NEWSLETTER ACES Espinho/Gaia Edição nº 8
Editorial
Saúde Mental
Nesta Edição da Newsletter o tema principal é a Saúde Mental, que ganha
Outubro - Dezembro 2020
especial enfoque com a Pandemia Covid19. Temos artigos que focam a Saúde Mental das Equipas, a relação entre nutrição e saúde mental, perturbações psíquicas e a resposta do Serviço Nacional de Saúde através da Linha Atendimento Psicológico (LAP) e da Saúde 24. São inevitáveis temas relacionados com a Pandemia, nomeadamente relativa às novas dificuldades de acessibilidade dos
Dias comemorativos 1/10: Dia Internacional das Pessoas Idosas 1/10: Dia Europeu da Depressão
utentes aos serviços de saúde.
10/10: Dia Mundial da Saúde Mental
Como novidade e tendo em consideração o tema principal convidamos o
10/10: Dia Mundial dos Cuidados Paliativos
Serviço de Psiquiatria e de Psiquiatria da Infância e Adolescência do CHVNGE a colaborar connosco, com a elaboração de alguns artigos. Incluímos a divulgação das próximas formações organizadas pelo Núcleo de Formação do ACeS Espinho-Gaia, que vão decorrer via Plataforma
16/10: Dia Mundial da Alimentação 16/10: Dia Nacional da Luta contra a Dor
Teams. Estamos
11/10: Dia Mundial de Combate à Obesidade
disponíveis
para
divulgar
outras
comemorações/
formações/congressos e/ou organizações de eventos com impacto na Comunidade por parte das Unidades Funcionais do ACeS Espinho-Gaia.
29/10: Dia Mundial do AVC 14/11: Dia Mundial da Diabetes 18/12: Dia Europeu do Antibiótico
O Núcleo Editor da Newsletter
18/11: Dia Europeu para a Proteção contra a Exploração Sexual e os abusos sexuais 3/12: Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 10/12: Dia Internacional dos Direitos Humanos
Índice
Editorial........................................................................................................................................ 1 Índice ............................................................................................................................................ 2 Pandemia e Saúde Mental (*).................................................................................................. 3 Está na hora…............................................................................................................................ 5 TraceCOVID – a plataforma de vigilância em tempos de pandemia............................... 6 Saúde Mental e o acesso dos cidadãos/utentes aos Cuidados de Saúde Primários no ACeS E/G .................................................................................................................................... 7 Colaboração do Núcleo de Psicologia Clínica do ACeS Espinho/Gaia na linha atendimento (LAP) da ARS Norte ........................................................................................... 8 Nutrição e Saúde Mental em tempos de pandemia.............................................................. 9 Saúde Mental em MGF – sob o olhar de uma interna de especialidade ........................10 A Saúde Mental e a perturbação do jogo...........................................................................11 A utilização de uma máscara de proteção – o desafio à “nova” consulta psicológica ....................................................................................................................................................12 Impacto da pandemia do novo coronavírus na saúde mental das crianças e jovens ...13 Brincar em tempos de pandemia ...........................................................................................14 Mindfulness na prática clinica ................................................................................................15 Como ajudar uma criança a lidar com a morte ..................................................................16 Tele Saúde Mental 24h/dia ...................................................................................................17 Próximas formações ................................................................................................................18 Ficha Técnica .............................................................................................................................19
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Pandemia e Saúde Mental (*) Nos tempos que correm é só ligar aos meios de comunicação social para ouvir falar das implicações da pandemia na saúde mental dos cidadãos. Também da saúde física, mas não se fala tanto, pelo menos por agora. Continua-se a separar a saúde mental da saúde física, como se esta pouco tivesse a ver com aquela. Vivemos num país onde evidências epidemiológicas indicam que quase metade da população portuguesa apresentou ou irá apresentar, ao longo da sua vida, uma perturbação psiquiátrica. Ora, em situação de crise, neste caso pandémica, que se prevê prolongada, a prevalência de doença mental na comunidade irá agravarse, com os cidadãos mesmo previamente sem sintomas a apresentar um conjunto de queixas físicas e psíquicas, que deverão fazer alertar os profissionais dos Cuidados de Saúde Primários para perturbações das respostas homeostáticas à situação ameaçadora. Sabemos que a crise psicológica antevê uma crise física ou fisiológica, se nada se fizer para a conter, o que no limite conduzirá a uma situação de ruptura ou disrupção da pessoa. Esta clínica fervilhante, que vai do insidioso e progressivo ao súbito e cataclísmico, implica intervenção atempada dos CSP e a referenciação oportuna para os cuidados hospitalares nos casos indicados. Em um nível básico de atenção, o foco dos CSP localiza-se nos conhecimentos das equipas de saúde acerca do enquadramento psicológico dos utentes das suas listas. A integração dos utentes em listas da responsabilidade de uma equipa de saúde permite que estas possam ao longo do tempo (mais ou menos longo) conhecer o perfil psicológico e psiquiátrico dos seus inscritos. E neste período temporal, em ampla articulação com os recursos partilhados da psicologia e da assistência social, contribuir para promover a saúde mental dos utentes e proporcionar-lhes capacidades e resiliência para enfrentar situações anormais e potencialmente destrutivas, como são as situações de crise ou catástrofe. Em muita desta população, pode-se frequentemente prever respostas físico-psíquicas determinadas face a acontecimentos adversos. A preocupação dos serviços de saúde na monitorização dessas respostas iniciais dos seus utentes, o reforço do suporte familiar ou social, a promoção do coping e a intervenção terapêutica precoce adequada são passos decisivos. Mais tarde virá o tempo em que, perante quadros clínicos estabelecidos, as equipas de CSP intervêm no diagnóstico, no tratamento e no acompanhamento dos doentes em crise. Eventualmente, em alguns casos, a referenciação para os cuidados hospitalares será inevitável. Esta dinâmica de trabalho interno e interacção externa com o hospital de referência está expressa no Plano Local de Resposta em Saúde Mental do ACeS Espinho/Gaia, que em resposta articulada num contexto de processo assistencial integrado procura responder de forma estruturada às
Manuel Mário Sousa Presidente Conselho Clínica ACeS E/G mmfsousa@arsnorte.minsaude.pt
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diferentes necessidades dos doentes (sejam elas médicas, de enfermagem, psicológicas, sociais, reabilitativas ou da área da nutrição). É todo um processo planificado, estruturado e integrado que se propõe às equipas de saúde, num tempo de crise em que podemos ter pouco tempo e pouco espaço para pensar. (*) Estas ideias gerais estão igualmente expressas nos fundamentos do Plano Local de Resposta em Saúde Mental em Situação de Catástrofe do ACeS Espinho/Gaia.
