando-se com as prioridades aos níveis internacional, nacional e local, surge o primeiro Plano Local de Saúde Mental (PLSM) do ACES Espinho/Gaia, que pretende colocar o nosso ACES como instituição de referência na área da Saúde Mental, em termos de prestação de cuidados de máxima qualidade, bem como na promoção da saúde e prevenção da doença mental. Pretende-se, até 2020, aumentar em 10% o registo de perturbações mentais nas unidades do ACES, bem como estabilizar a tendência de prescrição de benzodiazepinas na população. Para estas metas, concorrem os seguintes objetivos: 1. Realizar um estudo de burnout nos profissionais de saúde do ACES Espinho/Gaia em 2019; 2. Redigir uma proposta de arituclação entre a Saúde Escolar, os Cuidados de Saúde Primários, os Serviços de Psicologia e Orientação e o Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência em 2019; 3. Assegurar duas formações em diagnóstico e tratamento de perturbações mentais para médicos de MGF do ACES Espinho/Gaia em 2019 e 2020; 4. Assegurar uma formação em prescrição racional de psicofármacos para médicos de MGF do ACES Espinho/Gaia em 2019 e 2020; 5. Assegurar uma formação em registo clínico e codificação ICPC-2 para médicos de MGF do ACES Espinho/Gaia em 2019 e 2020; 6. Replicar a formação Gestão de Stress para os profissionais do ACES Espinho/Gaia em 2019 e 2020; 7. Realizar um estudo sobre as condições de vida de doentes com doença mental, residentes na área de abrangência do ACES Espinho/Gaia, no biénio 2019 – 2020; 8. Realizar uma auditoria clínica à Norma de Orientação Clínica nº 055/2011 (Tratamento Sintomático da Ansiedade e Insónia com Benzodiazepinas e Fármacos Análogos) no último semestre de 2020.
Sofia Silva Rocha Unidade de Saúde Pública sfrocha@arsnorte.minsaude.pt
É importante que a Saúde Mental seja prioridade em todas as agendas: nas políticas, nas profissionais e nas pessoais. | 11
Folheto: Boas Prรกticas de Ergonomia no Local de Trabalho
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Folheto: Segurança Rodoviária Infantil – Transporte de Crianças em Automóveis
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O Plano Nacional de Saúde e um novo ciclo temático Em 2015, o Plano Nacional de Saúde (PNS) sofreu revisão e extensão até 2020, tendo como principais objetivos: 1. Reduzir a mortalidade prematura (≤70 anos) para um valo inferior a 20%; 2. Aumentar a esperança de vida saudável aos 65 anos de idade em 30%; 3. Reduzir a prevalência do consumo de tabaco na população com ≥15 anos e eliminar a exposição ao fumo ambiental; 4. Controlar a incidência e a prevalência de excesso de peso e obesidade na população infantil e escolar, limitando o crescimento até 2020. Na dependência do PNS estão integrados os Programas Prioritários de Saúde que concorrem, de uma ou outra forma, para o atingimento das Metas de Saúde 2020 no nosso país. De acordo com o Despacho nº 4429/2018, de 05 de julho de 2018, que estabelece o modelo de governação aplicável ao PNS e aos Programas Prioritários, estes são distribuídos em três plataformas, de acordo com a sua área de especialidade, com o objetivo de harmonizar e potenciar as estratégias das diferentes intervenções em saúde. Estando concluído o tema “Ciclo de Vida”, com a 4ª edição da Newsletter do ACES Espinho/Gaia dedicada à Saúde do Idoso, iniciamos um novo ciclo temático, dedicado ao Plano Nacional de Saúde e aos Programas Prioritários de Saúde, dedicando as próximas três edições às Plataformas do Modelo de Governação do PNS a 2020. No página da Ficha Técnica pode encontrar o tema da próxima edição, bem como as instruções e data limite para submissão do seu artigo.
Não deixe de colaborar! Núcleo da Newsletter | 14
Núcleo de Formação – Calendarização Para o trimestre Abril – Junho de 2019, estão agendadas as seguintes formações no ACES Espinho/Gaia:
Formação Gestão de Stress Violência nas relações de Intimidade – Compreender para Intervir Violência nas relações de Intimidade – Compreender para Intervir Onicocriptose – Prevenção e Tratamento Higienização dos espaços/ambientes físicos Juntas Médicas de Incapacidade Prescrição de exercício físico na prática clínica
Data(s) Horário 23 de maio 14:00 – 16:30 28 de maio 08:00 – 12:00 30 de maio 08:00 – 12:00 30 de maio 14:30 – 16:00 05 de junho 14:30 – 16:00 05 de junho 14:30 – 16:30 14 de junho 14:30 – 16:00
Local USF S. Félix da Marinha USF Nova Via USF Nova Via USF S. Félix da Marinha USF S. Félix da Marinha Edifício da Boa Nova Edifício da Boa Nova
Outras instituições/organizações (clique para aceder): •
Administração Regional de Saúde do Norte – Centro de Formação
•
Universidade do Porto – Formação Contínua (formação não conferente de grau)
•
Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto – Cursos Intensivos e Seminários (abertos)
•
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Oferta formativa 2019/2020
•
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Universidade do Porto) – Oferta formativa 2019/2020
•
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge – Plataforma de ELearning do INSA
•
Instituto de Higiene e Medicina Tropical – Cursos de Curta Duração e Ensino à Distância
•
Escola Nacional de Saúde Pública – Cursos de Curta Duração
•
Organização Mundial de Saúde – Open Courses
•
Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) – Virtual Academy (EVA)
•
Centros de Controlo e Prevenção de Doença (CDC) – Learning Connection
•
Coursera – Oferta variada de cursos online
•
FutureLearn – Oferta variada de cursos online | 15
Ficha Técnica A Newsletter do ACES Espinho/Gaia pretende ser uma nova ferramenta de comunicação interna e externa do ACES, que pretende partilhar e divulgar os projetos e atividades realizadas nas várias unidades funcionais.
Submissão de artigos para a próxima edição: A próxima edição da Newsletter terá como tema central as Doenças Transmissíveis, não sendo, no entanto, excluídos artigos de outro âmbito. Todos os interessados deverão enviar os seus artigos para o e-mail imcaetano@arsnorte.min-saude.pt até ao dia 28 de Junho, de acordo com a seguinte estrutura: 1. Título 2. Nome do(s) autor(es) da notícia, local de trabalho e contacto de e-mail; 3. Fotografia; 4. Texto, com máximo de 350 palavras. Contamos com a vossa colaboração!
Grupo de trabalho para Newsletter ACES Espinho/Gaia: • Ilda Caetano, representante do CCS
• Maria João Paiva Teles, USF Boa Nova • Sofia Silva Rocha, USP • Diogo Silva, USP
Em caso de dúvida ou necessidade de contacto:
imcaetano@arsnorte.min-saude.pt
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