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Está na hora… Passaram cerca de 6 meses desde que sofremos o impacto desta doença contagiosa que veio interferir de forma expressiva com o dia a dia de cada um de nós, como pessoas, e do todo, como sociedade. Como profissionais de saúde sentimos, como ninguém, um novo paradigma de todo o processo de prestação de serviços de saúde. A nova realidade abateu-se sobre todos e a sua vivência modificou, em muito, toda a metodologia do funcionamento das instituições de saúde afetando profissionais e utentes/doentes. A nós profissionais muito se deve a resposta a toda esta vaga pandémica, muito ainda nos esperará, mas temos que providenciar para encontrar um novo equilíbrio, um novo normal, no seio desta contingência, que ainda falta, de todo, controlar. Parece que tudo estabilizou neste novo anormal como que todos suspensos para ver onde isto vai parar, com uns trabalhando (ou não) na desculpa do covid, outros enfrentando a resistência da ameaça constante duma pandemia que se mantem alerta e viva e outros encolhidos por trás de tudo o que é proposto como segurança porque o SARS anda por aí e o “seguro morreu de velho”.
Sérgio Vieira Médica USF Além D’ouro sasvieira@arsnorte.min-saude.pt
Perante todas as adversidades que aos doentes também atingiu, nomeadamente aqueles com doenças crónicas que necessitam de cuidados mais frequentes, já não deve ser expectável que continuem, agora, a manterem-se dificultados o contacto com as unidades e equipas de saúde, levando, eventualmente os utentes a desistir e comprometendo a monitorização das suas patologias, o adequado controlo das suas doenças agudas e agudização das suas doenças crónicas. A pandemia, ainda que ativa, não pode continuar a justificar tudo e a manutenção do anormal, antes deve proporcionar um novo normal, em que a proximidade e agregação sejam contidas, a desinfeção sistemática seja regra, a proteção seja assegurada e uma triagem inicial (febre, tosse ou falta de ar antes de qualquer consulta) seja necessária. Alertas e despertos importa recuperar a resposta necessária e adequada, disponibilizar equipas de saúde com os horários de trabalho normais, ou até alargados, promover atendimentos personalizados, incentivar o agendamento das situações crónicas, de vigilância de grupos de risco e vulneráveis, como agudas, assegurar os cuidados domiciliários de quem precisa, ainda que meios de comunicação eficazes como o telefone, o telemóvel, a videoconsulta, se disponíveis e facilitadas, possam em algumas circunstâncias alternativas válidas. Há doença para além do Covid e todos nós profissionais fomos “formatados” para promover a saúde, contrariar toda a morbilidade e condicionar a mortalidade.
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TraceCOVID – a plataforma de vigilância em tempos de pandemia Desde Dezembro 2019 o mundo foi confrontado com o aparecimento de um novo vírus que salta dos animais para humanos e que rapidamente se torna uma pandemia. Portugal não ficou fora dos países atingidos e, face à magnitude dos números, as entidades da Saúde desenvolvem uma plataforma para que seja possível aos técnicos de saúde monitorizar a evolução dos doentes com doença e aqueles que supostamente poderiam estar infetados. Assim desde finais de Março / princípios de Abril foi desenvolvido o programa TraceCOVID que permite a todos os intervenientes na gestão da doença COVID-19 trocarem informação sobre a evolução dos utentes que apresentam sintomas e que possam vir a configurar infeção. Desde o SNS 24, passando por hospitais e cuidados de saúde primários, pelos ADC’s (Atendimento dedicado ao COVID) e ainda pela saúde pública esta aplicação permitiu congregar muita da informação
Dr. Costa Ramos Dr. Jorge Vinagre Enf.º José Carlos
No nosso ACES, como em todas as situações de mudança e inovação, houve, no inicio, alguma resistência, dúvidas , responsabilização ao uso da aplicação (tendo sido criado um grupo de que fazem parte o Dr. Costa Ramos , o Dr. Jorge Vinagre e o Enf. José Carlos Sousa para incentivar e lembrar os colegas para a necessidade de contactar os utentes) que, hoje em dia, já faz parte do nosso quotidiano e muito nos auxilia no seguimento destes utentes. Durante o percurso de mais de três meses em que temos sido confrontados com o uso da aplicação em que já tivemos perto de mil utentes a vigiar, situação que era muito penalizadora para as equipas. Desde há 1 mês temos menos utentes para vigiar e que provoca menos repercussão no funcionamento das unidades.
Foi mais uma atividade, diferente da habitual, mas que foi uma oportunidade para refletir sobre outros meios de registo e contacto com os utentes. Os profissionais de saúde estão de parabéns pelo trabalho efetuado, embora existe potencial de melhoria, nomeadamente comunicação entre as equipas e dentro das equipas, dar sugestões para melhorar o processo e a plataforma. Tem sido muito estimulante fazer parte deste processo e verificar a evolução que tem existido no ACeS e esperar que dentro em breve (ou não assim tão breve) possamos deixar de usar o TraceCOVID.
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Saúde Mental e o acesso dos cidadãos/utentes aos Cuidados de Saúde Primários no ACeS E/G O desafio de elaborar um pequeno artigo subordinado à temática da Saúde Mental, no enquadramento do Gabinete do Cidadão, remete-nos para uma abordagem na perspetiva do acesso do utente aos cuidados de saúde. Nesse sentido pressupõe-se o direito à proteção da saúde e o direito de acesso de todos os cidadãos aos cuidados da medicina preventiva, curativa, de reabilitação e paliativa. Direitos constitucionalmente consagrados e dos quais não devemos abdicar. Efetivamente, o direito à proteção da saúde é o direito de todas as pessoas gozarem do melhor estado de saúde física, mental e social; à proteção da saúde com respeito pelos princípios da igualdade, não discriminação, confidencialidade e privacidade; aceder aos cuidados de saúde adequados à sua situação, com prontidão e no tempo considerado clinicamente aceitável, de forma digna,…, a escolher livremente a entidade prestadora de cuidados de saúde,…, a receber informação sobre o tempo de resposta para a prestação dos cuidados de que se necessite; a ser informado de forma adequada, acessível, objetiva, completa e inteligível sobre a sua situação, …, a tomar conhecimento das alternativas possíveis, dos benefícios e riscos das intervenções propostas e da evolução provável do seu estado de saúde em função do plano de cuidados a adotar; a apresentar sugestões e reclamações...(Lei de Bases da Saúde) O acima mencionado a todos nos parece familiar. É verdade! Quantos de nós, temos tudo isto bem presente! Quantos de nós, profissionais da saúde, no papel de cidadãos, não fazermos valer alguns destes direitos, mas nos esquecemos deles no papel de profissionais?! O nosso equilíbrio bio-psico-social, depende exclusivamente da satisfação das nossas necessidades básicas e de satisfação pessoal. Na realidade e com suporte no registo das reclamações, parece haver um desencontro maior entre as necessidades dos doentes, a aumentar com a pandemia, e a resposta que é dada nos serviços de saúde. Continuamos a registar um número elevado de pessoas que enfrentam dificuldades no acesso aos serviços, o que acarreta desconforto, sentimentos de desagrado e até de alguma revolta. Muitos sentem incompreensão pelas suas necessidades e um desajuste entre a resposta dos serviços públicos e o fim a que se destinam. Que todos possamos dar o nosso melhor, como se de nós próprios se tratasse e assim contribuir para uma boa Saúde Mental.
Leopoldina Gomes Coordenadora do Gabinete do Cidadão gc.acesespinhogaia@arsnorte.minsaude.pt
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Colaboração do Núcleo de Psicologia Clínica do ACeS Espinho/Gaia na linha atendimento (LAP) da ARS Norte A decisão de criação da linha foi precedida por um diagnóstico de situação, de necessidades e fatores de risco para o sofrimento psicológico, por parte das entidades responsáveis da ARSN levando em conta o previsível impacto psicológico da pandemia e das subsequentes medidas de confinamento inerentes à declaração do estado de emergência. A LAP foi amplamente divulgada nos media e promovida uma comunicação eletrónica para os endereços institucionais dos profissionais da ARS Norte e SMS aos utentes. A Linha iniciou o seu funcionamento a 14/04/20. Até 21/09/2020 garantiu resposta a 3 269 utentes (dados do último relatório ainda por publicar), em média 30 registos clínicos de utentes/dia. O objetivo geral da LAP centrou-se na promoção da saúde mental, assumindo-se como uma resposta complementar de acesso direto aos primeiros cuidados psicológicos, contribuindo para reforçar um trabalho articulado com as diversas Unidades de Saúde. Para colaborar na LAP, aderiram inicialmente mais de 70 Psicólogos (ACES, DICAD, ULS e Centros Hospitalares), que disponibilizaram períodos do seu trabalho para esta iniciativa. No nosso ACeS colaboraram ativamente os 4 psicólogos que formam o Núcleo, destinando uma parte do seu horário para esta atividade. Dos 713 registos clínicos em abril, foi verificada uma baixa procura por parte dos profissionais (3% no primeiro mês), sendo a quase totalidade das solicitações proveniente de utentes. Nos utentes, verificou-se a relevância dos sintomas Sensação de ansiedade/nervosismo/tensão (64%), seguindose Sensação de depressão (35%) e a Perturbação do sono (21%)1.Efetuando uma leitura por associação de problemática social, verificou-se que a pobreza e precariedade relacionada com as condições laborais foram as mais assinaladas. Cada ACeS tinha um colega designado como “ponto focal” que fazia a ligação com o Médico de Família do ACeS de origem do utente, se necessário. Os Psicólogos Clínicos do ACeS envolveram-se ativamente nesta resposta da ARSN, e centraram a sua atuação em vertentes como a importância da literacia sobre o COVID-19; na prevenção de comportamentos de risco e promoção de comportamentos pró-sociais e pró-saúde; na prestação de suporte emocional e de estratégias para lidar com o isolamento, adaptação à mudança e com situações de crise (e.g. perturbação psicológica, situações de negligência, abuso, violência, consumos ou outras); na diminuição da perceção de isolamento, promovendo a tomada de consciência de que a pessoa não está sozinha, na promoção de comportamentos proactivos, para que a pessoa se mostre próxima e socialmente conetável; na promoção de estratégias psico-educativas de incentivo à realização de atividades integradas em rotinas e hábitos de vida saudáveis; no apoio ao desenvolvimento de estratégias de conciliação do teletrabalho com as atividades e interações lúdicas com as crianças2. Assim, considero que a criação da LAP foi uma resposta muito positiva às necessidades dos utentes nesta pandemia. Deveríamos refletir acerca das taxas de utilização da LAP da mesma por parte dos profissionais de saúde e utentes.
Sandra Prata Psicóloga Clínica ACeS E/G soanprata@arsnorte.min-saude.pt
___ 1Relatório
da LAP 1º mês de funcionamento /ARSN 2Guia de Orientação para Linha de Atendimento Telefónico em Fase Pandémica COVID-19 opp) Disponível em: https://www.ordemdospsicol ogos.pt/ficheiros/documento s/doc_apoio_pratica_atendi mento_telefonico.pdf
Contacto LAP 22 04 11 200
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Nutrição e Saúde Mental em tempos de pandemia A alimentação e as emoções estão relacionadas desde o berço à sepultura, arriscaria a dizer! A relação de cada um de nós com a sua alimentação inicia-se no útero. Quanto maior a diversidade alimentar da mulher grávida em termos de sabores, maior será a janela de oportunidade para o seu filho vir a gostar de uma maior diversidade de alimentos. Quando nasce um bebé, nasce também uma mãe que se preocupa em alimentar e cuidar e que, tantas vezes o cala quando chora, com comida, sem saber bem se tem fome ou dor ou sono ou outra emoção… Sabemos ainda, que desde tenra idade os bebés sorriem ao provar alimentos doces e choram com alimentos de sabor adstringente. Conseguimos assim perceber que os alimentos nos trazem emoções e que as emoções nos trazem alimentos. Muitas vezes o nosso organismo responde a estímulos externos com o desejo de comida, o que nem sempre se considera fome, mas sim fome emocional, que nada mais é que a mãe que alimentava o seu filho quando chorava sem ter fome… mas este comportamento muitas vezes é confundido e torna-se intrínseco no indivíduo ao longo de toda a sua vida. A pandemia que se instalou na nossa vida trouxe-nos as mais diversas reações individuais, desde ansiedade, depressão, estresse, compulsão alimentar, entre outras. Estamos atualmente a viver as consequências da quarentena sob várias formas. Houve muitos indivíduos que comeram em excesso, mesmo estando mais sedentários e houve quem tivesse manifestado a sua ortorexia pelo facto de ter mais tempo para tratar de si e das suas refeições. De uma forma ou de outra, todos ficamos alterados e com mais estresse negativo apenas pela questão da incerteza que nas nossas vidas se instalou. Houve ainda quem tivesse ficado sem qualquer rendimento e à mercê do que lhes seja oferecido para não morrerem realmente à fome… Um padrão alimentar mediterrânico é protetor de várias doenças e protege o nosso organismo de estados inflamatórios como a obesidade, a diabetes e a depressão. Ao longo de todas as fases da vida dos indivíduos uma alimentação saudável, equilibrada variada e com o mínimo de alimentos processados proporcionará um bem-estar físico, mental e social.
Susana Cardoso Nutrição susana.cardoso@arsnorte.m in-saude.pt
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Saúde Mental em MGF – sob o olhar de uma interna de especialidade Sinto os olhos pesados, um cansaço e moedeira na cabeça. Ombros tensos. Suspiro fundo por detrás da máscara. Observo, desanimada, a pilha de contactos não presenciais que, de jeito insolente, teima em não desaparecer da secretária. “Pede para ligar… pede contacto urgente… quer falar com a doutora …”, diversas variantes da mesma fórmula, desfilam pela minha mão de forma incessante. Desde que começou a pandemia tem sido assim na minha unidade. E desconfio que o cenário repete-se em tantos outros centros de saúde. Sou interna do 1º ano de Medicina Geral e Familiar. Quando escolhi a especialidade, sabia que me esperava uma grande quantidade de trabalho burocrático, e que para além do estetoscópio, o computador e a caneta seriam duas das principais ferramentas do meu trabalho. No entanto, a realidade é mais avassaladora do que parecia. Nesta curta caminhada pela arte de ser médica de família, pude ver o brio e o profissionalismo de todos os meus colegas, que com amor à camisola, desdobram-se para que o trabalho seja feito e que problema algum, de nenhum utente, fique sem solução. Mas isto tudo a que preço? A saúde mental de todos os profissionais de saúde está comprometida. Há anos que se ouve falar em burnout, mas penso que hoje, mais do que nunca, consigo identificar os sinais de alerta. Olho à minha volta e vejo um abatimento geral. Uma astenia pegajosa que se cola a todos. Um desânimo e descrença no sistema, que ensombra a alegria de exercer uma das profissões mais nobres: ser médico. E se agora somos olhados como super-heróis, na verdade somos humanos. Pessoas com os seus problemas e angústias, sem forças sobre-humanas. Horas de trabalho extra, a sobrecarga emocional de lidar com o sofrimento dos outros, papelada infinita para resolver, um novo regime de teleconsultas que aumenta o grau de incerteza na tomada de decisão final, tudo isto culmina numa enorme pressão sobre a robustez mental de qualquer um. E por isso, é premente reavaliar o caminho que seguimos. Considero de particular importância, olhar para o juramento que todos fizemos, como membros da profissão médica. Prometemos consagrar a nossa vida ao serviço da humanidade. Porém, isto apenas será possível se cada um cumprir a seguinte premissa: “cuidarei da minha saúde, bem-estar e capacidades para prestar cuidados de maior qualidade”. Saúde mental incluída.
Catarina Sofia Pinto Médica USF Nova Via cscpinto@arsnorte.min-saude.pt
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A Saúde Mental e a perturbação do jogo O jogo é uma atividade recreativa e de lazer que desde cedo se intrincou nos rituais da sociedade. Com o seu volver, massificou-se não só a partir de casinos, lojas de jogos, mas também, através da internet. Existe um estreito freio entre a atividade lúdica e a perturbação do jogo. Este termo: perturbação do jogo, denomina toda a atividade aditiva neste contexto, que conduza ao envolvimento de circuitos e regiões cerebrais tipicamente associados aos comportamentos aditivos e de dependências decorrentes do uso continuado de substâncias psicoativas. A perturbação do jogo é considerada uma perturbação de saúde mental no contexto das perturbações aditivas sem substância. Os médicos de família encontram-se numa posição privilegiada para o rastreio desta perturbação mental. O screening desta patologia é mais fácil do que aparentemente se possa julgar. Todos os médicos de família com acesso ao programa SClínico, têm à sua disposição (na ficha individual do utente, nas escalas de avaliação) o questionário SOGS- South Oaks Gambling Screen. Trata-se de uma escala de uso internacional, com as suas fragilidades e pontos fortes, como tantas outras, com uma enorme vantagem: já existe e à distância de poucos cliques. As Linhas de Orientação Técnica para a Intervenção em Comportamentos Aditivos sem Substância desenhada pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) define que o papel da Medicina Geral e Familiar é relevante nas seguintes dimensões: 1. Promoção do diagnóstico e intervenção precoce; 2. Incremento da acessibilidade ao tratamento. Assim, espera-se do médico e enfermeiro de família que saibam como alcançar o ponto 1, conhecendo as escalas disponíveis e os critérios de diagnóstico atualizados, e o ponto 2, conhecendo a importância da intervenção breve, da entrevista motivacional, da orientação clínica; reconhecendo estruturas como as Equipas de Tratamento, os Centros de Resposta Integradas, os SICAD e as linhas de orientação nestes contextos, com o apoio dos serviços sociais, de psicologia, de psiquiatria e de outras especialidades cujo papel possa ser determinante. O repto lançado iniciase com a sensibilização dos profissionais de saúde para o reconhecimento deste problema.
Maria João Neves Médica USF Espinho mjneves@arsnorte.min-saude.pt
Ana Teresa Pereira Médica Serviço de Psiquiatria CHVNG/E atpereira89@gmail.com
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A utilização de uma máscara de proteção – o desafio à “nova” consulta psicológica A COVID-19 trouxe novos desafios à saúde mental e à consulta psicológica. Desde logo no estabelecimento da aliança terapêutica, momento crucial em que a díade terapeuta-cliente se conhece e estabelece a relação. A comunicação verbal e não verbal, as emoções, maioritariamente visíveis no rosto, são e fazem parte do processo terapêutico. Estas emoções são lidas e compreendidas pelo psicólogo através da comunicação verbal, e, sobretudo, não verbal do utente. Assim, como será desenvolvida uma aliança terapêutica baseada na confiança, quando existe uma nova barreira, a máscara, que oculta a maior parte do rosto do utente dificultando o reconhecimento destas emoções por parte do terapeuta? Se numa fase de seguimento esta questão pode nem ser tão relevante já que a aliança terapêutica estará fundada, por outro lado, isto pode ser particularmente delicado quando se trata dum primeiro contacto: quer o utente poderá sentir maior dificuldade em expressar as suas necessidades e emoções, quer o terapeuta enfrenta o desafio adicional de compreender a linguagem facial do utente que não conhece. A consulta à distância tem sido um recurso pois não requer a utilização de máscara e tem possibilitado a proximidade terapeuta-utente já em acompanhamento. No entanto, existem alguns constrangimentos no que diz respeito às consultas à distância. Acreditamos que, nem todos os utentes, especialmente os mais idosos, terão acesso e facilidade com estes meios. Adicionalmente, alguns dos utentes não dispõem dum ambiente propício à realização deste contacto, salvaguardado as questões da privacidade. Esta situação é particularmente complexa e difícil de ultrapassar quando se trata do contacto com crianças. Por outro lado, o formato da consulta à distância agrada a utentes que consideram beneficiar pela segurança que existe em não terem de se deslocar à unidade de saúde e preferem mesmo optar pelo conforto da realização deste atendimento, sem máscara. Neste sentido, consideramos que acordar esta questão com o utente é fundamental usando de flexibilidade sempre. Deverá ser colocada ao utente a hipótese de optar por uma destas modalidades de consulta para que, dentro desta nova circunstância, a Psicologia continue a ter um papel importante e facilitador na saúde e na vida dos utentes.
Dra. Ana Isabel Sousa e Silva Psicóloga ACES Espinho/Gaia e orientadora do Estágio Curricular) aigsilva@arsnorte.minsaude.pt
Dra. Rita Costa Psicóloga Estagiária Curricular ISMAI
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Impacto da pandemia do novo coronavírus na saúde mental das crianças e jovens A pandemia do coronavírus pode trazer várias consequências ao nível da saúde mental nas pessoas de todas as idades, e os mais novos não são exceção, podendo apresentar sintomas que podem ter impacto no seu bem-estar e no de toda a família. Se é verdade que o isolamento é importante para minimizar o contágio pelo vírus, também é verdade que quanto mais tempo estivermos privados da normal socialização, maiores serão os riscos de sofrermos de sintomas emocionais, como alterações no humor, irritabilidade, ansiedade, medo, raiva, insónia, entre outros. O isolamento social, as alterações das rotinas, o maior tempo de exposição aos ecrãs e às notícias acerca da pandemia, podem provocar alterações no humor nos mais pequenos, que se podem manifestar por maior irritabilidade, traduzida em mais birras, maior aborrecimento e, quando mais grave, menos prazer em brincar e fazer atividades que antes lhes davam prazer. É importante que os pais estejam atentos ao comportamento dos filhos, para que reconheçam alguns sinais, como preocupação ou tristeza excessiva, hábitos alimentares e de sono pouco saudáveis, dificuldades de atenção e de concentração e alterações no comportamento. É importante falar com o seu filho sobre o que está a acontecer, de uma forma calma, sem fingir que está tudo bem e sem disfarçar as suas próprias emoções. Incentive as crianças a expressarem as suas emoções, mostrando-se disponível para as ouvir, dando-lhes oportunidade para que estas digam o que sentem e o que as preocupa. Nas crianças mais pequenas, pode ser uma boa estratégia usar o desenho ou o jogo, para que elas expressem os seus sentimentos. É importante haver uma rotina, para que os mais novos se sintam seguros, havendo um horário para estudar, ter tempo livre, ter horas certas para deitar e acordar, fazer as refeições e praticar exercício físico, contudo, com alguma flexibilidade. É importante também manter o contacto com quem mais gostam, através de chamadas telefónicas ou videochamadas, para que possam matar as saudades. Lembre-se que a forma como gere as suas emoções e reações é uma referência muito importante para os seus filhos, por isso, transmita tranquilidade e segurança.
Sandra da Silva Mendes Médica do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do CHVNGE sandra.mendes@chvng.min-saude.pt
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Brincar em tempos de pandemia Nunca é demais pensar sobre o Brincar e a sua importância no desenvolvimento saudável da criança. O Brincar é algo intrínseco, necessário, portanto, um direito da criança. A criança precisa de tempo para brincar, tempo genuinamente livre onde possa sentir, aprender e pensar… Nesta pirâmide de crescimento, que leva a criança do Sentir ao Pensar, está intrínseco o Brincar. Pela exploração sensorial e psicomotora (o Sentir), a criança desenvolve-se e torna-se progressivamente mais capaz de adquirir sucessivas competências (Aprender) para, finalmente, dispor da capacidade de representação mental, com a emergência da função simbólica, e de abstração, passando a Pensar. Neste crescimento que o Brincar proporciona salientam-se, ainda, o desenvolvimento de competências motoras, emocionais e sociais, o fortalecimento de relacionamentos com pais e pares, a estimulação da curiosidade e criatividade tao importantes para o sucesso na vida adulta. Os benefícios do Brincar são tanto maiores quanto mais livre e mais interventiva for a criança, dai ser importante dar à criança espaço, tempo e poder na brincadeira, onde pode fazer tudo... ao invés da vida real. Na pandemia atual que vivemos, o Brincar assume especial importância dado o isolamento e as inúmeras restrições do convívio social a que as crianças estão sujeitas. Mais do que nunca, o brincar ao ar livre é fundamental para o treino da motricidade, um melhor controlo do corpo e postural tao importante mais tarde para a escolaridade. Brincar com liberdade de movimentos físicos envolve a criança inteira: corpo, imaginação, sentimentos e pensamento. As medidas de afastamento são de difícil compreensão e vivência pelas crianças pequenas e, por isso, o toque e o abraço devem ser mantidos e até reforçados dentro do mesmo agregado familiar. Aproveitando os tempos em família, pelo Brincar é possível reforçar laços entre os irmãos, intimidade com os pais, ao mesmo tempo que se atenuam os efeitos nefastos da pandemia. Brincar é um investimento no desenvolvimento da criança, em especial nestes tempos atípicos que vivemos. Desde os primeiros jogos do “Cu-cu” aos encaixes, do desenho aos jogos de movimento, chegando ao faz-deconta, a criança protege-se do ambiente hostil à sua volta e simultaneamente cresce.
Joana Calejo Jorge Médica Pedopsiquiatra no Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do CHVNG/E,EPE Joana.jorge@chvng.min-saude.pt
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Mindfulness na prática clinica Quantas vezes numa leitura a nossa mente vagueia e chegamos ao final da página sem recordar uma palavra? A propensão para “mindelessness” acontece em quase metade do tempo de vigília e está associado a preocupações que preenchem as experiências presentes. O Mindfulness é uma prática de consciencialização no momento presente, aceitação experiencial com bondade, curiosidade, sem julgamentos; permitindo reconhecer, gerir emoções, pensamentos; influenciando a capacidade de escolher ações e comportamentos, sobretudo em momentos desafiantes. Tem vindo a ganhar popularidade pelas suas múltiplas aplicações em saúde e evidência crescente em áreas académicas, sociais e familiares. Emerge como tratamento adjuvante nas perturbações de ansiedade e depressivas, promovendo regulação emocional e gestão de afetividade. Existem estudos que associam o seu uso ao tratamento do binge eating e, consequentemente, redução de obesidade e Diabetes Mellitus II. Alimentação “Mindless” está relacionada com craving e consumos calóricos. No abuso de substâncias ajuda no risco de consumo e recaída. Estudos indicam que é protetor para desregulação emocional e etilismo crónico. Na dor crónica, as intervenções mostram eficácia na dor afetiva, sensorial e associada a sintomas depressivos. Outras áreas promissoras de investigação: Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção ao diminuir a sintomatologia nuclear e o stress parental. Demonstra eficácia nas dificuldades de sono e em doentes com Perturbação do Espectro do Autismo ao reduzir comportamentos agressivos, opositivos e melhorando a comunicação social. São, no entanto, necessários estudos para determinar a eficácia precisa. A sua aprendizagem pode ser feita através de exercícios formais guiados e práticas informais de atenção às atividades diárias. Existem vários programas como o Mindfulness-based Stress Reduction e adaptações para jovens e famílias. As crianças e adolescentes beneficiam particularmente deste método pela fase de exigência cognitiva, académica, com grandes alterações de funcionamento social que atravessam. A utilidade do Mindfulness cresce exponencialmente na medicina moderna, transversalmente a todas as faixas etárias, surgindo interesse na implementação destes programas a nível comunitário. Revela-se um meio de suporte custo-efetivo de execução rápida e simples, com bons resultados e melhoria no controlo de atenção, regulação emocional e comportamental, ajudando a prevenir múltiplas patologias na área da Saúde Mental.
Ana Sofia Pires ana.rodrigues.pires@chvng.min-saude.pt
Ana Vera Costa Médicas do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do CHVNGE
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Como ajudar uma criança a lidar com a morte A vivência da morte varia com o desenvolvimento da criança. Até aos 5 anos, é uma ausência temporária e reversível. Entre os 6-9 anos, mantêm dificuldade em aceitar a universalidade da morte e que esta lhes possa acontecer ou a alguém conhecido. Começam a adquirir a noção de irreversibilidade, de não funcionalidade e de causalidade. Aos 9/10 anos adquirem a noção da morte como universal e inevitável, mostrando receio face à segurança dos outros. Na pré-adolescência podem questionar-se sobre a sua própria morte. A mensagem e a forma de a transmitir devem ser adequadas em função da idade, desenvolvimento e aquisição do conceito de morte. Então como podemos comunicar a morte as crianças e jovens? Devemos incentivar a criança a expressar os seus sentimentos. Podemos ficar tristes e zangados e o chorar é a forma de expressar tristeza e saudade. Mensagens como “não chores” e “tens de ser forte e corajoso” inibem o reconhecimento e a expressão emocional.
Mariana Pessoa Médica do Serviço de Psiquiatria do CHVNGE mariana.pessoa@chvng.min-saude.pt
Os membros da família podem não conseguir lidar com as emoções das crianças e responder às suas perguntas nem sempre é uma tarefa fácil. As tentativas de ocultar sentimentos dolorosos potenciam a sensação de isolamento e abandono. Sentimentos de tristeza devem ser partilhados. Também é importante manter as rotinas diárias. As crianças necessitam de consistência, segurança e previsibilidade. É necessário haver coerência na narrativa sobre causas e circunstâncias da morte. As crianças precisam de ser asseguradas que não são responsáveis. A morte faz parte do ciclo natural da vida. Quando uma pessoa morre, esta não volta a viver, o seu corpo já não vê, não ouve ou respira; deixa de ter vida. Por mais que se deseje, não conseguimos trazer de volta pessoas que morreram.
Ana Miguel
As crianças precisam de ser envolvidas e valorizadas na tomada de decisão, na participação nos rituais fúnebres e outros rituais familiares. Se a criança não quiser participar no funeral não deverá ser obrigada.
Médica do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do CHVNGE
Apesar de difícil, pelo abalo emocional, a partilha do sofrimento e expressão emocional com crianças é importante para o seu processo de luto e o de toda a família.
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Tele Saúde Mental 24h/dia Em Março deste ano tão peculiar respondi ao pedido urgente da Ordem dos Enfermeiros para o reforço de enfermeiros no SNS24. Na fase do pico da pandemia os profissionais que lá se encontravam a exercer funções não estavam a ser suficientes para fazer face às chamadas ininterruptas e aos tempos de espera prolongados e inadmissíveis para uma linha telefónica de apoio à saúde. Abracei o desafio com um espírito carregado de ambiguidade, por um lado com enorme sentido de missão e, por outro, com algum receio de que pudesse vir a revelar-se algo demasiado penoso, uma vez que no passado já tinha trabalhado em call-center e tinha detestado a experiência! Mas desta vez era diferente! Desta vez era para ajudar os outros e essa vontade sobrepõe-se a qualquer outra, sempre! Desde o primeiro dia e até hoje surgem-me dúvidas, dificuldades, desespero, frustração, pressão psicológica, exaustão e bastante sensação de impotência. Os utentes querem ver a sua situação resolvida da forma mais célere e eficaz possível e nem sempre conseguimos dar resposta às suas necessidades, principalmente quando o contexto envolve uma pandemia cuja necessidade de articulação entre equipas multidisciplinares impera e num mundo que não estava preparado para enfrentar tamanhas dificuldades. A maioria das chamadas refere-se a sintomatologia sugestiva de infeção por COVID-19, no entanto, o SNS24 continua a receber chamadas por diversos motivos, inclusive devido a problemas de saúde mental (muitos deles iniciados ou agudizados devido à pandemia). O contexto atual de pandemia da COVID-19 motivou alterações súbitas e profundas no quotidiano das pessoas, tanto a nível pessoal como familiar, bem como no que concerne à sua atividade laboral. Acarretou a necessidade de adaptação à mudança, particularmente vincada com o isolamento e o afastamento social, colocando a população sobre uma pressão psicológica para a qual muitas pessoas não possuíam estratégias para lidar e enfrentar. Neste sentido, o SNS24 criou um serviço de aconselhamento psicológico que se encontra integrado na linha telefónica do SNS24 (opção 4) e que pretende dar apoio às preocupações e desafios psicológicos dos utentes e, também, dos profissionais de saúde que se encontrem a prestar cuidados de saúde. Este serviço encontra-se disponível 24h/dia e tem-se revelado bastante útil no apoio em várias situações, nomeadamente ansiedade aguda, fragilidade psicológica e agravamento da doença psicológica. Têm sido 7 meses de muita paciência, empatia, trabalho e compreensão nos quais o exercício de escutar e não apenas ouvir tem sido aprimorado dia após dia. É um orgulho pertencer a uma equipa que, a par de muitas outras, se revelou fundamental para o combate a esta pandemia que nos tenta desolar, mas nunca nos irá quebrar.
Cátia Santos Enfermeira UCC Arcozelo/Espinho catia.santos@arsnorte.minsaude.pt
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Próximas formações 1. "Saúde Mental perinatal” Organização conjunta com o Serviço de Psiquiatria do CHVNGE. Público-alvo: médicos Data: 09/10/2020; às 09:30 Via Plataforma Microsoft Teams Inscrições encerradas
2. “Demências” Público-alvo: profissionais do ACeS Data: 12/11/2020, às 14:00 Via Plataforma Microsoft Teams Inscrições abertas até 05/11/2020; em https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeCWS6iy_C0IwCCt4r6HUk uOeDLwGQvE5hoMHTelBLeBwui_A/viewform
3. "Prescrição racional de psicofármacos" Público-alvo: médicos Data: 27/11, às 9h30 Via Plataforma Microsoft Teams Inscrições abertas até ao dia 20/11/2020; em https://eur03.safelinks.protection.outlook.com/?url=https%3A%2F%2Fdocs. google.com%2Fforms%2Fd%2Fe%2F1FAIpQLSeV8oBkfpv0quwtN_HUO_K sdmPlrH0AXqY6s3Z2e2E51YeAMg%2Fviewform%3Fusp%3Dpp_url&data =02%7C01%7Cmsfcosta%40arsnorte.minsaude.pt%7C491eca5c73f44d27285208d8696a1723%7C22c84608f01 d46c5802463cc962e
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Ficha Técnica A Newsletter do ACES Espinho/Gaia pretende ser uma nova ferramenta de comunicação interna e externa do ACES, que pretende partilhar e divulgar os projetos e atividades realizadas nas várias unidades funcionais.
Submissão de artigos para a próxima edição: A próxima edição da Newsletter terá como tema central a gestão das doenças crónicas, não sendo, no entanto, excluídos artigos de outro âmbito. Todos os interessados deverão enviar os seus artigos (documento Word) para o e-mail msfcosta@arsnorte.min-saude.pt até ao dia 15 de Janeiro 2021, de acordo com a seguinte estrutura: 1. Título 2. Nome do(s) autor(es) da notícia, local de trabalho e contacto de e-mail; 3. Fotografia; 4. Texto, com máximo de 350 palavras.
Contamos com a vossa colaboração! Grupo de trabalho para Newsletter ACES Espinho/Gaia: • Sandra Santos, representante do CCS
• Marta Guedes, ECSCP • Dália Santos, ECSCP • Maria João Teles, USF Boa Nova • Diogo Silva, USP
Em caso de dúvida ou necessidade de contacto:
msfcosta@arsnorte.min-saude.pt
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